A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ANTÔNIO ALBERTO ALMEIDA DA SILVA JEFFERSON ALVES DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA A SATISFAÇÃO DO CLIENTE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA INDÚSTRIA CIMENTEIRA CAPANEMA - PA 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

ANTÔNIO ALBERTO ALMEIDA DA SILVA

JEFFERSON ALVES DA SILVA

A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA A

SATISFAÇÃO DO CLIENTE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA

INDÚSTRIA CIMENTEIRA

CAPANEMA - PA

2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

ANTÔNIO ALBERTO ALMEIDA DA SILVA

JEFFERSON ALVES DA SILVA

A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA A

SATISFAÇÃO DO CLIENTE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA

INDÚSTRIA CIMENTEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Administração de Empresas da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas.

Orientador: Prof. Me. Arthur Vicente da Costa

CAPANEMA

2019

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA DE CAPANEMA

Silva, Antonio Alberto Almeida da

A utilização do indicador OTIF como ferramenta para a satisfação do cliente: um estudo em uma empresa da

indústria cimenteira / Antonio Alberto Almeida da Silva, Jefferson Alves da Silva. – Capanema, Pa., 2019.

67 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Administração) – Universidade Federal Rural da

Amazônia, 2019.

Orientador: Artur Vicente da Costa

1. Cadeia de suprimentos-gerenciamento 2. Logística 3. On Time in Full 4. Satisfação do cliente I. Silva,

Jefferson Alves da II. Costa, Artur Vicente da (Orient.) III. Título

CDD: 658.5

Cristiana Guerra Matos Bibliotecária CRB2: 1143

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ANTÔNIO ALBERTO ALMEIDA DA SILVA JEFFERSON ALVES DA SILVA

A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA A

SATISFAÇÃO DO CLIENTE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA

INDÚSTRIA CIMENTEIRA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Bacharelado em Administração de Empresas da Universidade Federal Rural da Amazônia como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Administração de Empresas.

Orientador: Prof. Me. Arthur Vicente da Costa

Data da Aprovação: 31/01/2019

Banca Examinadora:

_____________________________________ Prof. Me. Arthur Vicente da Costa - Orientador

UFRA

_____________________________________ - Membro 1

_____________________________________ - Membro 2

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Primeiramente agradecemos a Deus, pois foi ele que nos deu forças para enfrentar os desafios dessa longa jornada e aos nossos pais que sempre nos apoiaram.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente, a Deus que nos deu energia, perseverança, resiliência

e força para enfrentar todas as dificuldades;

A Universidade Federal Rural da Amazônia e ao corpo docente, que participaram

ativamente no nosso crescimento profissional e pessoal;

Ao nosso orientador, Professor Arthur Vicente da Costa, que dedicou seu tempo

para nos dar todo suporte, correções e incentivos;

Aos nossos pais, que apesar das dificuldades, nunca desistiram de nós e sempre

acreditaram em nosso potencial;

E a todos que contribuíram para a nossa formação acadêmica, o nosso muito

obrigado.

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O insucesso é apenas uma oportunidade

para começar com mais inteligência.

(Henry Ford)

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RESUMO

O presente estudo se propõe analisar a utilização do indicador de desempenho logístico, denominado On Time In Full, como ferramenta para a satisfação do cliente em uma empresa da indústria cimenteira, localizada no município de Primavera, Pará. Para tanto, após a revisão bibliográfica, foi realizado um estudo de caso, o qual incluiu uma análise documental, além da realização de entrevista semi-estruturada, na qual participaram colaboradores da organização, com o intuito de caracterizar a utilização do OTIF pela empresa. Os dados foram analisados à luz do referencial teórico utilizado, com o objetivo de produzir inferências. Os resultados revelam a necessidade da realização de uma reflexão acerca das condutas adotadas pela área de logística, para o alinhamento das práticas, com o intuito de efetivar as melhorias necessárias à elevação das taxas de entregas OTIF, para, dessa forma, assegurar a elevação dos níveis de satisfação dos clientes da organização. . Palavras-Chave: Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos; Logística; On Time In Full; Satisfação do Cliente.

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ABSTRACT

The present study aims to analyze the use of the logistic performance indicator, called On Time In Full, as a tool for customer satisfaction in a cement industry company, located in the city of Primavera, Pará. After this review, a case study was carried out, which included a documentary analysis, as well as a semi-structured interview, in which employees of the organization participated, in order to characterize the use of OTIF by the company. The data were analyzed in the light of the theoretical reference used, with the purpose of producing inferences. The results show the need for a reflection on the conduct adopted by the logistics area, for the alignment of the practices, with the purpose of making the necessary improvements to increase OTIF delivery rates, in order to ensure the levels of customer satisfaction. Keywords: Supply Chain Management; Logistics; On Time In Full; Customer Satisfaction.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação de uma cadeia de suprimentos genérica. ................. 14

Figura 2 - Evolução da concepção de Cadeia de Suprimentos. ......................... 16

Figura 3 – Constituição da Cadeia de Suprimentos. ........................................... 19

Figura 4 – Estrutura para a gestão da cadeia de suprimentos. .......................... 24

Figura 5 – Objetivo da logística. ........................................................................... 30

Figura 6 - Diagrama do conceito de logística segundo a CSCMP. ..................... 30

Figura 7 – A estratégia logística no escopo da estratégia empresarial. ............ 34

Figura 8 – O OTIF a partir de uma cadeia de suprimentos genérica. ................. 41

Figura 9 – Dimensões da satisfação do cliente. .................................................. 45

Figura 10 – Etapas da fabricação de cimento. ..................................................... 48

Figura 11 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento TAC. ................................ 50

Figura 12 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento TAC P/PP ........................ 51

Figura 13 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento IND E. .............................. 51

Figura 14 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento IND G. .............................. 52

Figura 15 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento IMO. ................................. 52

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

1. CADEIA DE SUPRIMENTOS .......................................................................... 13

1.1 Conceito e evolução da cadeia de suprimentos.......................................... 13

1.2 Gestão da cadeia de suprimentos ................................................................ 20

2. LOGÍSTICA ..................................................................................................... 25

2.1 A evolução da logística ................................................................................. 25

2.2 Logística: conceitos básicos ........................................................................ 29

2.2.1 Atividades primárias da logística ...................................................................... 31

2.3 Logística e estratégia empresarial ............................................................... 33

2.4 Avaliação do desempenho logístico ............................................................ 35

3. O INDICADOR-CHAVE DE DESEMPENHO ON TIME IN FULL ..................... 38

3.1 O On Time In Full e a satisfação do cliente ................................................. 43

4. A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA A

SATISFAÇÃO DO CLIENTE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA

INDÚSTRIA CIMENTEIRA .............................................................................. 46

4.1 Percurso metodológico ................................................................................. 46

4.2 Caracterização da realidade estudada ......................................................... 47

4.3 Caracterização do corpus da pesquisa ........................................................ 48

4.3.1 Colaboradores da Empresa ............................................................................. 48

4.4 Resultados e Discussão ................................................................................ 49

CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 57

ANEXO 1 – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ..................................... 64

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INTRODUÇÃO

A transição para o século XXI foi marcada por profundas modificações no

mercado global, o que ocasionou intensas transformações no ambiente de negócios.

Diante do novo cenário, tem-se elevado a demanda por serviços e produtos com

qualidade superior, e aí surgiu a necessidade imperativa de aperfeiçoamento dos

processos realizados pelas organizações.

Atualmente, as empresas têm buscado obter diferenciais em relação à

concorrência, e o atendimento ao cliente é, cada vez mais, uma vantagem em meio

a mercados intensamente competitivos. Desta forma, é necessário mensurar o

desempenho do atendimento ao cliente, tendo em vista sua satisfação, para que

seja possibilitada a identificação de oportunidades de ganhos e necessidades de

adoção de medidas direcionadas à melhoria dos processos relacionados ao serviço

logístico.

Considerando a relevância do atendimento ao cliente para a consolidação de

uma empresa no mercado, e dada a complexidade envolvida na execução das

atividades e processos logísticos, as organizações buscam mensurar o desempenho

de suas diferentes atividades, através de diferentes indicadores, dentre os quais o

On Time In Full (OTIF).

Desse modo, a utilização de indicadores de desempenho é uma diretriz a ser

seguida pelas empresas que almejam obter sucesso no atual mercado globalizado,

pois se configuram como uma ferramenta de gestão necessária à avaliação de

processos internos e externos, com o intuito de identificar falhas que obstam a

consecução de melhores resultados organizacionais.

Desta forma, a pesquisa busca responder à seguinte problemática: até que

ponto a utilização do indicador de desempenho logístico OTIF pode ocasionar a

melhoria dos processos relacionados à atividade logística, e deste modo, impactar

na satisfação do cliente?

Como objetivo geral, buscou-se demonstrar a importância do indicador On

Time In Full – OTIF, para a mensuração do desempenho logístico, e seu impacto na

satisfação do cliente, e como objetivos específicos, foram relacionados os seguintes:

compreender o conceito e características da Cadeia de Suprimentos; apresentar o

conceito, finalidade, características e aplicações da Logística; explicitar o conceito

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do indicador-chave de desempenho, denominado On Time in Full (OTIF), e

relacioná-lo aos níveis de satisfação do cliente.

Para tanto, foi definida a metodologia a ser seguida, considerada mais

adequada para as características do estudo, constituída por três momentos: o

primeiro, bibliográfico, que consiste na análise da bibliografia específica acerca do

tema em estudo, que proporcionou o contato com mais teorias e experiências

compartilhadas acerca da gestão da cadeia de suprimentos, logística e definição de

indicadores de desempenho estratégicos, além dos conceitos referentes ao

indicador OTIF e satisfação de clientes; no segundo momento, foi utilizada uma

“técnica documental”, e; o último, do tipo estudo de caso, o qual ajusta-se a uma

abordagem qualitativa e é constantemente empregado para a coleta de dados no

âmbito de estudos organizacionais (CESAR, 2006, p.03).

O presente estudo está estruturado de acordo com a seguinte organização:

Introdução; Capitulo 1: Cadeia de Suprimentos, baseado em estudos de autores, tais

como Chopra; Meindl, (2003), Ballou (2011) e Slack (et al, 2008); Capitulo 2:

Logística, com fundamentação em Pinto (2010), Ballou (1993), e Bowersox e Closs

(2001), dentre outros; Capitulo 3: O indicador-chave de desempenho On Time In

Full, baseado em autores, como Oliveira e Araújo (2009) e FREITAS (et al, 2012),

além de outros; Capitulo 4: A utilização do indicador OTIF como ferramenta para a

satisfação do cliente: um estudo em uma empresa da indústria cimenteira;

Conclusões e Recomendações.

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1. CADEIA DE SUPRIMENTOS

Há algumas décadas, o mercado mundial vem passando por contínuas e

profundas transformações, devido ao processo de integração econômica entre

países, ocasionado pela globalização, e este fato tem repercutido diretamente na

maneira como as empresas são conduzidas por seus dirigentes e nas relações entre

os stakeholders integrantes de sua rede de relações comerciais.

Diante do contexto atual, de acirramento da competitividade e da, cada vez

mais acentuada, exigência do mercado consumidor, as empresas estão

crescentemente preocupadas com o aperfeiçoamento de sua cadeia de

suprimentos, para a promoção do desenvolvimento organizacional.

Desta forma, de acordo com Katunzi (2011), as empresas estão, a cada dia

mais, compreendendo as vantagens, desvantagens e a relevância da cadeia de

suprimentos para a sua prosperidade, devido ao aprimoramento dos processos, o

que propicia a redução do tempo de entrega e produtos com mais informações e

personalização, o que é considerado, pelos clientes, elementos essenciais no que se

refere à opção por determinado fornecedor (HVOLBY e TRIENEKENS, 2002).

1.1 Conceito e evolução da cadeia de suprimentos

Conceitualmente, Chopra e Meindl (2003, p.4) entendem que a cadeia de

suprimentos abrange todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, nos

processos que possuem como finalidade o atendimento ao pedido do cliente. Desta

forma, além dos fabricantes e fornecedores, estão incluídos na cadeia de

suprimentos, os meios de transportes, depósitos, varejistas e os próprios clientes,

sendo que estes últimos são o seu elemento principal, tendo em vista que todos os

esforços empregados se direcionam à satisfação de sua necessidade.

Sendo assim, “[...] o termo cadeia de suprimentos representa produtos [...]

que se deslocam ao longo da cadeia, formada pelos seguintes estágios:

fornecedores, fabricantes, distribuidores, varejistas e clientes” (CHOPRA; MEINDL,

2003, p.4).

Ainda sobre a definição de cadeia de suprimentos, Gasnier (2002, p. 20),

explicita que:

Uma cadeia de suprimentos (supply chain) é constituída pelo conjunto de organizações que mantém relações mútuas desde os fornecedores

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primários até os consumidores finais de um fluxo logístico, criando valor na forma de produtos e serviços.

Desse modo, a cadeia de suprimentos é considerada uma rede na qual estão

compreendidas todas as empresas constituintes das etapas de formação e

comercialização do produto ou serviço, até sua entrega ao cliente final, com a

execução de diversas atribuições, desde a extração de um minério ou a manufatura

de um componente, até a prestação de um serviço logístico ou de vendas

(SCARVADA; HAMACHER, 2001, p. 202).

De acordo com Slack et al (1997), “a cadeia de suprimentos é a sequência de

unidades produtivas inseridas na rede de suprimentos de uma organização, a qual

passa pela própria organização”, estando estas unidades dispostas, de forma linear,

e tendo como extremos da cadeia, a montante, os fornecedores de matérias-primas,

e a jusante, o consumidor final. Estes extremos são determinados, tendo em vista a

impossibilidade de agregação de valor ao produto ou serviço anteriormente ao

fornecimento de matérias-primas ou após o seu consumo (ZACHARIAS, 2010, p.30).

Figura 1 - Representação de uma cadeia de suprimentos genérica.

Fonte: Pires (2009)

O conceito de Cadeia de Suprimentos, passou, ao longo dos anos, por um

processo evolutivo, que, de acordo com Pires (2009), foi iniciado a partir das

mudanças ocasionadas pela revolução industrial, a qual foi preponderante para o

estabelecimento de uma nova ordem na cadeia produtiva, caracterizada pelo

surgimento da classe proletária, bem como o investimento em maquinários mais

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caros e pesados, com a finalidade de obter um aumento na produtividade, de modo

a satisfazer as necessidades do mercado e da demanda, em franca expansão.

A concepção de cadeia de suprimentos, segundo Laugeni e Martins (2005),

passou por quatro fases: na primeira, a visão departamental, ocorrida até 1960,

mantinham-se estoques, como forma de abrandar a falta de sincronização e a visão

de curto prazo, que não permitia vislumbrar a cadeia em sua completude; na

segunda fase, que compreende o período de 1960 até 1980, verifica-se a

aglutinação das atividades, porém a visão de cadeia ainda era incipiente e de curto

prazo; na terceira fase, que perdurou de 1980 a 1990, houve um esforço para o

entendimento da cadeia interna, passando a existir uma integração tática, na qual as

decisões eram baseadas em informações do histórico e o planejamento era

realizado a médio prazo; na quarta fase, que se iniciou a partir de 1990,os sistemas

internos passaram a ser integrados em suas interfaces e o planejamento continua a

ser realizado em um horizonte de médio prazo, assemelhando-se com a fase

anterior, porém observa-se o advento da logística integrada.

Entretanto, durante a década de 1990, com a expansão da competitividade

entre as empresas, em escala mundial, o que acarretou o acirramento da

concorrência, tornou-se crescente a relevância dos processos logísticos inerentes à

cadeia de suprimentos (PIRES, 2009), com o objetivo de obter a minimização dos

custos de produção e a melhoria da qualidade dos produtos e/ou serviços,

utilizando-se das informações de demanda para amparar as decisões referentes ao

processo do fluxo do produto (SCHÜTER e SENNA, 2001).

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Figura 2 - Evolução da concepção de Cadeia de Suprimentos.

Fonte: Adaptado de igti.com.br1

Segundo Ballou (2011), a cadeia de suprimentos se configura como uma

metodologia concebida com o intuito de alinhar todas as atividades relacionadas à

produção, armazenamento e transporte, de maneira harmoniosa, objetivando à

redução de custos, a minimização de ciclos e a maximização do valor, verificado

1 Disponível em: www.igti.com.br/blog/evolucao-cadeia-de-suprimentos. Acesso em: 20 de

set. 2018

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pelo cliente final, tendo em vista a otimização dos resultados, isto é, “os grandes

objetivos da visão supply chain são: reduzir custos de fornecimento; reduzir o tempo

total; aumentar as margens de lucro; aumentar a produção e melhorar o retorno de

investimentos da empresa” (MARTINS; CAMPOS, 2006, pág.172). Entretanto, para

que a cadeia obtenha seu maior nível de eficiência, é fundamental a total integração

e colaboração entre todos os participantes (FLEURY, 2000).

Neste sentido, Abreu (2009) manifesta as seguintes considerações:

Toda cadeia de suprimentos é formada por elos que devem ser mantidos sempre muito bem coesos, pois se um deles se rompe, toda a cadeia é afetada. Então é muito importante manter uma boa administração em todos os níveis, para que eles possam assegurar uma boa desenvoltura e suprir com as necessidades de todos os envolvidos com a cadeia, devido também a interdependência de cada elo para com os resultados finais. Uma das tarefas mais difíceis dentro de uma empresa é ter uma cadeia de suprimentos bem equilibrada, balanceada, isto é, com elos firmes que mantenham estabilidade e uma racionalidade quando da tomada de decisões. (ABREU, 2009).

Uma cadeia de suprimentos é constituída de empresas, classificadas como

estratégicas e coordenadas por uma empresa líder, e pode concretizar-se, de

maneira integrada, em várias partes do mundo, agregando valor ao produto, a cada

etapa realizada (PIRES, 2009).

A cadeia de suprimentos pode apresentar mais de quatro elos básicos

(fornecedores, fabricação, distribuição, consumidores), e uma empresa pode fazer

parte de mais de uma cadeia de suprimentos ao mesmo tempo (TOWILL, 1997). Ela

é representada por um produto, com todas as suas ramificações e não é somente

uma cadeia de negócios one-to-one, mas uma cadeia de múltiplos negócios e

relacionamentos.

No que diz respeito à sua constituição, a cadeia de suprimentos, de acordo

com Bertaglia (2016), possui alguns elementos, considerados essenciais, para o seu

correto funcionamento, devendo atuar de forma integrada e coordenada, para que

os melhores resultados sejam obtidos, quais sejam;

• Planejamento: é importante que as empresas adotem um processo de

planejamento que leve em consideração toda a cadeia de suprimentos, para que se

possibilite uma avaliação mais coerente acerca das perspectivas estratégicas de

demanda e abastecimento, o que implicará na forma como as decisões tomadas, de

forma isolada, podem impactar nos diferentes processos ou seus componentes.

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Para que haja a integração da ativ dade de planejamento, é necessário que as

organizações levem em conta algumas atividades que afetam seu desempenho,

notadamente o desenvolvimento de canais; o planejamento de estoque, produção e

distribuição, inclusive no que concerne ao transporte; estimativa de vendas e o

planejamento da demanda; o lançamento de produtos, e; promoções. Dessa forma,

esta perspectiva de planejamento ultrapassa os limites das empresas, englobando

fornecedores de materiais e compradores de bens e serviços, o que tem aumentado

a confiabilidade dos planos e elevado o alcance de resultados positivos.

• Compras: é um processo que possui a finalidade de adquirir materiais,

componentes, assessórios ou serviços, o que abrange a seleção de fornecedores,

os contratos de negociação e as decisões que envolvem compras locais ou centrais.

Inclui as atividades de elaboração e colocação de um pedido de compra com um

fornecedor pré-selecionado e o monitoramento contínuo desse pedido, para que

atrasos no processo sejam evitados. Representa um processo estratégico dentro de

uma empresa, visto que recai sobre sua responsabilidade, o equilíbrio dos custos de

aquisição, qualidade dos materiais ou serviços, bem como a velocidade de resposta.

• Produção: é composta por operações cujo objetivo é a transformação de

matérias em um produto acabado ou semiacabado. Sua configuração gera um

grande impacto na cadeia de abastecimento, dependendo da estratégia básica de

produção e estoque, adotada.

• Distribuição: as atividades envolvidas no processo de distribuição englobam

as funções de gestão e controle de estoque, manuseio de materiais ou produtos

acabados, transporte, armazenagem, administração de pedidos, análises de locais e

redes de distribuição, entre outras, tais como a logística reversa, a qual recebe cada

vez mais importância dentro das organizações. Desta forma, as empresas devem

estar constantemente concentradas no processo de distribuição, tendo em vista o

valor elevado e as oportunidades referentes às atividades, para que modelos de

distribuição sejam elaborados, com o intuito de reduzir custos para colocação do

produto no mercado consumidor, e assim, obter-se vantagem competitiva em

relação aos concorrentes (BERTAGLIA, 2016).

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Figura 3 – Constituição da Cadeia de Suprimentos.

Fonte: Supply Chain Council

Já para Brustello e Salgado (2006), os elementos básicos de uma cadeia de

suprimentos são:

• Produção: O foco da empresa deve ser os produtos demandados pelos

consumidores, conforme as exigências do mercado, tais como qualidade, valores,

quantidades, dentre outros.

• Fornecedor: as organizações devem privilegiar fornecedores que possuam a

capacidade de produzir, tendo em vista a economia e a eficiência dos produtos

necessários. Desse modo, a terceirização é extremamente relevante para que as

empresas possam adquirir componentes que não estão incluídos no escopo de sua

fabricação, mas que são necessários para a sua linha de produção.

• Estoque: Envolve a tomada de decisão da empresa, no que diz respeito ao

equilíbrio entre o controle de um grande nível de estoque, o qual acarreta altos

custos, ou não controlar, quando não há necessidade, porém, incorrendo no risco do

comprometimento da capacidade de atendimento de demanda.

• Localização: Compreende a decisão da implantação de suas instalações, em

virtude da demanda de mercado e a satisfação dos clientes, considerando-se a

localização das linhas de produção, dos centros de distribuição e de estoques.

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• Transporte: Diz respeito à decisão pela melhor forma de transporte dos

produtos, tendo em vista os altos custos envolvidos nesta operação.

• Informação: É a maneira como a empresa utiliza as informações coletadas

internamente, bem como de seus clientes, como forma de aprimorar as técnicas de

gerenciamento da cadeia de suprimentos.

Desse modo, para a obtenção de resultados positivos pela organização, é

necessário não apenas suprir as exigências de mercado, mas também se faz

imprescindível que se obtenha a minimização dos custos envolvidos, para que haja,

realmente, uma vantagem competitiva frente às demais empresas concorrentes.

1.2 Gestão da cadeia de suprimentos

A partir da década de 1990, com a elevação da competição e consequente

instabilidade do mercado mundial, iniciou-se uma tendência à especialização de

determinadas atividades, por meio da terceirização, contudo essa disposição

suscitou dificuldades relacionadas à maior complexidade e ao menor controle sobre

os componentes da cadeia de suprimentos. Desse modo, Fleury (1999), conceitua o

Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management, ou SCM),

como:

O esforço de integração dos diversos participantes do canal de distribuição através da administração compartilhada de processos-chave de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e membros do canal, desde o consumidor final até o fornecedor inicial de matérias-primas (FLEURY, 1999, p.27)

Utilizando uma noção bastante similar, Ballou (et al, 2011), apresenta o

seguinte conceito:

A gestão da cadeia de suprimentos se refere à integração de todas as atividades associadas com a transformação e o fluxo de bens e serviços, desde as empresas fornecedoras de matéria-prima até o usuário final incluindo o fluxo de informação necessário para o sucesso. (BALLOU et.al. 2011, p.09).

O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos é a gestão dos relacionamentos

e fluxos entre as operações e os processos. Ou seja, esta atividade é responsável

por todas as questões relacionadas à entrega do produto (SLACK et al, 2008).

Mentzer et al. (2001) analisaram diversos estudos sobre a gestão da cadeia

de suprimentos, e formularam uma definição, considerada mais ampla e completa

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sobre o tema. De acordo com os autores, gestão da cadeia de suprimentos é

definida como uma

Coordenação sistemática e estratégica das funções gerenciais tradicionais e das táticas entre elas dentro de uma empresa e, entre empresas, dentro da cadeia de suprimentos, para melhoria do desempenho de longo prazo das empresas separadamente e da cadeia como um todo (MENTZER et al., 2001, p.18).

Ganeshan e Harrison (2018) entendem o SCM como uma rede de serviços e

alternativas de distribuição, que executa as atividades de aquisição de materiais, sua

transformação em produtos intermediários e/ou acabados, bem como a distribuição

para os clientes. Dessa forma, em função da variedade de tarefas a serem

executadas por diversas empresas, é necessária a viabilização da integração

dessas atividades, o que é a função primordial da SCM (BOWERSOX e CLOSS,

2009).

Novaes (2007, p. 40) apresenta a definição adotada pelo Fórum de SCM

realizado na Ohio State University: “SCM é a integração dos processos industriais e

comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando

produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente”.

Neste contexto, a Gestão da Cadeia de Suprimentos se configura como uma

função extremamente dinâmica, devido às constantes oscilações do mercado, o que

exige, frequentemente, das organizações, reações e tomadas de decisão voltadas

para as possibilidades de aperfeiçoamento dos processos, visando sempre a

consolidação de vantagens frente a seus concorrentes.

Para Guimarães (2008):

O SCM, que começa a ganhar cada vez mais espaço nas economias, inicia no estudo da demanda de mercado de consumo final de um determinado produto, origem das informações que vão balizar toda a ação da cadeia produtiva daquele produto, desde seu suprimento, na matéria-prima. É o consumo final que interessa e que rege a quantidade a ser produzida, eliminando os estoques desnecessários e incertos, mas mantendo os estoques de risco, tal ação pode ter a ótica econômica marxista, que dizia que o valor do produto é o resultado, na verdade, provém do valor que o consumidor está disposto a pagar em função da utilidade que esse produto tem para ele”. (Guimarães, 2008)

O SCM abrange, portanto, planejamento, organização, coordenação, e

controle de diferentes unidades, parceiros e atividades, combinação de várias

técnicas, além do uso intensivo da tecnologia da informação (TURBAN; LEE; KING;

CHUNG, 2002). Informação e, mais importante, sistemas de informações ágeis são

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vastamente reconhecidos como fatores críticos para atingir um bom desempenho na

cadeia de suprimentos (WHITEA; DANIELB; MOHDZAINC, 2005)

O SCM se estrutura por três elementos, conforme apresentados na Figura 4,

que são essenciais para a integração dos processos, de acordo com Lambert

(2010):

• Processos de negócios: de acordo com Laudon e Laudon (2004), são a

maneira como são operacionalizados e gerenciados os fluxos de materiais,

produtos, informações e conhecimentos necessários para a realização das

atividades. Os processos de negócios são:

o Gestão de relacionamento com clientes, a qual fornece as bases para a

solidificação do relacionamento com o cliente;

o Gestão de serviços ao cliente, o que deve fornecer um serviço simples de

informações, tal como a disponibilidade, datas de expedição e status do pedido;

o Gestão da demanda, que diz respeito ao balanceamento entre os

requerimentos do cliente e as capacidades da empresa;

o Atendimento ao pedido, o qual representa o principal desafio da gestão da

cadeia de suprimentos, que é alcançar o provimento das necessidades do cliente,

em relação ao pedido realizado, o que requer a integração da manufatura, logística e

marketing;

o Gestão do fluxo de produção, a qual estabelece as necessidades

relacionadas à produção do produto, tendo em vista o atendimento aos objetivos de

mercado;

o Suprimentos, que é a gestão de relacionamento com os fornecedores,

administrando o nível e o padrão do serviço contratado;

o Desenvolvimento e comercialização de novos produtos, o qual é decisivo para

o sucesso de uma empresa, devido à brevidade do ciclo de vida dos produtos, o que

exige agilidade e eficiência na colocação de produtos no mercado, e;

o Gestão de retorno, o qual ganha cada vez mais importância dentro das

organizações, devido à possibilidade de auxiliá-las no ganho de competitividade por

meio da sustentabilidade, além de ajudar na identificação de oportunidades de

melhoria na produção e nos processos (LAMBERT, 2010).

• Componentes de gestão: Lambert, Cooper e Pagh (2001) definem dez

componentes, classificados em dois grupos, conforme breve descrição, a seguir:

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o Componentes físicos e técnicos: planejamento e controle das operações. O

planejamento indica a direção a ser seguida e o controle afere se o objetivo está

sendo alcançado; estrutura de operação, a qual define como as atividades e tarefas

são executadas pela empresa; estrutura organizacional, a qual indica o nível de

integração dos processos ao longo da cadeia de suprimentos; estrutura para o fluxo

de produtos, a qual se refere ao fluxo de abastecimento, produção e distribuição de

produtos; estrutura para o fluxo de informação, a qual diz respeito à rede que

possibilita o fluxo de informação, que deve favorecer o fornecimento de informações

confiáveis para que haja a eficiência da cadeia, e; estrutura do produto, a qual

envolve a coordenação do desenvolvimento de novos produtos.

o Componentes gerenciais e culturais: Métodos de gestão, os quais abrangem

a filosofia corporativa e as técnicas de gestão; Estrutura de liderança e poder, que

varia de transacional até relacionamento cooperativo; Estrutura de partilha de riscos

e recompensas, a qual diz respeito à distribuição dos riscos e compensações entre

os membros da cadeia, e; Cultura corporativa e atitudes, a qual se refere à

compatibilidade da cultura organizacional com as metas estabelecidas para a cadeia

de suprimentos.

• Estrutura da cadeia de suprimentos: De acordo com Spens e Bask (2002),

é necessário definir os componentes da cadeia de suprimentos que devem ser

gerenciados, tendo em vista que nem todos os seus agentes e elos precisam ser

integrados e coordenados. Para tanto, é imprescindível a realização de uma análise,

levando-se em consideração três aspectos, quais sejam:

o Agentes da cadeia: diz respeito à identificação e mensuração da relevância

estratégica de cada empresa em relação ao funcionamento da cadeia;

o Dimensão estrutural: Estrutura horizontal, que se refere ao número de níveis

que compõem a cadeia de suprimentos, responsáveis pela produção; Estrutura

vertical, que diz respeito à quantidade de empresas integrantes de cada nível;

Posição horizontal, a qual defini a localização da empresa foco no arranjo da cadeia

de suprimentos.

Conforme sugerem Lambert (et al. 1998) e Lambert & Pohlen (2001), pode-se

classificar os membros de uma cadeia de suprimentos, de acordo com as atividades

realizadas, quais sejam: primários, que são constituídos por empresas, ou unidades

estratégicas de negócios, que executam atividades operacionais ou gerenciais, que

agregam valor ao produto e/ou serviço, e; de apoio, as quais fornecem recursos,

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conhecimento, utilidades ou ativos aos membros primários, porém não estão

envolvidos, diretamente, no processo de agregação de valor.

o Processos entre os agentes da cadeia: Gerenciais, que exigem integração e

coordenação entre as empresas; Monitorados, nos quais a integração e

coordenação são importantes, e; Não-gerenciais e não-membros, os quais não

exigem monitoramento (SPENS; BASK, 2002).

Figura 4 – Estrutura para a gestão da cadeia de suprimentos.

Fonte: Lambert (et al, 1998) apud Lambert (2010).

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2. LOGÍSTICA

A origem da palavra logística é controversa. Vários autores apontam como

origem provável, o termo francês ‘logistique’ que se constitui a partir da composição

do substantivo logis - abrigo pra um exército ou acampamento, ou ainda do verbo

loger – encontrar alojamento para, alojar, abrigar com o sufixo de origem grega

“istica” (aquele que faz ou fabrica). Estas duas referências aparecem no Online

Etymology Dictionary.

No entanto, é comum na literatura especializada a referência a origem grega

do termo, baseado na composição das palavras logos, no sentido de cálculo ou

razão (TEPIĆ, TANACKOV, STOJIĆ, 2011).

Atualmente, a visão predominante é que o termo “logística” (logistique) foi

usado pela primeira vez pelo general suíço Baron de Jomini (1779–1869) no livro

Précis de l’art de la guerre de 18382 (BERNARDINO, 2012).

No final do século XIX, a palavra passou a ser utilizada nos Estados Unidos e

sua literatura militar adotou o termo "logistics", referindo-se à ciência dos serviços de

apoio, ou seja, transporte e fornecimento de suprimentos para as tropas (TEPIĆ,

TANACKOV, STOJIĆ, 2011). Na Segunda Guerra Mundial, o termo "logística" era

usado em relação ao processo de planejamento e gestão do fornecimento de

suprimentos para as tropas aliadas.

Durante a década de 1960, o termo foi usado pela primeira vez na área civil

no setor de comércio e se referia ao planejamento e implementação de distribuição

física.

2.1 A evolução da logística

A logística relaciona-se à necessidade de prover os recursos demandados

pelas atividades de produção e pelo consumo das sociedades. A ampliação da

complexidade da vida social com o deslocamento das áreas de produção para

pontos distantes dos assentamentos populacionais e a especialização das funções

sociais e a divisão social do trabalho resultaram na necessidade de deslocamento

de produtos, ferramentas e matérias primas entre pontos no espaço. Da mesma

2 JOMINI, A. H (Baron de Jomini). Précis de l’art de la guerre: nouveau tableau analytique des principales

combinaisons de la stratégie, de la grande tactique et de la politique militaire. Vol. 2. Paris: Anselin; G-Laguione, 1838. Disponível em: <https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k86539g.image>. Acesso em: 17 nov. 2018.

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forma, a diferença entre os tempos e volumes de consumo e de produção geraram,

ainda em período muito remoto, a necessidade de estocar produtos e insumos para

a distribuição de seu uso ao longo do tempo.

A expansão da vida urbana e a constituição da divisão social do trabalho

iniciaram a separação entre as áreas de produção e as áreas de consumo. A

emergência de novas demandas que não poderiam ser satisfeitas pela produção

local conduz ao desenvolvimento de intercâmbios de mercadorias e a constituição

de rotas comerciais entre diferentes regiões.

As disputas pelo domínio de áreas de produção conduziram a guerras que

demandavam a mobilização de recursos para as necessidades dos exércitos,

deslocados, por vezes, para regiões muito distantes daquelas de origem (DIAS,

2009). A manutenção de exércitos cada mais numerosos e a sofisticação dos

arsenais teve como efeito o desenvolvimento de embarcações cada vez maiores e

tecnologicamente mais avanças, bem como o de uma rede e armazenamento e

transporte de víveres capaz de suprir as demandas das campanhas militares

(BOSSONI, 2009).

Na Antiguidade Clássica, a expansão do Império Grego e do Império romano

promoveu o desenvolvimento das atividades de planejamento de suprimentos e de

meios mais sofisticados de garantir a sua chegada às tropas (BARKER, 2005).

Ao longo de toda a idade média, o desenvolvimento dos meios técnicos para

transporte evoluiu muito lentamente, visto o declínio da vida urbana e das redes de

comércio na Europa que desmobilizaram os interesses na melhoria tecnológica e

suprimiram o crescimento da abrangência do mercado (BARKER, 2005).

No período das grandes navegações, a expansão das potências europeias se

dá por meio do advento de inovações tecnológicas vinculadas à navegação, o que

resultam no surgimento de uma rede de comércio global envolvendo todos

continentes, com a entrada de novos produtos fabricados nas Américas, Ásia e

África (COUPRIE, 2018).

A partir de meados do século XVIII, o início da revolução industrial e a criação

de um mercado massivo para produtos manufaturados definiu o desenvolvimento de

infraestrutura de transporte e armazenagem que permitiram a expansão da

industrialização e sua consolidação como modelo central para desenvolvimento

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econômico. Ao longo do século XIX, a industrialização dos países europeus e da

América do Norte promoveu a expansão das redes de transportes, com a

modernização de portos e, sobretudo, a expansão da malha ferroviária. Ainda nesse

período, a invenção do motor à explosão e surgimento dos primeiros automóveis

inicia a constituição de uma rede de abrangência mundial para fornecimento de

insumos para a indústria automobilística, desde o petróleo, ao aço e à borracha.

Nas primeiras décadas do século XX, o modelo baseado na linha de

montagem (fordismo) passa a prevalecer a partir dos Estados Unidos e a logística

para obtenção das matérias primas e para a distribuição dos automóveis passa a

desempenhar uma tarefa importante na manutenção da produtividade do sistema,

visto que o funcionamento das linhas de montagem dependia do fornecimento

constante de insumos para a fabricação de peças (PINTO, 2010). Assim, a demanda

da indústria automobilista promoveu a expansão de toda a cadeia de insumos e da

rede logística associada, sobretudo das ferrovias, rodovias e portos.

No entanto, em que pese o desenvolvimento acelerado da indústria e seu

impacto sobre o crescimento dos setores fornecedores de insumos, a expansão do

mercado consumidor e a existência de poucos agentes na estrutura de concorrência,

os problemas vinculados aos custos de transporte e armazenamento apresentavam-

se como questões secundárias e pareciam ser absorvidas pelas empresas, em

razão da relativa abundância de capitais capazes de financiar a infraestrutura e a

operação das unidades fabris.

Neste contexto, a atenção ligada aos problemas relativos aos custos de

transporte e de equilíbrio entre oferta e demanda de mercado, ocorreu a partir dos

anos 30, sobretudo a partir da crise de 1929, com a redução da disponibilidade de

capitais para o financiamento das empresas.

A partir da década de 1940 e, sobretudo na década seguinte, configura-se o

campo para o desenvolvimento e a adoção de estratégias logísticas consistentes e

baseadas na análise racional dos processos, em um contexto de atribuição de

elevada atenção aos pormenores das operações de transporte e armazenagem,

com vistas à redução de custos e controle da oferta de produtos (FIGUEIREDO &

ARKADER, 1998).

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A partir desse momento, desenvolve-se com mais ênfase as análises sobre

logística a partir dos estudos produzidos no campo das ciências militares e postos

amplamente em prática durante a Segunda Guerra Mundial (FIGUEIREDO &

ARKADER, 1998).

O desenvolvimento de técnicas e métodos logísticos atingiu novo patamar a

partir da necessidade de reconstrução das cidades e da infraestrutura europeias

devastadas pela Segunda Guerra Mundial, ocorrida no período compreendido ente

1939 e 1945 (POZO, 2004). A complexidade e a dimensão dos projetos definidos a

partir do Plano Marshall3 propôs um novo desafio para as empresas encarregadas

do planejamento e da execução das obras, bem como da reconstrução do parque

industrial europeu. Em primeiro lugar, as empresas teriam que lidar com a

desorganização provocada pelo conflito nos setores fornecedores de insumos. Em

segundo lugar, a destruição de boa parte da infraestrutura de transporte existente

em muitos países dificultava a movimentação de insumos e mão de obra.

A partir dessa década, as empresas europeias iniciaram a adoção do modelo

fordista, com produção de peças facilmente articuláveis que permitiam ganhos de

tempo na montagem, com a necessidade de poucos ajustes e o cumprimento de

programas muito específicos de verificação de padrões, detecção de defeitos e

manutenção da qualidade. Rapidamente o modelo se espalhou pelo continente em

vários setores industriais. A adoção do modelo foi responsável pela rápida

recomposição da infraestrutura industrial europeia, bem como pela sua recuperação

econômica nas décadas seguintes.

No Japão, as características do mercado e a baixa disponibilidade de recurso

resultou na adoção de um modelo denominado produção enxuta criado pela Toyota

a partir da análise de problemas no modelo Fordista de administração da produção

pela. A adoção de princípios como a redução do desperdício e o rigor na qualidade

dos produtos conduziram à rápida recuperação da indústria e da economia

japonesas (PINTO, 2010).

Em 1974, Hans-Christian Pfohl elencou as tarefas características da área,

sistematizando conceitos, axiomas e modelos iniciando uma abordagem científica da

3 O Plano Marshall, conhecido oficialmente como Programa de Recuperação Europeia, foi o

principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do Secretário do Estado dos Estados Unidos, George Marshall.

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logística (TEPIĆ, TANACKOV, STOJIĆ, 2011). A logística adquire relevância no

planejamento das estratégias corporativas e o seu desenvolvimento conceitual e de

suas ferramentas permite aplicações numa variedade de setores, não somente na

indústria, mas também nos serviços.

A cadeia de suprimentos e a logística passaram a ser importantíssimas para

as empresas da atualidade, sobretudo, pela expansão da capacidade global de

transporte e o modelo de montagem baseado em componentes produzidos por

diferentes empresas situadas em lugares distintos. O particionamento da produção

de bens, permitida pela elaboração de projetos baseados na montagem de

componentes promoveu a constituição de complexas redes de fornecimento de

insumos, peças e matérias-primas, cada um destes fabricados em locais específicos

que permitem a redução de custos de produção e o equilíbrio dos custos transporte

e armazenagem.

Com efeito, a cadeia de suprimentos (supply chain) englobou a logística. A

logística passou a ser compreendida como um processo dentro da cadeia de

suprimentos, sendo uma de suas etapas, que pode ser terceirizada, à qual se refere

à movimentação física de insumos e produtos, tendo em vista o cumprimento de

prazos e a redução de custos operacionais. Desta forma, o conceito de cadeia de

suprimentos e de logística são interligados e interdependentes.

2.2 Logística: conceitos básicos

No início deste capítulo, utilizou-se uma definição genérica para logística,

baseada em suas origens no campo da atividade militar. No entanto, como pode se

observar. Na seção anterior, as mudanças no cenário econômico contribuíram para

a ampliação do alcance do termo de forma a agregar um conjunto de conceitos

articulados que refletem o atual estágio da atividade empresarial.

A primeira ideia a ser considerada é a de que a logística se constitui em um

dos processos necessários à satisfação dos clientes, visto que abrange diversas

operações vinculadas tanto a produção (oferta) com a recepção dos produtos por

parte do cliente (demanda). Esquematicamente, têm-se:

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Figura 5 – Objetivo da logística.

Uma definição bastante precisa para o termo logística é aquele estabelecido

pelo Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), para o qual

logística é

O processo de planejar, executar e controlar o fluxo e armazenagem – de forma eficaz e eficiente em termos de tempo, qualidade e custos – de matérias primas, materiais em elaboração, produtos acabados e serviços, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com objetivo de atender às exigências do consumidor.

Figura 6 - Diagrama do conceito de logística segundo a CSCMP.

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Nesta definição, o fluxo corresponde à movimentação e ao transporte de

matérias primas e produtos finais e intermediários, insumos, máquinas e

equipamentos. A armazenagem corresponde aos processos de manutenção de

estoques de matérias primas, produtos intermediários e produtos finais. Estas duas

funções estão associadas a praticamente todos os processos industriais e

influenciam, apoiam e regulam os processos de fabricação em si.

O conjunto dessas operações deve se efetivar de maneira eficaz (atingindo os

resultados esperados) e eficiente (melhor rendimento com menor dispêndio) de

forma a cumprir as exigências do consumidor, estas compreendidas como o foco ou

objetivo final de todo o processo logístico.

Com efeito, dentro de uma empresa a logística persegue os seguintes

objetivos:

• A redução dos custos: atuando para a redução dos custos variáveis

relativos ao transporte e à armazenagem;

• A redução de capital por meio da priorização da redução de investimentos

em sistemas logísticos;

A missão da logística é disponibilizar o produto certo, na quantidade certa, no

lugar certo, no tempo certo, no mínimo custo.

2.2.1 Atividade primárias da logística

As atividades primárias contribuem para a redução de custos da empresa e

tem o potencial de impactar todo o desempenho corporativo.

• Transporte

O transporte é a operação de deslocamento de insumos ou produtos da

origem para o destino. Inclui as operações de carga e descarga, o sistema de

informação e controle da movimentação.

A natureza dos produtos, o volume e seu valor agregado, bem como a

disponibilidade de modais de transporte (rodoviário, ferroviário, hidroviário,

aeroviário, dutoviário) e seus serviços de apoio, são elementos que definem a

escolha da estratégia de transporte, considerando os preços e a eficiência associada

a cada opção (BALLOU, 1993).

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O desempenho da atividade de transporte, no âmbito da logística empresarial,

pode ser avaliado, segundo Bowersox, Closs, Cooper (2007), por meio de três

fatores:

o Custo: corresponde ao valor investido para o embarque e movimentação

entre duas localizações.

o Velocidade, relaciona-se ao tempo necessário para completar um

deslocamento. Em geral, a velocidade relaciona-se ao custo de forma diretamente

proporcional, ou seja, quanto maior a velocidade, maior o custo;

o Consistência: é a medida da variabilidade do tempo necessário para

execução da operação de transporte, considerando os tempos de embarque e

deslocamento. É o fator ligado à confiabilidade da operação.

Além desses fatores, para Ballou (1993), os danos e as perdas de produtos

na operação de transporte são elementos importantes a em considerados, uma vez

que estas ocorrências interferem na satisfação do cliente e implicam na elevação

dos custos logísticos.

O transporte representa, na maioria dos casos, uma parcela substancial dos

custos logísticos. As flutuações nos preços dos combustíveis e no valor dos fretes

representam um elemento de instabilidade dos custos. Em termos nacionais, a

qualidade e distribuição da malha de transportes atua como um determinante na

competitividade das empresas, visto que a disponibilidade dos diversos modais, bem

com a sua abrangência, atua como fator importante na composição de custos

operacionais das empresas.

• Manutenção de estoques

A manutenção de estoques tem como função atingir um grau razoável de

disponibilidade do produto de acordo com a sua demanda; ou seja, manter um

estoque mínimo com os menores níveis possíveis sem que acumule e/ou afete a

disponibilidade desejada pelos clientes, assim, mostrando que os estoques podem

agir como amortecedores entre a oferta e a demanda.

É considerada como uma atividade logística primária por contribuir com

grande parcela do custo total da logística, também sendo essencial para uma boa

gestão das metas e objetivos logísticos de uma empresa. É interessante utilizar

os estoques como regulador de demanda, pois ele é responsável por,

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aproximadamente, um a dois terços dos custos logísticos, diminuindo a espera e

satisfazendo o cliente de forma mais rápida e efetiva.

• Processamento de pedidos

O processamento de pedidos é uma etapa importante, representa várias

atividades incluídas no ciclo do pedido, sendo elas a preparação, a transmissão, o

recebimento e expedição do pedido e o relatório da situação.

Estas atividades necessitam de um determinado tempo para serem

completadas que, dependendo do pedido, pode ser maior ou não.

O processamento de pedidos é representado por um conjunto de atividades

que compõem o ciclo do pedido do cliente, iniciando pela preparação, transmissão,

entrada ou recebimento, atendimento (separação e produção), expedição, transporte

e recebimento pelo cliente (Fleury, 2003).

Segundo Ballou (1993), entrada e processamento de pedidos são atividades

burocráticas de coleta, verificação e transmissão das informações referente às

vendas realizadas. São fatores primordiais no tempo total do ciclo do pedido.

Os custos de processamento de pedidos tendem a ser pequenos quando

comparados aos custos de transportes ou de manutenção de estoques. Contudo,

processamento de pedidos é uma atividade logística primária. Sua importância

deriva do fato de ser um elemento crítico em termos do tempo necessário para levar

produtos e serviços aos clientes.

As atividades do processamento de pedidos podem tomar mais de 50% do

tempo do ciclo de pedido (que está diretamente ligado com o nível de serviço). O

aprimoramento da forma com que a organização gira o seu ciclo de pedidos pode

fazer com que ela tenha uma vantagem em relação às suas concorrentes.

2.3 Logística e estratégia empresarial

A logística vincula-se à produção de forma a garantir as condições de sua

realização. Neste sentido, a logística relaciona-se intrinsecamente com o sistema de

produção utilizado pela empresa e decorre da estratégia competitiva adotada que,

por sua vez é subsidiária da estratégia corporativa.

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Para Christopher (1999), os elementos de um sistema logístico não atuam de

forma isolada e se justificam pela contribuição que dão à performance total do

sistema, alinhando-se à estratégia corporativa e estratégia competitiva da

organização, conforme ilustrado na figura 7.

Desse modo, a gestão logística está vinculada ao planejamento, à

coordenação e às operações. A partir de planos estratégicos, são definidas políticas

e sistemas operacionais, que devem ser coordenadas tendo em vista a consecução

dos objetivos organizacionais, agregando valor aos serviços, adicionando menores

dispêndios possíveis ao custo total.

Figura 7 – A estratégia logística no escopo da estratégia empresarial.

A adoção de um ou outro sistema de produção define a ênfase que terá o

processo logístico e qual a distribuição das capacidades deve ser organizada para

cada uma das atividades. Os principais sistemas de produção, de acordo com Pires

(2009), são:

• MTS (make to stock): produção para estoque;

• ATO (assembly-to-order): montagem sob encomenda;

• MTO (make to order): produção sob encomenda;

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• ETO (engineering to order): engenharia sob encomenda;

. No sistema MTS, o custo de estocagem é significativo, tendo em vista que

gestão dos estoques deve considerar o alcance de máxima eficiência e regular

inclusive a produção (TORRES e FERNANDES, 2005).

No sistema ATO, o estoque de matérias primas e peças se constitui de

componentes de alta demanda, armazenados antes do registro de pedidos, porém o

produto final é definido pelo cliente.Desta forma, o envolvimento do cliente com as

características do produto é limitado à seleção do conjunto de componentes

necessários à montagem do produto solicitado (PACHECO e CANDIDO, 2001).

No sistema MTO, de acordo com Torres e Fernandes (2005), os estoques de

produtos finais não existem, mas sim de matérias primas devem ser geridos

considerando possíveis flutuações de quantidade, qualidade e disponibilidade de

matérias primas que possam afetar a qualidade e os custos envolvidos na produção.

A gestão eficiente de estoques deve garantir redução de custos.

No sistema ETO, de forma semelhante ao sistema MTO, o estoque de

produtos acabados não existe. Pode haver estoque mínimo de componentes

básicos. No entanto, a capacidade de identificação e mobilização de fornecedores

deve ser elevada, visto que a produção efetiva se inicia após o delineamento das

especificações do desenho do produto (ARNOLD, 1999). A logística deve apontar os

limites e possibilidades para a execução do projeto proposto, considerando a

demanda de transporte, a obtenção de insumos e os custos implicados.

2.4 Avaliação do desempenho logístico

Um sistema de avaliação de desempenho logístico é um conjunto conexo de

indicadores que tem por objetivo o monitoramento de varáveis com vistas a atuação

preventiva visando a eliminação de causas de insatisfação ou a elevação dos níveis

de satisfação de clientes (LOHMAN et al., 2002, LIMA Jr., 2001).

Neste sentido, Bowersox e Closs (2001) estabelecem que os três objetivos de

um sistema de avaliação de desempenho logístico são realizar o monitoramento,

instituir o controle e prover informações para direcionar as operações.

Um sistema de avaliação, segundo Benita Beamon (1999), deve apresentar,

para garantir a sua efetividade, a seguintes características:

• Abrangência, ou seja, deve medir todos os aspectos pertinentes;

• Universalidade, de forma a permitir a comparação sob várias condições;

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• Mensurabilidade, que garante que os dados possam ser coletados e medidos

de maneira inequívoca;

• Consistência, de maneira a refletir os objetivos da organização.

Para a autora, um aspecto relevante a ser considerado no desenho de um

sistema de avaliação e a maneira como cada medida deve ser integrada ao sistema,

definindo-se a frequência de realização das medidas, bem como a sua reavaliação.

Considerando que os indicadores de desempenho são uma expressão

quantitativa da eficiência ou da eficácia dos processos (LOHMAN et, al, 2002), a

escolha de um dado indicador como integrante de um sistema de avaliação deve

considerar os atributos que levarão a empresa a atingir os objetivos em sua

estratégia corporativa (KAYDOS, 1999).

Assim, Segundo Rey (1999), os indicadores de desempenho logístico devem

estar alinhados com os indicadores de desempenho corporativo. Bhardwaj (2003)

defende que para se obter os benefícios desejados na cadeia de suprimentos,

devem ser medidos três tipos de indicadores:

• Métricas relacionadas aos clientes: quão frequente - e quão bem - as

expectativas do cliente estão sendo atendidas? Alguns dos indicadores utilizados

são a taxa de atendimento das ordens de vendas e o nível de serviço.

• Métricas relacionadas aos estoques: indicadores comuns são classificações

ABC, números de rupturas de estoque, giros de estoque e valor do investimento total

em estoque.

• Métricas relacionadas aos fornecedores: medem a capacidade de

atendimento dos fornecedores. Um indicador usual diz respeito ao número de

ordens de compra atendidas na quantidade e data exatas dividido pelo número total

de ordens de compra.

Para Lohman et al. (2002), os seguintes itens devem ser cobertos pelos

indicadores ligados à estratégia da empresa.

• Cliente: nível de satisfação, taxa de preenchimento de ordens.

• Financeiro: medidas de custo por unidade, medidas relacionadas a inventário.

• Fluxo de produto: aderência ao plano de produção, produtividade e base para

medidas relacionadas à entrega de produtos.

• Pessoas: satisfação dos empregados, desenvolvimento profissional e

diversidade.

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• Melhoria de processo: progresso de projetos chave, qualidade dos

suprimentos e complexidade das operações.

• Sustentabilidade.

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3. O INDICADOR-CHAVE DE DESEMPENHO ON TIME IN FULL

Com a evolução do mercado mundial, ocorrida nas últimas três décadas, na

qual a exigência por produtos e serviços de alta qualidade demandou das empresas

a realização de profundas modificações em sua estrutura organizacional, até se

chegar ao nível de complexidade encontrado atualmente, passou-se a ter a

necessidade do desenvolvimento de ferramentas que permitam a visualização do

funcionamento dos vários processos executados pelas organizações.

Desse modo, foram desenvolvidos diversos modelos de Avaliação de

Desempenho Empresarial (ADE), que possuem como objetivo a mensuração do

desempenho dos processos nas suas interfaces e que, de acordo com Slack (1993),

atravessaram um cenário evolutivo, passando de um viés direcionado para medidas

exclusivamente financeiras, galgando para uma aferição de desempenho nos

aspectos competitivos de custo, prazo, qualidade, velocidade e confiabilidade.

Assim, para Gunasekarana, Patel e Mcgaughey (2004), a medição de

desempenho realiza um papel extremamente relevante para o êxito de uma

organização, tendo em vista seus impactos em relação ao processo de

planejamento e controle nos níveis estratégico, tático e operacional, à medida que

interfere na definição dos objetivos, na avaliação do desempenho e na identificação

de novos rumos de atuação.

Desta forma, Holmberg (2000) explicita que os sistemas de medição de

desempenho são uma importante ferramenta para a gestão das empresas, visto que

fornecem elementos necessários para uma tomada de decisão de maneira mais

segura, desde que corretamente projetados e estruturados, para que integrem

informações sobre sistemas relevantes, tais como a revisão e desenvolvimento de

estratégias, contabilidade gerencial, administração por objetivos, medidas de

desempenho não-financeiras formais e informais, programas de incentivos/bônus e

avaliações de desempenho individual (BITITCI, CARRIE, e MCDEVITT, 1997, p.

525).

Segundo Ballou (2011), o intuito da medida de desempenho é a promoção de

informações sobre o desempenho das atividades logísticas, especialmente quando a

variabilidade exceder uma amplitude aceitável.

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Desta forma, de acordo com Machesini e Alcântara (2011, p. 05), os objetivos

da medição de desempenho são:

Identificar o sucesso; identificar se as necessidades dos clientes estão

sendo satisfeitas; ajudar a organização no entendimento de seus processos (confirmar o que é conhecido ou revelar o que não é conhecido); identificar onde existem problemas, gargalos e perdas e onde melhorias são necessárias; garantir que decisões sejam tomadas com base em fatos e não em suposições, emoções, fé ou intuição; mostrar se as melhorias planejadas realmente acontecem.

Cruz (2009) explicita que são utilizados indicadores, os quais expressam os

resultados da organização, o que possibilita o confronto com sua visão, para a

identificação de gargalos, e implementação de medidas e iniciativas que corrijam

lacunas, de forma que ocorra a concretização dos objetivos organizacionais.

Para a avaliação do desempenho logístico, utilizam-se os denominados

Indicadores de Desempenho Logístico, também chamados de Indicadores-chave de

Desempenho, Key Performance Indicator ou KPIs, os quais são métricas utilizadas

para a medição e avaliação periódica do desempenho dos processos chave de uma

organização, para a identificação de aspectos passíveis de melhorias.

Os indicadores-chave de desempenho podem ser aplicados a vários setores

da empresa, fornecendo informações pertinentes a qualquer etapa de um processo,

possibilitando a verificação da eficiência de sua execução e mensuração do

resultado obtido, extrapolando as medições de indicadores financeiros. Desta forma,

Neves (2009), esclarece que indicadores de desempenho são veículos de

comunicação na empresa, na medida que comunicam sua missão e visão aos mais

baixos níveis hierárquicos.

Existem muitos indicadores de desempenho logístico, que contemplam muitas

atividades, tais como transporte, armazenagem, movimentação e gestão de

estoques, dentre os quais se destaca o On Time in Full (OTIF), que, de acordo com

Oliveira e Araújo (2009, p. 236):

É um indicador de desempenho que monitora a qualidade da entrega de produtos e serviços, com o objetivo principal de aumentar a satisfação dos clientes, estabelecendo qual o nível de serviço que a organização lhes oferece. Sua sigla representa as letras iniciais dos termos em inglês On Time In Full, o que conceitualmente significa: On Time: produtos/serviços devem ser entregues numa determinada data, horário ou janela de horas e local, previamente especificado em conjunto com o cliente; In Full: os produtos/serviços devem estar dentro das especificações acordadas com o cliente: qualidade intrínseca, dimensões, quantidade,

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perfeitas condições físicas e quaisquer outros atributos específicos de cada setor.

Em relação à sua medição, o indicador é do tipo binário, ou seja, seus

resultados possíveis são 0 (zero), para o caso em que o produto “não atende” aos

requisitos do pedido, ou 1 (um), para o caso em que atende. Vale ressaltar que tais

requisitos devem ser previamente estabelecidos em conjunto com os clientes, por

meio de cláusulas contratuais, também conhecidas como SLAs (Service level

agreement) ou acordos de nível de serviço (CACHOLA, 2014). O OTIF, segundo

Araújo (2008), é calculado a partir da fórmula apresentada a seguir:

OTIF=Entregas Perfeitas no Período

Total de Entregas no Período×100

Por ser um indicador que mede o nível de serviço ao cliente, o OTIF tem uma

forte relação com as despesas logísticas envolvidas na entrega do produto. Desta

forma, os níveis/ critérios de avaliação utilizados devem ser periodicamente

revisados, com a finalidade de evitar prejuízos para os custos logísticos

relacionados, e assim, maximizar o lucro da empresa (ROCHA; JACINTO; SANTOS,

2017).

A partir da consolidação do OTIF como ferramenta gerencial, é possível ter

maior controle sobre o estoque e maior nível de confiabilidade dos fornecedores,

além de proporcionar uma maior disponibilidade de insumos. Desse modo, obtém-se

a redução (ou até mesmo a eliminação) do risco de descontinuidade da produção,

por ausência de matérias-primas.

De acordo com Oliveira e Araújo (2009), o OTIF é um indicador que pode ser

inserido ao longo de toda a cadeia de suprimentos, para todos os processos, desde

a aquisição de matéria-prima, até a distribuição física dos produtos aos clientes.

Desta forma, de maneira geral, o OTIF pode apresentar o seguinte desdobramento:

• OTIF Fornecedor: Verifica o desempenho dos fornecedores, quanto à entrega

de matérias-primas ou insumos;

• OTIF Suprimentos: Mensura a atuação da logística interna, quanto à

movimentação da matéria-prima da área de armazenagem, até a área de produção;

• OTIF Produção: É utilizado para aferir o desempenho das diversas etapas do

processo produtivo;

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• OTIF Vendas: Tem como intuito a verificação da agilidade com que a área

comercial transmite as informações sobre o pedido para a área de planejamento e

programação da produção;

• OTIF Logística: Avalia a entrega do produto ao cliente, e em consequência,

seu nível de satisfação. Se subdivide em dois outros indicadores, quais sejam: OTIF

despacho, o qual mede o desempenho da logística interna de produtos acabados, e;

OTIF entrega, que mensura a logística externa à empresa, na etapa de entrega final

dos produtos aos clientes (OLIVEIRA e ARAÚJO, 2009).

Figura 8 – O OTIF a partir de uma cadeia de suprimentos genérica.

A implantação do OTIF deve levar em conta a cultura organizacional

envolvida, para que sejam evitadas medições equivocadas, desdobrando-se por

toda a cadeia de suprimentos, para que seja possibilitada uma visualização externa

do nível de serviço ao cliente, bem como uma avaliação dos processos internos da

organização.

Conforme Oliveira e Araújo (2009), o processo de implantação do OTIF deve

ser desenvolvido a partir da utilização de ferramentas de três áreas de

conhecimentos, quais sejam: Gestão Estratégica; Gerenciamento de Projetos, e;

Gerenciamento de Processos, que devem ser interligados desde o planejamento

estratégico até o gerenciamento da rotina da empresa, originando um ciclo de

gestão integrada.

Ainda de acordo com Oliveira e Araújo (2009), a metodologia de implantação

deve seguir cinco fases, conforme descrito a seguir:

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• Definição do sistema de desdobramento do OTIF: diz respeito à maneira

como o OTIF será incorporado ao longo da cadeia de suprimentos da empresa. Para

tanto, deve ser realizado um mapeamento dos macroprocessos e suas interfaces,

para serem identificados os pontos de medição sob a responsabilidade de cada

área.

• Identificação da situação atual do OTIF e os Gaps de desempenho: refere-se

à identificação do grau de desempenho em que a empresa se encontra. Nesta fase,

também são definidos os resultados pretendidos (metas) do indicador, através de

algumas metodologias, tais como o Benchmarking, no qual são analisados

referenciais comparativos relevantes, além de pesquisas direcionadas ao cliente.

Após a identificação do patamar atual e o estabelecimento dos resultados

desejados, são definidos os Gaps (lacunas) de desempenho, concernentes ao

indicador.

• Estabelecimento do foco do problema: diz respeito à utilização de ferramentas

estatísticas para o estabelecimento da localização do foco do problema, com o

intuito de realizar uma averiguação mais minuciosa.

• Identificação das relações de causa e efeito do OTIF: nesta etapa, ocorre um

aprofundamento do conhecimento das relações de causa e efeito do indicador, com

a utilização de instrumentos de análise de fenômenos e análises de processo, para

que seja definida uma forma de atuação e, especialmente, sejam determinadas as

causas essenciais e prioritárias para que o desempenho esteja abaixo dos níveis

desejados.

• Proposição de soluções de melhorias: há, nesta etapa, a elaboração de

propostas que visem o impulsionamento dos resultados para um patamar superior,

por meio de políticas, as quais definem as estratégias corporativas para a

determinação do nível de serviço, a ser ofertado ao cliente; projetos, os quais têm a

finalidade de implementar melhorias significativas, e; planos de ação, que buscam

alcançar melhorias incrementais no processo.

Diante do exposto, verifica-se que o OTIF é um dos indicadores de

desempenho logístico mais relevante para as empresas, pois avalia a operação

através da perspectiva do cliente, o que permite alinhar as decisões e ações à

estratégia empresarial, tendo em vista o aperfeiçoamento dos processos

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compreendidos pela cadeia de suprimentos, o que pode ocasionar a ampliação da

vantagem competitiva.

3.1 O On Time In Full e a satisfação do cliente

O objetivo primordial da gestão da cadeia de suprimentos é ofertar o nível e a

qualidade de produtos e/ou serviços que os clientes exigem, a um custo adequado.

Desta forma, é necessário o desenvolvimento de uma estratégia logística

direcionada ao mercado, cuja meta seja a obtenção de um “serviço de excelência”,

de forma coerente e com reduzidos custos (CHISTOPHER, 2009).

Desse modo, o gerenciamento logístico desempenha um papel essencial para

a ampliação dos níveis de satisfação, e em consequência, para a retenção de

clientes, desde que os objetivos dos serviços sejam definidos, tendo em vista suas

exigências.

O “pedido perfeito”, desta forma, precisa ser o alicerce para a elaboração de

padrões e medidas de desempenho dos serviços/produtos, oferecidos aos clientes,

e o seu acompanhamento, com a utilização do OTIF, é de suma importância para

que seja permitida à empresa a visualização dos resultados das estratégias

utilizadas, e se estas estão sendo adequadas ao cumprimento dos acordos firmados

com os clientes, bem como eventuais distorções, para que medidas corretivas sejam

adotadas para o fortalecimento do relacionamento com os clientes, e consequente

melhoria do desempenho organizacional.

Assim sendo, verifica-se que este indicador de desempenho possui a

preocupação intrínseca em atender o cliente, de forma a superar suas necessidades

ou expectativas, tendo em vista a dinamicidade do mercado atual, o qual exige que

as organizações aprimorem cada vez mais a qualidade dos produtos/serviços

disponibilizados, assim como o fornecimento de informações eficazes para a

compreensão e otimização das suas atividades, nos níveis estratégico, tático ou

operacional (FREITAS et al, 2012).

De acordo com Reis (2001), até recentemente, as empresas possuíam

apenas a preocupação com suas capacidades operacionais, concentrando-se no

desempenho dos produtos e na incorporação de inovações tecnológicas, para a

garantia da produção de itens de alta qualidade, sem a verificação do atendimento

às necessidades do cliente. Contudo, as organizações que possuíam essa visão de

negócio passaram a perder mercado, pois com o acirramento da concorrência,

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tornou-se fundamental o monitoramento dos processos internos, com o intuito de

agregar valor ao produto a ser oferecido ao cliente correto.

Dessa forma, atualmente, um dos objetivos basilares de grande parcela das

empresas é o atendimento às necessidades dos clientes (MARCHETTI e PRADO,

2001). Exemplo disso são as definições de missão e visão, nas quais se estabelece,

rotineiramente, como meta “ser o principal fornecedor de nossos clientes” (KAPLAN

e NORTON, 1997), uma vez que a satisfação do cliente e o foco no mercado são as

forças determinantes para a sobrevivência e o progresso das organizações, a longo

prazo (CAMPOS, 1998).

Acerca do conceito de satisfação, Fornell e Johnson (1991) a definem como a

avaliação, por parte do cliente, do desempenho do produto/serviço, a qual deve

contemplar vários fatores, aferindo as implicações da qualidade do produto, da

qualidade do serviço em relação ao preço cobrado.

Já para Kotler (2000), a satisfação do cliente depende do desempenho da

oferta em relação às suas expectativas, que consiste na sensação de contentamento

ou desapontamento em relação ao produto adquirido ou ao serviço contratado.

Desse modo, o OTIF é considerado o indicador chave mais relevante na

cadeia logística, uma vez que analisa o desempenho da operação sob a ótica do

cliente, pois verifica a eficácia no cumprimento dos prazos e a eficiência de todos os

processos de atendimento, ou seja, obedecendo as especificações acordadas no ato

do pedido (entrega no local solicitado, completo, sem erros e dentro de todas as

características esperadas).

Para Kaplan e Norton (1997), os indicadores direcionados à aferição da

satisfação dos clientes são fundamentais, tendo em vista que explicitam as diretrizes

a serem adotadas internamente pela organização, com o intuito de exceder as

expectativas dos clientes, e neste sentido, devem concentrar suas ações nos

processos logísticos-chave.

De acordo com Zeithaml, Bitner e Gremler (2011, p.114), “as expectativas dos

clientes são crenças acerca da execução de um serviço que servem como padrões

ou pontos de referência a fim de julgar o desempenho” (qualidade percebida). As

expectativas dos clientes são constituídas a partir das experiências anteriores de

compra, da propaganda realizada de forma verbal de um pessoa para outra, da

mídia, da propaganda, entre outros, e espera-se um efeito positivo deste construto

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na qualidade percebida, no valor percebido e na Satisfação do Cliente (ANDERSON;

FORNELL; LEHMANN, 1994; FORNELL et al., 1996).

Na indústria de manufatura, de uma maneira geral, as definições para

atendimento do cliente seguem a lógica dos indicadores de desempenho adotados,

os quais devem estar de acordo com a estratégia da empresa, e no caso do OTIF,

as dimensões a serem observadas estão elencadas na figura 9.

Figura 9 – Dimensões da satisfação do cliente.

De acordo com Fleury (2000), a organização deve cumprir o OTIF, tendo em

vista alguns aspectos a serem considerados, quais sejam: a facilidade de finalizar a

transação; a disponibilidade de produtos; o prazo de entrega; a consistência do

prazo; o sistema de informação de apoio; o sistema de correção de falhas;

desempenho na entrega física, e; flexibilidade. Assim, respeitando-se tais

dimensões, a satisfação do cliente será garantida.

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4. A UTILIZAÇÃO DO INDICADOR OTIF COMO FERRAMENTA PARA A SATISFAÇÃO DO CLIENTE: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DA INDÚSTRIA CIMENTEIRA

4.1 Percurso metodológico

Para a realização da pesquisa proposta, foi definida a metodologia a ser

seguida, considerada mais adequada para as características do estudo, que

consiste em três momentos: o primeiro, a revisão da literatura, que consiste na

análise da bibliografia específica acerca do tema em estudo, que proporcionou o

contato com mais teorias e experiências compartilhadas acerca da gestão da cadeia

de suprimentos, logística e definição de indicadores de desempenho estratégicos,

além dos conceitos referentes ao indicador OTIF e satisfação de clientes, e; outro do

tipo estudo de caso, o qual ajusta-se a uma abordagem qualitativa e é

constantemente empregado para a coleta de dados no âmbito de estudos

organizacionais (CESAR, 2006, p.03).

Conforme Cardoso et al (2010)

A revisão da literatura é uma parte vital do processo de investigação. Aquela envolve localizar, analisar, sintetizar e interpretar a investigação prévia (revistas cientificas, livros, atas de congressos, resumos, etc.) relacionada com a sua área de estudo; é, então, uma análise bibliográfica pormenorizada, referente aos trabalhos já publicados sobre o tema.

Desta forma, a revisão da literatura teve como intuito a verificação dos

resultados obtidos pela adoção do OTIF para a mensuração do desempenho das

operações de produção e sua utilização como ferramenta para a promoção da

satisfação do cliente, e se deu a partir da compreensão e interpretação de textos,

experiências e pesquisas, divulgados em meio impresso e virtual.

A segunda fase se constituiu de uma “técnica documental, a qual vale-se de

documentos originais, que ainda não receberam tratamento analítico por nenhum

autor. [...] é uma das técnicas decisivas para a pesquisa em ciências sociais e

humanas” (HELDER, 2006:1-2). Desse modo, foram analisados relatórios gerados a

partir da utilização do indicador de desempenho OTIF, a fim de verificar os

resultados obtidos pelo setor de logística, referentes ao exercício 2018.

No terceiro momento (a pesquisa de campo), houve uma coleta de dados,

que se deu através do instrumento denominado entrevista semiestruturada, que de

acordo com Oliveira, Martins e Vasconcelos (2012), quando utilizada na pesquisa

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qualitativa em Administração, possui como objetivo a exploração de “pontos de vista,

experiências, crenças e/ou motivações dos indivíduos sobre questões específicas no

campo organizacional, atendendo especialmente a finalidades exploratórias, ao

abordar experiências e pontos de vistas dos atores inseridos nestes contextos”

(p.06), e é constituída de várias questões-chave, as quais auxiliam na definição de

áreas a serem investigadas, porém também permite ao entrevistador ou

entrevistado, a manifestação de divergências, a fim de obter uma ideia ou resposta

mais detalhada (OLIVEIRA, MARTINS E VASCONCELOS, 2012, p.06).

Assim, foi construído um roteiro para a aplicação de uma entrevista semi-

estruturada, direcionada aos colaboradores da empresa em estudo, com o intuito de

obter informações acerca da utilização do indicador de desempenho OTIF, e das

ações implementadas a partir dos resultados obtidos. E, por fim, as informações

coletadas foram analisadas à luz do referencial teórico utilizado, com o objetivo de

produzir inferências.

4.2 Caracterização da realidade estudada

O objeto de estudo é uma empresa fabricante de cimento, controlada por uma

holding operacional que atua no Brasil e em mais treze países, sendo a líder do

mercado nacional, no qual tem participação de 40%, e a oitava empresa global do

setor.

O estudo de caso foi realizado, mais especificamente, em uma unidade

instalada no Estado do Pará, situado na mesorregião Nordeste Paraense,

microrregião Bragantina, distante cerca de 194 km da capital do Estado, Belém, em

linha reta.

A fábrica foi inaugurada em 23 de junho de 2016, executando as atividades

de lavra de calcário, minerado localmente; disposição de estéreis; britagem de

minério; transporte do minério até o armazenamento da fábrica; moagem da matéria-

prima, fabricação de clínquer; moagem de cimento, e; expedição, conforme

fluxograma apresentado na figura 10.

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Figura 10 – Etapas da fabricação de cimento.

Fonte: Relatório de impacto no Meio Ambiente – Projeto Primavera/PA, CEMA Consultoria e

Estudos Ambientais Ltda, 2011.

A produção, que é de cerca de 1.200.000 toneladas de cimento/ano, é

destinada ao abastecimento dos mercados localizados na região Norte e Nordeste, e

conta com uma cadeia de suprimentos que envolve empresas de diversas regiões

do mundo.

De acordo com as definições constantes na visão da empresa, um de seus

pilares estratégicos diz respeito ao foco no cliente, no qual as decisões corporativas

são tomadas com base em suas necessidades, sendo elaborados modelos

específicos de negócios para atender clientes com diferentes objetivos e

necessidades. Além disso, as ações de todas as áreas da empresa direcionam-se à

obtenção de resultados que gerem satisfação ao cliente.

4.3 Caracterização do corpus da pesquisa

4.3.1 Colaboradores da Empresa

O instrumento de coleta de dados foi aplicado aos colaboradores que atuam,

especificamente, na área de Logística da empresa, tendo em vista que o OTIF é

utilizado apenas neste setor, com o intuito de avaliar a entrega do produto ao cliente,

tendo em vista a previsão de carregamento até a data de chegada e entrega do

pedido em seu destino.

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O setor possui quinze colaboradores, sendo dois supervisores (de logística e

de carregamento), oito operadores de Logística Jr e cinco operadores de

empilhadeira, os quais exigem formação de nível superior, médio e fundamental,

respectivamente.

Assim, participaram da pesquisa, dez colaboradores, sendo dois

Supervisores e oito Operadores de Logística Jr., devido à natureza da atividade

desempenhada, e por terem contato direto com o indicador em estudo, conforme

composição descrita abaixo:

Quadro 1 - Funcionários entrevistados segundo o cargo e a formação.

Nº Cargo Formação Tempo na empresa Tempo na função

01 Supervisor de carregamento Superior 01 ano 01 ano

02 Supervisor de logística Superior 04 anos 02 anos

03 Operador de Logística Jr Médio 07 meses 07 meses

04 Operador de Logística Jr Técnico 02 anos e 06 meses 02 anos e 06 meses

05 Operador de Logística Jr Superior 02 anos 01 ano

06 Operador de Logística Jr Sup. Incomp. 01 ano 05 meses

07 Operador de Logística Jr Médio 01 ano e 01 mês 06 meses

08 Operador de Logística Jr Médio 01 ano e 07 meses 01 ano e 07 meses

09 Operador de Logística Jr Sup. Incomp. 01 ano e 06 meses 06 meses

10 Operador de Logística Jr Médio 02 anos 02 anos

Fonte: Elaborado pelos autores

4.4 Resultados e Discussão

Durante a fase de pesquisa documental, foram analisados relatórios

referentes ao indicador OTIF, relativo à área de logística, mais especificamente

logística expedição e logística carregamento (que são as áreas que utilizam o

indicador), os quais apresentam resultados mensais do indicador, o que permite

acompanhar visualmente se o desempenho foi melhor ou pior do que a meta

estipulada, a fim de elaborar uma série histórica mensal dos resultados alcançados.

Ressalta-se que o relatório foi fragmentado por segmento de cliente, para facilitar a

compreensão.

O relatório de desempenho é divulgado diariamente a todos os envolvidos na

operação, com o intuito de acompanhar os resultados obtidos a cada dia e a

evolução das taxas, e ao final de cada mês, as informações são consolidadas e

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apresentadas, com o intuito do fornecimento de bases para eventuais ajustes

necessários à melhoria dos resultados.

Observando-se o gráfico da Figura 11, depreende-se que, para o segmento

de clientes Trilha de Autoconstrução (TAC), o desempenho da empresa oscilou

significativamente, e em várias competências, não conseguiu cumprir a meta

estabelecida, que é de 73,3% das entregas OTIF. Verifica-se a melhoria das taxas,

apenas no segundo semestre, o que ocasionou uma média anual de 71,1% de

entregas OTIF, perfazendo 97% do cumprimento da meta estipulada.

Figura 11 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento TAC.

Fonte: Elaborado pelos autores

Para o segmento de clientes Trilha de Autoconstrução Pequena (TAC P/PP),

que são os comerciantes de varejo de menor porte, conforme exposto na Figura 12,

a empresa apresentou desempenho ainda mais baixo, ficando abaixo da meta, que

é de 75% da entregas OTIF, na maior parte do exercício. Ao final de 2018, a média

de entregas OTIF foi de 69,7%, totalizando 92,9% da meta estipulada.

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OTIF Mês Meta 300 % da Meta

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Figura 12 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento TAC P/PP

Fonte: Elaborado pelos autores

Em relação ao segmento de clientes industrial ensacado (IND E), o

desempenho da empresa continuou com a mesma tendência à variabilidade em

relação ao cumprimento da meta de 70% das entregas OTIF, como demostra a

Figura 13,. Ao final de 2018, a média de entregas OTIF de 68,7%, totalizando 98,1%

da meta estipulada.

Figura 13 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento IND E.

Fonte: Elaborado pelos autores

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OTIF Mês Meta 300 % da Meta

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No que diz respeito ao segmento de clientes industrial granel (IND G),

conforme ilustrado no gráfico da Figura 14, a empresa apresentou desempenho, no

exercício 2018, em média de 88,6% de entregas OTIF, totalizando 93,9% da meta,

ficando abaixo da meta estipulada, que é de 94,3% das entregas OTIF.

Figura 14 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento IND G.

Fonte: Elaborado pelos autores

Para o segmento de clientes Imobiliário (IMO), a média de entregas OTIF

anual foi de 63,3%, representando 90,4% de obtenção da meta estabelecida de

70%, conforme ilustrado no gráfico da Figura 15.

Figura 15 - Relatório OTIF exercício 2018: segmento IMO.

Fonte: Elaborado pelos autores

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OTIF Mês Meta 300 % da Meta

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Ao se analisar somente o desempenho ao final do exercício, não é possível

visualizar a grande oscilação referente ao desempenho esperado pela organização,

que em determinadas competências, chegou a pouco mais de 50% do alcance da

meta imposta, para alguns segmentos de clientes.

Dessa forma, de acordo com Lohman (et, al, 2004) os indicadores de

desempenho são um reflexo quantitativo da eficiência ou da eficácia dos processos,

e sua escolha como parte integrante de um sistema de avaliação deve levar em

consideração os elementos que levarão à consecução dos objetivos definidos na

estratégia da organização (KAYDOS, 1999).

Entretanto, para que um indicador seja considerado satisfatório, os resultados

devem ser equiparados ou superiores à meta imposta, pois, caso contrário, explicita-

se divergência dos processos. Assim, é necessário que seja realizada uma análise,

a fim de identificar as razões pelas quais o desempenho ter se apresentado aquém

do almejado, e a partir disso sejam definidas estratégias para a eliminação de

entraves.

De acordo com as informações coletadas durante a aplicação das entrevistas

aos colaboradores da empresa, a estratégia da área de logística está baseada no

comprometimento com o atendimento das demandas dos clientes, tendo em vista

sua satisfação, e diante disso, seu principal objetivo é o alcance das metas de

entregas OTIF, estipuladas para cada segmento de cliente.

A partir do conhecimento dos resultados gerados no relatório de OTIF, a área

de logística define os aspectos a serem priorizados (segmento de clientes, etapas

específicas) na condução dos processos, para que haja a melhoria dos resultados,

pois há a consciência de que se a meta não for atingida, a satisfação do cliente não

estará assegurada.

Dessa forma, levando-se em consideração os resultados evidenciados no

relatório analisado, é possível levantar três hipóteses: ou as ações adotadas pela

empresa estão sendo insuficientes ou ineficazes para a melhoria das taxas de

entrega OTIF, ou a empresa está registrando mais pedidos que sua capacidade

produtiva diária de atender, ou o indicador adotado é ineficiente para a necessidade

de suas operações, com a produção de uma visão restrita, necessitando de

complementações ao longo da cadeia produtiva.

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A esse respeito, Brown (1996), salienta que a utilização ampla da informação

gerada pelo OTIF, sua correta interpretação e sua capacidade de influenciar

comportamentos e tomadas de decisão é a razão de ser de todo o processo.

Assim, os resultados apontam para uma necessidade de alinhamento das

ações do setor estudado, para que haja a elevação dos níveis de desempenho

logístico, como forma de se obter melhores resultados das entregas, para atender as

metas de OTIF definidas, e em consequência aumentar a satisfação dos clientes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de Globalização, impulsionado a partir do final do século XX e

início do século XXI, pelo barateamento dos custos referentes a transporte e

comunicação entre países, representou o estreitamento das relações comerciais,

exasperando a concorrência entre nações e entre empresas. Desta forma, busca-se,

de maneira incessante, a ampliação dos níveis de competitividade das

organizações, tendo em vista a redução dos seus custos, por meio da eliminação de

desperdícios que não agregam valor para o cliente.

Assim sendo, o atendimento às demandas do cliente representa, cada vez

mais, um diferencial estratégico para a sobrevivência e consolidação de uma

empresa em mercados altamente competitivos, e desta forma, surge a necessidade

imperiosa da adoção de instrumentos que visem à mensuração do desempenho no

atendimento e na satisfação do cliente.

Neste sentido, o OTIF pode se configurar como uma poderosa ferramenta

para a visualização de oportunidades de ganho e de melhorias nos processos que

envolvem o serviço ao cliente, pois possibilita a avaliação de todo o processo de

produção, desde a recepção da encomenda, pela empresa, até sua entrega ao

cliente (OLIVEIRA, 2009).

Diante disso, o presente trabalho buscou esclarecer até que ponto a utilização

do indicador de desempenho logístico OTIF pode ocasionar a melhoria dos

processos logísticos, e deste modo, impactar na satisfação do cliente.

Para tanto, foram abordadas, por meio de uma revisão da literatura, questões

referentes ao conceito, evolução e gestão da cadeia de suprimentos. Além disso, foi

realizada uma retomada histórica da logística, conceitos básicos relacionados à

atividade, e especificamente a logística e a estratégia empresarial. Por último, foi

analisado o conceito de OTIF, contextualizando-o como indicador de desempenho

logístico, e relacionando-o ao conceito de satisfação do cliente.

Após, foi realizado um levantamento e análise de documentos referentes aos

resultados gerados pelo indicador de desempenho OTIF, e após a aplicação de um

instrumento de coleta de dados, denominado entrevista semi-estruturada, da qual

participaram colaboradores da empresa. Por fim, os dados foram analisados, tendo

como base referencial teórico utilizado.

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A partir dos resultados obtidos através da análise dos relatórios e dos

discursos dos colaboradores da empresa, pode-se observar que o desempenho

logístico da organização apresenta-se abaixo do almejado nas metas estabelecidas

pelo indicador OTIF, o que pode impactar de forma negativa nos níveis de satisfação

dos clientes.

Neste contexto, verifica-se a necessidade da realização de uma reflexão

acerca das condutas adotadas pela área de logística, para o alinhamento das

práticas, com o intuito de efetivar as melhorias necessárias à elevação das taxas de

entregas OTIF, para que, dessa forma, assegurar a elevação dos níveis de

satisfação dos clientes da organização.

As principais dificuldades encontradas para a realização do trabalho foi a

escassez de literatura relacionada, especificamente, ao indicador OTIF,

especialmente analisando-se, de forma minuciosa, sua aplicação prática no âmbito

das organizações. Além disso, a coleta de dados, no que se refere à fase

documental e aplicação da entrevista, foi dificultada devido ao receio existente, entre

os colabores, quanto ao fornecimento de informações da rotina da empresa.

Conforme apresentado neste estudo, a análise se deu somente no âmbito da

logística expedição e logística carregamento, que são os setores da empresa que

utilizam o indicador OTIF. Desta forma, recomenda-se, para trabalhos futuros, a

investigação de outras áreas constituintes da cadeia de suprimentos, como forma de

obter evidências adicionais para as conclusões aqui mencionadas, conforme

pressuposições realizadas durante a discussão dos dados coletados, e/ou produzir

novas ilações, visto que o desempenho é produto da interação dos elos envolvidos

no processo produtivo.

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ANEXO 1 – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

PARTE 1 – Identificação do Respondente

Nome:

Função:

Tempo de atuação na empresa:

Tempo de atuação na função:

Formação:

PARTE 2 – Identificação dos processos da área de atuação

Número de colaboradores:

Atividades desenvolvidas: ____________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Estratégia de negócio do setor de trabalho: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual o objetivo de desempenho de maior relevância para a área?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Quais os aspectos são priorizados considerando os objetivos de desempenho?

( ) Clientes atuais ( ) Clientes potenciais ( ) Desempenho frente a concorrência

( ) Estratégia de negócio/mercado ( ) Outros:

Com quais áreas, o setor de atuação estabelece relacionamento?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

PARTE 3 – Caracterização do processo de medição de desempenho logístico

(operacional)

O que foi determinante para a adoção do indicador de desempenho OTIF?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ROTEIRO DA ENTREVISTA

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Quem foram os responsáveis (setor de logística ou alta direção da empresa) pela definição

do indicador OTIF?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Outros indicadores de desempenho logístico são utilizados?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

De que forma as metas de desempenho são estabelecidas?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

As metas estão fundamentadas em:

( ) Desempenho passado/histórico ( ) Desempenho de outras áreas/unidades da empresa

( ) Benchmarking ( ) Negociação interna ( ) Imposição da alta administração ( )

Mercado ( ) Outros: _________________________________

Quem são os responsáveis pelo fornecimento dos dados, cálculo do indicador e elaboração

dos relatórios?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Com que frequência é realizada a divulgação dos resultados do OTIF?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Como são divulgadas/comunicadas as metas e os resultados do OTIF?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Utiliza-se algum sistema de informação para auxiliar a medição do desempenho? Que

instrumentos são utilizados para a realização da coleta, tratamento e divulgação dos

resultados?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Como o resultado do OTIF influencia na tomada de decisões? Que ações são adotadas a

partir dos resultados demonstrados?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Outros setores utilizam os resultados apurados pelo OTIF? O indicador está integrado ao

sistema de avaliação de desempenho da empresa?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

É realizado um processo de revisão do indicador de desempenho? Com que frequência? De

que forma?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Algum programa utiliza os resultados demonstrados pelo OTIF (motivação dos

colaboradores, programa de recompensas, etc.)?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________