A Utilização Da Cortina Vegetal Como Medida Mitigadora Em Impacto Ambiental

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  • II Encontro Estadual de Geografia e Ensino e Maring, 24 a 278 de outubro de 2011

    XX Semana de Geografia p. 1090-1104

    ISBN: 978-85-87884-25-1

    A UTILIZAO DA CORTINA VEGETAL COMO MEDIDA

    MITIGADORA EM IMPACTO AMBIENTAL NA CONSTRUO

    DE PRAAS DE PEDGIO: CASO DA RODOVIA RGIS

    BITTENCOURT Antonio Carlos de Andrade

    Gegrafo Universidade Estadual de Maring [email protected]

    Gustavo Luis Schacht Mestrando em Geografia Universidade Estadual Paulista UNESP Rio Claro

    [email protected]

    RESUMO

    Pouco estudado pelos profissionais Gegrafos, a atenuao de impactos ambientais, oriundos de

    construes de mdio e grande porte como pontes, hidroeltricas, rodovias e at mesmo praas de

    pedgio, unem conhecimentos especficos de nossa formao, como ser descrito neste artigo. Com o

    incio da construo do Pedgio no Km 543, pela concessionria Auto Pista Rgis Bittencourt, no

    trecho Curitiba So Paulo se fez necessrio minimizar os possveis impactos que a obra poder causar aos habitantes do entorno. O pedgio que iniciou suas obras no ms de janeiro de 2009 ser

    construdo ao lado de onde encontra-se hoje a sede do Parque Estadual do Rio Turvo (PERT),

    pertencente ao Mosaico de Unidades de Conservao de Jacupiranga, sob administrao do Instituto

    Florestal de So Paulo. Levando em considerao os efeitos de poluio visual e sonora, que a

    implantao do pedgio acarretar, propomos atravs deste artigo, a construo de uma Cortina

    Vegetal no entorno da praa de pedgio, visando minimizar os efeitos de poluio do som e do ar. Esta

    proposta ser implantada pela concessionria do pedgio, seguindo todas as indicaes de plantio e

    adubaes descritas para o bom desenvolvimento das mudas e formao da cortina, alm de instrues

    para assistncia tcnica e manuteno do plantio por 3 anos, o que de fato trar bons resultados na

    atenuao do som emitido no local a partir de ento. O ponto onde sero efetuados os plantios

    apresenta caractersticas peculiares, tais como: reas alagadias, reas permanentemente secas e locais

    com vegetao necessitando somente de enriquecimento, o que mostra a necessidade de planejamento

    para atender cada uma destas caractersticas.

    Palavras-chave: Cortina vegetal; Parque Estadual do Rio Turvo; Impacto Ambiental; Instituto

    Florestal; Poluio sonora.

    ABSTRACT

    Professional geographers little studied by the mitigation of environmental impacts from the

    construction of medium and large companies such as bridges, dams, highways and even the toll plazas,

    together expertise of our training, as described in this article. With the start of construction of the Toll

    543 km, the dealer Auto Track Rgis Bittencourt, the stretch Curitiba - So Paulo, it was necessary to

    minimize the possible impact that the work may cause to the surrounding inhabitants. The toll that his

    works began in January 2009 will be built next to where is today the headquarters of the Cloudy River

    State Park (PERT), belonging to the Mosaic Conservation Units Jacupiranga, administered by the

    Forestry Institute So Paulo. Taking into account the effects of visual pollution and noise, which will

    entail the implementation of the toll, we propose through this article, the construction of a curtain

    surrounding the Plant toll plaza in order to minimize the effects of sound pollution and air. This

    proposal will be implemented by the toll concessionaire, following the directions for planting and

    fertilization described for the successful development of the seedlings and formation of the curtain,

    and instructions for technical assistance for planting and maintenance for 3 years, which in fact will

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    bring good results in attenuation of the sound at the site since then. The point where the plantings will

    be made peculiar characteristics, such as wetlands, permanently dry areas and vegetation requiring

    only local enrichment, which shows the need for planning to meet each of these characteristics.

    Keywords: Curtain plant; Cloudy River State Park, Environmental Impact, Forestry Institute; Noise

    1. Introduo

    O Parque Estadual do Rio Turvo (PERT) foi criado atravs da Lei Estadual 12.810 de

    21 de fevereiro de 2008. Esta Lei alterou os limites do antigo Parque Estadual de Jacupiranga

    que dominava grande parte do Vale do Ribeira no estado de So Paulo e o transformou em um

    Mosaico de unidades de conservao, formando assim: trs parques estaduais, entre eles o

    PERT, alm de criar outras categorias de unidades de conservao, tais como: reas de

    Proteo Ambiental (APA), Reservas de Desenvolvimento Sustentvel (RDS) e Reservas

    Extrativistas (RESEX). Este mosaico foi criado com o intuito de conciliar a conservao do

    meio ambiente com as atividades e o modo de vida das comunidades que esto inseridas na

    rea, visando dessa forma, resolver os conflitos socioambientais ali existentes. O PERT conta

    com atividade de fiscalizao, atendimento a populao, educao ambiental e serve de apoio

    a pesquisas cientficas, com sede na BR 116, km 543 no municpio de Barra do Turvo.

    Entrecortando a rea do parque, est a Rodovia Rgis Bittencourt (BR-116), que nos

    ltimos anos, vem sendo intensamente entregue as concessionrias para a construo de

    praas de pedgios. A construo destas obras, bem como qualquer outra interferncia

    antrpica, tende a modificar a paisagem local e a dinmica populacional regional, gerando

    danos ambientais e sociais muitas vezes irreversveis. Dentre as praas de pedgio a serem

    construdas, o grande destaque est no Pedgio P5, que esta sendo implantado em frente a

    sede do PERT. Diante dos impactos ambientais, que tendem a ser gerados, tais como:

    poluio sonora e visual, supresso de vegetao e interferncia direta na propriedade do

    parque, foi proposta como uma das medidas mitigadoras, a implantao de uma Cortina

    Vegetal no entorno do P5 (Figura 01). Esta proposta que visa principalmente minimizar os

    impactos nas proximidades da praa de pedgio, ser implantada pela equipe da Auto Pista

    Rgis Bittencourt, tendo como subsidio o presente trabalho, que foi idealizado pela equipe

    tcnica e alguns estagirios do PERT, compostos por uma equipe multidisciplinar.

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    Figura 01: BR 116, km 543, foto do local onde est sendo instalada a praa de pedgio, mostrando a rea que

    abrigar parte da Cortina Vegetal. Foto: Joo Moraes Neto, 2009.

    Este trabalho traz informaes para o planejamento e execuo de uma cortina vegetal,

    seguindo caractersticas especificadas na literatura e atendendo peculiaridades da rea como a

    presena de reas alagadias ou locais onde se faz necessrio somente um enriquecimento

    florestal, por j possuir vegetao em estgio inicial de regenerao. Na proposta, existem

    especificaes de adubao e plantio, mostrando a necessidade do acompanhamento tcnico

    por trs anos, momento no qual as espcies estaro melhor adaptadas a competio com as

    demais.

    CONSIDERAES SOBRE A CORTINA VEGETAL

    A cortina vegetal, prtica ainda pouco difundida no Brasil, tem se mostrado eficaz na

    reduo de rudos ocasionados por obras e indstrias em geral. Fato este que dificulta o

    encontro de literatura especfica. Segundo apostila elaborada pelo IAC (Instituto de Aviao

    Civil) atravs da Comisso de Estudos e Coordenao da Infraestrutura Aeronutica

    (CECIA), que tem como foco a implantao da cortina vegetal em aeroportos, destacam-se

    vrios pontos positivos na implantao deste mtodo, tais como: a reduo da eroso,

    amenizao climtica, reduo do nvel de poluio visual e sonora.

    Pode-se perceber duas formas de atuao das cortinas vegetais, absorvendo som ou

    difundindo o som. Para que o som seja absorvido devemos escolher espcies com folhas de

    tamanho maior ou mais densidade, como o caso de pequenos arbustos, que apresentam

    vrios ramos volumosos e com galhos finos. Para difundir o som usam-se espcies com caule

    representativo em tamanho, folhas pequenas e finas, ramos volumosos e pesados e

    preferencialmente de plantas perenes, para que a proteo ocorra durante todo o ano. A

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    eficcia da cortina vegetal analisada atravs da densidade do conjunto que deve ser denso,

    alm de sua altura; quanto mais alta a cortina vegetal, maior sua eficincia para minimizao

    do som. A cortina vegetal no deve possuir menos que 15 metros de largura, devido difuso

    do som; quanto mais larga for a cobertura, maior o resgate deste som j que a insonorizao

    ocorre somente aps os 15 metros de mata (IAC, 1984). Para locais como a rea de estudo

    (praa de pedgio), que apresentar rudos constantemente, com a frenagem e reacelerao

    dos veculos o ideal que o som seja absorvido na cortina. Para exemplificar, segundo o IAC

    (1984) um rudo de 4.000 Hz se chocado com uma cortina vegetal j desenvolvida em seus

    estgios com 30 metros de largura, sofrer atenuao de 5 dB de som, quantia considervel

    aos ouvidos humanos. distncia entre o emissor de som, no caso o pedgio, e seu receptor,

    a sede do parque e a mata, tambm devem ser consideradas, quanto menor distncia entre o

    emissor e a cortina vegetal, melhor o resultado de atenuao do som, assim pode-se iniciar a

    cortina de fronte a rodovia (Figura 02).

    Figura 02: Exemplo de uma cortina vegetal, que serve como barreira auditiva, visual e como seqestradora de

    gases poluentes. Elaborao: Schacht, G.L; e Oliveira, A. V., 2009.

    levado em considerao na construo da proposta de proteo sonora e ambiental o

    aspecto paisagstico. Superfcies rugosas como gramado tem poder de absoro de som.

    Arbustos ou trepadeiras nativas que apresentam flores podem ser usados no inicio da cortina

    (prximo a pista), tanto para fins ornamentais, quanto para o isolamento dos estratos mais

    baixos. Neste sentido um cuidado deve ser tomado, a utilizao de espcies exticas/invasoras

    que podem ser agressivas e se adaptar ao ambiente causando contaminao biolgica na

    unidade de conservao. Devemos considerar segundo o IAC (1984) a direo dos ventos,

    levando em conta que o som se propaga de forma mais intensa na direo da corrente de

    vento. O vento um dos responsveis pela mudana de direo de ondas de som; em locais de

    barlavento, o som rapidamente desviado, assim, este um lado que recebe proteo natural.

    Diferente acontece no lado onde a predominncia de sotavento, que recebe todas as ondas

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    de som. Para efeitos de comparao a cortina vegetal ser instalada em ambos os lados da

    rodovia, seguindo as regras indicadas pelo IAC (1984) como formao vegetal densa, de

    forma a impedir a propagao do som atravs dos espaos. Daremos a preferncia para a de

    tipo vegetao perene. Ao considerarmos a utilizao de espcies decduas, devemos levar em

    conta que em um perodo do ano, estas perdero as folhas, o que impossibilita e atenuao

    sonora. A altura da cortina deve apresentar-se de forma decrescente do receptor para o

    emissor do som, para que assim o som seja condicionado a ascender. importante dar sempre

    preferncia a mudas nativas, pois estas possuem maior chance de regenerar o local graas a

    sua adaptabilidade ao ambiente. Outro fator a ser observado o solo, onde suas propriedades

    de fertilidade so extremamente importantes. Solos esgotados, com baixa fertilidade e/ou

    grande acidez devem ser corrigidos com a aplicao de aditivos naturais quando possvel.

    No momento da escolha das espcies, no devemos utilizar uma nica espcie de

    planta e sim a maior diversidade possvel de acordo com aquelas presentes na regio. Esta

    prtica evita a proliferao de pragas e doenas comum em culturas homogneas. Quanto

    maior a diversidade melhor o preenchimento dos espaos vazios e riqueza no ecossistema.

    Neste espao se aconselha, dependendo de cada caso, o plantio de espcies que tenham algum

    fim econmico (no madeireiro) como a seringueira, ou mesmo plantas pertencentes ao

    sistema agroflorestal, para sua futura explorao. Seguindo cada uma das dicas e respeitando

    os estgios sucessionais de vegetao a cortina florestal eficaz. Importante ainda o

    acompanhamento do plantio e manuteno que deve ser feita periodicamente, como a poda

    das espcies prximas rodovia, inibindo seu crescimento demasiado, adubao e troca de

    mudas quando necessrio. Os resultados esperados na implantao da cortina vegetal sero

    observados ao longo do tempo, sendo necessrio para sua total eficcia cerca de 20 anos,

    momento este suficiente para a distino dos estratos de vegetao e preenchimento quase

    total dos espaos entre as plantas.

    2. MATERIAIS E MTODOS

    Para o desenvolvimento dos trabalhos, primeiramente foram realizadas observaes

    em campo para reconhecimento do local da realizao do projeto. Procuramos interpretar

    algumas peculiaridades existentes no local, tais como: a presena de banhados (vrzea) e a

    presena de pequenas manchas de vegetao arbustiva e arbrea que necessitam somente de

    um enriquecimento. Para melhores observaes em campo e planejamento da Cortina

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    Vegetal, foi produzido material cartogrfico com o auxlio de bases digitais fornecidas pela

    Secretaria do Meio Ambiente (SMA). Entre estas bases, destaca-se a existncia de imagens

    areas do local, que possibilitou, atravs do software ArcGis 9.2, a construo de um pequeno

    mapa base (Figura 08) onde pudemos verificar as caractersticas da rea, identificando e

    caracterizando a vegetao existente, possibilitando deste modo, a diviso em mdulos de

    trabalho.

    Esta diviso em mdulos foi feita para que as carncias de cada um desses diferentes

    sistemas ambientais fossem atendidas separadamente, por existirem no local diferenas

    bastante pronunciadas, como locais com terreno seco em locais com predominncia de brejo.

    levado em conta a necessidade de espcies vegetais totalmente diferentes em cada um dos

    sistemas, com adaptaes referentes sua necessidade. Sendo assim os mdulos so divididos

    do seguinte modo:

    a) Mdulo 1, rea permanentemente seca, onde pode-se utilizar espcies adaptadas a

    diversos ambientes; b) Mdulo 2, rea permanentemente alagada, que necessita de espcies

    adaptadas a estas condies; c) reas que necessitaro somente de enriquecimento florestal; e

    d) reas apresentando fragmentos florestais, que no necessitaro interferncia. Com isto foi

    possvel a quantificao das reas (Figura 03), onde se verifica que: o Mdulo 1 ter uma rea

    relevante, com 5,162ha (50,72% de toda a rea), a rea do Mdulo 2 com 2,264ha (22,25%), a

    rea de enriquecimento florestal corresponde a 0,9ha (8,85%) e a rea que no necessita de

    interferncia corresponde a 1,847ha (18,15%).

    Figura 03: Grfico da quantificao das reas por mdulo, para a composio da cortina vegetal. Elaborao:

    Moraes Neto, J. A., 2009.

    Os mdulos foram desenvolvidos seguindo espaamento entre linhas e ruas ambas

    com 2 m e intercalando espcies pioneiras e no-pioneiras, sendo que os mdulos podem ser

    compostos por perfis que so projees da cobertura vegetal que se formar nos anos

    seguintes implantao. Importante salientar que todas as espcies que compem os mdulos

    so nativas do domnio Mata Atlntica e suas caractersticas morfolgicas foram baseadas em

    observaes em campo, de experincia em produo de mudas e reviso de literatura.

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    importante ainda que o distanciamento entre plantas adotado, leva em conta o porte a que

    chegaro as espcies e o domnio do sub-bosque por outros indivduos, arbustivos e

    herbceos. No planejamento da organizao das mudas em cada mdulo, levamos em

    considerao as fases de sucesso da vegetao e seu porte para que o objetivo inicial da

    formao de diversos extratos formando uma escala crescente em relao rodovia seja

    respeitado e de fato ocorra. Assim, as espcies de menor porte (quando adultas) ficam mais

    prximas a rodovia, e as de maior porte ao fundo.

    MDULO 1: Composto por espcies adaptadas a diversos ambientes.

    Para este mdulo foram feitos trs perfis (Perfil AA, Perfil BB e Perfil CC), ilustrados

    abaixo. A orientao seguida nos perfis da frente para os fundos da cortina vegetal, dando a

    visai de como esta foi planejada para se desenvolver, respeitando a altura mdia de cada

    espcie segundo Lorenzi (2002).

    Perfil AA

    Figura 04: Perfil AA, componente do Mdulo 1. (NP No pioneira / P Pioneira) Elaborao: Corra, J.N.; e Oliveira, A. V., 2009.

    Perfil BB

    Figura 05: Perfil BB, componente do Mdulo 1. Elaborao: Corra, J.N.; e Oliveira, A. V., 2009

    Perfil CC

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    Figura 06: Perfil CC, componente do Mdulo 1 da cortina vegetal. Elaborao: Corra, J.N; e Oliveira,

    A.V., 2009.

    MDULO 2: Composto por espcies seletivas higrfitas, adaptadas a ambientes

    alagadios. Para este mdulo foi feito um perfil (Perfil AAA), ilustrado abaixo.

    Perfil AAA

    Figura 07: Perfil AAA, componente do mdulo 2 da cortina vegetal, para reas alagadias.

    Elaborao: Ferraz, E.; e Oliveira, A. V., 2009

    Dentre todas as espcies citadas, podemos perceber que existem diversos

    comportamentos, encontrando exemplares em maior nmero pereniflias, e alguns

    exemplares caduciflias. Para a escolha das espcies levou-se em considerao a formao

    vegetal local (Floresta Ombrfila Mista Montana) e levantamentos fitossociolgicos da regio

    (COUTO e CORDEIRO, 2005). Grande parte das espcies indicadas so consideradas

    pioneiras, porm que resistem por perodo considervel de tempo.

    Para Kageyama et al. (1989), o plantio de espcies pioneiras pode ser visto como

    estratgia para auxiliar a sucesso secundria. Neste sentido, a indicao das espcies feitas

    vem auxiliar e dar condies ecolgicas para o desenvolvimento das plantas tardias ou

    secundrias.

    Para execuo do plantio, as mudas especificadas nos mdulos devero apresentar

    porte em torno de 1 metro de altura, com boa sanidade e devero estar aclimatadas a

    ambientes em pleno sol, devendo ser rustificadas no viveiro de origem.

    .

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    Figura 08: Mapa base da rea da implantao da Cortina Vegetal, dividida nos mdulos descritos.

    Elaborao: Moraes Neto, J. A.; Schacht, G. L.; Andrade, A. C. 2009.

    A altura dos indivduos, indicado anteriormente, deve-se ao fato de que as mudas com

    1 metro de altura se adaptam e se desenvolvem mais facilmente no meio em que est sendo

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    inserido, alm de que aceleram um pouco mais a concluso do objetivo, que a atenuao

    parcial dos rudos.

    Baseados nos clculos de distanciamento utilizado, o quadro abaixo (Tabela 01)

    mostra o total de mudas para cada mdulo.

    Tabela 01: Quantia de mudas para cada mdulo, subdivida em espcies pioneiras e

    no-pioneiras.

    DESCRIO rea (ha) Mudas No

    Pioneiras (NP)

    Mudas

    Pioneiras (P) TOTAL

    Mdulo 1 5,162 4.259 8.646 12.905

    Mdulo 2 2,264 754 4.906 5.660

    Enriquecimento 0,9 1.500 0 1.500

    TOTAL 8,326 6.513 13.552 20.065

    Para a implantao em trincas, segue abaixo o modelo a ser utilizado em campo para o

    plantio do mdulo 1, referente s espcies adaptadas a diversos ambientes. Todas as trincas

    sero repetidas quantas vezes forem necessrias.

    Figura 09: Modelo de alinhamento para o plantio do Mdulo 1.

    Elaborao: Moraes Neto, J. A., 2009.

    A implantao em trincas do Mdulo 2 em campo, correspondente as espcies seletiva

    higrfita, que encontram-se organizadas da seguinte forma:

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    Figura 10: Modelo de alinhamento do plantio do Mdulo 2.

    Elaborao: Joo Antonio Moraes Neto, 2009.

    Para as reas de enriquecimento devero ser plantadas mudas de Euterpe edulis

    (Palmito Juara) no sistema a lano, recobrindo mais quando necessrio aqueles pontos com

    menos densidade vegetacional. Por se tratar de um espao onde j existem espcies

    implantadas e se faz necessrio somente enriquecimento, optamos pelo lano das sementes

    de Euterpe edulis em locais com menor densidade, j que esta planta se desenvolve facilmente

    na regio, alm de que deste modo a fisionomia vegetal existente ali no sofrer alterao na

    atividade de plantio, por exemplo.

    Recomendamos que para o plantio das mudas, covas com de 40cm x 40cm x40cm,

    onde o solo retirado da mesma dever ficar ao lado para incorporao do material a ser

    aplicado. O espaamento utilizado ser 2 metros entre linhas e 2 metros entre plantas por se

    tratar de rea de pouca declividade. Na adubao a ser utilizada no mdulo 1, para o clculo

    da quantidade de calcrio a ser aplicada nos baseamos em anlise de solo feita em rea

    prxima da implantao da cortina vegetal, que indicou um pH bastante cido 3,9,

    saturao de bases atual (16%) e a saturao ideal (60%). Com base nesses dados,

    recomendado aplicar 7,9 ton/ha de calcrio dolomtico, com PRNT de 90% (MALAVOLTA

    et al. 2002).

    A aplicao de calcrio dolomtico por bero esplendido (cova) dever ser na quantia

    de 700 gramas nesta etapa, sendo aplicado no solo retirado das covas. Aps a aplicao

    esperar por 1 ms (tempo razovel de aproveitamento do mesmo pela planta, por estar

    incorporado pelas partculas do solo); depois deste perodo aplicar as doses de adubo qumico

    no mesmo solo ao lado da cova, sendo Superfosfato simples 100g/cova, Cloreto de potssio

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    60g/cova e Brax 5g/cova (ibidem). Junto com as doses anteriores aplicar tambm nitrognio,

    via adubao orgnica. Assim, recomenda-se, por cova, de 3 a 5kg de esterco de curral como

    complementao. A prxima fase, denominada de adubao de cobertura de conduo,

    realizada por 5 (cinco) tratos, um a cada semestre, totalizando 3 anos.

    No plantio de mudas do Mdulo 2 por se tratar de rea alagadia, recomendamos que

    antes de plantar as mudas seja preparado morunduns convexos (pequenos morrotes com

    altura de crista em torno de 40 centmetros e crculo de base com dimetro de 40 centmetros)

    que apresente volume de cerca de 0,05 m3 de substrato formulado com solo turfoso (que pode

    adquirida de areia suja de porto de areia, que apresenta boa poro) e esterco de curral curtido

    (5 kg no volume informado).

    Para a adubao de cobertura aplicar a cada trato, 2 kg de esterco de curral curtido a

    cada cova. Para o enriquecimento no ser efetuada a calagem e a adubao, pois o local j

    propicia as fontes de nutrio necessria para o desenvolvimento das mudas de Euterpe

    edulis. Quanto compra das mudas para execuo do plantio, sero indicados pontos de

    cultivo de mudas existentes no interior do parque. Este cultivo faz parte do programa de

    gerao de renda s populaes tradicionais (moradores do parque anteriores a criao do

    mesmo) desenvolvido pela direo e corpo tcnico da unidade, atravs de regime de

    cooperao de famlias. Nesse mbito, destacamos o Viveiro de Mudas do Bairro Brao Feio,

    tambm na BR 116, nos limites do parque em Barra do Turvo - SP que recebe assistncia

    tcnica de funcionrios do parque e j atende pedidos de empresas que procuram o PERT para

    a realizao de compensao ambiental. Alm das mudas serem produzidas no local, os

    valores com transporte diminui, a aclimatao da muda facilitada, o que beneficia a

    sobrevivncia das mesmas, causando menor mortalidade e conseqentemente menores gastos

    com reposio.

    Importante salientar que ainda antes do plantio, as mudas devero ser podadas,

    deixando-se apenas parte do ramo apical. As mesmas devero ser plantadas em dias

    nublados, para evitar estresse hdrico. Devero ser tutorado, ato que consiste em apoiar as

    mudas, de caule ainda tenro e frgil, em algum suporte como bambus. O combate s formigas,

    se necessrio em casos de grande infestao, pode ser feito utilizando-se iscas: mirex ou

    sulfuramina. Os tratos voltados manuteno como: poda, tutoramento, combate a formigas e

    coroamento das mudas, sero de responsabilidade da empresa executora, conforme previsto

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    em contrato firmado entre o parque e a empresa responsvel pela obra do P5. Indicamos que o

    acompanhamento as mudas seja realizado por perodo de 3 anos aps o plantio.

    3. RESULTADO E DISCUSSO

    Podemos dizer, at mesmo pela dificuldade na localizao de materiais especializados

    que a idia da cortina vegetal pouco aceita. Os artigos e obras esparsos sobre o assunto

    tratam normalmente sobre a implantao em aeroportos e nunca em obras como uma praa de

    pedgio, servindo, segundo analisamos, para outros fins.

    importante para os Gegrafos e outros profissionais em formao, a participao em

    atividades ligadas a sua rea de trabalho. Mais importante ainda a interao existente entre

    diversos profissionais como foi feito neste planejamento, contando com Gegrafos, Bilogos

    e Agrnomos, que interessados no tema trocaram importantes experincias. Sabemos o quanto

    normalmente difcil essa unio no mercado de trabalho. Esta uma rea de trabalho de

    pouco ou nenhum destaque para os Gegrafos, mas tarefa das mais importantes para aqueles

    ligados ao meio ambiente e estudos biogeogrficos.

    Podemos facilmente destacar caractersticas positivas do modelo de cortina vegetal

    para outros fins, considerando seu baixo custo em relao a outras obras de conteno - baixo

    custo esse muito buscado pelas empresas e profissionais alta durabilidade do servio

    ambiental sem custo posterior e fcil manejo. O maior impedimento certamente o tempo

    gasto para seu estabelecimento.

    Espera-se com a implantao do sistema de Cortina Vegetal no PERT, motivado pela

    construo do Pedgio P5 da Auto Pista Rgis Bitencourt, a atenuao de parte dos fatores

    prejudiciais causados pelo mesmo sabendo que os impactos ocorrero principalmente devido

    acelerao e desacelerao dos veculos que trafegam na BR 116, que uma importante

    rodovia que liga grandes cidades, como Curitiba e So Paulo. Com a aplicao das medidas

    aqui demonstradas, o desenvolvimento das mudas ser facilitado. A adubao indicada no

    presente artigo, baseada em literatura especfica e na equipe constituda por vrios

    profissionais entre eles, Gegrafos, Bilogos e Eng. Agrnomo. Se aplicada completamente

    como indicado, repercutir em menor mortandade de mudas.

    O resultado esperado, aps alguns anos do plantio o desenvolvimento das mesmas

    at alcanarem seu clmax, constituindo assim a cortina vegetal, um ambiente equilibrado. Os

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    locais de enriquecimento vegetal apresentaro, aps alguns anos, a possibilidade de manejo

    do palmito plantado. Poderamos citar aqui, diversas outras espcies a serem utilizadas na

    cortina vegetal e que aps alguns anos possuem valor econmico, mais esta prtica varia de

    acordo com o enfoque de cada cortina implantada. Considerando as espcies utilizadas na

    composio desta referida cortina, destaca-se a presena de rvores frutferas, que visam a

    recomposio da avifauna local, que hoje devido a vegetao baixa e pobre em diversidade de

    espcies encontra-se reduzida. Este local por se localizar ao lado da rodovia j passou (e

    passa) por degradao, sendo constituda por capins e pequenas ervas, podendo ento

    considerar a cortina como um modo de recuperao de reas degradadas.

    De fato ainda cedo para tratar aqui de concluses ou resultados j obtidos, j que

    nosso objetivo encontra-se em processo de implantao e que o tempo necessrio para o seu

    desenvolvimento satisfatrio, de cerca de 15 ou 20 anos, porm vale a ideia trazida, que

    poder servir como espelho a novas Unidades de Conservao que sofrem ou sofrero com o

    mesmo problema encontrado aqui. Procuramos com este trabalho buscar alternativas viveis e

    ambientalmente interessantes, para que os impactos causados por praas de pedgio possam

    ser minimizados. Esperamos assim, com a aplicao desta tcnica, constituir novos

    conhecimentos sobre a dinmica ainda pouco estudada da evoluo das cortinas vegetais.

    Verificamos que no se trata somente de aplicar as tcnicas tradicionais de plantio de mudas e

    sim proceder a manuteno adequada por perodo mnimo de 3 (trs) anos para que de fato a

    planta consiga manter-se no local e comear sua disputa pela sobrevivncia. De fato, o local a

    ser implementada a cortina um desafio a equipe, principalmente devido as suas

    caractersticas naturais, que envolvem um solo bastante cido e uma grande rea que

    periodicamente fica alagada. Sabe-se que o comportamento das mudas ser diferenciado em

    cada local, e que se faz necessrio o trabalho e acompanhamento em conjunto da equipe

    tcnica do PERT e dos responsveis pela execuo da referida obra, que servir como

    compensao pela degradao oriunda da construo do P5.

    4. REFERNCIAS

    COUTO, O. S.; CORDEIRO, R. M. S. (Org.) Manual das espcies vegetais do estado de So

    Paulo. Secretaria do Meio Ambiente, Departamento Estadual de Proteo de Recursos

    Naturais, So Paulo, 2005.

    IAC Instituto de Aviao Civil. Srie Boletim Tcnico. Atenuao da poluio sonora por meio de vegetao florestal. So Paulo, 1984.

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    KAGEYAMA, P. Y.; REIS, A.; CARPANEZZE, A. A. Potencialidades e restries da

    regenerao artificial na recuperao de reas degradadas. In: Simpsio Nacional de

    Recuperao de reas degradadas, 1, Curitiba, 1992. Anais. Curitiba, Universidade Federal do

    Paran, 1992.p. 1-7.

    LORENZI, H. rvores Brasileiras: manual de identificao e cultivo de plantas arbreas do

    Brasil. vol. 1, 4aed. Instituto Plantarum. Nova Odessa, 2002.

    LORENZI, H. rvores Brasileiras: manual de identificao e cultivo de plantas arbreas do

    Brasil. vol. 2, 2aed. Instituto Plantarum. Nova Odessa, 2002.

    LORENZI, H. Frutas brasileiras e exticas cultivadas (de consumo in natura). Nova

    Odessa, 2006.

    LORENZI, H. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquticas, parasitas e txicas. 4aed.

    Instituto Plantarum. Nova Odessa, 2008.

    MALAVOLTA, E.; PIMENTEL-GOMES, F.; ALCARDE, J. C. Adubos e adubaes. So

    Paulo: Nobel, 2002.