A utilização de filmes comerciais no ensino de ciências.

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A UTILIZAÇÃO DE FILMES COMERCIAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS COMO ESTRATÉGIA FACILITADORA DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Luana Camargo Sousa (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD – bolsista CAPES do programa PIBID) Josciana do Nascimento Bezerra (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD – bolsista CAPES do programa PIBID) Laise Barbosa Aquino (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD – bolsista CAPES do programa PIBID) Renata Caliman do Nascimento (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD – bolsista CAPES do programa PIBID) Joseana Stacca Farezim Knapp (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD Fabiano Antunes (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD) RESUMO Na busca de facilitar a aprendizagem de conteúdos científicos, o PIBID – Biologia tem realizado um projeto que busca utilizar filmes comerciais como um “foco” sobre o qual tem- se desenvolvido discussões que envolvem conteúdos escolares de Ciências. Tal projeto é desenvolvido em uma escola de um município do estado de Mato Grosso do Sul e, ao longo dele, nos deparamos com grande distanciamento entre o conhecimento que os alunos traziam para a sala de aula e aquele que pretendíamos que eles aprendessem. Nesse artigo fazemos um relato de experiência docente no qual buscamos explicitar como a utilização de filmes comerciais podem ser ferramentas úteis na busca de aprendizagem significativa de conteúdos de Ciências. INTRODUÇÃO Atualmente a educação busca novos espaços, possibilitando aos professores a busca de inovação para conduzir sua ação docente. O cinema sempre foi um grande veículo de divulgação dos avanços da ciência. Não apenas documentários e ficções científicas exprimem conhecimentos desejados e alcançados, mas até dramas e comédias revelam a influencia da ciência em nossa cultura (OLIVEIRA, 2005).

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A UTILIZAÇÃO DE FILMES COMERCIAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS COMO

ESTRATÉGIA FACILITADORA DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Luana Camargo Sousa (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD – bolsista

CAPES do programa PIBID)

Josciana do Nascimento Bezerra (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD –

bolsista CAPES do programa PIBID)

Laise Barbosa Aquino (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD – bolsista

CAPES do programa PIBID)

Renata Caliman do Nascimento (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD –

bolsista CAPES do programa PIBID)

Joseana Stacca Farezim Knapp (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD

Fabiano Antunes (Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD)

RESUMO

Na busca de facilitar a aprendizagem de conteúdos científicos, o PIBID – Biologia tem

realizado um projeto que busca utilizar filmes comerciais como um “foco” sobre o qual tem-

se desenvolvido discussões que envolvem conteúdos escolares de Ciências. Tal projeto é

desenvolvido em uma escola de um município do estado de Mato Grosso do Sul e, ao longo

dele, nos deparamos com grande distanciamento entre o conhecimento que os alunos traziam

para a sala de aula e aquele que pretendíamos que eles aprendessem. Nesse artigo fazemos um

relato de experiência docente no qual buscamos explicitar como a utilização de filmes

comerciais podem ser ferramentas úteis na busca de aprendizagem significativa de conteúdos

de Ciências.

INTRODUÇÃO

Atualmente a educação busca novos espaços, possibilitando aos professores a busca

de inovação para conduzir sua ação docente. O cinema sempre foi um grande veículo de

divulgação dos avanços da ciência. Não apenas documentários e ficções científicas exprimem

conhecimentos desejados e alcançados, mas até dramas e comédias revelam a influencia da

ciência em nossa cultura (OLIVEIRA, 2005).

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Assim, acreditamos que o uso do cinema em sala de aula, como recurso didático, pode

contribuir para o ensino de Ciências/Biologia ao introduzir diferentes abordagens de

conteúdos científicos multidisciplinares e problematização das concepções sobre a natureza

da ciência e suas implicações.

Os filmes são fontes que possibilitam a relação da realidade com os conteúdos

discutidos, pois possui uma linguagem mais próxima dos estudantes e distinta daquela

utilizada nas salas de aulas, o que possibilita maior envolvimento e dinamicidade no espaço

escolar. Além disso, alguns filmes podem servir como questionamento as concepções de

ciências, relação do cotidiano com o conhecimento científico, questões éticas entre outros

assuntos que perpassam a sala de aula.

Conforme Rose (2003), mesmo os filmes de ficção são importantes, pois podem ser

criticados por sua plausibilidade. A arte cinematográfica tem a incrível capacidade de recriar

realidades históricas e ficção, ritualizando em imagens visuais e recursos sonoros os eventos e

locais que o espectador deve recordar, ao debruçar-se sobre o passado, o presente e o futuro

de sua vida. Essas qualidades que o cinema apresenta podem constituir-se num meio de

explorarmos as questões mais complexas da nossa realidade e da nossa existência, expondo e

interrogando o que vivemos.

Os filmes apresentam-se como bons instrumentos didáticos para o desenvolvimento de

conteúdos de Ciências/Biologia, havendo ampla possibilidade de utilizá-los em estudos

interdisciplinares associando conteúdos de química, física, sociologia, filosofia entre outros.

Através da narrativa fílmica o aluno pode compreender de maneira sensitiva e

cognitiva o que o professor pretende explicar acerca do conteúdo escolar (ARROIO, 2007),

ocorrendo a veiculação de assuntos e vivências de todos os tipos: emoções, sensações,

atitudes, ações, conhecimentos. Além disso, o uso de filmes torna possível a aprendizagem de

formas diversas porque aborda questões científicas com importância global de forma lúdica e

prazerosa, mostrando a ciência contextualizada e inserida na sociedade (SERRA e ARROIO,

2009).

O ensino de Ciências de uma forma geral ainda é muito livresco, tendo em vista

fatores como a falta de tempo de planejamento para o professor, excesso de carga horária,

formação inicial deficitária, formação continuada desatualizada, entre outros fatores, assim a

utilização de filmes como uma proposta didática diferenciada pode contribuir para que a sala

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de aula seja um espaço privilegiado de troca de experiências, reflexões, discussões, debates,

aproximando os filmes da realidade vivida pelo aluno, professor e acadêmico bolsista.

A utilização de filmes no espaço escolar ocorre muitas vezes com um entretenimento

ou ainda, um “quebra galho”, para a falta de professor ou complemento de carga horária,

gerando assim, um pouco de resistência a utilização desse recurso didático. No entanto, as

possibilidades pedagógicas da utilização de filmes em sala de aula são inúmeras. Sabe-se que

o uso destes como recursos didáticos auxiliam tanto na formação inicial como na continuada

de professores, já que envolve o aluno, mobiliza a atenção, altera emoções, explora a

percepção, valores e opiniões.

Os filmes são, então, uma alternativa ao livro didático, sendo uma fonte muito valiosa

de relação da realidade com o conteúdo a ser discutido, pois se trata de uma linguagem mais

próxima do aluno e distinta das empregadas normalmente nas salas de aula. Os filmes, mesmo

os comerciais, podem contribuir para o ensino de várias formas, além de melhorar a

motivação e a aprendizagem dos educandos (MAESTRELI e FERRARI, 2006).

SUPORTE TEÓRICO DAS AÇÕES – A TEORIA DA APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA

A utilização de filmes comerciais como estratégia didática não poderia ser

desenvolvida de forma criteriosa sem um suporte teórico que sustente tal ação. Então,

lançamos mão da Teoria da Aprendizagem Significativa (mais a frente, TAS) para sustentar

nossas ações e reflexões.

A TAS tem como seu principal expoente David Ausubel. Em linhas gerais, tal teoria

afirma que é a partir de conceitos e conteúdos que o sujeito já possui na estrutura cognitiva, é

que se pode aprender com significado.

Esses conceitos prévios, por ele chamados de ‘subsunçores’, deverão receber novos

conteúdos pela mediação do professor, e a partir de então que o sujeito poderá modificar e dar

significado a esses conteúdos. A esse respeito Ausubel declara que “o fator mais importante

que influi na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Isto deve ser averiguado e o ensino

deve depender desses dados” (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN, 1983). Dessa forma, a

aprendizagem significativa se dá pela interação do novo conhecimento com o prévio (o

subsunçor), de modo que possibilite ao estudante, organizar seu conhecimento. Para que

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ocorra aprendizagem significativa, o conhecimento prévio precisa ser relevante ao aprendiz e

estar interligado ao novo conhecimento.

Uma estratégia proposta por Ausubel como facilitadora de aprendizagem significativa

é a utilização de organizadores prévios, sendo que estes são materiais introdutórios,

apresentados a um nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade que o conteúdo

do material instrucional a ser aprendido. Como funções dos organizadores prévios estes

devem 1) identificar o conteúdo relevante na estrutura cognitiva e explicar a relevância desse

conteúdo para a aprendizagem do novo material; 2) dar uma visão geral do material em um

nível mais alto de abstração, salientando as relações importantes; 3) prover elementos

organizacionais inclusivos que levem em consideração, mais eficientemente, e ponham em

melhor destaque o conteúdo específico do novo material (MOREIRA, 2008).

Por outro lado, os pseudo-organizadores prestam-se como materiais introdutórios

utilizados para facilitar a aprendizagem de vários tópicos enquanto organizadores prévios

verdadeiros destinam-se a facilitar a aprendizagem de conteúdos específicos ou ideias

estreitamente relacionadas.

O material utilizado pelo professor, seja uma imagem ou um filme, precisa despertar

no aluno seus conhecimentos prévios ou conceitos já aprendidos e que sofreram obliteração

(apagamento), pois é a partir das concepções dos alunos sobre determinado assunto, que o

professor poderá ter material cognitivo para manipular e ajudar os estudantes a construírem

novas aprendizagens que se aproximem do conhecimento científico pretendido pelo docente.

A utilização de filmes comerciais pode ser instrumento útil, como buscaremos exemplificar no

relato que se segue.

FILME COMO ESTRATÉGIA DE ORGANIZADOR PRÉVIO DE APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA

Por algum tempo a linguagem verbal tem sido considerada como canal central na

interação, ao passo que os canais não verbais têm sido considerados como subordinados a ela

(NORRIS, 2004). A afirmação supra citada é fato, uma vez que tanto em sala de aula quanto

fora, a nossa interação dá muita ênfase na linguagem verbal. No entanto, a linguagem verbal

consiste em apenas um dos vértices que a semiótica pode assumir. Pode até ser que em

determinado momento ela assuma para si a centralização da comunicação. Porém, sabe-se que

não é a única. O modo de comunicação e representação não verbal pode seguir ou não

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subordinado a linguagem verbal, ou até mesmo agirem de forma conjunta, sem que um se

sobressaia ao outro. O fato é que sempre optamos pelo modo costumeiro e mais fácil a nossa

acessibilidade. Vale lembrar que leva-se em conta que cada representação tem sobre si suas

limitações e diferentes potenciais , sendo necessário a busca de saídas diversas para que haja

de forma integral a construção do sentido que se queira mostrar, em determinado contexto.

Logo, podemos afirmar que a interação é multimodal, o que significa dizer que tanto

os canais visuais, verbais e corporais agem para compreender o processo de comunicação e

expressão e é exatamente por esse viés que os filmes comercias podem ser considerados

ferramentas de representação diferentes ao costumeiro, que trabalha pareado a uma

construção didática e teórica permitindo explorar pensamentos, emoções e ações que

desempenham importante papel na aprendizagem significativa (GOWIN e ALVAREZ, 2005).

Usado como ferramenta didática, os filmes podem ser úteis como facilitadores de

aprendizagem significativa do conteúdo escolar pretendido pelo docente no que toca à sua

potencial utilização como organizador prévio, como assinala Moreira (2008, p. 5):

“...organizador prévio não implica que o mesmo seja necessariamente um texto...pode ser um filme, uma discussão, uma frase, uma dramatização.”

Um dos grandes obstáculos para aprender significativamente um conteúdo é a

dificuldade dos alunos (e também do professor) em correlacionar o conteúdo escolar com o

que de fato vivenciam. Tal pode ocorrer devido à falta de relação entre conceitos abstratos e

conhecimentos práticos, ficando tais relações resumidas apenas em fotografias de livros

didáticos ou esquemas na lousa.

Nas atividades desenvolvidas pelo projeto do PIBID pudemos perceber que filmes,

seriados e documentários, são poderosos influenciadores da reflexão, na medida em que

trazem à tona curiosidades e questões que podem tornar a aprendizagem mais prazerosa. O

projeto PIBID, que foi intitulado como “Cinema na Escola” introduziu no cotidiano desses

alunos uma inovação metodológica possibilitadora de reflexão.

No intuito de utilizar de elementos fílmicos como instrumento pedagógico no processo

da aprendizagem significativa de alunos do ensino médio, fora realizado com caráter

exploratório a exposição do filme GATTACA – uma experiência genética. A escolha de tal

filme foi baseada nas intenções em se ensinar conceitos específicos da genética como por

exemplo: gametas, genótipo, fenótipo, e DNA.

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O filme GATTACA retrata uma sociedade futurística, na qual há um controle de

natalidade de seres humanos em busca de perfis “desejáveis”: melhoria da qualidade genética

humana. O foco do filme se dá em um casal que deseja ter um filho concebido de forma

natural, fugindo dos padrões da sociedade da época. Tal criança apresenta um genótipo que

não seria o esperado pelos pais. No entanto, fica posto em xeque o determinismo genético e o

papel da sociedade no momento em que o menino busca, a despeito de seus genes, concretizar

seu sonho: viajar ao espaço.

Em termos metodológicos, reservamos um momento para a exibição do filme,

explicitando aos estudantes as intenções em utilizar do filme como desencadeador dos

conteúdos que trabalharíamos posteriormente. Entregamos um roteiro que continha a sinopse

juntamente com um questionário investigativo que buscava saber o que os alunos entendem

por determinados conceitos da área de biologia com as seguintes questões: Para você, o que é

genética? Você acredita ser possível realizar esse processo de melhoramento genético em

humanos? Acreditamos que, com essas questões, conseguiríamos avaliar os conhecimentos

que os alunos possuíam sobre esse tema, quais suas concepções, seus equívocos e,

principalmente, suas dúvidas.

Em aula posterior, voltamos a enfatizar os conceitos principais (gene, genótipo,

fenótipo, alelo, gameta; cromossomo, cromátide, etc), pois na discussão após o filme

notamos que, quando se fala em novos conceitos, os alunos apresentam dúvidas.

Cognitivamente é como se houvesse na cabeça dos alunos um quebra-cabeças, no qual eles

buscam “encaixar” diferentes conceitos e compreendê-los dentro de uma rede conceitual. As

dúvidas eram diversas, tais como: O que difere o genótipo do fenótipo? O que são alelos?

Como atuam os genes? O que é o cromossomo? Essas dúvidas foram anotadas por nós em um

diário de bordo e a partir daí elaboramos nossas intervenções didáticas posteriores. O nosso

principal foco foi na diferenciação progressiva entre tais conceitos e, finalmente, em sua

reconciliação integrativa.

Com o passar das aulas, pudemos perceber um maior interesse dos alunos, pois

conforme íamos explicando os conceitos, os alunos começavam a relatar melhor o que

entendiam sobre o assunto além de expor suas dúvidas à medida que a aula transcorria e os

conceitos aprendidos iam se estabilizando.

Assim, consideramos que a abordagem de exibição do filme e sua posterior discussão,

no início de nossas intervenções pedagógicas, tenha funcionado como um organizador prévio

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na medida em que nos permitia identificar conteúdos relevantes na estrutura cognitiva dos

estudantes para a aprendizagem do novo material. Além disso, desencadeou uma série de

relações entre conceitos em um nível mais geral, sendo que íamos organizando novos

conceitos (por exemplo: cromátides, alelos) àqueles primeiramente abordados (por exemplo:

DNA, genes).

Para o fechamento das atividades envolvendo a Genética, optamos por uma dinâmica

de grupo a qual intitulamos "DNA / Herança Genética". Nessa atividade cada aluno recebeu

uma folha sulfite A4 a qual deveria ser dobrada ao meio duas vezes, para que se formasse

quatro retângulos na folha. Cada retângulo foi designado como quadrantes A, B, C e D. No

quadrante A os alunos foram instruídos à desenhar livremente os aspectos que mais lhe

chamavam a atenção em seus avós maternos (de preferência que fosse um desenho bastante

colorido). Ao lado de cada desenho estabeleceu-se que eles deveriam anotar, na opinião deles,

uma qualidade e um defeito. No quadrante B receberam as mesmas instruções, porém que

fosse esquematizado os avós paternos. No C deveriam desenhar seus pais, seguindo as

mesmas instruções e, por último, no quadrante D pedimos aos alunos que desenhassem a si

mesmo, uma espécie de auto-retrato, anotando suas características mais marcantes, que ele

acreditava ter herdado dos membros desenhados anteriormente (avós paternos e maternos e

pais).

Ao final da elaboração dos desenhos, eles fizeram a apresentação oral expondo as

características de todos os membros da família desenhados. O auto retrato também foi

comentado. Com essa dinâmica, pudemos discutir conceitos relacionados à herança genética

tais como expressão gênica e recessividade, sendo possível compreender porque haviam

características de parentes mais distantes (avós) que não apareciam nos pais mas que eram

encontradas nos netos, ressaltando que os genes não fazem “salto de gerações”, mas que

podem não se expressar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para nossa formação como professores foi bastante significativo a relação entre o

componente pedagógico teórico com o metodológico, pois este último só poderia ser

compreendido se lido com as “lentes teóricas” que estávamos usando.

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Trazendo à memória o primeiro momento em que passamos o filme, percebemos que

os alunos estavam bastante apreensivos com relação à utilização desse recurso para introduzir

conteúdos relacionados à genética. Nós mesmos estávamos apreensivos pois também não era

uma prática corriqueira quando estávamos nos bancos escolares. Com o desenvolver das

atividades fomos percebendo a importância em ter clareza do que queríamos trabalhar na

escola e o importante papel que o filme e sua discussão poderiam desempenhar como um

organizador prévio dos conceitos que iríamos abordar.

Concluímos que a utilização de filmes pode ser usada para abordar diversos assuntos,

bem como servir para a investigação docente, neste caso por meio de nossas perguntas e das

dúvidas levantadas pelos estudantes. A arte cinematográfica pode ser considerada como um

grande facilitador na prática docente na medida em que auxiliar na ancoragem de novos

conceitos àqueles relevantes, enriquecendo-os e/ou modificando-os.

A ação com o filme deve ser muito bem planejada, pois o filme sozinho não dá conta

de ensinar ao aluno tudo o que ele precisa saber. O professor é primordial nesse processo pois

é ele que, de forma deliberada, deve direcionar o andamento da aula.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Society. Lamanauskas, V. (Ed.). Siauliai: Scientia Educologica, 2007.

AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D.; HANESIAN, H. Psicología educativa: um punto de vista

cognoscitivo. México: Editorial Trillas, 1983.

GOWIN, D. B.; ALVAREZ, M. C. The art of educating with V Diagrams. Cambridge:

University Press, 2005.

MAESTRELI, S. R. P.; FERRARI, N. O óleo de Lorenzo: o uso do cinema para

contextualizar o ensino de Genética e discutir a construção do conhecimento científico.

Genética na Escola, v.3, p.35-39, 2006.

MOREIRA, M. A. Organizadores prévios e aprendizagem significativa. Revista Chilena de

Educación Científica, Vol. 7, n. 2, p. 23-30, 2008.

NORRIS, S. Analysing Multimodal Interaction. London, UK: Routledge, 2004.

OLIVEIRA, B. J. História da Ciência no cinema. Belo Horizonte: Argumentum, 2005.

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dead, and combining flies and humans. Public Understanding of Science, vol.12, p. 289-

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SERRA, G.; ARROIO, A. O meio ambiente apresentado em filmes de ficção e

documentários. Enseñanza de las Ciencias, Número Extra VIII, Congreso Internacional

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