A Vida Não Basta Análise Do Documentário

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1 A VIDA NÃO BASTA – O FILME Documentário dirigido por Pedro Ferrarini e Caio Tozzi que se propõe a mostrar como nove artistas (Denise Fraga, Laís Bodansky, Ronaldo Fraga, Mílton Hatoum, Toquinho, Leonardo Moreira, Fábio Moon, Gabriel Bá e Ferreira Gullar) das mais variadas formas de arte lidam com a ideia existente em uma fala do poeta Ferreira Gullar que disse em uma entrevista que “a arte existe porque a vida não basta”. Através dos depoimentos vemos como cada um expõe a sua visão do fazer artístico e o que está envolvido nesse fazer. O documentário trabalha com as memórias de cada um e mostra ao mesmo tempo como a memória é fundamental para a construção da obra de arte. Tenta também mostrar como é o processo criativo de cada um. Acredito que o ponto mais importante do documentário, é demonstrar a partir dos depoimentos o quão é importante a influência do ambiente familiar, do entorno em que a pessoa vive, o seu capital cultural. Sabemos que nós nos constituímos como seres humanos juntando o conjunto de experiências que nos proporciona a vida (a busca pessoal, a família, a escola, os amigos etc). Para a transformação de uma pessoa em artista isso é fundamental. É claro, e observamos isso no doc ouvindo alguns dos depoentes, que existem alguns que têm uma sensibilidade estética mais apurada e para esses a

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Análise do documentário que trata de questões ligadas à arte e ao fazer artístico.

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A VIDA NO BASTA O FILMEDocumentrio dirigido por Pedro Ferrarini e Caio Tozzi que se prope a mostrar como nove artistas (Denise Fraga, Las Bodansky, Ronaldo Fraga, Mlton Hatoum, Toquinho, Leonardo Moreira, Fbio Moon, Gabriel B e Ferreira Gullar) das mais variadas formas de arte lidam com a ideia existente em uma fala do poeta Ferreira Gullar que disse em uma entrevista que a arte existe porque a vida no basta.Atravs dos depoimentos vemos como cada um expe a sua viso do fazer artstico e o que est envolvido nesse fazer. O documentrio trabalha com as memrias de cada um e mostra ao mesmo tempo como a memria fundamental para a construo da obra de arte. Tenta tambm mostrar como o processo criativo de cada um.Acredito que o ponto mais importante do documentrio, demonstrar a partir dos depoimentos o quo importante a influncia do ambiente familiar, do entorno em que a pessoa vive, o seu capital cultural.Sabemos que ns nos constitumos como seres humanos juntando o conjunto de experincias que nos proporciona a vida (a busca pessoal, a famlia, a escola, os amigos etc). Para a transformao de uma pessoa em artista isso fundamental. claro, e observamos isso no doc ouvindo alguns dos depoentes, que existem alguns que tm uma sensibilidade esttica mais apurada e para esses a possibilidade de se transformar em artista maior; por outro lado conhecemos pessoas que tm a veia artstica bem apurada e ainda assim no seguem carreira.O fato que percebemos que o processo complexo e varia muito. Deve haver uma queda para o negcio, uma insistncia pessoal em levar em frente o propsito de fazer arte, ter tambm o propsito de se incomodar com o que h, com o que a vida nos oferece e ento incomodar o outro para que isso tudo se transforme em arte.A arte, para alguns, mera contemplao esttica. Para outros, pode substituir o papel de fortaleza espiritual que, para muitos, ocupado pela religio (Milton Hatoum). O que seria a arte se no uma forma de ver a vida? Sempre acreditei que a arte fosse a capacidade de veralm. Ou talvez,antes. Mas, indiscutivelmente, verdiferente. A arte uma forma de vida cujo objetivo inquietar-se. Ser artista incomodar-se e, e permitir-se ser alfinetado. Gostaria de citar (citao longa mas necessria) Joo Anzanello Carrascoza que cita Antonio Candido que disse, num ensaio dos anos 1950, que no h quem consiga viver sem sonhar, e que a literatura seria o sonho acordado da civilizao. Eu penso nessa direo: a gente precisa sonhar, sair um pouco da agresso do real, reconstruir outros mundos, mundos possveis, sublimados, em que se possa entrar em comunho com o outro. A leitura e no s a leitura da palavra, mas do mundo, que voc pode fazer com o seu corpo, com o seu olhar, com os seus sentidos tem um valor e uma motivao: justamente buscar entrar em conjuno com os outros. Ou em disjuno. De qualquer maneira, um ato, uma ao no contemplao. uma oportunidade de decifrar a si e ao mundo. Ler permite acariciar a sua dor, acalmar a sua condio, que a condio humana: breve, precria e ao mesmo tempo maravilhosa. tambm se iluminar, ou se escurecer. Ler buscar a sua prpria compreenso de mundo, de si mesmo e, num segundo instante, buscar essa conexo com o outro.A vida no basta uma daquelas obras que nos faz sair da sesso mudados. Ou, no mnimo, instigados mudana. E no seria esse mesmo o papel da arte?