Abacaxi Pos Colheita

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ABACAXI Pós-Colheita Neide Botrel Gonçalves Organizadora Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Brasília - DF 2000 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Agroindústria Tropical Ministério da Agricultura e do Abastecimento

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Pós colheita da cultura do abacaxi

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ABACAXIPós-Colheita

Neide Botrel Gonçalves Organizadora

Embrapa Comunicação para Transferência de TecnologiaBrasília - DF

2000

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Agroindústria TropicalMinistério da Agricultura e do Abastecimento

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Série Frutas do Brasil, 5

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1ª edição1ª impressão (2000): 3.000 exemplares

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CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação.Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia.

Abacaxi. Pós-colheita / Neide Botrel Gonçalves; organizadora; EmbrapaAgroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ). — Brasília: EmbrapaComunicação para Transferência de Tecnologia, 2000.45p. ; (Frutas do Brasil ; 5).

Inclui bibliografia.ISBN 85-7383-079-4

1. Abacaxi - Colheita. 2. Abacaxi - Pós-colheita. I. Gonçalves, Neide Botrel,org. II. Embrapa Agroindústria Agroindústia de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ).III. Série.

CDD 634.774

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AAUTUTORESORES

Celeste Maria Patto de AbreuEngenheira Agrônoma, D.Sc. em Ciência dos Alimentos, Professora da Universidade Federal deLavras. Caixa Postal 37. Cep 37200-000. Lavras-MG.E-mail: [email protected].

Cicely Moitinho AmaralEconomista, Ph.D em Economia, Professor da FCA/USP e Pesquisador da FIPE. Av. ProfessorLuciano Gualberto, 908, Cidade Universitária. Cep 05406-000. São Paulo - SPE-mail: [email protected]

Domingo Haroldo Rudolfo Conrado ReinhardtEngenheiro Agrônomo, D.Sc. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura,Caixa Postal 007. Cep 44.380-000. Cruz das Almas-BA.E-mail: [email protected]

Neide Botrel GonçalvesEngenheira Agrônoma, D.Sc. em Ciência dos Alimentos, Pesquisadora da Embrapa Agroindústria deAlimentos. Av. das Américas, 29501. Cep 23020-470. Rio de Janeiro.E-mail: [email protected]

Odilson L. Ribeiro e SilvaEngenheiro Agrônomo, Diretor-Substituto do Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal.Ministério da Agricultura e do Abastecimento, Esplanada dos Ministérios, Anexo B, sala 307.Cep 70043-900. Brasília - DFE-mail: [email protected]

Vânia Déa de CarvalhoEngenheira Agrônoma, D.Sc. em Ciência dos Alimentos, Professora da Universidade Federal deLavras. Caixa Postal 37. Cep 37200-000. Lavras-MG.E-mail.: [email protected]

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APRESENTAPRESENTAÇÃOAÇÃO

Uma das caraterísticas do Programa Avança Brasil é a de conduzir os empreendimentosdo Estado, concretizando as metas que propiciem ganhos sociais e institucionais para ascomunidades às quais se destinam. O trabalho é feito para que, ao final da implantação de umainfra-estrutura de produção, as comunidades envolvidas acrescentem, às obras de engenhariacivil requeridas, o aprendizado em habilitação e organização, que lhes permita gerar empregoe renda, agregando valor aos bens e serviços produzidos.

O Ministério da Agricultura e do Abastecimento participa desse esforço, com o objetivode qualificar nossas frutas para vencer as barreiras que lhes são impostas no comérciointernacional. O zelo e a segurança alimentar que ajudam a compor um diagnóstico dequalidade com sanidade são itens muito importantes na competição com outros paísesprodutores.

Essas preocupações orientaram a concepção e a implantação do Programa de Apoio àProdução e Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais – FRUPEX. OPrograma Avança Brasil, com esses mesmos fins, promove o empreendimento InovaçãoTecnológica para a Fruticultura Irrigada no Semi-árido Nordestino.

Este Manual reúne conhecimentos técnicos necessários à colheita e pós-colheita doabacaxi. Tais conhecimentos foram reunidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária– Embrapa – em parceria com as demais instituições do Sistema Nacional de PesquisaAgropecuária, para dar melhores condições de trabalho ao setor produtivo, preocupado emalcançar padrões adequados para a exportação.

As orientações que se encontram neste Manual são o resultado da parceria entre o Estadoe o setor produtivo. As grandes beneficiadas serão as comunidades para as quais as obras deengenharia também levarão ganhos sociais e institucionais incontestáveis.

Tirem todo o proveito possível desses conhecimentos.

Marcus Vinicius Pratini de Moraes

Ministro da Agricultura e do Abastecimento

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SUMÁRIOSUMÁRIO

CAPÍTULO 1

INDICADORES DO MERCADO MUNDIAL DE ABACAXI .................................................... )9

CAPÍTULO 2

CARACTERÍSTICAS DA FRUTA ...................................................................................................... 13

Introdução ............................................................................................................................................. 13

Cultivares ............................................................................................................................................... 13

Coloração ............................................................................................................................................... 14

Aparência ............................................................................................................................................... 14

Maturação .............................................................................................................................................. 16

Qualidade Interna .................................................................................................................................. 16

Influência de Fatores Pré-colheita ........................................................................................................ 18

Plano de Revisão do Codex para o Padrão de Abacaxi – Codex Satn 182-183 ............................... 23

CAPÍTULO 3

COLHEITA E BENEFICIAMENTO ............................................................................................... 28

Introdução ............................................................................................................................................. 28

Determinação do Ponto de Colheita ................................................................................................... 28

Colheita .................................................................................................................................................. 30

Seleção, Classificação e Outros Cuidados Pós-colheita ...................................................................... 32

Métodos para Uniformizar a Maturação .............................................................................................. 35

CAPÍTULO 4

PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA A CERTIFICAÇÃO FITOSSANITÁRIA .................. 38

CAPÍTULO 5

TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO ........................................................................................ 40

Introdução ............................................................................................................................................. 40

Manejo Pós-colheita .............................................................................................................................. 40

Distúrbio Fisiológico (Escurecimento Interno) .................................................................................. 41

Transporte e Armazenamento .............................................................................................................. 42

Embalagem ............................................................................................................................................ 43

Rotulagem .............................................................................................................................................. 43

Transporte ............................................................................................................................................. 44

CAPÍTULO 6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 46

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99Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

produção mundial de abacaxi, que foi de2,8% em 1998, colocando-a como princi-pal país exportador.

A produção mundial de abacaxi atingiu12,1 milhões de toneladas em 1998. Con-centrada no Sudeste Asiático e nas Américas(64%), essa produção evoluiu bem nessaregião (5,9% ano) no período de 1961/1996.Todavia essas duas regiões reduziram essecrescimento nos anos 90, declinando, em1998, na maior parte dessas regiões. O Brasildestaca-se, de forma muito significativa, en-tre os melhores, registrando uma taxa decrescimento de 5,4% ao ano no longo prazo.Os Estados Unidos mostram desempenhoruim com uma trajetória decrescente daprodução da ordem de -2,5% ao ano. AUnião Européia e Japão também apresenta-ram desempenho negativo, com taxas decrescimento de -1,6% e -2,5%, respectiva-mente. Apesar do mau desempenho emvários países, há registros de produção deabacaxi em todos os continentes. As condi-ções naturais de microclimas apropriadosfavorecem as Américas e, particularmente oBrasil, como exportador dessa fruta tropical,embora não tenha figurado entre os dezprincipais exportadores em 1997.

A China mostra crescimento alto nasexportações, de 7,2% no período 1981/1990e registra desempenho negativo de 13%nos anos 90. A China apresentou todaviacrescimento da exportação, em 1998, de76%. O Sudeste Asiático mostra comporta-mento irregular com crescimento de longoprazo de 5,8% ao ano, negativo de 4,9% nadécada de 60 e menos de 1% nos anos 90.O Sudeste Asiático apresentou declínio de3,4% em 1998, crescendo a uma taxa de

1 INDICADORES DOMERCADO MUNDIALDE ABACAXI

Cicely Moitinho Amaral

Questões que possam ajudarna identificação das vanta-gens comparativas do Brasil

na produção e nos mercados existentes oupotenciais para frutas tropicais, em geral,são do interesse dos empresáriosagroindustriais, brasileiros e do exterior,agentes financeiros, agricultores e técnicosdo governo. Nesse sentido, procura-se or-ganizar esta síntese de informações sobreabacaxi, extraídas da pesquisa Estudos sobreo Mercado de Frutas, FIPE/MA/IICA 1999,focalizando as seguintes questões: a) quaisos volumes físicos de produção envolvidose qual é a distribuição mundial da produção;b) quais os volumes de comércio registradospelos dados de valores exportados e qual asua distribuição; c) quais os volumes decomércio refletidos nos valores importa-dos e qual a sua distribuição; d) qual aparticipação nos mercados mundiais dosprincipais países.

A produção mundial de abacaxi estáconcentrada em poucos países. Dados daFAO de 1998 registram que apenas trêspaíses (Tailândia, Brasil e Filipinas) concen-tram 40% da produção e apenas 10 paísessão responsáveis por 74% da produçãomundial. Desses, apenas a Nigéria mostracrescimento de sua produção inferior a 3%ao ano no longo prazo (Tabela 1).

No período que se estende de 1961 a1996, o país que apresentou melhor desem-penho na produção de abacaxi foi a CostaRica, com um crescimento de 13,7% ao anono volume de colheitas. Esse crescimento éainda pouco significativo na oferta mundialem face da sua pequena participação na

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita1010

Tabela 1. Indicadores do mercado mundial de abacaxi, 1997/98.

PaísProdução, por país,

1998

Valor das Exportações,por país, US$ 1,000.00

1997

Valor das Importações,por país, US$ 1,000.00

1997

África do Sul 144.182 1.917 -

Alemanha - 3.074 33.657

Arábia Saudita - - 1.903

Áustria - - 5.833

Bel-Lux - 39.583 59.659

Brasil 1.806.837 3.938 -

Canadá - - 14.512

China 899.113 - -

Colômbia 330.000 - -

Côte d’Ivoire 26.056 65.000 -

Costa Rica 340.000 90.000 -

EUA 294.000 15.585 102.248

El Salvador - - 299

Equador - 2.599 -

Espanha - 4.010 21.353

Filipinas 1.638.000 27.189 -

França - 59.753 95.146

Gana - 10.715 -

Holanda - 19.524 163.148

Honduras - 5.645 -

Hong Kong - - 3.492

Índia 1.100.000 - -

Indonésia 385.094 4.217 -

Itália - 3.518 3.769

Japão - - 45.667

Malásia 163.000 1.800 -

México 300.000 4.596 -

Nigéria 800.000 - -

Peru 125.542 - -

Quênia 290.000 - -

Reino Unido - - 25.137

República Dominicana - 2.300 -

Rússia - - 4.400

Suíça - - 10.620

Tailândia 2.083.390 - -

Venezuela 189.453 - -

Mundo 12.831.644 373.940 524.238

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1111Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

5,9% ao ano, no período 1961/1996, de1,9 no período 1991/1996 e, em 1998, caiu12%. A Índia, com 9% da produção mundialem 1998, registrou uma taxa de crescimentode 5% ao ano no período 1961/1996, en-quanto a Nigéria cresceu 1,5% no período1961/1996.

O principal produtor mundial de aba-caxi é a Tailândia que apresenta um dosmelhores desempenhos na trajetória de cres-cimento de longo prazo. Durante o período1961/1996, a taxa de crescimento da pro-dução tailandesa atingiu 7,9% ao ano. Em-bora esse desempenho da Tailândia tenhasido fantástico para todo o período, foigrande a variabilidade nos váriossubperíodos compreendidos no períodomaior. A produção cresceu à taxa de 37%ao ano, em 1970, e 1,9% ao ano na décadade 80; estagnou de 1991 a 1996 e caiu 18,4%em 1998. A Tailândia não aparece entre os10 maiores exportadores embora seja omaior produtor mundial, o que leva a crerque esse crescimento da oferta é pratica-mente absorvido pelo mercado interno.

O segundo maior produtor de abacaxié o Brasil, que também aparece com umdesempenho excepcional de longo prazo,mostrando um crescimento de 5,4% aoano, todavia inferior àquele experimentadopela Tailândia. Como o Brasil também nãoaparece como grande exportador, infere-seque o crescimento de sua produção sejaabsorvido pelo seu mercado doméstico. Naseqüência, como terceiro maior produtorde abacaxi vêm as Filipinas, que experimen-taram um crescimento de longo prazo de7,8% ao ano, no período 1961/1996, man-tendo bom desempenho em todo o perío-do, exceto em 1998, quando apresentou odeclínio de 9,1% na produção.

Aspectos que chamam a atenção, nomercado de abacaxi, dizem respeito à rela-ção de comércio dos principais países pro-dutores. Os maiores países exportadoresnão são, normalmente, os grandes paísesprodutores. Estes produzem para os seus

próprios mercados. Observando a lista demaiores exportadores, nota-se que os da-dos parecem confirmar a dinâmica dosmercados de proximidade. Os maiores ex-portadores de abacaxi, Costa Rica e Côted’Ivoire, fornecem para mercados vizinhos(Estados Unidos e Europa). O mesmoocorre com outros grandes exportadorescomo França, Bel-Lux, Filipinas, Holandae Honduras.

As tendências nas exportações de aba-caxi, observadas nos vários países, são ca-racterizadas por enorme oscilação. O cres-cimento de longo prazo nas exportaçõesdos 10 principais países exportadores variaentre -1,4% e 31%, anualmente, identifi-cando uma situação de potencial para paí-ses, como o Brasil, com grande vantagemem termos de condições apropriadas para ocultivo dessa fruta. Deve-se considerar,todavia, a alta volatilidade das quantidadesexportadas para esses mercados. A partir de1990, as exportações das Filipinas, pratica-mente estagnaram contra um crescimentode 35,5% ao ano na década de 70. A exem-plo do que se observou com a produção, osdados registram grande concentração nasexportações, com 78% do seu volume glo-bal sendo realizadas por apenas 5 países(Costa Rica, Côte d’Ivoire, Filipinas, Fran-ça, Bel-Lux). Destes, as Filipinas apresen-tam desempenho muito pequeno.

O comércio de abacaxi é pequeno echega a cerca de 7,7% da produção mundial.Da produção mundial, em 1997, de cerca de12.8 milhões de toneladas, o volume deexportações atingiu apenas 930 mil tonela-das. Todavia, verificando as tendências decrescimento das importações de longo pra-zo, nota-se que as taxas de crescimento noperíodo 61/95 são muito altas, variando de6,9% ao ano, no Reino Unido e Canadá,para 17,4% na Holanda. As importações deBel-Lux cresceram a 17,8% ao ano no lon-go prazo, 61/95.

A demanda mundial, estimada combase no consumo aparente de abacaxi, a

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita1212

partir de informações sistematizadas pelaFAO para 1997, é de 12,8 milhões de tone-ladas métricas. Desse total, o consumo bra-sileiro é de 1,9 milhão, representando 14,0%do consumo mundial dessa fruta. Na Tabela 2,pode ser constatado que o consumo deabacaxi tem crescido mais intensamente noBrasil que a média mundial, haja vista que aparticipação brasileira na demanda global dafruta, praticamente, decuplicou nas últimasquatro décadas, quando ocorreu grande ex-pansão do consumo mundial (3,6 no longoprazo). Apesar da ressalva de que o consumoefetivo da fruta in natura ou transformada émenor que o consumo aparente, devido àsperdas no processo de comercialização e

consumo, a evolução dos consumos aparen-te e efetivo é similar.

Quanto à distribuição da demanda, ocontinente americano e o Sudeste Asiáticodividem a liderança com participação con-junta de, aproximadamente, 64%. Comoessas são duas importantes regiões produto-ras e o fluxo de comércio da fruta é umafração pequena da produção, grandes pro-dutores, em geral, são também grandes con-sumidores. Além dos dois blocos comenta-dos, a China, com um consumo de cerca de1 milhão de toneladas, assume posição des-tacada entre os grandes consumidores.

Tabela 2. Consumo aparente de abacaxi por blocos de países, 1961/1997.

Regiões 1961 % 1970 % 1980 % 1997 % Mundo 3.736.717 100,0 5.312.965 100,0 10.640.017 100,0 12.770.675 100,0 Américas 1.482.371 39,7 1.906.363 35,9 2.278.887 21,4 3.820.336 29,9 EUA 795.030 21,3 878.198 16,5 665.025 6,3 474.205 3,7

Canadá 3.871 0,1 3.292 0,1 10.180 0,1 24.089 0,2 México 157.726 4,2 240.251 4,5 580.856 5,5 281.766 2,2 União Européia 12.349 0,3 36.666 0,7 108.022 1,0 247.838 1,9 Europa Oriental 2.209 0,1 6.472 0,1 5.715 0,1 15.457 0,1 Países Árabes 74 0,0 439 0,0 1.529 0,0 4.780 0,0 Japão 34.165 0,9 102.585 1,9 161.213 1,5 111.088 0,9 China 209.547 5,6 360.856 6,8 292.467 2,7 915.951 7,2 Sudeste Asiático 890.650 23,8 1.061.567 20,0 5.324.993 50,0 4.393.038 34,4 Mercosul 189.517 5,1 320.207 6,0 410.109 3,9 1.850.149 14,5 Brasil 158.720 4,2 268.241 5,0 353.757 3,3 1.793.932 14,0

Paraguai 10.000 0,3 34.454 0,6 31.456 0,3 37.900 0,3 Uruguai - - 12 0,0 442 0,0 935 0,0 Argentina 20.797 0,6 17.500 0,3 24.454 0,2 17.382 0,1 África do Sul 150.005 4,0 163.657 3,1 218.303 2,1 139.940 1,1 Israel - - - - - - - - Fonte: FAOSTAT Statistics Database.

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1313Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

2 CARACTERÍSTICASDA FRUTA

Neide Botrel GonçalvesVânia Déa de Carvalho

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Devido à sua excelente qualidadeorganoléptica, sua beleza e à existência dacoroa, desde há muito o abacaxi faz jus aocognome de rei dos frutos. É um autênticoproduto de regiões tropicais e subtropicais,altamente consumido em todo o mundo,sobretudo sob a forma de compotas e su-cos. Além disso, presta-se também para afabricação de doces cristalizados, geléias,sorvetes, cremes, gelatinas e pudins.

A qualidade dos frutos é atribuída às suascaracterísticas físicas externas (coloração dacasca, tamanho e forma do fruto), e internasconferidas por um conjunto de constituintesfísico-químicos e químicos da polpa, respon-sáveis pelo sabor, aroma e valor nutritivo.

A competitividade no mercado exter-no, e mesmo no mercado interno, impõecada vez mais a oferta de frutos de maiorqualidade, ou seja, que atendam aos pa-drões exigidos pelos consumidores, o quedependerá por sua vez da utilização da basede conhecimentos tecnológicos disponí-veis, da organização do setor e do exercíciode práticas comerciais, incluindo as demarketing, para conquistar novos mercados.A oferta de frutos de qualidade adequada,homogênea e constante ao longo do tempocontribui de forma decisiva para o desen-volvimento e a manutenção do prestígiodos mercados-alvo. Os requisitos qualitati-vos do abacaxi, independentemente domercado comprador, de forma obrigatória,devem atender aos padrões mínimos queenvolvem as cultivares, tais como: colora-ção, aparência, qualidade interna etc.

CULCULTIVTIVARESARES

As principais cultivares de abacaxi ex-ploradas atualmente em todo o mundo são:

Smooth Cayenne (Cayenne), SingaporeSpanish, Queen, Red Spanish (EspañolaRoja), Pérola e Perolera. No entanto, esti-ma-se que 70% da produção mundial tenhacomo base a cultivar Smooth Cayenne. Ascultivares Smooth Cayenne e Pérola lide-ram o mercado brasileiro. A primeira ébastante explorada, sobretudo no Triângu-lo Mineiro, uma das principais regiões pro-dutoras de abacaxi do país. Já no Nordestebrasileiro a variedade Pérola é a preferida.O estado de Tocantins e o sul do Pará vêm,atualmente, também se destacando naabacaxicultura brasileira. Tocantins estácultivando Jupi com bastante aceitação nomercado consumidor pelo seu formato maiscilíndrico, polpa mais doce e amarelada quea Pérola. Já no Pará, a variedade preferidaé a Pérola (Figura 1).

Figura 1.Figura 1. Frutos de Jupi e Pérola.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita1414

A cultivar Smooth Cayenne caracteri-za-se por apresentar frutos normalmentecom peso de 1.300 g a 2.500 g, geralmentede forma cilíndrica, polpa amarela, alta aci-dez e teores elevados de açúcares. A formacilíndrica dos frutos propicia a essa cultivarmaior preferência como matéria-prima in-dustrial para o processamento de rodelasem calda, por ter maior rendimento (Figura 2).Os frutos da cultivar Pérola são, normal-mente, menores, variando de 1.300 g a1.800 g, têm formato cônico, polpa decoloração amarelo-clara, mais doce e me-nos ácida (Figura 1). Essa cultivar apresentacomo desvantagem o fato de os frutos nãoterem aparência e amadurecimento unifor-mes. Tanto a forma cônica quanto a coloraçãoamarelo-pálida da polpa limitam a utilizaçãodos frutos dessa cultivar para propósitos

industriais. Entretanto, é bastante aprecia-da no Brasil e demais países do Mercosulpara o consumo ao natural.

De modo geral, as características pre-conizadas em uma cultivar de abacaxizeirosão: boa produtividade; resistência ou tole-rância às principais pragas e doenças efrutos de forma cilíndrica, com olhos gran-des e achatados, coroa pequena a média,polpa firme amarela e pouco fibrosa, teorelevado de açúcar e acidez moderada.

COLCOLORAÇÃOORAÇÃO

A coloração do abacaxi varia de acor-do com a cultivar e com outros fatores quepodem exercer influência na sua maturação.As modificações na coloração dos frutoscom a maturação se devem tanto a proces-sos de síntese quanto aos degradativos.

A coloração do abacaxi refere-se à corda casca e da polpa. A coloração da cascaestá estritamente relacionada com amaturação e com as condições climáticasdurante o período de cultivo. Durante amaturação, há degradação da clorofila e,concomitantemente, aparecimento decarotenóides, antes mascarados pela pre-sença da clorofila. Essas mudanças bioquí-micas são um dos parâmetros indicadoresdo ponto de maturação para a colheita. Elasiniciam-se na base dos frutos, prosseguindoaté o seu topo e refletindo-se na alteraçãoda coloração da casca, passando de verdeintenso a amarelo (Figura 3). Casos raros deinversão da maturação podem ser observa-dos, conforme mostrado na Figura 4, naqual se verifica uma trinca interna que coin-cide com o ponto onde se divide a colora-ção da casca.

APAPARÊNCIAARÊNCIA

A aparência dos frutos, relacionadacom o formato, a casca, a coroa e opendúculo, é o primeiro fator responsávelpela sua aceitação e pode ser um fatorlimitante à sua comercialização. A forma éFigura 2.Figura 2. Fruto de Smooth Cayenne.

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1515Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

uma característica inerente à cultivar. Osfrutos da cultivar Smooth Cayenne, con-forme já mencionado, normalmente sãocilíndricos (Figura 2), enquanto os da Péro-la são cônicos (Figura 1). Os frutos nãodevem apresentar anormalidades tais comosaliências e formato cônico excessivo. De-vem estar limpos, isentos de injúrias denatureza mecânica, fisiológica e microbiana,destacando-se dentre essas as queimadurasdo sol e as decorrentes de pulverizações,danificações provocadas por choques, in-setos, roedores e doenças, tais como afusariose; não devem, também, estarsenescentes. Os olhos devem estar desen-volvidos e aderidos firmemente ao fruto.

As queimaduras de sol devem ser con-troladas, durante o cultivo, pela proteção dosfrutos com papel ou capim. As deformaçõescausadas por queimadura de sol provocamatrofia das partes afetadas, enquanto que asdemais desenvolvem-se normalmente.

Cada fruto deve possuir apenas umacoroa, que deve apresentar cor característica(ausência de amarelecimento, queimaduras),estar eretamente posicionada e bem presa aofruto. O comprimento da coroa é variável deacordo com a classe de frutos para exporta-

ção. As normas de qualidade de exportaçãopara os Estados Unidos estabeleceram asclasses US1 e Havaí I com as seguintesespecificações de comprimento da coroa:

Figura 3.Figura 3. Coloração da casca da cultivar Smooth Cayenne em quatro estádios dematuração.

Figura 4.Figura 4. Inversão do processo de maturação.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita1616

US1 - o comprimento da coroa nãodeve ser menor que 4 polegadas (mais oumenos 9,2 cm) e nem maior que o dobro docomprimento do fruto. A coroa não deveráter mais de cinco camadas, das quais só duaspoderão ter de 2 a 3 polegadas de compri-mento.

Havaí I - quando o fruto apresentaruma coroa, seu comprimento pode ser atéduas vezes o do fruto, enquanto que nocaso de duas coroas, elas não deverão termais de uma e meia vezes o comprimentodo fruto.

O pedúnculo deve estar isento de da-nos, particularmente de rachaduras, e nãoestar quebrado no interior da fruta. O com-primento do pedúnculo deve estar na faixade 1 cm a 3 cm.

De acordo com o país importador,há variação do tamanho exigido para opedúnculo; de acordo com as normas dosEstados Unidos, o comprimento não deveráser superior a dois terços de polegada (1,9 cm).

O corte do pedúnculo e as áreaslesionadas pela retirada de folhas devem serdesinfectados com fungicidas permitidospelos países importadores.

As cultivares mais comercializadas noBrasil (Smooth Cayenne e Pérola) apresen-tam tamanho e peso distintos, sendo osfrutos da primeira mais pesados que os dasegunda. Tanto o tamanho quanto o pesopodem variar dentro de uma mesma culti-var e estão estreitamente relacionados comas condições climáticas e de cultivo duran-te o ciclo da cultura.

MAMATURAÇÃOTURAÇÃO

Durante o desenvolvimento dos fru-tos e, particularmente, na fase de maturaçãoocorrem alterações acentuadas nas suascaracterísticas físicas e químicas, refletin-do-se em modificações na coloração dacasca e na composição química da polpa.Essas modificações conduzem os frutos aoponto ideal de consumo, no qual atingem

valores ótimos de açúcares, ácidos voláteise fixos, e ésteres, responsáveis pelo sabor earoma característicos de fruto maduro. Há,também, alterações nos pigmentos (cloro-fila e carotenóides) relacionados com acoloração da casca e da polpa.

Ao aproximar-se da maturação, a co-loração da casca passa de verde para bron-zeada, os olhos mudam da forma pontiagu-da para achatada, os espaços entre os olhosse estendem e adquirem uma coloraçãoclara, e a casca apresenta-se lisa em compa-ração à da fruta menos madura.

É no final da maturação, ou seja, nafase do amadurecimento, que ocorrem asmudanças metabólicas mais importantespara a qualidade do fruto, como acréscimosacentuados nos valores de sólidos solúveis(ºBrix), como conseqüência de aumentonos açúcares redutores e sacarose, confe-rindo ao fruto um sabor doce. Há, paralela-mente, acréscimos em compostos voláteisligados ao aroma. Os teores de ácidos au-mentam inicialmente, atingindo um valormáximo e a seguir decrescem. A relaçãosólidos solúveis/acidez pode, em algunscasos, ser responsável pelo sabor. Aliás,deverá sempre haver um balanço ade-quado entre estes dois constituintes.

A velocidade e a intensidade dessasmodificações metabólicas durante amaturação são variáveis. O ponto ideal decolheita depende do tipo de mercado a quese destina o fruto e será abordado em outrotópico deste manual.

QUQUALIDALIDADE INTERNAADE INTERNA

O sabor e o aroma característicos doabacaxi são atribuídos à presença e aosteores de diversos constituintes químicos,ressaltando entre eles os açúcares e os áci-dos responsáveis pelo sabor, e compostosvoláteis associados ao aroma. Oscarotenóides são os responsáveis pela colo-ração amarela da polpa de algumas cultiva-res, particularmente a Smooth Cayenne, eas vitaminas e os minerais estão relaciona-

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1717Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

dos com o valor nutritivo, sobressaindo oácido ascórbico (vitamina C) e o potássio.

Entre os componentes químicos dofruto, ressalta-se a presença de açúcares ede ácidos. Dos açúcares, sobressai a sacarose,com teores variando de 5,9% a 12,0%, oque representa, nos frutos maduros, 66%dos açúcares totais em média. Destacam-se,também, a glicose e a frutose, com valoresnas faixas de 1,0% a 3,2% e 0,6% a 2,3%,respectivamente.

Os teores de açúcares normalmenterepresentados pela porcentagem de sólidossolúveis ou ºBrix são variáveis entre cultiva-res e em uma mesma cultivar. Esta variaçãopode também ocorrer entre porções dapolpa. No fruto maduro a porção apical(topo) apresenta porcentagem de açúcarem torno de duas vezes a da porção basal.Quando se considera um mesmo nível dealtura, a porção mediana distingue-se, comteores de açúcares superiores aos apresen-tados pelo cilindro central e à porçãosubepidérmica.

Para o mercado americano, no tipo defruto Fancy (Extra), em 90% desses frutos,os teores de sólidos solúveis não devem serinferiores a 12%. É aceitável até 10% defrutos com teores entre 11% e 12%.

Os principais ácidos responsáveis pelaacidez são o cítrico e o málico, os quaiscontribuem respectivamente com 80% a20% da acidez total. A acidez titulável totalgeralmente varia de 0,6% a 1,6% e é expres-sa como porcentagem de ácido cítrico, en-quanto o pH da polpa se enquadra na faixade 3,7 a 3,9.

A acidez também é variável entre cul-tivares e entre frutos de uma mesma culti-var, diferindo também entre secções de ummesmo fruto, devido a diversos fatores,dentre eles, o grau de maturação, os fatoresclimáticos e a nutrição mineral.

Como no caso dos açúcares, a acidezaumenta da base para o ápice. No decorrerda maturação e, em mesmo nível de altura

do fruto, é muito mais acentuada na regiãopróxima à casca do que na do cilindrocentral.

Os teores de minerais dos frutos sãomuito dependentes de condições de solo eadubações. Entre os minerais sobressai opotássio, com valores médios de 141 mg/100 ml e 142 mg/100 ml. Os teores dessemineral são muito variáveis e estão na faixade 11 mg/100ml a 330 mg/100 ml.

Os teores de vitaminas são muito bai-xos, salientando-se o ácido ascórbico, comteores médios de 17 mg/100 ml, cuja fun-ção é conferir ao fruto uma certa resistênciaao distúrbio fisiológico denominadoescurecimento interno, o qual pode se tornarsério problema quando o armazenamento éfeito em baixas temperaturas. Na Figura 5,podem-se verificar frutos Pérola comescurecimento interno, armazenados a 7oCdurante 15 dias e depois expostos à tempera-tura ambiente durante 7 dias.

Figura 5. Figura 5. Escurecimento interno de frutos Pérola.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita1818

Tanto a aparência da polpa quanto assuas características de sabor e aroma po-dem ser severamente comprometidas peloescurecimento interno, por infecçõesmicrobianas, sobretudo pela fusariose epela podridão-do-pedúnculo (Figura 6).

do fruto. Trabalhos estão sendo feitos pelaEmbrapa - CTAA em parceria com a UFLA,Emepa e com apoio de produtores deTocantins, no sentido de se caracterizarmelhor o proplema e de se iniciar trabalhosvisando ao seu controle.

Figura 6.Figura 6. Podridão do pedúnculo.

A presença dessas injúrias compromete aqualidade do fruto, portanto limita a suacomercialização. Além da depreciação daaparência, alterações físicas, físico-quími-cas e químicas podem ser constatadas. Nocaso da fusariose, foi verificado que frutosafetados apresentaram diminuições do pesototal dos teores de acidez e de açúcaresredutores e totais.

Um outro problema que surgiu recen-temente, de natureza ainda desconhecida, éa “mancha-chocolate”, que está compro-metendo a qualidade do abacaxi em algu-mas regiões produtoras e provocandosérios prejuízos. Os sintomas se caracteri-zam pelo escurecimento da polpa, confor-me pode ser visto na Figura 7. O períodocrítico acontece de setembro a dezembro,coincidindo com o peíodo chuvoso e asmanchas se intensificam com a maturação

Figura 7.Figura 7. Sintomas na polpa de abacaxiatacado pela “mancha-chocolate” .

INFLINFLUÊNCIA DE FAUÊNCIA DE FATTORES PRÉ-ORES PRÉ-COLHEITCOLHEITAA

A qualidade final do fruto depende emgrande parte da tecnologia utilizada na pré-colheita, colheita e pós-colheita; porém, énecessário enfatizar que os métodos em-pregados nas duas últimas fases não melho-ram a qualidade da fruta, mas retardam oprocesso de senescência, garantindo con-servação mais apropriada e, conseqüente-mente, oferecendo um tempo decomercialização mais prolongado.

Os principais fatores pré-colheita quepodem exercer influência na qualidade doabacaxi são apresentados a seguir.

Nutrição mineralNutrição mineral

O potássio, maior responsável pelaqualidade do abacaxi, é também o nutrientemais exigido em termos de quantidade,seguido pelo nitrogênio, cálcio, magnésio,enxofre e fósforo. Os micronutrientes obe-decem à seguinte ordem decrescente deexigência: ferro, manganês, zinco, boro,cobre e molibdênio.

Quando apresentam quantidades de-ficientes de nitrogênio, seus frutos sãopequenos, deformados e muito doces, aopasso que o excesso desse elemento provoca,

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1919Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

sobretudo, a diminuição da acidez titulávele uma fragilidade da polpa, aumentando osriscos da anomalia verde-maduro (jaune),que se caracteriza por uma polpa amarela etranslúcida, e a casca verde. A acentuadafragilidade da polpa torna-os imprópriospara exportação. Também a época de apli-cação e a forma disponível do elementopodem exercer influências sobre o fruto.Tem-se observado o alongamento dopedúnculo do abacaxi devido ao excesso denitrogênio, o que acarreta o tombamentodo fruto e a sua depreciação. A colocaçãodo adubo nitrogenado logo após a diferen-ciação floral não surte efeito sobre a quali-dade do fruto, mas quando aplicado nosdois meses seguintes, podem-se obter maiorpeso do fruto e diminuição da acidez, so-bretudo, quando o suprimento do elementona fase vegetativa foi insuficiente. Quanto àforma, os nitratos apresentam a tendênciade diminuir a acidez e antecipar a colheitados frutos.

O fósforo melhora a qualidade dosfrutos, aumentando-lhes o teor de vitaminaC, a firmeza da polpa e o seu tamanho. Adeficiência de fósforo acarreta a formação defrutos pequenos, com coloração avermelhadaou arroxeada. O excesso causa a diminuiçãodos açúcares e da acidez, com perda desabor. Mas, como o fósforo intervém naassimilação do K, a aplicação dos adubosfosfatados em solos deficientes desse ele-mento proporciona efeito inverso ao citado.

O potássio aumenta o teor de sólidossolúveis totais e a acidez, aumentando,também, o peso médio e o diâmetro dofruto. O excesso de K acarreta a formaçãode frutos muitos ácidos, com miolo muitodesenvolvido, polpa pálida e enrijecida,enquanto que, na deficiência desse nutriente,a maturação do fruto é tardia e incompleta,ficando sua parte superior sem amadurecer.

Se por um lado, o aumento do nível depotássio na planta proporciona melhor sa-bor e aroma dos frutos, além de aumentaro diâmetro do pedúnculo, evitando, comisso, o tombamento; por outro lado, orendimento em fatia é reduzido pelo au-mento do eixo da inflorescência. Ocorremainda melhor coloração da casca e o

clareamento da polpa. Contudo, os efeitosmais surpreendentes desse elemento verifi-cam-se sobre o estrato seco e na acidez dofruto, que aumenta com as doses crescentesde potássio.

O potássio eleva o teor de ácidoascórbico que reduz as quinonas produzi-das pela oxidação enzimática, converten-do-se em ácido de hidroascórbico e atuan-do como inibidor da atividade da enzimapolifenoloxidase, responsável peloescurecimento interno da polpa. Esseescurecimento interno é um distúrbio fisi-ológico importante no abacaxi, induzidopor baixas temperaturas, ocasionando de-preciação do produto, sobretudo daqueledestinado à exportação, tendo em vista anecessidade da frigoconservação. Os efei-tos de fontes e níveis crescentes de potássionos teores de acidez e ácido ascórbico dosfrutos têm sido demonstrados por váriosautores. Na Côte d’Ivoire, tem-se aplicadocloreto de potássio antes da indução floral,para minimizar o problema de escure-cimento interno. Enfim, a ação do potássioe dos cátions sobre o rendimento convergepara a melhoria da qualidade. Os níveisfoliares de K devem sempre ser superioresao nível crítico do rendimento para assegurara qualidade do fruto no que diz respeito aoaroma, ao sabor, à resistência ao armaze-namento e ao transporte. Entretanto, emcondições climáticas quentes e úmidas, hánecessidade de maiores cuidados sobre anutrição potássica, em particular na relaçãocom o N, para que sejam obtidos frutos dequalidade comercial. Nesse caso, a relaçãoK/N na folha D no momento da induçãofloral deve ser pelo menos igual a 3. Emcasos de carência desse elemento, os frutosapresentam-se pequenos, com baixo aro-ma e acidez.

O cálcio e o magnésio podem exercerinfluência sobre o aroma dos frutos. Tam-bém há relatos de que suprimentos adequa-dos de cálcio podem diminuir a incidênciada mancha-negra-do-fruto ou tâches noires,causada principalmente pelo patógenoPenicillium funiculosum, em razão da sua açãona resistência da parede celular. Na deficiên-cia de cálcio, os frutos ficam com aparência

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita2020

gelatinosa e com ausência de cor; alémdisso, a frutificação ocorre de forma pre-matura. As desordens fisiológicas tambémpodem ser reduzidas com o aumento doteor de cálcio no fruto. O teor médio decálcio no fruto é de 0,07% a 0,16%. Adeficiência de magnésio tem um efeitodepressivo bem nítido sobre o teor de açú-cares na polpa. Porém, o suprimento demagnésio é mais importante sobre a colora-ção do fruto do que o de cálcio.

De acordo com relatos e trabalhosexecutados pelo Prof. Charles Robbs,fitopatologista de larga experiência, é im-portante para a resistência dos frutos àfusariose Gibberella fujikuroi var. subglutinans,verificar o equilíbrio nutricional da plantana época da formação do fruto. Para oabacaxi, por exemplo, é indispensável man-ter-se a relação K

2O:MgO em torno de 7:1,

o que permite uma boa resistência aopatógeno.

O enxofre é responsável pelo equilíbrioentre a acidez e os açúcares no fruto dando-lhe sabor. A deficiência desse elemento,além de prejudicar as propriedades gustativas,

faz os frutos ficarem pequenos, ocorrendo oamadurecimento do ápice para a base, o quedeixa o fruto com um buraco central.

Entre os micronutrientes, os que exer-cem maior influência na frutificação doabacaxizeiro são o boro, o ferro e o zinco.Na deficiência de boro, os frutos ficampequenos, com coroas múltiplas e acentua-da separação dos frutilhos. Deficiência deferro provoca a cor avermelhada do fruto,com coroa clorótica e possível adiantamen-to da maturação; excesso de ferro podecausar a translucidez da polpa. O pescoço-torto (crookneck), que é o curvamento daparte apical do fruto, aparece devido àdeficiência combinada de cobre e cálcio emsolos turfosos ou arenosos. A rachadura(cracking) aparece por causa da deficiênciade boro ou aplicação de nitrogênio no finaldo período de formação do fruto.

Densidade de plantioDensidade de plantioAumentando-se a densidade de plan-

tio, consegue-se aumentar o número defrutos produzidos por área cultivada, mas otamanho diminui a partir de um certo limi-te, chegando a perda de peso de 70 g a 140 g

Figura 8.Figura 8. Área demonstrativa 53.000pl/ha.

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2121Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

por cada aumento de 10.000 plantas/ha nocaso da cultivar Smooth Cayenne. É preci-so, portanto, adequar a densidade de plan-tio à finalidade da cultura, mas mesmo quan-do o objetivo é a produção de frutos meno-res (por exemplo, abacaxis Smooth Cayennecom peso de 1 kg a 1,5 kg, para fins deexportação) pode-se aumentar a populaçãode plantas, por meio da redução nosespaçamentos nas entrelinhas e entre asplantas na linha. A Figura 8 refere-se a umaárea demonstrativa da Emater - Monte Ale-gre de Minas, onde se cultivou o equivalentea 53.000 plantas plantas/ha de SmoothCayenne apresentando uma produtividadede 75.000 kg/ha. Não é recomendado o usode densidades superiores a 60.000 a 70.000plantas por hectare (não se considerando asperdas com carreadores), pois aumentammuito a heterogeneidade do tamanho dosfrutos, uma vez que existe maior concorrên-cia entre as plantas, principalmente comrelação à água, à luminosidade e aos nutrientes.

O aumento da densidade de plantas,muitas vezes, tende a alongar o pedúnculodo fruto, propiciando o seu tombamento,com conseqüente exposição aos raios sola-res. A maturação dos frutos é, habitualmen-te, retardada em altas densidades de plantio.

Condições climáticasCondições climáticas

O clima reflete sobre a produção, tan-to sob o aspecto quantitativo quanto quali-tativo, e também na duração do período dematuração. Devido a diferenças climáticas,até dentro de uma mesma cultivar e sobidênticas condições de cultivo, o fruto podeapresentar grandes variações na sua com-posição química.

As condições climáticas durante o cul-tivo têm papel preponderante nos teoresde açúcares. Frutos que iniciam seu desen-volvimento no final do verão, ou seja,quando a temperatura é elevada, tendem aser de tamanho grande, porém com teoresde sólidos solúveis baixos, uma vez que oamadurecimento ocorre durante o inverno.Ao contrário, quando o desenvolvimentodos frutos inicia-se no inverno, eles tendema ser menores, pois a maturação ocorre naprimavera e início do verão, mas como a

luminosidade é alta, há produção mais in-tensa de sólidos solúveis totais (açúcares).

Devem ser ressaltados também osseguintes fatores detrimentais aos sólidossolúveis dos frutos:

a) intensidade de luminosidade reduzi-da durante o inverno ou períodos nublados;

b)no caso de frutos muito grandes emrelação ao tamanho das plantas ou da áreafoliar exposta, a planta terá menores teoresde fotossintetizados, o que prejudicará asíntese de sólidos solúveis;

c) o sombreamento, entre as plantasou por árvores, reduz a atividade fotossin-tética e, conseqüentemente, o teor de sólidossolúveis dos frutos;

d)plantas com alto suprimento de águatendem a produzir frutos com baixos teo-res de sólidos solúveis totais em decorrên-cia do efeito da diluição.

Insolação direta elevada pode provo-car queimaduras de maior ou menor gravi-dade: apenas uma descoloração da polpa ouaté alteração grave que podem torná-latranslúcida, e, às vezes, negra, além da de-formação dos frutos, impossibilitando asua comercialização (Figura 9).

Figura Figura 99.. Danos na casca causados por queimadura solar.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita2222

A anomalia denominada comofasciação (frutos com forma de leque ecoroa múltipla) - muito comum na cultivarSmooth Cayenne - ocorre com mais inten-sidade quando a diferenciação floral coinci-de com horas mais quentes do dia. Esse tipode fruto não é aceito no mercado, tendo emvista a sua aparência e o comprometimentoda polpa pelo excessivo desenvolvimentodo cilindro central, conforme pode ser vis-to na Figura 11.

IrrigaçãoIrrigaçãoO abacaxizeiro é uma planta de baixa taxa

de transpiração, o que lhe confere alta eficiênciano uso da água. No entanto, mesmo com essaparticularidade, se a água disponível for limita-da, há queda na produção, baixa qualidade edesuniformidade dos frutos.

A irrigação vem sendo utilizada nacultura do abacaxizeiro com bastante su-cesso. Entre as vantagens apresentadascitam-se aumento da produção, frutosmais uniformes e colocação do produto nomercado nas épocas de menor oferta.

A irrigação pode ser aplicada à culturado abacaxizeiro durante todo o seu ciclo,ressaltando-se que o período crítico está nafase da floração à colheita, uma vez que umdéficit hídrico nessa ocasião pode acarretarquedas no peso que variam de 250 g/frutoa 300 g/fruto.

A irrigação bem manejada na fase defrutificação contribuirá para o aumento dopeso médio dos frutos, tendo sido observa-dos aumentos de 300 g/fruto a 700 g/fruto.É recomendável suspender as irrigaçõesem torno de dez dias antes da colheita, paraevitar queda dos sólidos solúveis totais.

A resposta da cultura do abacaxizeiroà água mostra que as alternâncias do regimehídrico são de alto risco e, provavelmente,comprometerão toda a produção, caso nãohaja irrigação suplementar. A homo-geneidade da cultura após o fornecimentode água mostra uma influência notável nosrendimentos.Resíduos de agrotóxicosResíduos de agrotóxicos

A segurança é o atributo de qualidademais desejável nos alimentos, os quais de-vem estar livres de qualquer substância

Figura 10. Figura 10. Trincas na casca causadas poroscilações climáticas.

Figura 11.Figura 11. Corte de um fruto SmoothCayenne com fasciação.

Quando o déficit hídrico acentuadocoincide com período de diferenciação flo-ral, há diminuição do tamanho dos frutos ea polpa torna-se muito alveolada ou porosa(cheia de cavidades). Em contrapartida,chuvas em excesso também são prejudiciaisà textura da polpa, fazendo com que osfrutos fiquem mais vulneráveis ao ataquede doenças.

O aparecimento de trincas na cascados frutos geralmente está relacionado comoscilações de temperatura, insolação e umi-dade, na época da maturação. Essas trincasconstituem portas de entrada para pragas edoenças (Figura 10).

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2323Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

química natural ou contaminante, que podecomprometer a saúde do consumidor. Aatual tendência da preferência do consumi-dor por produtos orgânicos leva à maiorredução do uso de defensivos agrícolas. Omercado internacional está monitorando cadavez mais os níveis de resíduos de defensivosagrícolas e, se não for adotado um sistemaintegrado de controle de pragas e doenças,isso pode tornar-se uma séria barreira co-mercial para a exportação de nossas frutas, oque poderá também ocorrer no mercadointerno, em decorrência das divulgações fei-tas pelos principais meios de comunicação àpopulação, pelo uso indiscriminado de de-fensivos nos pomares frutícolas.

Uma avaliação dos níveis residuais deagrotóxicos capaz de fornecer dados sobre oscontaminantes no produto constitui uma fer-ramenta extremamente importante parareferenciar os produtores quanto às boaspráticas agrícolas e aos níveis de agroquímicospermitidos. Isto permitirá que medidas pre-ventivas e de controle possam ser adotadasantes que resíduos desses contaminantes quí-micos afetem o meio ambiente e a saúde dapopulação ou causem graves perdas econô-micas. Atualmente, porém, o número de la-boratórios capacitados para este fim no Brasilé ainda insuficiente, demonstrando a impor-tância de concentrarem esforços na pesquisaa fim de subsidiar esses tipos de informações.

Na Tabela 3 estão apresentados osprodutos químicos mundialmente utiliza-dos no abacaxizeiro e os níveis máximos

para os resíduos (LMRs) permitidos peloCodex Alimentarius.

Os produtos cujos tramites estão comCLX ( Limites Máximos do Codex) indicamque neles já estão definidos os LMRs (Limi-tes Máximos de Resíduos) respectivos.

É importante salientar que acomercialização, o uso e a distribuição doheptacloro, que faz parte do grupo deorganoclorados, considerados compro-vadamente de alta persistência e/oupericulosidade, foram proibidos em todo oterritório nacional, por meio do Decreton.º 24.114 de 12 de abril de 1934, entrandoem vigor na data da publicação da Portariade n.º 329 de 2 de setembro de 1985.

As normas internacionais de frutas ehortaliças frescas são definidas pelo Comitêdo Codex Alimentarius referente às Frutas eHortaliças Frescas, criado pela Organizaçãopara Cooperação Econômica e Desenvolvi-mento (OCDE), sediado no México e com-posto por membros de países importadorese exportadores desses produtos. Para o aba-caxi, a última proposta apresentada por essecomitê, com participação de representantedo Brasil, foi a seguinte:

PLANO DE REVISÃO DOPLANO DE REVISÃO DOCODEX PCODEX PARA O PADRÃO DEARA O PADRÃO DEABAABACAXI – CODEX SACAXI – CODEX SATN 182-183TN 182-183

Definição do ProdutoDefinição do Produto

Esse padrão deve ser aplicado em va-riedades comerciais de abacaxi (Ananas

Tabela 3. Limites Máximos de Resíduos (LMR) de pesticidas em abacaxi conforme CodexAlimentarius

Nome técnico Nome comercial LMR(mg/kg) Trâmite Carbendazim Derosol, Delsene, Bom-carbazol 200pw 5 3 Dissulfoton Disyston, Tiodemeton, Solvirex 0,1 CXL Fenamifos Nemacur 0,05 CXL Metomil Lannate 0,2 CXL Etefon(Ethefhon) Ethrel, Prep., Cerone 1 6 Guazatine Panoctine 0,1 CXL Oxamil Thiomyl, Vydate 1 CXL Triadimefon Bayleton 2 CXL Ethoprofhos Mocap, Fenix 0,02 CXL Triadimenol Baytan, Bayfidan 1 CXL Heptacloro - 0,01 CXL

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita2424

comosus L.) da família Bromeliaceae, de formaa dar suporte ao consumo e à comercializaçãodos produtos frescos, ou seja, produtos innatura embalados. Estão excluídos os pro-dutos destinados ao processamento.

QualidadeQualidade

Requerimentos mínimos

Os abacaxis frescos devem ter, emtodas as classes e em cada classe específica,as seguintes especificações:

- inteiros, com ou sem coroa;

- frescos, incluindo a coroa, quandopresente, a qual deve estar isenta de folhasmurchas ou secas;

- produtos sadios; produtos afetadospor podridões e deterioração microbiana,que não estão adequados ao consumo, devemser excluídos;

- limpos, praticamente isentos dematérias estranhas;

- livres de injúrias causadas por inse-tos e roedores;

- isentos de manchas e sujeiras pro-nunciadas;

- livres de injúrias causadas por baixae/ou alta temperatura;

- isentas de umidade externa anor-mal, excluindo a condensação provenienteda retirada do produto do armazenamentorefrigerado;

- isentos de quaisquer odor e/ou sa-bor estranhos.

Quando o pedúnculo estiver presenteno fruto, este deve ter no máximo doiscentímetros e deve estar cortado transver-salmente em linha reta e limpo.

O fruto deve estar fisiologicamenteamadurecido de forma homogênea (semopacidade, com sabor agradável e não exce-dendo em porosidade, e sem estarsupermaduro ou em estado de senescência).

Os abacaxis devem ser colhidos deforma cuidadosa e ter alcançado o grau de

desenvolvimento e maturação de acordocom os critérios próprios para a variedadee/ou tipo comercial e para a área em queeles foram produzidos.

O desenvolvimento e a condição dosabacaxis devem permitir:

- o transporte e o manuseio;

- chegada satisfatória ao mercadodestino.

Quanto à maturidade o conteúdo desólidos solúveis no fruto fresco deve serde pelo menos doze (12)ºBrix. Para deter-minação do grau Brix uma amostra repre-sentativa do suco de todos os frutos deveser tomada.

Classificação

Os frutos de abacaxi são classificadosnas três classes definidas a seguir:

Extraclasse

Os frutos nesta classe devem ter umaqualidade superior, apresentando as carac-terísticas da variedade e/ou tipo comercial.

Devem estar isentos de defeitos, comexceção daqueles que não comprometam aaparência geral do produto, nem a qualida-de e apresentação quando embalado.

Quando presente no fruto, a coroadeverá ser única, ereta e de tamanho entre50% e 150% do comprimento dos frutoscom a coroa intacta.

Classe I

Os frutos desta classe devem ter umaboa qualidade e apresentar as característi-cas da variedade e/ou tipo comercial maisevidenciadas nesse particular .

São permitidos leves defeitos nos fru-tos, entretanto não devem afetar a suaaparência geral, a qualidade e a apresenta-ção da embalagem. Assim, são permitidos:

- pequenos defeitos na cor, incluindopontos ou manchas provocados pelo sol;

- pequenos defeitos na casca (arra-nhões, cortes, riscos e manchas) desde que

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2525Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

não excedam a 4% do total da superfície daárea do fruto.

Os defeitos não devem, de nenhumaforma, afetar a polpa do fruto. Quando acoroa estiver presente no fruto, ela deveráser única, ereta ou ligeiramente curva sembrotações laterais e de tamanho entre 50% e150% do comprimento dos frutos.

Classe II

Nesta classe estão incluídos os frutosque não se enquadraram nas classes anteriores,mas que satisfazem os requisitos mínimosespecificados na extraclasse, já citada.

Os defeitos permitidos nos frutos doabacaxi não devem afetar as suas caracterís-ticas originais, mantendo a qualidade e a suaapresentação. São permitidos os seguintesdefeitos:

- defeitos no formato;

- defeitos na coloração, incluindomanchas solares;

- defeitos na casca (arranhões, cortes,riscos e manchas), não excedendo a 8% dototal da superfície da área.

Os defeitos não devem, em nenhumdos casos, afetar a polpa do fruto. A coroa,se presente, única ou dupla, deve apresentar-se em linha reta ou levemente curva e livre debrotações laterais.

TamanhoTamanho

O tamanho é determinado pela médiado peso do fruto com um mínimo de 700 g,

exceto para os de tamanhos menores, taiscomo os das variedades Victoria e Queens,que devem ter um mínimo de 400 g, deacordo com a Tabela 4 a seguir:

TolerânciasTolerâncias

No que se refere à qualidade e aotamanho do abacaxi, será feita, em cadalote, uma inspeção para avaliar se os requi-sitos satisfazem à classe indicada.

Tolerância qualitativa

Extraclasse

Cinco por cento (5%), em número ouem peso, de abacaxis com problemas dequalidade não satisfazem a esta classe, indi-cando que os frutos estão mais próximos daClasse I.

Classe I

Dez por cento do número ou peso dosabacaxis não atendem ao requerimentodesta classe, devendo ser classificados naClasse II.

Classe II

Dez por cento do número ou peso dosabacaxis não satisfazem a nenhum dos re-querimentos desta classe, nem às exigênciasmínimas, com exceção de podridões e dete-riorações, que indicam uma inadequação aoconsumo.

Tolerâncias de tamanhoTolerâncias de tamanho

É aceita, para todas as classes, umatolerância de tamanho da ordem de até

Tabela 4. Código do tamanho do fruto em função do seu peso com ousem coroa.

Média de Peso (± 12%)Código do Tamanho Com coroa (g) Sem coroa (g)

A 2.750 2.280B 2.300 1.910C 1.900 1.580D 1.600 1.330E 1.400 1.160F 1.200 1.000G 1.000 830H 800 660

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita2626

10%, em relação ao número ou ao peso dosfrutos, correspondendo ao tamanho imedi-atamente abaixo ou acima da classe indicadapara a embalagem.

ApresentaçãoApresentação

Uniformidade

O conteúdo de cada embalagem deveser uniforme, conter somente abacaxis damesma procedência, variedade e/ou tipocomercial, qualidade e tamanho. Para aclasse extra, a cor e a maturação devemser uniformes. A parte visível do conteú-do da embalagem deve ser representativado total.

Embalagem

Os abacaxis devem ser embalados demaneira que fiquem bem protegidos.

O material usado no interior das em-balagens deve ser novo, limpo e com qua-lidade suficiente para evitar qualquer injúriaexterna ou interna no produto. O uso demateriais, particularmente, papéis ou seloscom especificações de comércio será per-mitido somente se forem usadas tinta oucola não tóxicas.

Os abacaxis devem ser embalados emcada contêiner de acordo com o Código dePráticas para Embalagens e Transportepara Frutos e Vegetais Frescos (CAC/RCP 44-1995).

Descrição dos containers

O contêiner de transporte deve estarhigienizado, conter ventilação adequada eresistência que permita o manuseio e otransporte sem causar danos ao produto.As embalagens devem estar livres de qual-quer matéria e odores estranhos.

RotulagemRotulagem

Embalagens para consumidores

Devem ser usadas as seguintesespecificações, para produtos frescos pré-embalados, contidas no General Standardfor Labelling of Prepackaged Food(CODEX STAN 1-1985. Ver. 1-1991).

Natureza do produto

Caso o produto não esteja visível pelolado de fora da embalagem, cada uma deveser rotulada com o nome do produto e davariedade. A ausência da coroa deve serindicada.

Contêineres de atacadoCada embalagem deve conter no rótu-

lo todas as indicações, em letras agrupadasdo mesmo lado, legíveis e indeléveis, evisíveis pelo lado de fora da embalagem, ouem documentos que acompanhem o carre-gamento.

Identificação

Nome e endereço do exportador,embalador e/ou despachante. O código deidentificação é opcional.

Natureza do produto

Nome do produto, caso o conteúdoda embalagem não seja visível pelo lado defora. Nome da variedade ou tipo comercial(opcional).

Origem do produto

País de origem e, opcionalmente, des-crever o nome da região ou local de cultivo.

Identificação comercial

- classe;

- tamanho (código do tamanho oumédia do peso em gramas);

- número de unidades (opcional);

- peso líquido (opcional).

Nota de Inspeção Oficial

Opcional

ContaminantesContaminantes

Metais pesados

Os abacaxis devem estar de acordocom os valores de metais pesados máximosestabelecidos no Codex AlimentariusCommission.

Resíduos de pesticidas

Os abacaxis devem estar de acordocom os valores de resíduos de pesticidas

Page 24: Abacaxi Pos Colheita

2727Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

máximos estabelecidos no CodexAlimentarius Commission.

HigieneHigiene

É recomendável que o produto ade-quado a este padrão seja preparado e manu-seado de acordo com o RecommendedInternational Code of Practice – GeneralPrinciples of Food Hygiene (CAC/RCP 1-1969, Ver. 3-1997) e o Codes of HygienicPractice and Codes of Practice.

O produto deve estar de acordo com

os critérios microbiológicos estabelecidosno Principles for the Establishment andApplication of Microbiological Criteria forFoods (CAC/GL 21-1997).

Para aumentar ao máximo a vida útildo produto manuseado e embalado, estedeve estar isento de matérias estranhas.

Quando avaliado por métodos deamostragem e análises, o produto deve estarlivre de microrganismos, de parasitas ou qual-quer outra substância em quantidades quepossam representar problemas de saúde.

Page 25: Abacaxi Pos Colheita

Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita2828

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

As atividades de colheita abrangemdesde os cuidados imediatamente anterio-res à colheita (pré-colheita), determinaçãodo ponto de colheita, decisão de colheita etransporte do campo até o ponto de acon-dicionamento (packing house), onde são apli-cados os cuidados para selecionar, tratar eacondicionar os frutos frescos com a quali-dade adequada, antes do seu encaminha-mento para os pontos de comercialização.

DETERMINAÇÃO DO PONTDETERMINAÇÃO DO PONTOODE COLHEITDE COLHEITAA

É muito importante que se conheça oponto de colheita mais adequado das frutasem geral e do abacaxi em especial, pois istoinfluirá decisivamente na qualidadeorganoléptica do produto e na sua aceitaçãopelo consumidor ou pela indústria.

O abacaxi pertence aos frutos nãoclimatéricos, isto é, não atinge pico de res-piração e amadurecimento após a colheita,devendo ser colhido no seu completo de-senvolvimento fisiológico para que chegueem boas condições ao consumidor. O frutonão deve ser colhido demasiado verde,pois, nestas condições, possui pouca ouquase nenhuma reserva amilácea e nãoamadurece. Uma vez separado do pé, amaturação do fruto não tem continuidadee, conseqüentemente, sua qualidade seráimprópria para o consumo.

Os frutos de abacaxi devem ser colhi-dos em estágios de maturação diferentes,conforme o seu destino e a distância domercado consumidor. Quando o fruto sedestina à indústria, sobretudo quando loca-lizada a distância relativamente curta, eledeve ser colhido mais maduro (em geral,com casca mais amarela que verde), tendo

teor de sólidos solúveis totais mais elevadoe maior conteúdo de suco.

Os frutos que serão colocados nosmercados in natura devem ser colhidos maiscedo, em geral quando estejam ainda devez, a fim de chegarem em boas condiçõesao consumidor, após vários dias de trans-porte. Frutos de vez têm as seguintescaracterísticas: espaços entre frutilhos(olhos) se estendendo e adquirindo corverde-clara, ou mesmo apresentando osurgimento dos primeiros sinais deamarelecimento na casca, que deverá estarcom os frutilhos achatados em vez de pon-tiagudos como ocorre no fruto verde; asuperfície da fruta parece lisa em compara-ção àquela da fruta menos madura.

No caso de mercados locais ou regio-nais, frutos com até a metade da superfícieamarela são, em geral, viáveis. Enfatiza-se,mais uma vez, que se deve evitar a colheitade frutos verdes, pois eles não amadurecemmais na fase pós-colheita, não atingindoqualidades satisfatórias para o consumo,apresentando teor de açúcares mais baixo esabor e aroma pouco atraentes.

Na prática, o desenvolvimento dofruto e a sua aparência, sobretudo a colora-ção da casca (maturação aparente), são osprincipais indicadores do ponto de colheitado abacaxi. Segundo o grau de coloração dacasca ou de maturação aparente, os frutos,em especial aqueles da cultivar SmoothCayenne, são classificados como segue:

M1 – as frutas de vez, isto é aquelas

que apresentam coloração amarelo-alaranjada apenas na base, até um quartoda altura do fruto.

M2 – a classe que abrange as frutas

meio maduras, com a casca amarelo-alaranjada em um quarto da metade daaltura do fruto;

3 COLHEITA EBENEFICIAMENTO

Domingo Haroldo Rudolfo Conrado Reinhardt

Page 26: Abacaxi Pos Colheita

2929Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

M3 – aquela que compreende as frutas

denominadas maduras, isto é, apresentandocasca com a cor amarelo-alaranjada em maisda metade da altura do fruto(Figura 12).

a 2,3 kg) exportados da Côte d’Ivoire paraa Europa, não devem ultrapassar o estádiode maturação M

1, ao passo que aqueles com

pesos de até 1,1 kg podem ser colhidos emestádios de maturação mais avançados, M

2

e M

3. Não se dispõe de recomendações

específicas para a cv. Pérola, sabendo-se,porém, que os frutos dessa variedade de-vem ser colhidos em estádios de maturaçãoaparente menos avançados que os indica-dos para a cv. Smooth Cayenne (Figura 13).

No entanto, certas práticas culturais, aexemplo da adubação mineral e do uso defitorreguladores, e, principalmente, as con-dições climáticas reinantes durante a fase dematuração, influem fortemente nos pro-cessos fisiológicos relacionados com a de-gradação da clorofila, o pigmento verde, e asíntese e o acúmulo de carotenóides, pig-mentos amarelo-alaranjados, ou seja, nodesenvolvimento da coloração da casca.Assim sendo, os seguintes fatos devem serlevados em consideração ao se definir oponto de colheita com base na coloração dacasca do abacaxi:

a) quanto mais volumoso for o fruto,menos se colore, ou seja, um fruto grandecom casca amarela apenas na parte basal,pode estar mais maduro do que um frutopequeno inteiramente colorido. Desta for-ma, frutos do tamanho A1 (peso de 1,8 kg

b)Nos períodos frios e secos, o frutocolore-se mais do que naqueles quentes eúmidos. Por esse motivo, um fruto colhidono verão, quando está apenas começando ase colorir, pode estar mais maduro do queoutro do mesmo tamanho, porém colhidono inverno quando a coloração amarela játiver atingido 2/3 do fruto. Portanto, frutosdo inverno devem ser colhidos em estádiomais avançado de maturação aparente.

c) Adubações ricas em potássio e po-bres em nitrogênio favorecem a coloração

Figura 12.Figura 12. Fruto de abacaxi Pérola emestádio de maturação adequado paramercados distantes.

Figura 13.Figura 13. Fruto de abacaxi SmoothCayenne em estádio de maturação apa-rente M2/M3.

Page 27: Abacaxi Pos Colheita

Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita3030

da casca, ao passo que aquelas ricas emnitrogênio e pobres em potássio têm efeitoscontrários. Além disso, a aplicação de nitro-gênio pode resultar na intensificação da co-loração da polpa e na descoloração da casca.

d) Os frutos da variedade SmoothCayenne colorem-se mais do que os davariedade Pérola.

Sendo a maturação aparente de pou-ca eficiência, uma vez que depende demuitas variáveis, torna-se necessário con-siderar a polpa da fruta para ter dados dematuração real.

O grau de maturação real do frutopode ser avaliado com base na translucidezda sua polpa. O fruto é cortado, transversal-mente, na altura do seu maior diâmetro,determinando-se a percentagem da áreatranslúcida existente na superfície da seçãoobtida (sem considerar a área referente aoeixo central, também chamado de medula,sendo a parte mais fibrosa do fruto), umavez que esta é diretamente proporcional aograu de maturação do fruto. Para frutos deabacaxi cv. Smooth Cayenne, que necessi-tem suportar uma viagem superior a cincodias a 12°C, a percentagem de polpa amare-la translúcida não deve ultrapassar 50%,como ocorre com os frutos exportados daCôte d’Ivoire para a Europa, por via marí-tima. Quando mergulhados na água, essesfrutos não afundam, o contrário podendoser verificado com os que apresentam apolpa mais translúcida.

Um outro método para avaliar amaturação do abacaxi, ainda mais empírico emenos seguro que aquele da coloração dacasca, é o método do piparote, que consisteem dar pancadas no fruto com a extremidadedo dedo médio ou indicador, soltando-o comforça sobre a casca, depois de tê-lo apoiado nopolegar. Quando o som obtido é oco, o frutoestá verde; quando cheio, está maduro.

Encontrando-se, por um desses méto-dos, o grau de maturação ideal, a colheita dosdemais frutos se faz por comparação, isto é,todos os frutos de tamanho, aproximada-mente, igual ao do examinado são colhidos

quando sua coloração externa se apresentarde modo semelhante à deste último.

COLHEITCOLHEITAA

As colheitas dos frutos de umabacaxizal não podem ser feitas por meiosmecânicos, pois os frutos não amadurecemtodos ao mesmo tempo. Todavia, no Havaí,e em outras regiões onde a cultura doabacaxi é feita com alto nível técnico, ostrabalhos da colheita são facilitados graçasà utilização de uma esteira rolante, na qualos frutos são colocados e transportadospara fora dos talhões, tão logo sejam colhi-dos. Tais esteiras são acopladas a cami-nhões e abrangem, simultaneamente, váriaslinhas de plantação. Cada caminhão éacoplado a uma ou duas esteiras, neste caso,uma de cada lado.

A colheita é feita com facão, com ocolhedor tendo as mãos protegidas comluvas de lona grossa. O operário segura ofruto pela coroa com uma mão e corta opedúnculo cerca de cinco centímetros abai-xo da base do fruto. No caso da cv. Pérola,o corte deve ser feito de tal forma queapenas duas a quatro mudas do cacho defilhotes sejam levadas para servirem deembalagem natural do fruto (processo cha-mado sangria), permanecendo as demaismudas na planta para uso como material deplantio. Frutos que se destinarem a merca-dos próximos ou à indústria, sendo menossuscetíveis a ocorrência de podridões, po-dem ser colhidos (quebrados) sem as mu-das. O mesmo é feito no caso da cv. SmoothCayenne, por falta de mudas e por ter frutosmais fibrosos e mais resistentes, sendo otransporte feito a granel (sem “embala-gem” de mudas), ou usando-se apenas ca-madas finas de capim entre as camadas defrutos. Quando o destino dos frutos é omercado internacional ou mercados nacio-nais mais exigentes, alguns cuidados especiaisdevem ser observados, conforme explana-dos mais adiante neste artigo.

Os frutos colhidos são entregues aoutros operários que os transportam emcestos, balaios, caixas ou carros de mão, até

Page 28: Abacaxi Pos Colheita

3131Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

o caminhão ou carreta. O carregamentodos frutos nos caminhões é tarefa difícil eque exige mão-de-obra treinada.

Na região do Nordeste, o abacaxi éretirado da plantação com auxílio de balaiosque possuem grande diâmetro, porémpouca altura. Os operários carregam essesbalaios sobre a cabeça, e em cada um sãocolocados de 30 a 35 frutos da cv. Pérola.São necessários, portanto, dois cortadoresde frutos para manter cinco balaieiros ematividade, que, por sua vez, precisam contarcom quatro operários para o translado atéum caminhão, mantido próximo do local dacolheita. Com isto, chega-se à conclusão deque, neste sistema de operação, são necessá-rios onze homens para carregar, em quatrohoras, um caminhão com 5.000 frutos.

Já na região de Minas Gerais, os frutossão retirados das plantações em carrinhos,tracionados manualmente. No estado deSão Paulo, os operários costumam carregaros frutos no braço ou passar de mão emmão, até colocá-los na carreta, que percorreos carreadores.

Essas carretas devem ter o assoalho eas paredes laterais revestidos de palha, quegeralmente é de arroz ou fitilho de madeira,tendo a função de proteger os frutos dedanos mecânicos, durante o seu transporteaté o barracão.

Frutos frescos, exportados para mer-cados externos situados a longas distâncias,exigem cuidados e condições especiais apósa colheita e durante o transporte, conformeindicado no diagrama a seguir.

Qualquer que seja o destino dos fru-tos, mas sobretudo quando se pretendecomercializá-los em mercados mais exigen-tes como são os mercados internacionais,eles devem ser colhidos e transportadoscom o máximo cuidado possível para redu-zir ao mínimo o risco de ocorrência dedanos mecânicos, que afetam a sua qualida-de e facilitam a sua infecção pormicroorganimos (Diagrama 1). O intervalode tempo entre a colheita e a colocação dosfrutos em temperatura refrigerada deve sero mais curto possível para garantir maiorvida útil aos frutos colhidos.

Diagrama 1. Preparo e tratamento doabacaxi para os países europeus

Colheita

Recebimento do produto

Seleção

Tratamento com fungicida por imersão

Escoamento da solução de fungicida

Embarque

Transporte

Escoamento da solução de fungicida

Secagem

Classificação por peso

Acondicionamento

Pesagem

Fechamento da embalagem

Rotulagem:

Paletização

Resfriamento para +10º C - 24 horas

Embarque

Transporte

Transporte para o barracão de embalagem

-nome do produto-nome da variedade-números de frutos

Page 29: Abacaxi Pos Colheita

Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita3232

SELEÇÃOSELEÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E, CLASSIFICAÇÃO EOUTROS CUIDOUTROS CUIDADOS PÓSADOS PÓS--COLHEITCOLHEITAA

Frutos para mercados internosFrutos para mercados internos

Em geral, os frutos a seremcomercializados no mercado nacional sãocolhidos e, ainda no campo, acondiciona-dos em caminhões e transportados direta-mente para os locais de intermediação oucomercialização. No entanto, as exigênciaspor qualidade têm crescido muito tambémnos mercados domésticos, sendo necessá-rios cuidados adicionais descritos a seguir.

Colhidos os frutos, estes devem serimediatamente transportados para o barra-cão, a fim de serem submetidos a seleçãopor tamanho e, quando necessário, seleçãopor maturação. A separação dos frutos portamanho muitas vezes é efetuada no cam-po, no momento da colheita.

Na seleção por tamanho, os agricultoresmais experientes fazem uma separação dosfrutos em três classes, que compreendem:

• frutos grandes

• frutos médios e

• frutos pequenos.

Quanto à maturação, os produtores,em geral, procuram separar os frutos emtrês estádios de maturação: 1/3 maduros, nosquais só a parte basal apresenta a coloraçãoamarela; ½ maduros, quando metade dafruta está amarela, e os totalmente madu-ros, isto é amarelos.

Esta separação é válida para a varieda-de Smooth Cayenne, na qual a coloraçãoexterna da fruta em geral evidencia muitobem que o amadurecimento se processa nosentido base/ápice. Nas variedades Pérola eJupi, a coloração não é tão intensa como naanterior, devendo-se observar com muitaatenção os frutilhos, que, com a maturação,ficam menos salientes, começando a apare-cer no seu centro pontos amarelos (Figura14). O amarelecimento dos frutilhos é maisuniforme que nos frutos maduros dessasvariedades e a sua coloração externa se carac-teriza por se apresentar salpicada de amarelo.

Frutos para exportaçãoFrutos para exportação

Ajuste do pedúnculo e desinfecção

Os frutos destinados à exportação sãoobrigatoriamente colhidos com cerca de 5 cmde pedúnculo, que no barracão é seccionadoa 2 cm a 3 cm da base do fruto e, em seguida,a superfície de corte deve ser desinfetadade fungos e bolores. Para tanto, utilizam-sefungicidas sistêmicos como os benzimidazóis,a exemplo do fungicida Bayleton (i.a.triadimefon) a 30 g do p.c. por 100 litros deágua, para controlar, sobretudo, a podri-dão-negra Ceratocystis paradoxa/Chalara(Thielaviopsis) paradoxa (De Seynes) vonHoehn. Outras opções que têm sido usadassão o ácido benzóico dissolvido em álcoola 2%, salicilamida de sódio a 1%, ouortofenilfenato de sódio.

Tratando-se da variedade Pérola, opreparo do fruto envolve a remoção doexcesso de filhotes, devendo, portanto,também ser desinfetadas as áreas nas quaisestes se fixam.

Triagem

Nesta fase devem ser descartados osfrutos insuficientemente maduros e muito

Figura 14.Figura 14. Fruto de abacaxi Pérola apre-sentando pontos amarelos nos frutilhos.

Page 30: Abacaxi Pos Colheita

3333Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

maduros. Cuidado especial deve-se dar àidentificação e descarte de frutos com odistúrbio fisiológico chamado jaune (amarelo)pelos franceses. De causa ainda desco-nhecida, o fenômeno designa frutos decasca pouco colorida, mas internamenteem estado muito avançado de maturação,apresentando na polpa zonas muito amare-las e translúcidas, que inicialmente se con-centram nos centros dos olhos, mas emseguida se estendem quase abrangendo suatotalidade. Operários com muita práticapodem ser capazes de identificar frutoscom esse problema pelas características docontorno dos olhos dos frutos e outrasainda menos evidentes. Uma forma maissegura de separar frutos afetados é a suaimersão em água, o que os leva a afundar, aocontrário de frutos normais.

Outros frutos a serem eliminados nes-sa fase são:

- frutos muito pequenos ou muitograndes (< 700 g e > 2.300 g);

- frutos com machucados e manchasde queima solar;

- frutos com coroas múltiplas (>2)ou coroas de dimensões não regulamenta-res (< 5 cm e > 13 cm) (Figura 15);

- frutos com coroas afetadas (mur-chas, amarelas, comidas por roedores ouinsetos);

- frutos com deformações;

- frutos com pedúnculos quebrados.

A redução de coroas é uma operação,normalmente, realizada no decorrer dodesenvolvimento do fruto e, algumas vezes,durante a colheita ou acondicionamento(Figura 16). A forma mais indicada é efetuara extração do coração da coroa (meristema

Figura 15.Figura 15. Fruto de abacaxi SmoothCayenne apresentando quatro coroas.

Figura 16.Figura 16. Fruto de abacaxi SmoothCayenne apresentando coroa reduzida.

terminal) quando ela atinge o comprimentode 8 cm a 10 cm, o que, em condiçõestropicais, tende a ocorrer entre 12 e 17semanas após o tratamento de induçãofloral. A extração é feita com o auxílio deuma espátula de ferro com 25 cm de com-primento e 6 mm a 8 mm de diâmetro. Aponta larga da espátula é introduzida nocentro da coroa, numa profundidade corre-ta para atingir apenas o ápice do pequenotalo da coroa, onde está localizado omeristema, efetuando-se, em seguida, ummovimento giratório que corta o coraçãoda coroa. Em geral, são necessárias váriaspassadas a intervalos de uma semana paraque todas as coroas de um talhão sejamreduzidas no momento mais adequado. Um

Page 31: Abacaxi Pos Colheita

Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita3434

operário treinado trata cerca de 1.000 a2.000 coroas por dia. Métodos químicos deredução de coroa, a exemplo da aplicaçãode ácido clorídrico, podem ser viáveis, massão menos eficientes e seguros.

Calibração (separação por peso)

A calibração é feita com base no pesodos frutos, distinguindo-se, no caso de fru-tos da cv. Smooth Cayenne exportadospara a Europa, seis classes com os seguinteslimites:

• calibre 6 – frutos de 700 g a 900 g• calibre 5 – frutos de 900 g a 1.100 g• calibre 4 – frutos de 1.100 g a 1.300 g• calibre 3 – frutos de 1.300 g a 1.500 g• calibre 2 – frutos de 1.500 g a 1.800 g• calibre 1 – frutos de 1.800 g a 2.300 g

Em outra classificação, às vezes utili-zada para exportações, sobretudo para a cv.Pérola, os frutos são agrupados nos seguin-tes tipos, também baseados nos respectivospesos com coroa:

• tipo A – acima de 1.500 g• tipo B – de 1.100 g a 1,500 g• tipo C – de 800 g a 1.100 g• tipo D– de menos de 800 g• baby – em torno de 550 g

Essa seleção é feita manualmente oucom uso de máquinas circulares automáti-cas capazes de tratar cerca de 3 t/hora. Asmesas de recepção devem ser forradas ade-quadamente para reduzir o risco de danosaos frutos por choques.

Nova triagem para grau dematuração

Nesta etapa procede-se a uma últimarevisão da classificação dos frutos, confor-me o seu grau de maturação, dentro de cadacategoria de tamanho/peso selecionada.

Acondicionamento

Os frutos que serão exportados nãodevem ficar mais de 24 horas na temperaturaambiente após a sua colheita. Portanto, otratamento e o acondicionamento terão queser feitos rapidamente. O acondicionamen-to é feito na posição vertical em caixas depapelão ou madeira, sobre os pedúnculos(neste caso, as caixas apresentam fundo du-plo, com perfurações nas quais o pedúnculoé afixado), ou na posição horizontal, alter-nando-se fruto e coroa (o que permitemaior densidade do produto acondicionado)(Figura 17).

Figura 17.Figura 17. Abacaxis embalados em caixas de madeira na posição horizontal.

Page 32: Abacaxi Pos Colheita

3535Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

Informações complementares paraInformações complementares paraa seleção e classificação de frutosa seleção e classificação de frutos

Para estabelecer uma classificaçãomais detalhada do abacaxi, é necessário quesejam conhecidos os atributos quantitativose qualitativos dos frutos, para que se possamestabelecer os padrões de limites e de medi-das desses atributos. Nos quantitativos es-tão relacionados o tamanho e o peso dofruto, e nos qualitativos consideram-se aforma, a coloração natural, o grau dematuração, a turgidez, os sinais de danosmecânicos, fisiológicos e de pragas, presençade resíduos de produtos químicos e de sujeira.

Com relação ao tamanho e ao peso, asduas variedades mais cultivadas no Brasil, aPérola e a Smooth Cayenne, apresentamtamanhos e pesos distintos, cujas variaçõessão observadas até dentro das mesmascultivares.

Como na prática é mais difícil classifi-car os frutos pelo tamanho, devido à ne-cessidade do uso de gabaritos e de muitamão-de-obra, pode-se considerar o peso dafruta como o melhor meio para determina-ção do atributo quantitativo na classifica-ção do abacaxi.

Quanto aos atributos qualitativos,deve-se levar em consideração:

variedade – que é agrupada em doistipos básicos, tendo-se em conta, exclusiva-mente, a coloração da polpa da fruta: ama-rela e branca

grupo – de acordo com a forma dofruto podem ser constituídos dois grupos:cilíndrico e cônico.

Essa classificação é muito importantepara o abacaxi que se destina à indústria,dando-se preferência para frutos de formacilíndrica, evitando-se perda excessiva depolpa no descascamento mecânico.

Tipo – são especificadas as qualida-des do fruto:

• cor da casca, que revela o seu grau dematuração, o que, apesar de ser uma apre-

ciação subjetiva, permite distinguir a qua-lidade do produto;

• firmeza, que dá uma indicação datextura da polpa, permite classificar a frutaque não apresenta cavidades internas (da-nos fisiológicos) ou com podridão interna,como a podridão-negra;

• integridade, em que se procura man-ter a qualidade extrínseca do fruto, elimi-nando os que apresentam danos mecânicose rachaduras;

• sabor, é importante conhecer a rela-ção sólidos solúveis totais (Brix)/acideztotal titulável (ATT) da variedade que vaiser comercializada. Essa relação varia deacordo com as condições climáticas e,principalmente, com os abacaxis produzi-dos no sul do país, onde há grandes varia-ções entre as safras de verão e inverno. EmSão Paulo, por exemplo, a relação SST/ATTda polpa do abacaxi cv. Smooth Cayenneatinge valores de 18 a 20 no verão e de 13 a16 no inverno.

Outros tratamentos de proteção doOutros tratamentos de proteção dofrutofruto

O tratamento de frutos de abacaxicom cera não tem sido uma prática comum,embora existam alguns produtos comerciaisdisponíveis para tal tratamento. As vanta-gens dessa prática não são evidentes o sufi-ciente para estimular a sua adoção, a qualprecisa ser ajustada às condições dearmazenamento e transporte do abacaxipara os mercados consumidores, sobretudosob refrigeração a temperaturas de 8ºC a12°C. A aplicação da cera, em geral, usadana concentração de 20%, implica a altera-ção, às vezes desfavorável à qualidade dofruto, da atmosfera no interior do fruto.

MÉTMÉTODOS PODOS PARAARAUNIFORMIZAR A MAUNIFORMIZAR A MATURAÇÃOTURAÇÃO

A exportação de abacaxi do Brasil sópoderá aumentar se a qualidade do produtoofertado melhorar. As técnicas de cultivodo plantio à colheita têm evoluído bastante

Page 33: Abacaxi Pos Colheita

Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita3636

nos últimos anos, obtendo-se frutos de boaqualidade, que não é mantida na fase pós-colheita. Neste contexto, a aparência dosfrutos pode ser melhorada por meio daoferta de frutos com casca de coloraçãoamarela uniforme.

Conforme depoimento de diversosexportadores e produtores envolvidos emrecentes tentativas de exportação, aconcretização das perspectivas que tem acultivar brasileira Pérola de penetrar nosmercados europeu e norte-americano, da-das as suas excelentes característicasorganolépticas, depende de uma melhoriana aparência externa dos frutos, sobretudode uma coloração mais atrativa da casca,que tende a permanecer, predominante-mente, verde, enquanto o consumidor tempreferência pela cor amarela.

A maturação que é feita em câmarascom temperatura e umidade relativa con-trolada de 24oC e 90%, respectivamente,aplicando-se 0,1% de etileno, durante 48horas, dá à casca do fruto uma coloraçãomais intensa, porém, ao mesmo tempo,ocorre a descoloração da coroa, que setorna cor de palha, dando um aspecto defruto passado com má apresentação.

Por esta razão, recomenda-se que amaturação aparente da fruta seja controla-da no campo, acelerando e uniformizandoa degradação da clorofila e a expressão dospigmentos amarelos-alaranjados da cascaem lotes de frutos que se pretendemcomercializar.

No caso da cv. Smooth Cayenne, dis-põe-se há bastante tempo de recomenda-ção técnica para o tratamento de maturaçãode frutos na fase de pré-colheita. Essa técnicaé rotineiramente utilizada na Côte d’Ivoire,um dos tradicionais países exportadores deabacaxi cv. Smooth Cayenne, para a Euro-pa. Consiste na aplicação de produto à basede etefon, com pulverização dirigida sobreos abacaxis, reduzindo-se a quantidade decalda a atingir as coroas, que podem sofrerclorose ou amarelecimento, depreciandoos frutos. Usam-se 2,5 l a 3,0 l de produto

comercial com 21,4% i.a., ou volumes pro-porcionais para produtos comerciais comquantidades diferentes de ingrediente ati-vo, diluídos em 800 l a 1.200 l de água porhectare, o que corresponde a concentra-ções de cerca de 400 a 700 mg/l de etefon(ácido 2-cloro-etilfosfônico).

É fundamental a escolha correta dadata de aplicação do etefon, pois, quandofeita precocemente levará à colheita de fru-tos amarelos, mas imaturos e, portanto,sem sabor (alta acidez e baixo teor de açu-cares) e aroma adequados para acomercialização. Isto comprova que oetileno liberado pelo etefon age sobre a corda epiderme dos frutos, sem acelerar osprocessos fisiológicos da maturação realdos frutos. O tratamento não deve ser feitocom base em um número de dias fixo apóso tratamento de indução floral, uma vezque o intervalo de tempo entre tal trata-mento e a maturação natural do abacaxi ébastante variável ao longo dos anos, emfunção das condições climáticas. Em geral,a pulverização do etefon só deverá ser feitapoucos dias antes do início da colheita defrutos num determinado talhão.

Na Côte d’Ivoire, muitas vezes, a apli-cação é realizada logo após a colheita dosprimeiros frutos, normalmente os maiores,no talhão ou, no máximo, dois dias antesdessa primeira passada, o que assegura boaqualidade organoléptica aos frutos colhi-dos. A colheita de frutos de um talhão,submetido ao tratamento de indução floralnuma mesma data, ocorre em várias passa-das (cortes) realizadas ao longo de duas atrês semanas. O número de cortes é dimi-nuído quando se usa o tratamento dematuração com etefon. Deve-se atentarpara o fato de que os produtos à base deetefon liberam lentamente o etileno, sendoexigida a repetição do tratamento quandoocorrem chuvas dentro de seis horas após apulverização.

A pulverização do etefon sobre osfrutos e a forma adequada de sua aplicação,no caso da cv. Smooth Cayenne, implicamque sejam atingidas as mudas do tipo filho-

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3737Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

te, presentes logo abaixo da base do frutodo abacaxi Pérola, podendo resultar naindução da sua diferenciação floral e, por-tanto, na sua perda como material de plan-tio. Uma alternativa para evitar este proble-ma é o tratamento dos frutos logo após asua colheita. Cunha et al., 1980, tratando osfrutos por imersão (3 minutos) em soluçãoaquosa de etefon em concentrações de zeroa 2.000 mg/l, e observando os seus efeitosdurante o armazenamento em condiçõesambientais, concluíram ser viável o usodeste fitorregulador com a finalidade deuniformizar a coloração amarela da cascado fruto da cv. Pérola. No entanto, obser-varam a ocorrência de queimas nas extre-

midades das folhas da coroa do frutotratado com este produto, mostrandoque a coroa não devea ser atingida duran-te o tratamento.

O controle da maturação aparentedo abacaxi é viável, mas a técnica deve serajustada para as condições de cada regiãoprodutora, com possíveis variações aolongo do ano, também em função dadistância dos mercados consumidores aserem supridos. Há necessidade de maisestudos, principalmente para o caso dacv. Pérola, uma vez que as informaçõesdisponíveis referem-se quase que exclu-sivamente à cv. Smooth Cayenne.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita3838

A produção de abacaxi destinadaà exportação deve ser plane-jada de acordo com alguns

aspectos específicos do mercado internacional.São basicamente dois os parâmetros maisimportantes que condicionam o acesso aesse tipo de mercado: o fitossanitário, rela-cionado com pragas e exigênciasquarentenárias e o de inocuidade alimentar,vinculado a características do produto a seroferecido ao consumidor.

No primeiro item, elas dizem respeitoàs exigências quarentenárias, ou seja, àspragas de importância quarentenária paraos países onde a fruta se destina. Nesse tipode pragas podem estar as exóticas paraaquele país e que podem ser introduzidas eestabelecidas no destino, conforme resulta-do da Análise de Risco de Pragas – ARP,por meio do produto considerado, no casoo abacaxi. Esse tipo de praga é chamado dequarentenária A1. Nesse caso, o país expor-tador deve dar a garantia, por meio deCertificado Fitossanitário, emitido pelaOrganização Nacional de ProteçãoFitossanitária – ONPF, de que não tem apraga ou, se a tem, de que o embarqueprovém de área livre, ou que o embarqueestá livre dessas pragas, ou mesmo que oexame de determinado laboratório com-prova a ausência desses organismos. Ou-tras exigências ou declarações adicionaispodem variar de acordo com a praga oupragas que se pretende evitar no vegetal ouem seu produto. Cabe salientar que a defi-nição de praga no contexto internacional éaquela da Convenção Internacional de

Proteção dos Vegetais – CIPV, conforme aseguir: “qualquer espécie, raça ou biótipovegetal, animal ou agente patogênico dani-nho para as plantas ou produtos vegetais”(Conferência FAO C/REP 29º Período deSessões, Roma, 7 a 18 de novembro de1997). Outro tipo de exigência relacionadacom as pragas é a das que não são exóticas,mas estão sob controle ativo da ONPF dopaís importador, em áreas determinadas, esão as consideradas quarentenárias A2. Nes-se caso, as exigências podem ser do mesmotipo das relativas às quarentenárias A1.

É importante salientar que para aten-der às exigências de certificação, tanto noâmbito interno quanto externo, foi criado oCertificado Fitossanitário de Origem - CFO,por meio da Portaria MA n.º 571, de08/12/98, publicada no DOU de 12/11/98,regulamentada pela Instrução NormativaSDA n.º 246, de 30/12/98, DOU de 05/01/99. Nesse documento, poderão serprestadas as informações necessárias paracumprir praticamente todas as exigênciasdos mercados consumidores. O preenchi-mento do CFO será feito por agrônomocredenciado pelo órgão executor da defesasanitária vegetal na unidade da federação.Esse profissional será o responsável técnicopara relatar as ocorrências fitossanitárias nalavoura, os tipos de agrotóxicos utilizadospara saná-las e outras informações que po-dem ser requeridas pelos países comprado-res. A partir dessas informações, os fiscais doMinistério da Agricultura e do Abastecimen-to poderão emitir o Certificado Fitossanitáriode acordo com as especificações do paísimportador.

4 PROCEDIMENTOSBÁSICOS PARA ACERTIFICAÇÃOFITOSSANITÁRIA

Odilson L. Ribeiro e Silva

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3939Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

Para conhecer as exigências fitossa-nitárias de determinado país, o interessadodeve contatar o responsável comercial pelaimportação que deverá dirigir-se à Organi-zação Nacional de Proteção Fitossanitária– ONPF do país importador, em geralvinculada ao Ministério da Agricultura ouórgão equivalente, que fornecerá os requi-sitos fitossanitários que deverão constar noCertificado Fitossanitário que será emitidono Brasil. De posse dessas informações, oexportador deverá apresentá-las ao setor dedefesa agropecuária da representação doMinistério da Agricultura e do Abasteci-mento em sua unidade da federação, e àsDelegacias Federais de Agricultura. Após aanálise das exigências do país importador, oresponsável pelo setor indicará a forma decumpri-las. Em casos mais complexos, seránecessária a apresentação do certificado deorigem, cabendo ao responsável por essaatribuição dar as orientações devidas.

Em outros casos, poderá ser exigida aAnálise de Risco de Pragas – ARP, pelo paísimportador. A formalização dessa análisedeve ser dirigida à representação do MAnos estados, a quem compete dar as infor-mações necessárias para esse fim.

As exigências fitossanitárias estão re-lacionadas com a possibilidade de determi-nada praga poder ser transmitida pelo pro-duto e estabelecer-se no seu destino. Nessesentido, os países em que o abacaxi não écultivado ou em que as condições geraisnão são propícias para a cultura têm poucaou nenhuma restrição fitossanitária.

Deve também ser questionada à ONPFdo país importador se existem outros requi-sitos para a comercialização do produto nopaís, como os limites máximos de resíduosde agrotóxicos vigentes. Em alguns países,os níveis de resíduos são diferentes daque-les do Codex Alimentatarius ou existemoutros níveis de resíduos além dos mencio-nados pelo Codex. Em todos os casos,essas informações devem ser repassadas aoMinistério da Agricultura e do Abasteci-mento que tem a atribuição de negociaresses aspectos técnicos com as ONPFs dospaíses importadores.

Para determinados nichos de mercadocomo produtos orgânicos ou de outra ca-racterística pode ser exigida uma certificaçãoespecífica. Nesse caso, haverá a necessida-de da certificação na área de produção ouorigem para atestar essas qualidades exigidasdo produto. O MA tem, por meio de seusinstrumentos de certificação, condições deatestar essas características em conjuntocom os órgãos estaduais e agrônomoscredenciados para emissão dos CertificadosFitossanitários de Origem. Às vezes esseprocedimento pode levar algum tempo paraser estruturado, mas, após sua operaciona-lização inicial, flui normalmente.

Finalmente, cabe salientar que a trocade informações fornecidas, a princípio, pelosagentes econômicos interessados no co-mércio internacional, entre as ONPFs dospaíses envolvidos, importador e exporta-dor, é o início do processo para ser atingidaa fase final de certificação fitossanitáriadentro dos parâmetros requeridos.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita4040

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

O abacaxi é consumido na maioria dospaíses e produzido principalmente nos declima tropical e subtropical.

No Brasil, ele é explorado em todas asunidades da Federação e tem relativa im-portância na fruticultura nacional. O Brasiltambém destaca-se como importante pro-dutor mundial, embora os volumes de ex-portação sejam ainda reduzidos.

A qualidade do abacaxi é um dos prin-cipais fatores que prejudicam a exportaçãobrasileira, e é fundamental para sua efetivaparticipação no comércio internacional. Astécnicas de plantio e colheita têm melhora-do bastante nos últimos anos, mas somenteagora tem-se dado maior atenção ao aspec-to científico da manutenção da qualidadena pós-colheita, que está diretamente rela-cionado com o transporte e com oarmazenamento.

Entre os diversos fatores que contri-buem para a manutenção da qualidade e aincidência de perdas pós-colheita em fru-tos, destacam-se: a qualidade inicial do pro-duto, a temperatura na qual o produto foimanuseado, armazenado, transportado edistribuído, umidade relativa do ambientepós-colheita, o uso de atmosfera controladaou modificada durante o transporte earmazenamento, tratamentos químicos uti-lizados para o controle de desordens fisioló-gicas, tratamento a quente para o controle deperdas, embalagens e sistemas de manuseio.

Vários estudos estão sendo realizados,atualmente, para manter a qualidade dosfrutos após a colheita. Dentre eles pode-mos citar: tipos de embalagens, associaçãode aplicação de cálcio e tratamentohidrotérmico, uso de atmosfera modificadae outros. Todos esses estudos têm como

objetivo manter a qualidade e aumentar avida útil do abacaxi.

Nos países desenvolvidos a aplicaçãode métodos para manter a qualidade dosfrutos e reduzir os danos e perdas pós-colheita são medidas usuais. Entretanto,nos países em desenvolvimento, o conheci-mento e a aplicação de técnicas para mantera qualidade dos frutos nem sempre sãobem-sucedidos, uma vez que a solução paramuitos problemas de manuseio earmazenamento dos frutos está ligada afatores educacionais e sociológicos.

MANEJO PÓSMANEJO PÓS--COLHEITCOLHEITAA

Os frutos exibem alta atividade meta-bólica quando comparados com outros ali-mentos derivados de plantas, como as se-mentes. Essa atividade metabólica conti-nua após o fruto ser separado da planta-mãe, o que o torna altamente perecível, poisocorre uma série de transformaçõesendógenas resultantes do metabolismo, quese refletem em várias mudanças nas suascaracterísticas, tais como: textura, cor, sa-bor e aroma.

Após a colheita, o fruto continua oprocesso de respiração sendo este o princi-pal processo fisiológico. Assim, os frutostêm vida independente e utilizam suas pró-prias reservas de substratos, com conse-qüente diminuição progressiva nas reservasde matéria seca acumulada. A respiraçãoresulta em modificações profundas na com-posição química do fruto, modificaçõesessas que podem ser altamente indesejáveissob o ponto de vista da qualidade.

O armazenamento sob condições debaixas temperaturas é o método mais eco-nômico, efetivo e prático para prolongar avida de frutos e hortaliças frescos.

5 TRANSPORTE EARMAZENAMENTO

Celeste Maria Patto de AbreuVânia Déa de Carvalho

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4141Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

A refrigeração diminui a respiração e ometabolismo, com conseqüente diminui-ção na ação de muitas enzimas metabólicasresponsáveis por mudanças indesejáveisdurante o armazenamento. A baixa tempe-ratura, entretanto, não retarda todas as rea-ções do metabolismo nem afeta todo osistema físico da célula na mesma propor-ção. Esse desequilíbrio no metabolismopode resultar em alterações físicas e meta-bólicas causando injúria nos frutos.

DISTÚRBIO FISIOLÓGICODISTÚRBIO FISIOLÓGICO(ESCURECIMENT(ESCURECIMENTO INTERNO)O INTERNO)

Quando os frutos de abacaxi são sub-metidos a baixas temperaturas, porém aci-ma do ponto de congelamento por umtempo prolongado (acima de 4 dias), ocor-rem distúrbios fisiológicos conhecidoscomo chilling, que são o resultado do efeitodas baixas temperaturas nas membranascelulares. Os lipídios que fazem parte dasmembranas e participam de seu estado físi-

co-químico são fluidos cristalinos e flexí-veis. Quando a temperatura fica abaixo dacrítica, os lipídios mais saturados mudam defase e se tornam gelatinosos e firmes. Essamudança provoca uma separação de fasesem certas áreas das membranas afetandoconsideravelmente suas propriedades físi-cas, químicas e sua integridade, alterandovários processos metabólicos(Figura 18).

A ocorrência do escurecimento internose processa em duas fases: a) de transporte,que corresponde ao trajeto feito sob refrige-ração até o local de comercialização (10 a 20dias) sob temperatura próxima de 10ºC eU.R. de 90%. É nesta fase que se iniciam asmodificações químicas que darão origem aoescurecimento dos tecidos do fruto; b) decomercialização (reaquecimento do fruto)correspondente ao intervalo entre a retiradado fruto da câmara até o seu consumo (emtorno de 7 dias). Período em que ocorre amanifestação dos sintomas de escurecimentodos tecidos.

Figura 18Figura 18. Via esquemática de eventos que provocam chilling em tecidos de vegetaissensíveis.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita4242

Os sintomas da desordem não podemser evidenciados externamente, exceto emestágio muito avançado, e o fruto afetado,portanto, não pode ser selecionado semque a polpa seja avaliada. O distúrbio inicia-se na base das infrutescências, próximo aocilindro central, formando pontosacinzentados circundados por uma áreatranslúcida, que vão escurecendo até atingirtoda a polpa. Este escurecimento ocorredevido à ação de duas enzimas oxidativas(polifenoloxidase e peroxidase) que pro-movem a oxidação de seus substratos (com-postos fenólicos) pela utilização do oxigê-nio molecular.

As polifenoloxidases, também conhe-cidas como fenolases, tirosinases ecatecolases, catalisam dois tipos de reações:hidroxilação de monofenóis para o-difenóise a oxidação de o-difenóis para o-quinonasque são os pigmentos escuros responsáveispelo escurecimento dos tecidos.

A oxidação dos fenóis pode resultar,também, da atividade das peroxidasesque atuam em presença de peróxido dehidrogênio.

Já foram constatadas em abacaxis comescurecimento altas atividades dessasenzimas também durante a refrigeraçãodos frutos, a enzima responsável pela sínte-se de fenóis (fenilalanina monio liase) éativada provocando aumento nos teores defenólicos.

Quando as células do fruto são rompi-das pelas baixas temperaturas, as enzimasoxidativas entram em contato com osfenólicos causando a sua oxidação e provo-cando o escurecimento dos tecidos. A açãoda polifenoloxidase e da peroxidase é prati-camente nula durante a conservação dosfrutos a baixas temperaturas. Porém, aoretirá-los da câmara fria estas enzimas pas-sam a atuar com suas atividades máximas,causando um escurecimento descontrola-do e irreversível.

Entretanto existem inibidores dessasenzimas que possuem propriedades anti-oxidantes. Entre eles podemos citar a cisteína,

glutationa, 2-mercaptobenzotiazol e o ácidoascórbico, sendo este último considerado oinibidor natural mais importante.

O abacaxi não é um fruto particular-mente rico em ácido ascórbico, porém seusníveis podem variar em relação a algunsfatores, entre eles: fatores ambientais, nu-trição mineral, cultivar, peso do fruto eestádios de maturação.

O ácido ascórbico pode intervir deduas maneiras no escurecimento interno: a)reduzindo as quinonas formadas pela açãodas oxidases, transformando-se em ácidodehidroascórbico (que também é ativo) e,desta forma, impedindo a formação dosprodutos escurecidos; b) pode agir comoinibidor das enzimas oxidativas.

No abacaxi, o ácido ascórbico apre-senta-se em maior concentração na partesuperficial, logo abaixo da casca. Diantedisso, pode-se explicar o fato de os sinto-mas do escurecimento interno se manifes-tarem próximos ao cilindro central.

A velocidade de aparecimento dos sin-tomas de escurecimento interno varia emrelação a fatores que influenciam na injúria,podendo ser citados: temperatura, tempode exposição a temperaturas baixas e está-dio de maturação. Outros fatores comocondições climáticas, diferenças varietais enutrição mineral, influenciam indiretamen-te no distúrbio fisiológico, pois afetam acomposição química dos frutos.

A compatibilidade entre frutos de di-ferentes espécies deve ser considerada.Abacaxis transportados por via marítimatêm sido armazenados com bananas. Comoessas frutas são incompatíveis em termosde condições ideais de conservação, o pro-blema do escurecimento interno pode tor-nar-se ainda mais grave.

TRANSPORTE ETRANSPORTE EARMAZENAMENTARMAZENAMENTOO

Logo após a colheita, os frutos devemser transportados para galpões onde serãosubmetidos a uma seleção, eliminando-seos frutos com defeitos e separando-os portamanho e estádio de maturação.

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4343Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

Ao se transportar os frutos da lavourapara os galpões, deve-se ter o cuidado denão fazer empilhamentos elevados, paranão causar rachaduras, arranhões ou qual-quer outro tipo de injúria que poderãoresultar em podridões diminuindo a quali-dade do produto.

Os frutos colhidos não devem ficarexpostos ao sol por períodos prolongadospara não perderem umidade.

A localização dos galpões deve ser omais próximo possível da lavoura ou emregião central, facilitando o transporte ereduzindo as perdas.

Durante e após a colheita, a qualidadedo abacaxi pode também ser prejudicadadevido à penetração de agentes patogênicospor meio da secção do pedúnculo, desta-cando-se o fungo causador da podridão-negra ou podridão-mole. Os frutos deverãoser submetidos a desinfecção do pedúnculocom uma solução de benomyl a 4.000 ppm,a fim de evitar a podridão-negra que temuma evolução rápida, destruindo todo otecido, fazendo exalar um odor acético etornando o fruto mole, o que leva a casca aceder facilmente, à menor pressão. Tempe-raturas de 25ºC a 32ºC, pH 3-6 e umidaderelativa 90% a 100% favorecem o desen-volvimento do fungo.

Após a desinfecção dos pedúnculos,os frutos estão prontos para serem embala-dos e transportados para as centrais dedistribuição.

EMBALAEMBALAGEMGEMA embalagem é ponto fundamental,

pois os frutos são organismos vivos, querespiram e têm metabolismo normal. Quan-do apropriadas, as embalagens ajudam amanter a qualidade do produto durante otransporte e a comercialização. Além dafunção de proteção, a embalagem serve parahomogeneizar o produto e permite o seumanuseio e apresentação.

Deve ser resistente ao manuseio du-rante a carga, à compressão do peso sob

outros recipientes, ao impacto, à vibraçãodurante o transporte e à alta umidade du-rante o trânsito e o armazenamento.

Os frutos destinados à exportação sãoacondicionados em caixas de madeira oupapelão, observando alguns critérios, taiscomo: uso de padrões de classificação ouespecificação do comprador; cada embala-gem deve conter o mesmo número defrutos, que devem estar no mesmo estádiode maturação e as caixas devem conter ainformação da quantidade de frutos naembalagem.

ROROTULATULAGEMGEMA rotulagem da embalagem é impor-

tante, pois ajuda a identificar os produtos,facilitando o manuseio pelos recebedores.

Todas as caixas devem estar etiquetadase marcadas no idioma do país de destinocom as seguintes informações: nome co-mum do produto, peso líquido, número deunidades e/ou volume, nome da marca, doembalador e/ou do exportador, país deorigem, tamanho e classificação (quando hánormas) e temperatura de armazenagemrecomendada (Figura 19).

Figura 19.Figura 19. Embalagem de abacaxis Pérola destinadosà exportação para a Argentina.

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Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita4444

Figura 20.Figura 20. Empilhamento de abacaxis para transporte.

Após a embalagem, os frutos são trans-portados em caminhões até o navio ouaeroporto. O tempo decorrido da colheitaaté o embarque dos frutos nos navios eaviões não deve ultrapassar 24 horas quan-do os caminhões não forem refrigerados.

TRANSPORTETRANSPORTE

O transporte do abacaxi para o mercadointerno geralmente é feito em caminhões nãorefrigerados, a granel. Para que o abacaxi nãoseja injuriado, deve ser feito o acolchoamento.No caso da cultivar Pérola, podem ser usadosos próprios filhotes, e no caso da SmoothCayenne, que não tem filhotes, oacolchoamento pode ser feito com capim. Osfrutos devem ser colocados em camadas alter-nadas. Uma camada com a coroa voltada parabaixo, outra com a coroa voltada para cima, enas outras camadas os frutos podem ficardeitados, permitindo, assim, melhor circula-ção de ar entre os frutos.

Para os países da América do Sul, oabacaxi tem sido transportado em cami-nhões refrigerados a 12ºC a 14oC, em caixasde madeira (Figura 20). Na Figura 21, pode-se observar o interior de uma carreta comcontrole refrigerado.

O transporte do abacaxi em navio édemorado e requer cuidados especiais. O ardos contêineres deve ser renovado uma ouduas vezes por semana (controle de gasesO

2 e CO

2). A umidade relativa do ar deve ser

mantida em torno de 85% a 90%. Esta U.R.é importante para que o fruto não percapeso e tenha um aspecto de fruta frescaquando chegar ao consumidor. As mesmascondições devem ser observadas para aconservação do fruto em câmaras frias, quepodem estender em até um mês a vida útilda fruta fresca.

O abacaxi não deve ser transportadocom outras espécies de frutos, principal-mente aquelas que liberam altos teores deetileno, como a banana. O ideal é que sejatransportado isoladamente.

Figura 21.Figura 21. Caminhão refrigerado para transportar aba-caxis de Monte Alegre de Minas para a Argentina.

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4545Frutas do Brasil, 5Frutas do Brasil, 5 Abacaxi Pós-ColheitaAbacaxi Pós-Colheita

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