A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência...

49
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A VIOLÊNCIA NA ESCOLA Por: Katia Rodrigues Fonseca Orientadora: Professora Flávia Carvalho Calvacanti da Silva Rio de Janeiro 2011

Transcript of A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência...

Page 1: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Por: Katia Rodrigues Fonseca

Orientadora:

Professora Flávia Carvalho Calvacanti da Silva

Rio de Janeiro

2011

Page 2: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Orientação

Educacional.

Por: Katia Rodrigues Fonseca

Rio de Janeiro

2011

Page 3: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, a minha família, aos meus

amigos e parentes.

Page 4: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

4

DEDICATÓRIA

A Walison, meu filho, símbolo do meu

grande amor.

Page 5: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

5

RESUMO

O trabalho que se apresenta trata da questão da violência na escola,

tendo como problema o seguinte questionamento: pode a atuação do

Orientador Educacional contribuir com a diminuição da violência na escola?

Sabe-se que a Orientação Educacional deve promover o sucesso escolar,

diminuindo os índices de evasão, repetência e de não aprendizagem, buscando

intervir nas relações sociais desenvolvidas nas instituições de ensino, mas sem

desconsiderar as complexidades e contextos dessa realidade. A pesquisa se

justifica por ser a violência na escola um assunto que promove grandes

preocupações de educadores no Brasil e no mundo. Tem-se como principal

objetivo desta pesquisa analisar as contribuições da atuação do Orientador

Educacional na diminuição da violência escolar nas instituições de ensino de

Educação Básica, admitindo-se a hipótese que por meio de um trabalho

significativo desse profissional, essa ação se torna possível. A pesquisa é

delimitada pela atuação do Orientador Educacional nas escolas de Educação

Básica.

Page 6: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

6

METODOLOGIA

O trabalho – de caráter teórico – será desenvolvido por meio de

pesquisa documental (legislação educacional) e bibliográfica, com a análise de

obras relacionadas à Orientação Educacional e à violência nas escolas de

Educação Básica.

Page 7: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................08

CAPÍTULO I

O ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL: SITUANDO

HISTORICAMENTE SUAS FUNÇÕES EDUCACIONAIS ...............................12

CAPÍTULO II

A VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE E NA ESCOLA: CONCEITOS, CAUSAS E

CONDICIONANTES .........................................................................................22

CAPÍTULO III

O ORIENTADOR EDUCACIONAL E A VIOLÊNCIA NA ESCOLA:

POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO ...................................................................31

CONCLUSÃO ...................................................................................................42

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................44

ÍNDICE ..............................................................................................................47

FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................49

Page 8: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

8

INTRODUÇÃO

A pesquisa que ora se apresenta tem com temática a questão da

violência na escola.

Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É

como se o progresso tecnológico, o desenvolvimento da civilização, ao invés

de propiciar o bem-estar dos indivíduos, concorresse para a deterioração das

condições de vida social. A violência deve ser entendida como produto e

produtora desse dano que acaba por contaminar toda a sociedade, até mesmo

naqueles grupos ou instituições considerados como mais protetores de seus

membros, como a família ou a escola.

Durante os últimos anos, veio ao conhecimento do grande público pelos

meios de comunicação um maior número de conflitos, sobretudo violentos,

vivenciados dentro das escolas. Da mesma maneira, no meio docente, os

eventos violentos são temas de profunda preocupação. Por isso, quando os

comportamentos dos alunos não condizem com os valores, motivação ou

objetivos educativos, muitas vezes surgem os atos de indisciplina dentro da

sala de aula.

Essa indisciplina causa principalmente a impossibilidade do professor

ministrar sua aula, e por outro lado, a dificuldade dos alunos em aprender por

estar associada à desordem, desmotivação e apatia no processo de ensino.

Em função desse caos que a sociedade brasileira vivencia, faz-se

necessário um estudo mais aprofundado sobre as reais causas da violência e

maneiras de atenuá-las. Para isto, levando em consideração a experiência

social como um dos fatores determinantes e o tempo em que a criança

passa na escola, é possível verificar a importância do papel da instituição de

ensino, assim como o de um trabalho pedagógico de qualidade, visando

contribuir com o fim dessa cultura de violência hoje instaurada na sociedade. É

interessante ressaltar que a violência na escola não é um problema apenas da

Page 9: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

9

educação brasileira, pois é infelizmente um problema crônico que ocorre em

todo mundo e se acentua cada vez mais.

O Orientador Educacional é um agente importante neste processo, pois

compete a ele selecionar as experiências de aprendizagem de modo a

promover um ambiente que facilite aos educandos a internalização e a

integração de experiências significativas que propiciem um desenvolvimento

pleno mais significativo, em suas dimensões sociais, intelectuais e afetivas,

dentre outras. Além disso, pretende-se demonstrar a importância do papel do

Orientador Educacional na formação de cidadãos conscientes e responsáveis,

incentivando os educandos em sua formação na busca de um mundo mais

tolerante e menos agressivo.

Por isso, o problema dessa pesquisa pode ser resumido numa pergunta

norteadora, a saber: como a atuação do Orientador Educacional pode contribuir

na diminuição da violência na escola?

A violência pode ser entendida de diversas formas, mas num sentido

restrito, pode ser definida como uma ruptura brusca de harmonia num

determinado contexto, podendo ser apresentada sob a forma de contato físico

ou pro meio de violência simbólica, a qual considera agressões psíquicas,

morais ou de discriminação sexual, étnica, religiosa ou mesmo econômica.

A Orientação Educacional deve dar início à promoção do sucesso

escolar, partindo da realidade do educando, buscando meios para favorecer

sua prática e, além disso, compreender seus problemas de vida, ou seja, estar

aberta ao entendimento de todas as complexidades que envolvem as relações

humanas no espaço escolar.

O Orientador Educacional precisa mostrar o educando que quer ajudá-lo

através de ações totalizantes desenvolvidas no âmbito escolar, e, para isso,

necessita criar mecanismos para que tanto os educandos quanto os demais

sujeitos que integram na comunidade escolar possam ser ouvidos e

compreendidos enquanto construtores dos objetivos e sonhos da instituição de

ensino.

Page 10: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

10

Logo, a pesquisa se justifica pela importância da atuação do Orientador

Educacional contribuindo para minimizar esse grande problema da violência no

âmbito escolar.

O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar as contribuições da

atuação do Orientador Educacional na diminuição da violência escolar nas

instituições de ensino de Educação Básica.

Para que objetivo geral possa ser atingido, são elencados os seguintes

objetivos específicos:

- Descrever o papel do Orientador Educacional na escola de Educação

Básica, situando suas funções na história da educação brasileira;

- Caracterizar a violência escolar, definindo suas causas e seus

condicionantes;

- Discriminar as ações do Orientador Educacional que podem contribuir

para diminuir a violência escolar.

Admite-se, neste trabalho, uma hipótese em relação aos resultados da

pesquisa, a hipótese esta que considera que a violência escolar, embora tenha

sua origem geralmente fora do ambiente escolar, com influências de valores da

própria sociedade, pode ser combatida no espaço escolar por meio de uma

atuação significativa e consciente do Orientador Educacional e por outros

sujeitos da comunidade escolar.

A delimitação desta investigação tem os contornos da atuação do

profissional de Orientação Educacional nas instituições de ensino de Educação

Básica, ou seja, naquelas que oferecem Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio.

A pesquisa apresenta a seguinte estrutura de capítulos:

No Capítulo I será descrito o papel do Orientador Educacional na escola

de Educação Básica, realizando um resgate histórico de suas funções para

melhor compreensão de suas possibilidades.

Page 11: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

11

No Capítulo II, por sua vez, serão avaliados os conceitos de violência,

sendo que a questão da violência na escola e na sociedade terá suas principais

causas evidenciadas, analisando-se também seus mais importantes

condicionantes.

No Capítulo III, por fim, serão discriminadas as ações do Orientador

Educacional que possam contribuir com a diminuição da violência na escola, na

busca de um espaço educativo de respeito aos muitos sujeitos que o compõe.

Ao final do trabalho, as principais conclusões da pesquisa serão

evidenciadas, na tentativa de contribuir com a produção significativa de

trabalhos acerca esse assunto que atualmente vem em muito preocupando

educadores, pais e responsáveis e mesmo educandos.

Page 12: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

12

CAPÍTULO I

O ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL:

SITUANDO HISTORICAMENTE SUAS FUNÇÕES

EDUCACIONAIS

O Orientador Educacional é um profissional de extrema importância

numa instituição educacional de Educação Básica.

E foi na história da Orientação Educacional em nosso país que essa

importância foi constituída.

Logo, para que se possa compreender as funções historicamente

associadas à Orientação Educacional, este capítulo aborda o desenvolvimento

dessa ação na educação brasileira.

1.1 A Orientação Educacional e suas origens no mundo

A história da Orientação Educacional, no mundo, está intimamente

ligada á história da Orientação Vocacional ou Profissional.

Com a Revolução Industrial, houve um aumento considerável das

possibilidades de trabalho, em ações diferenciadas, tornando variada sua

oferta, mas exigindo de seus candidatos uma complexidade cada vez maior na

hora de escolher sua profissão (BARROS, 2008, p. 1).

Pode-se observar que se:

“(...) atribui a Edouard Charton a primeira tentativa concreta de fornecer informação profissional. Esse engenheiro francês, com a finalidade de ajudar as pessoas a se decidirem quanto à profissão, coletou o depoimento de vários profissionais e organizou o Dicionário de Profissões (Dictionnaire des Professions), cuja 1ª edição data de 1842.” (Idem, p.1)

Page 13: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

13

Entretanto, esse fato não consolidava a existência sequer a Orientação

Profissional.

É preciso observar que se:

“(...) afirma que o primeiro centro de orientação profissional foi criado em 1902 em Mônaco da Baviera, por iniciativa conjunta de trabalhadores e de autoridades, de indústrias e de professores. Relata ainda, o surgimento de vários centros pela Europa, com as funções de informação e orientação profissional: Itália, 1903; Holanda, em 1907; Suíça, 1908; Inglaterra, 1908.” (BARROS, 2008, p. 1)

Mas é apenas com Frank Parsons, em 1907, em Boston, nos Estados

Unidos, que a Orientação Vocacional tem sua data de nascimento. Nesse ano,

organizou o Vocational Bureau of Boston, que tinha como grande objetivo

auxiliar os jovens na escolha de suas profissões (Idem).

Nesse momento, surgem no movimento de Orientação Vocacional de

um modo mais concreto, as raízes do que hoje se chama Orientação

Educacional, pois se reconhece que a:

“(...) visão de Parsons contribuiu para uma vinculação estreita entre orientação profissional e educação, que posteriormente mais desenvolvida e difundida, passou a ser conhecida como orientação educacional, e a fazer parte dos currículos escolares.” (Ibidem)

Somente em 1912 que, ainda nos Estados Unidos, a Orientação

Vocacional passou a mostrar preocupação com a questão da organização

escolar, em Detroit, com Jessé Davis, que se preocupava com a problemática

de acolher a problemática vocacional e social dos alunos na sua escola

(GRINSPUN, 2006).

Page 14: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

14

1.2 O surgimento da Orientação Educacional no Brasil

No Brasil, a exemplo do que ocorreu em outros países, a Orientação

Educacional surgiu associado ao movimento de Orientação Vocacional e

Profissional, sob a forma de aconselhamento, marcando dessa forma sua

prática inicial.

Foi na década de 1920 que essa prática foi mais sentida, com os

primeiros cursos e trabalhos técnicos, como o de mecânica em São Paulo, que

visava selecionar jovens para o trabalho no crescente mercado daquele

período.

É importante observar que nesse momento:

“De um lado, tínhamos o ‘interesse do governo’, em promover a escolarização de seu povo; do outro, intelectuais, no poder, assumindo as reformas educacionais em seus Estados. Foi sendo configurado um ambiente propício à Orientação, enquanto ela poderia tanto contribuir para a melhoria da educação do seu povo, quanto ter um lugar certo nas reformas que começavam a surgir no país, uma vez que os modelos importados tinham grande receptividade entre nós”. (GRINSPUN, 2006, p. 23)

Assim, com o Manifesto dos Pioneiros pela Educação Nova, movimento

de intelectuais da educação ocorrido em 1932, alguns professores e idealistas

se inscreveram no Curso de Extensão sobre Orientação Educacional, oferecido

pela Associação Brasileira de Educação (ABE), onde formularam os objetivos

de Orientação Educacional, e sua conceituação que apareceria mais tarde nas

Leis Orgânicas do Ensino em 1942.

Com a Reforma Capanema, em 1942, que instituiu a lei Orgânica do

Ensino Industrial, veio o Serviço de Orientação Educacional.

O grande objetivo da Orientação Educacional, no entanto, estava

relacionado ao ajuste dos trabalhadores brasileiros ao novo contexto

econômico do país, caracterizado por sua tardia “Revolução Industrial”.

Page 15: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

15

Foi criado o Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial (SENAI) e o

Serviço Nacional da Aprendizagem Comercial (SENAC), que permitiram ao

Brasil, juntamente com a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação

nacional, Lei 4024/61, ter sido a primeira nação a criar as bases legais para a

Orientação Educacional, ainda com grande vínculo à questão da Orientação

Vocacional e Profissional.

Embora a Orientação Educacional existisse tanto no Ensino Primário

quanto do Secundário, sua principal atenção era o Ensino Secundário, devido a

sua proximidade com o Ensino Profissional.

Para regulamentar a profissão de Orientador Educacional, no entanto,

somente em 1968, já no período da Ditadura Militar, foi aprovada a Lei

5564/68, que tinha como grande objetivo o “desenvolvimento integral da

personalidade do aluno, nos níveis primário e médio” (apud GRINSPUN, 2006,

p. 26).

No mesmo período, foi aprovada a Lei de Reforma de ensino de

Primeiro e Segundo Graus, Lei 5692/71, que tornou a Orientação Educacional

obrigatória em todos os estabelecimentos desses níveis de ensino.

O aconselhamento vocacional característico desse momento colocava a

Orientação Educacional à disposição do então “Milagre Brasileiro”, mas

também era observada a partir de uma perspectiva de ajustamento, de

prevenção de problemas e de identificação das diferenças individuais para

ajustar o ensino a elas.

Placco (2009) admite que a Orientação Educacional, segundo a Lei

5692/71, priorizava a função do aconselhamento, descuidando-se de outras

funções que lhe são características, como a observação das relações dentro do

ambiente escolar.

Já com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei

9394/96, que sofreu influências progressistas em muitos de seus principais

pontos, aponta para um trabalho de Orientação Educacional mais crítico e

participativo, devendo o Orientador Educacional atuar de forma coletiva junto

aos demais sujeitos da comunidade escolar.

Page 16: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

16

1.3 As incumbências da Orientação Educacional

Os profissionais da Orientação Educacional no Brasil, até o presente

momento, não possuem ainda um movimento significativo de representação,

ou seja, não há de forma efetiva uma instituição que os represente no território

nacional.

Em 1979, a então Federação Nacional dos Orientadores Educacionais,

visando definir o campo de atuação de seus profissionais, definiu um Código de

Ética, que foi publicado no Diário Oficial da União em 05 de março daquele

ano. O mesmo texto já havia sido publicado na Revista de Orientação

Educacional dessa instituição anteriormente.

Contudo, esse mesmo Código de Ética não esclarece sobre as

possibilidades de atuação, a não ser quando faz referências ao atendimento

individualizado, na base do aconselhamento de educandos.

São atribuições do Orientador Educacional, segundo o Código de Ética

de 1979:

“a. exercer suas funções com elevado padrão de competência, senso de responsabilidade, zelo, descrição e honestidade; b. atualizar constantemente seus conhecimentos; c. colocar-se a serviço do bem comum da sociedade, sem permitir que prevaleça qualquer interesse particular ou de classe; d. ter uma filosofia de vida que permita, pelo amor à vontade e respeito a Justiça, transmitir segurança e firmeza a todos aqueles com quem se relaciona profissionalmente; e. respeitar os códigos sociais e expectativas morais da comunidade em que trabalha; f. assumir somente a responsabilidade de tarefas para as quais esteja capacitado, recorrendo a outros especialistas sempre que necessário; g. lutar pela expansão da Orientação Educacional e defender a profissão; h. respeitar a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana; i. prestar serviços profissionais desinteressadamente em campanhas educativas e situações emergência, dentro de suas possibilidades.” (BRASIL, 1979, Art. 1º)

Page 17: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

17

As atividades dessa Federação, no entanto, foram encerradas algum

tempo depois, sem que se fosse possível no prazo desta pesquisa descobrir os

condicionantes de seu funcionamento ou de encerramento de suas atividades,

bem como da elaboração do citado Código de Ética.

Foi criada em 2009 a Federação Nacional dos Profissionais de

Orientação Educacional (FENAPOE), que assumiu o Código de Ética anterior,

mas na inexistência de um mecanismo de informação de suas atividades,

dificulta o contato com o grupo e mesmo saber se suas atividades ainda são

mantidas.

No máximo, conseguiu-se obter o Estatuto desta instituição, que não

esclarece as funções do Orientador Educacional.

No Estado do Rio de Janeiro, existe a Associação Fluminense dos

Orientadores Educacionais (ASFOE), que surgiu como Associação Sul

Fluminense de Orientação Educacional, mas depois teve suas atividades

expandidas.

A ASFOE criou um Código de Ética, baseando-se no de 1979, só que

buscou desenvolvê-lo a partir de uma visão mais crítica da Orientação

Educacional.

Segundo esse Código de Ética,

“Art. 1° - São deveres fundamentais do Orientador Educacional: a - conhecer a lei que cria a profissão e o decreto que a regulamenta para agir conforme sua determinação;. b - exercer suas funções com competência para que fique claro qual o seu papel e qual o seu espaço na escola; c - desempenhar suas funções com elevado padrão de responsabilidade, equilíbrio, honestidade e entusiasmo; d - procurar, em suas atividades profissionais, mostrar-se dinâmico, organizado, aberto ao diálogo; e - atualizar-se constantemente, através de leituras, pesquisas, participação em eventos educacionais e contato com outros Orientadores Educacionais; f - ter uma filosofia de vida que inspire segurança e firmeza em todos aqueles com quem se relaciona profissionalmente; g - respeitar os códigos sociais e expectativas morais da comunidade em que trabalha;

Page 18: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

18

h - buscar, incorporar e/ou aprimorar qualidades pessoais como: ser discreto, saber ouvir, saber falar, questionar, pesquisar, para melhor autodomínio e segurança profissional. i - vivenciar comportamentos e atitudes que o caracterizem como uma pessoa confiável, apta a receber informações confidenciais, j - guardar sigilo sobre fatos e situações que envolvam seu cliente.” (ASFOE, 2009, Art. 1º)

O Decreto 72846/73, que regulamenta a Lei 5564/68:

“(...) é amplo e faculta uma gama enorme de atividades que seriam pertinentes ao trabalho do orientador dentro da escola, transformando-o num “faz tudo” ou um “quebra-galho”, que somada à ansiedade de descobrir-se sem preparo para atender a todas as exigências do cargo, acaba por confundir ainda mais a sua atuação.” (AZENHA, 2010, p. 2)

Contudo, alguns autores apontam o que seriam as funções da

Orientação Educacional. Nesse sentido, pode-se dizer que:

“a) planejar e coordenar a implantação e funcionamento do serviço de Orientação Educacional em nível de: 1) Escola ; 2) Comunidade. b) planejar e coordenar a implantação e funcionamento do serviço de Orientação Educacional dos órgãos dos serviços Público Federal, Estadual, Municipal e autárquico; das sociedades de cconomia mista, empresas estatais, paraestaduais e privadas; c) coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-a no processo educativo global; d) coordenar o processo de sondagem de interesses aptidões e habilidade do educando; e) coordenar o processo de informação educacional e profissional com vistas à orientação vocacional; f) sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando; g) sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial; h) coordenar o acompanhamento pós escolar;

Page 19: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

19

i) ministrar as disciplinas de teoria prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino; j) supervisionar estágios na área da Orientação Educacional; k)emitir pareceres sobre a matéria concernente à Orientação Educacional.” (PORTO, 2009, p. 23)

E, ainda:

“a) participar no processo de identificação das características básicas da comunidade; b) participar no processo de caracterização da clientela escolar; c) participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola; d) participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; e) participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; f) participar no processo de encaminhamento dos alunos estagiários; g) participar no processo de integração escola – família – comunidade; h) realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.” (Idem)

Na prática constatamos que muitas são as funções do Orientador

Educacional nas escolas, sendo que seu trabalho está relacionado aos alunos,

familiares e professores e às muitas relações existentes neste espaço

educativo.

A Orientação Educacional está caracterizada por seu aspecto preventivo

e psicológico e pode ser entendida em dois sentidos constitutivos e

complementares. Por um lado, como ajuda que se proporciona a uma pessoa

para que possa escolher entre diversos itinerários e opções aquele lhe é mais

adequado. Por outro lado, orientar consiste proporcionar informação, e

assessoria a alguém para que possa tomar as decisões mais adequadas

levando em consideração tanto suas características pessoais quanto suas

limitações.

Page 20: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

20

De acordo com autores utilizados nessa pesquisa (GRINSPUN, 2006;

PORTO, 2009), a Orientação Educacional a partir da década de 1990, deu um

grande salto, transformando seu papel frente aos desafios impostos pela

sociedade moderna.

Inspirada pelas novas tendências progressistas em educação, a

Orientação Educacional reavaliou sua prática, uma vez que seu objeto de ação

específico é um trabalho participativo para a formação do sujeito (educando).

“(...) Não ficam de um lado os professores da escola e do outro os especialistas; não é um espaço de luta entre vencedores e vencidos, em que uns ensinam e outros1 atendem a alunos e professores. O trabalho é conjunto, integrado, e todos estão comprometidos com o processo e os resultados. (...)” (GRINSPUN, 2006, p. 32)

E ainda: “O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de

uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto

pedagógico. (...)” (Idem).

Deve, portanto, a Orientação Educacional estar adequada a esse novo

enfoque social, buscando na fundamentação teórica meios para entender as

problemáticas sociais e a própria educação.

Na escola, o Orientador Educacional deve ser um profissional

competente e comprometido com esse novo tempo e novos sujeitos,

reconhecendo suas necessidades básicas, realizando um trabalho em prol de

uma educação de qualidade, justa e democrática.

Vale dizer mais uma vez que é grande a responsabilidade de quem

assume a Orientação Educacional numa instituição de ensino. Sendo esse

profissional um ajudador e orientador de novos caminhos, escolhas e

possibilidades, com plano claro, coeso e flexível, devendo para isso, ser um

contínuo pesquisador, reavaliador de sua prática, crítico, humano e favorável

às mudanças. É preciso que sua formação seja contínua, não restrita a sua

formação inicial. Sua prática cotidiana deve ser consciente, visando a

1 Grifo do autor.

Page 21: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

21

superação dos conflitos e problemas típicos das relações humanas em prol da

melhoria do trabalho educativo.

Page 22: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

22

CAPÍTULO II

A VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE E NA ESCOLA:

CONCEITOS, CAUSAS E CONDICIONANTES

Visando analisar como que um Orientador Educacional pode intervir de

forma significativa de modo a diminuir ou mesmo anular os efeitos da violência

no âmbito escolar, é preciso saber o que é violência e quais suas principais

causas e condicionantes, tanto na sociedade quanto na escola de Educação

Básica.

Assim, este capítulo tem o objetivo de analisar os conceitos de violência,

associando-os entre si e evidenciando suas principais causas e condicionantes,

trazendo ainda suas mais visíveis manifestações.

2.1 Os conceitos de violência

Existem muitos e diferentes conceitos de violência, que podem se

complementar ou mesmo divergir entre si. Neste trabalho, alguns desses

conceitos serão apresentados e analisados.

Contudo, o primeiro conceito que aqui se considera é que violência é o:

“(...) uso intencional de força física ou poder, em forma de ameaça ou praticada, contra si mesmo, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou comunidade que resulta ou tem uma grande possibilidade de ocasionar ferimentos, morte, conseqüências psicológicas negativas, mau desenvolvimento ou privação.” (OMS, 2002, p. 5).

Assim, considera-se que a violência pode ser manifestada sob a forma

de agressão física, de forma psicológica, de modo simbólico e sob outras

tantas manifestações possíveis.

Page 23: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

23

O conceito da Organização Mundial da Saúde é bastante abrangente e,

por isso, foi o primeiro a ser considerado neste trabalho.

Entretanto, são muitas as pesquisas existentes no Brasil e no mundo

sobre essa questão que tanto tem afligido a sociedade e, nos últimos anos, de

forma preocupante, as instituições de ensino.

Por isso, mais alguns conceitos serão aqui abordados e observados.

É preciso, antes de observar outros conceitos, saber que:

“Apresentar um conceito de violência requer uma certa cautela, isso porque ela é, inegavelmente, algo dinâmico e mutável. Suas representações, suas dimensões e seus significados passam por adaptações à medida que as sociedades se transformam. A dependência do momento histórico, da localidade, do contexto cultural e de uma série de outros fatores lhe atribui um caráter de dinamismo próprio dos fenômenos sociais.” (ABRAMOVAY, 2002, p. 53)

Bock, Furtado e Teixeira (1999) afirmam que a agressividade é impulso

que pode ser exteriorizado (hetero-agressão) ou voltar-se para dentro do

próprio indivíduo (auto-agressão); está relacionada com atividades de

pensamento, imaginação ou de ação verbal e não verbal. Portanto, uma

pessoa com comportamento socialmente adequado ou correto, segundo a

moral social, pode ter fantasias destrutivas ou sua agressividade pode

manifestar-se por atitudes irônicas, de omissão de ajuda. Ou seja, a

agressividade não se caracteriza exclusivamente pela ação verbal ou

destruição do outro.

Estes autores acreditam que a educação e os mecanismos sociais da lei

e da tradição buscam o controle dessa agressividade. Porém, questionam se a

sociedade está conseguindo criar condições adequadas para a não-

manifestação da violência por parte dessas pessoas.

Nesse enfoque, cuja referência é a Psicanálise, afirma-se que a

agressividade é constitutiva do ser humano e, ao mesmo tempo, afirma-se a

importância da cultura, da vida social, como reguladoras dos impulsos

Page 24: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

24

destrutivos. Essa função controladora ocorre no processo de socialização, no

qual se espera que a partir dos vínculos significativos que o individuo

estabelece com outros, ele passe a internalizar os controles. Então, deixa de

ser necessário o controle externo, pois os controles já estão dentro do

indivíduo. Mas, mesmo assim, em todos os grupos sociais existem

mecanismos de controle e punição dos comportamentos agressivos não

valorizados pelo grupo. A sociedade também tem seus mecanismos, que se

concretizam na ordem jurídica: as leis (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Cabe lembrar que a agressividade está constituída na violência, mas

não é o único fator que a explica, pois esse fenômeno pode ser a causa e a

consequência de diversos fatores que serão abordados a seguir.

De acordo com os léxicos, a violência é o ato contrário à razão, a justiça,

resultante do emprego da força para a solução de qualquer conflito humano,

seja individual,seja coletivo.

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (1999) a violência é o uso desejado

da agressividade, com fins destrutivos. Esse desejo pode ocorrer de maneira

voluntária (intencional), conscientemente e racionalmente, ou seja,

premeditadamente e de modo não intencional, quando, por exemplo, destina-

se a um objeto substituto: por ódio ao chefe, o pai bate no filho.

Moraes (1982) afirma que o comportamento humano pode ser explicado

através de estudos de diversas naturezas: biológica, psicológica, psicanalítica,

criminalística, sociológica entre outras. Porém, nenhuma delas pode

subestimar que o comportamento humano é produto das experiências da

infância vinculadas à família. A evidência dos fatos tem demonstrado que o

comportamento varia conforme as situações e os papéis que a personalidade

continua a desenvolver através da vida.

É necessário deixar de considerar como violência exclusivamente a

prática de delitos previstos no Código Penal. Essa é uma associação feita, por

exemplo, pelos meios de comunicação de massa. Existem outras formas que

não são reconhecidas como prática de violência e que estão diluídas no

cotidiano, às quais, muitas vezes, a sociedade já se acostumou: a violência no

interior da família, na escola, no trabalho, nas ruas.

Page 25: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

25

Nesse sentido:

“Nem sempre a violência se apresenta como um ato, como uma relação, como um fato, que possua estrutura facilmente identificável. O contrário, talvez, fosse mais próximo da realidade. Ou seja, o ato violento se insinua, freqüentemente, como um ato natural, cuja essência passa despercebida. Perceber um ato como violento demanda do homem um esforço para superar sua aparência de ato rotineiro, natural e como que inscrito na ordem das coisas.” (ODALIA, 2004, p. 22-23)

A autora, na citação acima, trata da violência simbólica, observada por

Bourdieu e Passeron na obra “A reprodução: elementos para uma teoria do

sistema de ensino”, de 1975.

Há violência quando alguém, por vontade própria, causa danos à

dignidade de outra pessoa. Isso pode ser feito de maneira explícita, por

exemplo, quando atenta contra a integridade física do outro ou em relação aos

seus bens materiais. Ou de maneira simbólica, como quando afrontam sua

integridade moral ou sua participação social. Contra a primeira, existe o direito;

contra a segunda, apenas a ética democrática, embora já tenham sido criadas

algumas leis, inclusive no Brasil, que tratam do assunto.

2.2 Tipos de violência

Existem muitas tentativas de classificação dos tipos de violência, sendo

algumas dessas tentativas conflitantes entre si.

Na sociedade, de um modo geral, diferencia-se a violência pela

existência ou não de agressão física ou similar – quando existe, por exemplo,

agressão material a um bem ou propriedade – de violências em que não existe

manifestação de contatos físicos ou similares.

Uma situação de agressão física ou similar seria bem exemplificada com

a existência de chutes, tapas, socos, pauladas, violência sexual, tiros, uso de

Page 26: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

26

armas brancas (facas, canivetes, etc), ou de qualquer objeto cortante ou

contundente, bem como pela agressão a bens materiais, como incêndios a

casas ou carros, quebra de uma caneca preferida, destruição de roupas e

outras tantas coisas nesse universo de contato físico (concreto) a uma pessoa,

grupo de pessoas ou a bens materiais.

Já no outro grupo, onde não existe esse contato físico direto, a violência

pode ser manifestada pelo preconceito de todos os tipos, manifestado em

ações ou em palavras de desrespeito, pelo poder desregrado, pela

minimização do próximo ou de um grupo de pessoas com ofensas, palavrões,

palavras de cunho pejorativo, aliciamento, por pressão ou tortura psicológica ou

por qualquer ação não física que possa provocar constrangimento, mal estar ou

tristeza.

Como a escola é um subsistema da sociedade, deve-se considerar que

a violência existente nessa sociedade é também manifestada em suas

instituições, inclusive na escola. Logo, os mais variados tipos de violência

encontram espaço e tempo nas instituições de ensino, o que tem incentivado

muitas pesquisas preocupadas como fenômeno nos meios escolares.

Segundo Abramovay e Rua (2002), existem dois principais pólos de

estudo da violência na escola: o estadunidense e o europeu.

Nos Estados Unidos, os principais estudos sobre a violência tem

mostrado preocupação com alguns tipos específicos de violência observados

como mais comuns nas instituições de ensino daquele país: gangues,

xenofobia e bullying.

A formação de gangues é já há algum tempo um fenômeno preocupante,

pois visa ganhar terreno dentro de uma escola, espalhando tanto o terror

quanto uma série de manifestações de violência física no intuito de garantir o

poder de um grupo. Existem mesmo gangues que se consolidam por utilização

de violência simbólica, não física.

A xenofobia é visível em praticamente todos os Estados daquele país,

sendo manifestado em suas instituições de ensino de forma intensa, sobretudo

contra povos latino-americanos, considerados “não evoluídos”, “atrasados”, e

Page 27: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

27

que roubam espaços dos jovens na sociedade norte-americana, principalmente

no mercado de trabalho. A xenofobia pode se manifestar de forma física ou

não, dependendo do contexto observado.

Já sobre o bullying, é preciso observar que pode ser definido:

“(...) como abuso físico ou psicológico contra alguém que não é capaz de se defender. (...) Quatro fatores contribuem para o desenvolvimento de um comportamento de bullying: 1) uma atitude negativa pelos pais ou por quem cuida da criança ou do adolescente; 2) uma atitude tolerante ou permissiva quanto ao comportamento agressivo da criança ou do adolescente; 3) um estilo de paternidade que utiliza o poder e a violência para controlar a criança ou o adolescente; e 4) uma tendência natural da criança ou do adolescente a ser arrogante. (...) A maioria dos bullies são meninos, mas as meninas também o podem ser. As meninas que são bullies utilizam, às vezes, métodos indiretos, como fofocas, a manipulação de amigos, mentiras e a exclusão de outros de um grupo.” (NANCY DAY, apud ABRAMOVAY & RUA, 2002, p. 23)

Na Europa, por sua vez, os estudos sobre a violência nas escolas

apontam para um fenômeno chamado de “incivilidade”, que pode ser

manifestado por meio de delitos contra objetos e propriedades (quebra de

portas e vidraças, danificação de instalações), intimidações físicas (empurrões,

escarros) e verbais (injúrias, xingamentos e ameaças), descuido com o asseio

das áreas coletivas (banheiros, pátios), ostentação de violência, adoção de

atitudes destinadas a provocar medo (poder de armas, posturas sexistas) e

alguns atos ilícitos, como o porte e consumo de drogas).

Percebe-se que as ações do que é chamado de incivilidade não

diferenciam muito dos tipos de violência observados nos Estados Unidos.

Sobre a incivilidade, é preciso informar que seus principais estudos são

realizados na França (ABRAMOVAY & RUA, 2002).

Mas é preciso compreender que:

“Debarbieux (...) considera que as incivilidades, classificadas por ele como violências anti-sociais e antiescolares, podem ser

Page 28: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

28

traumáticas, sobretudo quando se dão de forma banalizada e são silenciadas, visando a proteger a escola. Segundo Bourdieu (...), elas seriam possibilitadas por um poder que não se nomeia, que se deixa assumir como conivente e autoritário. Assim, professores não vêem, não reclamam e as vítimas não são identificadas como tais. Um exemplo seriam as manifestações de racismo, em que seria comum a cumplicidade não assumida entre jovens, adultos, alunos e professores.” (ABRAMOVAY & RUA, 2002, p. 24)

E ainda que:

“Embora alguns autores não considerem as incivilidades uma modalidade de violência, sendo associadas à agressividade ou a padrões de comportamento contrários às normas de convivência e respeito para com o outro, existe um consenso sobre a necessidade de se prestar atenção à ocorrência de atos de incivilidades no ambiente escolar, pois elas podem tornar o ambiente hostil.” (DÛPAQUIER apud ABRAMOVAY 7 RUA, 2002, p. 24)

Ainda que as classificações dos tipos de violência partam de visões e de

realidades diferentes, faz-se necessário considerar os muitos pontos em

comum existentes.

No Brasil, as pesquisas existentes não estão distantes do que é

observado em outros países, mas abordam também a questão da violência

notada em determinadas comunidades marginalizadas, onde prevalece o

tráfico de drogas, dentre outros agravantes.

2.3 As causas e condicionantes da violência

Por se tratar de um assunto complexo, os estudos das causas da

violência apresentam mesmo discordâncias incríveis, mesmo porque muitas

pesquisas dedicam-se a contextos exclusivos, a verdadeiras pesquisas de

campo específicas, que guardam suas características próprias.

Page 29: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

29

Contudo, dentro de determinadas aproximações, é possível observar o

que de mais comum existe no que tange às causas da violência.

Em sua tese de doutorado, Marilena Ristum (2001), esclarece que numa

tentativa de sistematizar a grande variedade e quantidade de causas da

violência observadas nos muitos trabalhos que sua pesquisa utilizou, buscou-

se classificá-las em função de como o ambiente em que elas se encontram

estão relacionadas aos que praticam a violência.

Assim, a autora estabeleceu duas grandes categorias, a de causas

contextuais e a de causas pessoais.

O primeiro grupo, o de causas contextuais, é subdividido em causas

contextuais distais e causas contextuais proximais.

As causas contextuais distais estão associadas a todos os problemas

advindos da organização da sociedade, como fatores sócio-econômicos,

políticos e culturais, como o desemprego, a pobreza, a miséria, a fome, a

discriminação social, má distribuição de rendas, exclusão social, violação de

direitos humanos, narcotráfico, autoritarismo e toda gama de fatores

decorrentes da estrutura social e de seu funcionamento, que produzem

verdadeiras formas de pensar e de ser da sociedade.

As causas contextuais proximais, por sua vez, estão associadas aos

verdadeiros “modelos de violência” com os quais se tem contato direto, como

os encontrados em casa, na rua e nos meios de comunicação, no uso da

punição para promover a disciplina em várias instituições (inclusive na escola),

na desorganização ou desestruturação familiar, etc.

Já as causas pessoais, por fim, mantêm relação com ações ou

comportamentos individuais, como o consumo de drogas lícitas ou não,

desequilíbrios emocionais, questões passionais, estresse, temperamento,

natureza ou índole da pessoa e, ainda, questões de auto-estima.

Cruz Neto e Moreira (1999), quando tratam dos condicionantes da

violência, embora não façam referência a nenhum condicionante de ordem

pessoal, a não ser associando-o a fatores contextuais, enumeram os seguintes

Page 30: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

30

condicionantes: fatores sócio-econômicos, fatores institucionais (sistema

escolar, saúde pública, transportes e moradia), fatores culturais, demografia

urbana (sobretudo quando observam o fenômeno da explosão demográfica),

meios de comunicação e globalização.

Todos esses condicionantes, direta ou indiretamente, guardam relação

com os muitos conceitos de violência na sociedade e na escola e, ainda, com

suas causas, principalmente com os neste trabalho já abordados.

Page 31: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

31

CAPÍTULO III

O ORIENTADOR EDUCACIONAL E A VIOLÊNCIA NA

ESCOLA: POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO

Este capítulo tem o objetivo de, após terem sido situadas historicamente

as funções do Orientador Educacional e de se observar o fenômeno da

violência, com seus conceitos, tipos e condicionantes, relacionar as funções do

Orientador Educacional de modo a minimizar os efeitos da violência no espaço

escolar de Educação Básica.

Embora não tenha sido encontrado nenhum trabalho que trate dessa

relação da Orientação Educacional frente à questão da violência no espaço

escolar, podem-se verificar ações desse profissional visando a diminuição do

fenômeno aqui tratado.

3.1 Manifestação da violência no âmbito escolar

Segundo o artigo 18 do Estatuto da Criança e do adolescente “é dever

de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de

qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou

constrangedor” (BRASIL, Lei 8069/90, Art. 18).

Bock, Furtado e Teixeira (1999) afirmam que a escola faz parte do

processo de socialização, sendo considerada a continuidade do processo que

foi iniciado na família.

Portanto, os valores, expectativas e práticas que envolvem o processo

educativo são semelhantes.

“Pode-se dizer que a violência manifesta-se de modo mais sutil na relação das crianças e dos jovens com os conteúdos a serem apreendidos, que podem não ter significado para sua

Page 32: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

32

vida; na relação com os professores que se caracteriza por práticas autoritárias e sem espaço para o diálogo, para a crítica: na relação com práticas disciplinares que buscam a sujeição do educando, a submissão, a obediência, o conformismo. Na verdade, a maior violência exercida pela escola é quando ela usa de seu poder sobre as crianças e os jovens e os leva a se tornarem meros reprodutores de conhecimento.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 334)

No âmbito escolar, é necessário destacar a violência exercida

seletivamente sobre as crianças e os jovens pertencentes às camadas

populares.

Como se pode afirmar:

“Estes, muitas vezes, não têm o repertório de conhecimentos esperado pela escola, e sua vivência (de trabalhador precoce, de responsável pela própria sobrevivência, de menino de rua) é desvalorizada, não é considerada no processo educativo.” (Idem, p. 334).

Esses alunos são considerados incapazes, por não apresentarem o

desempenho escolar esperado e são motivados à evasão, à repetência ou

passam a frequentar classes diferenciadas ou de reforço. Numa última

instância, continuam freqüentando as classes regulares, mas promovendo atos

de indisciplina por não considerarem a escola como um ambiente seu.

Nesse aspecto, é necessário destacar a valorização da teoria das

múltiplas inteligências defendida pelo psicólogo Howard Gardner. Veloso

(1993) critica o entendimento da inteligência como uma capacidade inata, geral

e única. Acredita, seguindo o pensamento de Howard Gardner, que os

indivíduos podem diferir em potencialidades particulares.

A teoria das múltiplas inteligências apresenta o ser humano como

possuidor de várias inteligências (linguística, lógico-matemática, espacial,

corporal-cinestésica, musical, intrapessoal e interpessoal), que se relacionam

de modo único em cada indivíduo. Estas inteligências são independentes entre

Page 33: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

33

si, combinadas e organizadas de maneiras particulares, utilizadas na resolução

de problemas.

A independência das inteligências significa que apresentar um alto nível

em uma inteligência, por exemplo, não requer o mesmo alto nível das demais.

Isto acontece porque todas as inteligências se manifestam universalmente e

independentes da educação e cultura.

A experiência de fracasso é muito marcante na construção de sua

identidade, pois essa incapacidade que é atribuída aos citados educandos

passa a ser internalizada e eles se sentem realmente incapazes. Este

sentimento gera certa revolta, fazendo com que o aluno não se reconheça

como pertencente ao ambiente escolar. É neste momento que podem ocorrer

as pichações e outras depredações, ou seja, uma espécie de protesto

motivado, uma forma de contestação.

Para Cardia (1997) para os jovens que tem baixa-estima, que não

conseguem se vincular com a escola devido aos repetidos fracassos,

vandalizar é modo de se apropriar dela (escola) e, de certo modo, vencê-la.

Outros fatores que podem explicar os atos de vandalismo são a falta de

difusão do conceito de bem público, o meio ambiente com uma infra-

estrutura deficiente, como uma forma de resistência diante das imposições de

normas ou uma expressão do coletivo, uma espécie de persistência social que

nega submeter-se.

É preciso desenvolver nas escolas a prática da reflexão coletiva, da

crítica construtiva, para se acercar das causas das pichações, das

depredações, do uso das drogas, da violência generalizada, perguntando ao

educando: por que as dependências da escola são pichadas, depredadas?

Porque cresce o tráfico e o uso de drogas entre os estudantes nas escolas?

Por que tem aumentado a agressão e a violência entre os estudantes no

interior das escolas?

Há necessidade urgente deste tipo de discussão, para que se chegue à

essência dos fatos, partindo de compreensão da realidade. O carro riscado, o

aluno problemático, o professor bravo, o confronto das pessoas envolvidas

Page 34: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

34

podem representar o início de uma ação para se saber quem é, ou melhor, o

que é que está por detrás de tudo isto.

Geralmente a escola é desorganizada, há falta de professores, de

funcionários, de material. Mas, exige-se organização dos alunos, numa total

desconexão entre aquilo que oferece e aquilo que exige. Para solucionar o

problema da indisciplina, da depredação, geralmente, se propõe aumentar a

vigilância, aumentar a segurança do prédio escolar, ampliar as normas e

regulamentos. Contudo indisciplina, violência, desrespeito e depredação vêm

aumentando frequentemente, tanto em escola com rígido esquema de

vigilância, de segurança e de punição, quanto naquelas onde há ausência

quase total de tais mecanismos. Depredação, violência e indisciplina muitas

vezes se constituem em resposta que os alunos dão à repressão, às normas

rígidas e aos desrespeitos oferecidos pelos professores, diretores, funcionários,

supervisores. Em realidade, o sistema não valoriza o rendimento escolar da

classe desfavorecida; consequentemente há desrespeito e falta de habilidade e

de interesse em lidar com os estudantes dela oriundos.

Onde há bom relacionamento, apoiado na teoria das múltiplas

inteligências, entre professores, alunos e direção, onde há um clima

democrático, há organização, disciplina, ordem e os educandos sentem a

escola como um local agradável e que os valoriza.

Outro ponto importante para a compreensão do fenômeno da violência

nas escolas é o crescimento da presença do narcotráfico nos grandes centros

urbanos. Hoje, a influência tem se caracterizado de maneira tão forte na

sociedade que a mídia afirma a existência de um estado paralelo, que dita as

suas leis, julga, condena e extermina jovens.

É uma dicotomia que se instala: segundo as estatísticas, ocorreu uma

melhora no setor da saúde e saneamento básico, diminuindo a mortalidade

infantil e aumentando a longevidade da população, porém os jovens brasileiros

– sobretudo os de sexo masculino – estão morrendo cada vez mais cedo

devido à violência da lei do tráfico instalada no país (RISTUM, 2010).

Page 35: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

35

As escolas também são influenciadas pela imposição dos traficantes

que, através de ameaças, fecham as mesmas, controlando o seu

funcionamento. Além disso, as leis ditadas nas favelas e comunidades carentes

influenciam o comportamento dos seus moradores e consequentemente dos

educandos.

Entretanto, antes mesmo desta experiência social com grupos externos,

cabe lembrar a primeira experiência social do indivíduo, a qual, muitas vezes,

pode ser traumática: a família.

A instituição que deveria ter função de proteção e cuidado torna-se, por

vezes, um ambiente de maus-tratos, negligência, violência psicológica, a

agressão física o abuso sexual. No interior da família, segundo pesquisas, a

principal vítima de violência física é o menino e, do abuso sexual, a menina. O

pai biológico é, na maioria das vezes, o principal agressor (RISTUM, 2010).

Apesar das transformações na sociedade, sobretudo na estrutura da

família, ainda prevalece caracterizada a autoridade paterna, sendo decorrentes

a submissão dos filhos e da mulher e a repressão da sexualidade feminina.

Essa autoridade e repressão aparecem como protetoras dos membros

da família.

“Poderíamos perguntar se essa imagem falseada que se tenta passar realmente cumpre a função de proteção, ou se encobre práticas de violência sobre o uso do corpo mulher bem como acaba justificando os castigos físicos na educação dos filhos perpetrados tanto pelo homem como pela mulher.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p. 334)

O fenômeno da violência doméstica é universal, atinge tantos os países

ricos quanto os pobres e pode ser observado em todas as classes sociais.

Embora não seja recente, apenas atualmente sua divulgação intensificou-se

através dos meios de comunicação.

É comprovado por pesquisas nacionais e internacionais que 90% dos

agressores de hoje sofreram algum tipo de violência na infância ou na

Page 36: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

36

adolescência, o que demonstra a necessidade de tratamento dessas vítimas

(RISTUM, 2010). Além disso é necessária a quebra deste ciclo de violência,

no qual em muitos casos, a família sabe e encoberta tal situação ao longo de

gerações.

É de tamanha importância os educadores estarem atentos a tal forma de

violência, pois a mesma interfere significativamente no cotidiano escolar. O

comportamento dos alunos, assim como seu desempenho escolar são

fortemente afetados pela violência familiar, podendo interferir na capacidade de

concentração e de interagir com os colegas. As consequências são problemas

disciplinares, piores notas, repetência, o que afetará a sua visão como incapaz,

a motivação para atividades e o vínculo entre ele e a escola. Como afirma

Cárdia (1997), a violência doméstica e do meio ambiente, aumentam a

probabilidade de fracasso escolar e de deliquência: a deliquência aumenta a

violência na escola e as chances de fracasso escolar e ambos reduzem o

vínculo entre os jovens e a escola.

Além disso, os professores devem estar atentos aos seguintes sinais de

violência doméstica: medo dos pais e de voltar para casa, mudanças

frequentes de humor, comportamento agressivo, desatenção, timidez ou apatia,

apreensão quando outras crianças começam a chorar, desconfiança no contato

com adultos, sono agitado e pesadelos, conhecimento sexual inadequado para

idade, gravidez precoce e masturbação excessiva, marcas no corpo

(queimaduras, fraturas, mordidas), dentre outros fatores.

3.2 A Orientação Educacional e a contribuição na diminuição

da violência escolar

O indivíduo que aprende é um ser complexo que se desenvolve não

somente no aspecto intelectual como também no afetivo e emocional, no

social, no biológico e em todo aspecto de sua personalidade. Problemas e

Page 37: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

37

dificuldades poderão afetar o rendimento escolar do aluno e o Orientador não

pode desconsiderá-las no seu trabalho.

Entre os alunos não são raros os problemas físicos permanentes ou

temporários como problemas com emissão de voz, mamas muito

desenvolvidas em meninos e pouco em meninas, acne, tiques nervosos,

obesidade, magreza excessiva, estatura muito alta ou baixa, nariz e orelhas

muito grandes entre outros, que costumam ser conflitos para os alunos, não só

do ponto de vista interno de suas frustrações ou complexos, mas também em

relação aos colegas, que podem usar tais problemas para fazer alvo de

apelidos e chacotas para agredi-los.

A escola deve estar atenta para essa problemática e deve estar

preparada para lidar da melhor forma possível com ela. E isso depende muito

da atuação do Orientador Educacional que tem atuação importante no que

tange às relações sociais na escola. Essa orientação deve ser adequada aos

indivíduos em questão.

Cabe ao Orientador Educacional dar apoio necessário ao educando e à

família, procurando encaminhá-los aos especialistas ou as instituições

indicadas, caso seja necessário.

A concepção de Orientação Educacional deve hoje, estar comprometida

com:

“1) A construção do conhecimento, através de uma visão da relação sujeito-objeto, em que se afirma, ao mesmo tempo, a objetividade e a subjetividade do mundo, esta considerada como um momento individual de internalização daquelas; 2) A realidade concreta da vida dos alunos, vendo-os como atores de sua própria história; 3) A responsabilidade do processo educacional na formação da cidadania, valorizando as questões do saber pensar, saber criar, saber agir e saber falar na prática pedagógica; 4) A atividade realizada na prática social, levando-se em consideração que é dessa prática que provém o conhecimento e que ele se dá como um empreendimento coletivo; 5) A diversidade da educação questionando valores pessoais e sociais, submersos nos atos da escolha e decisão do indivíduo; 6) A construção de rede de subjetividade que é tecida em diferentes momentos na escola e por ela.” (GRINSPUN, 2006, p. 32 – 33)

Page 38: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

38

Acredita-se que é necessário resgatar o educando, aproximando-o cada

vez mais da escola e aumentando a relação família/escola/comunidade. É

importante valorizar as atividades extra-classe, esportivas, lúdicas, estimulando

a participação dos educandos. A questão da violência deve ser tratada no

cotidiano de sala de aula, difundindo uma cultura de respeito aos direitos

humanos.

“Para enfrentar uma cultura da violência, é necessário promover, em todos os âmbitos da vida individual, familiar, grupal e social, uma cultura dos direitos humanos. Somente assim acreditamos ser possível construir uma sociabilidade que tenha seu fundamento na afirmação cotidiana da dignidade de toda pessoa humana.” (LUCINDA; NASCIMENTO; CANDAU, 1999, p. 63)

Os pais e responsáveis precisam estar mais atentos à conduta das

crianças e adolescentes, procurando conhecer com quem se relacionam, como

é gasto seu tempo, sempre dialogando, mantendo uma relação mais próxima e,

portanto, conhecendo-os cada vez mais. Desta maneira se torna mais fácil

manter o controle da situação.

O professor precisa ser, verdadeiramente, um educador. Deve estar

preparado para educar efetivamente, envolvendo-se, conhecendo melhor seu

aluno e a sua realidade.

Desta maneira, a relação torna-se mais próxima, aumentando o vínculo

professor/aluno com reflexos na escola como um todo.

Todos os funcionários da escola devem desenvolver um trabalho em

equipe voltado para o desenvolvimento de uma proposta pedagógica que

favoreça a paz no âmbito escolar.

Essa cultura de paz deve ser levada para além dos muros da escola,

envolvendo a comunidade na conscientização da gravidade da questão da

violência.

Page 39: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

39

Palestras e reuniões para aproximar os pais e responsáveis,

conscientizando-os em relação às atitudes a serem tomadas a fim de

conhecerem e compreenderem seus filhos e tutelados, tudo isso é primordial

na luta contra a violência.

A escola deve proporcionar essa abertura, valorizando a família do aluno,

mesmo que esta não seja composta de maneira tradicional. Valorizar a vida do

aluno, respeitando-o a partir do nascimento de sua vida social é uma forma de

não excluí-lo nessa segunda etapa do contato com a sociedade. Muitas vezes,

é isso o que ocorre no ambiente escolar: a discriminação.

Baseada num pensamento crítico e dialógico, não se pode conceber um

trabalho da Orientação Educacional frente à questão da violência sem uma

ação conjunta com os demais sujeitos da comunidade escolar, de modo

participativo.

O Orientador deve estar associado a todo esse movimento, assumindo a

postura de mediador para novos caminhos, escolhas e possibilidades, de forma

planejada, pensada, desejada. Em outras palavras, sua prática cotidiana deve

ser consciente, visando a superação dos conflitos e problemas típicos das

relações humanas em prol da melhoria do trabalho educativo.

“Mas o papel da reflexão não acaba neste momento. Além de levar o sujeito à objetividade e à consciência das suas responsabilidades, ela permite uma constante visão levando em conta a origem mais profunda e as conseqüências mais longíquas das suas atividades. A reflexão é uma qualidade muito necessária ao orientador educacional, sobretudo quando este adota uma atitude de busca sempre mais rigorosa, de pesquisa e de avaliação, de aperfeiçoamento permanente. É um esforço de autocrítica que permite desfazer-se tanto das dúvidas quanto das falsas justificações e representações. É, ainda, criativo, porque dá segurança na escolha de opções e, consequentemente, maiores possibilidades de realizações.” (PORTO, 2009, p. 69)

O sucesso da escola na luta contra a violência depende do clima

institucional, da competência didática e pedagógica, da resposta dos

Page 40: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

40

educandos e, sobretudo, de um bom entrosamento entre a escola e as famílias.

Ou seja:

“(...) em face das transformações que vivemos no mundo e que se repercutem em todas as instituições, o papel da Orientação Educacional é muito significativo, ao possibilitar ao sujeito compreender e analisar esse mundo, compreendendo-se nesta relação com o outro, e de seu projeto político pedagógico, de modo que possamos viver e conviver neste mundo de forma mais crítica e consciente, buscando alternativas, criando estratégias para uma Escola de mais qualidade, uma sociedade mais justa e um mundo que aposte na paz.” (GRINSPUN, 2006, p. 187)

A Orientação Educacional pode tornar-se ponto de referência para a

promoção de um ambiente de paz na escola, onde os sujeitos da comunidade

escolar mantenham relações sociais conscientes e respeitosas.

Nesse sentido, para o Orientador Educacional:

“(...) é necessário ampliar sua visão sobre o trabalho na escola, buscando sempre alternativas de atuação, concluindo pela necessidade de atuar no contexto, difícil de delimitar, porém aponta para o orientador a importância de ver a escola como um todo, interna e externamente, inserida em uma comunidade específica para a qual deve estar aberta. É preciso, ainda, que a escola assuma a sua função de formar homens críticos, politicamente competentes, conhecedores dos problemas que os cercam, das limitações que os sujeitam e que, acima de tudo, sejam capazes de organizar-se para defenderem para si e para os demais homens o direito de cidadania.” (PORTO, 2009, p. 73)

“Educar é um ato político”, segundo Paulo Freire (2006). É através deste

ato que a Orientação Educacional deve dar início à promoção do sucesso

escolar, partindo da realidade do educando, buscando meios para favorecer

sua prática e, além disso, compreender seus problemas de vida, ou seja, estar

aberta ao entendimento de todas as complexidades que envolvem as relações

humanas no espaço escolar.

Page 41: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

41

O OE precisa mostrar ao educando que quer ajudá-lo, através de ações

totalizantes desenvolvidas no ambiente escolar. A realidade do educando deve

fazer parte do processo educativo, sendo que o conhecimento desse educando

é fundamental para que suas expectativas e interesses sejam valorizados.

Portanto, a Orientação Educacional necessita criar mecanismos para

que tanto os educandos quanto os demais sujeitos que integram a comunidade

escolar possam ser ouvidos e compreendidos enquanto construtores dos

objetivos – e sonhos – da instituição de ensino e de uma sociedade de paz.

Claro que cada contexto demandará de práticas específicas no trabalho

contra a violência na escola e que isso não será em caso algum fácil, mas é

preciso que o Orientador Educacional seduza a comunidade escolar, enquanto

profissional responsável pelas interações sociais na instituição de ensino, para

que os sujeitos dessa comunidade desejem essa necessária transformação em

busca da inclusão, do respeito e da cidadania.

Page 42: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

42

CONCLUSÃO

A sociedade humana, caracterizada por sua diversidade, complexidade

e, sobretudo, por suas relações de poder, as quais geralmente produzem

conflitos consideráveis, tem possibilitado cada vez mais a existência e o

desenvolvimento desse fenômeno que tanto a aflige: a violência.

Apesar das muitas definições de violência, pode-se compreender que tal

fenômeno produz agressividades variadas, inclusive físicas e psicológicas,

desrespeitos às pessoas, espaços e a bens materiais, constrangimento, mal

estar, medo, marginalização e exclusão, tornando a sociedade cada vez mais

fragmentada quando se diz respeito aos seus sujeitos.

Sabe-se que a escola, por ser um subsistema da sociedade e, logo, por

estar incluída nessa, acaba apresentando em seu interior e nas suas práticas

muitos dos fenômenos existentes na sociedade, que na realidade é um grande

sistema cultural.

E, por isso, a violência é visivelmente percebida no interior das

instituições de ensino, sobretudo nas últimas décadas, com o aumento dos

recursos tecnológicos de informação, uma vez que várias imagens produzidas

em escolas vêm denunciar a violência que ocorre nos meios escolares.

Tal fenômeno vem alarmando professores e pesquisadores da

educação, que buscam sua compreensão e as possibilidades de transformação

dessa triste realidade.

Nesse sentido, os olhares podem ser voltados para uma atuação mais

significativa do Orientador Educacional, pois esse é o profissional que tem

como uma de suas incumbências voltar seus olhares para as complexas

relações sociais e para os contextos vivenciados pelos sujeitos da comunidade

escolar.

Page 43: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

43

Como a violência somente se manifesta nas relações entre os

indivíduos, pode ser esse fenômeno observado e tomado como um dos objetos

de ação da Orientação Educacional.

O objetivo geral deste trabalho era o de analisar as contribuições da

atuação do Orientador Educacional na diminuição da violência escolar nas

instituições de ensino de Educação Básica, admitindo-se a hipótese de que

considera que a violência escolar, embora tenha sua origem geralmente fora do

ambiente escolar, com influências de valores da própria sociedade, pode ser

combatida no espaço escolar por meio de uma atuação significativa e

consciente do Orientador Educacional e por outros sujeitos da comunidade

escolar.

Durante o desenvolvimento deste trabalho, de cunho bibliográfico,

verificou-se que a violência também pode surgir dentro da própria instituição de

ensino, devido aos valores e às práticas normalmente desenvolvidas de forma

acrítica.

Contudo, verificou-se também, por meio da análise de grandes autores

que tratam da temática, ser possível atenuar tanto a incidência quanto a

intensidade do fenômeno nos meios escolares por meio de uma prática da

Orientação Educacional associada ao posicionamento dos sujeitos da

comunidade escolar enquanto sujeitos de sua própria história, de forma crítica,

participativa e, portanto, responsável.

Na verdade, é preciso que o Orientador Educacional contribua para a

humanização do espaço escolar, promovendo a valorização de todos os seus

sujeitos num ambiente de diálogo constante e de construção coletiva, inclusive

das regras que a organizam e orientam as relações desses sujeitos.

E, na busca de uma escola mais pacífica e respeitadora de todos os

seus sujeitos, valorizando seus contextos e seus posicionamentos conscientes,

o Orientador Educacional pode ser um dos sujeitos de uma necessária

reinvenção desse importante espaço institucional.

Page 44: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

44

BIBLIOGRAFIA

ABRAMOVAY, M. Cotidiano das escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, 2002. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org.> Acesso em: 15 junho 2011.

ABRAMOVAY; M.; RUA, M. das G.; Violências nas escolas. Brasília: UNESCO/Pitágoras, 2002.

ASFOE. Código de ética dos orientadores educacionais fluminenses. Vassouras: ASFOE, 2009.

AZENHA, E. P. A orientação educacional hoje: a relevância desta função no contexto escolar. Brasília: Universidade Gama Filho, 2010.

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

BARROS, D. T. R. Histórico da orientação vocacional. Belo Horizonte: UFMG, 2008. Disponível em: < www.scribd.com > Acesso em 10 de maio de 2011.

BRASIL. Código de ética dos orientadores educacionais no Brasil. Brasília: Imprensa Nacional/DOU, 1979.

______. Estatuto da criança e do adolescente: Lei 8069/90. Brasília: Congresso Nacional, 1990.

______. Lei 5692/71: Lei de reforma de ensino do ensino de 1º e 2º graus. Apresentação de: DAVIES, Nicholas. São Paulo: Cortez, 2004.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9394/96. Apresentação de: CURY, Carlos Roberto Jamil. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

CARDIA, N. A violência urbana e a escola. Rio de Janeiro: Contemporaneidade e Educação, 1997.

Page 45: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

45

CAZELA, G. F. A teoria e a prática da orientação educacional: um estudo de caso. São Carlos: UFSCar, 2007.

CRUZ NETO, O.; MOREIRA, M. R. A concretização de políticas públicas em direção à prevenção da violência estrutural. Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999.

DEBARBIEUX, E.; BLAYA, C. (Org). A violência nas escolas e políticas públicas. Brasília: UNESCO, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 43ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.

FREITAS, A. C. S.; OLIVEIRA, H. S. de. A orientação educacional nas escolas atualmente. Goiânia: Enciclopédia Biosfera, 2009.

GALLO, S. Ética e cidadania: caminhos da filosofia. Campinas: Papirus, 2001.

GIACAGLIA, L. R. A.; PENTEADO, W. M. A. Orientação educacional na prática: princípios, técnicas, instrumentos. São Paulo: Pioneira Educação, 2006.

GRINSPUN, M. P. S. Z. (Org). A prática dos orientadores educacionais. 6ª edição. São Paulo: Cortez, 2008.

GRINSPUN, M. P. S. Z. A orientação educacional: conflito de paradigmas e alternativas para a escola. 3ª edição. São Paulo: Cortez, 2006.

_________. Supervisão e orientação educacionais: perspectivas na escola. 4°ed. São Paulo: Cortês, 2008.

LAROSA, M. A.; AYRES, F. A. Como produzir uma monografia passo a passo: siga o mapa da mina. 6ª edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2005.

LUCINDA, M. da C; NASCIMENTO, M. das G.; CANDAU, V. M. Escola e violência. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

Page 46: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

46

MORAES, V. R. Desordem urbana. Rio de Janeiro: Mercúrio, 1982.

ODALIA, N. O que é violência. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: OMS, 2002. Disponível em: <http://http://www.oms.org> Acesso em: 10 junho 2011.

PLACCO, V. M. N. de S. Formação e prática do educador e do orientador. São Paulo: Papirus, 2009.

PORTO, O. Orientação educacional: teoria, prática e ação. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2009.

RISTUM, M. A violência doméstica contra crianças e as implicações da escola. Salvador: UFBA, 2010.

_______. O conceito de violência de professoras do ensino fundamental. Salvador: UFBA, 2001.

STELKO-PEREIRA, A. C.; WILLLIANS, L. C. de A. Reflexões sobre o

conceito de violência escolar e a busca de uma definição abrangente. São

Carlos: UFSCar, 2010.

Page 47: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

47

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ..........................................................................................02

AGRADECIMENTO ..........................................................................................03

DEDICATÓRIA .................................................................................................04

RESUMO ..........................................................................................................05

METODOLOGIA ...............................................................................................06

SUMÁRIO .........................................................................................................07 INTRODUÇÃO ..................................................................................................08

CAPÍTULO I

O ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL: SITUANDO

HISTORICAMENTE SUAS FUNÇÕES EDUCACIONAIS ...............................12

1.4 A Orientação Educacional e suas origens no mundo ......................12

1.5 O surgimento da Orientação Educacional no Brasil ........................14

1.6 As incumbências da Orientação Educacional ...................................16

CAPÍTULO II

A VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE E NA ESCOLA: CONCEITOS, CAUSAS E

CONDICIONANTES .........................................................................................22

2.4 Os conceitos de violência ...................................................................22

2.5 Tipos de violência ................................................................................25

2.6 As causas e condicionantes da violência .........................................28

Page 48: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

48

CAPÍTULO III

O ORIENTADOR EDUCACIONAL E A VIOLÊNCIA NA ESCOLA:

POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO ...................................................................31

3.3 Manifestação da violência no âmbito escolar ...................................31

3.4 A Orientação Educacional e a contribuição na diminuição da

violência escolar ..................................................................................36

CONCLUSÃO ...................................................................................................42

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................44

ÍNDICE ..............................................................................................................47

FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................49

Page 49: A VIOLÊNCIA NA ESCOLA - AVM - Pós-Graduação · violência na escola. Atualmente, a violência invadiu todas as áreas da vida do indivíduo. É como se o progresso tecnológico,

49

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A violência na escola

Autor: Katia Rodrigues Fonseca

Matrícula: C206286

Data da entrega: 21/07/2011.

Avaliado por: ....................................................................... Conceito: ............