A vida e a Batalha da Mulher no Semiárido Alagoano
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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1377
Julho/2013
A vida e a batalha da mulher no Semiárido Alagoano
INHAPI - AL
A mulher sempre encarou a vida de maneira batalhadora. A mesma teve que lutar muito para conseguir seu devido reconhecimento em uma sociedade machista. Maria José Sandes de Lima, mais conhecida como Dona Mazé, é uma dessas mulheres. Casada com José Dirço da Silva, mãe de seis filhos, cuida de um belo quintal produtivo na Comunidade Baixa do Galo, situada no município de Inhapi – AL.
É desta maneira que Maria José Sandes de Lima, mais conhecida como Dona Mazé, casada
com José Dirço da Silva, pais de seis filhos, cuidam de um belo quintal produtivo na Comunidade
Baixa do Galo, situada no município de Inhapi – AL.
“Nasci e me criei aqui, quando eu era solteira eu já tinhas minhas
plantas, quando casei não levei nenhum móvel, só plantas! Eu tenho o
maior amor por minhas plantas. Tenho seis filhos e uma neta, alguns
terminaram o colegial outros desistiram, eu ainda estou estudando,
estou no último ano do ensino médio. Mesmo estudando ainda consigo
da conta de tudo. Os meus filhos me ajudam meio sem querer mais me
ajudam”, diz Dona Mazé sorrindo.
Ela mora na comunidade há 27 anos, e sofria muito com a falta de água,
e com as estiagens que eram muito longas.
“Eu pedia na casa dos vizinhos, quando meu marido não arrumava
transporte pra pegar água no chafariz, eu ia numa casa e pedia um
balde d'água. Uma vizinha me dava dois baldes d'água por dia, só que
com o tempo ela achou que dois baldes d'água estava sendo muito, ai
passou a me da só um balde. Tentei encanar água, mas chegava um dia
e passava mais de um mês sem chegar, depois eu mandei cortar por que
eu pagava por uma água que não chegava”, cita Dona Mazé.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Alagoas
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Dona Mazé, infelizmente, passou por uma etapa muito difícil, ela perdeu um filho quando
ele ainda era criança. Uma fase dura de ser superada em sua vida.
“Então ele saiu de casa e disse: Olha o que eu estou levando de vocês...”
- tudo isso ele falava mostrando a mão fechada, e saiu correndo,
sorrindo em caminho a escola. Na volta, quando ele desceu do ônibus,
o carro pegou ele na entrada da comunidade. “Meu filho morreu na
hora. Hoje estaria com 20 anos de idade”.
Superada a perda, a família hoje também superou outro desafio, o da
falta d’água, e com a primeira cisterna produz em seu quintal: goiaba,
manga espada, manga rosa e a comum, caju, banana, seriguela,
laranja, limão, pitanga, mexerica, mamão, coco, amora, umbu,
abacate, entre outras árvores frutíferas. Também tem uma variedade
de plantas medicinais.
“Tenho 27 variedades de plantas medicinais: erva doce, babosa, erva
cidreira, alecrins, capim santo, sambacaitá, mastruz, eucaliptos, romã,
terramicina, hortelã folha grande e pequena e entre outras plantas. Na
minha horta eu tenho: coentro, cebolinha, alface, couve, pimentão,
abobora e quiabo’’,diz Dona Mazé cheia de orgulho e satisfação.
A produção do quintal ajuda na alimentação da família, dos parentes e é vendida para
moradores da comunidade e também de localidades vizinhas. Graças a isso Dona Mazé participa
ativamente das reuniões da comissão municipal da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). A
família espera agora conquistar a cisterna- calçadão.
Dona Mazé trabalha com a terra, produzindo com respeito à natureza sem agrotóxicos e
conquistando melhorias para a sua família, mesmo vivendo sob a grande estiagem dos últimos
anos.
No Semiárido brasileiro, existem várias experiências de tecnologias bem-sucedidas de
acesso e manejo da terra e água para criação de animais e produção de alimentos, as quais podem
ser multiplicadas para diferentes situações agroecológicas da região.
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