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ISBN: 978-85-7282-778-2 Página 1 A UTILIZAÇÃO DO GOOGLE EARTH NO ENSINO DE GEOMORFOLOGIA Gabriel Pernambuco Ximenes (1) , Deivison Carvalho Molinari (2) 1) Latossolo Laboratorio de Analise e Tratemento de Sedimentos e solos/ Instituto de Fislosofia Ciencias Humanas e Sociais,Universidade Federal do Amazonas, [email protected]. (2) Latossolo Laboratorio de Analise e Tratemento de Sedimentos e solos/ Instituto de Fislosofia Ciencias Humanas e Sociais,Universidade Federal do Amazonas, [email protected]. Eixo: Geotcnologias e Ensino Resumo: O atual modelo de ensino de geografia tem se dado apenas de forma teórica, levando desinteresse por parte dos alunos. Uso do software Google Earth surge como ferramenta pedagógica eficaz para ensino de geografia, através do mesmo é possível contornar os muros das escolas e estudar geografia in loco. O presente artigo tem como objetivo central mostrar que é possível ensinar geomorfologia por meio de ferramentas do software Google Earth dentro de sala de aula. Para isto, buscou-se demonstrar como realizar: a) Mapeamento de incisões erosivas, do Uso do solo e cicatrizes de Movimentos de Massa. b) Transformações Socioespaciais; c) Estudo de Hidrografia e delimitação de áreas de proteção permanente (APP); d) Elaboração de perfil de elevação do relevo; e) Visualização em 3D de relevo. Palavras chave: Google Earth, Ensino, Geomorfologia e Geografia 1. INTRODUÇÃO O ensino de geografia, sobretudo na rede pública, tem como marca principal a abordagem predominantemente teórica por meio de conceitos e exposição dos elementos contidos nos livros didáticos, e significativas dificuldades logísticas para realização de atividades para além dos muros escolares, dificultando, o ensino-aprendizagem e a

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A UTILIZAÇÃO DO GOOGLE EARTH NO ENSINO DE GEOMORFOLOGIA

Gabriel Pernambuco Ximenes (1), Deivison Carvalho Molinari(2)

1) Latossolo – Laboratorio de Analise e Tratemento de Sedimentos e solos/ Instituto de Fislosofia Ciencias

Humanas e Sociais,Universidade Federal do Amazonas, [email protected].

(2) Latossolo – Laboratorio de Analise e Tratemento de Sedimentos e solos/ Instituto de Fislosofia Ciencias

Humanas e Sociais,Universidade Federal do Amazonas, [email protected].

Eixo: Geotcnologias e Ensino

Resumo:

O atual modelo de ensino de geografia tem se dado apenas de forma teórica,

levando desinteresse por parte dos alunos. Uso do software Google Earth surge como

ferramenta pedagógica eficaz para ensino de geografia, através do mesmo é possível

contornar os muros das escolas e estudar geografia in loco. O presente artigo tem como

objetivo central mostrar que é possível ensinar geomorfologia por meio de ferramentas

do software Google Earth dentro de sala de aula. Para isto, buscou-se demonstrar como

realizar: a) Mapeamento de incisões erosivas, do Uso do solo e cicatrizes de

Movimentos de Massa. b) Transformações Socioespaciais; c) Estudo de Hidrografia e

delimitação de áreas de proteção permanente (APP); d) Elaboração de perfil de elevação

do relevo; e) Visualização em 3D de relevo.

Palavras chave: Google Earth, Ensino, Geomorfologia e Geografia

1. INTRODUÇÃO

O ensino de geografia, sobretudo na rede pública, tem como marca principal a

abordagem predominantemente teórica por meio de conceitos e exposição dos elementos

contidos nos livros didáticos, e significativas dificuldades logísticas para realização de

atividades para além dos muros escolares, dificultando, o ensino-aprendizagem e a

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compreensão da geografia física in loco, e que, em muitos casos, pode levar ao desinteresse

dos alunos pela disciplina.

Neste contexto, o uso do Google Earth surge como uma ferramenta para minimizar

esta situação/entrave, uma vez que não é necessário sair da circunscrição escolar para utiliza-

la. Ademais, ausência de custos aliado ao a amplo acesso e uso de celulares por alunos

possibilita ao professor de geografia um recurso pedagógico é capaz de potencializar suas

aulas tendo em vista o leque de ferramentas que o software oferece, assim levando os alunos a

uma compreensão melhor dos assuntos abordados. O presente artigo tem como objetivo

central mostrar que é possível ensinar geomorfologia por meio de ferramentas do software

Google Earth dentro de sala de aula. Para isto, buscou-se demonstrar como realizar: a)

Mapeamento de incisões erosivas, do Uso do solo e cicatrizes de Movimentos de Massa. b)

Transformações Socioespaciais; c) Estudo de Hidrografia e delimitação de áreas de proteção

permanente (APP); d) Elaboração de perfil de elevação do relevo; e) Visualização em 3D de

relevo.

1.1. BREVES RECORTES DA HISTÓRIA E DO ENSINO DA GEOGRAFIA NO

BRASIL

Quando falamos do ensino de geografia é necessário fazer uma reflexão: Qual o objeto

de estudo dessa ciência? A primeira definição a vir a mente está apoiada no sentido

etimológico da palavra: geografia, geo = terra, grafia = descrição – descrição da terra,

definição essa que é aceita dentro do senso comum, mas para nós geógrafos sabemos que vai

além disso. Diante disso, Andrade (1992, p. 14-19) definiu geografia como:

a ‘ciência que estuda as relações entre a sociedade e a natureza’, ou

melhor, a forma como a sociedade organiza o espaço terrestre, visando

melhor explorar e dispor dos recursos da natureza. Naturalmente, no

processo de produção e reprodução do espaço, cada formação

econômico-social procura organizar o espaço à sua maneira, ao seu

modo, de acordo com os interesses do grupo dominante e de acordo

também com as suas disponibilidades de técnicas e de capital.

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A geografia no Brasil foi institucionalizada, no século XX, em meados dos anos de

1930, a partir dos cursos em Universidades e da criação do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). Essa geografia que era disseminada pelo país tinha forte influência da

escola francesa e tinha uma abordagem extremamente descritiva (MOURA e ALVES, 2002).

Essa abordagem perdurou até a década de 70 com o surgimento da geografia crítica, na qual

teve como o principal expoente o geógrafo Milton Santos, por meio de indagações à

Geografia Tradicional e que, por conseguinte, ocasionou uma reformulação e de novas

propostas para o ensino de geografia (MOURA e ALVES, 2002).

No período da Guerra fria, verificou-se o lançamento dos primeiros satélites

permitindo o imageamento do planeta de forma regional e global, atualmente estudadas pelo

sensoriamento remoto (SILVA e CARNEIRO, 2012).Mais recentemente, já no século XXI, a

empresa Google na década de 2000 disponibilizou o acesso as imagens de satélites para seus

usuários de forma gratuita através do Google Maps e do Google Earth. Atualmente a

utilização destas ferramentas espaciais é amplamente difundida no cotidiano das pessoas,

principalmente em aplicativos de celular para solicitar táxi, alimentação, e etc. No meio

acadêmico, a utilização do Google Earth já possui uso por parte de professores, visualizados

em aulas e artigos científicos, no entanto, verifica-se que o software é subaproveitado, uma

vez que possui ferramentas de fácil acesso para o ensino de relevo, e que pouco são

exploradas. A utilização destas, certamente tornaria a aula mais atrativa, aumentando a

compreensão e participação dos alunos.

2. MATERIAIS E METODOS

Para a obtenção dos objetivos foram utilizadas as ferramentas do software Google

Earth. O quadro 01 sintetiza as ferramentas e os procedimentos utilizados.

.

FERRAMENTAS PROCEDIMENTOS

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Quadro 01 – Ferramentas do software Google Earth usadas para confecção dos procedimentos metodológicos.

Fonte: Autor, 2018.

3. RESULTADOS E DISCUSSOES

A) Mapeamento de incisões erosivas, do Uso do solo e cicatrizes de Movimentos de

Massa.

A feição erosiva escolhida foi uma voçoroca localizada na comunidade Francisca

Mendes (Canaranas) bairro Cidade Nova, zona norte da cidade de Manaus, estado. Utilizando

o google Earth identificou-se a incisão, adicionando a ferramenta “marcador” na feição e logo

em seguida a ferramenta “Polígono” para delimita-la (FIGURA 1A, 1B, 1C e 1D). Em sala

de aula, após explanação sobre a temática erosão, o professor pode explicitar via a figura 01:

Polígono

Marcador

Utilizado para o mapeamento de feições

erosivas e cicatrizes de movimento de

massa.

Imagens Históricas

Obtenção de imagens pretéritas da área

de estudo (Linha do Tempo).

Caminho

Régua

Delimitação de canais de drenagem e

delimitar a área de preservação

permanente.

Régua

Realização de perfis de elevação e a

visualização das cotas do relevo.

Marcador

Polígono

Utilizadas para realização do

mapeamento de uso e ocupação do solo.

Construções em 3D Visualização em 3 dimensões as

superfícies geomorfológicas.

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a) relação da voçoroca com a produção do espaço nesta zona da cidade; b) a influência da

cobertura vegetal; c) forma da incisão (linear, dendritica, bifurcada, entre outras) conforme

Bigarella e Mazuchowisk (1985) e Vieira (2012); e, c) risco erosivo por meio da distância

para a pista/avenida. É importante salientar que na região da cidade nova, verifica-se grandes

transformações nos últimos anos encabeçadas pelo poder público para a construções de

conjuntos habitacionais (um deles o conjunto Canaranas) fato que contribui para o surgimento

de feições erosivas, como as voçorocas, que de acordo com VIERA (2008) no ano de 2008

contabilizavam 13 incisões.

FIGURA 1A – Cidade de Manaus e localização da voçoroca – 1B Mapeamento completo da voçoroca – 1C-

Área da voçoroca em 3D- 1D – Principais Formas de voçorocas encontradas em Manaus segundo (VIEIRA,

2008) Fonte: Gabriel Ximenes (2018).

A parti da delimitação da área da voçoroca temos como resultado a sua forma. A

voçoroca está localizada em uma encosta, é do tipo conectada ao vale e possui uma forma

irregular, a mesma denuncia para onde essa incisão deve continuar se expandindo resultando

em risco para a sociedade já que a mesma se encontra as margens da avenida.

1A 1B

1C 1D

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Para o surgimento de uma voçoroca os aspectos humanos e naturais devem ser levados

em conta. Oliveira et al. (1987) destaca que nas áreas urbanas a ação antrópica tem uma

parcela de contribuição maior para o surgimento de voçorocas. Guerra (2011) em estudos

sobre encostas urbanas chama atenção para as grandes transformações que essas sofrem no

ambiente urbano e como a ocupação sem a infraestrutura devida. Utilizando a ferramenta

“Imagens históricas” e a ferramenta “polígono” é possível realizar o uso e ocupação da área

(FIGURA 2A e 2B).

FIGURA 2A – Uso do solo do conjunto Canaranas no ano de 2007 – 2B- Uso o solo do conjunto Canaranas no

ano de 2017. Fonte: Gabriel Ximenes (2018).

Diante do produto final do uso e ocupação do solo da área é possível destacar aspectos

como: a) a retirada de grande parte da cobertura vegetal; b) o aumento da área construída; c)

aumento das áreas de solo exposto. A partir dessas imagens podemos entender a gênesis dessa

voçoroca, que está associada ao fato da retirada de grande parte da cobertura vegetal do local

atrelado ao processo de ocupação. Guerra (2011, p. 20-21) diz que:

O desmatamento, seguido da ocupação intensa de algumas encostas,

através da construção de casas, prédios, ruas etc., causando uma

grande impermeabilização do solo, sem ser acompanhado de obras de

infraestrutura, como galerias pluviais e redes de esgotos, podem

causar grandes transformações no sistema encosta.

2

A

2

B

2A 2B

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. No que tange ao movimento de massa, a cicatriz escolhida está localizada na Europa,

na cidade de Maierato na Itália, em que no ano de 2010 ocorreu movimento de massa do tipo

escorregamento translacional ocasionando perdas de estradas, casas e etc., Devido à

combinação de fatores como às fortes chuvas que atingiram o local, que está situado em uma

área de colina íngremes com cotas de aproximadamente 310m de altura e gravidade deram

condições necessária. Em termos práticos, utilizou-se o mesmo procedimento para a

delimitação da voçoroca, o qual permite delimitar exatamente a cicatriz e a massa

movimentada pelo escorregamento (FIGURA 3A, 3B, 3C e 3D). O professor de geografia

pode explorar com os alunos os seguintes aspectos: a) relação do relevo e movimentos de

massa; b) dimensão dos escorregamentos; c) reflexos para a população local; d) tipos de

movimentos de massa (desmoronamento, escorregamento, entre outros) conforme Fernandes

e Amaral (1996).

Figura 3A – Localização da Europa – 3B – Localização da cidade de Maierato na Itália – 3C – Mapeamento em

execução da cicatriz – 3D – Mapeamento concluído. Fonte: Gabriel Ximenes (2018).

3

A

3

B

3

C

3

D

3A 3B

3C 3D

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B) Transformações socioespaciais

Utilizando a ferramenta “imagens históricas” é possível realizar uma linha do tempo

de determinado lugar, assim podendo constatar fatos que já tenham acontecido no local ou

analisar um processo que esteja ocorrendo tanto no meio físico como no meio social

(FIGURA 4A, 4B e 4C). Após acionar a ferramenta e possível avançar e voltar no tempo com

barra do tempo.

Figura 4A – Cidade de Manaus e Localização do Conjunto Jardim Versalhes - 4B -Imagem do

conjunto Jardim Versalhes, bairro Redenção, cidade de Manaus (mar/2001) – 4C - imagem do conjunto

jardim Versalhes (jul/2015). Fonte: Gabriel Ximenes, 2018.

É salutar destacar que, o uso desta ferramenta possibilitar visualizar as transformações

socioespaciais urbanas em determinado recorte temporal, possibilitando analisar em detalhe

aspectos como: 1) o processo de ocupação do local (ordenado ou espontâneo); 2) os tipos de

residências; 3) redução da cobertura vegetal; entre outras.

C) Estudo de Hidrografia e Delimitação de Áreas de Proteção Permanente (APP)

4

B

4

C

1

22312

4A

4B 4C

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Com o uso da ferramenta “caminho” é possível delimitar canais de drenagem

(FIGURA 5A, 5B e 5C). A área selecionada foi o igarapé do Gigante, que está localizado, na

zona oeste de Manaus, possui uma de suas nascentes próximo ao aeroporto internacional

Eduardo Gomes e entrecorta os seguintes bairros Da Paz, Redenção, Lírio do Vale, Ponta

Negra antes de desaguar no rio Negro.

Figura 5A – Localização da cidade de Manaus e do Aeroporto Eduardo Gomes - 5B - delimitação em curso do

igarapé do gigante- 5C – Delimitação completa do igarapé do gigante. Fonte: Gabriel Ximenes, 2018.

É de notório conhecimento que o Código Florestal regulado pela lei 12.651/2012

estabelece que as áreas de preservação são espaços territorialmente protegidos. No que tange

aos canais, a lei estabelece uma faixa mínima de proteção nas margens condicionada a largura

do canal em questão (QUADRO 02).

5A 5B

5C

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Quadro 02 – Largura das APPs em metros de canais fluviais de acordo com o art. 4º da lei 12.651/2012.

A partir dessas informações e utilizando a ferramenta “régua” é possível delimitar a

app de um canal de drenagem (FIGURA 6A, 6B, 6C e 6D). Após acionar a ferramenta, basta

clicar em uma margem do canal e arrastar até o limite da a APP consoante os ditames do

Código Florestal. Tomou-se como exemplo, o igarapé do Mestre Chico, zona sul de Manaus

(AM), o qual sofreu intervenção por parte do poder público estadual no ano de 2005 para a

execução do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM). Percebe-

se que a faixa de APP no ano de 2001, antes da intervenção apresentava significativa

quantidade de moradias no seu leito, ocasionando problemas socioambientais relacionados a

ocupação e as sucessivas inundações rápidas.

Largura do Canal

Fluvial (metros)

APP (metros)

Com menos de 10m 30 metros

De 10m a 50m 50 metros

De 50m a 200m 100 metros

De 200m a 600m 200 metros

Com mais de 600m 500 metros

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Figura 6A – Localização da Cidade de Manaus e do igarapé do mestre Chico – 6B -

Delimitação da app do igarapé do mestre Chico antes do Prosamim (mar/2001) – 6C – Delimitação em

curso da app do mestre Chico (jan/2012) – 6D – Área da app do igarapé do mestre chico após o

Prosamim (jan/2012). Fonte: Gabriel Ximenes, 2018.

D) Elaboração de perfil de elevação do relevo

O uso da ferramenta “régua” permite visualizar o perfil de elevação, após a

delimitação do local, basta se dirigir a barra “lugares” e clicar em “mostrar perfil de

elevação”, podendo ser realizada em qualquer parte da terra. Tomou-se como exemplo a

6C

6D

6A 6B

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região da cordilheira do Himalaia, que está localizada no continente Asiático fazendo parte do

território da China, Paquistão, Nepal, Índia e Butão, conhecido por ser a região mais alta da

superfície da terra o Himalaia é fruto de contato de placas tectônicas. (FIGURA 7A, 7B e 7C).

Figura 7A –Localização da cordilheira do Himalaia – 7B- Placas tectônicas indicando o contato entre elas na

região do Himalaia– 7C – Perfil de elevação. Fonte: Gabriel Ximenes, 2018.

A cordilheira do Himalaia é fruto do que conhecemos como dobramentos modernos,

que são estruturas da superfície terrestre formadas no período Cenozoico. A origem dessa

cordilheira está atrelada ao contato de duas placas tectônicas: a) placa indiana; b) placa

eurasiana. O choque dessas duas placas continentais, onde ambas não conseguem entrar no

processo de subducção, resultando em um levantamento da superfície na área de contato,

7A 7B

7C

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dando início ao processo de orogenia que resultara na formação da cordilheira do Himalaia

(POPP, 2016).

E) Visualização em 3D do relevo

O google Earth permite por meio da ferramenta de “construções em 3D” ter uma

definição otimizada de superfícies com relevo acidentado. Essa ferramenta é grande auxilio

para o estudo de relevo dentro do ambiente escolar, uma vez que permite observar e explicar a

geomorfologia de superfícies remotas do globo terrestre com alta resolução (FIGURA 8).

Em termos práticos, utilizou-se como exemplo a cordilheira dos Andes, localizada no

continente sul-americano, a cordilheira é fruto de dobramentos modernos que aconteceram no

período do terciário, quando um contato de duas placas tectônicas: a placa de Nazca (placa

oceânica) se moveu até entrar em contato com a placa sul americana, dando início ao processo

conhecido por subducção, onde uma placa mergulha para baixo da outra, soerguendo assim

todo o material que está por cima dando origem a cordilheira que se estende por 7000km

passando por toda costa oeste do continente sul-americano, estando presente em sete países

(POPP, 2016).

.

Figura 8A- Localização da Cordilheira -8B – Visualização em 3D da Cordilheira dos Andes. Fonte: Gabriel

Ximenes, (2018).

8A 8B

B

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acesso programas de computador (Google Earth) que especializam as feições de

todo o globo terrestre fornece ao professor de geografia uma ferramenta útil ao ensino do

relevo. Ademais, acessar e visualizar regiões longínquas do espaço vivido dos discentes

revela a potencialidade destas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem.

Neste sentido, este artigo demonstra que se torna mais fácil a compressão do relevo,

seja das áreas de risco a erosão ou a movimento de massa ou saber quem são, e quais as

características socioeconômicas destas áreas; visualizar as escarpas das cordilheiras em outros

continentes; ou até mesmo, mapear o uso do solo no entorno da escola/bairro.

Portanto, o professor de geografia pode utilizar as geotecnologias para entender o

relevo e o espaço geográfico, demonstrando, portanto, a intrínseca relação da geografia na

vida dos alunos.

5. REFERENCIAS BIBLIOGAFICAS

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pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1992.

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Nativa. Brasília, DF, mar. 2012. Disponível em: <

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ROCHA, G.A. e VALÉRIO FILHO, M. Questões Metodológicas em diagnósticos regionais

de erosão: a experiência pioneira da Bacia do Peixe Paranapanema – SP. In: 4º Simpósio

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