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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
A UTILIZAÇÃO DO LASER COMO ESTÍMULO
ACUPUNTURAL E SUAS COMPARAÇÕES
COM O AGULHAMENTO CLÁSSICO
LUISE LAGO
FLORIANÓPOLIS, AGOSTO DE 2010
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A UTILIZAÇÃO DO LASER COMO ESTÍMULO
ACUPUNTURAL E SUAS COMPARAÇÕES
COM O AGULHAMENTO CLÁSSICO
Monografia apresentada ao Centro
Integrado de Estudos e Pesquisas
do Homem como requisito parcial
para obtenção do grau de
Especialista em Acupuntura
Florianópolis, agosto de 2010
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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
A UTILIZAÇÃO DO LASER COMO ESTÍMULO
ACUPUNTURAL E SUAS COMPARAÇÕES
COM O AGULHAMENTO CLÁSSICO
Elaborada por
LUISE LAGO
COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________
Prof. Marcelo Fabián Oliva, Esp.
Orientador/ Presidente de Banca
_____________________________________
Profa.Luisa Regina Pericolo Erwig, MSC
Membro de Banca
_____________________________________
Prof. Cleto Emiliano Pinho, Esp.
Membro de Banca
Florianópolis, agosto de 2010
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SUMÁRIO
Resumo ............................................................................................................................. 4
1. Introdução ..................................................................................................................... 5
2. Objetivos ...................................................................................................................... 6
3. Acupuntura ................................................................................................................... 7
3.1 Lei da relatividade Yin-Yang ................................................................................. 9
3.2 Sistema Zang-Fu, canais e colaterais .................................................................... 10
3.3 Cinco Movimentos ................................................................................................ 11
3.4 Pontos de Acupuntura ........................................................................................... 12
4. Laser ........................................................................................................................... 13
4.1 História .................................................................................................................. 13
4.2 Princípio de funcionamento do laser ................................................................... 13
4.3 Propriedades da luz laser ...................................................................................... 14
4.4 Tipos de laser ........................................................................................................ 15
4.5 Efeitos da luz laser nos tecidos humanos .............................................................. 16
4.5.1 Pele ................................................................................................................ 16
4.5.2 Interação da luz com a pele ............................................................................ 17
4.6 O estímulo do laser nos pontos de acupuntura...................................................... 20
5. Agulhas versus laser .................................................................................................. 23
6. Conclusão ................................................................................................................... 26
7. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 27
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Resumo
Título: Acupuntura e Laser
Autora: LAGO, Luise.
Orientador: Marcelo Fabián Oliva
Nos últimos anos tem aumentado o uso do laser na acupuntura. A técnica combina os
conceitos da Medicina Tradicional Chinesa com tecnologia moderna do laser. O
presente estudo tem como objetivo mostrar, sob forma de revisão bibliográfica, a
atuação do laser sob a pele humana, a atuação do mesmo sobre os pontos de acupuntura,
bem como fazer um comparativo entre acupuntura usando o laser e agulhas de metal. Os
estudos confirmam que a acupuntura laser pode ser comparada com a acupuntura
tradicional, do ponto de vista clínico. O laser, porém, tem duplo efeito, pois além de
estimular os pontos de acupuntura de forma semelhante às agulhas, ele também estimula
o tecido ao redor promovendo efeito antiinflamatório. O uso do laser tem se tornando
mais popular por ser um método indolor, podendo ser utilizado em crianças, pessoas
com medo de agulhas e pessoas com problemas de coagulação sanguínea.
Palavras chave: Acupuntura, Laser, Medicina Tradicional Chinesa.
CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM – CIEPH
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
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1. Introdução
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) se fundamenta numa estrutura teórica
sistemática e abrangente. Tem como princípios básicos o estudo da relação do Yin e
Yang, da teoria dos cinco elementos e do sistema de circulação da energia pelos
meridianos do corpo humano. A acupuntura é uma das técnicas utilizadas pela MTC,
onde são inseridas finas agulhas em pontos do corpo para promover o equilíbrio
energético do ser humano.
Litscher (2006) aponta que o laser vem sendo usado na medicina ocidental desde
1970 e os primeiros estudos sobre o uso do laser na acupuntura foram feitos por
Friederich Plog entre 1973 e 1974. Segundo Schikora (2008) o primeiro dispositivo
portátil de laser para acupuntura chegou ao mercado em 1998, sendo criado pelo
Biophotonic Research Group da Universidade de Paderborn – Alemanha.
Nos últimos anos tem aumentado o uso do laser na acupuntura. A técnica combina
os conceitos da Medicina Tradicional Chinesa com tecnologia moderna. Segundo
Litscher (2008), acupuntura usando laser é definida como uma estimulação óptica dos
tradicionais pontos de acupuntura com irradiação não-termal do laser. Este método não
invasivo é mais aceitável entre crianças, pacientes com medo de agulha, pessoas com
baixa imunidade ou com problemas de coagulação do sangue, por exemplo,
hemofílicos.
Em 2001, o grupo Biophotonic Research criou e colocou no mercado as chamadas
agulhas-laser ou agulhas de luz. São dispositivos que levem a luz do laser por meio de
fibras ópticas aos pontos de acupuntura, podendo estimular diversos pontos ao mesmo
tempo através do laser, podendo assim aproximar-se da técnica usada com as agulhas.
Atualmente a acupuntura-laser é utilizada em diversos países, incluindo o Brasil,
com sucesso e se tornando cada vez mais popular.
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2. Objetivos
Descrever a atuação do laser na pele.
Mostrar os mecanismos de estimulação dos pontos de acupuntura através do
laser.
Comparação entre o estimulo dos pontos de acupuntura através do laser e da
agulha.
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3. Acupuntura
A acupuntura, no ocidente, significa apenas a punção da agulha, visto que acus=
agulha e puntura = punção. Porém, para o oriental, o termo acupuntura engloba uma
série de leis e princípios que entendem o homem como um ser energético, sujeito ao
fluxo de energia que vem do céu e da terra, sendo então suscetível às variações destes.
A acupuntura é uma ciência médica e possui sua própria fisiologia, anatomia,
etiopatogenia, diagnóstico e tratamento. Cada paciente deve ser visto como único,
partindo do principio cada pessoa possui um potencial energético e que existem muitos
fatores que podem causar um desequilíbrio no corpo humano.
A teoria oriental aponta que a matéria é um estado de condensação de energia,
que chamamos de T´Chi ou Qi, e essa energia é a origem de tudo. O primeiro princípio
parte do TAO, que segundo Lao Tsé “parece a origem de todas as coisas”. É a partir do
Tao que surge o T´Chi, que é a origem de tudo e os orientais o consideram como
principal objeto de estudo, independente de suas múltiplas formas e representações.
Perez (2006) coloca que o T´Chi é um impulso motor que se manifesta em
diversos estados e formas de comportamento, conservando em todo momento sua
característica essencial: ser um, embora diversas vezes esteja em função do Yin e do
Yang, seus dois componentes básicos.
Para o taoísmo, os conceitos clássicos de dualidade de bem e mal, corpo e alma,
espírito e matéria, homem e mulher não são mais que manifestações complementares do
primeiro princípio, o T´Chi, cuja alternância não existiria sem a vibração ou movimento
e, portanto, a própria vida.
Em épocas remotas, os chineses sustentavam que a energia pode mover e
transformar a forma física e que o T´Chi ou energia é conseqüência do TAO, origem de
todas as coisas.
O princípio fundamental da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é que a
energia é uma fonte integradora e reguladora da forma físico-química. Então, podemos
deduzir que as enfermidades que resultam em mudanças na estrutura orgânica, já
passaram por uma fase de desordem energética, acompanhadas de uma sintomatologia
muito variada, podendo se apresentar de forma sutil algumas vezes, mas também
claramente manifesta em outras.
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A MTC compreende o homem como um ser que está exposto às influências
climáticas e telúricas. “O homem responde ao céu e a terra. O homem é um microcosmo
dentre de um macrocosmo. O homem é um ser bipolar alternante, sujeito de forma
determinante às influencias das forças antagônicas e complementares” (PEREZ, 2006).
Essas forças são as do cosmo (Yang) e da terra (Yin). De acordo com Perez
(2006) o homem é um transformador de energia que, diferente dos outros seres vivos,
pode produzir e responder a manifestações específicas que formam os planos psíquicos
ou nível Shen, de acordo com as teorias energéticas chinesas.
A Medicina Tradicional Chinesa é um método terapêutico que tem como base
um enfoque biológico diferente do enfoque ocidental, visto que parte do princípio que
existe uma substância imaterial, invisível a nossos olhos, que chamamos de energia.
Esta energia é primariamente responsável por qualquer mudança biológica. Este é o
conceito vitalista, que não é exclusivo da MTC. Contra esta corrente, surgiu a medicina
mecanicista, que acredita que o ser humano é uma máquina.
A corrente vitalista parte do principio que o T´Chi é verdade inquestionável e
também que as enfermidades tem origem interna e que os fatores externos só podem
causar uma doença se houver uma predisposição.
Perez (2006) coloca alguns axiomas da acupuntura, tais como:
a) não há enfermidades, há enfermos. Por isto o tratamento deve ser
individualizado;
b) a enfermidade, uma vez instalada, percorre um processo evolutivo que, por
seguir leis preestabelecidas, pode ser previsto;
c) a acupuntura se baseia na existência da energia como fonte integradora e
reguladora de toda forma físico-química. O T´Chi tem diversas formas de manifestação,
podendo mover astros, modificar o tempo, fazer circular o sangue, dar o calor e frio,
etc.;
d) a enfermidade não tem nome, é um estado de desequilíbrio energético;
e) o desequilíbrio energético cursa uma sintomatologia perfeitamente definida de
cujo conhecimento dependerá, em grande parte, do êxito do tratamento e da profilaxia;
f) o homem é um ser bipolar alternante, e como toda manifestação no Universo,
esta alternância de positivo para negativo (de Yang para Yin, ou vice-versa), de uma
maneira harmônica permite a vibração, o movimento, a mutação permanente e contínua,
a vida.
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3.1 Lei da relatividade Yin-Yang
Como já foi citado, a energia única, o T´Chi, dá origem a uma manifestação
existencial que se transforma em forças opostas, porém complementares, que são
chamadas de Yin e Yang.
Pode-se definir Yin como um estado de inércia, de energia potencial em
repouso. Por outro lado, define-se Yang como estado de movimento, de expansão, uma
força que dá forma a matéria. Su Wen (in PEREZ, 2006) coloca:
El Yin-Yang es La ley Del Universo, la regla general de todos los seres, el
origen de la transformación, la causa de la vida y de la muerte, la “residência
de la providencia”. Para curar lãs enfermidades hay que saber lãs causas Yin-
Yang. (SU WEN, in PEREZ, 2006)
Cada ser e cada objeto possui um dos aspectos, ou Yin ou Yang, porém em cada
um dos aspectos está presente um pouco do outro, ou seja, não existe Yin ou Yang
absoluto. Em todo Yin há um pouco de Yang e em todo Yang há Yin.
Pode-se observar isto no próprio símbolo do Yin-Yang:
Figura 1: Yin-Yang
Segundo Perez (2006), Yin e Yang não são critérios de oposição absoluta, mas
sim de oposição relativa. Não representam um ser ou uma coisa de forma estável, mas
que evoluem de acordo com a transformação dos seres ou das coisas. Não representam
pares de coisas opostas, mas os opostos dentro de uma mesma coisa ou ser. O Yin
conserva o Yang, porém o Yang age sobre o Yin.
A oposição entre Yin e do Yang não implica na idéia de confronto, mas sim de
transformação. Por exemplo, quando o Yang se expande e se torna forte, a energia Yin
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diminui e se torna fraca e vice-versa. Quando a energia Yang é excessiva, ela se torna
Yin e quando a energia Yin é muito forte, acaba se tornando Yang.
Todas as coisas e todos os seres possuem a evolução Yin-Yang, porém esta
evolução deve ser equilibrada e harmoniosa. É necessário para o corpo humano manter
este equilíbrio, não que é absoluto e estável, mas um equilíbrio de oposição e
conservação (PEREZ, 2006).
Na Medicina Tradicional Chinesa a noção de Yin-Yang é fundamental, pois
através dela pode-se realizar um diagnostico e montar um tratamento, visto que o
desequilíbrio do Yin-Yang é a causa das enfermidades.
3.2 Sistema Zang-Fu, canais e colaterais
A teoria do Yin-Yang está presente em todos os aspectos da teoria da MTC.
Através desta teoria é possível explicar a fisiologia, patologia, tecidos e estruturas do
corpo humano, com o intuito de obter um diagnóstico clínico e elaborar um tratamento.
Como já foi citado, o homem é considerado um transformador de energia e a
transformação e circulação de energia é feita pelos órgãos e vísceras (sistema Zang-Fu),
como também pelos canais e colaterais. Os órgãos e vísceras, para a MTC, são vistos
como unidades energéticas que exercem diversas tarefas na transformação de energia.
As vísceras, também chamadas de Fu, são responsáveis pela formação de
energia, que vai ser enviada ao órgão acoplado, a partir de aporte externo de energia.
São responsáveis pela manutenção do equilíbrio com o meio, bem como pela proteção
do órgão acoplado. As vísceras são consideradas Yang por serem mais ativas que os
órgãos. São elas: Vesícula Biliar (Dan), Intestino Delgado (Xiao Chang), Triplo
Aquecedor (Sanjiao), Estômago (Wei), Intestino Grosso (Da Chang) e Bexiga (Pang
Guang).
Os órgãos, chamados também de Zang ou órgãos tesouro, tem característica Yin.
A energia fabricada pelas vísceras é recepcionada, administrada e metabolizada pelos
órgãos. São eles: Fígado (Gan), Coração (Xin), Mestre do Coração (Xin Bao) – também
denominado Pericárdio ou Circulação-Sexo, Baço-Pâncreas (Pi), Pulmão (Fei) e Rim
(Shén) (PEREZ, 2006).
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Cada órgão e víscera possuem um trajeto energético ao longo do corpo que é
chamado de Meridiano. Segundo Perez (2006), não é possível o movimento sem a união
do Yin e do Yang e em virtude disto, cada órgão se complementa com uma víscera. O
Fígado se complementa com a Vesícula Biliar, o Coração com o Intestino Delgado, o
Mestre do Coração com o Triplo Aquecedor, o Baço-pâncreas com o Estômago, o
Pulmão com Intestino Grosso e o Rim com a Bexiga.
3.3 Cinco Movimentos
Junto com a teoria do Yin e do Yang, a teoria dos cinco elementos (ou cinco
movimentos) é um dos dois pilares da Medicina Tradicional Chinesa.
Os cinco elementos são: madeira, fogo, terra, metal e água. De acordo com Perez
(2006) são símbolos da natureza, que representam o equilíbrio dinâmico e a inter-
relação entre os órgãos, as vísceras, as cores, os sabores, os sentimentos, etc.
Os cinco elementos, assim como Yin e Yang, não existem isoladamente. Eles
estão ligados em dois ciclos principais, chamados de ciclos de geração e de controle e
esses dois ciclos devem co-existir harmonicamente.
Podemos ver esses ciclos na figura abaixo:
Figura 2: segundo a MTC os cinco elementos interagem entre si nos ciclos de geração e controle
para promover o equilíbrio.
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3.4 Pontos de Acupuntura
A maioria dos pontos de acupuntura estão localizados ao longo do dos
meridianos. Segundo Langevin e Yandow (2002), diversas estruturas, como feixes
neurovasculares e terminações nervosas foram observadas nos pontos de acupuntura. Os
autores realizaram um estudo que comprova também que há relação entre os pontos e
meridianos de acupuntura com o tecido conjuntivo. Ou seja, existe uma concentração
maior de tecido conjuntivo na localização dos pontos de acupuntura.
Langebin e Yandow (2002) propõem que a manipulação das agulhas de
acupuntura produz mudanças celulares que se propagam ao longo do tecido conjuntivo.
Essas mudanças ocorrem independente do local onde a agulha foi inserida, porém nos
pontos de acupuntura essas mudanças celulares acontecem com maior intensidade.
Segundo Medeiros e Saad (2009), que realizaram um estudo histológico dos
pontos de acupuntura, mostraram que ali existe uma concentração fibrilar neural, uma
rede capilar bem desenvolvida e uma concentração aumentada de mucopolissacarídeos.
Isto mostra que existe uma diferença na estrutura dos pontos de acupuntura em relação
às outras partes do corpo.
Observa-se também que, nos pontos de acupuntura, quando estimulados com
agulha, há liberação de opióides e outros peptídeos no sistema nervoso central e
periférico, bem como mudanças na função neuroendócrina.
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4. Laser
O laser é um aparelho que produz um feixe de luz com algumas propriedades
muito diferentes da luz do Sol ou de qualquer tipo de lâmpada que conhecemos. O uso
desse novo tipo de luz possibilitou um grande avanço na ciência, na tecnologia e na
medicina nas últimas décadas.
4.1 História
Em 1905, Einstein já havia descrito os processos físicos básicos que
possibilitam o funcionamento dos lasers. No entanto, a tecnologia necessária para a
construção dos primeiros lasers só ficou disponível após a segunda guerra mundial,
quando a tecnologia de radares havia amadurecido e já se dominava melhor a tecnologia
de produção de componentes ópticos de qualidade (BERTOLOTTI, 1983).
No ano de 1960 nasce oficialmente o Laser, com a primeira operação do Laser
de Rubi por Maimann e colaboradores. Srgundo Bertolotti (1983), este laser consistia
em um cristal de rubi em forma de uma barra do tamanho de um giz, excitada por meio
de uma potente lâmpada de flash. Este laser emitia um fino feixe de luz vermelha com
uma duração muito curta - uns poucos milionésimos de segundo. Nos anos seguintes há
uma sucessão de novos lasers e já se começa a utilizar os mesmos em aplicações
industriais, além das inúmeras aplicações científicas. Foram encontradas várias
aplicações da luz laser em campos variados como na medicina, na biologia, metrologia,
comunicações, energia, etc.
4.2 Princípio de funcionamento do laser
De acordo com Steen (2003), o sistema laser é um aparelho conversor de
energia, que produz energia eletromagnética em forma de luz, visível ou não, a partir de
outro tipo de energia, normalmente a energia elétrica. Dessa forma, a energia elétrica é
usada para excitar os átomos ou moléculas do meio ativo do laser, produzindo a luz
laser. Dependendo do material utilizado como meio ativo do laser, a luz produzida
possui uma cor bem característica e geralmente pura.
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4.3 Propriedades da luz laser
Como a acupuntura a laser utiliza luz gerada por um aparelho laser, é
importante ressaltar algumas propriedades desse tipo de luz, que são diferentes das
propriedades da luz produzida pelas lâmpadas convencionais.
A luz laser possui algumas propriedades bem distintas da luz produzida por
outros meios, como as lâmpadas, devido à maneira como ela é gerada. As principais
diferenças entre a luz laser e a luz gerada por outros tipos de fontes são a sua
direcionalidade, a monocromaticidade e a coerência.
Steen (2003) mostra que uma das particularidades mais importantes da luz
laser para aplicações na medicina e para o processamento de materiais, consiste na
direcionalidade. Quando se observa a luz produzida por um laser, vemos que esta luz é
em forma de um feixe com diâmetro de poucos milímetros, que se propaga em linha reta
e permanece colimado mesmo se propagando a grandes distâncias. A luz de uma
lanterna se abre muito mais rapidamente do que a luz de um laser e fica mais fraca a
medida que se propaga.
Figura 3: O feixe do laser permanece concentrado à medida que se propaga. O feixe de luz de uma
lanterna sempre vai abrindo com a distância e fica cada vez mais fraco.
Considerando que a intensidade de luz é uma medida da energia total dividida
pela área iluminada, vemos que se usamos uma lente para focalizar o feixe do laser, a
intensidade aumentará muito, pois o diâmetro do feixe no foco é muito menor do que o
Feixe do laser - colimado
Luz de uma lanterna – não colimado
Diferença do feixe do laser e de uma lanterna quanto à colimação
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diâmetro do feixe ao sair do laser. Muitas aplicações biológicas são feitas com o laser
focalizado em um pequeno ponto para aumentar a sua intensidade.
De acordo com Hecht (1992) podemos classificar as fontes de luz em
monocromáticas ou policromáticas. As fontes de luz mais comuns são as lâmpadas
incandescentes que são fontes de luz policromáticas e emitem luz branca, que á a
combinação de todas as cores do espectro. Além de luz com cores visíveis as lâmpadas
comuns também emitem luz no infravermelho, que não conseguimos enxergar, mas que
sentimos em forma de calor.
A luz produzida por um laser é monocromática, ou seja, possui somente uma
cor pura. A cor que é produzida pelos lasers depende exclusivamente do tipo de material
utilizado como meio. Assim, cada tipo de laser produz luz com apenas uma única cor
(HECHT, 1992).
O mesmo autor explica a coerência como uma organização da luz no tempo e
no espaço. Existem diversos trabalhos (NICOLA, 1994) que mostram que a coerência
da luz tem um papel muito importante na interação laser-sistema biológico. Por
exemplo, feridas podem ser curadas muito mais rapidamente quando iluminadas com
uma luz coerente de um laser do que com uma lanterna com luz de mesma cor e
intensidade.
4.4 Tipos de laser
Desde a invenção do laser de rubi, em 1960, centenas de novos tipos de laser
vem surgindo anualmente. Uma possível classificação dos diferentes tipos de lasers é
quanto ao estado físico do meio ativo utilizado. Segundo Siegman (1986) podemos
classificar os lasers como:
Lasers sólidos: o meio ativo do laser é um cristal ou vidro
óptico geralmente em forma cilíndrica do tamanho aproximado de uma
barra de giz. Este cristal é geralmente dopado com impurezas que
apresentam uma forte fluorescência quando excitados por meio de uma
lâmpada de flash. Nesta categoria de lasers, se encontram os lasers de
Nd:YAG e o laser de Rubi.
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Lasers líquidos ou de corante orgânico: são lasers que
utilizam moléculas orgânicas muito grandes dissolvidas em álcool ou
água, e excitadas por meio de luz proveniente de outro laser ou lâmpada
de flash. A principal aplicação deste tipo de laser está na área científica,
devido as suas características de sintonizabilidade (variar
continuamente a cor), e em processos de medidas de elementos por
meio de espectroscopia.
Lasers a gás: como diz o próprio nome, possuem
geralmente uma mistura de gases como meio ativo. Podem ser
excitados por meio de uma descarga elétrica interna, ou por ondas
eletromagnéticas tipo microondas ou radiofreqüência. Exemplos típicos
são os lasers de HeNe, CO2 (gás carbônico), Argônio e lasers de
Nitrogênio.
Lasers de semicondutores: são os menores lasers
atualmente no mercado e estão substituindo os de HeNe em muitas
aplicações. Este tipo de laser é o mais vendido atualmente, pois equipa
todos os toca discos lasers (CDs) e é utilizado nas impressoras a laser.
As suas principais características são o seu baixo custo, alta resistência
mecânica, simplicidade de operação e suas dimensões reduzidas (0.1
mm) o que os torna facilmente integráveis a sistemas ópticos de
medida. Esses são os lasers mais utilizados na acupuntura a laser.
4.5 Efeitos da luz laser nos tecidos humanos
4.5.1 Pele
A pele é o maior órgão do corpo humano e é formada por duas camadas
distintas: a epiderme (camada mais externa) e a derme (camada mais interna). Abaixo
da derme fica a camada subcutânea, composta por proteínas e tecido adiposo. Células
presentes na epiderme produzem queratina e melanina, que é a substância que mais
absorve luz na pele (GORJAN, 2008). A maioria das pessoas tem a mesma quantidade
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de células que produzem melanina, porém a quantidade de melanina produzida por estas
células varia de pessoa para pessoa.
Gorjan (2008) coloca que a 75% da derme é formada por elastina e colágeno,
que dão força e elasticidade para a pele. Na derme ainda estão presentes diversas
estruturas como, pequenos vasos sangüíneos responsáveis pela regulação térmica do
corpo, glândulas, receptores para vários estímulos e folículos capilares. É importante
ressaltar que devido à quantidade de sangue presente nesta camada, tem-se outro
importante pigmento, a hemoglobina, que também absorve luz.
Figura 4: A pele é formada por camadas, como a derme e epiderme.
4.5.2 Interação da luz com a pele
De acordo com Gorjan (2008) quando se aplica radiação laser ou outro tipo de
luz em um material, esse material interage com a luz de três formas. Ele pode refletir a
luz, como um espelho, deixar a luz passar, ou absorver uma parte da energia dessa luz.
A absorção de energia por um material qualquer (como um tecido humano)
resulta em um efeito térmico (o material vai aquecer), ou em efeito químico, que utiliza
a energia da luz para promover uma reação química nas suas moléculas. Esses dois
efeitos estão presentes quando uma luz ou um laser ilumina a nossa pele.
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Utilizando uma luz de baixa intensidade, podemos apenas sentir um calor na
pele ou ficarmos bronzeados devido ao aumento da melanina na nossa pele, induzida
pela luz. Cada cor da luz induz um o outro efeito com maior eficiência. A luz
ultravioleta tem efeitos mais químicos, provocando o bronzeamento ou mesmo o
surgimento de queimaduras, enquanto a luz vermelha apenas nos dará a sensação de
calor.
As características de monocromaticidade (uma única cor) da luz laser permitem
o seu uso para estimular apenas um tipo de efeito na pele humana. A direcionalidade
permite aplicar o laser em apenas um ponto específico da pele, limitando o tratamento a
uma área muito pequena ou a estimulação de um ponto específico de acupuntura. A
propriedade de coerência da luz auxilia a amplificar os efeitos térmicos e químicos da
luz no interior da pele.
O feixe de luz do laser é colimado, ou seja, mantém o seu diâmetro praticamente
constante ao se propagar. Entretanto, ao entrar na pele ele é absorvido, diminuindo sua
intensidade à medida que penetra e além disso, ele se reflete nas estruturas internas da
pele. O resultado dessas reflexões em estruturas tão pequenas é uma difusão da luz para
os lados aumentando o diâmetro do feixe e diminuindo a intensidade. Assim, o feixe do
laser não penetra na pele como uma agulha de acupuntura, mas irradia uma área maior
do que o diâmetro do feixe que está incidindo na superfície da pele (GORJAN, 2008).
Na figura abaixo, pode-se ver um esquema que mostra como a luz penetra na pele.
Figura 5 - A luz do laser diminui sua intensidade ao penetrar na pele, devido à absorção e difusão.
Feixe do
laser
epiderme
derme
Luz do laser penetrando,
sendo absorvida e se
difundindo na pele
Profundidade
de penetração
do laser
19
Segundo Barun (et al. 2007) a profundidade que a luz penetra depende do
comprimento de onda (cor) do laser utilizado. Na figura abaixo pode-se ver o
coeficiente de absorção da luz em função do comprimento de onda, para alguns dos
componentes da pele humana. Para encontrar a profundidade que a luz consegue
penetrar basta calcular o inverso do coeficiente de absorção.
Figura 6: Coeficiente de absorção para os principais componentes da pele. A linha azul representa a
água, a vermelha hemoglobina e a marrom a melanina.
Medidas experimentais de penetração do laser na pele revelam que a luz dos
lasers utilizados em acupuntura (diodo) chegam a penetrar até 7mm. Lasers visíveis,
como o laser vermelho, penetram cerca de 4mm. No gráfico abaixo está mostrada a
curva de penetração efetiva do laser em função do comprimento de onda (cor) da luz.
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Figura 7: Profundidade de penetração da luz na pele humana sadia, em função do compriemnto de onda.
Fonte: BARUN, V. A. et al. Absorption spectra and light penetration depth of normal and pathologically
altered human skin. Journal of Applied Spectroscopy, Vol. 74, No. 3, 430-437, 2007.
Na figura pode-se observar que o laser de diodo operando na cor vermelha
(800 nm) penetra cerca de 2mm na pele. O laser de ruby ou diodo de 700nm, penetra
3mm na pele, portanto a luz desses lasers só vai ter efeito até essas profundidades.
4.6 O estímulo do laser nos pontos de acupuntura
De acordo com Schikora (2008), sabe-se que a inserção de uma agulha de
metal em um ponto de acupuntura leva a uma liberação de diversos tipos de substâncias
no tecido onde se encontra o ponto. A liberação destas substâncias nos nociceptores
periféricos parecem se tornar despolarizados. Em consequência disto, acontecem
descargas rítmicas nos nociceptores e uma cascata de estímulos elétricos são gerados e
transmitidos pelas fibras nervosas até o cérebro.
O autor aponta que se pode obter o mesmo efeito produzido pelas agulhas com
técnicas não invasivas e não dolorosas, como o laser. O laser consegue induzir
descargas rítmicas nos nociceptores por uma via indireta. Schikora (2008) realizou um
experimento usando um laser vermelho em células do tecido conjuntivo, mostrando que
elas liberam histamina. A variação da concentração de histamina perto dos nociceptores
causa então as descargas rítmicas necessárias para a estimulação do ponto de
acupuntura. A figura abaixo mostra o efeito do laser sobre um a célula do tecido
21
conjuntivo, produzindo histamina ao ser iluminada. Este é o mecanismo básico da
acupuntura usando o laser, mostrando a importância do tecido conjuntivo nesta técnica.
Figura 8: Degranulação de uma célula humana do tecido conjuntivo irradiada por 60 segundos pelo laser
de luz vermelha. a – antes da radiação, b- depois de 10 minutos e c- depois de 25 minutos.
(SCHIKORIA, 2008, figura 1)
Como a estimulação é indireta, a luz não influencia diretamente nos
nociceptores, mas provavelmente influencia indiretamente na alteração da concentração
da histamina no tecido conjuntivo. Schikora (2008) concluiu que a liberação de
histamina nas células do tecido conjuntivo acontece somente quando certo valor de
radiância da radiação laser (energia de laser por unidade de área) é alcançado. Ou seja, é
necessária uma radiância de 20 W/cm2 para que o laser usado na acupuntura tenha o
efeito equivalente produzido pelas agulhas, provocando a degranulação das células.
Isto mostra que a praticamente não há diferença entre a estimulação dos pontos
de acupuntura através das agulhas e da luz laser. Ambas técnicas produzem a mesma
descarga rítmica e ativam nociceptores periféricos. A diferença consiste então na forma
como esta reação química é induzida.
Como já foi citado anteriormente, é necessário uma radiância de 20 W/cm2 para
que ocorra a degranulação das células dos tecidos conjuntivos. Para que aconteça, o
laser necessita ter ao menos 35-40 mW de potência concentrada em um ponto de 0,2mm
de diâmetro para que seja liberada histamina nas células. Quando esta potência não é
suficiente, os efeitos de acupuntura não são alcançados (SCHIKORA, 2008).
Outro fato que deve ser levado em conta na acupuntura laser é o comprimento
de onda do laser utilizado. Já foi visto que de acordo cada tipo laser com um
comprimento de onda diferente alcança uma certa profundidade na pele dos seres
humanos. Sabe-se também que os pontos de acupuntura estão localizados em
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profundidades diferentes. Whittaker (2004) coloca que estudos recentes levam isto em
consideração, por exemplo, Naester (in WHITTAKER, 2004) utiliza o laser com
comprimento de onde de 780nm com potencia de 20mW por 20 segundos em pontos
superficiais e por 40 segundos em pontos mais profundos.
Whittaker (2004), porém considera mais efetivo utilizar comprimentos de onda
diferentes de acordo com a profundidade dos pontos, como foi realizado no estudo de
Naester (in WHITTAKER, 2004), onde foi utilizado laser com comprimento de onda de
632.8nm (vermelo) para tratar pontos superficiais e de 904nm (infravermelho próximo)
para pontos mais profundos.
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5. Agulhas versus laser
Existem algumas diferenças entre laser e agulhas na acupuntura. Uma
desvantagem do laser é que a maioria dos protocolos de tratamento contam com a
estimulação simultânea de vários pontos e, considerando que no Brasil os lasers
disponíveis no mercado possibilitam somente a estimulação de no máximo dois pontos
por vez, o tratamento utilizando laser fica muito mais longo do que o mesmo tratamento
feito com agulhas de metal. Na Europa já existem aparelhos chamados de laserneedle,
que possibilitam o estimulo de diversos pontos ao mesmo tempo, como se pode ver na
figura abaixo (LITSCHER, 2008).
Figura 9: Laserneedles (3B Scientific, Hamburg, Germany)
A segurança dos dois métodos também é um ponto a ser considerado.
Whittaker (2004) coloca que apesar de poucas, há incidência de reações adversas
provocadas pelas agulhas de metal, como por exemplo, pneumotórax e transmissão de
hepatite. Isto, aliado ao fato de muitas pessoas terem aversão a agulhas, torna a
acupuntura a laser uma opção mais segura e sem dor.
Ainda em relação à segurança, Vargas (2005) aponta que os lasers de baixa
intensidade são seguros, contudo existe risco mínimo de dano aos olho se houver uma
exposição prolongada, por isso, óculos protetores devem ser usados pelo acupunturista e
pelo paciente. Porém, o autor relata que em 30 anos de pesquisa e aplicações clínicas,
nunca foi relatado um caso de dano aos olhos.
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A eficácia dos dois métodos é outra comparação que deve ser feita. Existem
diversos estudos que mostram a eficácia da acupuntura laser. Litscher (2004) realizou
um estudo que mostra, através de ultra-sonografia Doppler e ressonância magnética, o
aumento do fluxo de sangue da artéria cerebral média e posterior quando certos pontos
de acupuntura são estimulados.
Os resultados do estudo mostram que houve a tendência de aumentar o fluxo
sanguíneo nas artérias cerebrais posterior e média quando realizada acupuntura a laser
nos pontos relacionados à visão. Também foram observadas mudanças significativas na
atividade cerebral no lobo occipital e frontal. A estimulação em pontos placebos não
mostrou qualquer aumento do fluxo em nenhuma das artérias. Os mesmos resultados
foram observados quando utilizadas agulhas de metal nos mesmos pontos, mostrando
que o laser é tão eficaz quanto as agulhas.
Segundo Litscher e Schikora (2002), a intensidade do estimulo com as agulhas
é maior nos dois primeiros segundos de aplicação, enquanto que na estimulação com o
laser o estimulo começa a aumentar depois dos dois segundos iniciais, como pode ser
observado na figura abaixo:
Figura 10: O estímulo da agulha diminui após 2 segundos do início da aplicação. O estímulo do Laser
aumenta gradativamente e atinge um patamar após alguns segundos.
Agulha de metal
Laser
Tempo de estímulo
2s
2s
6s
6s
Intensidade
do estímulo
Intensidade
do estímulo
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Uma diferença importante entre as duas técnicas é a obtenção do de qi.
Segundo a MTC, para que a acupuntura seja eficaz, é necessário que se obtenha a
sensação de de qi, que pode ser caracterizada por um pequeno choque, dormência ou
peso onde as agulhas foram inseridas.
Rindge (2009) coloca que é possível obter a sensação de de qi também com o
laser, porém esta sensação somente aparece quando a intensidade do laser for maior que
1 W/cm2. Rindge (2009) relata que os pacientes normalmente não notam quando o laser
é ligado, então no começo do tratamento não sentem nada. Após alguns minutos
começam a sentir calor local e alguns relatam que sentem vibrar alguns pontos que estão
sendo estimulados com laser.
Segundo Schikora (2008) não foi relatado nenhum efeito colateral da
acupuntura laser. Os estudos confirmam que a acupuntura laser pode ser comparada
com a acupuntura tradicional, que utiliza agulha, do ponto de vista clínico. O laser,
porém, tem duplo efeito, pois além de estimular os pontos de acupuntura de forma
semelhante às agulhas, ele também estimula o tecido ao redor, provocando um aumento
da microcirculação, da produção de energia nas mitocôndrias e promove efeito
antiinflamatório. Esse segundo efeito utilizado em diversos campos da medicina e é
conhecido como terapia de laser de baixa potência (Low level laser theraphy).
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6. Conclusão
Esta monografia buscou descrever a atuação do laser na pele, bem como os
mecanismos de ação do mesmo nos pontos de acupuntura, através de uma revisão
bibliográfica.
O laser é um feixe de luz com algumas características particulares, como a
monocromaticidade, direcionalidade e coerência. Ficou demonstrado que a luz do laser
estimula a produção histamina nas células do tecido conjuntivo desde que tenha uma
radiância mínima de 20 W/cm2, o que é conseguido com lasers de baixa potência
focalizados.
A diferença básica entre a estimulação dos pontos de acupuntura com o laser e
com as agulhas é a forma como a reação química é induzida. O estímulo do laser é
indireto, ao contrário das agulhas. A agulha estimula os nociceptores diretamente,
enquanto o laser estimula a produção de histamina nas células, provocando o estímulo
dos nociceptores. Uma consequência é que o estímulo com laser inicia após alguns
segundos de aplicação, enquanto o das agulhas, é imediato.
Como os pontos de acupuntura estão localizados em profundidades diferentes,
deve-se levar em conta o comprimento de onda do laser, visto que cada um atinge uma
profundidade diferente na pele.
A acupuntura com laser se mostra muito eficaz, podendo-se comparar à
acupuntura praticada com agulhas, porém com a vantagem de ser indolor, podendo ser
utilizada em pessoas com medo de agulhas, crianças e pessoas com problemas de
coagulação sanguínea.
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7. Referências Bibliográficas
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