ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE UMA REFINARIA DE … · Figura 57 Capacidade instalada de...

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ROBERTO DA SILVA AMORIM ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO: CASO REPLAN Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistema de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Meio Ambiente Orientador: Prof. Airton Bodstein de Barros, D. Sc. Niterói 2005

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ROBERTO DA SILVA AMORIM

ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO: CASO REPLAN

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistema de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Meio Ambiente

Orientador: Prof. Airton Bodstein de Barros, D. Sc.

Niterói 2005

ROBERTO DA SILVA AMORIM

ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE UMA REFINARIA DE PETRÓLEO. CASO REPLAN

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistema de Gestão da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Área de concentração: Meio Ambiente

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. Airton Bodstein de Barros, D.Sc. (Orientador)

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________ Prof. Leydervan de Souza Xavier, D.Sc

Centro Federal d Educação Tecnológica Celso Suckow Fonseca – CEFET/RJ

_________________________________________________ Prof. Fernando Benedicto Mainier, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense – UFF

__________________________________________________ Luis Tadeu Furlan, D.Sc.

Petróleo Brasileiro S.A. PETROBRAS.

Dedico este trabalho

Aos meus pais Moacyr (in memoriam) e Zuleika pelo amor, dedicação, incentivo e

ensinamentos.

À minha esposa Efigenia e aos meus filhos Anna e Fernando pelo carinho e

compreensão e ao meu irmão Paulo Sérgio pela amizade.

AGRADECIMENTOS

Ao professor Airton Bodstein de Barros, pela orientação.

Ao professor Fernando Ferraz pela ajuda na organização das idéias.

Ao colega Stonesmogenes Collares pelas sugestões e auxílio na revisão do trabalho.

Aos colegas Glenda Rangel Rodrigues Stelling, Francisco de Assis Freitas e André

Roststein Schor pelos momentos de discussão e pelas sugestões.

Aos colegas da REPLAN : Antonio Dias; da Silva; Bentaci Correa Junior; João Carlos

Pattaro, Jorge Mercanti, e Silvio Eduardo Ribeiro pelas informações e sugestões.

À equipe da Gerencia de Águas, Efluentes e Resíduos da Área de Abastecimento

PETROBRAS: Beatrix Nery Villa Martingnoni; Fátima Ferreira de Almeida; Fernando César

Lopes de Oliveira; José Ribeirinho Telles; Tsutomo Iwane e Walney Farto Fernandes pela

ajuda, informações e oportunidade de crescimento.

Aos professores do Curso de Mestrado em Sistema de Gestão da Universidade Federal

Fluminense pela transmissão de conhecimentos.

Aos meus colegas de trabalho pela colaboração no levantamento de informações.

À Universidade Corporativa pelo apoio e infra-estrutura.

À PETROBRÁS S.A. pela oportunidade.

Aos meus amigos e amigas por tornarem a vida mais alegre e agradável.

RESUMO

A água é essencial para industria do petróleo, porém a obtenção dos recursos hídricos

necessários para atender as necessidades atuais e futuras de uma refinaria de petróleo está

cada vez mais difícil. A dificuldade aumenta se a refinaria está localizada em Paulínia, São

Paulo, onde a escassez de água é uma realidade. A partir do histórico da Refinaria, do

levantamento da disponibilidade hídrica e da legislação aplicável, o estudo procura identificar

as alternativas ambientalmente viáveis que garantam o abastecimento de água necessário ao

atendedimento das demandas atual e futura da Refinaria de Paulínia – REPLAN, sendo

avaliadas as seguintes possibilidades: uso racional dos recursos hídricos; reúso dos efluentes;

uso de esgoto municipal; captação de água superficial; captação de água subterrânea e

utilização de água de chuva. O trabalho procura ressaltar a importância da participação do

usuário no comitê de bacia e como a utilização da faixa de servidão dos dutos pode ampliar as

alternativas de suprimento de água.

Palavras-chaves: Suprimento de água, Recursos hídricos, Reúso de água em refinaria de

petróleo.

ABSTRACT

Water is an essential part of petroleum industry, but the current and future need of water

supply to attend an oil refinery is becoming a bigger challenge. The difficulties get bigger if

the refinery is located in São Paulo Region where the water shortage is a reality. Based on the

refinery historic data, the available water survey and the water regulation, this study aims

identify the alternatives environmentally consistent to ensure the water supply to grant the

current and the future need of the Paulínia Refinery. The following possibilities were

evaluated: rational water use; water reuse, municipal wastewater reuse, surface and

groundwater allocation and rainwater use. The study aims to emphasize the importance of the

user participation on the Basin River Committee and how the pipeline right-of-way of

PETROBRAS can enlarge the water supply alternatives.

Keywords: Water supply, Water resource, Water reuse in petroleum refinery.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxo de água 21

Figura 2 Gestão de água no Estado de São Paulo 49

Figura 3 Divisão Hidrográfica Nacional 61

Figura 4 Distribuição da água superficial 63

Figura 5 Mapa hidrográfico de São Paulo 67

Figura 6 Bacia do Rio Tietê – Paraná 69

Figura 7 Demanda hídrica, por atividade, na bacia do rio Paraná 70

Figura 8 Localização das 22 UGRHI 73

Figura 9 Classificação das UGRHIs 74

Figura 10 Divisão Municipal da UGRHI 5 75

Figura 11 Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 77

Figura 12 Sub-bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 77

Figura 13 Projeção populacional nas bacias hidrográfica do PCJ 84

Figura 14 Afloramento do Aqüífero Guarani no Estado de São Paulo 90

Figura 15 Distribuição do Aqüífero Guarani na América do Sul 91

Figura 16 Distribuição da área do Aqüífero Guarani no Brasil 91

Figura 17 Distribuição dos poços do Aqüífero Guarani 92

Figura 18 Participação dos estados no volume explorado do Aqüífero Guarani 92

Figura 19 Seção geológica esquemática do Estado de São Paulo 94

Figura 20 Mapa geológico do Estado de São Paulo 94

Figura 21 Outorgas expedidas pelo DAEE 96

Figura 22 Outorgas expedidas pelo DAEE 96

Figura 23 Aqüíferos da UGRH 5 98

Figura 24 Perfil de saneamento básico dos municípios brasileiros. 99

Figura 25 Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes,

por forma de Esgotamento Sanitário - 2003 100

Figura 26 Porcentagem de tratamento de esgoto doméstico no Estado de São

Paulo 101

Figura 27 Porcentagem de tratamento doméstico por UGRGI 102

Figura 28 Mapa do clima na Brasil 105

Figura 29 Uso da água por região e setor 109

Figura 30 Uso consuntivo por setor usuário 109

Figura 31 Evolução do consumo de água 110

Figura 32 Distribuição do consumo de água. 114

Figura 33 Distribuição do consumo de água na PETROBRAS 115

Figura 34 Princípio da osmose inversa 117

Figura 35 Esquema da osmose inversa 118

Figura 36 Esquema típico de tratamento de água de refinaria de petróleo 118

Figura 37 Esquema de tratamento de água mais detalhado. 119

Figura 38 Investimento por área de negócio 123

Figura 39 % de produção de derivados da Replan em relação a São Paulo e ao

Brasil 127

Figura 40 Esquema de refino 128

Figura 41 Mapa do GASBOL 131

Figura 42 Arranjo dos vasos de troca iônica 136

Figura 43 Representação esquemática do Sistema de Tratamento de Água - ETA

da REPLAN 138

Figura 44 Esquema simplificado da Estação de Tratamento de Efluentes

Industriais - ETDI 144

Figura 45 Esquema simplificado do tratamento biológico 146

Figura 46 Esquema simplificado da ETE 147

Figura 47 Redução do lançamento de efluentes 152

Figura 48 Esquema de dessalgação de petróleo 156

Figura 49 Esquema simplificado de tratamento do efluente final por osmose

inversa 158

Figura 50 Esquema da tecnologia de bioreator a membrana 159

Figura 51 Bioreator 159

Figura 52 Esquema simplificado de osmose inversa 159

Figura 53 Processo Actiflo 160

Figura 54 Desenho esquemático do filtro. 160

Figura 55 Distribuição do uso de MF e UF na Europa 161

Figura 56 Distribuição do uso de MF e UF nos EUA 162

Figura 57 Capacidade instalada de dessalinização (1999) 162

Figura 58 Esquema de torre de resfriamento 163

Figura 59 Balanço de água em torre de resfriamento 164

Figura 60 Estações de tratamento de efluentes de Campinas 171

Figura 61 Traçado da adutora 174

Figura 62 Obtenção de outorga no Estado de São Paulo 175

LISTA DE TABELA

Tabela 1 Distribuição do suprimento de água renovável por continente 21

Tabela 2 Água renovável e disponibilidade por região. 22

Tabela 3 Extrações anuais estimadas de água, per capita, países

selecionados, 2000 22

Tabela 4 Conteúdo de água (%) 26

Tabela 5 Resumo da evolução da legislação federal 32

Tabela 6 Resumo da evolução institucional 32

Tabela 7 Classes das águas superficiais, segundo seus usos preponderantes 46

Tabela 8 Água no mundo 56

Tabela 9 Deflúvio Médio e Consumo de Recursos Hídricos no Mundo em

1998 56

Tabela 10 Casos selecionados de retirada excessiva de água 58

Tabela 11 Divisão Hidrográfica Nacional 61

Tabela 12 Disponibilidade Hídrica Brasileira 62

Tabela 13 Disponibilidade de Água Subterrânea 65

Tabela 14 Reservas dos principais aqüíferos da província hidrológica da bacia

do rio Paraná (m3) 65

Tabela 15 Critério de classificação da disponibilidade hídrica 68

Tabela 16 Comparação da disponibilidade hídrica 68

Tabela 17 Disponibilidade Hídrica da Bacia do rio Paraná 70

Tabela 18 Demanda por atividade na bacia do rio Paraná 70

Tabela 19 Aspectos prioritários da região da bacia do rio Paraná 71

Tabela 20 Municípios por sub-bacia da bacia do PJC 74

Tabela 21 Rede de Monitoramento da qualidade das águas de São Paulo 78

Tabela 22 Limites superiores e inferiores – metais pesados e fenóis 79

Tabela 23 Classificação da qualidade da água 80

Tabela 24 Médias mensal e anual do IAP – 2004 – Bacia do PCJ 81

Tabela 25 Médias mensal e anual do IQA - 2004 – Bacias do PCJ 81

Tabela 26 Médias mensal e anual do IVA – 2004 – Bacia PCJ 82

Tabela 27 Médias mensal e anual do IET – 2004 – Bacia do PCJ 82

Tabela 28 Avaliação da qualidade dos sedimentos – 2004 – Bacia PCJ 83

Tabela 29 Projeção populacional nas bacias hidrográfica do PCJ 84

Tabela 30 Área de drenagem da bacia do PCJ 84

Tabela 31 Área de drenagem da sub-bacia do rio Piracicaba 85

Tabela 32 Fluvigrama da sub-bacia do rio Jaguari 85

Tabela 33 Vazões Q7,10 e Qm da bacia do PCJ 86

Tabela 34 Distribuição da captação da bacia do PCJ por usuário 86

Tabela 35 Balanço da disponibilidade hídrica na bacia do PCJ 87

Tabela 36 Vazão cadastrada das 17 maiores indústrias (mil m3/h) 87

Tabela 37 Projeção da demanda de água para abastecimento público 88

Tabela 38 Tipo de captação das UGRHIs 95

Tabela 39 Distribuição da disponibilidade de água subterrânea 98

Tabela 40 Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário,

segundo as Grandes Regiões – ano base 2000 100

Tabela 41 Indicadores de saneamento básico 100

Tabela 42 Carga orgânica doméstica remanescente na Região Hidrográfica do

Paraná 101

Tabela 43 Linhas de crédito para saneamento básico 102

Tabela 44 Estimativa da geração de esgoto 104

Tabela 45 Legenda de clima 106

Tabela 46 Relação entre precipitação e evapotranspiração potencial 106

Tabela 47 Índice Médio de Seca 107

Tabela 48 Condições médias meteorológicas 01/01/95 – 01/01/04. 107

Tabela 49 Precipitação média anual das capitais dos Estados brasileiros 108

Tabela 50 Precipitação pluviométrica REPLAN 108

Tabela 51 Evolução do consumo de água em âmbito mundial (km3/ano) 109

Tabela 52 Propriedades da água 111

Tabela 53 Potenciais contaminantes presentes na água em função de sua

origem 115

Tabela 54 Consumo de água em refinaria de petróleo 119

Tabela 55 Previsão de Investimento 122

Tabela 56 Evolução da Refinaria 124

Tabela 57 Capacidade de refino, por refinaria, no País 126

Tabela 58 Produção de derivados REPLAN X São Paulo X Brasil (m3) 126

Tabela 59 Capacidade licenciada 129

Tabela 60 Previsão de empreendimentos 130

Tabela 61 Dutos de grande extensão 132

Tabela 62 Capacidade de produção de vapor da Refinaria 138

Tabela 63 Consumo de água em 2004 (m3/h) 139

Tabela 64 Aumento na vazão de água de resfriamento e água desminieralizada 140

Tabela 65 Efluente industrial lançado no rio Atibaia em 2004 144

Tabela 66 Geração de águas ácidas 148

Tabela 67 Capacidade de tratamento de águas ácidas 149

Tabela 68 Índice de consumo de Água da REPLAN - 2004 153

Tabela 69 Capacidade instalada de UF e MF nos Estados Unidos (2002) 161

Tabela 70 Teores máximos permitidos na água circulante 165

Tabela 71 Redução da reposição em função do ciclo de concentração 166

Tabela 72 Balanço da disponibilidade hídrica na bacia do PCJ 169

Tabela 73 Situação das ETE de Campinas 170

Tabela 74 Disponibilidade de água subterrânea na região de Campinas –SP 173

Tabela 75 Reflexos do custo da água no custo do feijão irrigado 177

Tabela 76 Reflexos do custo da água no custo de produção de tomate

industrial 177

LISTA DE SIGLAS

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária

ANA Agência Nacional de Águas

ANP Agência Nacional de Petróleo

API American Petroleum Institute

atm Atmosfera

AWT Association of Water Technologies

BAE Bacia de Aeração

BAC Bacia de Água Contaminada

BAO Bacia de Água Oleosa

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

BPD Barril por dia

BTU British Thermal Unit

CAC Canal de Águas Contaminadas

CATHALAC Centro de Água do Trópico Úmido para a América Latina e o Caribe

CBHs Comitês de Bacias Hidrográficas

CCD Convenção de Combate à Desertificação

CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello

(Petrobras)

CETESB Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

CIC Comitê Intergovernamental da Bacia do Prata

CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CORHI Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos

CPDS Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21

Brasileira

CPFL Companhia Paulista de Força e Luz

CRH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CT-HIDRO Fundo Setorial de Recursos Hídricos

DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

D.O. Diário Oficial

D.O.U. Diário Oficial da União

EPA Environmental Protection Agency

ETA Estação de Tratamento de Água

ETDI Estação de Tratamento de Despejos Industriais

ETE Estação de Tratamento de Esgotos Doméstico

ETP Evapotranspiração Potencial

EVTE Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica

FAO Food and Agriculture Organization

FEHIDRO Fundo Estadual de Recursos Hídricos

FUNAI Fundação Nacional do Índio

GASBOL Gasoduto Brasil-Bolívia

GTAS Grupo Técnico de Águas Subterrâneas

GLP Gás Liqüefeito de Petróleo

GV Caldeira (Gerador de Vapor)

HCC Hidrocraqueamento Térmico

HDS Hidrodessulfurização

HDT Hidrotratamento

IAP Qualidade de Águas Brutas para Fins de Abastecimento Público

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviço

IMS Índice Médio de Seca

IPMCA Índice de Variáveis Mínimas para a Preservação da Vida Aquática

IQA Índice de Qualidade das Águas

ISMA Índice de Seca Meteorológica Acumulativa ou Estiagem Acumulativa

ISTO Índice de Substâncias Tóxicas e Organolépticas

IVA Qualidade de Águas para Proteção da Vida Aquática e de Comunidades

Aquáticas

km Quilômetro

LUBNOR Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste

MF Microfiltração

MMA Ministério do Meio Ambiente

MTBE Metil Terc Butil Éter

OMS Organização Mundial de Saúde

OSBRA Oleoduto São Paulo-Brasília

PAG Projeto Aqüífero Guarani

PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos

PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

PNUD Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento

RECAP Refinaria de Capuava

REDUC Refinaria Duque de Caxias

RI Rede de Incêndio

RIRH Rede Interamericana de Recursos Hídricos

REFAP Refinaria Alberto Pasqualini

REGAP Refinaria Gabriel Passos

REMAN Refinaria de Manaus

REPAR Refinaria Presidente Getúlio Vargas

REPLAN Refinaria de Paulínea

REVAP Refinaria do Vale do Paraíba

RLAM Refinaria Landulpho Alves

RPBC Refinaria Presidente Bernardes/Cubatão

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SANASA Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A

SDI Silt Density Index

SEGRH Sistema Estadual de Recursos Hídricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SRH Secretaria de Recursos Hídricos

SIGRH Sistema Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos

SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

TAC Termo de Ajustamento de Conduta

TRANSPETRO Petrobras Transporte S.A.

UCR Unidade de Coqueamento Retardado

UDL Unidade de Desidratação de Lodo

UF Ultrafiltração

UGH Unidade de Geração de Hidrogênio

UGRHI Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

USEPA U. S. Environmental Protection Agency

WWI Worldwatch Institute

SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO 20

1.1 PANORAMA GERAL 20

1.2 O PROBLEMA 26

1.3 OBJETIVO DO TRABALHO 27

1.3.1 Objetivo principal 27

1.3.2 Objetivos Complementares 27

1.4 METODOLOGIA 27

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 28

2 RECURSOS HÍDRICOS 30

2.1 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS 30

2.1.1 Histórico 30

2.1.2 Política nacional de recursos hídricos 33

2.1.3 Sistema nacional de recursos hídricos 35

2.1.4 Comitê de Bacia 37

2.1.5 Agência de água 39

2.1.6 ANA 40

2.1.7 Secretaria de recursos hídricos 42

2.1.8 Agenda 21 43

2.1.9 CONAMA 45

2.1.10 Legislação no Estado de São Paulo 47

2.1.10.1 Água Superficial 47

2.1.10.2 Legislação sobre águas subterrâneas 54

2.2 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA 56

2.2.1 Água no Mundo 56

2.2.2 Água no Brasil 60

2.2.2.1 Superficial 60

2.2.2.2 Subterrânea 63

2.2.3 Situação do Estado de São Paulo 65

2.2.3.1 Introdução 65

2.2.3.2 Bacia Hidrográfica do Paraná 68

2.2.3.3 Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí 73

2.2.3.3.1 Descrição da bacia 73

2.2.3.3.2 Qualidade das águas da bacia 78

2.2.3.3.3 Disponibilidade 83

2.2.3.4 Água subterrânea 88

2.2.3.5 Esgoto municipal 99

2.2.3.6 Água de chuva 2.3 PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES 105

2.3 PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES 108

2.3.1 Informações gerais sobre a água 110

2.3.2 Principais usos da água na indústria 111

2.3.3 Requisitos de qualidade da água 113

2.3.4 Principais usos da água em refinaria de petróleo 114

3 A REFINARIA 121

3.1 INTRODUÇÃO 121

3.2 HISTÓRICO 123

3.3 INFORMAÇÕES GERAIS 124

3.4 IMPORTÂNCIA DA REPLAN 125

3.5 PARQUE DE REFINO 129

3.5.1 Atual 129

3.5.2 Parque futuro 130

3.6 MALHA DE DUTOS 130

3.7 FONTE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA 132

3.8 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA 133

3.8.1 Captação e adução 133

3.8.2 Clarificação 134

3.8.3 Filtração 134

3.8.4 Ultrafiltração 135

3.8.5 Desmineralização 135

3.8.5.1 Troca iônica 135

3.8.5.2 Osmose reversa 136

3.8.6 Torre de resfriamento 136

3.8.7 Sistema de produção de vapor 136

19

3.9 CONSUMO DE ÁGUA 139

3.9.1 Consumo atual 139

3.9.2 Consumo futuro 139

3.10 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS

– ETDI 142

3.10.1 Descrição da ETDI 144

3.10.2 Unidade de tratamento de esgoto doméstico 146

3.10.3 Tratamento de águas ácidas 147

4 ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS PARA SUPRIMENTO DE

ÁGUA DA REFINARIA 150

4.1 USO RACIONAL DE ÁGUA 150

4.2 ÁGUA DE CHUVA 153

4.3 REÚSO 154

4.3.1 Tipos de reúso 155

4.3.2 Tecnologias de reúso de efluente de refinaria 155

4.3.3 Reúso em torre de resfriamento. 162

4.3.3.1 Principio de troca de calor em torres de resfriamento 163

4.3.3.2 Balanço de água em torre de resfriamento 164

4.4 REÚSO DE ESGOTO MUNICIPAL COMO FONTE DE ÁGUA 167

4.5 FONTE EXTERNA 172

4.5.1 Manancial superficial 172

4.5.2 Água subterrânea 173

4.6 ASSOCIAÇÃO COM OUTROS USUÁRIOS 176

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES 179

5.1 CONCLUSÕES 179

5.2 SUGESTÕES 180

REFERÊNCIAS 182

20

1 CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1 PANORAMA GERAL

A água é a substância mais abundante na terra, cobrindo 77% de sua superfície, com a

seguinte distribuição: 361,3 milhões de km2 em oceanos e mares; 17,5 milhões de km2 em rios

e pântanos; 16,3 milhões de km2 nas calotas polares e geleiras e 2,1 milhões de km2 de lagos

(REBOUÇAS, 2002, p. 4).

Segundo Shiklomanov (1999), estimativas modernas indicam a existência de 1386

milhões de quilômetros cúbicos de água na Terra. Entretanto, 97,5% deste total são água

salina e somente 2,5% água doce. A maior parte da água doce (68,7%) está na forma de

geleiras permanentes nos territórios Ártico e Antártico e em regiões montanhosas de nosso

planeta. As reservas subterrâneas correspondem a 29,9% do total. Somente 0,26% do total de

água doce compõem os lagos, reservatórios e rios.

As águas estão em constante movimento formando o chamado ciclo hidrológico, onde

parte é evaporada pela ação do sol e pela transpiração dos organismos vivos. No ciclo

hidrológico, água contida na atmosfera precipita na terra na forma de chuva, neve, etc e parte

escorre superficialmente até os rios, lagos e oceanos; uma fração infiltra e outra parte retorna

a atmosfera por evaporação pela ação direta do sol ou pela transpiração das plantas. Os rios

fazem a drenagem direta de água doce para o mar enquanto os aqüíferos representam o

sistema de armazenamento de água doce na terra (SÃO PAULO, 2004a, p.8). A água a que se

encontra no subsolo da superfície terrestre é chamada de subterrânea.

Devido à grande quantidade e à sua renovação constante, o homem ficou com a

sensação que a água é um recurso natural inesgotável. Esta visão está rapidamente mudando

e, hoje em dia, a falta de água é uma realidade em muitos lugares do mundo, com tendência a

se agravar se nada de concreto for feito.

21

Figura 1: Fluxo de água Fonte: Skiklomanov em IPH/UNESCO, 1998, adaptado de Rebouças e outros em Águas Doces no Brasil.

O problema de escassez de água decorre de sua má distribuição na Terra, sendo o

problema agravado pelo homem através do desperdício, da poluição e da degradação de

mananciais e reservatórios naturais (BERBERT, p.81. apud MARTINS; VALENCIO, 2003).

A Tabela 1 abaixo, mostra a desigualdade da distribuição da água nas regiões do

mundo. Tabela 1: Distribuição do suprimento de água renovável por continente Região Média anual:

Drenagem (km3)

Porcentagem da drenagem global (%)

Porcentagem da população global (%)

África 4.225 11 11 Ásia 9.865 26 58 Europa 2.129 5 10 América do Norte 5.960 15 8 América do Sul 10.380 27 6 Oceania 1.965 5 1 União Soviética 4.350 11 6 Mundo 38.874 100 100

Fonte:Tundisi, 2003. p. 8 apud L`Vovich.

O volume de água renovável e a disponibilidade per capita nas diversas regiões do

mundo, caracterizando a desigualdade já assinalada, são apresentados na Tabela 2:

22

Tabela 2: Água renovável e disponibilidade por região. Potencial de água

disponível Região Área

106 km 2 População

106 Disponibilidade de água,

km 3 /ano 1000m 3 /ano

Média Máx. Min. por Km2 per capita Europa 10.46 685 2900 3410 2254 277 4.23 América do Norte 24.3 453 7890 8917 6895 324 17.4 África 30.1 708 4050 5082 3073 134 5.72 Ásia 43.5 3445 13510 15008 11800 311 3.92 América do sul 17.9 315 12030 14350 10320 672 38.2 Austrália e Oceania

8.95 28.7 2404 2880 1891 269 83.7

Mundo 135 5633 42785 44751 39775 317 7.60 Fonte: Shiklomanov, 1999 (tabela 2).

A Tabela 3 mostra que a desigualdade não está só na disponibilidade de água mas

também na sua utilização. Tabela 3: Extrações anuais estimadas de água, per capita, países selecionados, 2000 PAÍS Extrações de Água Per Capita

(metros cúbicos/ pessoa ano) Etiópia 42 Nigéria 70 Brasil 348 África do Sul 354 Indonésia 390 China 491 Federação Russa 527 Alemanha 574 Bangladesh 578 Índia 640 França 675 Peru 884 México 791 Espanha 893 Egito 1.011 Austrália 1.250 Estados Unidos 1.932

Fonte: WWI, 2004, p. 60.

Com objetivo de aumentar a consciência sobre os problemas decorrentes da escassez

da água, as Nações Unidas celebraram em 2003 “O Ano Internacional da Água Doce”. No

lançamento da campanha em Nova York, em 12 de dezembro de 2002, o Secretário Geral da

Organização das Nações Unidas - ONU, Kofi Annan, disse que mais de um bilhão de pessoas

no mundo carecem de água potável. Segundo previsões da própria ONU, se forem mantidos

os atuais padrões de crescimento, a previsão é de que a população global chegue a 8 bilhões

em 2025, aumentando drasticamente a demanda e agravando os conflitos ocasionados pela

falta de água" (PLANETA ORGÂNICO, 2003).

23

Das espécies existentes na Terra, o ser humano é quem mais utiliza a água doce

disponível, chegando nos dias atuais à cerca de 54% do total acessível. Seguindo a tendência

atual, nos próximos 25 anos a humanidade absorverá 90% da água doce disponível, restando

somente 10% para os demais habitantes do nosso planeta (PLANETA ORGÂNICO, 2003).

Os rios Amarelo (China), Colorado (Estados Unidos), Nilo (Egito), Volga (Rússia),

Ganges (Índia) e Jordão (Oriente Médio) encontram-se em situação crítica, segundo a

Comissão Mundial sobre a Água no Século 21. (BERBERT, 2003. p.81. apud MARTINS;

VALENCIO, 2003).

O Brasil é o quinto maior pais do mundo, possuindo uma área superficial de

aproximadamente 8.532.700 km2, o que o torna o maior pais da América do Sul, ocupando

quase a metade do continente. Com quase a totalidade de suas terras localizada entre os

trópicos de Câncer e Capricórnio, noventa e dois por cento da área tem a predominância de

clima quente, com temperaturas médias anuais acima de 20 OC (BANCO MUNDIAL, 2004,

p. 6).

Segundo a mesma fonte (BANCO MUNDIAL, 2004, p. 6-8), em função do clima,

mais de 90% do território brasileiro tem uma precipitação pluviométrica entre 1.000 e 3.000

mm/ano, propiciando excedente hídrico que alimenta uma das mais extensas redes de rios

perenes do mundo. O País possui uma vasta e densa rede hidrográfica, com uma produção

hídrica estimada em 182.170 m3/s que, aliado ao relevo predominantemente plano, propicia

um alto potencial hidroelétrico.

Devido ao índice pluviométrico que facilita o plantio, a extração hídrica brasileira é

relativamente baixa, conforme mostrado na Tabela 3. Entretanto, com o aumento da

agricultura irrigada, a extração de água tende a aumentar.

O Brasil e outros cinco países, Rússia, Canadá, Indonésia, China e Colômbia, juntos

representam 50% do suprimento renovável de toda água doce, considerando apenas o

escoamento dos rios e águas subterrâneas, sem considerar a evaporação e a transpiração

vegetal (WWI, 2004, p 59).

Uma análise do balanço hídrico no território nacional mostra a grande variação

hidrológica existente no nosso país, com escoamento superficial variando desde 48,2 L/s.km2

no Atlântico Norte e 34,2 L/s.km2 na bacia Amazônica até 2,8 L/s.km2 na região semi-árida

do Atlântico Leste 1 e 4,5 L/s.km2 na bacia do rio São Francisco (BRASIL, 2002, p.19)

A maior parte do potencial hídrico superficial brasileiro, cerca de 89%, está

concentrada nas regiões Norte e Centro-Oeste onde vivem 14,5% da população. Os outros

11% do potencial hídrico superficial são distribuído pelas demais regiões onde habitam

24

85,5% da população e representam 90,8 % da demanda de água do Brasil (GEO BRASIL,

2002, p. 79).

Outro aspecto relevante é que a população brasileira vem, cada vez mais, se

concentrando em centros urbanos. Em 1940, cerca de 32% dos 40 milhões de brasileiros

viviam em núcleos urbanos e a maior parte da população vivia no meio rural. Neste início de

século, mais de 80% da população vivem nas cidades. E como o crescimento das cidades não

se deu de forma planejada e os serviços de coleta e tratamento de esgoto são insuficientes,

mesmo nas grandes capitais, atingindo apenas 15% de cobertura, comprometendo a qualidade

dos mananciais. O problema é agravado quando é considerado não só a coleta, mas também o

tratamento de esgoto, cuja cobertura atinge apenas 8% (GEO BRASIL, 2002, p. 79/80).

Segundo REBOUÇAS:

Efetivamente o que mais falta no Brasil não é água, mas determinado padrão cultural que agregue ética e melhore a eficiência de desempenho político dos governos, da sociedade organizada lato sensu, das ações públicas e privadas, promotoras do desenvolvimento econômico em geral da sua água doce, em particular (REBOUÇAS, 2002 apud REBOUÇAS; BENEDITO e TUNDISI, 2002, p. 32).

O que a sociedade necessita é o desenvolvimento econômico com uso eficiente de

água doce, eliminando desperdício. O conceito de Desenvolvimento Sustentável proposto pela

Senhora Gro Harlem Brundtland, Presidente da Comissão sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, é: “atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade

de as gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades” (PETRÓLEO..., 2005).

Segundo o relatório Estado do Mundo 2004 (GEO BRASIL, 2004, p. 56), “uma sociedade

sustentável e segura é uma que atenda suas necessidades hídricas sem destruir os ecossistemas

dos quais depende ou as perspectivas das gerações futuras.”.

Em termos do recurso água, pelo menos na região onde está instalada a Refinaria de

Paulina – REPLAN, refinaria objeto deste trabalho, o conceito de desenvolvimento

sustentável não está sendo bem aplicado. Segundo Geo Brasil (2002, p.82), “No Sudeste,

evidenciam-se os conflitos em torno da utilização da água dos rios Paraíba do Sul, Piracicaba

e Capivari, entre outros”. As necessidades futuras de água para atendimento ao crescimento

da população e das atividades econômicas de forma ambientalmente sustentável, dentro das

bases atuais, já estão comprometidas.

Como qualquer indústria, a REPLAN, uma das refinarias da PETROBRAS S.A., tem

pretensões legítimas de ampliar seu parque produtivo, visando não só aumentar a oferta de

produtos, mas também, aumentar a qualidade dos derivados hoje ofertados aos consumidores.

25

Entretanto, como a industria de refinação de petróleo é demandadora intensiva do insumo

água no seu processo produtivo e em decorrência da crise de água, que na região onde a

Refinaria está instalada é uma realidade, a obtenção de água para atender as ampliações é um

desafio. A atual fonte de abastecimento da REPLAN, rio Jaguari, já está no seu limite, não

sendo mais possível obter aumento de outorga de água para suprir as novas demandas. Pelo

contrário, a Refinaria, na renovação, teve sua outorga reduzida. O volume de captação

máximo permitido que era de 3.600 m3/h, foi reduzido para 1.870 m3/h.

Outro aspecto a considerar é que os fundamentos da lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997,

que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, não priorizam o uso industrial da água,

como fica claro no Art. 1º, parágrafo II: “em situações de escassez, o uso prioritário dos

recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais”. Assim, a Refinaria

poderá futuramente enfrentar dificuldades para manutenção da sua disponibilidade hídrica.

Existem regiões onde um ou mais dos seguintes fatores: escassez; má distribuição ou

consumo excessivo de água é fator limitante do desenvolvimento. No caso da região em

estudo, o problema é decorrente da alta demanda em função da população, das atividades

agrícola e industrial e de conflitos de uso, como é o caso transposição de água do sistema

fluvial da região, bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, para abastecimento da Região

Metropolitana de São Paulo (RMSP) através do sistema Cantareira. O local tem um índice

pluviométrico típico de região tropical e possui uma rede hidrográfica importante. Não se

trata da escassez propriamente dita. Atualmente, cerca de 30 m3/s são transferidos da bacia do

Piracicaba para abastecimento da RMSP, causando déficit de água em cidades importantes

como Campinas e Piracicaba, entre outras existentes ao longo do rio Piracicaba (BRASIL,

2003b, p. 266).

Cabe ressaltar que a importância da água não é só devido a sua utilização no processo

produtivo. Á água é essencial à vida e todos os organismos vivos do nosso planeta dependem

de sua existência para sobrevivência. Sem água não haveria vida na Terra. No nosso

organismo, ela serve para transportar fluidos, hidrolisar proteínas e carboidratos e manter a

temperatura do corpo. Cerca de setenta por cento do nosso corpo é composto por água. A sua

grande participação na composição dos seres, como mostrado na tabela abaixo, da uma boa

idéia da sua importância para os seres vivos:

26

Tabela 4: Conteúdo de água (%) Conteúdo de água % Invertebrados marinhos 97 Feto humano com 1 mês 93 Humano adulto 70 Fluídos corporais 95 Tecidos nervosos 84 Músculos 77 Pele 71 Tecidos conectivos 60 Vegetais 89 Leite 88 Peixe 82 Frutas 80 Carne bovina 76

Fonte: KLEIN, [2001?].

1.2 O PROBLEMA

Atualmente a Refinaria de Paulínia – REPLAN, que é a maior refinaria de petróleo

do Brasil, sendo portanto estratégica não só para PETROBRAS mas também para o

abastecimento de derivados do país, necessita ampliar seu parque industrial para adequar o

perfil de refino e melhorar a qualidade dos seus produtos de modo a atender a demanda da

sociedade. Cabe ressaltar que, a melhoria da qualidade dos produtos é, muitas vezes, para

atender demandas ambientais da sociedade e que as questões ambientais, refletidas nos

processos de licenciamento ou de outorga de água, dificultam a viabilização do

empreendimento.

O problema objeto deste trabalho é: como atender as necessidades hídricas atual e

futuras da REPLAN, sabendo que o manancial que abastece a Refinaria já apresenta

dificuldades para garantir as necessidades atuais, estando previsto o aumento de demanda de

água para atender as futuras instalações da Refinaria.

O desafio é como compatibilizar as necessidades hídricas atuais e futuras da REPLAN

com a atual disponibilidade de água da região.

27

1.3 OBJETIVO DO TRABALHO

1.3.1 Objetivo principal

O objetivo do presente trabalho é identificar, dentro deste cenário de escassez e

conflito de uso dos recursos hídricos da região de Paulina, as alternativas para o

abastecimento da REPLAN, em bases sustentáveis, que garantam o suprimento de água

necessário para atender as ampliações de carga e a implantação das novas unidades previstas

no Planejamento Estratégico da PETROBRAS.

Estão em andamento, na Refinaria, diversas ações com vistas a compatibilizar a oferta

e a demanda de água atual e futura. O presente trabalho focará alternativas de abastecimento

de água, com objetivo de ampliar as opções para solução do problema.

1.3.2 Objetivos complementares

O presente trabalho apresenta como objetivos complementares os seguintes tópicos:

a) discutir a alternativa de reúso, interno e externo, como forma de atender às

necessidades suplementares de água da Refinaria;

b) verificar a importância da participação dos usuários de água das indústrias na

gestão dos recursos hídricos de sua região, e

c) verificar se a faixa de dutos pertencente à PETROBRAS pode contribuir para

a solução do problema de suprimento de água da REPLAN.

1.4 METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, relatórios e

banco de dados da PETROBRAS, relatórios de órgãos estaduais e federais, relatórios de

28

gestores de recursos hídricos, pesquisa na Internet, visitas à Refinaria, levantamento de

informações com técnicos da REPLAN e da Empresa, reuniões com autoridades locais e

estudiosos do problema de abastecimento de água da região e a experiência profissional do

autor que possui trinta anos de trabalho no seguimento “downstream” da indústria de petróleo,

dos quais vinte e sete atuando na área de tratamento de água, efluentes e resíduos de

refinarias.

Em função das questões pesquisadas, a dissertação pode ser classificada como

pesquisa aplicada pois analisa uma situação real e o trabalho tem por objetivo contribuir para

a solução do problema.

Quanto ao tipo, é uma pesquisa exploratória uma vez que não tem o objetivo de testar

ou elaborar teorias, mas proporcionar uma visão geral e abordar, de modo genérico, algumas

das possíveis soluções para o problema em questão.

Foi feita uma abordagem qualitativa do problema tendo em vista que a obtenção de

nova fonte de suprimento de água não se prende somente a questão da quantidade,

envolvendo outros fatores, alguns com certa subjetividade.

O critério para estabelecimento da sustentabilidade das soluções será a viabilidade

técnica e ambiental, entendendo-se como viabilidade ambiental que a solução apontada seja

passível de obtenção de outorga, uma vez que o Art. 225 da Constituição de 1988 impõem ao

Poder Público o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras

gerações.

O trabalho não pretende esgotar o assunto tratado, mas fazer uma análise inicial que

sirva de base para estudos posteriores mais detalhados.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

No Capítulo 1 são apresentadas: a contextualização do problema; o objetivo do

trabalho; a metodologia utilizada e os resultados esperados.

No Capítulo 2 são apresentados: os levantamentos das legislações federal e estadual

pertinentes; a organização institucional brasileira e paulista na área de gestão dos recursos

hídricos e uma visão panorâmica da disponibilidade de água doce no mundo, no Brasil e em

São Paulo, com destaque para bacia hidrográfica onde está instalada a REPLAN. São

29

apresentados também os principais usos da água na indústria em geral e em refinarias de

petróleo, em particular.

No Capítulo 3 é descrita a evolução das unidades operacionais da Refinaria,

apresentando o parque de refino atual e futuro bem como a malha de dutos existente. É

destacada a importância da REPLAN no cenário nacional e as necessidades de evolução do

seu parque de refino. São descritos, de forma sucinta, os sistemas de capitação e tratamento de

água, geração de vapor, resfriamento e tratamento de efluentes da Refinaria. É mostrada a

redução da geração de efluentes ao longo dos anos e levantados os consumos atual e futuro de

água da Refinaria.

No Capítulo 4 são discutidas as alternativas para abastecimento de água da Refinaria e

no Capítulo 5 são apresentadas às conclusões e sugestões para novos estudos.

Encerrando o trabalho são apresentadas as referências bibliografias consultadas.

30

2 RECURSOS HÍDRICOS

2.1 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS

2.1.1 Histórico

Apesar da abundância deste recurso natural, desde o início da formação do Brasil

houve preocupação com a ordenação jurídica do uso da água. Os rios navegáveis e seus

formadores pertenciam aos direitos reais e sua utilização dependia de autorização régia. O

Alvará de 1804 veio regulamentar o que na prática já acontecia, a livre derivação por

particulares dos rios e ribeiros. Baseado neste regulamento, o direito de uso poderia ser

adquirido pela pré-ocupação, o que ocasionou grandes abusos (POMPEU apud REBOUÇAS;

BRAGA; TUNDISI, 2002, p. 601).

Segundo MIRANDA (2004), a legislação ambiental da Coroa Portuguesa, entre os

séculos XVI e XVIII, preocupou-se com a preservação das águas e das florestas. Esta

legislação foi estendia ao Brasil, sofrendo adaptações após a divisão do nosso território em

capitanias, em 1532, sendo o principal marco o Regimento do Pau-Brasil, de 1605, que

protegia a floresta e, conseqüentemente, os recursos hídricos. Em 3 de agosto 1817, com a

família real residindo no país e o Brasil na condição de Reino Unido de Portugal, foi editada

uma medida de caráter protecionista proibindo o corte de árvores nas áreas circundantes às

nascentes do rio Carioca.

Segundo o mesmo autor entre 1817 e 1818, o Governo de D. João VI estabeleceu

severas disposições “proibindo o corte das matas que rodeavam as nascentes da Serra do

Carioca e no trajeto do aqueduto de Santa Teresa”.

O gerenciamento de recursos hídricos começou a tomar corpo no final do século XIX

devido à consolidação e aumento da demanda de energia elétrica. Com necessidade de

disciplinar o uso dos recursos hídricos, coube ao jurista Alfredo Valadão coordenar a equipe

de estudiosos que, em 1906, iniciou a elaboração do anteprojeto da Legislação do Código de

Águas. A primeira versão só ficou pronta em 1908 tendo sido aprovada em segunda votação,

mas, por diversas circunstâncias, ficou parada até 1934 (CEDRAZ, 2000, p. 110). “O Código

de Águas – Decreto no 24.643, de 10 de julho de 1934, ainda é considerado pela Doutrina

31

Jurídica como um dos textos modelares do Direito Positivo Brasileiro” (SILVA et al, 2003,

p.31). O único capítulo do Código de Águas que foi regulamentado, refere-se ao

aproveitamento hidrelétrico (MUÑOZ, 2000, p. 20).

As águas doces só começaram a serem tratadas nas Constituições Brasileiras a partir

da Constituição Republicana de 1934, que estabeleceu dominialidade da água nas esferas

Federal, Estadual e Municipal. À União pertenciam os lagos e quaisquer correntes em terrenos

de seu domínio, ou que banhassem mais de um Estado ou servissem de fronteira com outros

países ou estendessem a território estrangeiro. Aos Estados, as águas que não pertencessem à

União, bem como “[...] as margens dos rios e lagos navegáveis, destinado ao uso público, se

por algum título não fossem do domínio federal, municipal e particular.” (POMPEU, 2002, p.

610). Anteriormente, a Constituição do Império, de 1824, e a Constituição Republicana, de

1891, não disciplinaram o domínio hídrico.

A Constituição 1937 praticamente repetiu as disposições da de 1934. Já a Constituição

de 1946 introduziu grandes alterações, excluindo os rios municipais e atribuindo à União os

lagos e os rios em terrenos de seu domínio ou que cortassem mais de um Estado ou que

servisse de limite com outros países ou se estendesse a território estrangeiro. A Constituição

de 1967 manteve a dominialidade estabelecida na de 1946, atribuindo aos Estados os lagos e

rios cuja nascente e a foz estivessem em território estadual (POMPEU, 2002. p. 611).

A Constituição de 1988 no Art. 20, parágrafo III, inclui entre os bens da União: Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais. (BRASIL, 1988b)

Já o Art. 26, parágrafo I, da Constituição de 1988, atribui a dominialidade aos Estados

das “águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste

caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”.

A Constituição de 1988 estabeleceu no Art. 22., parágrafo IV, que compete

privativamente à União legislar sobre águas.

A Tabela 5 mostra um resumo evolução da legislação federal.

32

Tabela 5: Resumo da evolução da legislação federal Antes de Estocolmo 1972 1603 - Ordenações Filipinas

1828 - Lei de 1º/Outubro

1834 - Lei nº 16, de 12/Agosto

1891 - A Constituição da República

1904 - Decreto 5.407

1916, Código Civil 1930 - Revolução

1934 - Constituição

1934 - Código de Águas

1937 - Constituição

1964 - Lei nº 4.466

1967 - Lei nº 5.357

Instituíam dispositivos específicos sobre a gestão da água.

Disciplinou as atribuições das Câmaras Municipais, determinando competência legislativa sobre as águas.

Estabeleceu competência das Assembléias Legislativas provinciais para legislar sobre obras públicas, com reflexos sobre a política a ser adotada às águas.

Limitou-se a definir competência federal para legislar sobre águas no Direito Civil.

Regulamentou a utilização da força hidráulica para geração de energia elétrica.

Dedicou umas das seções à água. Esboçou-se uma nova política para a exploração das riquezas naturais.

Abordou pela primeira vez o tema água considerando os aspectos econômicos e de desenvolvimento.

Principal instrumento que trouxe uma profunda alteração dos dispositivos do Código Civil.

Atribuiu competência privativa à União para legislar sobre os bens de domínio federal, águas e energia hidráulica.

Determinou a arborização das margens das rodovias do nordeste, bem como a construção de aterros-barragem para represamento de águas.

Estabeleceu penalidades para embarcações e terminais marítimos ou fluviais que lançarem detritos ou óleo em águas brasileiras.

De Estocolmo 1972 até Eco 1992

1974 - Lei nº 6.050

1976 - Portaria GM-0013 do Ministério do Interior

1979 - Lei nº 6.662

1981 - Lei nº 6.938, de 31/Ago

1986 - Resolução n° 20 do CONAMA, de 18 /Jun

1988 - Constituição Federal

Dispunha sobre a fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir estação de tratamento.

Estabeleceu o primeiro sistema de classificação das águas interiores e determinou o enquadramento das águas federais.

Institui a Política Nacional de Irrigação.

Estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente.

Estabelece os padrões de qualidade de água dos corpos hídricos. Revoga a Portaria GM-0013, de 1976.

Traz uma profunda alteração em relação às Constituições anteriores, caracterizando a água como um recurso econômico.

De Eco 1992 a Joanesburgo 2002 (Rio+10) 1996 - Lei nº 9.427, de 26/Dez

1997 - Lei nº 9.433, de 8 de janeiro

2000 - Lei nº 9.984, de 17 de julho

Institui a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia . Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Cria a Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos.

Fonte:Ministério do Meio Ambiente, 2002. p. 11.

Em termos institucionais, a evolução é apresentada na Tabela 6: Tabela 6: Resumo da evolução institucional Antes de Estocolmo 1972 1920 -

1933 -

1933 -

1934 -

1940 -

1945 -

Criação da Comissão de Estudos de Forças Hidráulicas, no âmbito do Serviço Geológico e Mineralógico do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, que se constitui no núcleo do qual se originaram os futuros órgãos nacionais dedicados à hidrometria.

Criação da Diretoria Geral de Pesquisas Científicas, absorvendo o Serviço Geológico e Mineralógico sob o nome de Instituto Geológico e Mineralógico do Brasil.

Criação da Diretoria de Águas no Ministério da Agricultura, logo transformada em Serviço de Águas.

Transferência da atividade de hidrologia para a Diretoria Geral da Produção Mineral que se transformou no Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM.

Transformação do Serviço de Águas em Divisão de Águas, quando da reestruturação do DNPM.

Criação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) e criação do Departamento Nacional de Obras Contra Secas (DNOCS).

Criação da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF).

33

1948 -

1952 -

1953 -

1953 -

1957 -

1960 -

1962 -

1965 -

1968 -

1969 -

Criação das Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG).

Criação das Usinas Hidroelétricas do Paranapanema S.A. - USELPA.

Criação do Fundo Federal de Eletrificação.

Criação das Centrais Elétricas S.A. de Furnas.

Criação das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás).

Criação do Ministério das Minas e Energia - MME, que incorporou na sua estrutura todos os órgãos do DNPM, inclusive a Divisão de Águas.

Transformação da Divisão de Águas no Departamento Nacional de Águas e Energia - DNAE, com oito Distritos vinculados, descentralizando as atividades de hidrologia, incluindo os serviços de hidrometria.

Alteração da denominação do órgão DNAE para Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE.

Criação das Companhias Estaduais de Saneamento.

De Estocolmo 1972 até Eco 1992

1973 - 1985 -

Criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente - SEMA no âmbito do Ministério do Interior e início da criação de órgãos estaduais de meio ambiente.

Criação do Ministério Extraordinário da Irrigação com o Programa Nacional de Irrigação - PRONI e do Programa de Irrigação do Nordeste - PROINE.

De Eco 1992 a Joanesburgo 2002 (Rio+10) 1995 -

2000 -

Criação da Secretaria de Recursos Hídricos.

Criação da Agência Nacional de Águas. Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2002, p. 15.

Na verdade, o Ministério do Meio Ambiente – MME foi criado em 1960 pela Lei nO

3.782 (portal do DNPM) e não em 1962 como consta na Tabela 5 extraída da publicação do

Ministério do Meio Ambiente “Avaliação das Águas do Brasil”.

2.1.2 Política nacional de recursos hídricos

A Lei nO 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos

Hídricos e criou o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, é uma Lei considerada

avançada porque introduziu mecanismos de democracia participativa na gestão dos recursos

hídricos. A Lei é produto de quase quatorze anos de discussões. O primeiro relator do projeto

de Lei na Câmara dos Deputados foi o deputado Fábio Feldmann e seu sucessor, o deputado

Aroldo Dedraz (MUÑOZ, 2000, p. 12/13).

A Lei 9.433/97 tem como fundamentos:

• a água é um bem de domínio público;

• a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

• em situações de escassez, o seu uso prioritário é o consumo humano e a

dessedentação de animais;

• a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

34

• a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, e

• a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do

Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Até a promulgação da Lei 9.433/97, a gestão dos recursos hídricos no Brasil era

realizada de forma centralizada e baseada na aplicação de convencionais instrumentos

normativos de comando e controle (MAGRINI; SANTOS, 2001, p. 101). A Lei introduziu a

participação do usuário e da comunidade na gestão dos recursos hídricos.

Os objetivos da citada Lei são:

• assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em

padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

• a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte

aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

• a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou

decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

Com relação ao gerenciamento dos recursos hídricos com vista à implantação da

Política Nacional de Recursos Hídricos a Lei tem como diretrizes:

• a sua gestão sistemática sem dissociar os aspectos de quantidade e qualidade;

• a adequação da gestão às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas,

sociais e culturais das diversas regiões do País;

• a integração entre a gestão dos recursos hídricos e a gestão ambiental;

• a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários com os

planejamentos regional, estadual e nacional;

• a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

• a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas

costeiras.

Os instrumento previstos na Lei para implantação da Política Nacional de Recursos

Hídricos são:

• os Planos de Recursos Hídricos;

• o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da

água;

35

• a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

• a cobrança pelo uso de recursos hídricos e,

• o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Os Planos de Recursos Hídricos, que devem ser elaborados por bacia hidrográfica, por

Estado e para o País, são planos diretores que visam a fundamentar e orientar a

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos

hídricos. São planos de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o

período de implantação de seus programas e projetos com, no mínimo:

• o diagnóstico da situação atual;

• a análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de atividades

produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

• o balanço entre disponibilidades e demandas futuras, em quantidade e qualidade, com

identificação de conflitos potenciais;

• as metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria da qualidade;

• as medidas a serem tomadas, programas a serem desenvolvidos e projetos a serem

implantados, para o atendimento das metas previstas;

• as prioridades para outorga de direitos de uso;

• as diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso, e

• as propostas para a criação de áreas sujeitas à restrição de uso com vistas à proteção

dos recursos hídricos.

Uma das novidades da a Lei 9.433/97 é a necessidade de outorga para lançamento de

efluente (Art. 11, parágrafo III), que aliado à cobrança pela utilização do recurso hídrico

podem afetar negativamente o setor industrial.

2.1.3 Sistema nacional de recursos hídricos

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criado pela Lei

9.433/97, tem como objetivos:

• implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;

• coordenar a gestão integrada dos recursos hídricos, bem como arbitrar

administrativamente os conflitos;

36

• planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação e

• promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.

Fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: o

Conselho Nacional de Recursos Hídricos; a ANA; os Conselhos de Recursos Hídricos dos

Estados e do Distrito Federal; os Comitês de Bacia Hidrográfica; as Agencias de Água e os

órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e municipais cujas

competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em termos de hierarquia, é a instância

mais alta do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Instituído pela Lei

9.433/97, é de um colegiado presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e conta com a

participação de representantes de Ministérios e Secretarias Especiais da Presidência da

República, Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, usuários e por representantes de

organizações civis de recursos hídricos (consórcios e associações intermunicipais de bacias

hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área e

organizações não-governamentais). O número de representantes do Poder Executivo Federal

não pode exceder à metade mais um do total de membros. Hoje conta com 57 conselheiros

com mandato de três anos. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

• a promoção da articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos

nacional, regional, estaduais e dos setores usuários;

• arbitrar, em última instância administrativa, sobre os conflitos porventura existentes

entre os Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

• deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos cujas repercussões

extrapolem o âmbito dos Estados em que serão implantados;

• deliberar sobre as questões que lhe tenham sido encaminhadas pelos Conselhos

Estaduais de Recursos Hídricos ou pelos Comitês de Bacia Hidrográfica;

• analisar propostas de alteração da legislação e da Política Nacional de Recursos

Hídricos;

• estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos;

• aprovar propostas de instituição dos Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer

critérios gerais para a elaboração de seus regimentos;

37

• acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar

as providências necessárias ao cumprimento de suas metas e

• estabelecer critérios gerais para a outorga de direitos de uso de recursos hídricos e para

a cobrança por seu uso.

A Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente exerce a função

de Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e presta apoios técnico,

administrativo e financeiro necessários à operacionalização do Conselho. Tem também a

incumbência de monitorar a implementação das políticas regulamentadas pelo CNRH,

elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual.

2.1.4 Comitê de Bacia

O Comitê de Bacia Hidrográfica é um órgão colegiado inteiramente novo na realidade

institucional brasileira, contando com a participação dos usuários, da sociedade civil

organizada, de representantes de governos municipais, estaduais e federal. É um órgão

destinado a atuar como “parlamento das águas”, uma vez que é o fórum de decisão de cada

bacia hidrográfica. Os Comitês de Bacia têm como área de atuação: a totalidade de uma bacia

hidrográfica; sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou de

tributário desse tributário; ou grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas. Nos rios

federais a instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica é feita por ato do Presidente da

República.

A Resolução nº 05, de 10 abril de 2000, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos,

definiu a proporcionalidade entre os segmentos que compõem o Comitê. Essa norma

estabelece diretrizes para formação e funcionamento dos Comitês de Bacia Hidrográfica,

representando um avanço na participação da sociedade civil na gestão dos recursos hídricos.

A Resolução prevê que os representantes dos usuários sejam 40% do número total de

representantes do Comitê. O somatório dos representantes dos governos municipais, estaduais

e federal não poderá ultrapassar a 40%. A proporção dos representantes da sociedade civil

organizada é de, no mínimo, 20%.

Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, deve haver a

participação de representante do Ministério das Relações Exteriores e quando os territórios

38

abranjam terras indígenas, deverá contar com representantes da Fundação Nacional do Índio –

FUNAI e das respectivas comunidades indígenas.

Segundo o Art. 14 da Resolução nº 5 do CNRH, os usuários, sujeitos à outorga, são

classificados em conformidade com a vocação da bacia entre os seguintes setores de usuários:

• abastecimento urbano, inclusive diluição de efluentes urbanos;

• indústria, captação e diluição de efluentes industriais;

• irrigação e uso agropecuário;

• hidroeletricidade;

• hidroviário;

• pesca, turismo, lazer e outros usos não consuntivos.

No mesmo artigo, a citada Resolução estabelece que a representação dos usuários nos

Comitês será estabelecida por negociação entre os próprios usuários, considerando, além de

outros critérios que vierem a ser consensados entre eles, devidamente documentados e

justificados ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos:

• vazão outorgada;

• critério de cobrança pelo direito de usos das águas;

• a participação de, no mínimo, três dos setores usuários.

Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação:

• promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação

das entidades intervenientes;

• arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos

hídricos;

• aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia sugerindo

as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;

• propor aos Conselhos Nacional e Estaduais de Recursos Hídricos as acumulações,

derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção da

obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos;

• estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os

valores a serem cobrados e

• estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de

interesse comum ou coletivo.

Os Comitês de Bacia Hidrográfica são dirigidos por um Presidente e um Secretário,

eleitos dentre seus membros e contam com representante da União e com representantes, na

39

sua área de atuação: dos Estados e do Distrito Federal; dos Municípios; dos usuários; das

entidades civis de recursos hídricos. O número de representantes de cada setor e os critérios

para sua indicação são estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a representação dos

poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à metade do total de

membros.

2.1.5 Agência de água

As Agências de Água exercem a função de secretaria executiva do respectivo ou

respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica e têm a mesma área de atuação de um ou mais

Comitês. A sua criação depende de autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos

ou dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, mediante solicitação de um ou mais

Comitês e está condicionada à prévia existência do respectivo ou respectivos Comitês de

Bacia Hidrográfica e à viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos

hídricos em sua área de atuação.

A figura jurídica das Agências de Água em rios de domínio da União deverá ser

estabelecida por uma lei específica. A área de atuação das Agências de Água, em rios de

domínio federal, deverá ser a bacia hidrográfica do Comitê solicitante. Essa área de atuação

poderá se estender a mais de uma bacia hidrográfica se os Comitês dessas bacias assim

desejarem.

Cada estado brasileiro poderá estabelecer, segundo as especificidades locais, a figura

jurídica que melhor provier para a Agência de Água (ou de Bacia). O Estado de São Paulo,

por exemplo, criou através da Lei nº 10.020/98, a figura de Agências de Bacia como

Fundação de Direito Privado.

Compete às Agências de Água no âmbito de sua área de atuação:

• manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de

atuação e o cadastro de usuários;

• efetuar, mediante delegação do Governo Federal ou Estadual, conforme o caso, a

cobrança pelo uso de recursos hídricos;

• analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com recursos

gerados pela cobrança pelo uso de recursos hídricos e encaminhá-los à instituição

financeira responsável pela administração desses recursos;

40

• acompanhar a administração financeira dos recursos arrecadados com a cobrança pelo

uso de recursos hídricos em sua área de atuação;

• gerir o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos em sua área de atuação;

• celebrar convênios e contratar financiamentos e servidos para a execução de suas

competência;

• elaborar a sua proposta orçamentária e submetê-la à apreciação do respectivo ou

respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

• promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de

atuação;

• elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê;

• propor ao respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica o enquadramento

dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho

Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, conforme o caso, e

• propor os valores a serem cobrados pelo uso de recursos hídricos, o plano de aplicação

dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos e o rateio de

custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

2.1.6 ANA

A Lei nº 9.984, de 17 de junho de 2000, criou a Agência Nacional de Águas – ANA,

uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com

autonomia administrativa e financeira, com a finalidade de implementar, em sua esfera de

atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos. A Agência é parte integrante do

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e cabe a ANA:

• supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da

legislação federal relativa aos recursos hídricos;

• criar normas para disciplinar a implementação, a operacionalização, o controle e a

avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos;

• fiscalizar e autorizar o uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da

União;

41

• elaborar estudos técnicos para subsidiar a implementação da política de recursos

hídricos;

• estimular e apoiar as iniciativas voltadas para a criação de Comitês de Bacia

Hidrográfica;

• implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo

uso de recursos hídricos de domínio da União e arrecadar, distribuir e aplicar receitas

auferidas por intermédio desta cobrança;

• planejar e promover ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de secas e

inundações, no âmbito do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

em articulação com o órgão central do Sistema Nacional de Defesa Civil, em apoio

aos Estados e Municípios;

• definir e fiscalizar as condições de operação de reservatórios, visando a garantir o uso

múltiplo dos recursos hídricos conforme estabelecido nos planos de recursos hídricos

das respectivas bacias hidrográficas;

• promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede

hidrometeorológica nacional, em articulação com órgãos e entidades públicas ou

privadas que a integram ou que dela sejam usuárias ;

• organizar, implantar e gerir o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos

Hídricos;

• estimular a pesquisa e a capacitação de recursos humanos para a gestão de recursos

hídricos;

• prestar apoio aos Estados na criação de órgãos gestores de recursos hídricos;

• propor ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos o estabelecimento de incentivos,

inclusive financeiros, à conservação qualitativa e quantitativa de recursos hídricos e

• participar da elaboração do Plano Nacional de Recursos Hídricos e supervisionar a sua

implementação.

A ANA poderá delegar ou atribuir às agências de água ou de bacia hidrográfica a

execução de atividades de sua competência.

42

2.1.7 Secretaria de recursos hídricos

A Secretaria de Recursos Hídricos – SRH do Ministério do Meio Ambiente

(SRH/MMA) foi criada em 1995, com atribuições voltadas para irrigação e obras de infra-

estrutura hidráulica. Com o estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos, pela

Lei 9.433/97, a Secretaria adquiriu novas funções, ampliando sua atuação. Com a instalação

do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em junho de 1998, a SRH passou a exercer a

função de Secretaria Executiva do Conselho prestando apoio técnico, administrativo e

financeiro, tendo também as seguintes atribuições principais (art. 11 do Decreto nO 4.755, de

20 de junho de 2003):

• formular, em conjunto com o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a Política

Nacional de Recursos Hídricos, nos termos da Lei 9.433/97;

• acompanhar e monitorar a implementação e o funcionamento do Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH);

• promover a integração da Gestão dos Recursos Hídricos com a Gestão Ambiental;

• coordenar a elaboração e auxiliar na implementação do Plano Nacional de Recursos

Hídricos;

• promover, em articulação com os órgãos e entidades estaduais, federais e

internacionais, os estudos técnicos e propor encaminhamento de soluções referentes a

recursos hídricos;

• promover a cooperação técnica e científica relacionada com a Política Nacional de

Recursos Hídricos;

• coordenar, em sua esfera de competência, a elaboração de planos, programas e

projetos nacionais, referentes à água subterrânea, bem como monitorar o

desenvolvimento de suas ações;

• coordenar a elaboração e a implementação do Programa de Ação Nacional de

Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.

A Secretaria tem participação em 44 órgãos colegiados interministeriais e

representações do MMA. A SRH/MMA também exerce as seguintes atividades:

• Participação no Fundo Setorial de Recursos Hídricos – CT-HIDRO.

• Participação no Conselho Superior do Projeto Aqüífero Guarani –PÁG.

• Participação no Comitê Intergovernamental da Bacia do Prata – CIC.

43

• Co-presidência da Rede Interamericana de Recursos Hídricos – RIRH.

• Coordenação do Cone Sul para Assuntos da Convenção de Combate à Desertificação

– CCD.

• Representação brasileira no Centro de Águas do Trópico Úmido para América Latina

e o Caribe – CATHALAC (BRASIL, 2003c).

2.1.8 Agenda 21

O capítulo 18 da Agenda 21, referente a “Proteção da Qualidade e do Abastecimento

dos Recursos Hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso

dos recursos hídricos”, propõem-se as seguintes áreas de programas para o setor de água doce:

• desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos;

• avaliação dos recursos hídricos;

• proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos;

• abastecimento de água potável e saneamento;

• água e desenvolvimento urbano sustentável;

• água para produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural sustentável;

• impactos da mudança do clima sobre os recursos hídricos.

Para cada uma das sete áreas de trabalho listadas acima, além da base de ação, são

apresentados os objetivos e as metas a serem atingidas num horizonte que varia do ano 2000

adiante além das atividades a serem implementadas, sempre visando atingir o

desenvolvimento sustentável. O documento produzido na Conferência do Rio de Janeiro faz

uma estimativa dos recursos para implementação das ações necessárias e a parcela desses

recursos que cabe à comunidade internacional.

No documento de 2000, “A Agenda 21 Brasileira: bases para discussão”, a Estratégia

4 - que estabelecer medidas de controle da qualidade ambiental com vistas à proteção e ao

disciplinamento do uso dos recursos naturais e de proteção da atmosfera global, traz quatro

temas, entre os vinte e dois propostos, diretamente ligada à questão da água doce, a saber:

• Controle de poluição dos esgotos urbanos.

• Controle da poluição difusa de origem agrícola.

• Proteção dos mananciais superficiais e subterrâneos.

44

• Conservação dos recursos hídricos visando ao aumento da disponibilidade de água.

Entre as áreas prioritárias da Agenda 21 brasileira, o Objetivo 9 “Universalizar o

saneamento ambiental protegendo o ambiente e a saúde” impacta positivamente a

disponibilidade de água doce pela melhoria da qualidade dos mananciais. Há também um

objetivo específico sobre águas superficiais – Objetivo 15 “Preservar a quantidade e melhorar

a qualidade da água nas bacias hidrográficas”, cujas ações e recomendações são (BRASIL,

2004f):

• Difundir a consciência de que a água é um bem finito, espacialmente mal distribuído

no nosso país.

• Implementar a Política Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos.

• Desencadear um programa de educação ambiental no Nordeste.

• Promover a educação ambiental, principalmente das crianças e dos jovens nos centros

urbanos, quanto às conseqüências do desperdício de água.

• Assegurar a preservação dos mananciais pelo estabelecimento de florestas protetoras e

proteger as margens dos rios e os topos das chapadas do Brasil Central, recuperando

com prioridade absoluta suas matas ciliares.

• Implantar um sistema de gestão ambiental nas áreas portuárias.

• Promover a modernização da infra-estrutura hídrica de uso comum e de irrigação.

• Estimular e facilitar a adoção de práticas agrícolas e de tecnologias de irrigação de

baixo impacto sobre o solo e as águas.

• Desenvolver e difundir tecnologias de reutilização da água para uso industrial.

• Impedir, nos centros urbanos, a ocupação ilegal das margens de rios e lagoas.

• Combater a poluição do solo e da água e monitorar os seus efeitos sobre o meio

ambiente.

A Agenda 21 Brasileira deve ser vista como uma agenda de transformação (BORN,

2002, p. 91) e, até o momento, não pode ser considerada como um balizador para os

tomadores de decisão do Brasil. Segundo Born (2002, p. 94/96) um dos maiores desafios para

sua implantação decorre das diferentes expectativas e conceituações sobre o que deve ser uma

Agenda 21, das quais destacam-se os seguintes entendimentos:

• é um programa articulado e integrado com ações de curto médio e longo prazo para

desenvolvimento sustentável ;

• é um conjunto de proposta que se implementadas possibilitará a sociedade evoluir em

direção a sustentabilidade;

45

• é um instrumento de mobilização cívica para implantação da cultura de

sustentabilidade;

2.1.9 CONAMA

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão consultivo e deliberativo

do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, instituído pela Lei nO 6.938, de 31 de

agosto de 1981, tem a finalidade de:

[...] assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.

Compete ao CONAMA, entre outras, estabelecer normas, critérios e padrões relativos

ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos

recursos ambientais, principalmente os hídricos (Art. 8º, parágrafo VII, da citada Lei).

O CONAMA delibera através resoluções elaboradas e discutidas nas câmaras técnicas

e aprovada, por maioria simples dos votos dos conselheiros. Na parte de recursos hídricos a

principal deliberação do CONAMA é a Resolução no 20, de 18 de junho de 1986, que após 20

anos foi revogada e substituída pela Resolução no 357, de 17 de março de 2005. A CONAMA

20/86, como ficou conhecido, classificou as águas doces, salinas e salobras, em todo

território nacional, em nove classes de qualidade, com base nos usos preponderantes e

estabeleceu:

• os limites máximos e ou condições de qualidade de cada uma das nove classes;

• as condições e os limites máximos para lançamento de água, direto ou indireto, nos

corpos dos efluentes oriundos de qualquer fonte poluidora.

Segundo CONAMA 20/86, as águas são classificadas em função da salinidade em:

• doces - aquelas com salinidade inferior a 0,5o/oo1;

• salobras – aquelas com salinidade entre 0,5 e 30o/oo;

• salina – aquelas com salinidade igual ou superior a 30o/oo.

11 o/oo parte por mil.

46

O CONAMA 20/86 era um instrumento do tipo comando e controle de grande

importância na prevenção da poluição dos recursos hídricos devido ao estabelecimento de

classes dos corpos de água, seus respectivos padrões de qualidade e do estabelecimento do

padrão de emissão, servindo de base, até a sua revogação, para o licenciamento de atividades

poluidoras.

A Resolução 357/05, que “dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o

enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões

de lançamento de efluentes”, criou novas classes de qualidade segundo usos preponderantes,

ampliando as classes existentes de nove para treze, estabeleceu novos parâmetros e

flexibilizou alguns dos existentes. A Tabela 6 apresenta a nova classificação das águas

superficiais brasileiras segundo os usos preponderantes:

Tabela 7: Classes das águas superficiais, segundo seus usos preponderantes

Doce Salgada Salobra Classe Classe Classe

Uso preponderante

E* 1 2 3 4 E 1 2 3 E 1 2 3 Abastecimento para consumo humano, com desinfecção

X

Abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado

X

Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional

X

Abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado

X X

Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas

X X X

Preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral

X X X

Proteção das comunidades aquáticas X X X X Recreação de contato primário X X X X Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película

X

Proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas

X

Irrigação de hortaliças, plantas frutíferas, parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto

X

Aqüicultura e à atividade de pesca X X X Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras

X

Pesca amadora X X X Recreação de contato secundário X X X

47

continuação Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto

X

Dessedentação de animais X Navegação X X X Harmonia paisagística X X X E = Especial Fonte: CONAMA 357/05.

2.1.10 Legislação no Estado de São Paulo

2.1.10.1 Água superficial

A Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo tem como objetivo

assegurar que a água seja controlada e utilizada, em padrões de qualidade satisfatórios, por

seus usuários atuais e futuros, em todo território do Estado.

O Decreto Estadual no 27.576, de 11 de novembro 1987, criou o Conselho Estadual

de Recursos Hídricos - CRH, composto pelos titulares ou representantes das seguintes

secretarias: de Obras, que preside o Conselho; de Economia e Planejamento; do Meio

Ambiente; dos Negócios Metropolitanos; da Agricultura; da Saúde; da Indústria e Comércio;

dos Transportes; de Esportes e Turismo e da Ciência e Tecnologia, com a incumbência de

propor ao Secretário de Obras a Política do Governo relativa aos Recursos Hídricos, bem

como a estruturação do Sistema Estadual de Gestão dos Recursos Hídricos e a elaboração do

Plano Estadual de Recursos Hídricos. O CRH conta ainda com representantes de Municípios e

representantes de entidades da sociedade civil relacionadas diretamente aos recursos hídricos.

A Constituição Estadual de São Paulo, de 05 de outubro de 1989, tem uma seção

destinada a recursos hídricos com nove artigos. O artigo 205 estabeleceu que o Estado

instituiria, através de lei, sistema integrado de gerenciamento dos recursos hídricos,

congregando órgãos estaduais e municipais e a sociedade civil e assegurará meios financeiros

e institucionais para:

48

• a utilização racional dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e sua prioridade

para abastecimento às populações;

• o aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos e o rateio dos custos das respectivas

obras, na forma da lei;

• a proteção das águas contra ações que possam comprometer o seu uso atual e futuro;

• a defesa contra eventos críticos, que ofereçam riscos à saúde e segurança públicas e

prejuízos econômicos ou sociais, e

• a gestão descentralizada, participativa e integrada em relação aos demais recursos

naturais e às peculiaridades da respectiva bacia hidrográfica.

A Lei Estadual 7.663, de 30 de dezembro de 1991, anterior, portanto, a Lei 9.433/97,

que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos, estabelece como princípios da Política Estadual de

Recursos Hídricos:

• o gerenciamento descentralizado, participativo e integrado;

• a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gerenciamento;

• o reconhecimento do recurso hídrico como um bem público, dotado de valor

econômico valor econômico, cuja utilização deve ser cobrada;

• a compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o desenvolvimento

regional e com a proteção do meio ambiente.

A Figura 2 mostra, em forma de fluxograma, uma proposta de gestão integrada dos

recursos hídricos no Estado de São Paulo.

49

Nota: (1) Interação entre a água superficial e subterrânea é um componente importante do estudo, considerando que as águas subterrâneas mantêm o fluxo de base da superficial. (2) Problemas por anomalias com fontes naturais de contaminação de águas subterrâneas podem também ser incluídos. Figura 2: Gestão de água no Estado de São Paulo Fonte: SÃO PAULO, 2004, p. 29.

A Lei 7.663/91 prevê que o Plano Estadual de Recursos Hídricos - PERH, que é

aprovado por lei, com prazo de vigência de quatro anos, tome por base os planos das bacias

hidrográficas, as normas relativas à proteção do meio ambiente, as diretrizes do planejamento

e gerenciamento ambientais e contenha, dentre outros, os seguintes elementos:

• objetivos e diretrizes gerais, em níveis estadual e inter-regional;

• diretrizes e critérios gerais para o gerenciamento de recursos hídricos e para a

participação financeira do Estado;

• compatibilização das questões interbacias e consolidação dos programas anuais e

plurianuais das bacias hidrográficas;

• programas de desenvolvimento institucional, tecnológico e gerencial, de valorização

profissional e da comunicação social, no campo dos recursos hídricos.

Já os planos de bacias hidrográficas devem conter, dentre outros, os seguintes

elementos:

• as diretrizes gerais, a nível regional, capazes de orientar os planos diretores

municipais, notadamente nos setores de crescimento urbano, localização industrial,

proteção dos mananciais, exploração mineral, irrigação e saneamento, segundo as

50

necessidades de recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos das bacias

ou regiões hidrográficas correspondentes;

• as metas de curto, médio e longo prazos para se atingir índices progressivos de

recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos da bacia.

A Lei prevê, para avaliação da eficácia do Plano Estadual de Recursos Hídricos e dos

Planos de Bacias Hidrográficas, que o Poder Executivo deverá publicar relatório anual sobre

a "Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo" e relatórios sobre a "Situação dos

Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas", de cada bacia hidrográfica.

A Lei determina que o relatório sobre a "Situação dos Recursos Hídricos no Estado de

São Paulo" deve ser elaborado tomando-se por base o conjunto de relatórios sobre a "Situação

dos Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica", e deve coter, no mínimo, os seguintes tópicos:

• a avaliação da qualidade das águas;

• o balanço entre disponibilidade e demanda;

• a avaliação do cumprimento dos programas previstos nos vários planos de Bacias

Hidrográficas e no de Recursos Hídricos;

• a proposição de eventuais ajustes nos vários planos de Bacias Hidrográficas e no de

Recursos Hídricos;

O Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SIGRH, visa a

execução da Política Estadual de Recursos Hídricos e a formulação, atualização e aplicação

do Plano Estadual de Recursos Hídricos, congregando órgãos estaduais e municipais e a

sociedade civil, nos termos do artigo 205 da Constituição do Estado.

O Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CRH, é presidido pelo representante do

Departamento De Águas e Energia Elétrica - DAEE e conta com participação paritária dos

municípios em relação ao Estado e é composto pelos Secretários de Estado, ou seus

representantes, cujas atividades se relacionem com o gerenciamento ou uso dos recursos

hídricos, a proteção do meio ambiente, o planejamento estratégico e a gestão financeira do

Estado e por representantes:

• dos municípios contidos nas bacias hidrográficas, eleitos entre seus pares;

• de universidades;

• de institutos de ensino superior e de pesquisa, e

51

• do Ministério Público e da sociedade civil organizada.

Competem ao CRH, dentre outras, as seguintes atribuições:

• discutir e aprovar propostas de projetos de lei referentes ao Plano Estadual de

Recursos Hídricos;

• aprovar o relatório sobre a "Situação dos Recursos Hídricos no Estado de São Paulo";

• exercer funções normativas e deliberativas relativas à formulação, implantação e

acompanhamento da Política Estadual de Recursos Hídricos;

• estabelecer critérios e normas relativas ao rateio, entre os beneficiados, dos custos das

obras de uso múltiplo dos recursos hídricos ou de interesse comum ou coletivo;

• estabelecer diretrizes para a formulação de programas anuais e plurianuais de

aplicação de recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO;

• efetuar o enquadramento dos corpos de água em classes de uso preponderante, com

base nas propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas –CBHs;

• decidir os conflitos entre os Comitês de Bacias Hidrográficas.

Os Comitês de Bacias Hidrográficas, com participação paritária dos municípios em

relação ao Estado, são compostos por representantes:

• da Secretaria de Estado ou de órgãos e entidade da administração direta e indireta,

cujas atividades se relacionem com o gerenciamento ou uso de recursos hídricos,

proteção ao meio ambiente, planejamento estratégico e gestão financeira do Estado,

com atuação na bacia hidrográfica correspondente;

• representantes dos municípios contidos na bacia hidrográfica correspondente;

• entidades da sociedade civil, sediadas na bacia hidrográfica, respeitado o limite

máximo de um terço do número total de votos.

O Comitê de Bacias Hidrográficas é presididos por um de seus membros, eleitos por

seus pares. Os representantes dos municípios são escolhidos em reunião plenária de prefeitos

ou de seus representantes.

As reuniões dos Comitês de Bacias Hidrográficas são públicas e têm direito a voz nas

reuniões os representantes credenciados pelos Poderes Executivo e Legislativo dos

Municípios que compõem a respectiva bacia hidrográfica. Os Comitês podem criar Câmaras

52

Técnicas, de caráter consultivo, para o tratamento de questões específicas de interesse para o

gerenciamento dos recursos hídricos.

Aos Comitês de Bacias Hidrográficas competem:

• aprovar a proposta da bacia hidrográfica para integrar o Plano Estadual de Recursos

Hídricos;

• aprovar a proposta de programas anuais e plurianuais de aplicação de recursos

financeiros;

• aprovar a proposta do plano de utilização, conservação, proteção e recuperação dos

recursos hídricos da bacia hidrográfica;

• promover entendimentos, cooperação e eventual conciliação entre os usuários dos

recursos hídricos;

• promover estudos, divulgação e debates, dos programas prioritários de serviços e

obras a serem realizados no interesse da coletividade;

• apreciar, até 31 de março de cada ano, relatório sobre "A Situação dos Recursos

Hídricos da Bacia Hidrográfica".

Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos - CORHI, que tem sua

organização estabelecida em regulamento e conta com apoio técnico, jurídico e

administrativo dos órgãos e entidades estaduais componentes do SIGRH, que cedem

funcionários, servidores e instalações para seu funcionamento, tem, dentre outras, as seguintes

atribuições (portal da SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS, SANEAMENTO E

OBRAS):

• coordenar a elaboração periódica do Plano Estadual de Recursos Hídricos,

incorporando as propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas, submetendo-as ao

Conselho Estadual de Recursos Hídricos;

• coordenar a elaboração de relatórios anuais sobre a situação dos recursos hídricos do

Estado por bacia hidrográfica;

• promover a integração entre os componentes do SIGRH, a articulação com os demais

sistemas do Estado em matéria correlata, com o setor privado e a sociedade civil e a

articulação com o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, com os

Estados vizinhos e com os Municípios do Estado de São Paulo.

53

A Agência de Bacia exerce as funções de secretaria executiva do Comitê de Bacia

Hidrográfica, e tem atribuições de:

• elaborar o Plano de Bacia Hidrográfica e os relatórios anuais sobre a "Situação dos

Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica";

• gerenciar os recursos financeiros do FEHIDRO;

• promover a articulação entre os componentes do SIGRH com os outros sistemas do

Estado, com o setor produtivo e com a sociedade civil.

As Agências de Bacias são vinculadas ao Estado e têm sua organização administrativa

e sua personalidade jurídica estabelecidas na lei que autorizar sua criação. A sua criação está

vinculada ao início da cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

O Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO, criado pela Lei 7.663/91 e

regulamentado pelo Decreto 37.300/93, vinculado à Secretaria de Energia, Recursos Hídricos

e Saneamento, foi criado para dar suporte financeiro à Política Estadual de Recursos Hídricos.

Os empreendimentos financiados pelo Fundo são propostos, priorizados e indicados pelos

Comitês de Bacias Hidrográficas de acordo com os Planos de Bacia e Plano Estadual de

Recursos Hídricos. Entre as receitas previstas para o FEHIDRO, a única que está ativa é a

compensação financeira e royalties do setor energético, transferidos pela União, com recursos

que representam cerca de R$ 15 a 20 milhões anuais, que são distribuídos para os 21 Comitês

de Bacias do Estado (Portal do CBH-PCJ e PCJ FEDERAL).

O Art. 35 da Lei 7.663/91 estabelece que o FEHIDRO tem seus recursos proveniente:

• do Estado e dos Municípios, da União ou de Estados vizinhos;

• de compensação financeira que o Estado receber em decorrência dos aproveitamentos

hidroenergéticos;

• parte da compensação financeira que o Estado receber pela exploração de petróleo, gás

natural e recursos minerais;

• resultado da cobrança pela utilização de recursos hídricos;

• empréstimos, nacionais e internacionais, e recursos provenientes da ajuda e

cooperação internacional e de acordos intergovernamentais;

• retorno das operações de crédito e aplicações financeiras de seus recursos;

• resultados de aplicações de multas cobradas dos infratores da legislação de águas;

54

• recursos decorrentes do rateio de custos referentes a obras de aproveitamento múltiplo,

de interesse comum ou coletivo;

• doações de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras

ou multinacionais e recursos eventuais.

A Lei limita em 10% dos recursos do FEHIDRO, o valor máximo despendido com

despesas de custeio de pessoal e a aplicação do restante é orientada pelo Plano Estadual de

Recursos Hídricos, devidamente compatibilizando com o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes

Orçamentárias e com o orçamento anual do Estado.

A Lei estabelece que o produto decorrente da cobrança pela utilização dos recursos

hídricos deve ser aplicado em benefício da própria bacia, sendo que até 50% do valor

arrecadado podem ser aplicados em outra bacia desde que traga benefícios à bacia onde foi

feita a arrecadação e haja aprovação pelo Comitê de Bacia Hidrográfica respectivo.

2.1.10.2 Legislação sobre águas subterrâneas

O decreto no 32.955, de 7 de fevereiro de 1991, que regulamenta a Lei que dispõe

sobre a preservação dos depósitos naturais de água subterrânea do Estado de São Paulo - Lei

no 6.134, de 2 de junho de 1988, estabelece, em seu artigo 7O, que cabe ao DAEE a

administração da água subterrânea no Estado de São Paulo, nos campos de pesquisa,

captação, fiscalização, extração e acompanhamento de sua interação com águas superficiais e

com o ciclo hidrológico. O uso das águas subterrâneas depende de concessão ou autorização

administrativa, outorgadas pelo DAEE, dentro do prazo se sessenta dias contados da data do

pedido ou do atendimento à última eventual exigência.

O mesmo Decreto estabelece as seguintes competências:

• Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, prevenir e controlar

a poluição das águas subterrâneas;

• Secretaria da Saúde, a fiscalização das águas subterrâneas destinadas a consumo

humano, quanto ao atendimento aos padrões de potabilidade ;

55

• Instituto Geológico, a execução de pesquisa e estudos geológicos e hidrogeológicos, o

controle e arquivo de informações dos dados geológicos dos poços, no que se refere ao

desenvolvimento do conhecimento dos aqüíferos e da geologia do Estado,

• Conselho Estadual de Recursos Hídricos, a coordenação dos órgãos e entidades

mencionadas através do Grupo Técnico de Águas Subterrâneas – GTAS.

O artigo 26o, parágrafo único, estabelece que a implantação de grandes projetos que

dependam da utilização de água subterrânea, ou ponham em risco sua qualidade natural, além

de ficar sujeito à aprovação dos órgãos responsáveis pela gestão da água subterrânea, deverão

ser precedidas de estudos hidrogeológicos que permitam avaliar o potencial disponível e o

correto dimensionamento do sistema de abastecimento, conforme previsto no artigo 6o da Lei

no 6.134/88. Baseado neste artigo, o autor entende que são necessários os referidos estudos

para a utilização de água subterrânea para abastecimento da Refinaria por se tratar de grande

consumidor e, portanto, os estudos são necessários para dar garantias aos gestores dos

recursos hídricos que a extração não comprometerá o aqüífero.

O artigo 206 da Constituição paulista estabelece que as águas subterrâneas são

reservas estratégicas para o desenvolvimento econômico-social e valiosa para o abastecimento

de água às populações e deverão ter programa permanente de conservação e proteção contra

poluição e super explotação, com diretrizes estabelecidas em lei.

O artigo 4 da Lei estadual nº 6.134/88, estabelece que as águas subterrâneas deverão

ter programa permanente de preservação e conservação, visando ao seu melhor

aproveitamento e que a sua preservação e conservação implicam em uso racional, aplicação

de medidas contra a sua poluição e manutenção do seu equilíbrio físico, químico e biológico

em relação aos demais recursos naturais. Estabelece ainda que os órgãos estaduais

competentes manterão serviços indispensáveis à avaliação das águas subterrâneas e

fiscalizarão sua exploração e adotarão medidas contra a contaminação dos aqüíferos e

deterioração dos recursos hídricos do subsolo.

O artigo 19o, parágrafo primeiro, estabelece que nas áreas destinadas à conservação,

proteção e o equilíbrio natural das águas subterrâneas, a extração poderá ser condicionada à

recarga natural ou artificial dos aqüíferos.

56

2.2 DISPONIBILIDADE DE ÁGUA

2.2.1 Água no Mundo

Como citado no início do trabalho, a água é a substância mais abundante na Terra,

porém nem sempre ela encontra-se de forma disponível para o uso. Na Tabela 8, é mostrada a

distribuição percentual da água encontrada no nosso Planeta. Tabela 8: Água no mundo

Tipo de Água Percentual

Salgada 97,5

Doce 2,5

Doce

Em geleiras ou neves eternas 69

Subterrânea 30

Solo, pantanais, solo congelado, etc 0,7

Rios e lagos 0,3

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2002, p.17.

Aparentemente não existe falta de água no mundo, conforme mostra a Tabela 9 que

contém uma estimativa de oferta e consumo da água em diversas regiões e mostra que o

consumo per capita é inferior à disponibilidade hídrica. Entretanto, identifica-se que hoje

existem no mundo cerca de 300 áreas de stress hídrico, segundo Ministério do Meio Ambiente

(BRASIL, 2002a, p.17) Tabela 9: Deflúvio Médio e Consumo de Recursos Hídricos no Mundo em 1998

Oferta (Deflúvio Médio) Consumo**

Total Per Capita Total Per Capita*** Regiões

(Km³/ano) (m³/hab/ano) (Km³/ano) (m³/hab/ano) África 3996,00 5.133,05 145.14 202 América do Norte 5.308,60 17.458,02 512,43 1.798 América Central 1.056,67 8.084,08 96,01 916 América do Sul 10.080,91 30.374,34 106,21 335 Brasil* 5.744,91 34.784,33 36,47 246 Ásia 13.206,74 3.679,91 1.633,85 542 Europa 6.234,56 8.547,45 455,29 625 Oceania 1.614,25 54.794,64 16,73 591 Mundo 41.497,73 6.998,12 3.240 645 Nota: **Ano de registro do consumo: África-1995; A. do Norte-91; A Central-87; A. do Sul-95; Brasil-90; Ásia-87; Oceania-95; Mundo-1987. ***Calculado pela população. Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2002, p. 17.

57

As águas subterrâneas, em maior ou menor quantidade, estão disponíveis em todas as

regiões do Planeta. Por sua disponibilidade permanente e por ser seu volume muito superior

ao das águas doces superficiais, a água subterrânea é um importante recurso natural, sendo

freqüentemente utilizada para abastecimento doméstico, para irrigação em áreas rurais e para

fins industriais (TUNDIZI, 2003, p. 12). Elas ocorrem preenchendo espaços vazios existentes

entre os grânulos minerais e nas fissuras das rochas, formando o chamados aqüíferos. Uma

parcela das águas que caem na superfície terrestre se infiltra no subsolo e migra lenta e

continuamente para as nascentes, rios, lagos e oceanos. Normalmente, é a água subterrânea

que alimenta os rios nas épocas de estiagem. A isso se dá o nome de fluxo de base (rios

efluentes). Existem algumas exceções onde, natural ou artificialmente, o nível do aqüífero

está abaixo do leito do rio e este alimenta o aqüífero (rio influente). Em casos extremos de

estiagem os rios podem até secar, como acontece em algumas áreas do nordeste brasileiro

(SÃO PAULO, 2004, p. 7).

A água contida nos aqüíferos, de certo modo, está mais protegida contra a poluição,

porém quando ela ocorre, o processo de recuperação é mais lento e os custos envolvidos

maiores (BRASIL, 2001, p.10).

A denominação de água subterrânea compreende toda água que ocorre abaixo da

superfície de uma determinada área, fazendo parte a água do solo, da zona não saturada, da

zona saturada, de camadas aflorantes muito permeáveis (aqüífero livre), de camada encerradas

entre outras camadas relativamente menos permeáveis (aqüífero confinado), de camadas

relativamente argilosas (aqüitardes), de camadas muito argilosas (aqüicludes) (REBOUÇAS,

2002, p. 124/125). Á água subterrânea ocorre em duas zonas distintas: a zona superior que se

estende da superfície até profundidades que vão de menos de um metro até algumas centenas

de metros em regiões semi-áridas (TUNDISI, 2003, p. 12). Por conter água e ar esta zona é

chamada zona insaturada. A zona saturada encontra-se abaixo da zona insaturada e contém

apenas água.

A água que percola através do solo forma aqüífero não confinado ou aqüífero livre.

Os aqüíferos confinados são retidos por solos menos permeáveis. Todos os tipos de rochas,

ígneas, sedimentares ou metamórficas, confinam águas nas diferentes regiões.

Devido ao potencial de armazenamento de água, a rocha que tem porosidade e

permeabilidade é chamada de aqüífera, independente de estar ou não saturada de água

(REBOUÇAS, 2002, p. 119). Quanto maiores e mais homogêneos forem o tamanho dos poros

e maior a interconexão entre esses poros, melhor será a capacidade do aqüífero em transmitir

água. A quantidade de água de um determinado aqüífero está relacionada com a sua espessura

58

e o seu grau de confinamento propicia uma maior ou menor proteção contra poluição (SÃO

PAULO, 2004, p. 36).

Segundo Rebouças (apud REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002 p.126/127) as

águas subterrâneas têm as seguintes origens:

• Origem meteórica – são as mais importantes e significa que são águas naturalmente

recarregada pela infiltração de parte da água que precipita – chuvas, neves, neblinas

principalmente , sendo seu volume estimado em 10,5 milhões de quilômetros cúbicos,

o que corresponde a, aproximadamente, 97% do total de água doce acessível para uso.

• Águas conatas ou água de formação – estão retidas nos sedimentos desde as épocas de

formação dos depósitos e representam um volume estimado de 53 milhões de

quilômetros quadrados. Em conseqüência, normalmente, têm altos teores salinos

resultante dos longos períodos de interação água/matriz rochosa ou por relação direta

com ambientes marinhos.

• Origem juvenil – é a água gerada pelos processos magmáticos da terra. Esta parcela,

que é insignificante perto do total, sendo estimada em cerca de 300 metros cúbicos por

ano, faz parte da circulação da água por meio dos mecanismos geológicos de

circulação de massa e energia relacionados com a Tectônica de Placas.

As águas subterrâneas têm sido classificadas em renováveis e não renováveis ou

fósseis, porém, na verdade, não existe água desconectada do ciclo hidrológico (REBOUÇAS

apud REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002, p.127).

Como a renovação da água subterrânea se dá de maneira lenta, a exploração dos

aqüíferos deve ser efetuada de maneira sustentável de modo a evitar maiores problemas. A

Tabela 10 mostra alguns casos selecionados de exploração excessiva dos aqüíferos

subterrâneos e suas conseqüências.

Tabela 10: Casos selecionados de retirada excessiva de água Local Conseqüências Rio Colorado, Estados Unidos Consumo excessivo, produz déficit de 5%.

O rio Colorado tem salinidade aumentada. Lençol freático baixou em regiões próximas a Tucson e Phoenix

High Plains, Estados Unidos O aqüífero Ogallala, que supre água de irrigação para essas regiões, está diminuindo e, em algumas áreas, já perdeu 50% do volume de água.

59

continuação Norte da China Retiradas de água subterrânea excedem a

recarga. Em Pequim, as retiradas de água excedem o suprimento anual em 25%. Em algumas áreas, o lençol freático sofreu reduções de 1 a 4 metros por ano.

Tamil Nadu, Índia Excesso de água retirada para irrigação causou queda nos volumes dos aqüíferos em regiões costeiras, contaminando suprimento de água doce com água salobra.

Cidade do México, Pequim, China, Central Valley, Califórnia, Houston, Galveston, Texas

Excesso de retirada de águas superficiais causou compactação de aqüíferos e rebaixamento do nível da superfície do solo, danificando ruas, edifícios, tubulações e poços.

Califórnia, Estados Unidos Águas de Owens Valley e da bacia hidrográfica do Mono Lake foram derivadas para o suprimento de usuários do sul do Estado. O Owens Lake secou e a superfície do Mono Lake diminuiu 1/3.

Fonte: TUNDISI apud Speidel et al. (1988), 2003, p. 55.

Os volumes de água que podem ser economicamente extraídos de um aqüífero sem

provocarem sua exaustão ou degradação como meio natural ou artificial de armazenamento de

água são denominados Reservas Hidrológicas Explotáveis. A quantidade de água que pode ser

retirada de um aqüífero por ano ainda é um conceito muito discutível e, basicamente, uns

consideram a reserva explotável como sendo de 1/3 a 2/3 das reservas reguladoras e outros

consideram que a reserva explotável como sendo a reserva reguladora e parte das reservas

permanentes. O conceito de Reserva Hidrológica Renovável ou Reguladora é quantidade de

água livre armazenada pelo aqüífero ao curso de uma importante recarga natural, estando

sujeita a sazonalidade das precipitações pluviométricas anuais. Já o Conceito de Reserva

Hidrológica Permanente é relativo às águas acumuladas no subsolo que não sofrem variações

em função das precipitações anuais. (SÃO PAULO, 2004. p. 9/10).

60

2.2.2 Água no Brasil

2.2.2.1 Superficial

O Brasil é o único, entre os países de dimensões continentais do qual fazem parte o

Canadá, Estados Unidos da América, China e Austrália, de clima predominantemente tropical.

De fato, dos 8.511.965 Km2 do território brasileiro, apenas 10% têm condição climática

tropical semi-árida e 7% de sua área situa-se abaixo do Trópico de Capricórnio. Como

conseqüência direta de sua localização, 90% do território nacional têm precipitação

pluviométrica que varia entre 1.000 e 3.000 mm/ano. Em decorrência das condições

climáticas e das condições geológicas favoráveis, formada de rochas cristalinas e

sedimentares, o Brasil possui uma das maiores redes de rios perenes do Mundo (REBOUÇAS,

p.121/122. apud REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002).

Muito dos rios brasileiros se destacam pela extensão, largura e profundidade. Em

decorrência do relevo, predominam rios de planalto, que possuem um alto potencial para

geração de energia elétrica, o que vem a explicar a importância da hidroeletricidade na matriz

energética brasileira. Dentre os grandes rios que correm em território nacional destacam o

Amazonas e o Paraguai, que são os principais rios de planície e o São Francisco e o Paraná

que são os principais rios de planalto (BRASIL, 1998, p. 6).

Segundo a mesma fonte (BRASIL, 1998, p. 8), a rede hidrográfica brasileira é

composta por grandes bacias hidrográficas: a do Amazonas, a do Tocantins e a do São

Francisco e por dois complexos de bacia hidrográfica, o do Prata e do Atlântico. O complexo

do Prata é formado por três bacias: Alto Paraguai, Paraná e Uruguai e o complexo do

Atlântico é subdividido em Atlântico Norte, Atlântico Nordeste, Atlântico Leste 1, Atlântico

Leste 2 e Sudeste.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, através da Resolução no 32, de

15 de outubro de 2003, instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional, mostrada na Figura 3:

61

Figura 3: Divisão Hidrográfica Nacional Fonte: CNRH Resolução nO 32.

A Tabela 11 detalha a composição das regiões hidrográficas do Brasil.

Tabela 11: Divisão Hidrográfica Nacional Região Hidrográfica Bacias Hidrográficas

Região Hidrográfica Amazônica É constituída pela bacia hidrográfica do rio Amazonas situada no território nacional e, também, pelas bacias hidrográficas dos rios existentes na Ilha de Marajó, além das bacias hidrográficas dos rios situados no Estado do Amapá que deságuam no Atlântico Norte.

Região Hidrográfica do Tocantins/Araguaia

É constituída pela bacia hidrográfica do rio Tocantins até a sua foz no Oceano Atlântico.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Ocidental

É constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no Atlântico - trecho Nordeste, estando limitada a oeste pela região hidrográfica do Tocantins/Araguaia, exclusive, e a leste pela região hidrográfica do Parnaíba.

Região Hidrográfica do Parnaíba É constituída pela bacia hidrográfica do rio Parnaíba.

Região Hidrográfica Atlântico Nordeste Oriental

É constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no Atlântico - trecho Nordeste, estando limitada a oeste pela região hidrográfica do Parnaíba e ao sul pela região hidrográfica do São Francisco.

62

continuação Região Hidrográfica do São Francisco

É constituída pela bacia hidrográfica do rio São Francisco.

Região Hidrográfica Atlântico Leste É constituída pelas bacias hidrográficas de rios que deságuam no Atlântico - trecho Leste, estando limitada ao norte e a oeste pela região hidrográfica do São Francisco e ao sul pelas bacias hidrográficas dos rios Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus, inclusive.

Região Hidrográfica Atlântico Sudeste

É constituída pelas bacias hidrográficas de rios que deságuam no Atlântico - trecho Sudeste, estando limitada ao norte pela bacia hidrográfica do rio Doce, inclusive, a oeste pelas regiões hidrográficas do São Francisco e do Paraná e ao sul pela bacia hidrográfica do rio Ribeira, inclusive.

Região Hidrográfica do Paraná É constituída pela bacia hidrográfica do rio Paraná situada no território nacional.

Região Hidrográfica do Uruguai É constituída pela bacia hidrográfica do rio Uruguai situada no território nacional, estando limitada ao norte pela região hidrográfica do Paraná, a oeste pela Argentina e ao sul pelo Uruguai.

Região Hidrográfica Atlântico Sul É constituída pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no Atlântico - trecho Sul, estando limitada ao norte pelas bacias hidrográficas dos rios Ipiranguinha, Iririaia-Mirim, Candapuí, Serra Negra, Tabagaça e Cachoeria, inclusive, a oeste pelas regiões hidrográficas do Paraná e do Uruguai e ao sul pelo Uruguai.

Região Hidrográfica do Paraguai É constituída pela bacia hidrográfica do rio Paraguai situada no território nacional.

Fonte: CNRH Resolução nO 32.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente , a disponibilidade hídrica brasileira, isto é, o

escoamento anual para o Oceano Atlântico, incluindo a bacia amazônica atinge 257.790

m3/s (BRASIL, 1998, p. 8). As diversas regiões do país apresentam grandes variações hídrica

como pode ser observado na Tabela 12:

Tabela 12: Disponibilidade Hídrica Brasileira

ÁREA DE DRENAGEM DESCARGA MEDIA DE LONGO PERÍODO

DEFLÚVIO MÉDIO

BACIAS HIDROGRÁFICAS

10 3 Km2 m3/s l/s /Km2 Km3/ano mm/ano

1. AMAZONAS Bacia total Bacia em território Brasileiro

6.112 *3.900

209.000 133.300

34,2 34,2

6.592 4.206

1.079 1.079

2. TOCANTINS 757 11.800 15,6 372 492 3. ATLÂNTICO NORTE/NORDESTE Norte (Sub-Bacias 30) Nordeste (Sub-Bacias 31 a 39)

76 953

3.660 5.390

48,2 5,7

115 170

1.520 180

4. SÃO FRANCISCO 634 2.850 4,5 90 143 5. ATLÂNTICO – LESTE Sub-Bacias (50 a 53) Sub-Bacias (54 a 59)

242 303

680 3.760

2,8 12,1

21 116

88 382

63

continuação 6a. PARANÁ Até à Foz do Iguaçu, inclusive esta Bacia em Território Brasileiro

901 *877

11.300 11.000

12,5 12,5

356 347

394 394

6b. PARAGUAI Até à Foz do APA, inclusive esta Bacia em Território Brasileiro

485 *368

1.700 1.290

3,5 3,5

54 54

110 110

7. URUGUAI Até a Foz do Quaroi, inclusive esta Bacia em Território Brasileiro

189 *178

4.400 4.150

23,3 23,3

139 131

735 735

8. ATLÂNTICO SUDESTE 224 4.300 19,2 136 605 Produção Hídrica Bacias Totais Produção Hídrica Brasileira

10.724 *8.512

258.750 182.170

24,1 21,4

8.160 5.745

761 675

*Área de drenagem em território Brasileiro. Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2002 (p.19). Apud: Ministério de Minas e Energia (Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL).

Na Figura 4 observa-se como a distribuição da disponibilidade hídrica se faz de modo

desigual entre as diversas regiões do Brasil.

Distribuição da Água Superficial no Brasil

68%

7%

16%

3%6%

NORTENORDESTESUDESTECENTRO-OESTESUL

Figura 4: Distribuição da água superficial Fonte: www.rededasaguas.org.br/quest_03.asp.

Outro aspecto relevante é que a população brasileira vem cada vez mais se

concentrando em centros urbanos. Em 1940, cerca de 32 % dos 40 milhões de brasileiros

viviam em núcleos urbanos e a maior parte da população vivia no meio rural. Neste início de

século, mais de 80 % da população vivem nas cidades. O crescimento das cidades não se deu

de forma planejada e os serviços de coleta e tratamento de esgoto são insuficientes, mesmo

nas grandes capitais, atingindo apenas 15 % de cobertura. O problema é agravado quando é

considerado o tratamento de esgoto, cuja cobertura atinge apenas 8 % (GEO BRASIL, 2002,

p. 80).

No Brasil o crescimento desordenado dos grandes centros, a falta de saneamento

adequado, tanto do esgoto como de lixo, acarretam a escassez localizada de água. Portanto, a

falta de água no país é muito mais um problema decorrente do gerenciamento que da

64

disponibilidade, pois, tirando a região semi-árida nordestina, as demais regiões possuem

disponibilidade suficiente para garantir a demanda de água para irrigação, abastecimento

doméstico e industrial (TUCCI; HESPANHOL; CORDEIRO NETTO, 2000).

2.2.2.2 Subterrânea

Como já foi mencionado, o Brasil com o clima predominantemente tropical, recebe

uma quantidade de chuva entre 1.000 e 3.000 mm/ano, em 90% de seu território, que é

considerada abundante. Em função dos quadros hidrogeológicos dominantes, os corpos

rochosos com características relativamente favoráveis à circulação e ao armazenamento de

água subterrânea, os aqüíferos, podem ter extensões que variam entre alguns quilômetros

quadrados até milhões de quilômetros quadrados; podem ter espessuras de alguns metros até

centenas de metros; podem ocorrer na superfície ou se encontrarem a profundidades de até

milhares de metros; podem estar encerrados entre camadas relativamente pouco permeáveis;

podem ter porosidade/permeabilidade intergranular ou fraturas; podem fornecer água de

excelente qualidade para consumo ou ter águas relativamente salinizadas (REBOUÇAS, p.

121/122. apud REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002).

As reservas brasileiras de água subterrânea permanente são da ordem de 112.000 Km3,

sendo que 90% deste total estão em bacias sedimentares (BRASIL, 2002a. p. 21).

A qualidade da água subterrânea depende fundamentalmente da composição natural

das rochas, das atividades desenvolvidas pelo homem na região e a sua disponibilidade

dependerá da capacidade de recarga e do tamanho do aqüífero. Devido ao volume de chuvas,

temperaturas elevadas durante quase todo ano e uma alta reatividade geo-bioquímica, a água

subterrânea no Brasil tem uma qualidade compatível com a intensidade das recargas e o meio

geológico/ambiental por onde circula, apresentando, via de regra, boa qualidade para o

consumo humano (BRASIL, 2002b, p. 22).

Na Tabela 13 são apresentadas as reservas permanentes de águas subterrâneas no

Brasil e o intervalo mais freqüente da vazão dos poços.

65

Tabela 13: Disponibilidade de Água Subterrânea Domínio Aqüífero Área

(Km2) Sistema Aqüífero Principal Reservas (Km3) Interv. Vazão Poço

(m3/h) Substrato aflorante 600.000 Zonas fraturadas (PΕ) 80 <1-5 Substrato alterado 4.000.000 Manto rocha alterada e/ou fraturas (PΕ) 10.000 5 – 10 Bacia Sed. Amazonas 1.300.000 G. Barreiras (TQb)

F. Alter do Chão. (K) 32.500 10 – 400

Bacia Sed. São Luis-Barreirinhas

50.000 F. São Luis (TQ) F. Itapecuru (Ki)

250 10 – 150

Bacia Sed. Maranhão 700.000 F. Itapecuru (Ki) F. Cordas-Grajaú (Jc) F. Motuca (PTRm) F. Poti-Piaui (Cpi) F. Cabeças (Dc) F. Serra Grande (Sdsg)

17.500 10 – 1000

Bacia Sed. Potiguar-Recife

23.000 G. Barreiras (TQb) F. Calc. Jandaíra (Kj) F. Açu-Beberibe (Ka)

230 5 – 550

Bacia Sed. AL/SE 10.000 G. Barreiras (TQb) F. Marituba (Km)

100 10 – 350

Bacia Sed. Jatobá-Tucano-Recôncavo

56.000 F. Marizal (Kmz) F. S. Sebastião (Kss) F. Tacaratu (SDt)

840 10 – 500

Bacia Sed. Paraná (Brasil)

1.000.000 G. Baurú-Caiuá (Kb) F. S erra Geral (Jksg) F. Botucatu-Piramboia-Rio do Rasto (Pr/TRp/Jb) F. Furnas/ Aquidauana (D/PCa)

50.400 10 – 700

Depósitos Diversos 773.000 Aluviões, dunas (Q) 411 2 – 40 Totais 8.512.000 ≈ 112.000

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2002. p. 21, apud Rebouças.

2.2.3 Situação do Estado de São Paulo

2.2.3.1 Introdução

A REPLAN está localizada no município de Paulina, interior do Estado de São Paulo.

Nesta região, a bacia hidrográfica de maior interesse é a do Paraná e os aqüíferos Guarani e

Bauru, cujas reservas são apresentadas na Tabela 14:

Tabela 14: Reservas dos principais aqüíferos da província hidrológica da bacia do rio Paraná (m3)

Aqüífero Reservas reguladoras

Reservas permanentes

Reservas explotáveis

Número de poços

Bauru 74 x 109 2.400 x 109 24 x 109 12.000 Guarani 160 x 109 48.021 x 109 56 x 109 8.000 Fonte: MMA, Águas Subterrâneas do Brasil [?].

O Estado de São Paulo tem a maior população, o maior parque industrial, a maior

produção econômica, o maior registro de imigrantes do país. O Estado é o mais cosmopolita

66

da América Latina e tem o maior parque industrial brasileiro, fabricando produtos de alta

tecnologia, sendo também destaque na agricultura, na pecuária e no comércio (Governo do

Estado de São Paulo apud ABRASCE - Associação Brasileira de Shopping Center). Devido à

importância do mercado consumidor de São Paulo, a PETROBRAS possui quatro refinarias

no Estado, que juntas representaram 41% da capacidade instalada no Brasil em 2003.

O Estado de São Paulo, localizado na região sudeste do Brasil, segundo Censo do

IBGE de 2000, possui 645 municípios e apresenta hoje índices de desenvolvimento urbano e

industrial que o situam entre os países desenvolvidos da Europa Ocidental, tais como:

Espanha, Itália, Inglaterra, França e Alemanha. Com uma população de 35 milhões de

habitantes e uma densidade demográfica de 135 habitantes por km2, quatro grandes áreas

metropolitanas, é a mais complexa rede urbana da América Latina. A concentração urbana no

estado é tão intensa que num raio de 150 km do centro da cidade de São Paulo, a densidade

demográfica supera 500 habitantes por km2, muito superior a países como Alemanha, Japão,

Inglaterra e Itália (SÃO PAULO, 2000).

Um dos principais problemas em relação ao uso do solo diz respeito à ocupação

irregular de encostas, margem dos rios e áreas de mananciais, estimulada em grande parte

pela especulação imobiliária e pela favelização das cidades (SÃO PAULO, 2004, apud ANA

2002, p. 35). Esta grande concentração urbana feita de maneira desordenada, sem

planejamento adequado, acarreta graves problemas ambientais, com reflexos nos recursos

hídricos como falta de água potável, lançamento esgoto doméstico não tratado nos corpos

hídricos e ocupação de áreas de conservação e de mananciais, por exemplo.

O clima de São Paulo varia de acordo com o relevo, estando presentes quatro tipos

climáticos no Estado:

• Tropical superúmido (Aw): ocorre na baixada litorânea e encostas da Serra do Mar

com temperaturas variando entre 20ºC e 22ºC com chuvas abundantes, principalmente

em Santos (Itapanhaú) onde se registra o mais alto índice de chuvas do país,

4.154mm/ano.

• Tropical de altitude (Cwa): é o clima predominante na maior parte do planalto,

caracterizado por invernos secos e verões chuvosos onde as médias de temperatura

podem ultrapassar a casa dos 20ºC. Já em regiões montanhosas como é o caso dos

maciços de Itatiaia e Campos do Jordão, a temperatura decresce a 14ºC.

• Tropical quente e úmido (As): é encontrado a noroeste do Estado com temperaturas

na casa dos 24ºC (próximo dos rios Grande e Paraná) diminuindo ou aumentando de

acordo com as altitudes. O índice pluviométrico varia entre 1.000 e 1.250 mm/ano.

67

• Subtropical úmido (Cfa): predominante na região sul do Estado, com temperaturas

variando entre 18ºC e 20ºC. Os verões são quentes e, as chuvas bem distribuídas ao

longo do ano, resultando em um índice pluviométrico de 1.500 mm

(AMBIENTEBRASIL, 2005).

Pelo seu volume e potencial hidrelétrico, a bacia do Paraná é a mais importante de São

Paulo, sendo responsável pela energia hidrelétrica produzida no Estado. Os principais rios

desta bacia são o próprio Paraná, que limita São Paulo e Mato Grosso do Sul, e seus afluentes

da margem esquerda como: Paranapanema, Peixes, Tietê e Aguapeí, conforme mostra a

Figura 5:

Figura 5: Mapa hidrográfico de São Paulo Fonte: Portal AMBIENTEBRASIL

Apesar da precipitação pluviométrica e de possuir uma rede hidrográfica importante,

São Paulo apresenta problemas com relação à disponibilidade de água. Segundo o critério de

classificação da disponibilidade hídrica (m3/hab/ano) apresentado na Tabela 15 (NEVES,

2003), a RMSP e a região de Campinas e adjacentes são consideradas críticas, como pode ser

visto na comparação com outras regiões do País, apresentada na Tabela 16.

68

Tabela 15: Critério de classificação da disponibilidade hídrica Disponibilidade Hídrica (m3/hab/ano)

Situação

Abaixo de 1.500 m3 Crítica Entre 1.501 e 2.500 m3 Pobre em recursos hídricos Entre 2.501 e 2.500 m3 Situação confortável Entre 5.001 e 10.000 m3 Rico em recursos hídricos Acima de 10.000 m3 Muito rico em recursos hídricos Acima de 20.000 m3 Abundância

Fonte: Neves, 2003.

Tabela 16: Comparação da disponibilidade hídrica Região Disponibilidade

Hídrica (m3/hab/ano)

Situação

Região Metropolitana de São Paulo (bacia do Alto Tietê)

201 Crítica

Região de Campinas e adjacências 408 Crítica Pontal do Paranapanema (divisa com MS) 37.237 Abundante Estado de São Paulo 2.913 Pobre Bacia do Paraná (SP,PR,MG,GO,MS) 7.446 Rica Pernambuco 1.320 Crítica Paraíba 1.437 Crítica Rio de Janeiro 2.315 Pobre Ceará 2.436 Pobre Bahia 3.028 Confortável Piauí 9.608 Rica Goiás 39.185 Abundante Amazonas 878.929 Abundante Brasil 48.314 Abundante Fonte: Neves, 2003.

Na tabela acima podemos observar que a disponibilidade hídrica tanto na RMSP como

na região de Campinas são menores do que qualquer estado do Nordeste, onde a falta de água

é um problema histórico.

2.2.3.2 Bacia Hidrográfica do Paraná

Como já foi mencionado, a Refinaria objeto do presente trabalho está localizada na

bacia do rio Paraná. O rio Paraná, formado pelos rios Parnaíba e Grande, é o segundo maior

rio em extensão na América do Sul e o décimo do mundo em termos de vazão. Seus maiores

69

tributários são os rios Tietê, Paranapanema, Iguaçu e Paraguai e sua bacia possui uma área de

879.860 km2, o que corresponde a 10 % do território brasileiro, e tem vazão média de 10.371

m3/s. A região compreende os estados de São Paulo (25%), Paraná (21%), Mato Grosso do

Sul (20%), Minas Gerais (18%), Goiás (14%), Santa Catarina (1,5%) e Distrito Federal

(0,5%) (BANCO MUNDIAL, 2004, Parte I, p. 8). A Figura 6 mostra a bacia do rio Tietê –

Paraná.

Figura 6: Bacia do Rio Tietê – Paraná Fonte: Portal Wikipedia.

A Tabela 17 mostra a disponibilidade e demanda de recursos hídricos na Região

Hidrográfica do Paraná (BRASIL, 2003 p. 263):

70

Tabela 17: Disponibilidade Hídrica da Bacia do rio Paraná

P: Precipitação média anual; E: Evapotranspiração real; Q: Vazão média de longo período; q: Vazão específica; Q95: Vazão com permanência de 95 %. *Disponibilidade considerada igual a Q95 ** Disponibilidade considerada como o somatório do Q95 das bacias montantes. Taxa: Demanda/Disponibilidade Fonte MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2003. p.263. A demanda da bacia do rio Paraná, por atividade, é mostrada na Tabela 18. Tabela 18: Demanda por atividade na bacia do rio Paraná

Percentual Demanda Vazão m3/s Geral Tietê*

Urbana 190,75 32 62 Rural 22,81 4 Animal 34,57 6 Industrial 146,01 25 68,5 Irrigação 195,51 33 Total 589,65 100 * % da demanda total Fonte: Adaptado de Brasil, 2003b, p. 264.

32%

4%

6%25%

33%Urbana

Rural

Animal

Industrial

Irrigação

Demanda total da Região: 589,65 m3/s

Figura 7: Demanda hídrica, por atividade, na bacia do rio Paraná Fonte: Elaborado pelo autor.

71

A região possuía, no ano de 2000, 54.639.523 habitantes (32% da população nacional)

o que corresponde a uma densidade demográfica de 62,1 hab/km2. É a região que apresenta

maior desenvolvimento econômico no Brasil e conta com 59,3% do total da capacidade

instalada de energia do país (38.370.836 KW) e com 75% da demanda (BANCO MUNDIAL,

2004).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, os aspectos prioritários da Região

Hidrográfica do Paraná, com relação aos recursos hídricos, são:

Tabela 19: Aspectos prioritários da região da bacia do rio Paraná Tema Nível de Relevância Atendimento a demanda hídrica Abastecimento de água 2 Irrigação 1 Energia elétrica 1 Navegação 1 Recreação/turismo 2 Aqüicultura/pesca 2 Conflitos entre usos 1 Impactos ambientais e sociais dos usos da água Efluentes urbanos domésticos 1 Efluentes industriais 1 Navegação (riscos de transporte, efeitos de alteração da via) 2 Energia hidrelétrica (barragens) 1 Riscos hidrológicos Inundação 1 Doenças de veiculação hídrica 1 Impactos ambientais que repercutem sobre os recursos hídricos Desmatamento 2 Queimadas 2 Mineração: degradação e efluentes 2 Erosão do solo na produção agropecuária 1 Desertificação 3 Poluição difusa do uso de agrotóxicos 1 Impactos nos sistemas costeiros 3 Questões Institucionais Apoio aos Estados 1 Instrumentos de gestão 1 Monitoramento 1 Capacitação 1 Níveis de Relevância: Nível 1: tema de destaque, significando um grande problema ou oportunidade. Nível 2: tema de importância, mas com destaque menor que o nível anterior. Nível 3: tema secundário, de pouco destaque para região. Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2003, p. 357 a 359.

72

Da rede hidrográfica que compõem o rio Paraná, a sub-bacia de interesse do presente

do estudo faz parte da bacia do rio Tietê, que é o mais importante curso de água do Estado de

São Paulo, não só por cortar a Capital mas também por atravessar, praticamente, todo o

território paulista, desde sua nascente no município de Salesópolis, na Serra do Mar, até

deságua no Rio Paraná, na divisa com o estado de Mato Grosso do Sul.

O rio Tietê tornou-se um importante instrumento de colonização no País devido sua

característica de correr para interior ao contrário de outros cursos d'água que correm para o

mar. A bacia do rio Tietê é composta por seis sub-bacias: Alto Tietê, onde está inserida a

Região Metropolitana de São Paulo; Piracicaba onde está localizada a REPLAN;

Sorocaba/Médio Tietê; Tietê/Jacaré; Tietê/Batalha e Baixo Tietê.

Segundo a “Informações Detalhadas Sobre o Rio Tietê” (BRASIL, 2005k), o Rio é

dividido em quatro trechos, a saber:

• Alto Tietê - trecho compreendido entre as nascentes até a cidade de Pirapora do Bom

Jesus, com aproximadamente 250 km de extensão e 350 m de desnível. Neste trecho, o

rio percorre região de grande concentração populacional, tendo suas condições

naturais intensamente modificadas pela ação humana.

• Médio Tietê Superior - da cidade de Bom Jesus de Pirapora à cidade de Laras, onde

existe a barragem de Barra Bonita, com 260 km de extensão e 218 m de desnível.

• Médio Tietê Inferior - da cidade da Laras até a corredeira de Laje. Encontra-se

praticamente todo canalizado por uma série de barragens de aproveitamento múltiplo.

A área drenada pelo Médio Tietê e de 42.277 km2 , havendo na sua bacia numerosas

cidades importantes, entre as quais: Americana, Araraquara, Bauru, Botucatu,

Campinas, Jaú, Limeira, Lins Piracicaba, Rio Claro e São Carlos. É nesta região onde

está localizada a REPLAN.

O principal afluente do Médio Tietê é o rio Piracicaba, com 185 km de extensão

desde a confluência de seus formadores o rio Jaguari e Atibaia. O rio Jaguari é a fonte

de abastecimento de água da REPLAN e o rio Atibaia é o local onde a Refinaria lança

seus efluentes após tratamento.

• Baixo Tietê - da corredeira de Laje até a foz no rio Paraná, com 240 km de extensão e

98 m desnível.

73

2.2.3.3 Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

2.2.3.3.1 Descrição da bacia

A Lei Estadual nO 7.663, de dezembro de 1991, que instituiu a Política Estadual de

Recursos Hídricos e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, dividiu o

Estado de São Paulo em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHIs. A

classificação das 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São

Paulo é mostrada na Figura 8:

Figura 8: Localização das 22 UGRHI Fonte: Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2004, p. 2.

74

Figura 9: Classificação das UGRHIs Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 3.

A UGRHI de maior interesse do presente estudo é a de número 5, bacia dos rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí - PCJ. A UGRHI engloba a região metropolitana de Campinas

e é caracterizada pelo acentuado desenvolvimento industrial e alta densidade populacional,

sendo composta por 57 municípios. Na área rural, as principais culturas são: cana-de-açúcar,

laranja, pinus e eucalipto, destinadas as agroindústrias presentes e em outras regiões. Os usos

principais da água são: abastecimento público e industrial; afastamento de esgoto doméstico e

industrial; irrigação, geração de energia e recreação (SÃO PAULO, 2005, p. 84).

Na tabela abaixo estão relacionados os municípios paulistas e mineiros cuja área

territorial encontram-se, total ou parcialmente, localizada em uma das principais sub-bacias

do PCJ. Tabela 20: Municípios por sub-bacia da bacia do PJC Bacia Sub-bacia Municípios

Piracicaba Águas de São Pedro, Americana, Campinas, Charqueada, Hortolândia, Iracemápolis, Limeira, Monte Mor, Nova Odessa, Paulinia, Piracicaba, Rio das Pedras, Saltinho, Sta. Bárbara d`Oeste, Sta. Maria da Serra, São Pedro e Sumaré.

Piracicaba

Corumbataí Analândia, Charqueada, Cordeirópolis, Corumbataí, Ipeuna, Iracemápolis, Itirapina, Piracicaba, Rio Claro, Sta. Gertrudes, São Pedro.

75

Jaguari Americana, Amparo, Artur Nogueira, Bragança Paulista, Camanducaia, Campinas, Cordeirópolis, Cosmópolis, Extrema, Holambra, Itapeva, Jaguariúna, Joanópolis, Limeira, Morungaba, Nova Odessa, Paulinia, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracaia, Sto. Antonio de Posse, Tuiuti, Vargem.

Camanducaia Amparo ExtremaHolambra, Jaguariúna, Monte Alegre do Sul, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Sto. Antonio de Posse, Toledo e Tuiutí.

Atibaia Americana, Atibaia, Bragança Paulista, Camanducaia, Campinas, Campo Limpo Paulista, Cosmópilis, Extrema, Itatiba, Jaguariúna, Jarinu, Joanópolis, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Nazaré Paulista, Nova Odessa, Paulínia, Piracaia, Valinhos e Vinhedo.

Capivari Campinas, Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jundiaí, Louveira, Mombuca, Monte Mor, Rafard, Rio das Pedras, Sta. Bárbara d`Oeste, Valinho e Vinhedos.

Jundiaí Atibaia, Cabreuva, Campo Limpo Paulista, Indaiatuba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Mairiporã, Salto e Várzea Paulista.

Fonte: Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí -2002/2003, 2004, p. 9.

Figura 10: Divisão Municipal da UGRHI 5 Fonte: Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí -2002/2003, p. 9.

76

A Bacia Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí é uma bacia federal,

cortando dois estados, sendo que 90% de sua área é em território paulista e o restante em

terras mineiras. Sua área de drenagem é de 14.314 km2 e seus principais constituintes são: os

rios Capivari e Capivari-Mirim (180 km); o rio Jundiaí, que nasce na Serra de Pedra

Vermelha, no município de Mairiporã e desemboca na margem direita do rio Tietê, no

reservatório da Usina de Porto Góes, no município de Saltos; rios Jundiaí-Mirim e Piraí; rios

Atibaia e Corumbataí, Jaguari e Piracicaba, que deságua no reservatório da barragem da

Usina Hidrelétrica de Barra Bonita, de concessão da Cia de Geração Tietê. O rio Atibaia tem,

a 500 metros a montante de sua confluência com o rio Jaguarí, a represa hidrelétrica de

Americana, concessão da CPFL (Cia. Paulista de Força e Luz) (SÃO PAULO, 2005, p.84 e

Rede Telemétrica da Bacia do rio Piracicaba –SP).

O rio Atibaia tem suas nascente no Estado de São Paulo, sendo formado pelos rios

Cachoeira e Atibainha.

O rio Jaguari nasce no sul do Estado de Minas Gerais, sendo, portanto, um rio federal,

mas percorrendo sua maior distância no Estado de São Paulo. No seu trecho final, o rio

Jaguari recebe seu principal afluente, o Camanducaia.

Aproximadamente no centro da bacia, os rios Atibaia e Jaguari encontram-se para

formar o rio Piracicaba. O Piracicaba recebe o rio Corumbataí, seu mais importante tributário,

desaguando, enfim, no rio Tietê.

Existem vários reservatórios importantes na bacia. Três deles situam-se na região das

cabeceiras e fazem parte do Sistema Cantareira. Esse sistema é responsável pela exportação

de água da bacia do Piracicaba para a Região Metropolitana de São Paulo. Cerca de 60% da

água que abastece a cidade de São Paulo é proveniente da bacia do Piracicaba. Outro

reservatório importante é o de Santo Grande, situado na porção final do rio Atibaia, próximo

às cidades de Americana e Paulínia.

As vazões dos rios variam bastantes e as maiores vazões ocorreram no rio Piracicaba,

chegando a atingir valores próximos a 350 m3/s no ano de 1983. A vazão média do Piracicaba

entre 1947 e 1992 foi de 143 m3/s. A segunda maior vazão na bacia foi observada no rio

Jaguari (média entre 1947 e 1992, 54 m3/s), chegando atingir valores próximos a 150 m3/s

também no ano de 1983. Finalmente, dos grandes rios da bacia, o Atibaia é que tem as

menores vazões (média de 36 m3/s entre 1947 e 1992). Neste rio, a maior vazão anual

observada foi também em 1983 e atingiu quase 70 m3/s (PROJETO..., 2004, p.9).

77

Figura 11: Bacia dos rios Piracicaba, Capivari, Jundiaí Fonte: Rede Telemétrica da Bacia do rio Piracicaba (SP).

Uma área de 1230 km2 da bacia do rio Jaguari é controlada pelos reservatórios do

Sistema Cantareira. Do mesmo modo que 703 km2 da bacia do rio Atibaia são controlados

pelos reservatórios Cachoeira e Atibainha, também pertencentes ao Sistema Cantareira.

Figura 12: Sub-bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí Fonte: Comitê..., 2004.

78

2.2.3.3.2 Qualidade das águas da bacia

Devido a sua importância para região e para RMSP, em 1989 foi constituído o

Consórcio Intermunicipal das Bacias do Piracicaba e Capivari. A implantação do Comitê das

Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) foi feita em 1993. A

UGRHI 5 possui uma das maiores redes de monitoramento do Estado, como mostra a tabela a

seguir: Tabela 21: Rede de Monitoramento da qualidade das águas de São Paulo

Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 6.

A CETESB utiliza desde 1975 para o gerenciamento ambiental e para informar ao

público em geral a qualidade das águas, o Índice de Qualidade de Águas – IQA. O IQA varia

de 0 a 100 e é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água correspondente às

nove variáveis: temperatura da amostra; pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de

oxigênio – DBO5,20 (5 dias a 20 OC), coliformes termotolerantes, nitrogênio total, fósforo

total, resíduo total e turbidez.

As variáveis foram escolhidas através de pesquisa de opinião entre especialista em

qualidade de água, que indicaram nove entre 35 variáveis. Os especialistas indicaram também

os pesos relativos de cada variável e a condição com que se apresenta cada parâmetro,

segundo uma escala de valores (SÃO PAULO, 2005, p. 42).

79

Outro indicador acompanhado pela CETESB é o Índice de Substâncias Tóxicas e

Organolépticas – ISTO, que é um indicativo da presença de substâncias tóxicas e das

variáveis que afetam as qualidades organolépticas. Para cada parâmetro incluído no ISTO são

estabelecidas curvas de qualidade, que atribuem ponderação entre 0 e 1.

As curvas que representam as variáveis potencialmente formadoras de trihalometanos,

metais e fenóis, são construídas utilizando dois níveis de qualidade e a cada um são

atribuídos os valores numéricos de 1,0 ao limite inferior e 0,5 ao limite superior.

O critério estabelece que:

qi = 1 - água adequada para consumo humano segundo os padrões da Portaria 1469 do

Ministério da Saúde, em relação aos parâmetros avaliados.

0,5 ≤ qi < 1 - água adequada para tratamento convencional. Atende ao padrão de

qualidade da Classe 3 da Resolução CONAMA 20/86, em relação aos parâmetros avaliados.

qi < 0,5 - água não apropriada ao consumo humano, mesmo após tratamento

convencional. Não atende ao padrão de qualidade estabelecido para Classe 3 da Resolução

CONAMA 20/86.

A Tabela 22 apresentada os limites superiores e inferiores dos parâmetros

considerados no ISTO. Tabela 22: Limites superiores e inferiores – metais pesados e fenóis Grupo Variáveis Unidade Limite Inferior Limite

Superior Cádmio mg/l 0,005 0,01 Chumbo mg/l 0,05 0,10 Cromo Total mg/l 0,05 0,50 Níquel mg/l 0,05 0,07

Tóxico

Mercúrio mg/l 0,001 0,002 Fenóis mg/l 0,0001 0,3 Zinco mg/l 5 7 Ferro mg/l 0,3 5 Manganês mg/l 0,1 0,5 Alumínio mg/l 0,2 2

Organolépticas

Cobre mg/l 1 4 Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 44.

O ISTO é calculado a partir da ponderação do grupo de substâncias tóxicas (ST) e do

grupo de substâncias organolépticas (SO)

ST é obtido através da multiplicação dos dois valores mínimos mais críticos do grupo

de variáveis que indicam a presença dessas substâncias na água:

ST= Mín-1(qTA;qTHMFP; qCd; qCr; qPb; qNi; qHg)XMín-2 (qTA; qTHMFP; qCd; qCr; qPb; qNi;

qHg)

80

O SO é obtido através da média aritmética das qualidade padronizadas dos parâmetros

pertencentes a este grupo:

SO= Média Aritmética (qfenóis; qAl; qCu; qZn; qFe; qMn)

ISTO= ST X SO

O IQA e ISTO são utilizados para cálculo da Qualidade de Águas Brutas para Fins de

Abastecimento Público (IAP), através da expressão:

IAP = IQA X ISTO

O índice IAP é dividido em 5 categorias:

Tabela 23: Classificação da qualidade da água Classificação Faixa de valores Qualidade Ótima 79< IAP ≤100 Qualidade Boa 51 IAP ≤79 Qualidade Regular 36 IAP ≤ 51 Qualidade Ruim 19 IAP ≤ 36 Qualidade Péssima IAP < 19 Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 46.

A CETESB acompanha também o indicador Índice de Qualidade de Águas para

Proteção da Vida Aquática e de Comunidades Aquáticas (IVA), que fornece informações não

só sobre a qualidade da água em termos ecotoxicológicos, mas também sobre o seu estado

trófico. O IVA leva em consideração a presença e a concentração de contaminantes químicos

tóxicos, seus efeitos sobre os organismos aquáticos (toxidade) e duas variáveis consideradas

essenciais para a biota, o pH e o oxigênio dissolvido, variáveis essas agrupadas em outros

indicadores, o Índice de Variáveis Mínimas para a Preservação da Vida Aquática (IPMCA) e

o IET – Índice de Estado Trófico de Carlson modificado por Toledo. Desta forma o IVA

fornece informações sobre o estado ecotoxicológico e o grau de trofia da água.

Os resultados apresentados pela CETESB no Relatório de Qualidade das Águas

Interiores de São Paulo (SÃO PAULO, 2005, p. 98) para sub-bacia do rio Piracicaba são os

que seguem:

81

Tabela 24: Médias mensal e anual do IAP – 2004 – Bacia do PCJ

Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 98.

A Tabela 24 mostra que a Qualidade de Águas Brutas para Fins de Abastecimento

Público (IAP) do rio Jaguarí, fonte de abastecimento da REPLAN, varia entre ruim e boa em

função do ponto de amostragem e da época do ano, o mesmo acontecendo com o Índice de

Qualidade de Águas (IQA), Tabela 25.

Tabela 25: Médias mensal e anual do IQA - 2004 – Bacias do PCJ

Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 98.

82

Tabela 26: Médias mensal e anual do IVA – 2004 – Bacia PCJ

Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 99. Tabela 27: Médias mensal e anual do IET – 2004 – Bacia do PCJ

Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 100.

O indicador Índice de Qualidade de Água para Proteção da Vida Aquática e de

Comunidades Aquática (IVA) do rio Atibaia, corpo receptor dos efluentes da REPLAN,

Tabela 26, recebe classificações que variam de péssima a ótima, mostrando que, em alguns

trechos e em determinados períodos do ano, a situação do rio pode ser considerada crítica. O

83

Índice de Estado Trófico (IET), Tabela 27, mostra que a situação do rio Atibaia, em

determinados trechos, é considerada crítica durante praticamente todo os períodos do ano

(estado hiperotrófico). Segundo o Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de

São Paulo – 2004 (SÃO PAULO, 2005, p. 50), a classificação de Estado Hiperotrófico é

atribuída a: Corpos de água afetados significativamente pelas elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes, com comprometimento acentuado nos seus usos, podendo inclusive estarem associados a episódios floração de algas e de mortandade de peixes e causar conseqüências indesejáveis sobre as atividades pecuárias nas regiões ribeirinhas.

A CETESB também acompanha a qualidade dos sedimentos e os resultados, segundo

valores estabelecidos pelo “Canadian Council of Ministers of the Environment” (SAO

PAULO, 2005, p. 53), para o ano de 2004, são apresentados na Tabela 28:

Tabela 28: Avaliação da qualidade dos sedimentos – 2004 – Bacia PCJ

Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 100.

2.2.3.3.3 Disponibilidade

O Relatório Zero – 1999 (SÃO PAULO, 2002. p. 31) já apontava a bacia como crítica

em termos de disponibilidade hídrica superficial com a demanda próxima a disponibilidade e

considerava as áreas de Campinas, São Pedro e seus arredores críticas com relação à poluição

das águas subterrâneas.

A Taxa Geométrica de Crescimento Populacional -TGCA dos municípios da bacia do

PCJ passou de 3,11% no período 1980/1991 para 2,53% no período 1991/2000. A população

84

dos municípios da bacia, que em 2003 atingiu 4.751.249, era, em 2000, de 4.467.633

habitantes (CENSO, 2000) e, segundo projeções, deve aumentar para 5.000.192 em 2005,

5.699.243 em 2010 e 7.525.246 em 2020 (COMITÊ...,2004, p. 11).

Tabela 29: Projeção populacional nas bacias hidrográfica do PCJ

Projeções populacionais (habitantes) Município 2003 2005 2010 2020

Total – PCJ (SP) 4.694.581 4.940.426 5.630.914 7.435.626 Total – PCJ (MG) 56.668 59.766 68.329 89.620 TOTAL – PCJ 4.751.249 5.000.192 5.699.243 7.525.246 Fonte: Censo (2000), Fundação Seade (2004) apud Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (2002-2003), p. 12.

Projeção da População

2000 2003 2005 2010 2020

4.467.633 4.751.249 5.000.1925.699.243

7.525.246

Hab

itant

es

Figura 12: Projeção populacional nas bacias hidrográfica do PCJ Fonte: Elaborado pelo autor.

Do Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí – 2002/2003, Relatório Final (COMITÊ..., 2004) foram tiradas

as informações que são apresentadas a seguir:

As áreas de drenagem dos rios que compõem a bacia do PCJ são mostradas na Tabela

30: Tabela 30: Área de drenagem da bacia do PCJ Sub-bacia Código Área de Drenagem (km2) Área de Drenagem (%) Piracicaba 1 12.568,72 82,1 Jundiaí 2 1.114,03 7,3 Capivari 3 1.620,92 10,6 Total 15.303,67 100,0 Fonte: Comitê..., 2004, p. 126.

85

A Tabelas 31 apresenta as áreas de drenagem dos rios que compõem a sub-bacia do rio

Piracicaba, que é a de maior interesse deste trabalho.

Tabela 31: Área de drenagem da sub-bacia do rio Piracicaba Sub-bacia Código Área de Drenagem (km2) Área de Drenagem (%) Piracicaba 1.1 3.700,79 29,4 Rio Corumbataí 1.2 1.679,19 13,4 Rio Jaguari 1.3 3.290,00 26,2 Rio Atibaia 1.4 2.868,74 22,8 Rio Camanducaia 1.5 1.030,00 8,2 Total 12.568,72 100,0 Fonte: Comitê..., 2004, p. 126.

A vazão de uma bacia hidrográfica é função do regime de chuva, de sua área de

drenagens e de variáveis de fundamental importância como: a forma da bacia hidrográfica; (ii)

densidade da rede de drenagem, (iii) comprimento do canal principal e da bacia, (iv)

declividade média, (v) diferenças de cotas entre o ponto mais extremo (nascentes) e a sua foz.

A vazão também é influenciada pela geologia, pelo relevo, tipos de solo e seu uso e ocupação,

cobertura vegetal. Entretanto, o relatório optou por uma simplificação e apresenta uma

estimativa baseada em fórmula matemática em função da área de drenagem e coeficientes que

são ajustados mensalmente em função das medições feitas na bacia. Os valores estimados

pelo modelo matemático são comparados com valores estimados através da relação entre a

área de drenagem relativa à estação de medição e a área total da bacia. A metodologia é

utilizada para suprir a falta de um número adequado de estações fluviométricas

(COMITÊ...,2004, p. 146).

As vazões médias mensais e mínimas mensais estimadas por este método para sub-

bacia do rio Jaguari, que é a fonte de abastecimento de água da Refinaria, são apresentada na

Tabela 32 (COMITÊ...,2004, p. 148): Tabela 32: Fluvigrama da sub-bacia do rio Jaguari Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Vazões médias mensais estimadas (m3/s) Média 82,3 93,3 82,4 58,3 43,7 38,4 33,3 27,7 27,3 32,9 38,1 59,1

Mínima 43,8 55,9 53,1 42,6 34,2 29,6 26,7 22,4 20,4 20,8 23,7 29,2

Vazões estimadas para o ano de 2002 (m3/s) Média 83,9 84,8 44,0 29,8 23,9 14,7 12,1 13,9 12,3 7,4 15,0 21,8

Mínima 29,1 38,1 31,1 19,3 16,7 12,4 9,9 7,5 8,2 4,4 6,6 11,6

Vazões estimadas para o ano de 2003 (m3/s) Média 56,7 42,5 24,8 16,3 13,1 9,9 7,8 7,8 5,7 8,7 14,4 38,6

Mínima 8,3 19,3 14,9 11,2 10,6 7,7 6,7 5,5 3,7 3,7 5,7 17,5

Fonte: Comitê... 2004, p. 148.

86

O citado relatório apresenta também estimativas das vazões: média plurianual (Qm);

mínima com 95% de permanência (Q95); mínima com 1 mês de duração e tempo de retorno de

10 anos (Q1,10) e mínima com 7 dias de duração e tempo de retorno de 10 anos (Q7,10),

mesmo sabendo que a existência de barragens tornam estas informações imprecisas

(COMITÊ..., 2004, p. 157).

Tabela 33: Vazões Q7,10 e Qm da bacia do PCJ Sub-Bacia AD Total

(km2) Q7,10 da área total (m3/s)

Qm (m3/s)

1- Baixo Piracicaba 1.878,99 4,17 18,60 2- Alto Piracicaba 1.780,53 4,16 18,62 3- Rio Corumbataí 1.702,59 4,65 20,84 4- Baixo Jaguari 1.094,40 2.26 9,32 5- Rio Camanducaia 1.022,29 3,54 15,80 6- Rio Jaguari 2.163,63 7,40 30,40 7- Rio Atibaia 2.859,88 9,46 36,40 Total Bacia do Piracicaba 12.502,31 35,64 149,98 8- Rio Capivari 1.611,68 2,59 12,34 9- Rio Jundiaí 1.117,65 2,32 11,00 Total 15.231,64 40,55 173,32 AD = Área de Drenagem Qm = Vazão média Q7,10 = Vazão mínima de 7 dias consecutivos e período de retorno de 10 anos Fonte: Comitê..., 2004, p. 161 Apud CETEC (2000).

O consumo da bacia do PCJ, por setor usuário, é mostrado na Tabela 34: Tabela 34: Distribuição da captação da bacia do PCJ por usuário

Fonte: Adaptado de Comitê..., 2004, p. 168.

Baseado nos dados apresentados no Quadro 2.4.4.1 – Vazão Captada (COMITÊ..., 2004,

p. 295); Quadro 2.4.4.2 -Vazão Lançada (COMITÊ..., 2004, p. 296) e Quadro 2.4.4.3 -Vazão

Disponível (COMITÊ..., 2004, p. 296) constantes no “Relatório da Situação dos Recursos

Hídricos das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí – 20032/2003 -

Uso Urbano Industrial Rural Outros

Bacia

m3/s % m3/s % m3/s % m3/s % Rio Piracicaba 2,69 30,60 4,35 49,60 1,67 19,10 0,06 0,68 Rio Corumbataí 2,51 62,80 0,70 17,50 0,73 18,30 0,06 1,50 Rio Jaguari 2,60 36,00 3,36 46,50 1,26 17,40 0,01 0,14 Rio Camanducaia 0,29 28,70 0,11 10,90 0,60 59,40 0,01 0,90 Rio Atibaia 5,51 54,50 3,01 29,70 1,59 15,70 0,01 0,10 Total Piracicaba 13,61 43,70 5,06 16,20 5,85 18,80 0,15 0,50 Rio Capivari 1,51 23,90 2,38 37,60 2,33 36,80 0,11 1,70 Rio Jundiaí 2,25 58,30 0,93 24,10 0,65 16,80 0,03 0,78

87

Relatório Final” é possível fazer o seguinte balanço da disponibilidade hídrica das sub-bacias

da UGRHI 5, que é apresentado na Tabela 35: Tabela 35: Balanço da disponibilidade hídrica na bacia do PCJ Bacia Q7,10

(m3/s) QDisp. (m3/s)

QLançamento (m3/s)

QTotal (m3/s)

QCaptação (m3/s)

Saldo (m3/s)

Piracicaba 8,160 8,160 7,995 16,155 8,779 7,376 Corumbataí 4,704 4,704 1,029 5,733 3,996 1,737 Jaguari 5,519 6,519* 2,351 8,870 7,230 1,640 Camanducaia 3,593 3,593 0,331 3,924 1,011 2,913 Atibaia 6,403 8,403* 6,549 14,952 10,123 4,829 Total Piracicaba 28,397 31,379 18,255 49,643 31,139 18,495 Total Capivari 2,382 2,382 4,034 6,416 6,333 0,083 Total Jundiaí 2,298 3,298 2,783 6,081 3,859 2,222 PCJ 33,059 37,059 25,072 62,131 41,331 20,800 *A vazão disponível é maior porque no citado relatório foi adicionada vazões de reversão. Fonte: Adaptado de Comitê..., 2004.

Segundo o citado relatório, a vazão captada pelas 17 maiores indústrias da bacia é a

seguinte: Tabela 36: Vazão cadastrada das 17 maiores indústrias (mil m3/h) USUÁRIO 1999 2002-2003 Município Curso d` água RHODIA BRASIL LTDA 2,35 2,35 Paulínia Rio Atibaia UNIÃO SÃO PAULO S.A. AGRICULTURA IND. COM

1,39 1,39 Rafard Rio Capivari

RIPASA S/A CELULOSE E PAPEL 1,00 1,00 Limeira Rio Piracicaba PETRÓLEO BRASILEIRO SA 0,44 1,76 Paulínia Rio Jaguari USINA AÇUCAREIRA SANTA CRUZ

0,7 0,7 Capivari Cruz,

Ribeirão Água Choca e Córrego São Roque

USINA SANTA HELENA S.A. AÇÚCAR E ÁLCOOL

0,5 0,5 Rio das Pedras

Piracicamirim e Córrego Joaquim Bento

USINA AÇUCAREIRA ESTER SA

0,47 0,47 Cosmópolis Córrego Pirapitingui

BUTILAMIL INDUSTRIAS REUNIDAS S/A.

0,29 0,29 Piracicaba Rio Corumbataí

VOTORANTIM CELULOSE E PAPEL S.A

0,23 0,46 Piracicaba Rio Piracicaba

AJINOMOTO NTERAMERICANA IND. E COM LTDA.

0,35 0,5 Limeira Rio Jaguari

CIA BRASILEIRA DE BEBIDAS

0,33 0,33 Jaguariúna Rio Jaguari

VICUNHA S.A

0,32 0,32 Americana Rio Piracicaba

USINA AÇUCAREIRA FURLAN S A

0,25 0,25 Santa Bárbara D’Oeste

Ribeirão LAmbari

EUCATEX MADEIRA LTDA.

0,22 0,22 Salto Rio Jundiaí

88

continuação KRUPP METALURGICA CAMPO LIMPO LTDA

0,22 0,22 Campo Limpo Paulista

Rio Jundiaí

EUCATEX S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO

0,19 0,19 Salto Rio Jundiaí

COSAN S.A. INDUSTRIA E COMERCIO

0,19 0,19 Piracicaba Rio Corumbataí

TOTAL 9,41 11,11

9,41 11,11

Fonte: Comitê..., 2004, p.223.

A Tabela 37 mostra a projeção de demanda para o abastecimento público mantendo o

índice de perdas atuais e com redução de 25% do índice de perdas, considerando o consumo

per capta atual dos municípios que compõe a bacia e com redução do consumo per capita.

Tabela 37: Projeção da demanda de água para abastecimento público Consumo bruto (m3/s)

Demanda (m3/s) mantido índice de perdas globais no valor atual*

Demanda (m3/s) com redução do índice de perdas globais a 25%**

2003 2010 2020 2010 2020 17,521 26,852 51,976 25,413 48,701 Com redução do consumo per capta para 200 L/dia

Demanda (m3/s) mantido índice de perdas globais no valor atual*

Demanda (m3/s) com redução do índice de perdas globais a 25%**

2010 2020 2010 2020

13,032

16,505 22,760 15,623 21,442 *Os índices de perdas utilizados foram obtidos através da SABESP e dos questionários enviados aos municípios. Para os municípios que não forneceram os valores necessários, utilizou-se o valor de perdas físicas médio da bacia(18,05%). Deve-se salientar que para os municípios em que os índices de perdas fossem menores que 25 %, estes não foram alterados. ** nos casos em que está registrado índice de perdas físicas inferior a 12,5%, o valor foi mantido. Fonte: Comitê..., 2004, p.220.

2.2.3.4 Água subterrânea

Conforme descrito no “RELATÓRIO DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS DO ESTADO DE SÃO PAULO 2001-2003” (SÃO PAULO, 2004, p.

39/45), os principais aqüíferos existentes no Estado são:

89

Sistema Aqüífero Bauru. Constitui uma unidade aqüífera única formada pelas três

litofácies da Formação Bauru e mais a Formação Caiuá, ocupando pouco mais de 40% da área

do Estado.

A porosidade efetiva varia de acordo com a composição das camadas entre 15% nas

camadas arenosas a 5% nos arenitos calcíferos e siltosos. Sua permeabilidade também varia

bastante, apresentando um valor médio de 0,5 m/dia que, multiplicando pela espessura do

aqüífero, fornecem valores de transmissividade da ordem de 10 m2/dia a 100 m2/dia.

Sua recarga é feita diretamente pela precipitação pluvial e o aqüífero funciona como

reservatório regulador de sua base de drenagem composta pelos rios Paranapanema, Tietê,

Grande e Paraná, bem como a malha de afluentes na sua área de afloramento.

Sistema Aqüífero Serra Geral. A formação Serra Geral em si não constitui camadas

aqüíferas, sendo a água subterrânea proveniente de falhas e fissuras e sua potencialidade está

diretamente ligada à densidade de fraturamento, grau de alteração dos horizontes vesiculares,

sistema de alimentação e inter-relação com outros aqüíferos, não podendo ser avaliado por

parâmetros como porosidade e permeabilidade.

Os basaltos afloram numa extensão de 20.000 km2, estendendo-se por toda região

Oeste e Central do Estado, subjacente aos sedimentos do Grupo Bauru. A sua recarga é feita

através pela precipitação pluviométrica sobre os solos basálticos que atinge as zonas de

alteração e fissura da rocha matriz. A recarga também se dá pela interação com os aqüíferos

Bauru, Botucatu e Pirambóia. Sua drenagem principal é feita por rios.

Sistema Aqüífero Guarani. O Aqüífero Guarani é o maior manancial de água doce

subterrânea transfronteiriço do mundo, sendo a principal reserva de água doce da América do

Sul. Está localizado na região centro-leste da América do Sul e estende-se por uma área de 1,2

milhões de km2, sendo 840.000 km2 no Brasil, 58.500 km2 no Paraguai, 58.500 km2 no

Uruguai e 255.500 km2 na Argentina. No Brasil, o Aqüífero abrange os Estados de Goiás,

Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

(SÃO PAULO, 2004a, p. 40).

O Aqüífero Guarani é constituído pelas Formações Botucatu e Pirambóia e pode

alcançar espessuras de até 450 metros nas áreas centrais da bacia, confinada pelo derrames

basáltico da Formação Serra Geral. A região do afloramento é atravessada pelos rios Tietê,

Piracicaba, Mogi-Guaçu, Pardo, Paranapanema, entre outros.

Área de afloramento do Aqüífero Guarani no Estado de São Paulo, é apresentada na

figura abaixo:

90

Figura 13 : Afloramento do Aqüífero Guarani no Estado de São Paulo Fonte: SÃO PAULO, 2004a, p. 42.

São apresentadas a seguir algumas informações sobre o Aqüífero Guarani:

91

Figura 14: Distribuição do Aqüífero Guarani na América do Sul Fonte: São Paulo, 2004a, p. 40 (elaborado pelo autor).

Figura 15: Distribuição da área do Aqüífero Guarani no Brasil Fonte: REBOUÇAS in REBOUÇAS, BRAGA e TUNDISI, 2002, p. 137.

92

Figura 16: Distribuição dos poços do Aqüífero Guarani Fonte: CHANG, 2001, p. 11.

Figura 17: Participação dos estados no volume explorado do Aqüífero Guarani Fonte: CHANG, 2001 p. 11. Sistema Aqüífero Tubarão. O Grupo Tubarão é constituído por diversas formações

destacando-se as de Aquidauana e Itararé. Possui uma litologia bastante variada e irregular o

que o torna um aqüífero extremamente heterogêneo e de difícil definição dos parâmetros

hidrológicos.

93

Devido à sua grande extensão, aproximadamente 20.000 km2, a localização das

regiões de seu afloramento e as espessuras que atinge cerca de 1.000 metros, o Grupo Tubarão

apresenta boas potencialidades aqüíferas.

Sistema Aqüífero Cristalino. Ocupa uma área no Estado de São Paulo de

aproximadamente 57.000 km2 . É formado por rochas impermeáveis, sendo que o aqüífero

ocorre através da percolação nas falhas de fissuras existentes no sistema. Por sua formação,

seu potencial hídrico depende da ocorrência de zonas favoráveis, havendo grande variação das

condições de produção, com valores entre 0 a 50 m3/h, com média de 7 m3/h e vazão

específica média de 0,3 m3/h/m, variando entre 0,06 e 0,7 m3/h/m. A transmissividade oscila

entre 04 e 14 m2/dia.

A recarga se dá através do escoamento da água de chuvas nas camadas onde existem

falhas e fissuras. A baixa transmissividade e a ausência de fluxo de água em escala regional,

propiciam a ocorrência de unidades independentes em cada vale, onde há drenagem do

aqüífero através de rios e riachos que drenam esses vales.

Sistema Aqüífero da Bacia de Taubaté. O sistema ocupa uma área de 2.000 km2

entre a Serra da Mantiqueira e o reverso continental da Serra do Mar. As camadas inferiores

denominadas Formação Tremembé, é constituídas por sedimentos argilosos e arenosos em

forma de lentes. Sua espessura máxima é de 240 metros.

A formação superior, denominada de Resende, constituída por areias, siltes e argilas

de origem fluvial e lacustre, formando lentes de dimensões variáveis assentadas de forma não

contínua sobre a formação Tremembé, com espessura máxima de 140 metros. O tipo de

formação composto de argila interdigitando pacotes de sedimentos arenosos propicia a

existência dos chamados “aqüíferos suspensos” . A espessura de sedimentos na região de

borda da bacia é inferior a 100 metros enquanto a região central a espessura pode atingir 500

metros.

O aqüífero apresenta profundidade bastante variável e capacidade específica entre 0,2

e 14 m3/h/m, sendo que a permeabilidade na parte central da bacia, na região de Tremembé-

Pindamonhangaba, é nitidamente menor.

Os valores de transmissividade variam entre 200 a 400 m2/dia e a porosidade efetiva

entre 2 e 10%, com coeficiente de armazenamento da ordem de 10-3, indicando o

semiconfinamento de camadas mais profundas.

A recarga do aqüífero é feita através da precipitação pluviométrica na área da Bacia e

também pela drenagem para ela das águas do aqüífero cristalino vizinho, porém de forma

mais limitada. A aqüífero atua como reservatório regulador da vazão do rio Paraíba.

94

Figura 18 : Seção geológica esquemática do Estado de São Paulo Fonte: São Paulo, 2004a, p. 37.

Figura 19: Mapa geológico do Estado de São Paulo Fonte: São Paulo, 2004a, p. 38.

Em São Paulo as reservas subterrâneas desempenham papel importante no suprimento

de água. De acordo com levantamento realizado pela CETESB, 72% dos municípios paulistas

95

é total ou parcialmente abastecido através de captação de água subterrânea (SÃO PAULO

apud CETESB, 2004. p. 6). O Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas do Estado de

São Paulo 2001 – 2003, considera a água subterrânea como importante reserva estratégica

para abastecimento de regiões críticas com as Regiões Metropolitanas de São Paulo e

Campinas (SÃO PAULO, 2004a, p. 7).

Na Tabela 38, onde é apresentado o número de municípios por tipo de capitação de

água para abastecimento público e as populações atendidas por UGRHI, mostra a importância

dos aqüíferos subterrâneos no abastecimento de água potável no Estado de São Paulo. Tabela 38: Tipo de captação das UGRHIs

(*) IBGE 2000 Fonte: SMA (2000) apud São Paulo, 2004 (p. 13), modificado pelo autor.

O “Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas do Estado de São Paulo 2001-

2003” (SÃO PAULO, 2004a, p. 15/16) informa, sem indicar o período, que dos

empreendimentos licenciados pela CETESB na UGRHI 5, 398 (18,77%) captam água

subterrânea, 108 (5,095%) captam água superficial, 1583 (74,67%) utilizam água da rede

pública e 31 (1,46%) captam de rede particular, o que demonstra a importância da água

subterrânea na região onde está instalada a REPLAN. No portal do Departamento de Águas e

No de municípios por tipo de captação NO UGRHAI

UGRHI População Urbana (*) Superficial Subterrânea Mista

1 Mantiqueira 51.447 3 0 0 2 Paraíba do Sul 1.631.005 21 3 10 3 Litoral Norte 217.747 4 0 0 4 Pardo 901.038 10 7 6 5 Piracicaba/Capivari/Jundiaí 4.072.625 31 8 18 6 Alto Tiete 16.963.693 25 0 9 7 Baixada Santista 1.468.617 9 0 0 8 Sapucaia/Grande 571.604 3 13 6 9 Mogi Guaçu 1.178.493 22 12 4 10 Sorocaba/Médio Tiete 1.356.000 15 6 12 11 Ribeira de Iguape/Litoral Sul 234.124 12 1 10 12 Baixo Pardo/Grande 286.528 3 3 6 13 Tiete/Jacaré 1.254.100 4 20 11 14 Alto Paranapanema 510.233 22 6 6 15 Turvo/Grande 1.014.780 1 57 6 16 Tiete/Batalha 409.833 0 27 6 17 Médio Paranapanema 543.712 6 25 10 18 São Jose dos Dourados 182.465 2 20 3 19 Baixo Tiete 618.628 2 33 7 20 Aguapei 295.155 1 29 2 21 Peixe 376.132 3 22 1 22 Pontal do Paranapanema 388.785 1 18 2 Total 34.526.744 200 310 135

96

Energia Elétrica (SÃO PAULO, 2004) é mostrada a evolução das concessões de outorgas e a

participação da captação de água subterrânea.

Obs.: Em 2004, até 31 de outubro. Figura 20: Outorgas expedidas pelo DAEE Fonte: São Paulo, 2004.

Obs.: Em 2004, até 31 de outubro. Figura 21: Outorgas expedidas pelo DAEE Fonte: São Paulo, 2004.

97

Com o objetivo de atender a Lei Estadual nO 6.134, de 02/06/1988, e em consonância

com Decreto 32.955, o Estado de São Paulo iniciou em junho de 1990 o monitoramento de

suas águas subterrâneas.

A implantação da rede de monitoramento começou pelos poços cadastrados nos

diversos órgãos envolvidos que captavam água de aqüíferos mais susceptíveis a

contaminação, com objetivo de caracterização e avaliação da qualidade das águas

subterrâneas que era destinada ao abastecimento público. O monitoramento teve início pelo

Aqüífero Guarani, estendendo ao sistema Aqüífero Bauru (Adamantina e Santo Anastácio),

seguido pelo Sistema Aqüífero Serra Geral.

Atualmente, conforme consta no Relatório de Qualidade das Águas Subterrâneas do

Estado de São Paulo 2001 – 2003 (p. 4), a amostragem é feita semestralmente em 169 pontos

selecionados, não se limitando a poços destinados ao abastecimento público, mas também a

poços e nascentes de águas subterrâneas minerais na RMSP e poços particulares que captam

água para uso industrial.

O uso integrado dos recursos hídricos subterrâneos e superficiais é a solução

preconizada no citado Relatório para atender a demanda de água do Estado, entendendo o

autor que as necessidades de água do setor industrial fazem parte da demanda de São

Paulo, ressalvando que o uso prioritário é o abastecimento público. O Relatório alerta que a

utilização sustentável do recurso hídrico subterrâneo deve levar em conta as reservas

explotáveis dos aqüíferos (SÃO PAULO, 2004a, p. 28).

Devido à precipitação pluviométrica no Estado, os coeficientes de recarga dos

aqüíferos livres são relativamente elevados, diferentemente dos aqüíferos confinados, cujo

regime de recarga natural é tão lento que os efeitos de uma exploração excessiva são logo

sentidos. Assim sendo, a avaliação quantitativa das reservas explotáveis dos aqüíferos

subterrâneos deve levar em conta parâmetros dimensionais e hidrodinâmicos, bem como a

qualidade dos aqüíferos. (São Paulo, 2004a, p. 29).

Os aqüíferos da UGRHI 5 são mostrados na Figura 23:

98

Figura 22: Aqüíferos da UGRH 5 Fonte: Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, 2004.

O “Relatório da Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos rios

Piracicaba, Capivari e Jundiaí – 2002/2003”, de 2004, estima que a vazão de água

subterrânea disponível nos aqüíferos de caráter livre (ou semi-confinados), na UGRHI 5 é de

13,95 m3/s (p. 176), com a seguinte distribuição por sub-bacia:

Tabela 39: Distribuição da disponibilidade de água subterrânea Sub-bacia Vazão (m3/h)

Atibaia 2,682

Camanducaia 1,052

Corumbataí 1,724

Jaguari 3,241

Piracicaba 3,256

Piracicaba

Total 11,955

Capivari 1,230

Jundiaí 0,759

Total PCJ 13,944

Fonte: Adaptado de Comitê..., 2004, p. 178.

150000

150000

200000

200000

250000

250000

300000

300000

350000

350000

400000

4000007400

000 7400000

7450

000 7450000

7500

000 7500000

7550

000 7550000

10 0 10 20 30 40 KilometersKm N

Projeção UTM SAD69Projeção UTM SAD69

Aquíferosbaurucenozoicacristalinodiabasioguaranipassa doisserra geraltubarao

99

2.2.3.5 Esgoto municipal

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, realizada pelo IBGE, indica que

97,9% dos municípios brasileiros têm serviço de abastecimento de água, 78,6% têm serviço

de drenagem urbana, 99,4% têm coleta de lixo e 52,2% têm serviço de esgotamento sanitário.

Municípios com Saneamento Básico

96,6

47,3

97,297,9

52,2

99,4

0102030405060708090

100

%

ÁGUA ESGOTO LIXO

1989

2000

Figura 23: Perfil de saneamento básico dos municípios brasileiros. Fonte: Comunicação Social IBGE, 2002.

A Figura 25 mostra que o esgotamento sanitário é o serviço de saneamento básico com

menor estrutura nos municípios brasileiros. Segundo IBGE, 33,5% dos domicílios brasileiros

são atendidos por rede geral de esgoto. O percentual de atendimento não é uniforme em todo

Brasil, tendo a seguinte cobertura, em função da região do País: 2,4% na região Norte; 14,7%

na região Nordeste; 28,1% na região Centro-Oeste e 22, 5% na região Sul. A região Sudeste

apresenta o melhor atendimento, onde 53,0% dos domicílios têm rede de esgoto.

Do total de 5.507 municípios existentes em 2000, 2.630 não eram atendidos por rede

coletora, sendo empregada outras soluções alternativas como fossas sépticas e sumidouros,

fossas secas, valas abertas e lançamentos em cursos de água. A existência de sistema de coleta

de esgoto domiciliar não necessariamente representa tratamento do esgoto recolhido, como

mostra a Tabela 40.

100

Tabela 40: Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário, segundo as Grandes Regiões – ano base 2000 Grandes Regiões Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitário

(%) Sem coleta Só coletam Coletam e tratam Norte 92,9 3,5 3,6 Nordeste 57,1 29,6 13,3 Sudeste 7,1 59,8 33,1 Sul 61,1 17,2 21,7 Centro-Oeste 82,1 5,6 12,3 Brasil 47,8 32,0 20,2 Fonte: Comunicação Social IBGE, 2002.

Figura 24: Distribuição Percentual dos Domicílios Particulares Permanentes, por forma de Esgotamento Sanitário - 2003 FONTE: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2003.

Segundo o Plano Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 2003, p. 260), os

indicadores de saneamento básico na Região Hidrográfica do Paraná apresentam, na maioria

das unidades hidrográficas, um percentual acima da média brasileira que é de 81,5% da

população atendida com abastecimento de água. No caso de tratamento de esgoto, o

percentual varia de 9,9% (rio Iguaçu) a 35,0% (rio Paranapanema) contra uma média nacional

de 17,8 %. O Relatório reconhece que o principal impacto sobre os recursos hídricos da

Região é a poluição de origem doméstica e industrial (BRASIL, 2003, p. 265). Tabela 41: Indicadores de saneamento básico Unidade Hidrográfica Abastecimento de água

(% pop.) Rede de esgoto (% pop.)

Esgoto Tratado (% do coletado)

Paranaíba 78,6 59,3 21,7 Grande 87,0 84,1 17,5 Tietê 95,0 82,3 28,8 Paranapanema 84,9 52,9 35,0 Iguaçu 83,6 45,6 9,9 Paraná 82,6 32,3 23,1 Total 88,9 69,6 24,9 Brasil 81,5 47,2 17,8 Fonte: BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, 2003, p. 260.

101

Tabela 42: Carga orgânica doméstica remanescente na Região Hidrográfica do Paraná Unidade Hidrográfica Carga orgânica doméstica (t DBO5/dia) Paranaíba 304 Grande 316 Tietê 1.050 Paranapanema 136 Iguaçu 173 Paraná 200 Total 2.179 % do País 34,1 Fonte: BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, 2003, p. 266.

O Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo 2004, (SÃO

PAULO, 2005, p. 278) ratifica que a principal causa de poluição nos corpos hídricos do

Estado é o lançamento de esgoto doméstico “in natura” , existindo uma carência muito grande

em relação ao seu tratamento, conforme mostrado na Figura 26.

Figura 25: Porcentagem de tratamento de esgoto doméstico no Estado de São Paulo Fonte: SÃO PAULO, 2005, p. 278.

O percentual de tratamento de esgoto doméstico no Estado de São Paulo, por UGRHI,

é mostrado na Figura 27.

102

Figura 26:Porcentagem de tratamento doméstico por UGRGI Fonte: SÃO PAULO, 2005, p.278.

Na Tabela 43 são apresentadas as várias linhas de créditos existentes para solucionar

o problema do baixo percentual de tratamento de esgoto no Estado de São Paulo:

Tabela 43: Linhas de crédito para saneamento básico Instituição Programa

Finalidade Beneficiário Origem dos

Recursos Itens Financiáveis

SERHS FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos Vários Programas voltados para a melhoria da qualidade dos recursos hídricos.

Prefeituras Municipais. (1) Projeto / Obras e Serviços.

NOSSA CAIXA NOSSO BANCO

PCM - Plano Comunitário de Melhoramentos Viabilizar Obras de Saneamento através de parceria entre a comunidade, Prefeitura Municipal e Nossa Caixa - Nosso banco.

Prefeituras Municipais. Reservas da Instituição. Obras de construção de rede de captação de e distribuição água potável, hidrômetros, obras de escoamento de águas pluviais, rede de coleta e destino de esgoto.

GESP / SERHS SANEBASE - Convênio de Saneamento Básico Programa para atender os municípios do Estado que não aderiram ao PLANASA.

Prefeituras Municipais. Orçamento do Governo do estado de São Paulo.

Obras de implantação, ampliação e melhorias dos sistemas de abastecimento de água e de esgoto.

103

continuação MPOG - SEDU PRÓ-SANEAMENTO

Ações de saneamento para melhoria das condições de saúde e da qualidade de vida da população, aumento da eficiência dos agentes de serviço, drenagem urbana, para famílias com renda média mensal de até 12 salários mínimos.

Prefeituras, Governos Estaduais e do Distrito Federal, Concessionárias Estaduais e Municipais de Saneamento e Órgãos Autônomos Municipais.

FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Destina-se ao aumento da cobertura e/ou tratamento e destinação final adequados dos efluentes, através da implantação, ampliação, otimização e/ou reabilitação de Sistemas existentes e expansão de redes e/ou ligações prediais.

MPOG - SEDU PROSANEAR Ações integradas de saneamento em aglomerados urbanos ocupados por população de baixa renda (até 3 salários mínimos) com precariedade e/ou inexistência de condições sanitárias e ambientais.

Prefeituras Municipais, Governos Estaduais e do Distrito Federal, Concessionárias Estaduais e Municipais de Saneamento e Órgãos Autônomos Municipais.

Financiamento parcial com contrapartida e retorno do empréstimo / FGTS.

Obras integradas de saneamento: abastecimento de água, esgoto sanitário, microdrenagem/instalações hidráulico sanitárias e contenção de encostas com ações de participação comunitária (mobilização, educação sanitária).

MPOG - SEDU PASS - Programa de Ação Social ejm Saneamento Projetos integrados de saneamento nos bolsões de pobreza. Programa em cidades turísticas.

Prefeituras Municipais, Governos estaduais e Distrito Federal.

Fundo perdido com contrapartida / orçamento da união.

Contempla ações de abastecimento em água, esgotamento sanitário, disposição final de resíduos sólidos. Instalações hidráulico-sanitárias intra-domiciliares.

MPOG - SEDU PROGEST - Programa de Apoio à Gestão do Sistema de Coleta e Disposição Final de Resíduos Sólidos.

Prefeituras Municipais, Governos Estaduais e Distrito Federal.

Fundo perdido / Orçamento da União.

Encontros técnicos, publicações, estudos, sistemas piloto em gestão e redução de resíduos sólidos; análise econômica de tecnologias e sua aplicabilidade.

FUNASA - FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE

FUNASA - Fundação Nacional de Saúde Obras e serviços em saneamento.

Prefeituras Municipais e Serviços Municipais de Limpeza Pública.

Fundo perdido / Ministério da Saúde

Sistemas de resíduos sólidos, serviços de drenagem para o controle de malária, melhorias sanitárias domiciliares, sistemas de abastecimento de água, sistemas de esgotamento sanitário, estudos e pesquisa.

MPO - SEDU PRO-INFRA Programa de Investimentos Públicos em Poluição Ambiental e Redução de Risco e de Insalubridade em Áreas Habitadas por População de Baixa Renda.

Áreas urbanas localizadas em todo o território nacional.

Orçamento Geral da União (OGU) - Emendas Parlamentares, Contrapartidas dos Estados, Municípios e Distrito Federal.

Melhorias na infra-estrutura urbana em áreas degradas, insalubres ou em situação de risco.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

LIXO E CIDADANIA A retirada de crianças e adolescentes dos lixões, onde trabalham diretamente na catação ou acompanham seus familiares nesta atividade.

Municípios em todo o território nacional.

Fundo perdido. Melhoria da qualidade de vida.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - FUNASA

VIGISUS Sistema de Vigilância em Saúde, garantindo ações de Vigilância Ambiental.

Municípios em todo o território nacional.

BIRD e contrapartida dos Estados e Municípios.

Capacitação de recursos humanos, desenvolvimento de pesquisas, apoio à estrutura de sistema de informação, apoio à estruturação de laboratórios de referência.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

REFORSUS - Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde (SUS).

Instituições públicas de saúde, municipais, estaduais e federais. Fundações, autarquias e empresas públicas do setor da saúde. Instituições privadas sem fins lucrativos integrantes do SUS.

Financiamento do banco interamericano de desenvolvimento e Banco Mundial (BIRD).

Projetos para a melhoria da gestão do sistema de saúde nacional.

104

continuação MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

PROGRAMA DO CENTRO NACIONAL DE REFERÊNCIA EM GESTÃO AMBIENTAL URBANA Coletar e Organizar informações, Promover o Intercâmbio de Tecnologias, Processos e Experiências de Gestão Relacionados com o Meio Ambiente Urbano.

Serviço público aberto a toda a população, aos formadores de opinião, aos profissionais que lidam com a administração municipal, aos técnicos, aos prefeitos e às demais autoridades municipais.

Convênio do Ministério do Meio Ambiente com a Universidade Livre do Meio Ambiente.

_

PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO E REVITALIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS Ações, Programas e Projetos no Âmbito dos Resíduos Sólidos.

Municípios e Associações participantes do Programa de Revitalização dos Recursos nos quais seja identificada prioridade de ação na área de resíduos sólidos.

Convênios firmados com órgãos dos Goverrno Federal, Estadual e Municipal, Organismo Nacionais e Internacionais e Orçamento Geral da União (OGU).

_

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - IBAMA

REBRAMAR - Rede Brasileira de Manejo Ambiental de Resíduos Sólidos.

Estados e Municípios em todo o território nacional.

Ministério do Meio Ambiente.

Programas entre os agentes que geram resíduos, aqueles que o controlam e a comunidade.

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

PROSAB - Programa de Pesquisa em Saneamento Básico. Visa promover e apoiar o desenvolvimento de pesquisas na área de saneamento ambiental.

Comunidade acadêmica e científica de todo o território nacional.

FINEP, CNPQ, Caixa Econômica Federal, CAPES e Ministério da Ciência e Tecnologia.

Pesquisas relacionadas a: águas de abastecimento, águas residuárias, resíduos sólidos aproveitamento de lodo.

(1) - Atualmente, a origem dos recursos é a compensação financeira pelo aproveitamento hidroenergéticos no território do estado. Fonte: São Paulo, 2001.

Segundo o Relatório Síntese do Comitê PCJ, no ano de 2003, os índices

desabastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto na bacia hidrográfica foram de

98,0%, 85,1% e 16,3 respectivamente (SÃO PAULO, 2004, p. 71).

A Tabela 44 apresenta o resultado da estimativa de geração de esgoto na bacia PCJ,

obtida considerando que a geração diária de esgoto é de 140 L de esgoto por habitante, o que

corresponde a 70% do valor de 200L/hab/dia, estimado para consumo de água por habitante

(COMITÊ..., 2004, p. 352).

Tabela 44: Estimativa da geração de esgoto Bacia Hidrográfica Esgoto gerado

(m3/s) %

Rio Piracicaba 2,519 37,0 Rio Corumbataí 0,338 5,0 Rio Jaguari 0,546 8,0 Rio Camanducaia 0,199 2,9 Rio Atibaia 1,259 18,5 Total bacia do Piracicaba 4,953 71,4 Rio Capivari 1,015 14,9 Rio Jundiaí 0,783 11,5 PCJ 6,812 Fonte: Comitê..., 2004, p. 352.

105

Paulina, tem uma população estimada de 58.827 habitantes e não possui tratamento de

esgoto. Campinas, com uma população estimada de 1.031.887 habitantes, tem tratamento de

parte do esgoto gerado (IBGE, [2004?]). No Capítulo 4 – ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS

PARA SUPRIMENTO DE ÁGUA DA REFINARIA, são apresentadas informações mais

detalhadas sobre a geração de esgoto nas duas cidades.

2.2.3.6 Água de chuva

No Brasil, o clima pode ser classificado como equatorial, tropical e subtropical. A

maior parte do território brasileiro (92%) está localizada acima do trópico de capricórnio,

sendo, portanto, zona tropical. Apenas a região sul e o sul de São Paulo se localizam na zona

temperada. Por influência do nosso grande litoral, o Brasil é um país bastante úmido.

Entretanto, em função do relevo, dentro de uma mesma região existe grande variação de clima

no território brasileiro. Uma classificação mais precisa do clima do Brasil que leva em

consideração fatores como relevo, por exemplo, feita por Koppen-Geiger, pode ser vista no

mapa abaixo.

Figura 27:Mapa do clima na Brasil Fonte: Portal O Clima Brasileiro.

106

Tabela 45:Legenda de clima Am temperaturas elevadas e pluviosidade elevada. As médias de temperatura são maiores

que 22°C em todos os meses e as mínimas no mês mais frio são maiores que 20°C. Aw temperaturas elevadas com chuva no verão e seca no inverno. As médias de

temperatura dos meses é maior que 20°C e no mês mais frio do ano as mínimas são menores que 18°C.

Aw´ temperatura elevada com chuva no verão e outono. Temperatura sempre maior que 20°C.

Cwa temperaturas moderadas com verão quente e chuvoso. No mês mais frio a média de temperatura é menor que 20°C.

Cfa temperatura moderada com chuvas bem distribuídas e verão quente. Nos meses de inverno há ocorrência de geadas sendo a média de temperatura neste período inferior a 16°C. No mês mais quente as máximas são maiores que 30°C.

Af temperatura elevada sem estação seca. Temperaturas sempre maiores que 20°C. As Chuva de inverno e outono com temperaturas elevadas sempre maiores que 20°C. BSh temperaturas altas com chuvas escassas no inverno. Temperaturas maiores que 22°C. Cwb verão brando e chuvoso com temperatura moderada. Há geadas no inverno e as médias

de temperatura no inverno e outono é inferior a 18°C com temperaturas mínimas inferior a 12°C.

Cfb temperatura moderada com chuva bem distribuída e verão brando. Podem ocorrer geadas, tanto no inverno como no outono. As médias de temperatura são inferiores a 20°C, exceto no verão. No inverno média inferior a 14°C como mínimas inferiores a 8°C.

Fonte: O CLIMA..., 2005.

A partir da relação da chuva no período (P) com a evapotranspiração potencial (ETP),

temos o Índice de Seca Meteorológica (ISM)

Tabela 46: Relação entre precipitação e evapotranspiração potencial

Fonte: Centro de Monitoramento e Mitigação de Seca e Adversidade Hidrometeorológica.

Como as condições meteorológicas podem ser extremamente úmidas em um período e

secas em outro, é calculado um fator acumulativo, ou Índice de Seca Meteorológica

Acumulativa ou Estiagem Acumulativa (ISMA) que é igual ao somatório do Índice de Seca

Meteorológica (ISM) dividido pelo desvio em função de condições normais, sendo

estabelecida a seguinte classificação:

RELAÇÃO P e ETP CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS ATUAIS P >= 2 ETP Úmido (5) ETP <= P < 2 ETP Ligeiramente Úmido (4) ½ ETP < P < ETP Normal (3) 0 < P <= ½ ETP Ligeiramente Seco (2) P = 0 Seco (1)

107

Tabela 47: Índice Médio de Seca ÍNDICE MÉDIO DE SECA CONDIÇÕES MÉDIAS

METEOROLÓGICAS ISMA >= 1,00 Muito Úmido 0,60 <= ISMA < 1,00 Úmido 0,40 <= ISMA < 0,60 Ligeiramente Úmido 0,20 <= ISMA < 0,40 Normal 0,04 <= ISMA < 0,2 Ligeiramente Seco 0,006 <= ISMA < 0,04 Seco ISMA < 0,006 Muito Seco

Fonte: Centro de Monitoramento e Mitigação de Seca e Adversidade Hidrometeorológica (Portal do Estado de São Paulo).

Segundo a classificação utilizada pelo Centro de Monitoramento e Mitigação de Seca

e Adversidade Hidrometeorológica (Portal do Governo do Estado de São Paulo), temos as

seguintes condições para UGRHI 5 no período de 01/01/95 a 01/01/04:

Tabela 48: Condições médias meteorológicas 01/01/95 – 01/01/04. Local ISMA Condições UGRH: Piracicaba, Capivari, Jundiaí Atibaia 0,07 Ligeiramente Seco Bragança Paulista 0,39 Normal Campinas 0,28 Normal Capivari 0,39 Normal Itatiba 0,10 Ligeiramente Seco Jundiaí 0,58 Ligeiramente ÚmidoLimeira 1,33 Muito Úmido Monte Alegre do Sul 0,50 Ligeiramente ÚmidoNova Odessa 0,50 Ligeiramente ÚmidoPaulínia 0,50 Ligeiramente ÚmidoPiracaia 0,13 Ligeiramente Seco Piracicaba 0,67 Úmido Santa Bárbara D´Oeste 0,44 Ligeiramente ÚmidoSanta Maria da Serra 0,44 Ligeiramente ÚmidoSão Pedro 0,67 Úmido Sumaré 0,33 Normal Valinhos 0,33 Normal Vargem 0,42 Ligeiramente Úmido

Fonte: Centro de Monitoramento e Mitigação de Seca e Adversidade Hidrometeorológica (Portal do Governo do Estado de São Paulo).

Para o cálculo do ISMA são considerados os dias consecutivos que a precipitação é

nula (Estiagem Hidrológica ou Meteorológica) e os dias consecutivos que a precipitação fica

entre zero e dez milímetros (Estiagem Meteorológica Moderada ou Estiagem Agrícola).

108

Tabela 49: Precipitação média anual das capitais dos Estados brasileiros Brasília 1500 mm Macapá 2500 mm Manaus 2200 mm Belém 2900 mmRio Branco 1900 mm Porto Velho 2200 mmPalmas 1700 mm São Luiz 2000 mmTeresina 1300 mm Fortaleza 1300 mmNatal 1200 mm João Pessoa 1500 mmRecife 1600 mm Maceió 1700 mmAracaju 1100 mm Salvador 1600 mmB. Horizonte 1300 mm Vitória 1000 mmR. de Janeiro 1000 mm São Paulo 1600 mmCuritiba 1400 mm Florianópolis 1600 mmPorto Alegre 1600 mm Campo Grande 1400 mmCuiabá 1300 mm Goiânia 1600 mm

Fonte: Portal O Clima Brasileiro.

Na tabela abaixo são apresentadas as precipitações pluviométricas mensais registradas

na estação meteorológica da Refinaria:

Tabela 50: Precipitação pluviométrica REPLAN ano 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 média precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- precipi- tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação tação mês mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm mm jan 226 401 333 107 215 166 231 239 345 129 406 164 178 322 254 204 245 fev 297 108 178 143 307 186 389 161 114 292 213 279 161 183 128 168 207 mar 281 217 163 150 124 134 252 236 33 200 121 164 100 130 99 28 152 abr 166 77 118 33 42 75 122 45 32 59 74 46 52 20 63 113 71 mai 51 61 13 67 158 56 47 30 66 105 45 16 63 76 37 78 61 jun 24 16 19 0 59 19 19 7 128 17 71 8 13 0 15 70 30 jul 65 119 19 36 8 41 45 16 25 11 0 58 13 10 7 81 35 ago 106 43 5 13 50 0 0 95 14 13 0 87 28 92 18 0 35 set 31 67 94 122 129 0 79 128 63 87 48 114 56 14 20 17 67 out 50 93 67 427 115 75 132 109 84 94 38 98 187 60 105 201 121 nov 30 142 100 120 120 153 107 186 186 61 39 302 146 291 153 153 143 dez 190 116 222 146 195 270 154 168 163 211 314 342 229 129 262 177 205 total 1517 1460 1331 1364 1522 1175 1577 1420 1253 1281 1370 1678 1226 1327 1160 1291 1372

Fonte: REPLAN.

2.3 PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES

A água é um recurso bastante peculiar entre os recursos naturais, desempenhando

diferentes papéis: ora é vista como produto para consumo direto, ora como matéria-prima, ora

como ecossistema (GARRIDO, 1999, p.10), sendo utilizada principalmente para o consumo

humano, agricultura e pecuária, industria, hidroeletricidade, navegação, turismo e lazer.

Os usos da água são dividido em:

• Usos consuntivo - aqueles que retiram águas de seus mananciais, através de captações

e derivações, e apenas parte desta água retorna a suas fonte de origem.

109

• Usos não consuntivos – aqueles que utilizam a água em seus próprios mananciais, sem

a necessidade de retirá-la ou aqueles que, após o uso, a água retorna na totalidade para

o manancial de origem (CARREIRA-FERNANDEZ; RAKMUNDO, 2002, p. 22).

O uso consuntivo não permite o seu uso múltiplo pois a água torna-se indisponível.

Dentre os usos consuntivo, a irrigação é que causa maior impacto, sendo responsável por

cerca de 70% do consumo de água doce no mundo. A distribuição do uso da água em diversas

regiões do mundo é mostrada na figura abaixo:

Figura 28: Uso da água por região e setor Fonte: Portal Planeta Orgânico.

A Figura 30 mostra o caráter consuntivo da água utilizada pelos principais setores de

usuários.

Figura 29: Uso consuntivo por setor usuário Fonte: Planeta Orgânico, 2003.

110

A utilização da água vem aumentando com passar do tempo. A Tabela 51 e o gráfico

abaixo apresentam a evolução do consumo de água no mundo.

Tabela 51: Evolução do consumo de água em âmbito mundial (km3/ano) Uso 1900 1920 1940 1960 1980 2000* 2020** Doméstico - - - 30 250 500 850 Industrial 30 45 100 350 750 1350 1900 Agricultura 500 705 1000 1580 2400 3600 4300 Total 530 750 1100 1960 3400 5450 7050 *Estimativa ** Previsão Fonte: Telles apud REBOUÇAS, BRAGA e TUNDISE, 2002, p. 305.

Evolução do consumo de água

02000400060008000

10000120001400016000

1900

1920

1940

1960

1980

2000

*

2020

**

Ano

Km3/

ano Total

AgrículaIndustrialDoméstico

Figura 30: Evolução do consumo de água Fonte: Telles apud Rebouças; Braga; Tundise, 2002, p. 305.

2.3.1 Informações gerais sobre a água

A grande utilização de água pela indústria decorre de sua disponibilidade e de suas

propriedades. A característica polar de sua molécula faz da água um bom solvente, o que

facilita a dissolução e o transporte de sais minerais.

111

Ao contrário da maioria dos líquidos, a água é incolor, inodora e insípida. Como

qualquer outro líquido ela pode ter sua forma alterada pela transferência de um recipiente para

outro, sem alteração de volume, o que facilita o seu transporte e armazenamento. Devido ao

seu relativamente alto calor específico (1,00 Cal/g.oC) é muito utilizada para retirada ou

fornecimento de calor. Por sua capacidade de dissolver um grande núnero de outras

substâncias, a água apresenta grande interesse industrial sendo utilizada nos processos de

dissolução de sais, lavagens e preparo de diversos produtos. Apesar da água ser o solvente

mais comum, tanto na natureza como em laboratório, ela não é um solvente universal pois

muitas substâncias são insolúveis em água ( SIENKO, PLANE, 1977, p. 340). A priori é

difícil fazer previsões se uma susbtância é ou não solúvel em água, pois depende: da natureza

do solvente – se é polar ou não; da natureza da substância a ser dissolvida (soluto); da

temperatura; do estado em que se encontra tanto o solvente como o soluto; da pressão,

principalmente na dissolução de gases.

Em função de sua disponibilidade e suas propriedades a maioria das atividades

econômicas tem na água um insumo essencial. Algumas propriedades da água são

apresentada na Tabela 52:

Tabela 52: Propriedades da água Ponto de fusão a 1 atm 0,00 oC Densidade do sólido (O,O oC) 0,917 g/cm3 Densidade do líquido a O,O oC 0,999 g/cm3 Densidade do líquido a 4 oC ( máxima densidade) 1,000 g/cm3 Densidade do líquido a 20 oC 0,9982 Densidade a 100 oC 0, 958 Peso molecular 18 g/mol Capacidade calorífica do líquido (de 14,5 oC a 15,5 oC) 1,00 cal/(g x oC) Calor de fusão a 0 oC 1,44 Kcal/mol Calor de vaporização a 100oC 9,719 Kcal/mol Fonte: QUAGIANO, VALLARINO, p.200 e Kurita, p. 1-5.

2.3.2 Principais usos da água na indústria

Na industria, a água é largamente utilizada em diversas finalidades, tais como:

• absorvente de calor;

• agente de limpeza;

• agente de transmissão mecânica;

112

• produção de vapor;

• matéria-prima;

• meio de transporte e processamento de materiais;

• como solvente;

• fins potáveis na fábrica;

• veículo para despejo de efluentes. (CARREIRA-FERNANDEZ, RAKMUNDO, 2002,

p. 27).

O “Manual de Conservação e Reúso de Água para a Industria” (FIESP/CIESP, p. 23),

aponta de modo genérico, as seguintes aplicações da água na indústria:

• Consumo humano: água utilizada em ambientes sanitários, vestiários, cozinhas e

refeitórios, bebedouros, equipamentos de segurança (lava-olhos, por exemplo) ou em

qualquer atividade doméstica com contato humano direto.

• Matéria prima: água incorporada ao produto final, a exemplo do que ocorre nas

indústrias de cervejas e refrigerantes, de produtos de higiene pessoal e limpeza

doméstica, de cosméticos, de alimentos e conservas e de fármacos, ou então, a água

que é utilizada para a obtenção de outros produtos, por exemplo, o hidrogênio por

meio da eletrólise da água.

• Fluido auxiliar: utilizada em diversas atividades, destacando-se a preparação de

suspensões e soluções químicas, compostos intermediários, reagentes químicos,

veículo, ou ainda, nas operações de lavagem.

• Geração de energia: utilizada por meio da transformação da energia cinética, potencial

ou térmica, acumulada na água, em energia mecânica e posteriormente em energia

elétrica.

• Fluído de aquecimento e/ou resfriamento: utilizada como fluido de transporte para

remoção do calor de misturas reativas ou outros dispositivos que necessitem de

resfriamento devido à geração de calor, ou então, devido às condições de operação

estabelecidas necessitem de fornecimento ou remoção de calor.

• Outros usos: combate a incêndio, rega de áreas verdes ou incorporação em diversos

subprodutos gerados nos processos industriais, seja na fase sólida, líquida ou gasosa.

113

2.3.3 Requisitos de qualidade da água

O grau de qualidade da água, definido em função de características físicas, químicas,

microbiológicas e radioativas, varia em função de sua aplicação . As exigências de qualidade

podem variar de modo significativo, como segue(FIESP/CIESP, [s.d.], p. 26):

• Consumo humano: água potável, atendendo às características estabelecidas pela

Portaria no 518 – Norma de qualidade da água para consumo humano, de 25/03/2004,

do Ministério da Saúde.

• Matéria prima: a exigência de qualidade pode variar significativamente em função do

uso, podendo-se admitir a utilização de uma água com característica equivalente ou

superior à da água potável, tendo-se como principal objetivo a proteção da saúde dos

consumidores finais e/ou a garantia da qualidade do produto.

• Fluido auxiliar: como no caso anterior, a qualidade da água para uso como um fluido

auxiliar depende do processo à que esta se destina. Caso essa água entre em contato

com o produto final, o grau de qualidade será mais ou menos restritivo, em função do

tipo de produto que se deseja obter. Mesmo não havendo contato da água com o

produto final, as exigências dependem da garantia do produto.

• Geração de energia: dependendo do processo utilizado, água deverá apresentar graus

muito diferentes de qualidade. No aproveitamento de sua energia potencial ou

cinética, a água é utilizada no seu estado natural como captada do rio, lago, ou outra

fonte de suprimento, havendo limitação quanto aos sólidos capazes de danificar os

dispositivos de geração de energia. Na geração de energia térmica, o grau de qualidade

é função do equipamento de geração de vapor e conversão de energia, podendo atingir

alto grau de pureza.

• Fluido de aquecimento e/ou resfriamento: Para a utilização da água na forma de vapor,

a exigência de qualidade é alto, aumentando em função da pressão do vapor. A

utilização da água como fluido de resfriamento requer grau de qualidade bem menos

restritivo, devendo-se levar em consideração a proteção e a vida útil dos equipamentos

com os quais esta água irá entrar em contato.

114

2.3.4 Principais usos da água em refinaria de petróleo

A demanda de água na industria de refino de petróleo é intensa, sendo empregada

principalmente para: resfriamento de produtos e correntes intermediárias; combate e

prevenção de incêndio; geração de vapor de água; lavagem e diluição de sais; lavagem de

equipamentos e pisos; preparo e diluição de produtos químicos; condensação do vapor de

água utilizada na produção de energia elétrica ou no acionamento de máquinas; rega de

jardins e consumo humano.

O gráfico abaixo mostra a distribuição do consumo de água em refinarias de petróleo.

Distribuição do consumo de água

48%

20%

11%

10%

6% 5%Reposição de água deresfriamentoÁgua de caldeira

Água de incêndio

Água de processo

Água Potável

Água de Lavagem

Figura 31: Distribuição do consumo de água. Fonte: U.S. Departament of Energy, 2003, p. 54.

A distribuição do consumo do consumo de água nas refinarias da Petrobras, no ano de

2004, é mostrada na Figura 33:

115

Distribuição do consumo de água na PETROBRAS

46%

26%

9%

19% Reposição de água deresfriamentoÁgua de caldeira

Água de incêndio

Água potável e serviço

Figura 32: Distribuição do consumo de água na PETROBRAS Fonte: Sede da Petrobras.

A causa para o alto consumo de água para combate a incêndio decorre do fato da rede

que faz sua distribuição estar presente em praticamente todos os pontos da refinaria. Esta

facilidade faz com que a água de combate a incêndio seja utilizada não só para prevenção e

combate a emergência mas, também, para realização de testes hidrostáticos de tanques e

equipamentos, lavagem de equipamentos para liberação para manutenção, deslocamento de

óleo derramado em tubovias, etc.

Como já foi mencionado, os requisitos de qualidade da água variam em função do seu

uso e as impurezas contidas na água encontrada na natureza variam em função de sua origem.

Na Tabela 53, são apresentados os principais contaminantes em função do tipo de manancial

utilizado como fonte de abastecimento:

Tabela 53: Potenciais contaminantes presentes na água em função de sua origem Tipo de Manancial Principais Contaminantes

Rios Areia, material coloidal, sólidos em suspensão, compostos orgânicos, sais dissolvidos, bactérias e vírus.

Superficial

Lagos Sais dissolvidos, material coloidal, compostos orgânicos, algas, endotoxonas, bactérias, vírus e gases dissolvidos.

Águas subterrâneas Amônia, gás sulfídrico, metais dissolvidos, compostos orgânicos, sais dissolvidos.

Águas pluviais Sólidos em suspensão, compostos orgânicos, sólidos dissolvidos, microorganismo, cor turbidez.

Fonte: Fiesp/Ciesp, [s.d.], p. 85.

116

Como as impurezas presentes na água bruta podem ser prejudiciais ao processo

produtivo, para atender sua demanda, normalmente as refinarias têm sistemas próprios de

tratamento de água compostos, basicamente, de duas etapas distintas: a primeira é destinada à

remoção dos sólidos suspensos e a segunda para remoção dos sólidos dissolvidos presentes na

água a ser tratada.

A primeira etapa do tratamento, tradicionalmente, é composta por sistema de

clarificação, onde são dosados coagulantes, que neutralizam as cargas das partículas

suspensas na água e reagem com a alcalinidade natural ou adicionada formando flóculos que,

quando decantados, propiciam a remoção dos sólidos presentes. Os produtos químicos mais

utilizados como coagulante são o sulfato de alumínio (Al2(SO4)) ou o cloreto férrico (FeCl3) e

para adição de alcalinidade, a barrilha (Na2CO3), hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) ou hidróxido

de sódio (NaOH). Nesta etapa do processo também é realizada destruição química dos

microrganismos, sendo os produtos mais largamente utilizados o cloro gás (Cl2), o hipoclorito

de sódio (NaClO) ou ozônio (O3).

Após o processo de clarificação, a água passa por filtros, normalmente tendo como

meio filtrante areia. O objetivo dos filtros é remover os sólidos suspensos remanescentes e os

flocos porventura arrastados do processo de clarificação. A água filtrada é utilizada para

reposição do sistema de resfriamento e distribuída como água de processo e serviço. Parte da

água filtrada sofre desinfecção adicional para sua utilização como água potável.

Os sólidos retirados nos processos de clarificação e filtração são enviados a um

espessador e, posteriormente, num sistema de filtros prensa ou centrífugas para remoção da

maior parte da água presente. A água retirada, quando reutilizada, retorna para o clarificador e

os sólidos são destinados a aterros.

Mas recentemente, os processos de clarificação e filtração vem sendo substituídos por

membranas de ultra ou micro filtração que apresentam como vantagens a diminuição: do uso

de produtos químicos; da área ocupada; da geração de sólidos, além de produzir água de

melhor qualidade no tocante ao teor de sólidos suspensos. O uso de membrana tem como

desvantagem o seu maior custo de implantação e sua vida útil variando entre três e cinco anos.

A segunda etapa do tratamento consiste na remoção dos sólidos dissolvidos presentes

na água clarificada e filtrada. Duas tecnologias, ou a combinação das duas, normalmente são

utilizadas: troca iônica ou osmose inversa (alguns autores chamam de osmose reversa). A

tecnologia de abrandamento da água, cujo objetivo é a remoção de cálcio e magnésio,

normalmente não é utilizadas em refinarias modernas em decorrência da utilização de

caldeiras de alta pressão que exigem água praticamente isenta de sólidos dissolvidos.

117

Para proteção das resinas de troca iônica e das membranas de osmose inversa é

necessária a remoção do cloro remanescente. Com esse objetivo, são utilizados filtros de

carvão ativo ou bissulfito de sódio (NaHSO3).

A seqüência da troca iônica é a que se segue: a água passa pelos vasos de resinas

catiônicas, onde os cátions presentes são retidos pela resina e há a liberação do íon hidrogênio

(H+); pelos vasos aniônicos, onde há retenção dos anions e a liberação do íon hidroxila (OH-)

e, finalmente, pelos vasos de Leito Misto, que contém resinas catiônica e aniônica, para

remoção dos sais dissolvidos remanescentes, produzindo a chamada “água polida” apropriada

para alimentar caldeiras de alta pressão. O processo como o próprio nome diz, troca os íons

dissolvidos presentes na água por íons H+ e OH-, produzindo água praticamente isenta de sais

dissolvidos. Quando a capacidade de troca das resinas é esgotada, os vasos são retirados de

operação para regeneração. As resinas catiônicas são regeneradas com solução de ácido

sulfúrico (H2SO4) e as resinas aniônicas são regeneradas com solução de soda cáustica

(NaOH). A seqüência de vasos é camada de cadeia de desmineralização.

No processo de osmose inversa, a água, sob pressão, atravessa membranas semi-

permeáveis. A água que passa através da membrana é praticamente pura e os sais contido na

água de alimentação continuam na água não atravessou a membrana. Assim, são produzidas

duas correntes: uma de água praticamente isenta de sais dissolvidos e outra, que é descartada,

concentrada em sais. O arranjo da unidade pode utilizar mais de uma passagem (passe) pelas

membranas para diminuir o volume de água a ser descartada.

Em função da pressão de operação das caldeiras, pode ser necessário o polimento da

água produzida pela osmose inversa. O polimento é feito em vasos de Leito Misto. A Figura

34 ilustra o princípio de funcionamento do processo de osmose inversa.

Processo

Natural

Pressão Osmótica

OSMOSE INVERSA

Me mbrana Semiper meável Me mbrana

Semiper meável

ΔP

Pressão

Me mbranaSemiper meável

OsmoseInversa

Figura 33: Princípio da osmose inversa

118

Figura 34: Esquema da osmose inversa

A Figura 35 mostra as etapas de remoção dos contaminantes presentes na água para

utilização em uma refinaria de petróleo e a Figura 36 mostra, esquematicamente, uma estação

de tratamento de água típica de refinaria.

Figura 35: Esquema típico de tratamento de água de refinaria de petróleo

119

(Al: alumínio) Figura 36: Esquema de tratamento de água mais detalhado.

O volume de água bruta utilizado no processo de refino de petróleo varia muito de

refinaria para refinaria, pois depende de vários fatores como: qualidade da água bruta captada;

tecnologias utilizadas na Estação de Tratamento de Água (ETA); esquema de refino;

tecnologia empregada nas unidades de processo; eficiência energética, que impacta o sistema

de resfriamento; tecnologia de resfriamento utilizada; esquema termoelétrico, incluindo se a

unidade compra ou fornece energia elétrica a terceiros e do grau de reúso de água.

Como as refinarias costumam ser diferentes em configuração, integração de

processos, parque de tancagem, tipo de petróleo processado e perfil de produção, projeto e

capacidade de produção, eficiência energética, sistema de controle de poluição, o uso de

indicador simples como, por exemplo, água utilizada por petróleo processado não é um bom

fator para comparar a eficiência do uso de água entre refinarias. A Tabela 54 apresenta o

levantamento feito em 63 refinarias européias:

Tabela 54: Consumo de água em refinaria de petróleo Parâmetro Valor Unidade Média anual de água bruta utilizada 4,2 Milhões de toneladas de água/ano Variação 0,7 a 28 Milhões de toneladas de água/ano Produção média de derivado 6,9 Milhões de toneladas/ano Média de água por tonelada de produto produzido

0,62 Tonelada de água /tonelada produzida

Variação 0,01 a 2,2 Tonelada de água /tonelada produzida Fonte: European Commission, 2003, p. 132.

Os valores apresentados acima não incluem a reciclagem de efluente final, água de

chuva, água do mar, água de lastro de navio e despejos da vizinhança que, por ventura, possa

ser utilizado.

120

Outra fonte indica valores de água bruta entre 1,55 e 2,14 m3 de água por m3 de

petróleo processado (U.S. DEPARTAMENT..., 2003, p. 53), que são valores elevados se

comparado com a média de 0,9 m3 de água por m3 de petróleo processado praticado pelas

refinarias da PETROBRAS (AMORIM, 2004), que está na faixa apresentada por Diepolder

(1992) que é de 0,7 a 1,2 m3 de água/m3 de óleo processado.

121

3 A REFINARIA

3.1 INTRODUÇÃO

O Plano Estratégico PETROBRAS 2015, de maio de 2004, no tocante à visão, prevê

que “A PETROBRAS será uma empresa integrada de energia com forte presença

internacional e líder na América Latina, atuando com foco na rentabilidade e na

responsabilidade social e ambiental”.

O foco na rentabilidade obriga a empresa a investir em unidades de conversão para

transformar produtos mais pesados em derivados de maior valor agregado. Pelo lado da

vertente de responsabilidade social e ambiental, é necessário investir em unidades de

tratamento que aumentem a qualidade dos produtos e removam compostos de enxofre e

nitrogênio.

Abadie ([1998?], p. 5), esclarece que os processos de conversão:

[...] são sempre de natureza química e visam transformar uma fração em outra(s), ou

alterar profundamente a constituição molecular de uma dada fração, sem, no entanto,

transformá-la em outra. Isto pode ser conseguido através de reações de quebra,

reagrupamento ou reestruturação molecular.

Ainda segundo o mesmo autor,

Processos de conversão normalmente são de elevada rentabilidade , principalmente

quando transformam frações de baixo valor comercial (gasóleo, resíduos) em outras

de maiores valores (GLP, naftas, querosene e diesel).

O mesmo autor cita como exemplos de processos de conversão catalítica:

craqueamento; hidrocraqueamento; alcoilação, reforma e isomerização. Como exemplos de

processos de conversão não catalíticos: craqueamento térmico; viscorredução e o

coqueamento retardado ou fluido (ABADIE, 1998?, p.6).

Para adequação da qualidade dos derivados produzidos, são necessárias unidades de

hidrotratamento, cujo agente responsável pela remoção das impurezas é o hidrogênio, que

atua na presença de um catalisador (ABADIE, 1998?, p.6).

122

Tanto as unidades de conversão como as de hidrotratamento trabalham em condições

severas de pressão e temperatura. O calor fornecido ou gerado no processo é removido para

armazenagem dos derivados produzidos em tanques, o que torna essas unidades

demandadoras intensivas de água de resfriamento.

O Plano Estratégico também prevê uma expansão das atividades de refino, com

incremento de 270 mil barril por dia - bpd na carga processada no parque existente e aumento

de 300 mil barris do óleo nacional processado para atender um crescimento do mercado de

derivado projetado em 2,4 % ao ano até 2010.

Está previsto para período 2004 – 2010, um investimento de US$ 53,6 bilhões que

representa um montante médio anual de US$ 6,6 bilhões no país e US$ 1,1 bilhão no

exterior (PETRÓLEO, 2004, p.10). Do total previsto, a distribuição por Área de Negócio é de:

32,1 bilhões de dólares para E&P, sendo 26,2 no País; 11,2 bilhões no seguimento

downstream; 1,7 bilhões na distribuição; 1,4 bilhões na área corporativa e 1,1 no setor

petroquímico. Tabela 55: Previsão de Investimento ÁREA DE NEGÓCIO VALOR

Bilhões de US$

%

E&P (1) (2) 32,1 59,9%

DOWNSTREAM (1) 11,2 20,9%

GÁS E ENERGIA (1) 6,1 11,4%

DISTRIBUIÇÃO (1) 1,7 3,2%

ÁREA CORPORATIVA (1) 1,4 2,6%

PETROQUÍMICA (1) 1,1 2,1%

TOTAL 53,6

(1) Brasil e exterior (2) 26,2 bilhões de dólares no Brasil Fonte: Plano Estratégico PETRÓLEO..., 2015.

A Figura 37 a seguir permite uma melhor visualização da distribuição do investimento

entre as áreas de negócio da PETROBRAS.

123

Investimento (US$ 53,6 bilhões)

60%21%

11% 3% 3% 2% E&PDOWNSTREAMGÁS E ENERGIADISTRIBUIÇÃOÁREA CORPORATIVAPETROQUÍMICA

Figura 37: Investimento por área de negócio Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2015 (elaborado pelo autor).

Está prevista a elevação da carga fresca processada no País, passando de 1,66 milhões

de bpd em 2004 para 1,87 milhões de bpd em 2010, sendo que deste total 1,70 milhões de bpd

de petróleo nacional.

Dentro deste cenário de crescimento da PETROBRAS, a REPLAN está sendo

contemplada. Segundo Muito+ Informações da Região Metropolitana de Campinas (2004),

nos últimos anos, a PETROBRAS investiu na REPLAN R$ 1,1 bilhão na construção da

unidade de hidrotratamento de diesel e na unidade de coque verde de petróleo, estando

previstos investimentos de mais de US$ 950 milhões até o ano de 2010.

3.2 HISTÓRICO

Segundo o documento PETROBRAS RL 5270-2000-900-900-PDI-004, Rev. 0, a

Refinaria de Paulínia – REPLAN foi projetada para abastecer de derivados o interior do

Estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul, nordeste do Paraná e sul de Minas Gerais. A obra

de construção da Refinaria iniciou em 1969 e o início de operação foi no dia 02 de fevereiro

de 1972. O projeto original da refinaria é da FOSTER WHEELER CORPOTATION, com

uma capacidade nominal de processamento de 20.000 m3/d (125.000 bpd). A base de projeto

foi para processamento dos petróleos Abu-Dhabi, Baiano e Safanya.

124

Ainda segundo o referido documento PETROBRAS, para implantação da Refinaria de

Paulínia foram considerados fatores como: concentração do mercado consumidor, facilidade

de recebimento de petróleo, escoamento de derivados, disponibilidade de energia elétrica e

água (grifo do autor), área adequada em extensão e configuração para implantação do

empreendimento e posterior ampliações. A disponibilidade de água foi um dos fatores

considerado por ser um insumo estratégico para indústria de refino de petróleo.

A refinaria foi inicialmente batizada como Refinaria do Planalto Paulista e teve seu

nome alterado para Refinaria de Paulínia – Replan. Desde sua implantação, a Refinaria vem

sofrendo sucessivas ampliações, como pode ser visto na Tabela 56: Tabela 56: Evolução da Refinaria ÉPOCA OCORRÊNCIA CAPACIDADE

(m3/d) 1972 Operação da U-200 (destilação Atmosférica e a Vácuo)

Operação da U-220 (Craqueamento Catalítico) Operação da U-910 (Recuperação de Enxofre)

20.000 5.000 45 t/de

1973 Expansão da U-200 Expansão da U-200

23.000 27.000

1974 Operação da U-200A (destilação Atmosférica e a Vácuo) Revisão da Capacidade da U-220

27.000 7.500

1985 Revisão da Capacidade da U-200 Revisão da Capacidade da U-200ª

24.000 24.000

1990 Revisão da Capacidade da U-220 8.000 1992 Operação da U-220ª (Craqueamento Catalítico)

Operação da U-910ª (Recuperação de Enxofre) 7.500 64 t/d

1993 Revisão da Capacidade da U-220 7.500 1996 Operação da U-255 (Produção de Metil-Terc-Butil Éter) 266 t/d 1997 Expansão da U-200A 28.000 1998 Revisão da Capacidade da U-220ª 8.000 1999 Expansão da U-200

Revisão da Capacidade da U-220 Revisão da Capacidade da U-220A Operação da U-283 (Hidrotratamento de Instáveis) Operação da U-980 (Coqueamento Retardado) Operação da U-910B (Recuperação de Enxofre)

28.000 7.200 8.500 5.000 5.000 106 t/d

2004 Operação da U-980A (Coqueamento Retardado) Operação da U-283A (Hidrotratamento de Instáveis) Operação da U-910C (Recuperação de Enxofre) Revisão da Capacidade da U-200A

5.000 5.000 30.000

Fonte: documento PETROBRAS RL 5270-2000-900-900-PDI-004 fl.3/3, modificado pelo autor. RL – Relatório

3.3 INFORMAÇÕES GERAIS

Razão Social: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.

Nome de Fantasia: REFINARIA DE PAULÍNIA – REPLAN

125

Endereço; Rodovia SP 332, Km 132

Paulínia – SP

CEP: 13.140-000

Telefone: (019) 3874-6106

Fax: (019) 3874-6800

www.petrobras.com.br

Inscrição no CNPJ: 33.000.167/0643-47

Inscrição Estadual: 108.119.504.115

Inscrição Municipal: 701

Área 9,1 Km2

Contribuição em impostos (2004) : R$ 9,7 bilhões Fontes: Portal PETROBRAS - Refinaria de Paulínia (UN-REPLAN). Documento PETROBRAS - RL-5270-6000-900-PDI-003 fl. 2/2

Segundo M+ Muito Mais Informações da Região Metropolitana de Campinas (2004),

80% do petróleo processado na Refinaria é proveniente da bacia de Campos e a produção

atual destina-se aos mercados de São Paulo (55%), Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Rondônia e Acre (20%), Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro (10%), Goiás, Brasília e

Tocantins (15%). Seus principais produtos são: óleo diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene,

coque, asfalto e solventes. A Refinaria, no seu laboratório de motores, desenvolve

formulações especiais para a Fórmula 1, motocross e motovelocidade e também realiza

pesquisas sobre desempenho de combustíveis em motores nacionais, além do atendimento às

montadoras e fabricantes de motores do Brasil e do exterior.

3.4 IMPORTÂNCIA DA REPLAN

A Refinaria de Paulínia é a maior refinaria da PETROBRAS e também a maior do

País, como pode ser visto no quadro abaixo:

126

Tabela 57: Capacidade de refino, por refinaria, no País Capacidade de refino1 (m3/dia de operação) Refinarias

(Unidade da Federação) 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total 291.520 294.520 304.200 310.100 311.100 311.800 324.600 IPIRANGA (RS) 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 2.700 2.700

LUBNOR (CE) 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000

MANGUINHOS (RJ) 1.590 1.590 2.200 2.200 2.200 2.200 2.200

RECAP(SP)

7.000 7.000 7.000 8.500 8.500 8.500 8.500

REDUC (RJ)²

36.000 36.000 36.000 38.500 38.500 38.500 43.850

REFAP (RS)

30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000

REGAP (MG) 23.000 23.000 23.000 23.000 24.000 24.000 24.000

REMAN (AM) 2.230 2.230 7.300 7.300 7.300 7.300 7.300

REPAR (PR)

27.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000

REPLAN (SP) 52.000 52.000 56.000 56.000 56.000 56.000 58.000

REVAP (SP)

34.000 34.000 34.000 35.900 35.900 35.900 40.000

RLAM (BA)3

48.700 48.700 48.700 48.700 48.700 48.700 50.050

RPBC (SP) 27.000 27.000 27.000 27.000 27.000 27.000 27.000 Total4 (m3/calendário-dia)

276.944

279.794

288.990

294.595

295.545

296.210

308.370

Fator de Utilização5 (%) 78,4 83,7 85,1 85,7 88,5 86,3 83,1

1- Capacidade operacional de refino. 2 - A capacidade autorizada da REDUC inclui 5.350 m³/d da unidade de fracionamento de LGN (C2+), que entrou em operação em 2003. 3 - A capacidade autorizada da RLAM inclui 1.600 m³/d das duas unidades de fracionamento de LGN (C3+). 4 - Capacidade de refino calendário-dia, considerando-se o fator de 95%. 5- Fator de utilização das refinarias, considerando o petróleo processado no ano. Fonte: ANP Anuário Estatístico 2004.

A Tabela 58 mostra a produção da REPLAN e compara com a produção de derivados

em São Paulo e em todo País:

Tabela 58: Produção de derivados REPLAN X São Paulo X Brasil (m3) DADO 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Janeiro 1.551.562 1.608.843 1.673.814 1.531.010 1.663.076 1.675.207 Fevereiro 1.551.169 1.504.596 1.568.007 1.390.540 1.746.077 1.465.244 Março 1.655.087 1.665.227 1.713.173 1.703.357 1.854.938 1.466.948 Abril 1.553.267 1.723.925 1.693.547 1.461.309 1.881.935 1.131.665 Maio 1.673.349 1.690.702 1.801.136 1.214.791 1.915.447 Junho 1.711.688 1.687.302 1.576.273 1.023.166 1.568.048 Julho 1.694.518 1.694.207 1.674.193 1.329.438 1.662.443 Agosto 1.694.301 2.036.477 1.686.270 1.493.842 1.575.205 Setembro 1.684.533 1.956.119 1.642.575 1.563.418 1.754.454

127

continuação Outubro 1.817.060 1.814.835 1.779.887 1.675.002 1.636.754 Novembro 1.594.013 1.557.572 1.635.842 1.619.146 1.609.130 Dezembro 1.727.733 1.743.130 1.651.105 1.630.192 1.554.921 Total 19.908.280 20.682.935 20.095.821 17.635.212 20.422.428 5.739.064 São Paulo 43.883.667 44.917.411 42.422.585 42.591.708 45.245.536 14.055.825 BRASIL 92.845.528 97.217.842 94.800.616 94.579.474 99.899.947 32.638.064 Fonte: Portal da ANP, modificado pelo autor.

Para melhor visualização da importância da REPLAN, a produção da Refinaria em

termos percentuais é mostrada no gráfico abaixo.

% de Produção de Derivados REPLAN

0

10

20

30

40

50

%

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Em relação a São Paulo

Em relação ao Brasil

Figura 38: % de produção de derivados da Replan em relação a São Paulo e ao Brasil Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo a ANP , o esquema de refino que possui unidades de Destilação Atmosférica

e a Vácuo, FCC, Coqueamento e Hidrotratamento, que é o mesmo arranjo existente na

REPLAN, é: [...] seguramente, o mais flexível e moderno de todos por incorporar à configuração anterior o processo de hidrotratamento de frações médias geradas no coqueamento, possibilitando o aumento da oferta de óleo diesel de boa qualidade. Este esquema permite um maior equilíbrio na oferta de gasolina e de óleo diesel de uma refinaria, pois desloca parte da carga que ia do coqueamento para o FCC (processo marcantemente produtor de gasolina) e a envia para o hidrotratamento, gerando, então, mais óleo diesel e menos gasolina que as configurações anteriores.

128

Figura 39: Esquema de refino Fonte: Agência..., 2005.

A M+ Muito Mais Informações da Região Metropolitana de Campinas (2004), relata

que a Replan foi a primeira refinaria do mundo recomendada para certificação pela norma de

Responsabilidade Social SA-8000. Também foi pioneira na América Latina na implantação

da Unidade de Tratamento de Gás Residual proveniente da Unidade de Retificação de Águas

Ácidas (U-919), que permitiu que o nível de recuperação de enxofre contido no gás

aumentasse de 96% para 99,5%, representando significativa redução na emissão de compostos

gasosos de enxofre para atmosfera. A força de trabalho da refinaria é composta por 1.500

empregados, sendo 787 próprios. Em termos de arrecadação de impostos, Imposto sobre

Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços (ICMS) próprio mais substituição

tributária (imposto cujo recolhimento passou a ser de responsabilidade da Refinaria) e

Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) incidente sobre a importação e a

comercialização de petróleo, atingiu em 2004 o valor de R$ 10,8 bilhões.

129

3.5 PARQUE DE REFINO

3.5.1 Atual

Atualmente a refinaria é equipada com um conjunto industrial e de utilidades e um

parque de tancagem composto de: duas unidades de destilação atmosférica e a vácuo; duas

unidades de craqueamento catalítico; duas unidades de coque; duas unidade de

hidrotratamento; uma unidade de MTBE; 153 tanques de combustível; 17 esferas de gás;

sistema de captação e estação de tratamento de água ; 7 caldeiras de vapor; Casa de Força

com capacidade instalada de geração de 60 Mw e consumo de 50 Mw; 3 unidades de

recuperação de enxofre; estação de tratamento de despejos industriais.

A capacidade licenciada das principais unidades de processo, segundo documento

interno PETROBRAS, “Situação das licenças das unidades da Refinaria de Paulínia”,

revisado em 04 de fevereiro de 2005, obtido na própria REPLAN, é mostrado no quadro

abaixo:

Tabela 59: Capacidade licenciada Unidade TAG Vazão Destilação atmosférica U-200 27.200(1) m3/d Destilação a vácuo U-210 (2)

Destilação atmosférica U-200-A 27.000(3) m3/d Destilação a vácuo U-210-A (4)

Craqueamento catalítico U-220 7.500 m3/d Craqueamento catalítico U-220-A 7.500(5) m3/d MTBE(6) U-255 260 t/d Coqueamento retardado U-980 5.000(7) m3/d Hidrotatamento de correntes instáveis U-283 5.000(8) m3/d Coqueamento retardado U-980-A 5.000(9) m3/d Hidrotatamento de correntes instáveis U-283-A 5.000(8) m3/d

1. Em processo de licenciamento para ampliação da carga para 30.000 m3/d. 2. Carga vinculada da U-200. 3. Carga de referência. Unidade foi ampliada para 30.000 m3/d. 4. Carga vinculada a U-200-A. 5. Solicitada, em 23/01/04, ampliação de carga para 8.500 m3/d. 6. Sigla em inglês de Éter Metil Terbutílico. 7. Solicitada, em 13/08/03, ampliação de carga para 6.000 m3/d. 8. Solicitada, em 23/04/04, ampliação de carga para 6.000 m3/d. 9. Solicitada, em 15/10/03, ampliação de carga para 6.000 m3/d.

130

3.5.2 Parque futuro

Informações obtidas na área de Empreendimentos do Refino da PETROBRAS (AB-

RE/EM), indicam que a carteira de projeto da Empresa contempla as seguintes unidades para

REPLAN:

Tabela 60: Previsão de empreendimentos Unidade Capacidade Início de Execução Partida

Revamp(1) Destilação U-200 Set/05 2007

Propeno 265.0000 t/ano Jul/06 2008

HDS(2) gasolina 4.000 m3/d Jul/06 2009

HDS gasolina 4.000 m3/d Jul/06 2009

HDT(3) nafta de coque 6.000 m3/d Jul/06 2009

Reforma catalítica 2.500 m3/d Jul/06 2009

HDT diesel + UGH(4) 8.000 m3/d Ago/06 2010

HCC(5) 5.000 m3/d Após 2010 até 2015

(1) Revamp – Modificação de projeto em unidade existente com vista a melhorias ou aumento de capacidade de processamento. (2) HDS – Hidrodessulfurização. (3) HDT – Hidrotratamento. (4) UGH – Unidade de Geração de Hidrogênio. (5) HCC – Hidrocraqueamento Térmico.

Cabe ressaltar que para atender as novas unidades e ampliação das existentes, há

necessidade de adequação ou ampliação das unidades chamadas de “off-site”, tais como:

parque de tancagem; unidades de produção de utilidades; unidade de tratamento de efluentes;

sistema de tocha; unidade de recuperação de enxofre e unidade de tratamento de águas

ácidas.

3.6 MALHA DE DUTOS

A PETROBRAS possui vasta rede de oleodutos e gasodutos com 30.318 km de

extensão, sendo este o principal meio de entrada e saída de petróleo, gás e derivados nas

refinarias. Alguns dutos da Empresa têm vários quilômetros de extensão e cortam mais de um

estado.

131

O Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), por exemplo, tem 3.150 km sendo que 2.593 km

são em território nacional. O gasoduto, com capacidade de transporte 30 milhões de m3/dia,

tem um trecho de 1815 km com 32 polegadas, um com 624 km de 24 polegadas e outro de

252 km de 16 polegadas. O gasoduto começa na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra

e termina em Porto Alegre, cortando os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul, passando por quatro mil propriedades localizadas em 135

municípios (COMCIENCIA, [2004?]).

O gasoduto, que começou a ser construído em 1997 e iniciou a operação em 1999,

acompanha o rio Tietê, até região de Campinas, onde se encontram as indústrias pioneiras na

utilização do gás natural boliviano no Brasil. Seu traçado é estratégico, passando por uma

área responsável por 71% do consumo energético nacional, 82% da produção industrial

brasileira e 75% do PIB (COMCIENCIA, [2004?]).

Figura 40: Mapa do GASBOL Fonte: Portal da TBG.

132

Outro exemplo de duto de grande extensão é o Oleoduto São Paulo - Brasília OSBRA,

maior poliduto do País, com 950 quilômetros de extensão, ligando a Refinaria à cidade de

Brasília, com cinco bases de distribuição em seu trajeto: Ribeirão Preto, Uberaba, Uberlândia,

Senador Canedo e Brasília.

Além do OSBRA, consta no documento “Condições Gerais de Serviço – Dutos do

Centro-Oeste e São Paulo” (TRANSPETRO, 2002), os seguintes dutos de grande extensão:

Tabela 61 – Dutos de grande extensão

OLEODUTO TRECHO EXTENSÃO DIÂMETRO ORIGEM DESTINO OPASA 10”. REPLAN/BAUERI 97 km 10” REPLAN/BAUERI REPLAN/BAUERI OPASA 14” REPLAN/BAUERI 97 km 14” REPLAN/BAUERI REPLAN/BAUERI OPASA 16’’ REPLAN/BAUERI 97 km 16’’ REPLAN/BAUERI REPLAN/BAUERI OSPLAN S. Sebastião/Guararema

Guararema/REPLAN 84 km 155 km

24 “ 24”

S. Sebastião Gurarema

Guararema REPLAN

OSPLAN II REPLAN/Guararema 153 km 18” REPLAN Guararema Fonte: TRANSPETRO.

3.7 FONTE DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

A ANA através da Resolução no 168, de 15 de agosto de 2002, renovou, por dez anos

a partir da publicação, a outorga de direito de uso de recursos hídricos, emitida a Petróleo

Brasileiro S/A – PETROBRAS, pela portaria no 532, de 10 de julho de 1971, para captação de

água no Rio Jaguari. A vazão máxima de captação para funcionamento da refinaria concedida

é de 1.870 m3/h (0,518 m3/s), em regime contínuo de 24/dia, 365 dias/ano. A Resolução

permite uma vazão máxima de captação em caso de ocorrência de incêndio de 3.600 m3/h (1,0

m3/s), incluindo a vazão máxima de captação de funcionamento (AGÊNCIA..., 2002).

O ofício DCRH/No 0058/89, de 21 de fevereiro de 1989, assinado pelo Diretor do

DCRH/DNAEE, informa ao Diretor da Divisão de Controle de Recursos Hídricos do

DNAEE, que o Diário Oficial – DO, de 08/07/81, publicou a aprovação do “projeto

apresentado pela PETROBRAS para a captação de, no máximo, 1 m3/s das águas do rio

Jaguari”. O referido documento informa que “a Portaria do Senhor Ministro, no 532, de

01.07.71, publicada no D.O. de 07.07.71, autorizou a PETROBRAS a utilizar as águas do rio

Jaguari por um prazo de 30 (trinta) anos, a contar de 07.07.71”.

A comparação dos dois documentos de outorga mostra que a vazão de captação foi

reduzida de 3.600 m3/h para 1.870 m3/h por ocasião da sua renovação em 2002. Esta redução

133

de vazão está obrigando a Refinaria a procurar outras fontes de abastecimento para atender as

futuras demandas de água.

3.8 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA

As informações sobre o sistema de captação, adução e tratamento de água e sobre o

sistema de tratamento de efluentes da Refinaria foram obtidas em documentos internos da

PETROBRAS; no relatório “CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS DE DISPONIBILIDADE

HÍDRICA” (FUNDAÇÃO..., 2002); com os técnicos da Refinaria: Jorge Antonio Mercanti;

Bentací Corrêa Junior; João Carlos Pattaro e Silvio Eduardo Ribeiro e os técnicos da Sede da

Empresa: Fátima Ferreira de Almeida, Fernando César Lopes de Oliveira e Tsutomo Iwane.

3.8.1 Captação e adução

As coordenadas geográficas do ponto de captação de água da Refinaria no rio Jaguari

são: 22o 41` 46” de Latitude Sul e 47o 07` 40”de Longitude Oeste.

O sistema de captação de água bruta é composto por cinco bombas, três operando e

duas na reserva (B-6201 A/B/C/D/E), cada uma com capacidade nominal de 600 m3/h, que

alimentam três adutoras de 20 polegadas de diâmetro. A água bruta bombeada é enviada aos

tanques de armazenamento da área de reservação (TQ-6101 A/B/C), dois com capacidade de

16.500 m3 cada (com reserva de 3.500 m3, para Rede de Incêndio - RI) e o outro com

capacidade de 20.000 m3 (com reserva de 3.400 m3 para RI) cuja finalidade é garantir

suprimento de água em caso de falha do sistema de adução, bem como alimentar o sistema de

combate a incêndio da Refinaria.

Dos tanques da área de reservação sai uma adutora de 42 polegadas de diâmetro para

alimentar o Castelo de Água (TQ-6201) que, por sua vez, alimenta os clarificadores e a

bomba de pressurização da RI. A RI é utilizada para prevenção e combate a incêndio e testes

hidrostáticos de tanques e equipamentos, sendo o seu consumo médio de 10 m3/h.

134

3.8.2 Clarificação

O sistema de clarificação é parte integrante da Estação de Tratamento de Água – ETA

da Refinaria e possui três clarificadores tipo “pulsator” (V-6201 A/B/C), com capacidade

nominal de projeto de 900 m3/h e máxima de 1.200 m3/h cada. A linha que alimenta os

clarificadores sai à meia altura do Castelo de Água de modo a garantir o suprimento do

sistema de pressurização da RI.

A água bruta recebe injeção de cloro e sulfato de alumínio na entrada dos

clarificadores. Parte da água clarificada produzida é enviada aos filtros de areia e parte é

armazenada no tanque TQ-6202 para ser utilizada como água de processo e reposição do

sistema de água de resfriamento. Para atender as novas unidades estão previstas melhorias nos

clarificadores de modo a ampliar a capacidade nominal para 1.100 m3/h.

O lodo gerado no processo é enviado para o tanque TQ-6222, que serve como tanque

de carga da Unidade de Desidratação de Lodo - UDL. O TQ-6222 alimenta uma bomba com

variação de freqüência para controle de carga da centrífuga. O lodo, antes de ser centrifugado,

recebe dosagem de polímero. A água removida vai para o tanque de água recuperada (TQ-

6223) e depois volta para o início do tratamento, antes da clarificação, para ser reutilizada. O

lodo adensado é colocado em caçambas, sendo posteriormente enviado para aterro.

3.8.3 Filtração

Dos clarificadores, a água, por gravidade, alimenta oito filtros de areia (FT-6201

A/B/C/D/E/F/G/H), cada um com capacidade nominal de projeto de 120 m3/h e máxima de

160 m3/h. A água filtrada produzida é enviada para o tanque TQ-6203, com 370 m3 de

capacidade, para alimentação do sistema de desmineralização e para sua utilização como água

de processo.

A água de lavagem dos filtros é armazenada para posterior reúso, sendo enviada para

entrada dos clarificadores.

135

3.8.4 Ultrafiltração

A ETA possui dois trens de ultrafiltração, cada um com capacidade de 140 m3/h,

alimentados com água clarificada proveniente do tanque TQ-6202.

Parte da água produzida na unidade de ultrafiltração recebe injeção de cloro e é

enviada para o tanque de água potável (TQ-6204) que alimenta, por gravidade, toda Refinaria.

A outra parte alimenta o sistema de osmose reversa.

3.8.5 Desmineralização

O sistema existente é constituído de um conjunto de produção de água

desmineralizada que utiliza as tecnologias de troca iônica e osmose reversa. A água produzida

alimenta caldeiras de alta pressão, que gera vapor de 91 kgf/cm2.

3.8.5.1 Troca iônica

A água, clarificada e filtrada, é bombeada pelas bombas B- 6205 A/B/C/D/E/ para o

sistema de desmineralização.

A ETA é equipada com 5 cadeias de desmineralização com as seguintes vazões de

projeto:

Cadeia A = 80 m3/h

Cadeia B = 80 m3/h

Cadeia C= 80 m3/h

Cadeia D = 160 m3/h

Cadeia E = 170 m3/h

136

Figura 41: Arranjo dos vasos de troca iônica

No caso do Leito Misto, há mais um vaso (F) com capacidade de 170 m3/h.

A água polida é enviada a três tanques de armazenamento, dois com capacidade de

1.200 m3 e um com 2.000 m3. Está prevista a construção de mais um tanque com capacidade

de 10.000 m3.

3.8.5.2 Osmose reversa

A ETA está equipada com dois trens de dois passos cada de osmose reversa. Cada

trem tem capacidade de 85 m3/h. A água permeada é enviada para polimento em Leito Misto e

o rejeito é reaproveitado para reposição da torre de resfriamento (TR-6121). Atualmente a

unidade produz cerca de 120 m3/h de permeado e 20 m3/h de rejeito.

3.8.6 Torre de resfriamento

O sistema de torres de resfriamento, que é o responsável pelo maior consumo de água

da Refinaria, não faz parte da ETA, porém sua operação é atribuição da mesma gerência.

A torre de resfriamento, como o próprio nome diz, tem o objetivo de resfriar a água

utilizada para retirar o calor cedido ao petróleo e correntes intermediárias nos fornos ou o

calor gerado nas reações químicas nas diversas etapas do processo de refino, bem como o

137

calor absorvido pela água de resfriamento utilizada nos condensadores de vapor de água. A

água quente retorna para a torre de resfriamento onde entra em contato com o ar para ser

resfriada e ser novamente utilizada na retirada de calor das diversas correntes produzidas nas

unidades de processo e para condensação de vapor.

Quase toda água que circula no sistema é reaproveitada, sendo perdida uma parcela

que é vaporizada no processo de troca térmica da água quente com o ar, outra parte se perde

em respingos e arrastes pelo ar. Como uma fração da água é vaporizada, os sais dissolvidos

vão se concentrando, sendo necessária à realização de purga para manter a concentração de

sais dissolvidos dentro de teores aceitáveis de modo a evitar depósitos ou corrosão no sistema.

A parte da água que é perdida (evaporação, respingo, arraste e purga), algo em torno de 1,5 a

3 % do total circulante, precisa ser reposta. A reposição varia em função da carga térmica da

torre, da qualidade da água de reposição, do projeto da torre resfriamento (perdas por respingo

e arraste), do grau de contaminação proveniente do processo ou mesmo do ar e do teor de

sólidos dissolvidos.

A Refinaria possui três torres de resfriamento do tipo corrente cruzada, com células de

2875 m3/h. As TR-6321 e TR-6322, juntas têm capacidade de 45.000 m3/h, com oito células

cada, são equipada com sete bombas B-6121 A/B/C/D/E/F/G, cada uma com capacidade

nominal de projeto de 6140 m3/h. A reposição das duas torres é com água clarificada, sendo

que a TR-6121 recebe água, por gravidade, do tanque TQ-6202 e o rejeito da osmose reversa.

A TR-6122 recebe água diretamente das canaletas dos clarificadores.

A terceira torre de resfriamento, a TR-6151, também tem oito células, cinco das quais

estão em operação e três células permanecem vazias. A reposição é com água filtrada a partir

do TQ-6203, sendo alimentada pelas bombas B-6231A/B com capacidade de 800 m3/h, cada.

3.8.7 Sistema de produção de vapor

A Refinaria possui um conjunto de caldeiras para produção de vapor que é utilizado na

geração de energia elétrica para consumo próprio, no acionamento de máquinas, no

aquecimento e nas diversas etapas do processo de refino. O vapor que não entra em contato

com os derivados de petróleo é condensado, retornando para sua reutilização como água de

alimentação de caldeira. O retorno de condensado gira em torno de 52% do total de vapor

138

produzido. A reposição do sistema é feita com água polida produzida na etapa de

desmineralização.

A tabela a seguir mostra a capacidade de produção de vapor instalada:

Tabela 62: Capacidade de produção de vapor da Refinaria Caldeira Capacidade(t/h) GV-6301A/B/C 100 (cada) GV -6302 100 GV-6303 115 GV-2201* 100 GV-22501* 200 Total 815 * Caldeiras de CO Fonte: REPLAN.

A figura 42 mostra, de modo esquemático, a ETA da REPLAN.

Figura 42: Representação esquemática do Sistema de Tratamento de Água - ETA da REPLAN Fonte: Sede da PETROBRAS

139

3.9 CONSUMO DE ÁGUA

3.9.1 Consumo atual

O consumo de água bruta e de água para reposição do sistema de resfriamento da

Refinaria, no ano de 2004, é apresentado na tabela abaixo.

Tabela 63: Consumo de água em 2004 (m3/h) ÁGUAS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA

Bruta 1.529 1.505 1.591 1.541 1.584 1.565 1.737 1.885 1.803 1.582 1.826 1.561 1.642 Reposição torres de resfriamento

642 645 716 784 818 751 671 747 939 775 724 496 726

Percentual 41,99 42,87 45,01 50,88 51,65 47,96 38,63 39,64 52,08 48,99 39,67 31,80 44,19

Fonte: PETROBRAS.

O consumo médio diário do ano de 2004 foi de 1.642 m3/h. Entretanto, no mês de

agosto, o consumo médio de água bruta foi de 1.885 m3/h, ultrapassando, portanto, o valor

outorgado de 1.870 m3/h. Neste período, a Refinaria estava enchendo, com água bruta,

tanques de petróleo disponíveis com objetivo de complementar, caso necessário, o seu

suprimento de água durante a estiagem e fazendo testes na nova torre de resfriamento TR-

6151. Segundo informações obtidas na Refinaria, nos meses de julho e agosto de 2004, foram

estocados 100.000 m3 de água bruta nos tanques de petróleo (TQ-4301, TQ -4631 e TQ-4632)

e os testes com a torre de resfriamento consumiram cerca de 250 m3/h. Quanto ao valor acima

da outorga, foi dito que, como o valor é menor que 1% do total consumido, pode ser atribuído

à imprecisão na quantificação da água bruta aduzida.

3.9.2 Consumo futuro

O consumo da Refinaria após a entrada das novas unidades previstas na chamada

carteira de gasolina dependerá da tecnologia a ser empregada e se haverá maximização da

utilização de resfriadores a ar (“air-cooler”). A Empresa vem estudando alternativas de

processo com vista a diminuição do consumo de água.

140

Estimativas, feitas por técnicos da Empresa, apontam para o seguinte aumento na

vazão de água de resfriamento e água desmineralizada, caso sejam utilizadas as tecnologias

até hoje empregadas:

Tabela 64: Aumento na vazão de água de resfriamento e água desminieralizada Unidade Capacidade Água de resfriamento Vapor

Revamp Destilação U-200 1.727 ?

Propeno 265.0000 t/ano 3.000 ?

HDS gasolina 4.000 m3/d 381 5,6

HDS gasolina 4.000 m3/d 381 5,6

HDT nafta de coque 6.000 m3/d 4.351 7,7

Reforma catalítica 2.500 m3/d 1.940 16,0

HDT diesel + UGH 8.000 m3/d 1.233 56,8

Total - 13.013 91,7

Fonte: Sede da PETROBRAS.

Utilizando os dados típicos da Refinaria, faz-se a seguinte estimativa da demanda

adicional para atender as novas unidades:

Temperatura da água que retorna a torre de resfriamento = 45 OC

Temperatura da água na saída da torre de resfriamento = 28 OC

C172845T O=−=Δ (1)

O calor removido na torre de resfriamento é calculado pela fórmula

TmcQ Δ= (2)

onde:

m = vazão mássica em g/h

c = capacidade calorífica da água em Cal/g OC

ΔT = em OC

Q = calorias em Cal/h.

Assim;

hCalxCxCg

calxm

gxh

mQ OO /,. 9

3

63

10222211711001313 == (3)

Segundo DANTAS (1988, p.11) o calor latente nas torres de resfriamento representa

75 a 90% do calor perdido. Considerando que 80% da transferência de calor se dá por

vaporização da água e sabendo que o calor de e vaporização da água é 540 cal/g, temos:

141

hmxg

mxgcal

hcalxHQm /,

//, 3

6

39

3288010540

1011221=== (4)

Considerando, o ciclo de operação igual a 5 (a Refinaria trabalha com ciclo de

concentração em torno de 10, mas a estimativa considera períodos em que há necessidade de

aumentar a purga para descontaminar o sistema):

hmPurga /)(

38215

328=

−= (5)

Cabe ressaltar qe parte da purga é feita atrvés do arraste que é cerca de 0,2% da água

circulante na torre de resfriamento. Assim sendo, a reposição será a soma da água evaporada

mais a purga do sistema.

Reposição= 328 + 82 = 410 m3/h (6)

Pela estimativa acima, serão necessários cerca de 502 m3/h adicionais para reposição

de água de resfriamento e consumo de vapor. Considerando as perdas na ETA (purgas,

lavagens de filtro, regeneração do leito misto, etc), água de serviço e para prevenção de

incêndio o aumento da vazão de água bruta será de cerca de 550 m3/h, o que mostra a

necessidade de outra fonte. Cabe ressaltar que o consumo futuro poderá ser diminuído com

modificações no processo como, por exemplo, aumento da utilização de resfriadores a ar (air-

cooler).

142

3.10 ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS – ETDI

O sistema de drenagem da Refinaria de Paulínia, que conduz os efluentes gerados na

Refinaria até a Estação de Tratamento de Efluentes Industriais – ETDI, segue a norma

PETROBRAS N-38 “Critérios para Projeto de Drenagem, Segregação, Escoamento e

Tratamento Preliminar de Efluentes Líquidos de Instalações Terrestres” (PETRÓLEO...,

2000).

O item 4 da citada norma - Condições Gerais, estabelece que:

A filosofia que deve nortear a execução dos projetos de drenagem deve ser a completa segregação dos sistemas oleoso/contaminado do sistema pluvial limpo, visando impedir o lançamento de águas oleosas/contaminadas no corpo receptor e a sobrecarga da Estação de Tratamento de Efluentes com a influência indevida de águas pluviais limpas.

Segundo a norma, sistema contaminado é aquele para a qual:

[...] são enviadas as correntes aquosas caracterizadas pela eventual presença de hidrocarbonetos, podendo conter sólidos suspensos e dissolvidos e/ou outros contaminantes em concentrações tais que impossibilitem o seu lançamento direto no corpo receptor (grifo do autor).

Para o sistema contaminado são enviadas as seguintes drenagens: bacias de tanques;

purga contínua de torre de resfriamento; área de tubovias onde haja possibilidade de

vazamento de hidrocarbonetos, tais como, aquelas próximas a válvulas, flanges, “vents” e

área não contidas2 de unidades de processo, utilidades e serviços (estações de bombeamento,

de compressão, carregamento de caminhões).

Ainda segundo a citada norma, para o sistema oleoso são enviadas as “[...] correntes

aquosas caracterizadas pela presença constante de hidrocarbonetos, podendo conter sólidos

suspensos e dissolvidos e/ou outros contaminantes”. As correntes enviadas ao sistema oleoso

são provenientes de: águas de chuva, de controle de emergência, de resfriamento, de lavagem

de pisos e drenos, coletadas nas áreas contidas de unidades de processo, de centrais

termoelétricas e de bombas; áreas de carga e descarga de caminhões e vagões-tanque de

petróleo ou seus derivados; área de lavagem de equipamentos em oficinas; áreas contidas do

2 As áreas onde a ocorrência de contaminação é mais provável são muretadas e denominadas de “’áreas

contidas”. As áreas fora do perímetro das muretas de contenção são as “’áreas não contidas”.

143

campo de treinamento de combate a incêndio; “landfarming”; postos de serviço e garagens

onde ocorra lubrificação e lavagem de veículos. São também enviadas para o sistema oleoso

as drenagens de: fundo dos tanques de petróleo, “slop” e derivados exceto GLP e outros gases

liquefeitos ou refrigerados; fundo de aterro industrial; drenos de fundo dos equipamentos de

unidades de processo, de centrais termoelétricas e de áreas de bombas que contenham ou

movimentem óleos ou compostos cuja drenagem necessite de tratamento tais como as da

unidades de tratamento de águas acres e de soda gasta; purga intermitente de superfície das

bacias de acumulação das torres de resfriamento3 e o efluente das dessalgadoras.

A ETDI da Refinaria está projetada para tratar todos os efluentes líquidos produzidos

nas diversas etapas do processo, desde do recebimento e armazenagem de petróleo e gás

natural até o envio dos derivados produzidos, gerando um efluente final dentro das

especificações exigida pela legislação pertinente. Após tratamento, os efluentes da Refinaria

são lançados no rio Atibaia no ponto de coordenadas geográficas 7.438,26 km N; 281,91 km

E; MC 45o (SÃO PAULO, 2001).

Basicamente, a ETDI possui três fases distintas:

• Tratamento preliminar que consiste na remoção de sólidos através de gradeamento e

caixa de areia;

• Tratamento físico-químico primário composto de Rolo Coletor de Óleo (skimmer),

separador do tipo API (American Petroleum Institute) e flotação a ar dissolvido, para

remoção de óleo, e

• Tratamento secundário, composto de tratamento biológico por lodo ativado para

remoção da carga orgânica.

A vazão nominal de projeto da ETDI é de 1.100 m3/h e a vazão média de efluentes no

ano de 2004 foi de 527 m3/h. A folga em relação a vazão de projeto é decorrente da redução

de efluentes proveniente de melhorias implantadas com intuito de diminuir o consumo de

água e de capacidade adicional para tratar o aumento de vazão nos períodos de chuvas e

atender futuras ampliações. O quadro abaixo, mostra a vazão mensal, em m3, de efluentes da

Refinaria no ano de 2004.

33 A purga intermitente da bacia de acumulação da torre de resfriamento ocorre quando há presença de óleo

proveniente de vazamento em trocador de calor ou outro equipamento.

144

Tabela 65: Efluente industrial lançado no rio Atibaia em 2004

Mês Volume (m3) Média (m3/h)

Janeiro 465.000 625,0

Fevereiro 420.000 603,4

Março 394.726 530,5

Abril 345.213 479,5

Maio 326.999 439,5

Junho 360.556 500,8

Julho 324.350 439,0

Agosto 318.965 428,7

Setembro 286.008 397,2

Outubro 368.209 494,9

Novembro 386.937 511,4

Dezembro 522.997 702,9

Média 379.663 512,7

Fonte: Sede da PETROBRAS.

3.10.1 Descrição da ETDI

O efluente a ser tratado, proveniente do Canal de Águas Contaminadas (CAC), do

sistema oleoso e dos tanques de amortecimento seguem a seguinte seqüência:

Figura 44: Esquema simplificado da Estação de Tratamento de Efluentes Industriais - ETDI

Bacia Primária

(BP)

Separador API

Flotador Bacia Secundária

(BS)

Reatores Aerados (BAE-1B e BAE-2B)

Decantadores Lagoa de Estabilização

Rio

Atibaia

145

Com objetivo de evitar choques de vazão ou de carga o sistema conta:

• com dois tanques de amortecimento (TQ-4112 e TQ-4114) para onde são enviadas as

drenagens das dessalgadoras das unidades de destilação e de tanques de petróleo;

• uma Bacia de Águas Contaminadas (BAC), para onde é enviado o excesso de vazão

nos períodos de chuva, e

• duas Bacias de Águas Oleosas (BAO), uma com 12.000 m3 de capacidade e outra a

BAE -3B (antiga bacia de aeração) com 30.000 m3. Estas duas últimas bacias são

utilizadas para armazenar águas durante chuvas intensas para posterior transferência

para Lagoa de Estabilização

O efluente chega a ETDI por gravidade, sendo que as águas contaminadas escoam em

canaletas abertas enquanto as águas oleosas em sistema fechado de modo a diminuir

emanação de hidrocarbonetos.

O fluxo entra no canal pré-separador cujo principal objetivo é a diminuição de

velocidade. O canal é equipado com grande para retenção de sólidos grosseiros. O óleo

separado nesta fase é retirado pelo tambor rotativo (skimmer).

O separador API é composto por seis piscinas paralelas de 600 m3 cada que recebem

o efluente do canal pré-separador. Cada conjunto de três separadores possui uma ponte

elétrica com um raspador para cada piscina, que direciona o óleo flutuante para “flauta

coletora” situada na saída do separador. O óleo recolhido é tratado em tanque para posterior

reprocessamento.

O efluente do separador é enviado para um flotador a ar dissolvido, de 1.100 m3/h de

capacidade nominal de projeto, para remoção do óleo não retirado nas etapas anteriores. O

efluente do flotador é enviado para o tratamento biológico.

Inicialmente o tratamento biológico do efluente da Refinaria era realizado por um

sistema de lagoas aeradas. O conjunto de lagoas aeradas foi adaptado para funcionar como

lodo ativado, sendo construído dois decantadores e modificado o sistema de aeração. Os

aeradores superficiais antigos foram substituídos por ejetores com objetivo de eliminar a

formação de aerossóis. O esquema do tratamento biológico é mostrado a seguir:

146

Figura 45: Esquema simplificado do tratamento biológico

Após o tratamento biológico, o fluxo é enviado, por gravidade, para a lagoa de

estabilização com capacidade de 130.000 m3, cujo objetivo é o polimento final do efluente

para posterior lançamento no rio Atibaia.

3.10.2 Unidade de tratamento de esgoto doméstico

A REPLAN está equipada com uma unidade para tratamento do esgoto doméstico

gerado na Refinaria. A Estação de Tratamento de Efluentes Domésticos – ETE, com

capacidade nominal de 25 m3/h, é composta de dois valos de oxidação da matéria orgânica e

sedimentação do lodo gerado, dois aeradores tipo Kessener, um tanque de contato onde é

feita a cloração do efluente tratado e um leito de secagem do lodo decantado. Na mesma

Portaria DAEE, de maio de 2001, que autoriza o lançamento dos efluentes industriais da

Refinaria, há a permissão para lançamento no mesmo ponto do rio Atibaia de 30 m3/h de

esgoto doméstico tratado.

147

Figura 46: Esquema simplificado da ETE

3.10.3 Tratamento de águas ácidas

Apesar de não fazer parte da ETDI, as unidades de tratamento de águas ácidas são

fundamentais para o bom desempenho do sistema de tratamento de efluente de uma refinaria

de petróleo. As unidades têm objetivo de remover sulfeto de hidrogênio (H2S) e amônia (NH3)

antes do efluente ser enviado para ETDI.

Todo vapor que entra em contato com hidrocarbonetos nas diversas etapas do

processamento de petróleo, após sua condensação, dá origem às chamadas águas ácidas. A

águas ácidas na verdade são correntes alcalinas (PETRÓLEO..., 2000) ricas em amônia,

sulfetos e fenóis e seu tratamento é realizado em torres de retificação a vapor. O seu

tratamento pode ser feito em uma única torre ou em duas torres, com a retirada de sulfeto de

hidrogênio na primeira torre e amônia na segunda. A vantagem da utilização de duas torres é a

possibilidade de recuperação de enxofre na Unidade de Recuperação de Enxofre - URE e a

queima da amônia em incineradores especiais para sua transformação em nitrogênio. A

desvantagem é o maior custo de implantação e maior complexidade operacional. O tratamento

em duas torres traz nítido ganho ambiental.

148

A Replan possui 4 unidades de Águas Ácidas (T-2007, T-2057, U-683 e U-683A). As

duas primeiras são de uma torre, localizadas nas Unidades de Destilação e as outras duas (U-

683 e U-683A) são unidades com duas torres, localizadas na U-220A (Craqueamento

Catalítico) e na U-980 (Coque), respectivamente. As unidades processam também o vapor

condensado no sistema de tochas da Refinaria e água fenólica proveniente da drenagem de

tanques de nafta e gasolina. Uma quinta torre (U-638B) estava em final de montagem quando

foi realizado o levantamento de informações.

Toda água ácida gerada é enviada para dois tanques que alimentam as torres

retificadoras. O TQ-68301, possui 400 m³ de capacidade e envia para as T-2007, T-2057 e U-

683. TQ-68501, tem 200 m3 de capacidade e alimenta a U-683A. Os tanques estão equipados

com dispositivo de coleta de óleo que porventura seja arrastado pelas correntes a serem

tratadas. O óleo recolhido é enviado para reprocessamento.

No quadro abaixo é apresentado um resumo da geração de água ácida na Refinaria.

Tabela 66: Geração de águas ácidas Unidade geradora Vazão

(m3/d)

Pré-flash 75

Atmosférica 333

Destilação 1

Vácuo 1092

Pré-flash 162

Atmosférica 385

Destilação 2

Vácuo 1182

Craqueamento 1 914

Craqueamento 2 1069

Coque 1 260

HDT 614

Total de águas ácidas 6305

Condensado de tocha Sem medição

Água fenólica 5

Fonte: PETRÓLEO..., 2004, p. 8.

A capacidade de tratamento de águas ácidas é mostrada na tabela a seguir:

149

Tabela 67: Capacidade de tratamento de águas ácidas Carga (m3/dia) Unidade

Projeto Usual

T-2007 1.500 1.200

T-2507 1.500 1.200

U-683 3.800 1.800

U-683-A 4.360 2.400

Total 11.160 6.600

Fonte: PETRÓLEO..., 2004, p.11.

A água retificada é toda reutilizada para diluição de sais no topo das torres

fracionadoras e lavagem do petróleo na dessalgadora.

150

4 ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS PARA SUPRIMENTO DE ÁGUA DA

REFINARIA

4.1 USO RACIONAL DE ÁGUA

O uso racional da água, isto é, a eliminação de desperdício e o reúso de correntes

internas de efluentes que não necessitem de tratamento ou precisem de tratamento que exija

baixo investimento, é o primeiro passo que todo usuário deve dar, independente da existência

ou não de fonte abundante de abastecimento.

O reaproveitamento de correntes internas necessita de uma análise criteriosa da

corrente a ser reusada e do processo em que ela será utilizada. A reutilização da água “requer

que o nível de contaminação gerado na etapa anterior não interfira no processo posterior. É

uma alternativa que afeta o consumo, mas não a carga de contaminação” (SILVA; SIMÕES,

2002, p. 353). O uso racional de água diminui não só a pressão sobre os recursos hídricos mas

também o tamanho da estação de tratamento de efluentes necessária para atender a legislação,

sendo portanto, uma prática altamente positiva para o meio ambiente e para o próprio usuário.

Todo usuário de recurso hídrico deve sempre lembrar que o art. 225 da Constituição

Federal de 1988 estabelece que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, grifo do autor).

Já o primeiro objetivo da lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que instituiu a Política

Nacional de Recursos Hídricos é “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária

disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”

(BRASIL, 2002a, grifo do autor).

O “Manifesto Fator 10”, de janeiro de 2000, diz, baseado em observação, que o

consumo de recursos naturais deve ser reduzido na média em pelo menos 50% para não

comprometer o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico da humanidade e a ecoesfera

(Fator 10, 2000). Como menos de 20% da humanidade consome 80% dos recursos naturais é

necessário uma redução mais acentuada que 50% dos países desenvolvidos para permitir o

151

crescimento maior dos menos favorecidos. O conceito do Fator 10 (redução, em média, de

90% do consumo de recursos naturais – combustível fóssil, água doce ou para produção de

peixe, metais e madeira, por unidade de bem produzido), lançado na Europa no início dos

anos 90, não é matemático, mas é da necessidade do avanço tecnológico permitir o

crescimento econômico de modo sustentável, aumentando a eco-eficiência dos processos

produtivos. A sociedade civil, as empresas e os governos são incentivados a adotar o “Fator

10”, isto é, aumentar em 10 vezes a eco-eficiência no processo produtivo nos próximos 30 a

50 anos, buscando um desenvolvimento que promova o progresso das gerações presentes, mas

sem comprometer o das gerações futuras.

A idéia é atender às necessidades decorrente do crescimento econômico e populacional

de todo mundo e a melhoria da qualidade de vida nos países pobres, mantendo o meio

ambiente saudável. O aumento da produção, sem aumento das conseqüências sobre o meio

ambiente não será possível só com tecnologias de tratamento de efluentes. Será necessário o

aumento da eficiência dos processos produtivos.

A sustentabilidade é, ao mesmo tempo, aumentar a produção e reduzir o consumo de

recursos naturais. É a necessidade da redução da “Pegada Ecológica”, conceito desenvolvido

por Rees e Wackernagel (DIAS, 2002, p.31) que é referente a “área correspondente de terra

produtiva e ecossistemas aquáticos necessários para produzir os recursos utilizados e para

assimilar os resíduos produzidos por uma população, sob um determinado estilo de vida.”. O

uso racional de água contribui, portanto, para redução da “Pegada Ecológica”.

Em termos de uso racional da água, a REPLAN é uma referência entre as unidades

operacionais da PETROBRAS. A Refinaria foi vencedora, em 2003, do prêmio Ação Pelas

Águas, concedido pelo Consórcio das Bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, pelo

trabalho iniciado em meados de 1999 e que resultou na redução da vazão de efluente lançada

no corpo receptor em cerca de 300 m3/h, (38% de redução). O gráfico abaixo, mostra a

evolução da vazão de efluente da Refinaria.

152

Vazão do Efluente da Replan (m3/h)

400

500

600

700

800

900

1996

1997

1998

1 Se

m./1

999

2 Se

m./1

999

1 Se

m./2

000

2 Se

m./2

000

1 Se

m./2

001

2 Se

m./2

001

1 Se

m./2

002

2 Se

m./2

002

Jan-

Abr/2

003

Período

Vaz

ão (m

³/h)

Figura 47: Redução do lançamento de efluentes Fonte: Furlan, 2003.

As principais ações para redução do consumo de água entre os anos de 1999 e 2003,

são detalhadas no trabalho “Redução do consumo de água e da vazão de efluentes através do

gerenciamento das fontes e reutilização de águas - a experiência da refinaria de Paulínia”,

(FURLAN, 2003) .

Tendo em vista a expressiva redução das necessidades de água conseguida através do

gerenciamento do consumo e da reutilização de correntes intermediárias de efluentes, que

resultou na redução de 300 m3/h de efluentes da Refinaria, o autor julga que os maiores

ganhos com uso racional de água já foram implementados, não representando,

atualmente, uma fonte possível para atender as futuras demandas de água da Refinaria.

Outro dado que corrobora com a opinião do autor que os ganhos com uso racional já

estão praticamente no limite é o fato que, em 2004, o Índice de Consumo de Água – ICA da

REPLAN, que é a relação entre o volume de água e o volume de petróleo processado (m3

água / m3 petróleo processado), ter atingido o valor médio de 0,6955. Este valor é bem

próximo do limite inferior da faixa apresentada por Diepolder (HYDROCARBON

PROCESSING, 1992) que é de 0,7 a 1,2 m3 de água/m3 de óleo processado. Cabe ressaltar

que as referências internacionais são, na maioria dos casos, relativas a refinarias instaladas

em países frios onde o consumo de água de resfriamento é menor.

153

Tabela 68: Índice de consumo de Água da REPLAN - 2004 JAN FEV MAR ABR MAI JUN 0,6864 0,6669 0,6819 0,6473 0,6633 0,6562 JUL AGO SET OUT NOV DEZ 0,717 0,765 0,727 0,634 0,783 0,717

Fonte: Sede da PETROBRAS.

4.2 ÁGUA DE CHUVA

Teoricamente é possível abastecer um grande consumidor com água de chuva numa

região com boa precipitação pluviométrica. A média de chuva registrada na estação

meteorológica da REPLAN, entre os anos de 1989 e 2004, foi de 1373 mm/ano. Considerando

ser possível captar toda a água de chuva que cai no terreno da Refinaria, temos uma vazão

média de 1425 m3/h:

hm

hdia

diasano

mmm

anomm

kmmkmhmQ

3

2

2623 4251

24365000137211019 .))()(

.)()(.)()((,)/( ==

Como nem toda chuva que cai na área da REPLAN é passível de captação em

decorrência de infiltração no solo e a existência da área industrial, tubovias e parque de

tancagem onde a água de chuva é enviada para o sistema de tratamento de efluentes da

Refinaria, e como o regime de chuva varia muito no Brasil, o autor não acredita ser esta uma

solução aceitável para grandes consumidores como a Refinaria. Um grande consumidor pode

utilizar a água de chuva quando a opção é feita na época de implantação do empreendimento,

sendo selecionada uma área favorável ao acúmulo de água proveniente da chuva. Fatores

como custo do terreno e topografia da região devem ser levados em conta.

Das refinarias da PETROBRAS, a RLAM, localizada na Bahia, e a RECAP, em São

Paulo, possuem lagos para complementação da vazão em ocasiões críticas, como por

exemplo, manutenção da adutora. A REGAP (Minas Gerais), a REPAR (Paraná) e a REDUC

(Rio de Janeiro) possuem barragens construídas na ocasião de sua implantação, sendo que a

última tem outra captação no rio Guandu.

154

4.3 REÚSO

Considerando que a quantidade de água existente na Terra, 1.386 milhões de km3, tem

permanecido praticamente constante nos últimos milhões de ano (REBOUÇAS; BRAGA;

TUNDISI, 2002, p. 7 apud SKIKLOMANOV, 1998), a água existente é reutilizada. Os

mecanismos da natureza purificam a água, permitindo a sua reutilização. O ciclo hidrológico

“renova” o estoque de água doce da Terra. Os vapores produzidos pela ação do calor ou pela

evapotranspiração dos vegetais contém um mínimo de substâncias não voláteis, sais por

exemplo. A formação de gelo nos mares (icebergs) produz água relativamente pura

(dessalinizada). A aeração dos rios provocada pela ação das corredeiras e quedas d`água

permite que impurezas voláteis sejam liberadas e aumenta o teor de oxigênio dissolvido na

água. Na parte lenta dos rios e nos lagos ocorre a sedimentação das partículas sólidas e a

filtração da água através de bancos de areia complementa a retirada dos sólidos. Os

microrganismos fazem a degradação da matéria orgânica. Antes da Revolução Industrial e da

grande concentração humana em cidades, os mecanismos naturais eram suficientes para

permitir o reúso das águas (KLEIN, [2001?]).

Devido à escassez, a substituição de fonte é a alternativa mais plausível para atender

demandas menos restritivas, liberando a água de melhor qualidade para usos mais exigentes.

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, em 1985, adotava a seguinte política “a

não ser que exista grande disponibilidade, nenhuma água de boa qualidade deve ser utilizada

para usos que tolerem água de qualidade inferior” (BRAGA et al, 2002, p. 72).

No Brasil, não existe legislação específica sobre o reúso. Segundo Silva et al (2003, p.

66), a conceituação do que vem a ser reúso pode suscitar bastante discussão. Caso a água de

reúso seja considerada como um tipo de recurso hídrico, com água de qualidade inferior, sua

utilização estará sujeira aos dispositivos da Lei de Recursos Hídricos, como recurso hídrico.

Segundo os mesmos autores:

[...] a partir da implementação do reúso direto no processo produtivo, fica o usuário automaticamente dispensado de qualquer autorização por parte do Poder Público para o próprio reúso da água, uma vez que sua reutilização não se enquadra em nenhuma das hipóteses legais desse tipo de concessão (SILVA et al., 2003, p. 59).

A concessão a que se referem os autores é a outorga de captação de água.

Segundo Fink e Santos ( apud MANCUSO; SANTOS, 2003, p.273):

155

Sendo o reúso de água o aproveitamento de águas já utilizadas, a cessão dos direitos de uso, quando feita do seu titular a terceiros, será direta, uma vez que não há uma etapa intermediária entre os usos, consistente no lançamento em corpos d` água ou no solo. Neste caso, haverá um negócio entre o titular do direito de uso e o interessado no reúso, sem que haja qualquer necessidade de nova outorga pelo poder público, posto que essa situação não se enquadra em qualquer das hipóteses da outorga formal

Silva et al (apud FINK; SANTOS, 2003, p. 43) afirma:

Quando o reúso ocorre para outro propósito, quando a água é vendida ou beneficia uma área distinta da originalmente prevista, o direito apropriativo original pode ser contestado se tiver prejudicando os direitos dos usuários da jusante, pois este novo uso torna-se sucessivo, diferindo do conceito de reúso para bem público.

No caso da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o reúso, dependendo do

volume, poderá causar conflito com outros usuários, uma vez que o retorno de efluentes

complementa a disponibilidade para atender a demanda total de água.

4.3.1 Tipos de reúso

A Organização Mundial de Saúde aponta os seguintes tipos de reúso (BREGA FILHO;

MANCUSO apud MANCUSO; SANTOS, 2003, p. 23):

1 reúso indireto: é quando a água utilizada, uma ou mais vezes para fins doméstico ou

industrial, é descarregada nas águas superficiais ou subterrâneas e usada novamente a

jusante, de forma diluída;

2 reúso direto: é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para outros fins como

irrigação, uso industrial, recarga de aqüífero e água potável, e

3 reciclagem interna: é a reutilização interna à própria indústria, tendo como objetivo a

economia de água e o controle da poluição.

4.3.2 Tecnologias de reúso de efluente de refinaria

O efluente final de uma refinaria de petróleo contém substâncias que impedem sua

156

reutilização sem tratamento prévio. Os efluentes que são reusados sem tratamento, usado após

tratamento simplificado ou tratamentos prévios necessários para garantir o bom

funcionamento da ETDI, como a retificadora de águas ácidas, por exemplo, o autor considera

que faz parte do uso racional de água.

Uma gama de contaminantes que dificultam o reúso do efluente são os sais

dissolvidos, que tem como origem principal o próprio petróleo. A água que é explotada junto

com a produção do petróleo, denominada de água de formação, contém altos teores de sais

dissolvidos, principalmente cloretos de sódio, cálcio e magnésio. A salinidade desta água

pode ultrapassar em mais de três vezes o teor de sais da água do mar. A maior parte da água

de formação é separada na origem, porém uma pequena parte, cerca de 1% em relação ao

volume de petróleo , chega às refinarias junto com o óleo.

Parte da água presente no petróleo é decantada e drenada nos tanque de

armazenamento. A água remanescente é retirada na dessalgadora antes da entrada do petróleo

nos fornos da unidade de destilação atmosférica, conforme mostrado esquematicamente na

Figura 48. No processo de dessalgação é injetada água numa proporção que varia entre 4 a 8

% em relação ao volume de petróleo processado. Normalmente a água utilizada na

dessalgadora é proveniente da unidade de retificação de água ácida, que traz como vantagem,

além de economizar água, a incorporação dos compostos fenólicos presentes à fase oleosa.

Sistema Oleoso

ÁGUA

PETRÓLEO PETRÓLEO

Figura 48: Esquema de dessalgação de petróleo

Outra corrente que contribui para elevação do teor de sal do efluente de uma refinaria

de petróleo é a purga contínua da torre de resfriamento que, por norma da PETROBRAS, é

enviada para ETDI. Com a vaporização de parte da água no processo de resfriamento, há uma

elevação do teor de sais dissolvidos na água que circula no sistema. Também contribuem para

a elevação da salinidade, os produtos químicos adicionados à água de resfriamento para

proteção do sistema contra corrosão, formação de depósitos e crescimento microbiológico.

157

A água com o sal retirado na desmineralização, por suas características, não é enviada

à ETDI, não contribuindo, portanto, para elevação da salinidade do efluente final.

A elevação do teor de sais no efluente dificulta o seu reúso, pois os processos

utilizados na ETDI não removem sais dissolvidos e a concentração usual no despejo de uma

refinaria de petróleo impede seu reúso direto.

Uma das possibilidades levantada para o reúso do efluente final sem tratamento é para

pressurização da rede de incêndio. Técnicos da Empresa receiam que a utilização direta do

efluente final possa acarretar corrosão do sistema em virtude do teor de sais ou do

crescimento microbiológico (crescimento de bactérias redutoras de sulfato em região de

anaerobiose, por exemplo) e/ou deposição de sólidos na tubulação, comprometendo a

integridade de um sistema crítico para o funcionamento da Refinaria.

Foi levantada também a hipótese de se utilizar mistura de efluente com água tratada de

modo a diluir o teor de contaminantes. Um grupo de trabalho, coordenado pelo Centro de

Pesquisa da PETROBRAS – CENPES, com participação de várias refinarias, da Sede e da

Engenharia da Empresa, elaborou em 2002 o trabalho “Reutilização de Correntes Hídricas no

Refino”. No trabalho, o grupo avaliou com profundidade essa possibilidade, inclusive com

treinamento em ferramentas computacionais para este fim. A literatura especializada indica a

“pinch tecnology” como ferramenta para otimização do reúso de água.

A tecnologia, quando empregada para otimização do uso de água, é conhecida como

“water-pinch”. Surgiu em meados dos anos 90 e trata o problema do reúso de água como uma

questão de transferência de massa (PERES, 2003, p. 144). Na PETROBRAS, a “pinch

tecnology” foi implantada com sucesso na área de integração energética e vem sendo

utilizada na otimização de baterias de trocador de calor e em projetos básicos realizados pelo

CENPES (PETROBRAS, 2002, item 4.3 do relatório), porém, até a data do levantamento de

dados para esse trabalho, não havia registro de aplicação da tecnologia para reúso de efluente

final de refinaria.

Atualmente, está em fase de montagem na REPLAN uma torre de resfriamento piloto

para testar a utilização do efluente final da refinaria, puro ou misturado com água de menor

salinidade, como água de reposição de torres de resfriamento. A idéia é verificar o impacto na

vida útil dos trocadores de calor quando é utilizada mistura do efluente com água limpa, na

presença de inibidores de corrosão e dispersantes. O teste pretende, além de testar várias

proporções da mistura efluente/água limpa, avaliar a viabilidade do emprego de metais mais

nobres nos trocadores de calor para viabilizar o reúso do efluente sem tratamento adicional.

158

Outra possibilidade é a remoção dos contaminantes indesejáveis para reúso do

efluente. A PETROBRAS implantou o Projeto de Pesquisa “Reúso de Efluentes de

Refinaria”, com a participação de especialista de diferentes áreas da Companhia e

coordenação do CENPES, cujo objetivo, conforme folheto distribuído pela Empresa, é

“atingir as metas da companhia de minimização da produção de efluentes e do consumo de

água”. A mensagem seguinte, contida naquele documento, expressa a dimensão do esforço

desenvolvido: As melhores tecnologias disponíveis no mercado mundial foram avaliadas por um grupo de consultores da companhia, participantes deste projeto, e selecionadas as consideradas de maior potencial de aplicação aos efluentes de refinarias, para avaliação em plantas-piloto na REGAP.

Estão sendo testadas e pesquisadas tecnologias para remoção de sólidos suspensos,

remoção de carga orgânica e de íons através das seguintes rotas:

1 Ultrafiltração com Tratamento Terciário – tratamento do efluente final da REGAP,

que possui tratamento secundário que utiliza a tecnologia de biodisco, seguido de

ultrafiltração, carvão ativado e osmose inversa, conforme diagrama simplificado

apresentado na Figura 49:

Figura 49: Esquema simplificado de tratamento do efluente final por osmose inversa Fonte: CENPES, 2004.

2 Ultrafiltração no Tratamento Secundário – tratamento do efluente proveniente do

flotador (tratamento primário da REGAP) em filtro de areia seguido de bioreator a

membranas e carvão ativado. O efluente desta etapa é dividido em duas correntes,

uma sendo tratada pelo processo de osmose inversa e outra por eletrodiálise

inversa para remoção de sais. A Figura 50 ilustra essa rota:

Z

K

S

Fi

ltro de

A

dsorção

e

m carvão

A

Eletrodiálise Inversa

O

smose Inversa

Água

de Refrigeração

Concentra

do / Sais Lodo

Biorreato

F

159

Separador API

Flotador

Filtro deAreia

MBR ER,OR

Remoção de SaisDissolvidos

Reuso

Remoção de Sólidos e Óleos Livres

Remoção deCarga Orgânica

e Amônia

Figura 50: Esquema da tecnologia de bioreator a membrana Fonte: CENPES, 2004 b.

Figura 51: Bioreator Fonte: CENPES, 2005.

Biodiscos

Remoção de Sólidos

Adsorção em carvão

Ativado

Eletrodiálise Inversa

Sistema de Refrigeração

Figura 52: Esquema simplificado de osmose inversa Fonte: CENPES, 2004.

3 Polimento – tratamento do efluente do biodisco por processos para remoção de

sólidos suspensos. O objetivo desta etapa é avaliar alternativas para pré-tratamento

do efluente final visando remoção de íons pelo processo de osmose inversa.

O processo de osmose inversa é bastante restritivo quanto à presença de sólidos

suspensos. O ideal é que a água tratada tenha SDI4 (silt density index) abaixo de 2, mas

valores até 3 são tolerados por módulos de osmose inversa de fibra oca, e valores até 5 por

módulos espirais (SCHNEIDER; TSUTIYA; 2001, p. 116). Outros autores recomendam

4 SDI é um fator que relaciona os níveis de sólidos suspensos com a tendência à deposição em um meio filtrante,

através da diminuição do volume filtrado apos um período de tempo. Normalmente, o SDI é determinado para um tempo de filtração de 15 minutos (SDI15).

E

P

Ar

160

valores entre 0 e 2 para módulos de fibra oca , tolerando SDI de 3 para membranas espirais

(METCALF & EDDY, 2003, 1119/1120).

Um dos processos que está sendo testado para remoção de sólidos suspensos é o

Actiflo, processo de clarificação acelerada de alta performance, cujo esquema é apresentado a

seguir:

Etapas do processo

LODO

HIDROCICLONE

POLIMERO

ÁGUA BRUTA

COAGULANTE

COAGULAÇÃODOSAGEM

MATURAÇÃO

DECANTADORCOM RASPADOR

AGUACLARIFICADA

LODO COM MICROAREIAPARA HIDROCICLONE

MICRO-AREIA

LODO

HIDROCICLONE

POLIMERO

ÁGUA BRUTA

COAGULANTE

COAGULAÇÃODOSAGEM

MATURAÇÃO

DECANTADORCOM RASPADOR

AGUACLARIFICADA

LODO COM MICROAREIAPARA HIDROCICLONE

MICRO-AREIA

Figura 53: Processo Actiflo Fonte: CENPES, 2004 c.

Também está sendo testado com objetivo de remoção de sólidos suspensos o filtro de areia

de alta taxa DynaSand

Figura 54: Desenho esquemático do filtro. Fonte: CENPES, 200 d.

161

Desses processos, ressaltamos que o emprego de membrana no tratamento de efluentes

vem crescendo nos últimos anos, porém não é uma tecnologia consagrada para tratar efluentes

de refinarias de petróleo e pólos petroquímicos. Estudos sobre o mercado americano, mostra o

crescimento, a partir de 1995, do uso da tecnologia de microfiltração (MF) e ultrafiltração

(UF) em função, principalmente, da regulamentação quanto à presença do microrganismo

crystosporidium em água para abastecimento público. A tabela a seguir mostra a capacidade

instalada no Estados unidos da América no ano de 2002.

Tabela 69: Capacidade instalada de UF e MF nos Estados Unidos (2002) UF e MF m3/dia Total instalado 4.917.000 Capacidade contratada 1.128.000 Novas oportunidades 4.900.000 Estimativa para 2003 10.945.000

Fonte: Furukawa, 2002.

O emprego das tecnologias de MF e UF no tratamento de efluente com vista ao seu

reúso ainda é pequeno, como mostra as figuras a seguir com a aplicação destas tecnologias na

Europa e nos Estados Unidos.

Uso de MF/UF na Europa

75%

9%

10%2%4% Água Potável

Reuso de efluente

Pré-tratamento de OR

Uso Industrial

Outros Usos

Figura 55: Distribuição do uso de MF e UF na Europa Fonte: Furukawa, 2002.

162

Uso de MF/UF nos EUA

69%

19%

1%11% 0% Água Potável

Reuso de efluente

Pré-tratamento de OR

Uso Industrial

Outros Usos

Figura 56: Distribuição do uso de MF e UF nos EUA Fonte: Furukawa, 2002.

A Figura 57 mostra dados extraídos do Desalting Handbook for Planners (UNITED...,

2003b, p. 5) sobre a distribuição pelo mundo, em 1999, das plantas de dessalinização.

Capacidade Instalada de Dessalinização

47,8%

3,2%5,5%12,2%

13,0%

0,7%

17,2%0,4% Oriente Médio

A. CentalAfricaAsiaEuropaA. SulA. NorteAustrália

Figura 57: Capacidade instalada de dessalinização (1999) Fonte: United…, 2003b, p. 5

4.3.3 Reúso em torre de resfriamento.

Como o maior consumo de água em uma refinaria de petróleo é para reposição da

163

torre de resfriamento, cerca de 50% do consumo total, o foco principal da Empresa é o reúso

do efluente como água de reposição. Outro fator que aponta para o reúso em torre de

resfriamento é que a pior qualidade da água de reposição pode ser compensada pela utilização

de tratamento químico mais sofisticado para condicionamento da água circulante.

4.3.3.1 Principio de troca de calor em torres de resfriamento

O mecanismo de redução da temperatura da água numa torre de resfriamento é por

vaporização de parte da água e por troca térmica através de calor sensível (transferência de

calor da água para o ar). A perda de calor por evaporação (cerca de 2.000 BTU por

quilograma de água) reduz a temperatura da água circulante na torre, sendo que a parcela de

redução de temperatura pelo calor sensível é menor. A taxa de evaporação é de

aproximadamente 1% do fluxo de água para cada 5,5 OC reduzidos na temperatura da água

circulante. A vaporização da água faz com que a concentração de sais dissolvidos aumente na

água circulante, sendo o teor de sais na água mesma controlado através da purga do sistema.

Uma pequena parte da água é arrastada pela passagem do ar, provocando o chamado

“respingo”. A taxa de respingo de uma torre varia entre 0,05% a 0,2% da vazão circulada. A

Figura 58 ilustra o processo.

Figura 58: Esquema de torre de resfriamento Fonte: Revista Meio Filtrante, Edição nO 6, 2003.

164

4.3.3.2 Balanço de água em torre de resfriamento

Para não ocorrer o esvaziamento da torre de resfriamento, a água perdida pelo

respingo (D), pela evaporação (E) e pela purga (B) deve ser reposta.

Figura 59: Balanço de água em torre de resfriamento Fonte: Revista Meio Filtrante, Edição nO 6, 2003.

Assim, temos:

DBEM ++= (1)

Fazendo um balanço de massa temos:

DBEM DCBCECMC ++= (2)

onde:

CM = Concentração de sais na água de reposição

CE = Concentração de sais no vapor (aproximadamente zero)

CB = Concentração de sais na purga

CD = Concentração de sais no respingo

CB =CD = Concentração de sais na água circulante = CC

A relação entre a concentração de sais na água circulante e na água de reposição é

chamada de Ciclo de Concentração (C).

M

C

CC

C = (3)

165

DBM DCBCMC += (4)

CM C)DB(MC += (5)

C)DB(CC)DB(M

M

C +=+= (6)

)DB(MC+

= (7)

O consumo de água na torre de resfriamento diminui quando a purga é reduzida,

porém há um aumento da concentração de sólidos dissolvidos na água circulante e,

conseqüentemente, aumento do ciclo de concentração.

O teor permitido de sais dissolvidos na água de resfriamento para garantir o bom

funcionamento do sistema é função do programa de tratamento e das condições operacionais

do sistema (temperatura da água quente, temperatura de parede do trocador de calor,

qualidade da água de reposição, pH, sólidos dissolvidos, alcalinidade, condutividade, dureza e

concentração de microorganismos). Na tabela abaixo são apresentados os teores máximos de

vários parâmetros de controle da água circulante em torres de resfriamento, em função do

programa de tratamento.

Tabela 70: Teores máximos permitidos na água circulante Parâmetro Programa

tradicional Programa avançado

Turbidez (ppm SiO2) < 30 < 200 pH 6,5 a 8,5 7,0 a 9,0 Condutividade (μS/cm) < 5.000 < 10.000 Alcalinidade Total (ppm CaCO3) > 30 > 60 Dureza Total (ppm CaCO3) Sem

Restrição Sem Restrição

Dureza Cálcio (ppm CaCO3) < 300 < 300 Cloreto (ppm Cl-) < 500 < 5.000 Sulfato (ppm SO4-2) < 500 < 5.000 Sílica (ppm SiO2) < 180 < 200 Alumínio Total Teórico (ppm Al) < 2,5 < 3,0 Ferro Total (ppm Fe) < 4,0 < 6,0

166

continuação Amônia (ppm NH3) < 20,0 < 20,0 Sólidos Suspensos (ppm) < 30 < 200 Sulfetos (ppm S2-) < 4,0 < 4,0 Matéria Orgânica (ppm) < 15 < 40 Carbono Orgânico Total (ppm) < 30 < 80 Tempo de Residência (h) 50 a 150 < 220 Cloro Livre (ppm Cl2) < 1,5 < 1,5 População Bacteriana (UFC/ml) < 10.000 < 10.000 T.de Película Trocador (ºC) < 70 < 80 Óleos e Graxas (ppm) < 10 < 30 Zinco Total (ppm Zn) 1,0 a 2,0 2,5 a 4,0 Zinco Ionizado (ppm Zn) > 0,9 > 2,3 Fosfato Total (ppm PO4) 5,5 a 7,0 8,0 a 11,0

Fonte: Cenpes, 2004e.

O aumento do ciclo de concentração traz grande economia de água. O volume de água

conservado pode ser calculado pela fórmula:

M)1C)(C(

CCVFinalInicial

FinalInicial

−−

= (8)

Onde:

V = volume economizado

M = vazão de reposição

Cinicial = ciclo de concentração inicial

CFinal = ciclo de concentração final, isto é, após redução da purga da torre

(North Caroline Department of Environment and Natural Resources`, p. 4)

A tabela a seguir mostra economia de água de reposição em função da variação do

ciclo de concentração. Tabela 71: Redução da reposição em função do ciclo de concentração

Fonte: Revista Meio Filtrante, Edição nO 6, 2003.

167

A Tabela 71 mostra que, por exemplo, para reduzir o consumo de água em 25%

numa torre que trabalha com três ciclos de concentração é necessário passar a trabalhar

com ciclo nove. O autor chama atenção para este fato porque a utilização do processo de

osmose inversa para retirada do sal implica na rejeição de parte da água com os sais

removidos. Segundo estimativa de técnicos da empresa, no caso de dessalinização do efluente

final de uma refinaria, será necessário descartar cerca de 25% do efluente tratado. Por este

motivo, está sendo implantada a torre piloto para estudar a utilização do efluente sem remoção

de sais, conforme já mencionado. A idéia é compensar a maior concentração de sais com

menor ciclo de concentração na torre de resfriamento, reutilizando praticamente o mesmo

volume de efluente.

Outro problema da remoção dos sais do efluente da refinaria é o que fazer com o

rejeito concentrado. A Resolução CONAMA 357/05 estabelece limites máximos de

concentração para o efluente e não de carga máxima (kg/dia, por exemplo). Assim, mesmo

sem alterar a qualidade do corpo receptor, poderá haver limitação para descarte do efluente.

Outro aspecto relevante é o aumento da toxicidade com elevação do teor de contaminantes,

fato que poderá impedir o lançamento da corrente concentrada no corpo receptor, tendo em

vista que o Art.34, § 1O da Resolução CONAMA 357/05 estabelece que “O efluente não

deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos tóxicos aos organismos aquáticos no

corpo receptor [...]”.

Uma possível solução para o rejeito da osmose é a vaporização da água e deposição

dos sólidos em aterro. É uma solução que demanda alto consumo de energia em decorrência

do alto calor latente de vaporização da água, além de aumentar a geração de resíduo sólido.

Segundo estimativas, são necessários 80 kWh para evaporar 1.000 galões (378,5 L)

(DIEPOLDER,1992, p. 129). A mesma fonte estima que uma refinaria de 200.000 barris por

dia (31.800 m3/d) gera, dependendo da quantidade de sólidos dissolvidos na água de

alimentação, entre 5 e 38 t/d de sólidos que devem ser enviados a aterros no caso de emissão

zero de efluente líquido. No caso da REPLAN, o valor estimado é de 20 t/dia.

4.4 REÚSO DE ESGOTO MUNICIPAL COMO FONTE DE ÁGUA

Está em discussão na Câmara Técnica de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional

de Recursos Hídricos, órgão do Ministério do Meio Ambiente (disponível em :

168

<http://www.cnrh-srh.gov.br/>) uma proposta de resolução de reúso direto não-potável de

água. Na proposta, que considera reúso a utilização de água residuária, estão previstas as

seguintes modalidades de reutilizações de água:

I – Reúso para fins urbanos: utilização, dentro da área urbana, para fins de irrigação

paisagística, lavagem de logradouros públicos, desobstrução de tubulações, edificações, entre

outros;

II- Reúso para fins agrícolas e florestais: aplicação na produção agrícola e cultivo de

florestas plantadas;

III- Reúso para fins ambientais: utilização na implantação de projetos de recuperação

do meio ambiente;

IV- Reúso para fins industriais: utilização em processos, atividades e operações

industriais;

V – Reúso na aqüicultura: utilização para a criação de animais ou cultivo de vegetais

aquáticos;

VI – Reúso para fins de recarga artificial de aqüíferos: recarga de aqüíferos com água

de reúso de forma induzida (no texto original este item está cortado).

VII – Reúso em edificações: Utilização em edificações residências multifamiliares,

públicas, comerciais e industrias.

Caso a resolução seja aprovada, o Art 4º indica que os órgãos integrantes do Sistema

Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos – SINGREH, deverão avaliar, dentro de suas esferas de competência, os

efeitos sobre o meio ambiente e sobre os corpos hídricos decorrentes da prática do reúso,

devendo estabelecer instrumentos regulatórios e de incentivo para as diversas modalidades de

reúsos permitidas. O parágrafo único deste artigo estabelece que, na avaliação dos efeitos ao

meio ambiente, deverão ser consideradas as alterações de vazão e de qualidade das águas nos

corpos hídricos decorrentes da prática de reúso, quando esta implicar transferência de

vazões ou redução de vazões de retorno (grifo do autor).

A resolução ainda não foi aprovada mas serve de alerta para o fato que o reúso de

esgoto doméstico é uma solução que necessita de avaliação na bacia dos rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí, onde os gestores dos recursos hídricos contam com o retorno de efluentes

para atendimento da demanda de água, conforme pode ser observado pelas vazões captadas

(QCaptação – m3/s) assinaladas em negritos pelo autor na tabela abaixo, já apresentada no

presente trabalho.

169

Tabela 72: Balanço da disponibilidade hídrica na bacia do PCJ Bacia Q7,10

(m3/s) QDisp. (m3/s)

QLançamento (m3/s)

QTotal (m3/s)

QCaptação (m3/s)

Saldo (m3/s)

Piracicaba 8,160 8,160 7,995 16,155 8,779 7,376 Corumbataí 4,704 4,704 1,029 5,733 3,996 1,737 Jaguari 5,519 6,519* 2,351 8,870 7,230 1,640 Camanducaia 3,593 3,593 0,331 3,924 1,011 2,913 Atibaia 6,403 8,403* 6,549 14,952 10,123 4,829 Total Piracicaba 28,397 31,379* 18,255 49,643 31,139 18,495 Total Capivari 2,382 2,382 4,034 6,416 6,333 0,083 Total Jundiaí 2,298 3,298 2,783 6,081 3,859 2,222 PCJ 33,059 37,059 25,072 62,131 41,331 20,800

* A vazão disponível é maior porque no citado relatório foram adicionadas vazões de reversão. Fonte: COMITÊ DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ, 2004, modificado pelo autor.

No mês de junho de 2005, a Refinaria e a Prefeitura de Paulínia iniciaram negociação

para estudar a viabilidade da utilização do esgoto da cidade como fonte de complementação

dos recursos hídricos necessários para atender a futura demanda da REPLAN. A cidade de

Paulínia não tem estação de tratamento e o esgoto municipal é jogado no rio Atibaia “in

natura”. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP,

concessionária do serviço de água e esgoto da cidade, assinou um Termo de Ajustamento de

Conduta (TAC) no Ministério Público de Americana, comprometendo-se a construir uma

estação de tratamento de esgoto (ABCON SINDICON, 2004). Em reunião realizada na sede

da SABESP, em 12/08/2005, o autor obteve a informação que o cronograma prevê o término

das obras em janeiro de 2007, mas que a conclusão será antecipada para julho de 2006.

Segundo estimativa (IBGE, [2004?]), a população de Paulínia é de 58.827 habitantes e

a de Campinas, cidade mais populosa da bacia hidrográfica e próxima da REPLAN, é de

1.031.887 habitantes. Assim, usando o mesmo critério de geração de esgoto utilizado no

Relatório da Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí – 2002/2003, de 140 L/hab/dia (p. 350), e considerando que a rede de

coleta atende a 100% da população, a geração de esgoto estimada nas duas cidades de é de

8.235.780 L/dia (343 m3/h) em Paulínia e de 144.464.180 L/dia (6.019 m3/dia) em Campinas.

Em reunião realizada em 10/08/2005, na REPLAN, entre representantes da Prefeitura

Municipal de Paulínia, da SABESP e da Refinaria, a Concessionária estimou em 200l/s (720

m3/h) a vazão de esgoto da cidade. Considerando que a média per capita de geração de esgoto

corresponde a 70% da água consumida, chega-se a um consumo médio de 420 L/hab/dia, que

é um valor alto comparado ao consumo médio da bacia que varia entre 297 e 231 L/hab/dia

(COMITÊ..., 2004, p. 349). O autor, por precaução, fica com a estimativa de 343 m3/h de

170

esgoto gerado na cidade.

Na opinião do autor, a utilização do esgoto da cidade de Paulínia, após o adequado

tratamento, para complementara demanda futura de água da Refinaria traz como benefício

adicional o ganho de imagem pela utilização pela industria de água de pior qualidade. Como

desvantagens, a solução implica na dependência da Refinaria da captação no rio JaguarÍ, em

função do pequeno volume de esgoto gerado na Cidade.

Um dos fundamentos da Lei 9433/97 é que: “em situações de escassez, o uso

prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais”. Mas

como em todas as discussões sobre reúso de esgoto municipal não se cogita o seu

aproveitamento para fins potáveis, o autor não vê possibilidade de conflito com abastecimento

público, tornando o reúso do esgoto municipal uma opção segura.

Outra possível solução é a utilização do esgoto da cidade de Campinas, que apresenta

como vantagem um maior volume de esgoto e um estágio mais avançado em termos de

estações de tratamento. Segundo o portal da Sociedade de Abastecimento de Água e

Saneamento S/A - SANASA , concessionária do serviço de água e esgoto da Cidade, dos

1.819 L/s (6.548 m3/h) de esgoto coletado, apenas 140 L/s (504 m3/h) são tratados

(SOCIEDADE..., 2005).

Tabela 73: Situação das ETE de Campinas

BACIA SETOR DE ESGOTAMENTO

ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO

POP.(Hab.)Ano 2002

vazão média (l/s)

ESTÁGIO DO EMPREENDIMENTO 1º semestre 2005

1 Samambaia Samambaia 39.892 98 em operação Sousas/Joaquim Egídio 10.478 72 em obras 2 Sousas/Joaquim

Egídio Arboreto dos Jequitibás 706 4 em operação 3 Barão Geraldo Barão Geraldo 45.585 168 em análise ambiental

Atibaia

4 Anhumas Anhumas 247.345 1044 em obras 5 San Martin San Martin 4.219 17 em análise ambiental

Vó Pureza (Santa Mônica) 25.401 63 em operação Quilombo 6 Amarais

Boa Vista / CIATEC 36.727 158 em operação. Ampliação em análise ambiental

7 Piçarrão Piçarrão / Santa Bárbara 208.489 551 em operação Santa Lúcia 132.322 219 Projeto conceitual Bandeiras 20.316 67 Projeto conceitual Nova América 4.266 11 Projeto conceitual Icaraí 1.114 3 em operação

8 Santa Lúcia

Mercedes 2.140 8 Projeto conceitual PUCC II 13.302 35 Projeto conceitual Santa Rosa 4.254 13 em operação 9 Campo Grande Florence 57.968 88 Projeto conceitual

10 Ouro Verde Ouro Verde 64.417 256 Projeto conceitual Marajó 6.847 35 Projeto conceitual 11 Friburgo Itajaí 8.080 38 Projeto conceitual

Capivari

12 Viracopos Viracopos 30.000 35 Projeto conceitual TOTAL 963.868 2.983

Fonte: Sociedade..., 2005 .

171

Na figura a seguir é mostrada a localização das estações de tratamento de esgoto de

Campinas

Figura 60: Estações de tratamento de efluentes de Campinas Fonte: Sociedade..., 2005.

Apesar do esgoto municipal ser importante para garantir a disponibilidade hídrica da

bacia, na opinião do autor, a sua utilização como fonte complementar de suprimento de água

da Refinaria é uma solução interessante.

É importante lembrar que, pela Lei no 9433/97, compete ao Comitê da Bacia “aprovar

o Plano de recursos Hídricos da bacia” (Título II, Capítulo III, Art. 38, parágrafo III),

elaborado pela Agência de Água da respectiva bacia. Assim sendo, é de fundamental

importância que a REPLAN, como grande usuária de recursos hídricos, continue participando

do Comitê de Bacia, para que possa, de modo mais efetivo, defender os interesses da

Refinaria.

Na Refinaria, o esgoto pode ser usado para reposição de torre de resfriamento. O uso

de esgoto municipal como água de reposição exige cuidados especiais. Após o tratamento

secundário (tratamento biológico) é necessário a remoção de sólidos suspensos e a

desinfecção e, muitas vezes, tratamento terciário para remoção de amônia e fósforo,

contaminantes encontados nos esgotos das cidades. O programa de tratamento da água de

resfriamento também deve ser alterado, uma vez que o esgoto municipal tem teores de sílica,

dureza e alcalinidade maiores que da água fresca (ASSOCIATION..., 1991).

172

O transporte do esgoto municipal até a REPLAN pode ser facilitado pela grande

malha de dutos que a Empresa possui. A tubulação poderá utilizar a faixa de servidão da

PETROBRAS, minimizando os transtornos de desapropriação que uma obra deste porte traz.

4.5 FONTE EXTERNA

4.5.1 Manancial superficial

A bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí é uma bacia crítica em termos de

disponibilidade de água. Existem conflitos de interesses com a Região Metropolitana de São

Paulo, que retira, pelo Sistema Cantareira, volume expressivo dos recursos hídricos da bacia.

Recentemente, o DAEE, através da portaria no 1213, de 06 de agosto de 2004, renovou a

concessão para SABESP permitindo captação máxima de 31 m3/s do Sistema Cantareira. A

Resolução do DAEE tomou por base a nota técnica da ANA, de 20 de julho de 2004, que

sugeriu a redução da vazão máxima outorgada de 33 m3/s da outorga que venceu em 08 de

agosto de 2004 para o valor atual. A REPLAN também teve sua outorga reduzida, conforme

já mencionado.

Como já citado anteriormente, na parte relativa a diagnósticos e principais problemas

das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHIs) do “Relatório de Situação

dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo – Síntese. Relatório Zero – 1999” (SÃO

PAULO, 2003e, p. 31) a UGRHI5 (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) é classificada como crítica

em termos de disponibilidade hídrica superficial , com demandas próximas ao disponível.

Por tudo que foi visto neste estudo, o autor descarta a possibilidade da REPLAN

conseguir aumentar sua captação nos rios da região.

Uma solução que não foi avaliada no presente trabalho é a captação em outra URGHI

e construção de uma adutora de cerca de 200 km de extensão utilizando o mesmo traçado do

GASBOL.

173

4.5.2 Água subterrânea

Segundo estudo sobre a água subterrânea na região metropolitana de Campinas

(Pereira e Silva, 2001), a disponibilidade estimada de água subterrânea na região, em 1999,

era de 3,22 m3/s e o consumo de 1,73 m3/s, o que demonstra a impossibilidade de abastecer a

REPLAN através da construção de poços próximos a sua localização. A Tabela 74, extraída

do citado estudo, mostra a disponibilidade hídrica, por aqüífero, na região da cidade de

Campinas: Tabela 74: Disponibilidade de água subterrânea na região de Campinas –SP Sistema Aqüífero Área exposta total

(km2) Vazão disponível (m3/s)

Vazão média por poço (m3/h)

Cenozóico 1029 0,540 NP* Diabásico 331 0,056 4,5 Itararé 1163 0,620 6,0 Cristalino 1127 0,980 7,3 Total 3650 2,200 - *não disponível Fonte: Pereira e Silva, 2001.

O grande manancial subterrâneo de São Paulo é o aqüífero Guarani. Apesar da

distância da Refinaria, a REPLAN poderá utilizar a faixa dos dutos da empresa para passar

uma adutora.

No Estudo de Viabilidade Técnico-Econômica de Abastecimento de Água da Região

Metropolitana de São Paulo (RMSP) pelo Aqüífero Guarani, proposto por Chang Hung Kiang

e Flávio de Paula e Silva (UNESP, 2001), é sugerida a captação de 4 m3/s, através de poços

de 180 m3/h, como alternativa para complementar as necessidades de água da RMSP. Os

autores partem de premissa que 10% da água que precipita na região de recarga é passível de

explotação sem afetar o aqüífero e concluem que o potencial de exploração é de 75 m3/s. A

proposta sugere o recalque de água para as regiões de Campinas e Piracicaba, distantes 90 e

60 km, respectivamente em linha reta, da região proposta para explotação do aqüífero e

liberação do mesmo volume no Sistema Cantareira, para abastecimento da região da capital

paulista. Os autores ressaltam que o desnível topográfico é favorável, facilitando a adução.

Os autores do citado estudo recomendam a exploração do Aqüífero Guarani na área do

seu afloramento e destacam duas cidades, sendo uma delas Itirapina, local onde passa o

gasoduto Brasil-Bolívia, como regiões que reúnem condições técnico-econômicas mais

174

adequadas em razão do posicionamento geográfico, o que representa uma facilidade para

utilização dessa fonte para o abastecimento da Refinaria.

Figura 61: Traçado da adutora Fonte: Apresentação que Chang Hung Kiang fez em 2005 na REPLAN, durante reunião com técnicos da

Refinaria e com o autor.

Segundo Fink e Santos (apud MANCUSO; SANTOS, p. 270) “O ato de outorga é ato

vinculado e, portanto, ato vinculado e obrigatório do poder público, uma vez satisfazendo o

interessado os requisitos legais para sua obtenção”. Tomando como base a opinião de

especialistas que afirmam ser a outorga um direito, desde que sejam atendidos os critérios

para sua obtenção, o autor entende que a obtenção de outorga para captação no Aqüífero

Guarani é viável. O autor acredita que, desde que comprovado em estudos hidrológicos,

conforme previsto no art. 26º do Decreto 32.955, de 7/02/91, a captação no aqüífero Guarani

é ambientalmente aceitável, conforme sugere Kiang e Silva (2004) e a REPLAN poderá obter

outorga suficiente para garantir o seu abastecimento atual e futuro, podendo, caso seja

conveniente, abrir mão da captação atual.

No caso da REPLAN, a captação de 1 m3/s (3.600 m3/h) é suficiente para atender, com

certa folga, as necessidades atual e futura da Refinaria.

Como o art. 26 da Constituição Federal de 1988 inclui entre os bens do Estado a água

subterrânea, cabe, no caso de São Paulo, ao DAEE a outorga de direito de uso das águas do

175

Aqüífero Guarani (decreto 41.248, de 31/10/96, de acordo com o artigo 7º das disposições

transitórias da Lei Estadual 7.663/91).

No Estado de São Paulo, a solicitação de outorga é feita de forma descentralizada,

segundo esquema apresentado na Figura 63:

Figura 62: Obtenção de outorga no Estado de São Paulo Fonte: Portal do DAEE.

Segundo Rebouças (REBOUÇAS, 1999), “[...] as águas do Sistema Aqüífero Guarani

são de excelente qualidade para consumo doméstico, industrial e irrigação”. Esta solução traz

como vantagens adicionais:

• eliminação do atual sistema de clarificação, pois o teor de sólidos suspensos

em águas subterrânea é compatível para uso como água potável, industrial e de serviço de

uma refinaria de petróleo;

• como conseqüência do item anterior, eliminação da geração atual de lodo na

ETA, e

• liberação de 1870 m3/h de água para outros usuários da bacia.

As principais desvantagens são:

• custo de construção do sistema de captação e adução, e

• necessidade de vigilância da adutora para não haver desvio de água por

terceiros.

A utilização de uma água de melhor qualidade quando o processo permite a utilização

de água de qualidade inferior não é uma posição ecologicamente correta. Entretanto, como a

vazão necessária para atender as necessidades da REPLAN é insignificante quando

comparada com a disponibilidade do aqüífero e tendo em vista os benefícios que a Refinaria

traz para região (impostos, empregos, etc), o autor acredita que está é uma possível solução

para resolver de uma vez o problema de abastecimento de água desta indústria.

176

A Resolução CNRH nO 15, de 11 de janeiro de 2001 (Publicada no D.O.U de 22 de

janeiro de 2001), no seu art. 2o, determina que na formulação de diretrizes para

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos deverá ser considerada a

interdependência das águas superficiais, subterrâneas e meteóricas. A mesma Resolução, no

seu art. 3O, estabelece que na implementação dos instrumentos da Política Nacional de

Recursos Hídricos:

Nas outorgas de direito de uso de águas subterrâneas deverão ser considerados critérios que assegurem a gestão integrada das águas, visando evitar o comprometimento qualitativo e quantitativo dos aqüíferos e dos corpos de água superficiais a eles interligados.

Pelo acima exposto, fica claro para o autor a importância da participação dos usuários

nos Comitês de Bacia, uma vez que a gestão integrada dos recursos hídricos passa,

necessariamente, pelo Plano de Bacia aprovado pelo respectivo Comitê.

4.6 ASSOCIAÇÃO COM OUTROS USUÁRIOS

Apesar de não fazer parte do escopo do presente trabalho, o autor gostaria de sugerir

como novo tema para estudo, a associação com outros grandes usuários de água.

Caso haja possibilidade real de implementar a solução de abastecimento de água da

Refinaria através do Aqüífero Guarani, devido o vulto da obra (construção de uma adutora de

cerca de 90 km) é interessante avaliar a viabilidade de se associar a outros grandes

consumidores localizados ao longo do trajeto da adutora. A associação com grandes

empresas, sejam industrias ou concessionárias de abastecimento público, trará ganho de

imagem devido à contribuição para o desenvolvimento da região e possibilidade de redução

dos custos de implementação e operação do empreendimento.

Outra possibilidade de associação, mas que depende de regulamentação, é o

investimento visando economia de água nas instalações de grandes consumidores, gerando

crédito deste escasso recurso para o investidor, permitindo o aumento de sua outorga de

captação.

O autor faz um paralelo como as idéias de Mancuso e Santos (2003, p.3) que: Se considerarmos que 65% de toda água do consumida é utilizada pela agricultura, 25% pelas indústrias e que os restantes 10% são encaminhados para diversos fins

177

urbanos, temos que uma redução de 10% na fração destinada à irrigação que liberaria água suficiente para, grosseiramente, duplicar o consumo mundial. Por exemplo, técnicas modernas de irrigação poderiam contar com mais suporte governamental, substituindo métodos com mais de cinco mil anos que ainda são empregados em várias regiões do globo.

Ao invés do governo suportar o investimento em economia de água na agricultura, a

sugestão e que a negociação se de no âmbito da bacia entre os consumidores. O industrial

verificará se é mais em conta para ele investir em tecnologia de irrigação para economizar

água na fazenda de um grande consumidor ou investir em mudanças no seu processo

produtivo com vista a economia de água ou reúso do efluente.

A idéia de investir em irrigação decorre não só do alto consumo do setor, mais

também dos impactos que o aumento de custo traz para sociedade, em função dos reflexos no

preço final do produto. As Tabelas 75 e 76, apresentam o impacto do custo da água nos custos

de produção das culturas de feijão e tomate, alimentos comuns na dieta dos brasileiros:

Tabela 75: Reflexos do custo da água no custo do feijão irrigado Custo por m3 da água (em centavos de dólar) Reflexo no custo da produção (%) 0,1 0,9 0,3 2,7 0,5 4,5 0,7 6,3 0,8 7,3 1,0 9,0 1,2 10,9 1,5 13,6 2,0 18,1 3,0 27,2 Fonte: Telles (apud REBOUÇA; BRAGA; TUNDISI, 2002, p. 331. Tabela 76: Reflexos do custo da água no custo de produção de tomate industrial Custo por m3 da água (em centavos de dólar) Reflexo no custo da produção (%) 0,1 0,2 1,0 2,0 1,5 3,0 2,0 4,0 2,5 5,0 3,0 6,0 4,0 8,0 5,0 10,0 6,0 12,0 7,0 14,0 8,0 16,0 9,0 18,0 10,0 20,0 Fonte: Telles (apud REBOUÇA; BRAGA; TUNDISI, 2002, p. 331).

178

Estudos do organismo das Nações Unidas, “Food and Agriculture Organization”

(FAO) mostram que a substituição de irrigação por aspersão por irrigação por gotejamento

proporciona uma economia da água utilizada de 30 a 60%. O custo de sistema de gotejamento

custa entre 1.200 a 2.500 dólares por hectare irrigado.

Segundo Hespanhol (2004):

Estima-se que, na região do Alto Tietê, a jusante do Reservatório de Ponte Nova, até às imediações de Guarulhos, poder-se-ia, com o atendimento da demanda agrícola através dos esgotos coletados dos municípios da região, dispor de aproximadamente 3 metros cúbicos por segundo adicionais, de água de boa qualidade, para abastecimento público.

A água liberada poderia aliviar o Sistema Cantareira, por exemplo, aumentando o

volume disponível na região onde está instalada a Refinaria.

No caso específico da REPLAN fica a indagação: não seria possível implementar o

uso racional em outro usuário para aumento de sua adução?

179

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES

5.1CONCLUSÕES

Por tudo que foi apresentado no presente estudo e pelas considerações do Capítulo 4 –

ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS PARA SUPRIMENTO DE ÁGUA DA REFINARIA,

conclui-se que:

1- Apesar da Refinaria estar localizada em uma região crítica em relação à

disponibilidade hídrica, existe solução ambientalmente aceitável para atender a

demanda atual e futura da Refinaria.

2- O uso racional de água é imperativo e independe se há escassez ou abundância

de recursos hídricos. No caso da REPLAN, em que a utilização de água já está dentro

das melhores práticas da indústria de refino de petróleo mundial, o uso racional de

água não apresenta potencial para atender as ampliações.

3- Apesar da Refinaria estar localizada em uma região com alta precipitação

pluviométrica (média de 1373 mm/ano), o autor não recomenda a utilização de água

de chuva como alternativa, tendo em vista os altos volumes envolvidos e perfil de

distribuição de chuva ao longo do ano.

4- Em decorrência da baixa experiência mundial em dessalinização de efluente de

refinarias de petróleo e de aspectos relacionados com o destino da corrente

concentrada em sais, o reúso do efluente final como fonte de abastecimento das novas

unidades deve ser adotada somente após testes em unidades piloto e comprovação em

unidades protótipo. A Empresa vem investindo intensamente em tecnologia e

capacitação para viabilizar esta solução tendo em vista que, contornadas as questões

técnicas, só depende de decisão gerencial não sendo necessária a obtenção de licença,

permissão ou negociação com outros usuários da bacia.

5- Apesar do retorno do esgoto complementar a disponibilidade hídrica da bacia

hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o reúso do efluente municipal é

uma possível solução para complementação dos recursos hídricos necessários para

funcionamento futuro da Refinaria. Devido à situação da bacia, o autor acredita ser

necessária a permissão das autoridades competentes para adoção dessa solução e não

só uma negociação entre usuários de recursos hídricos.

180

6- O reúso de efluente municipal poderá trazer ganho de imagem para as partes

envolvidas, isto é, Prefeitura Municipal, Concessionária e REPLAN, mas também

poderá acarretar conflito entre usuários que praticam o reúso indireto (aqueles que

captam o esgoto após depuração ou diluição no rio).

7- Devido à baixa disponibilidade e o conflito de uso entre os usuários da bacia e a

Região Metropolitana de São Paulo, o aumento da captação de água superficial na

Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI 5 não é possível. A

captação em outra UGRHI ao longo do gasoduto Brasil- Bolívia poderá ser analisada.

8- A utilização de água subterrânea proveniente do Aqüífero Guarani é uma opção

que deve ser aprofundada. Evidências apontam para existência da disponibilidade

hídrica e a solução traz como vantagem adicional o aumento dos recursos hídricos

para uma região que apresenta alto potencial de desenvolvimento econômico e taxa de

crescimento populacional positiva, caso a Refinaria venha liberar a atual fonte para

outros usuários. Outra vantagem e a eliminação da necessidade de clarificar a água,

diminuindo a geração de resíduos sólidos. Para adoção desta solução será necessário

demonstrar através de estudos que a vazão de água a ser retirada é compatível com a

capacidade do aqüífero, de modo a permitir que as autoridades responsáveis possam

dar a outorga de captação.

9- A faixa de servidão dos dutos da PETROBRAS representa uma vantagem na

busca de outros mananciais para abastecimento da Refinaria, eliminando, ou pelo

menos minimizando, a necessidade de negociação para compra ou indenização de

desapropriação de terras para passagem da tubulação da adutora.

10- Em decorrência da gestão participativa dos recursos hídricos introduzida pela Lei

nO 9.433/97, os usuários devem se fazer representar no Comitê de Bacia de modo ter

seus interesses defendidos.

5.2 SUGESTÕES

Como contribuição, o autor sugere as seguintes ações para complementar o trabalho de

identificar as alternativas para abastecimento de água da Refinaria de Paulínia:

1. Dar continuidade a pesquisa de processos que demandem menor quantidade de

água.

181

2. Analisar os impactos da utilização de esgoto municipal tratado como água de

reposição da torre de resfriamento, bem como, quais os tratamentos adicionais

que tanto a água de reposição como a água circulante no sistema devem ser

submetidas.

3. Avaliar os impactos positivos e negativos que a utilização de esgoto municipal

trará para bacia hidrográfica.

4. Avaliar os impactos que a retirada de 1 m3/s do aqüífero Guarani trará para

manancial subterrâneo.

5. Realizar EVTE (Estudo de Avaliação Técnica e Econômica) das soluções:

a. Utilização de esgoto municipal de Paulínia.

b. Utilização de esgoto municipal de Campinas

c. Abastecimento através do aqüífero Guarani.

Finalmente, gostaria de sugerir o aprofundamento da idéia de um empreendedor

investir no uso racional de água ou mudanças no processo produtivo de outro consumidor da

mesma bacia com objetivo de obter outorga de parte da água economizada.

182

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