A VISO DO TEXTO COMO ICEBERG Parte Do Texto Enviado Aos Alunos 0209

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A VISÃO DO TEXTO COMO ICEBERG

A importância da leitura não está, simplesmente, em ler por ler, mas no seu objetivo, mesmo que esse objetivo seja apenas passar algumas horas agradáveis, “curtindo” uma boa história ou sabendo os detalhes de algum acontecimento ou descoberta interessante.

Assim, devemos procurar sempre efetuar boas leituras, seja por lazer, seja pela busca de maior conhecimento. Qualquer que seja a opção, o material lido deve ser escolhido cuidadosamente, pois através dele iremos aumentando o nosso conhecimento de mundo e, mesmo, nosso conhecimento lingüístico que, às vezes, não é tão desenvolvido ou acurado pelo fato de não gostarmos ou não termos tido a oportunidade de estudar gramática, ou a chamada “norma culta ou padrão”.

Quantas vezes ouço comentários do tipo: “Eu leio , mas não compreendo o que o texto quer transmitir”, ou “O texto está cheio de palavras que desconheço”, ou ainda “Este texto parece escrito em grego”, e daí por diante.

Assim, para irmos melhorando nossa compreensão, é necessário irmos aumentando nosso vocabulário, ampliando as áreas de nossos conhecimentos, diversificando as nossas escolhas. Se não gostarmos de ler jornal, tentemos começar por algum fato que nos chamou a atenção na TV e que, certamente, será mais detalhado em um jornal. Dessa forma, ao invés de só escutarmos a notícia, poderemos ler e prestar atenção nas palavras, na forma como são escritas, como são ligadas uma às outras para dar sentido, ou como se diz, formar um texto coeso e coerente. Se não entendermos algum vocabulário utilizado ou um trecho do texto, busquemos “inferenciar” seu significado, ou seja, pelo contexto, pelo assunto tratado, tentemos imaginar seu significado ali naquela parte em questão. Caso não consigamos, procuremos em um dicionário qual o melhor significado naquela situação.

Se apenas costumamos ler revistas em quadrinhos, romances policiais, revistas sobre o que acontece no mundo das celebridades, procuremos nos interessar por livros que tragam histórias interessantes, histórias que foram transformadas em filmes famosos. Caso surja dificuldade na hora de decidir, peça a opinião de algum(a) amigo(a) que goste de ler, de se manter informado, a um professor que goste de fazer comentários sobre cultura geral. Enfim, há inúmeros meios de nos tornarmos melhores leitores, melhorarmos nosso bate-papo, melhorarmos nossa maneira de falar ou escrever, sem precisarmos ficar decorando regras e mais regras. A simples convivência com boas leituras fará com que nos tornemos pessoas mais interessantes, mais cultas e mais desenvoltas para opinar, argumentar ou expor alguma idéia inovadora.

Uma maneira interessante e simples de entendermos o que é um texto é compará-lo a um ‘iceberg’: a parte que fica à mostra é a parte estrutural, ou seja, são as palavras que utilizamos, os conectivos que servem para ligar essas palavras, a parte que busca dar coesão àquilo que queremos transmitir, enfim, é o código lingüístico utilizado para dar forma ao texto. Entretanto, se ficarmos simplesmente na decodificação deste código lingüístico , preocupados unicamente com a parte estrutural da nossa língua, não conseguiremos atingir a parte submersa do ‘iceberg’, que é onde se encontra o verdadeiro significado do texto, a sua riqueza, que poderá ser encontrada se utilizarmos nosso conhecimento prévio, o nosso conhecimento de mundo sobre o assunto. Para isso precisamos aprender a ler nas entrelinhas, aquilo que não está escrito explicitamente, mas que conseguiremos perceber à medida que exercitarmos e desenvolvermos melhores técnicas e estratégias de leitura. Caso não levemos essas instruções a sério, ou simplesmente dissermos “mas eu não gosto de ler, não tenho paciência para isso”, ficaremos sempre apreciando somente a parte do ‘iceberg’ que fica à mostra.

Dessa forma, nunca chegaremos a ser um leitor crítico, que consiga apresentar argumentos convincentes em uma discussão sobre um determinado tema e, muito menos, seremos bons produtores de texto, bons argumentadores em nossa vida profissional, pois, em grande parte, tudo isso é adquirido através de nossas leituras e compartilhamentos.

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Reflita sobre isso! Faça um desafio a você próprio(a)!

Profª MSc. Vera Lúcia Tosetto Zanelato1

04/01/2009

1 O texto colocado na Introdução e o que segue na próxima página, incluindo os exercícios, fazem parte de um artigo desta autora, ainda não publicado. Sendo assim, o mesmo não poderá ser copiado ou utilizado por outra pessoa sem a devida citação do autor e data.

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Como vimos na introdução, há duas formas de se ler um texto: simplesmente decodificando-o ou, então, lendo nas entrelinhas, buscando a parte submersa do ‘iceberg’, a parte profunda, que fica abaixo das palavras impressas no papel.

Posso dizer que a segunda opção é muito fácil de se fazer? Não!Mas será impossível? Não!O que devemos fazer então?Algumas respostas, ou estratégias, poderiam ser:

a) Primeiramente saber qual o objetivo da minha leitura: lazer; estudo; aumentar o conhecimento de mundo em determinada área; aumentar o meu vocabulário; procurar um emprego, procurar uma casa ou carro para comprar, etc. Dependendo do objetivo estabelecido, o foco da minha leitura será diversificado. Por exemplo, caso eu queira procurar uma casa para comprar, não folhearei o jornal todo, mas irei direto à página de classificados. Ao ler os classificados, já terei em mente a casa que procuro ou que cabe dentro do meu orçamento. Assim, irei excluindo, logo de início, aqueles que comecem com alguma descrição que não corresponde à minha expectativa.

b) Procurar realizar boas leituras, isto é, verificar se o material a ser lido é proveniente de uma fonte fidedigna (confiável), que irá contribuir para o meu crescimento intelectual ou pessoal.

c) Procurar um lugar tranqüilo para fazer uma primeira leitura silenciosa. Lugares barulhentos tiram a concentração e dificultam o entendimento de assuntos simples.

d) Monitorar a leitura, ou seja, verificar se o que está sendo lido está sendo compreendido ou se ficaram dúvidas. Se ficou alguma dúvida, buscar a melhor forma de resolvê-la: a dificuldade no entendimento foi causada pela perda do referente, isto é, não sei mais a quem ou a que o seguimento lido está se referindo; não entendi o significado das palavras utilizadas; não tenho conhecimento prévio suficiente para entender sobre o que o autor está expondo, etc. ● perdi o referente: reler com atenção para encontrar o referente.

● não entendi o significado de alguma palavra: tentar inferenciar pelo contexto. Se não for possível, buscar o dicionário.

● falta de conhecimento prévio: pesquisar sobre o assunto lido, um lugar citado, ou um fato que será importante para a compreensão do texto.

e) Segundo estudos realizados, tudo o que escrevemos ou dizemos já foi dito ou escrito por alguém. Nós apenas acrescentamos dados novos a algo já exposto ou dito anteriormente. Assim estamos sempre intertextualizando, ou seja, citando outros textos, títulos de obras, acontecimentos passados, etc. Dessa forma, devemos buscar em nossa memória (ou arquivos em nosso cérebro) o que sabemos sobre o assunto tratado ou citado, pois assim começaremos a entender o que o autor quis expor com certas palavras ou citações. Caso desconheçamos e não procurarmos entender o porquê de sua colocação, estaremos apenas decodificando o texto, ou seja, teremos condições apenas de recontar o que está impresso no papel e nunca conseguiremos dialogar com o autor, através de seu texto.