Debate historiográfico entre cohen e Westfall. A teoria da gravitação universal
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XIV Jornada de Estudos Antigos e Medievais – Maringá-PR, 18 a 20/11/2015 1
A UNIVERSIDADE MEDIEVAL: ESTUDO HISTORIOGRÁFICO
SANTOS, Larissa Laís
LEPRIQUE, Patrícia Caroline da Rocha Orientadora: Prof.ª Dr.ª OLIVEIRA, Terezinha
Resumo
Este projeto tem por objetivo analisar as origens da Universidade Medieval, no século XIII, e
os principais acontecimentos a elas relacionados. A Universidade tem como função preservar
e criar o conhecimento. Para tratarmos da Universidade precisamos, primeiramente, refletir
sobre a religiosidade e a educação, no período. No Ocidente medieval, por volta do século
XII, surge uma nova forma de trabalho, a organizada nas cidades, por meio das corporações
de ofícios. No século XIII, com a entrada do pensamento aristotélico nas Universidades,
acontece uma crise, no âmbito das mentalidades, a qual possibilitou várias transformações na
sociedade. Alguns teóricos, estudiosos do Medievo como Savigny, Verger, Steenberghen
destacam esses acontecimentos. Dessa maneira, ao estudarmos as origens das Universidades
Medievais, estaremos buscando nossa identidade e, em boa medida, as origens das cidades e
das relações sociais burguesas que principiaram a nascer neste mesmo período, mas não por
achar que seus problemas são os mesmos das universidades contemporâneas, mas por ser uma
mesma instituição, independentemente do seu tempo histórico. Compreender suas origens e
seu papel na sociedade é um estudo amplo e complexo por isso nesta proposta faremos uma
análise no âmbito da historiografia.
Palavras Chave: Universidade Medieval. Escolástica. Cidades.
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INTRODUÇÃO
Estudar as Universidades medievais na Idade Média impõe um campo vasto, pois elas
estão vinculadas à várias questões históricas, princípios religiosos e educacionais que
contribuem para a construção das mesmas e também à análise de doutrinas filosóficas
referentes à elas.
Neste trabalho nos embasamos nos estudos de Terezinha Oliveira que se apoiou em
pesquisas de teóricos medievais como Savigny, Veger, e Stenberghen que nos mostram as
possíveis respostas para as origens das Universidades Medievais.
A Idade Média é caracterizada por guerras, pestes e fome. A maioria das pessoas não
sabia ler nem escrever e também não possuía essas necessidades para que pudesse agir
cotidianamente. Mas a Idade Média não é marcada somente pela existência de um grande
número de pessoas iletradas. Ela teve importância no desenvolvimento cultural do qual
surgiram novas formas de pensar, agir e governar. Muito do que vivemos hoje nasceu na
civilização medieval.
A educação na Idade Média era de responsabilidade da igreja. Foi ela que teve o papel
de educar o povo medievo. As escolas eram na paróquia ou nos mosteiros. Os estudantes da
época eram os filhos dos nobres; os camponeses e seus filhos só tinham obrigação de servir,
não tinham acesso às escolas.
Percebe-se que na Idade Média ocorreram vários acontecimentos históricos e
mudanças, como a base econômica do chamado de feudalismo, no qual a maiorias das pessoas
viviam no campo. Eram servos, obrigados a pagar tributos para os senhores feudais (nobres).
Atualmente, a economia que predomina é capitalista, com foco principal, o lucro. Esse
sistema traz consigo características que geram discordâncias na população, não aceitando que
poucos lucrem e outros só trabalhem para suprir suas necessidades básicas.
A filosofia medieval apresentou muitos pensamentos originais no século XIII. Foram
introduzidas aos europeus as obras de Aristóteles. Quando começou a predominar o
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pensamento aristotélico no ocidente foi preciso uma nova interpretação do conhecimento. Um
dos fatores que contribuíram para a releitura desse saber foi o surgimento das ordens
mendicantes.
Os Franciscanos e Dominicanos surgem no século XIII para se opor às condições que
a igreja propôs, no qual pregavam a pobreza e a evangelização. Essas ordens influenciaram as
Universidades medievais, nas quais surgem os principais mestres da escolástica.
A crise do século XIII surge com a oposição da igreja à introdução do pensamento
aristotélico. Porém, São Tomás de Aquino teve o mérito de adaptar o pensamento de
Aristóteles aos princípios da religião cristã.
O século XIII também foi o momento em que as cidades começaram a crescer e se
tornara importantes, dando origem a essa nova constituição, a Universidade. Surgiram
universidades como as de Bolonha, Oxford e Paris. O método de ensino era chamado de
escolástico; os alunos estudavam textos de grandes autores, faziam comentários, mas não
questionavam o que tais autores diziam.
Buscar compreender as origens das Universidades e o papel dela na sociedade é um
estudo amplo e complexo por isso nesta proposta faremos uma análise no âmbito da
historiografia.
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BREVE REVISÃO DA HISTORIOGRAFIA
Antes de falar sobre as universidades é essencial falarmos da religiosidade e da
educação e sua relação e influência no surgimento das mesmas. Durkheim, no seu texto “A
igreja primitiva e o ensino”, assinala a importância de estudarmos o passado, pois, para
entendermos e questionarmos o que acontece atualmente na nossa sociedade, é fundamental o
estudo da história. Muitos professores negam a história e só conservam as novas ideias para o
ensino. Vários autores apresentam que, para aprendermos, é preciso analisar os erros do
passado e a partir do conhecimento e da razão mudar o presente.
Ao examinar os primórdios dos embates travados entre os habitantes das comunas e os seus senhores, Guizot observa o quão difícil é precisar o início de um processo histórico. As dificuldades são inúmeras para o historiador, seja por falta de registros históricos, seja em virtude das lacunas existentes entre um acontecimento menor, distante, e o grande feito do qual um episódio distante fora o seu primeiro passo (OLIVEIRA, 2012, p. 29).
É importante ressaltar que vamos estudar as universidades medievais, em cuja época
ocorreram várias realizações, particularmente em decorrência do desenvolvimento do sistema
feudal.
O conceito de feudalismo refere-se ao sistema econômico, político e social característico da Europa medieval. De forma geral, esse sistema atingiu seu auge na França entre os séculos XI e XIII, quando se consolidou uma sociedade fortemente hierarquizada, baseada nos vínculos de dependência entre as pessoas. Na Idade Média, a palavra “feudo” designava qualquer bem ou benefício que um rei ou um nobre poderoso poderia oferecer em troca de algum tipo de serviço prestado (PELLEGRINI; DIAS; GRINBERG, 2010, p. 190).
O feudalismo surgiu a partir da fusão do mundo germânico e romano. Os povos
germânicos passaram a invadir o império romano e assim começou um processo de
transformação. A sociedade germânica era patriarcal, ou seja, cabia ao chefe de cada grupo
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familiar tomar as decisões mais importantes e isso fazia com que existisse um grande valor -
as relações de parentesco - e dificultava o surgimento de um estado centralizado.
Os povos germânicos dividiam-se em numerosas tribos e receberam esse nome por
habitarem a região da Germânia, que era uma região da Europa localizada além dos limites do
Império Romano. Uma curiosidade interessante é que os povos germânicos eram
considerados “bárbaros”, ou seja, eram estrangeiros, que não se comunicavam por meio da
língua grega e não compartilhavam a mesma cultura. Eram considerados não civilizados.
Quanto à religião, eles adoravam as forças da natureza (o sol, o trovão, o raio, a lua, a água).
Assim, eram considerados politeístas, isto é, adoravam vários deuses.
É de suma importância o que Santo Agostinho filósofo, professor do século IV e V,
ensinava para o Império Romano, que estava em decadência e quase completamente invadido
pelos bárbaros (nômades).
Como os nômades eram pessoas não civilizadas, Agostinho tinha o papel de despertar
o conhecimento da bíblia, fazendo com que todos entendessem a sagrada escritura. O Império
Romano estava em caos, precisava que a sociedade estabelecesse convenções sociais. Para
isso, Santo Agostinho tinha o papel de formar cristãos, despertando o hábito de estudos nos
monges.
A partir desse momento, com o surgimento das cidades já não bastava mais a instrução
proposta pela igreja: era necessário buscar outros tipos de instrução que oferecessem o que era
preciso para a população daquele momento. Foi neste contexto que passou a ser criadas as
escolas laicas e professores que não eram diretamente ligados a igreja.
O latim constitui, portando, a forma da linguagem escrita do período. De acordo com Pirenne, os acordos comerciais eram feitos e redigidos nessa língua. Há que se ressaltar o fato de que o mercador, como qualquer outro homem medievo, recorria em primeira instância à Igreja para obter sua instrução. Com efeito, era ela que detinha este saber e o ensinava em seus espaços, especialmente nos mosteiros. Contudo, à medida que as cidades se desenvolveram e o comércio passa, cada vez mais, a ser uma atividade universal, os mercadores procuram outras formas de obtenção da instrução, seja criando escolas laicas, seja contratando professores particulares para seus filhos (OLIVEIRA, 2012, p. 32).
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Estamos vivendo na época em que muitos jovens buscam as Universidades
contemporâneas sem saber ao certo o seu grande papel e fundamento.
[...] em uma época como a nossa, em que se questiona a própria universidade e a sua função social, buscar a sua origem talvez seja uma forma de perguntar pelo seu verdadeiro papel na atual sociedade, e, em última instância, buscar nossa própria identidade (OLIVEIRA, 2005, p. 69).
Vamos estudar as universidades medievais, não por achar que seus problemas são os
mesmos das universidades contemporâneas, mas por ser uma mesma instituição,
independentemente do seu tempo histórico.
Oliveira baseou-se em autores de períodos de formação distintos para a origem das
universidades medievais. O primeiro autor foi Savigny (1779-1861) que constrói um perfil
dessas instituições, mas tem dificuldade em identificar um fator específico que marca o
nascimento das universidades medievais. Coube a ele a encontrar documentos mais antigos na
Universidade de Bolonha.
Os estudantes e mestres, estrangeiros, principalmente os de direito, enfrentavam
grandes dificuldades por amor a ciência.
[...] os homens não podiam viajar sem a autorização de seus senhores, sejam laicos ou eclesiásticos. Além disso, eram constantemente importunados nas paragens, nos pedágios. Ao dar liberdade de locomoção, Frederico I permite, ao menos, no âmbito da legislação, que os homens dedicados ao conhecimento não tivessem mais esses aborrecimentos (OLIVEIRA, 2005, p. 71).
Essa nova lei tinha por nome Authentica Habita; foi estabelecida por Frederico I, no
fim do século XII, que protegia o saber cientifico e todos os que se dedicassem ao estudo,
independentemente de sua origem. As condições históricas da época impossibilitaram que
essa lei fosse totalmente respeitada, mas o próprio rei não estava conseguindo proteger esse
saber.
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Em 1220, Frederico II formulou uma lei para proteger o saber, que era mais dirigida
ao ensino de direito, não especificamente a todos, mas aos mestres e escolares de Nápoles.
Steenberghen, filósofo alemão da primeira metade do século XX, analisou que as
universidades surgiram a partir das escolas dos séculos XII e XIII. Para ele as relações sociais
que estavam acontecendo naquela época contribuíram para o nascimento de instituições do
conhecimento, principalmente a Universidade de Paris, que serviu de modelo às outras
universidades.
Diferentemente de Savigny e Steenberghen, Verger busca a origem para as
Universidades a partir de elementos variados, no qual estabeleceu três origens distintas para
as Universidades medievais: Universidades espontâneas, Universidades nascidas por
migração e Universidades criadas.
Segundo Verger, as universidades “espontâneas” surgiram a partir de alguma escola
importante que já existia, nas quais nesses locais desenvolveram as relações sociais agregando
um número maior de pessoas e a unir interesses diversos em seus seios. As de Paris, Bolonha
e Oxford são, pois exemplos, absolutamente típicas.
Uma segunda origem para as universidades seriam aquelas por migrações de
professores e alunos. Os exemplos de Paris e Bolonha mostram-nos que a “secessão” fora
uma das principais armas das universidades em luta contra as autoridades locais.
As Universidades por secessão teriam tido sua origem em virtude das disputas entre as autoridades locais e os homens de saberes que, muitas vezes, saíam de um local onde já se encontravam havia bastante tempo e irem para os locais onde tivessem mais proteção e aceitabilidade das autoridades e da população em geral (OLIVEIRA, 2005, p. 76).
Verger nos traz como terceira origem as universidades “criadas” que foram as estreitas
relações entre os homens de saberes e o poder, seja ele laico - não pertencente à igreja -, ou
eclesiástico, que pertencem à igreja. Significava reconhecer na formação universitária, além
de seu valor cultural, a utilidade prática e o alcance político. “Não se trata apenas do
conhecimento e do saber, mais de tornar esse saber e conhecimento um instrumento político
útil e ao governo” (OLIVEIRA, 2005, p. 77).
No primeiro momento estávamos voltados para a história das Universidades, agora nos
basearemos na analise de doutrinas filosóficas referentes à Universidade.
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Ao analisarmos a Universidade da perspectiva da Filosofia, percebemos que esta é distinta da perspectiva da historiografia referente à Universidade. A Filosofia tem como premissa entender o ser na sua essência. Sua busca de conhecimento não tem a intenção de solucionar uma questão imediata, mas a de entender o conhecimento em si (OLIVEIRA, 2005, p. 25).
A Filosofia foi à grande responsável pelo conhecimento humano, no qual estamos
referindo a ciências humanas, até fins do século XVIII. É necessário apontar que nas
Universidades do século XIII teve como doutrina filosófica a entrada do pensamento
aristotélico que revolucionou a forma do saber. Aparece, então, a importância dos
Dominicanos e Franciscanos para o desenvolvimento dessas instituições. Verificam-se, então,
grandes debates entre as diferentes correntes aristotélicas, entre os defensores da antiga forma
do conhecimento embasada nas ideias de Santo Agostinho e as novas correntes influenciadas
por obras de Aristóteles.
“Essa instituição é o novo espaço que a cristandade latina encontrou para produzir e
buscar o conhecimento” (OLIVEIRA, 2005, p. 28). Como os mosteiros, as Universidades
medievais eram consideradas como refugio para o cultivo do saber. Porém, enquanto nos
mosteiros os homens se isolavam do mundo para buscar o conhecimento, nas Universidades
os homens se abrem para o mundo para produzir e buscar a verdade.
A Universidade como uma grande instituição humana só pode ser entendida como um local onde, efetivamente, os homens viveram, vivem e difundem suas experiências mais profundas e importantes no que diz respeito à busca do conhecimento total, da verdade (OLIVEIRA, 2005, p. 29).
Não podemos dizer que a Universidade medieval é uma simples instituição do mundo
feudal, pois sua grande função é preservar e criar o conhecimento universal. Infelizmente, sua
função está sendo deslocada para outros objetivos, retirando sua maior característica: ser um
local onde se mantém a busca pela universalidade do saber.
A Universidade de Paris é o centro da cristandade latina porque é nela que a busca de
saber total se realiza, dedicava-se ao estudo da Teologia e da Filosofia, ou seja, as duas áreas
do conhecimento que permitem a compreensão total do homem. Já na de Oxford se voltava
para as ciências da experiência e Bolonha para o direito.
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[...] tudo que dizia respeito a um saber mais universal, passava pela Universidade de Paris. De acordo com Pieper, Paris poderia ser considerada uma nova Atenas exatamente porque nela a busca da verdade florescia. Não é, pois, gratuito que seja nesse centro de saber que a grande crise do século XIII se aflore. (OLIVEIRA, 2005, p. 30).
A crise no século XIII resulta na entrada do pensamento aristotélico nas
Universidades, na qual ocorrem várias transformações na sociedade da época como: o
comércio passa ser centralizado colocando fim das cruzadas; a separação do poder laico e
eclesiástico; e as ordens mendicantes.
Para Aristóteles, tudo tem uma explicação por meio da razão, no qual nós como seres
humanos diferenciamos dos animais pelo fato de sermos seres racionais e pensantes, podendo
então ter explicação para tudo o que existe. Ou seja, o pensamento aristotélico que foi
introduzido nas Universidades medievais tinha como fundamento a separação da fé e da razão
tirando a Igreja do poder, mas, cabe lembrarmos que as obras de Aristóteles sempre fizeram
parte do saber medievo, pois para o pensamento escolástico de Boécio, fé e razão estavam
intrinsecamente unidos.
O renascimento no século XII ocorreu uma revolução no Ocidente. Nesse século,
pretendia ampliar a filosofia. O pensamento aristotélico e o neoplatônico foram a maneira
para levar os pensadores à constituição de imponentes mundividências, onde se agruparam o
pensamento filosófico e a concepção de vida cristã.
“As ordens religiosas, os Franciscanos e os Dominicanos, surgem em oposição às
condições em que se encontrava a Igreja Cristã no século XIII” (OLIVEIRA, 2005, p. 33). Os
Franciscanos e os Dominicanos pregadores da palavra cristã eram contra a maneira que a
Igreja estava nesse período. Eles contestavam a riqueza que estava posta na Igreja e
propuseram o ideal de pobreza, pretendendo retomar o evangelho “puro”.
Chenu examina a essência do pensamento de Santo Tomás de Aquino, considerado
por ele teólogo e mestre medieval, por seu entendimento e dedicação integral a seus
ensinamentos e pregações á palavra de Deus. Ele, em sua obra, coloca em destaque o fato de
Santo Tomás se tornar um Dominicano e nos mostra as razões que suas ordens atraíam tantos
estudantes.
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Pieper aprofunda essa visão de mestre dominicano, no qual Santo Tomás de Aquino,
com seu ensinamento e pregação, leva ao homem a uma construção cristã, a partir dos
conhecimentos sagrados e profanos para a busca de uma nova verdade comum, e assim, trazer
a explicação do homem como ser totalizante.
As ordens mendicantes eram contra a situação que a Igreja estabelecia. Elas buscavam
romper essas tradições, como o poder e luxos que as Igrejas tinham. O principal público para
os mendicantes eram os jovens insatisfeitos com a posição da Igreja. Começa então uma
disputa entre as ordens mendicantes e as tradicionais da Igreja. Esta disputa é levada para a
Universidade, onde seus principais mestres são oriundos dessas duas ordens.
[...] os dominicanos voltam-se para uma evangelização que pressupõe a busca da verdade por meio da religião, da filosofia, e da investigação científica da natureza, os franciscanos se dedicam com muito afinco à tarefa de evangelização sem maior atenção para a pesquisa intelectual (OLIVEIRA, 2005, p. 35).
Os dominicanos frequentavam as Universidades. Foram alunos, mestres que buscavam
efetivamente o saber. Alberto Magno e, principalmente, Tomás de Aquino estavam presentes
nas Universidades na busca desse conhecimento. Eles se fazem presentes nas Universidades
até os dias de hoje.
Alberto Magno e Tomás de Aquino criaram um novo filosofar para a humanidade.
“Criaram a possibilidade de se fundir o pensamento aristotélico à fé cristã.” (OLIVEIRA,
2005, p. 35). Desse modo, Tomás, dominicano, é o mestre da Escolástica.
A crise estava instaurada na cristandade. Assim, os dominicanos, para enfrentar a
crise, não apresentavam somente a pobreza como o caminho, mas também o racionalismo
aristotélico. Os dominicanos criaram uma nova forma de ver o mundo, no aspecto da religião
e do intelecto.
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[...] os Dominicanos e os Franciscanos expressam um novo momento progressivo da religião católica, aquela em que ela se envolve como o povo para lhe dar uma possibilidade de um caminho social (OLIVEIRA, 2005, p. 36).
As Ordens mendicantes buscavam dar ao cristianismo a mesma forma de quando era
no nascimento do mundo medieval. Essas Ordens tiveram suma importância nas crises do
século XIII, exerceram efetivamente uma forte influência no desenvolvimento da civilização,
que nos possibilita entender a Universidade Medieval. Afinal, os mestres mais importantes
vieram dessas Ordens.
“[...] algumas considerações acerca das condenações que ocorreram nas Universidades
medievais, ao longo do século XIII, e que atingiram as obras de Aristóteles.” (OLIVEIRA,
2005, p.37). Como destacamos anteriormente, com o pensamento aristotélico na cristandade
latina, houve uma grande revolução, questionando a maneira de se produzir o conhecimento, e
a concepção de homem no universo cristão.
Houve um grande debate sobre as obras de Aristóteles, entre os seculares e as ordens
mendicantes. Nesse momento, o debate passa a ser entre as Ordens Mendicantes, ou seja,
entre os Franciscanos e os Dominicanos.
A Igreja cria leis para impedir que o pensamento aristotélico avancasse na cristandade,
mas isso não foi possível. “[...] as novas forças sociais interessadas em conhecer e em
investigar as obras desse grande filósofo pagão foram mais fortes do que a vontade da Igreja.”
(OLIVEIRA, 2005, p.38). A Igreja acreditava que as ideias de Aristóteles eram consideradas
uma ameaça para o pensamento religioso da Igreja.
Os seculares e os mendicantes estiveram em conflito até 1252 aproximadamente. Eram
contra os mendicantes porque não aceitavam os votos de pobreza, pois tal estava contra as
doutrinas da Igreja. Em 1260, acontece um novo conflito, entre Franciscanos e os
Dominicanos “[...] Sigério de Brabante expressa uma doutrina nova que propõe romper com a
forma cristã de entendimento do mundo e apregoa o racionalismo aristotélico como a
verdade” (OLIVEIRA, 2005, p. 40).
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Essa nova doutrina entra em lutas contra as formas do conhecimento. Santo Tomás de
Aquino cria um novo conhecimento, abrangendo as duas teorias, a Teologia e a Filosofia
aristotélica. Pieper acredita que Tomás uniu essas teorias para produzir um conhecimento que
estivesse ligado ao sagrado e ao mundo racional de Aristóteles.
“A Santo Tomás coube a difícil tarefa de buscar o equilíbrio entre os dois
conhecimentos vigentes.” (OLIVEIRA, 2005, p. 41). Os franciscanos criticavam Tomás, pois
acreditavam que ele, mesmo sendo conhecedor da Teologia, teria incorporado o paganismo
em seus escritos. Santo Tomás, mesmo com esses conflitos, se manteve firme à busca da
verdade, buscando sempre ensinar, evangelizar e estudar as Escrituras Sagradas e a Filosofia.
Pieper mostra com os escritos de Santo Tomás de Aquino, que este não busca uma
verdade a ser seguida, e sim, a verdade. Por isso vemos em seus ensinamentos, pensamentos
Agostinianos e Aristotélicos, não partindo apenas de um pensamento, mas tirando desta base
filosófica, para produzir o conhecimento, pois se escolhida uma corrente a ser seguida,
contraria sua proposta de universalidade una. Isso nos mostra o porquê de quão importante foi
esse pensamento escolástico do século XIII.
Devemos salientar a importância deste pensamento, também presente no século XXI,
sobre os problemas humanos atuais. Evidenciando que, buscamos resolver nossos problemas
em direções sem solução, sem conhecimento. Com isso, o pensamento de Santo Tomás de
Aquino nos ensina que devemos aprender com o conhecimento, a ouvir e aceitar palavras pela
importância que cada uma dela nos trás.
Pieper entra na questão da educação de Aquino para compreensão das necessidades
dos alunos, de que para ensinar o aluno um caminho verdadeiro, ele deve partir de uma
realidade presente. Alega que o homem possui capacidade para ser professor e ensinar, pois é
pertencente de intelecto.
Com esta abordagem sobre o ensino, a essência escolástica fica inquestionável, pois
aprendemos que a razão humana relacionada à fé cristã, se resulta no conhecimento, ficando
visível essa questão divina e humana, na qual a verdade divida é uma só, e a verdade humana
por possuir intelecto, ela muda.
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Por conseguinte compreendemos o porquê dos problemas enfrentados pelo mestre
escolástico e o que foi a Universidade medieval do século XIII. Suas influências são evidentes
nas Universidades nos dias de hoje. Pretendendo despertar nas pessoas o uso da razão e
ensinar a compreender nossa alma, para nos conhecermos interiormente.
A verdade, como foi dito, segundo sua razão primeira está no intelecto. Qualquer coisa é verdadeira na medida em que possui a forma própria de sua natureza; é necessário, portanto, que o intelecto em ato de conhecer seja verdadeiro tanto quanto nele se encontre a semelhança da coisa conhecida, semelhança que é sua forma enquanto é aquele que conhece (OLIVEIRA, 2005, p. 52).
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OBJETIVOS:
OBJETIVO GERAL:
Analisar, por meio da historiografia, como se processou a formação da Universidade
Medieval, no século XIII, com especial destaque para a Universidade de Paris.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Analisar as diferenças entre as perspectivas historiográficas e filosóficas acerca da
origem da Universidade. Como se trata de um projeto de PIC faremos esse estudo a partir de
dois autores da história e dois da filosofia;
Identificar se houve a permanência dos modelos de ensino monásticos na
Universidade;
Analisar a relevância das cidades para o surgimento das Universidades.
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METODOLOGIA
Este estudo será desenvolvido por meio de leituras e reflexões das obras selecionadas
para o estudo. Essas leituras seguirão os princípios da história social, com particular atenção
aos pressupostos de Marc Bloch e de Braudel sobre a história e a perspectiva de longa
duração.
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JUSTIFICATIVA
O papel das Universidades é formar cidadãos que tenham a capacidade de pensar
reflexivamente. A metodologia ensinada pela Universidade do século XIII tem como função
levar aos homens a importância do conhecimento para seu ser e construção do intelecto. Com
esses ensinamentos, cabe mostrar de fato as pessoas o quão é importante o saber, pensar e
refletir sobre as questões atuais vivenciadas, para assim mudarmos nossas atitudes e
comportamentos em sociedade.
Os conceitos das Universidades medievais e das Universidades contemporâneas são o
mesmo, porém hoje não se pratica mais esse conceito, pois não se tem grande interesse para a
busca de conhecimento como antigamente que tinha como foco principal das Universidades
medievais.
As Universidades contemporâneas são entendidas como um sinônimo de grandes
prédios e várias salas, onde se estudam todas as áreas de conhecimento. Já as Universidades
medievais eram vistas como um grupo de professores e alunos que exerciam seus papeis em
alguma instituição escolar. Nessa época qualquer indivíduo poderia estudar em determinada
Universidade, pois quando o aluno não tinha condições de pagar pelos seus estudos, eles
pagavam com algum serviço para a sociedade local ou tinha os estudos financiados pelos
familiares que tinham condições ou por membros da Igreja e do Estado.
Os alunos ingressavam nos estudos muito jovens, era permitido entrar nas
Universidades entre seus doze e quinze anos e os estudos se iniciavam com as artes liberais e
em seguida o aluno poderia exercer alguma atividade ou se especializar em direito, medicina
ou teologia.
Atualmente, a Universidade não tem a mesma função como nas Universidades
medievais, a maioria das pessoas está no ensino superior para conseguir simplesmente um
diploma, para o mercado de trabalho e não buscam o saber. Com isso perde sua essência, um
local de apropriação do conhecimento.
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A partir do momento que o cristianismo era pregado nas Universidades medievais
proporcionava ao indivíduo com muito estudo e dedicação, a ética e a moral na sociedade. No
qual a bíblia trás consigo ensinamentos a cerca do comportamento e pensamento cristão.
Na Idade Média não se falava em cidadão, mas em formar cristãos. Quando introduziu
nas Universidades a união de fé e razão, houve mudança no ensino no qual é necessário à
introdução a filosofia para que os indivíduos possam pensar reflexivamente e questionar o que
acontece na sociedade.
Quando conhecemos a bíblia e a entendemos, assim fazendo relações com a nossa
vida, desenvolvendo nosso ato de pensar, passamos a ter fé. Pela fé, nos tornamos racionais e
consequentemente a sensibilidade aflora. É necessário usarmos a razão, porém com fé tudo se
torna mais fácil o entendimento, ou seja, é necessário o conhecimento porque sem ele não
entendemos nosso fundamento de existência. Só tem razão quem tem fé.
Nas Universidades do século XXI, religião não se discute, e possamos vivenciar a falta
de respeito por aqueles que a frequenta, na qual deixou de ser um lugar sagrado por todos,
especialmente pelas autoridades. Deparamo-nos com a falta de professores, que não fazem
sua grande função, criarem o hábito de estudos nos seus alunos, para assim formar cidadãos,
com isso possamos ser indivíduos com ética e moral na sociedade.
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PLANO DE TRABALHO
1. Nos três primeiros meses faremos a leitura e fichamentos de obras de Marc Bloch e
Braudel;
2. Nos três meses subsequentes leremos e fichamentos textos de autores da
historiografia;
3. Nos três meses subsequentes leremos e ficharemos textos de autores filósofos dos
séculos XIX e XX que trataram das origens da Universidade Medieval;
4. Nos dois próximos meses estudaremos documentos que tratem da organização da
Universidade na Idade Média.
5. No último mês nos dedicaremos a redigir o relatório final.
CRONOGRAMA
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
**Cronograma de execução Assinalar o mês em que a atividade será
executada DESCRIÇÃO DAS
ATIVIDADES
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º Leitura e fichamentos de obras de Marc Bloch e Braudel;
X X X
Leitura e fichamento de textos da historiografia
X X X
Leitura e fichamento de textos da Filosofia
X X X
Leitura e análise de documentos sobre a origem da Universidade
X X
Redação do Relatório Final X
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Referências
SCHMIDT, Mario Futley. A idade média. In: Nova história crítica. São Paulo: nova geração, 1999. p. 242-259.
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PELLEGRINI, M; DIAS, A.M.; GRINBERG, K. Coleção Novo Olhar - História. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2010.
OLIVEIRA, Terezinha. As Universidades na Idade Média (séc. XIII). São Paulo/Porto: Editora Mandruvá, 2005.