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2010/2011 Introdução histórica ao Direito da União Europeia: A União da Europa Ocidental Prof. Dr. José Luís Cruz Vilaça Mariana Santos Gomes, nº002129

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2010/2011

Introdução histórica ao Direito da União Europeia:

A União da Europa Ocidental

Prof. Dr. José Luís Cruz Vilaça

Mariana Santos Gomes, nº002129

Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 2010/2011

Direito da União Europeia – A União da Europa Ocidental

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Em Março de 1947 surge uma Aliança Franco-Britânica que se instituiu nas

bases do Tratado de Dunquerque – que visava o fim da ameaça constituída pela

Alemanha. Depressa se compreendeu que a anterior era insuficiente para tamanho

objectivo – a salvaguarda da Europa Ocidental -, sendo necessária uma união mais

abrangente, envolvendo outros países do continente que, da mesma forma, se sentissem

ameaçados pelo perigo alemão.

A posteriori, mais propriamente a 17 de Março de 1948 é assinado o Tratado de

Bruxelas, pela Bélgica, Holanda, Luxemburgo – BENELUX - França e o Reino Unido.

Este promovia um pacto de cooperação a nível económico, cultural e social, bem como

um acordo de defesa mútua intergovernamental – tendo estabelecido, com este intuito, a

Comunidade Europeia de Defesa (CED)1 que se veio a demonstrar um fracasso.

Considerado um percursor da NATO2 - uma vez que lhe abriu caminho -, diferia

da mesma na medida em que unicamente visava a defesa da Europa contra uma

Alemanha que se pudesse restabelecer. Por sua vez, a organização reconhecia a divisão

do continente em dois blocos – o ocidental e o comunista –, ou seja, uma maior ameaça

perante a qual nos deparávamos, assim como a necessidade de ampliação da defesa a

um âmbito transatlântico (incluindo, portanto, a América do Norte).

Este Tratado representou a primeira tentativa de organizar os Estados da Europa

1 - Isto é, com o objectivo de promover uma construção europeia que alargasse o domínio da defesa, o

Governo Francês sugeriu a criação de um exército europeu integrado e colocado sob um comando

comum: a Comunidade Europeia de Defesa (CED). O seu projecto de criação teria sido aceite pelo

Tratado de Paris de 27 de Março de 1952, porém não fazia sentido que carecesse de uma política externa

comum – tendo em conta que ficaria subordinada à OTAN -, tendo sido a própria França a recusar a

ratificação do mesmo. 2 - A OTAN ou Organização do Tratado do Atlântico do Norte é uma aliança militar a nível

internacional, formada no contexto da Guerra Fria, mais propriamente na sequência do Tratado em

questão, a 9 de Abril de 1949 e na qual colaboram 28 países membros – muitos deles igualmente

pertencentes à União Europeia.

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Ocidental após a II Grande Guerra, apresentando-se como um passo na integração nos

planos da segurança e defesa e não tanto num político-estratégico.

Os cinco países signatários, com o acréscimo da Alemanha e Itália, foram os

primeiros a aderir à iniciativa da “construção europeia” – ainda que nos seus primórdios

-, chegando àquilo que viria a ser a União da Europa Ocidental.

A União da Europa Ocidental (ou Western European Union) foi, então,

criada pelos Acordos de Paris de 23 de Outubro de 1954, celebrados pelos signatários

do Tratado de Bruxelas – que o alteraram significativamente, quer no que dizia respeito

aos seus objectivos, quer quanto à sua estrutura; a fim de integrar os dois novos

Estados-membros.

A peculiaridade que a distinguiu e conduziu a sua evolução foi o compromisso

de defesa num plano político-militar subjacente às conjunturas que o momento exigia.

Estando estabelecido no preâmbulo as suas principais características:

«to afford assistance to each other in resisting any policy of aggression»,

«to promote unity and to encourage the progressive integration of Europe»3.

3 - “Para prestar assistência mútua em caso de agressão” e “Para promover união e para encorajar uma

integração da Europa progressiva”.

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Fig.1 – Bandeira da União da Europa Ocidental

- Modus Operandi:

Acções conjuntas no Golfo (1988-1990)

Em 1987 e 1988, com a colocação de minas no Golfo Pérsico durante a guerra Irão –

Iraque, surge a oportunidade da UEO se tornar operacional – em termos práticos e não

meramente teóricos, diga-se -, neste caso perante uma ameaça à liberdade de navegação. Este

foi o primeiro exemplo de uma acção bem sucedida no âmbito da União, tendo ajudado a uma

circulação livre e segura em águas internacionais4.

Após a cessação das hostilidades, continuou a sua missão, contribuindo para acções

humanitárias de refugiados no Norte do Iraque.

Operações no contexto do conflito Jugoslavo (1992-1996)

Em Julho de 1992, o Conselho decidiu que as forças navais da UEO iriam participar no

embargo contra a ex-Jugoslávia.5

Em Junho do ano seguinte, os Conselhos da anterior e da NATO reuniram-se com a

finalidade de aprovar uma operação conjunta para apoiar o Conselho de Segurança da

Organização das Nações Unidas6. Tal acordo veio estabelecer um comando designado por

“Operation Sharp Guard”.

Operação Danúbio

4 - Neste plano, a operação “Cleansweep” ajudou na limpeza de uma faixa marítima de 300 milhas a partir

do Estreito de Ormuz – localizado em o Golfo Omã (a sudeste) e o Golfo Pérsico (a sudoeste). 5 - Também a NATO realizou uma operação neste campo e no mesmo momento.

6 - A ONU é uma organização internacional cujo objectivo é o de facilitar a cooperação no seio do direito

e segurança internacionais, desenvolvimento económico, progresso social, direitos humanos e obtenção

da paz mundial. Fundada em 1945 a fim de substituir a Sociedade das Nações no que tocava à

necessidade de deter guerras entre países e fornecer uma plataforma para o diálogo. Actualmente, tem

cerca de 192 Estados-Membros.

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Ainda nesse ano, mais propriamente numa reunião do Conselho de Ministros da UEO

no Luxemburgo, ficou acordado que os seus Estados-Membros prestariam assistência à

Bulgária, Hungria e Roménia. Além de aceitar a oferta, os três Estados, concordaram na criação

de uma polícia e operação aduaneira.

Esta operação destacou-se enquanto exemplo da cooperação concreta da UEO com os

seus Parceiros Associados7, tendo sido dissolvida juntamente com a missão relativa ao Mar

Adriático aquando se celebraram os acordos da “Paz de Dayton”8, assim como a extinção do

embarco de armas da ONU.

Contingente policial em Mostar9

A acção policial da UEO em Mostar surgiu em 1994, posterior ao Tratado da União

Europeia e no seguimento de um pedido por parte dos Ministros dos Estados-Membros da

Comunidade Europeia. O sentido era o de ajudar as partes a criar uma polícia sólida e unificada

para a cidade.

Um ano depois surgiram mais forças policiais voluntárias vindas da Áustria, Finlândia e

Suécia. Já em Outubro de 1996 o mandato da Administração da União Europeia nesta região

termina, transferindo os poderes executivos públicos para as autoridades locais.

Operações de auxílio na gestão da crise (1997-2001)

Missão na Albânia

Em Maio de 1997, o Conselho da UEO – mais uma vez ao abrigo de um pedido da

União Europeia - enviou para a Albânia uma multinacional de assessoria policial no intuito de

ajudar à concretização dos esforços pelo país e pela comunidade internacional.

7 - A OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) é formada pelos países do Ocidente

e voltada para a promoção da democracia e liberalismo económico no continente em causa. 8 - Também conhecida como “Protocolo de Paris”, foi o quadro geral de paz que veio colocar fim ao

conflito de três anos e meio entre a Bósnia e a Herzegovina, assinado a 15 de Dezembro de 1995em Paris.

Actualmente é reconhecida como o organismo regional conforme a Carta das Nações Unidas. 9 - Cidade da Bósnia e Herzegovina.

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Parte fundamental deste trabalho foi a de aconselhar o Ministério da Ordem Pública,

daqui tendo nascido uma nova polícia do Estado de Direito – contendo as bases para uma

polícia democrática à luz das normas internacionalmente aceites.

Esta missão desempenhou um papel importante durante a crise dos refugiados do

Kosovo - Abril de 1999 -, apoiando a polícia albanesa nas suas responsabilidades quanto aos

habitantes. Ainda nesse ano, a União reforçou o mandato desta assessoria – bem como a sua

cobertura geográfica e mobilidade operacional – que viria a terminar dois anos mais tarde.

Missão na Croácia

A Missão de Assistência à Croácia (WEUDAM10

) iniciou-se em Maio de 1999, tendo a

União fornecido consultoria, capacidade técnica e apoio à formação do Centro de Acção de

Minas da Croácia (CROMAC11

) – nas áreas de gestão, planeamento, desenvolvimento de

projectos, sistemas de informação geográfica e pesquisas avançadas.

Foi financiada pela União Europeia, tendo a Suécia actuado enquanto Nação líder para a

missão. Teve fim em Novembro de 2001.

Missão de vigilância e segurança no Kosovo

Novamente em resposta a um pedido da União Europeia, em Novembro de 1998, o

Centro de Satélites da UEO embarca para o Kosovo numa missão. O seu foco foi o de reunir

informações sobre o estado de implementação dos Acordos de Belgrado, bem como sobre a

situação dos refugiados.

Em geral, foi conduzida numa estreita coordenação entre o campo militar da União da

Europa Ocidental e os Centros de Satélites da UE, da NATO e da OSCE, aos quais transmitia

informações adicionais. Porém, com as tropas da KFOR12

e outros representantes da

10

- Ou Western European Union Demining Assistance Mission in Croatia. 11

- Ou Croatian Mine Action Centre. 12

- Kosovo Force ou Força do Kosovo é uma força de paz liderada pela OTAN, responsável pelo

estabelecimento de um ambiente seguro nesse país.

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comunidade internacional no terreno, uma nova situação foi desencadeada e os trabalhos da

organização passaram a centrar-se na finalização de um sistema de informação geográfica

(SIG13

) sobre o Kosovo.

- Estrutura

A estrutura institucional da União da Europa Ocidental é bastante complexa,

abrangendo instituições de carácter civil e militar.

O primeiro plano estrutural compreende o Conselho, a Assembleia Consultiva, o

Secretariado e a Agência para o controlo de armamentos.

Fig.2 - Esquema da estrutura civil

Conselho

Veio suceder aquilo que era o Conselho Consultivo da União Ocidental.

13

- Um mapa digital de toda a região do Kosovo, cujas ferramentas de visualização e análise poderiam ter

sido utilizadas para ajudar a reconstrução deste país em variados aspectos. Em Julho de 1999 foi

disponibilizado ao Centro Internacional de Genebra para a desminagem humanitária (GICHD).

Assembleia Consultiva Conselho

Secretariado Agência de controlo de armamentos

Comité permanente de armamentos

recomendações

apoio relativos apoio

Dependência política e/ou administrativa

Apoio administrativo ou recomendações e relatórios

*

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Composto pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros, reunia-se

sempre que uma situação constituísse uma ameaça de paz ou um risco à estabilidade económica

– carecendo de convocatória por parte dos Estados ou iniciativa do Secretário-Geral da UEO

(pelo qual era presidido).

Competiam-lhe a formulação da política a seguir, assim como a cooperação da União

com a OTAN.

Quanto às decisões, eram adoptadas por unanimidade, salvo situações previstas nos

protocolos concernentes às suas forças militares.

Assembleia Consultiva

Constituída por representantes dos Parlamentos dos Estados-membros; tinha por

objectivo o debate político de defesa e segurança da Europa Ocidental, assim como outros

assuntos de interesse comum, recomendações às diversas pessoas físicas que a enquadravam ou

que com ela estabeleciam parcerias – além da análise anual ao relatório de actividades do

Conselho.

Reunia-se em plenário cerca de duas vezes por ano, embora funcionando também

através das suas Comissões permanentes – para os assuntos gerais, financeiros, administrativos,

questões de defesa e científicas, regras de procedimento, privilégios e relações com os

parlamentos.

Secretariado

Criado pelo Protocolo IV – anexo do Tratado de Bruxelas -, era dirigido pelo

Secretário-Geral da UEO, incluindo ainda, um Secretário adjunto, um assistente do primeiro e o

sobrante pessoal administrativo.

Funcionando enquanto órgão de apoio às outras instituições, ocupava-se de tarefas

executivas e administrativas.

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Agência para o Controlo de armamentos

Também criada no Protocolo anteriormente referido; à sua responsabilidade

encontravam-se o controlo e fiscalização dos níveis de armamentos contidos pelos Estados

europeus e do fabrico de determinados tipos de armamento, respectivamente.

Era gerida sob a autoridade de um director designado pelo Conselho (tinha que

submeter-lhe relatórios das actividades, embora lhe fossem dados poderes de investigação) e de

um adjunto dependente do Secretário-Geral – além de outros diversos funcionários.

Comité Permanente de armamento

Deveria promover e desenvolver a cooperação entre os Estados-membros neste

domínio, embora se encontrasse dependente – administrativamente – do Secretário-Geral e

também devesse prestar contas das suas actividades ao Conselho.

O segundo plano estrutural – militar – foi herdado da anterior União Ocidental.

Fig.3 – Esquema da estrutura militar

Comissão de Defesa

Constituída por Ministros da Defesa dos Estados-membros; deveria definir a política de

defesa da organização com base nos pilares orientadores fixados pelo Conselho.

Comités

Comissão de Defesa

Comités

*

Dependência política e/ou administrativa

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Assistiam a Comissão, destacando-se o Militar e o dos Chefes de Estado-Maior.

- Relações

Estados-membros

São dez os seus Estados-membros, relacionando-se com outros seis enquanto

associativos, cinco observadores e sete como parceiros.

Quanto aos dez primeiros – após a alteração de 1954 ao Tratado de Bruxelas, portanto -,

igualmente membros da NATO e da União Europeia e com totais poderes de votação: a Bélgica,

a França, a Alemanha, a Grécia, a Itália, Luxemburgo, Portugal14

, Espanha, a Holanda e o Reino

Unido.

Aqueles que designamos como associativos - juntaram-se em 1992, após o Tratado de

Roma -, são os países que embora membros da NATO, não pertencem à União Europeia: a

República Checa, a Hungria, a Polónia (as três Nações que posteriormente se juntaram à UE), a

Noruega, a Turquia e a Islândia.

Por sua vez, e ainda no âmbito do Tratado anterior, acrescentam-se os observadores que

à excepção da Dinamarca, pertencem à União Europeia, mas não à NATO. Aqui inseridos: o

anterior, a Áustria, a Finlândia, a Irlanda e a Suécia.

Finalmente, nos parceiros – entrando na aliança em 1994, no âmbito do Tratado de

Kirchberg – inserem-se aqueles que na altura da adesão não eram membros de nenhuma das

duas organizações anteriormente referidas – embora nos dias correntes todas elas já tenham

aderido -: a Bulgária, a Estónia, a Lituânia, a Roménia, a Eslováquia, a Eslovénia e a Letónia.

Incluem-se, ainda, a Bósnia e Herzegovina, a Antiga República Jugoslava da Macedónia, a

Moldávia, Montenegro, a Federação Russa, a Sérvia e a Ucrânia.

14

- Em Novembro de 1988 foi assinado um Protocolo pela EUO com Portugal e Espanha, tendo o

processo de ratificação ficado completo em Março de 1990. Entre 1992 e 1995 um processo similar foi

desenvolvido com a Grécia, terminando assim, o círculo dos dez Estados-membros.

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Fig.4 – Mapa dos Estados pertencentes à UEO (2005)

Legenda: A vermelho – Estados-membros;

A verde – Estados associados;

A azul – Estados observadores;

A lilás – Estados parceiros.

NATO

São muitos os elos de ligação entre a NATO e a UEO, além dos Estados que

pertencentes a ambos – acresce o facto dos Ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da

segunda tomarem assento nos principais órgãos decisórios da Aliança -; também a intervenção e

os objectivos prosseguidos são comuns: procuram salvaguardar a paz, garantir a defesa e

segurança nas suas áreas de intervenção.

Quanto à relação estabelecida, é a de subordinação da União da Europa Ocidental à

Organização em matéria de organização militar de defesa – especialmente na tomada de

medidas em caso de agressão. O próprio Tratado de Maastricht vem reforçar esta ideia ao

afirmar que «a UEO actuará de acordo com as posições adoptadas pela Aliança Atlântica».

União Europeia

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Após o insucesso na tentativa de uma política de defesa comum – a CED -, os Estados

comunitários optaram por atribuir à Aliança Atlântica a responsabilidade de assumir as posições

mais convenientes para assegurar a defesa do Ocidente.

Na Declaração sobre o papel da União da Europa Ocidental e as suas relações com a

União Europeia e com a Aliança Atlântica especifica-se que «A UEO fará parte integrante do

desenvolvimento da União Europeia e reforçará o seu contributo para a solidariedade na

Aliança Atlântica…»15

.

- Eurofor

European Operational Rapid Force surge enquanto força militar da União da Europa

Ocidental, tendo-se tornado operacional desde Junho de 1998 – embora tenha sido formada em

1995 e directamente para a aliança em questão -, nomeadamente tendo a declaração da sua

fundação sido elaborada pela França, Itália, Espanha e Portugal.

O seu comando de operações é permanente, agrupando um alargado conjunto de

missões humanitárias a nível da paz europeia. Ainda assim, com o acréscimo da fusão de

elementos da UEO na União Europeia, também a Eurofor se expandiu, tornando-se um factor

importante da segurança comum e política de defesa – tanto que, definiram que desde Julho a

Dezembro do ano corrente, passaria a agir também enquanto “grupo de batalha” da UE.

No âmbito do seu exercício concreto, tem-se envolvido em duas implantações, uma na

Albânia16

e outra na Macedónia17

, sob a égide da missão das Nações Unidas MINURCAT18

.

15

- Presente no ponto 1 da Introdução desse documento. 16

- A “Missão Albânia” surgiu como resposta a uma crise de refugiados nesse país, após a Guerra do

Kosovo. Inicialmente esta era parte integrante da operação “Allied Harbour” da NATO. 17

- A “Missão Macedónia” foi conduzida na sombra da UE – sendo que formalmente a Eurofor responde

directamente perante a anterior através dos Comités Político e de Segurança -, tendo como objectivo a

criação de um ambiente estável e seguro na Macedónia (Março 2003 – Dezembro 2004). 18

- Ou seja, a “Missão das Nações Unidas na República Centro - Africano e no Chade”. Esta foi criada

pela Resolução do Conselho de Segurança 1778 em Setembro de 2007, tendo como finalidade a

contribuição para a protecção dos civis, a promoção dos direitos humanos e o Estado de Direito, tal como

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Fig.5 – Brasão da EUROFOR

Actualmente, a União encontra-se praticamente inactiva. Após a decisão do Reino

Unido de abandonar esta Aliança ocidental, a maioria dos restantes Estados membros acordaram

na extinção da mesma – no nosso caso particular, tendo em Julho do Verão passado o

Parlamento votado por unanimidade a proposta do Governo de saída da UEO. A justificação por

parte daqueles países que igualmente são parte integrante da União Europeia é a de que, com a

aplicação do Tratado de Lisboa o Parlamento Europeu adquire competências mais alargadas em

matérias de defesa e segurança.

Num contexto pós–Segunda Guerra Mundial, registava-se a necessidade de um reforço

na defesa e segurança dos países que só seria possível com união: os “Estados Unidos da

Europa” de que falava Churchill, o Movimento Europeu decorrente do Congresso de Haia, etc.

Porém, com as necessidades actuais, a força de que carece a UEO e o Tratado de

Lisboa, acentuou-se a ideia de que a sua existência não tinha significado.

O Tratado de Bruxelas modificado fixa um calendário de organização da

cessação de actividades por parte da UEO – que terminaria, preferencialmente, até ao

final de Junho. No contexto do fim das responsabilidades por parte da União, as

da paz regional. Terminou em Dezembro do ano passado, com plena responsabilidade do Governo do

Chade que prometeu a protecção dos civis no seu território.

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principais medidas foram a transferência da sede e o encerramento paralelo da sua área

militar.

O Conselho pode reunir-se caso se demonstre necessário, no entanto, tal não

sucede desde a reunião de Marselha em Novembro de 2000.

Referências Bibliográficas

http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/OI/UEO/Ficha.htm

http://www.weu.int/

http://www.historiasiglo20.org/europortug/cronologia.htm#

http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_da_Europa_Ocidental

http://www.infopedia.pt/$uniao-da-europa-ocidental-(ueo)

http://noticias.sapo.cv/inforpress/artigo/9273.html

http://www.assembly-weu.org/

(A 26 de Fevereiro de 2011)

CAMPOS, João Mota de, e co-autores; Organizações Internacionais – Teoria

Geral / Estudo monográfico das principais organizações internacionais de que Portugal é

membro; Edição da Fundação Calouste Gulbenkian (1999) – págs. 669 a 683.