Abessalão

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Abessalão (hebr. 'ãbísãlõm: meu pai [Deus] é paz, prosperidade) conforme 1 Rs 15,2 pai de Maacá, a mãe do rei Abião; em 1 Rs 15,10 Maacá é mãe de Asa, filho de Abião. O autor de 2 Cron 13,2 tentou resolver essa dificuldade, dizendo que a mãe de Abião foi filha de Uriel, de Gabaá, e não mencionando a mãe de Asa. Na realidade Asa deve ter sido irmão de Abião, enquanto A. deve ser identificado com Absalão, o filho de Davi. Bibl. S. Ycivin, Abia, Asa und Maacha (Studien zur Gescilichte Israels; Jerusalem 1980,236-239). [v. d. Bom] Abiatar (hebr. 'ebyãtãr: meu pai [Deüs] tem ou dá abundância), filho de Aquimelec, portanto do clã de Itamar. Foi o único sacerdote que escapou quando Saul mandou massacrar os sacerdotes de Nobé. Levando o —> efod, escolheu o partido de Davi (1 Sam 22,20-23; 23,6-9; 30,7), cujo sa cerdote ficou (2 Sam 8,17, texto corrigido; 1 Cron 18,16; 24,6). Mais tarde Sadoc compartilhou o seu sacerdócio (2 Sam 15,24-36; 17,15; 19,12; 20,25). Também sob Salomão foi sacerdote (lR s 4,4), embora tivesse escolhido o partido de Adonias, na luta pela sucessão do trono (1 Rs 1,7.19.25; 2,22). Depois que Adonias foi eliminado por Sa lomão, A. foi deposto, e desterrado para Anatot (1 Rs 2,26s). O vaticinium ex eventu de 1 Sam 2,27-36, dirigido contra Heli, reflete a vitória do sacerdócio sadoquídico sobre a antiga casa de A. Abigail (hebr. 'ãbigayll, 'ãbigai ou 'ãbíigal; sen tido desconhecido), nome de: (1) A., mulher de Nabal, habitante de Carmel, no sul de Judá, chamada também Abigal ou Abugal. Tinha “inteligência aguda e figura for mosa". Quando ameaçava irromper conflito en tre Davi

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Abessalão (hebr. 'ãbísãlõm: meu pai [Deus] é paz, prosperidade) conforme 1 Rs 15,2 pai de Maacá, a mãe do rei Abião; em 1 Rs 15,10 Maacá é mãe de Asa, filho de Abião. O autor de 2 Cron 13,2 tentou resolver essa dificuldade, dizendo que a mãe de Abião foi filha de Uriel, de Gabaá, e não mencionando a mãe de Asa. Na realidade Asa deve ter sido irmão de Abião, enquanto A. deve ser identificado com Absalão, o filho de Davi.

Bibl. S. Ycivin, Abia, Asa und Maacha (Studien zur Gescilichte Israels; Jerusalem 1980,236-239). [v. d. Bom]

Abiatar (hebr. 'ebyãtãr: meu pai [Deüs] tem ou

dá abundância), filho de Aquimelec, portanto do clã de Itamar. Foi o único sacerdote que escapou quando Saul mandou massacrar os sacerdotes de Nobé. Levando o —> efod, escolheu o partido de Davi (1 Sam 22,20-23; 23,6-9; 30,7), cujo sa cerdote ficou (2 Sam 8,17, texto corrigido; 1 Cron 18,16; 24,6). Mais tarde Sadoc compartilhou o seu sacerdócio (2 Sam 15,24-36; 17,15; 19,12; 20,25). Também sob Salomão foi sacerdote (lR s 4,4), embora tivesse escolhido o partido de Adonias, na luta pela sucessão do trono (1 Rs 1,7.19.25; 2,22). Depois que Adonias foi eliminado por Sa lomão, A. foi deposto, e desterrado para Anatot (1 Rs 2,26s). O vaticinium ex eventu de 1 Sam 2,27-36, dirigido contra Heli, reflete a vitória do sacerdócio sadoquídico sobre a antiga casa de A.

Abigail (hebr. 'ãbigayll, 'ãbigai ou 'ãbíigal; sen tido desconhecido), nome de:

(1) A., mulher de Nabal, habitante de Carmel, no sul de Judá, chamada também Abigal ou Abugal. Tinha “inteligência aguda e figura for mosa". Quando ameaçava irromper conflito en tre Davi e o avarento Nabal, ela, prevendo a futura grandeza de Davi, interveio em favor de Davi, coisa a que Nabal não sobreviveu. Depois da morte de Nabal, uniu-se a Davi (1 Sam 25,2-42) e o seguiu para Get (1 Sam 27,3), Siceleg (30,5) e Hebron (2 Sam 2,2), onde deu

à luz Queleab (3,2), o mesmo que em 1 Cron 3,1 échamado Daniel.

(2) A., filha de Isaí (1 Cron 2,16s; segundo 2 Sam 17,25 de Naas), mãe de Amasa, chefe do exército de Absalão.

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Abimelec (hebr. 'ãbímelek: meu pai [Deus] é rei), nome de várias pessoas (em SI 34,1 deve-se ler Aquis, em 1 Cron 18,16 Aquimelec), também do rei siro Abimilki (ANEP 245).

(1) A., rei de Gerara, que tomou Sara consigo, supondo que ela era irmã de Abraão. Quando soube, em sonho, que ela era, na realidade, a mulher de Abraão, devolveu-a, com ricos pre sentes (Gên 20). Mais tarde concluiu, junto com o chefe do seu exército Ficol, uma aliança com

Abraão em Bersabé (Gên 21,22-33). Em 26,1-11 êle é:

(2) A., rei dos filisteus em Gerara. Tinha o plano de tomar consigo Rebeca, supondo que ela era irmã de Isaac, mas descobriu ainda em tempo que ela era a mulher de Isaac. Por inveja da riqueza de Isaac, pediu a êsse que partisse; mais tarde fêz uma aliança com Isaac em Bersabé, junto com o seu conselheiro Acuzat e o chefe do seu exército Ficol (26,12-31). A menção dos filisteus neste contexto não é necessariamente um anacronismo.

(3) A., filho natural de Gedeão, nascido em Si-quém. Com ajuda dos siquemitas matou, em Ofra, os setenta filhos de seu pai, chamado aqui Jerobaal (só o mais novo, Jotão, escapou), e tomou-se rei de Siquém. Depois de um govêrno de três anos (sobre Israel!) nasceu um conflito entre os siquemitas e A., e Gaal suscitou contra éle uma revolta. Essa foi suprimida, Siquém e a sua fortaleza foram destruídas, mas no assédio da cidade de Tebes, que se havia solidarizado com a revolta, uma mó lhe caiu sobre a cabeça, e assim morreu A. (Jz 9; cf. 2 Sam 11,21).

Bibl. ad (3): J. Simons, Tòpographical and archeological

Elements in the Story oi Abimelech (OTS 2,1943,35-78).

A. Penna, Gedeone e Abimelec (Bibbia e Oriente 2,1960,

86-89; 131-141). [v. d. Bom]

Abominação da desolação (Vg ábominatio desola-tionis), tradução de poéÀ.VYna (xriç) êqtiuümjecoç, com que os LXX e Teodocião traduzem o hebr.

siqqus (m e). sõmêm em Dan 9,27; 11,31; 12,11.

(D No AT. Dan 11,31 descreve, em têrmos mis

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teriosos, a profanação do templo de Jerusalém por Antíoco IV Epífanes em- 167 aC. Uma fase dessa profanação é a ereção da A. Sobre o mesmo acontecimento fala 12,11 e provavelmente também 9,27. 2 Mac 6,2 fala mais claro, dizendo

que Antíoco quis que o templo fosse dedicado

a Zeus Olympios. Conforme 1 Mac 1,54.59 um

novo altar foi colocado em cima do altar dos holocaustos de Javé, no dia 8 de dezembro de

167, e dez dias mais tarde o culto pagão foi inaugurado. 1 Mac 1,54 qualifica êsse altar como A., sem dúvida sob influência de Dan. — Ba seando-se no fato de que Baal Samém (b a‘al sãmém: Senhor do céu) é o equivalente ara-maico de Zeus Oympios, E. Nestle (ZAW 4,1884, 248) explicou siqqus sõmêm: como a deforma ção, de propósito desenrosa, do nome dêste deus. O elemento ba'al (Senhor) foi substituído por siqqus (abominação), palavra essa com que os judeus gostavam de indicar falsos deuses, ídolos, ou símbolos e emblemas pagãos; sãmém (céu) foi mudado em sõmêm (Dan 12,11) por

que lhe deram as vogais de bõsêt (vergonha). Nesta combinação sõmêm, forma abreviada de mcsõmOm (part. põlêl de sãmam), que pode sig nificar “estar desolado, deserto”, mas também “estar apavorado, estremecer” (Dan 9,27; 11,31) significa provavelmente “pavoroso”; os traduto res gregos, porém, preferiram o primeiro sen tido, traduzindo a palavra por “desolação”. Por tanto, em Dan e Mac a A. significa um altar ou outro objeto cultuai consagrado a Baal Samém.

(I I ) No NT. Conforme o costume, naquele tem-vo muito usado, de atualizar as profecias antigas, q.d. dc aplicá-las aos acontecimentos contempo râneos, o apocalipse sinótico ( —» Parusia) em Mt 24,15 e Mc 13,14 relaciona a A. com a futura destruição de Jerusalém e o fim do mundo. E com razão! Pois segundo Dan a profanação do templo por Antíoco IV é um acontecimento com significado escatológico. No entanto, esta aplica ção do têrmo A. fora do contexto original prova também que perdera a sua significação concreta para adquirir uma noção apocalíptica. O fato

de Mc em 13,14 (como também alguns mss de

Mt) combinar o neutro singularpoéXvyna (abo

minação) com a forma masculina do particípio

ècrrrpcÓTa (estando) parece indicar que Mc pen sava numa pessoa. Isso legitima uma compara ção com 2Tess 2,3s, onde parece não se tratar de outra coisa, senão da profanação do “templo de Deus” em Jerusalém. Profanação que no pensa mento de S. Paulo coincide com a atividade blasfemadora do —* Anticnsto e com a parusia de Cristo. As explicações desta passagem, que partem do fato de à profanação de Jerusalém não ter seguido o fim do mundo,

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e que por isso tomam essa profanação em sentido simbólico (heresias, etc.), são interpretações ex eventu, porque não levam em consideração o ponto de vista dos autores anteriores ao ano 70 dC. Para êsses a A. e as manifestações do Anticristo sem dúvida estavam intimamente ligadas entre si. Se em Mt e Mc a A. é o sinal para que os fiéis saiam de Jerusalém e da Judéia, isso é para que não fiquem envolvidos e prejudicados no juízo aniquilador sobre o Anticristo, triunfante na cidade santa (2Tess 2,8), mas possam viver até testemunharem a parusia. — Não sabemos com certeza em que os cristãos entre 66 e 70 viram encarnada concretamente a A. Foi a vinda do exército romano com os seus estandartes, ou foram as carnificinas dos Zelotas no templo? Quando a destruição de Jerusalém já pertencia ao passado, a A. apocalíptica do apocalipse sinó tico foi substituída por um fato concreto, his tórico (Lc 21,20). Tornara-se claro, também, que essa destruição não estava em relação histórica com o fim do mundo, mas dêle se separava pelos “tempos dos gentios” (Lc 21,14). Isso, po rém, não quer dizer que no apocalipse sinótico a A. fora originàriamente apresentada como um fato puramente histórico; é a perspectiva apo-calíptico-profética que faz coincidir a profanação do templo com a atividade blasfema do Anti cristo, no fim dos tempos.

Bibl. W. Poerster (ThW 1,598-600). G. Kittel (2,654-657). H. Bévenot, Execratio vastationis (RB 45,1936,53-65). J. van Dodewaard, De gruwel der verwoesting (Stud. Cath. 20,

1944/45,125-135). B. Rigaux, BOÉXuviia triç £QTJ|Xü)CEO)Ç. Mc 13,14; Mt 24,15 (Bb 40,1959,675-683). [Nelis]

Abraão (hebr. 'ãbrãhãm) ou Abram (hebr. abrãm, abrev. de 'ãbírãm = Ablrão; em Gên 17,1-8 a forma Abraão [cf. Aarão] é interpretada como mudança de Abrão, por causa da etimologia po pular: A. = pai de muitos povos).

(I ) No AT. A., um dos patriarcas, pertence pro-vàvelmente a uma série de imigrantes, que entre 2000 e 1700 aC invadiram a Síria e o Canaã, vindos do deserto siro-arábico e da Mesopotâmia. Con forme uma tradição a sua terra foi Haran (Gên 12,1; 24,4s.7; Jos 24,2), conforme outra foi Ur dos Caldeus (Gên passim; Ne 9,7; Jdt 5,6), cidade essa, com que êle estava ligado através de seu pai Taré. A sua migração teve motivos de caráter religioso (Jdt 5,9), o que não exclui motivos políticos e outros; em Gên 12,1-3 tudo é redu zido a uma ordem de Javé. Em Gên 14,13 é chamado A., o hebreu, o que na genealogia bí blica significa: descendente de Eber (Gên 11,16), e em têrmos históricos, que êle pertencia ao grupo dos —» Habiru, embora o clã de A. só possa ter formado uma parte dêsses Habiru.

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Por seu irmão Nacor êle está ligado com os arameus (Gên 22,20-24), por seu filho Ismael com os ismaelitas (21,18-21; 25,12-18), por seu filho Isaac e seu neto Jacó/Israel com os israelitas, por sua mulher Cetura com diversas tribos do norte e do sul da Arábia (25,1-4), e por seu sobrinho Lote com os moabitas e amonitas (19, 36-38). — Em Canaã, A. deteve-se sobretudo em Siquém (carvalho de Moré), Betei, Hebron (ta-mareira de Mambré) e Bersabé (tamareira). A tradição relata também uma estadia no Egito (12,10-13,1). Javé, porém, prometeu- lhe a posse futura de toda a terra de Canaã, e fêz com êle uma aliança, da qual a circuncisão era o sinal. Por causa da sua fé e confiança êle é conside rado justo (15,6; IM ac 2,52; Gál 3,6). Muito curiosa é a atividade de Abraão como guerreiro-herói, na luta contra os reis aliados com Amrafel e o seu encontro com Melquisedec (Gên 14; um relatório que ocupa, literàriamente, um lugar à parte; por uns é considerado como documento histórico, por outros como um midraxe). Segundo Gên 25,7-11 A. morreu na idade de 175 anos, e foi sepultado na gruta de Macpela, ao leste de Mambré.

(I I ) O NT mostra que a promessa feita a A. foi cumprida: êle tornou- se o pai de um grande povo (Rom 4,13; Gál 3,16). Essa fraternidade, porém, não se baseia na descendência corporal, mas no parentesco espiritual (Mt 3,9 par.; Rom 9,6-8), sendo por isso mais universal (Mt. 8,11; Lc 19,9; Rom 4,11; Gál 3,7.29). Baseia -se no fato de que A. é o protótipo de todos os que crêem (Rom 4,1-25; Gál 3,6-29; cf. Tg 2,21-23). O objeto desta fé é Jesus (Jo 8,33-59). Os judeus chama vam A. “a rocha"; como tal ele foi substituído,

em certo sentido, por S. Pedro (Mt 36,18; cf.

Is 51,ls). [Bouwman]

(I I I ) A A. foram atribuídos vários escritos, todos êles apócrifos:

(1) O Apocalipse de A., escrito judaico do século I dC, só conservado em tradução eslava e com retoques cristãos. A. critica a idolatria de seu pai Taré e, em recompensa, recebe visões sobre o futuro de seus descendentes e de Israel. Edi ções: N.' Bonwetsch, Die Apokalypse Abrahams (Leipzig 1897). G. H. Box, The Apocalypse of Abraham (London 1918); cf. P. Geoltrain, L ’Apo calypse d’Abraham (Strassbourg 1960).

(2) O Testamento de A., lenda judaica, difícil de datar. Narra como A. recusou morrer; insere uma visão. Foi conservado em grego e em mui tas traduções. As traduções árabe, copta e etíope

acrescentam os Testamentos de Isaac e de Jacó. Edição do texto grego: James, The Testament of Abraham (Cambridge 1892).

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(3) Em certos escritos cristãos é mencionada ainda uma Inquisitio Abrahae, pelo mais des conhecida.

Bibl. 3. Jeremias (ThW 1,7-9). Th. Klauser (RAC 1,18-27). A. Weiser (RGG 1,67-71). Schürer (3,336-339). M. Noth, Ueberlieferungsgeschichte des Pentateuch (Stuttgart 1948) 112-126. Abraham, Père des Croyants (Cahlers Sioniens 5,1951,fasc.2). C. H. Gordon, Abraham and the Merchants oí Ura (JNES 17,1958,28-31). H. Drijvers, Abrahamtradl-ties in Jodendom, Christendom en Islam (Vox Theol. 31,1960/61,101-109). W. P. Albright, Abraham the Hebrew: A new Archaeological Interpretation (BASOR 163,1961,36-54; outra opinião: E. A. Speiser, BASOR 164,1961,23-28; cf. também ZAW 74,1962,220s). L. R. Fisher, Abraham and his Priest-King (JBL 81,1962,264-270). E. Testa, O Gê nero literário em Gên 14 (Atualidades Bíblicas 185-191, Petrópolis 1971).

Abrolhos e espinhos são muito freqüentes na Palestina. A Bíblia tem uns vinte nomes diferen tes para indicá-los. Pela maior parte, porém, são nomes genéricos, para toda espécie de plantas que picam e têm espinhos, de forma que deve mos desistir de uma classificação exata. Eram usados para cercar vinhas e eiras (Eclo 28,24), como combustível (Ecl 7,6); prejudicam a agri cultura (pên 3,18; Mt 13,7; H br 6,8). Por isso é que os profetas ameaçam com espinhos e a. (Is 5,6; 34,13). Os inimigos são castigados com a. (Jz 8,7.16); também são comparados com a. (Ez 28,24). —> Sarça; Coroa de espinhos; Flora. Aguilhão.

Bibl. L. Fonck, Streifzüge durch die biblisChe Flora (Freiburg 1900) 89-102. [Frehen]

Absalão (hebr. 'absãlõm: meu pai [Deus] é paz,

prosperidade), terceiro filho de Davi, nascido em Hebron; sua mãe foi Maacá, filha de Tolmai, rei de Gessur (2 Sam 3,3). Para vingar a honra de sua irmã Tamar, A. assassinou seu meio -irmão Amnon, mas teve de fugir para a casa de seu sogro a fim de escapar à ira de Davi (2 Sam 13). Foi por intervenção de Joab que A., depois de três anos, pode voltar para Jerusalém e dois anos mais tarde houve a plena reconciliação en tre A. e Davi (2 Sam 14). Como, depois da morte de Amnon, êle ficou o filho mais velho (o se gundo, Queleab ou Daniel, nunca mais é -men cionado), tentou assegurar para si a sucessão no trono. Soube fazer-se popular, devido à sua excepcional beleza (14,25s), ao seu estilo prin cipesco de vida (15,1) e à sua afabilidade (15,2-6). Depois de quatro anos julgou ter chegado a hora de realizar as suas aspirações, e deixou-se proclamar rei em Hebron. Davi teve de fugir (15,7-16). A. fêz a sua entrada, em Jerusalém, e confirmou as suas pretensões tiomando posse do harém de Davi, segundo o conselho de Aquitofel (16,20-22; cf. 12,11). Em vez de cair de surprêsa sobre um Davi sem

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recursos (conforme lhe aconselhava Aquitofel), atendeu ao conselho de Cusai (que estava do lado de Davi) e preferiu adiar o ataque, para organizar um grande exér cito. Davi aproveitou-se dessa demora, reorgani zando o seu exército na Transjordânia (17,1-14.23). A batalha decisiva deu-se na floresta de Maca-naim. A. foi derrotado; na fuga emaranhou-se nos ramos de um carvalho e foi morto pelo pró prio Joab, contra a vontade de Davi, que man dara poupá-lo e lamentou profundamente a sua morte (18,1-19,9). Foi sepultado como um crimi noso (cf. Jos 7,26; 8,29), numa grande fossa no mato, debaixo de um monte de pedras. O mo numento mencionado em 2 Sam 18,18 estava no Vale dos Reis (Gên 14,7), conforme Ant 7,10,3, a dois estádios de distância de Jerusalém. O atual “túmulo de A.” no vale do Cedron (AOB 240), perto de Jerusalém, data do tempo hele-nístico. Conforme 2Sam 14,27, A. tinha três filhos e uma filha chamada Tamar. Depois êsses não

são mencionados mais. Em 2Cron 11,20 é men cionada uma Maacá, filha de A.; provàvelmente trata-se de uma neta. —» Abessalão.

Bibl. —» Abião. [v. d. Bom]

Absinto (hebr. la‘anãh), uma planta (artem isia), considerada venenosa pelos israelitas; em lingua gem figurada, símbolo de tudo o que é repug nante e amargo (Dt 29,17; Prov 5,4; Jer 9,14; 23,15; Lam 3,15.19; Am 5,7; 6,12). Em Apc 8,11 a. é o nome de uma estrela que, ao terceiro toque da trombeta do anjo, cai do céu na água, tornando a. a têrça parte, o que tem por con seqüência a morte dos homens: símbolo das calamidades temporárias que deviam punir os inimigos e purificar os bons. [Frehen]

Abstinência. ( I ) A espiritualidade do AT dificil mente se concilia com uma doutrina de ascese ou a. A terra com tudo o que ela contém é boa em virtude de sua origem e foi confiada ao homem com uma tarefa positiva (Gên 1). Comer, beber, trabalhar, tudo isso é um dom de Deus, mesmo segundo o pessimista que é o Eclesiastes <2,24; 3,12; 5,17). Um têrmo técnico para a. não há nem no AT nem no NT. Quem se abstém de bens terrestres terá algum motivo especial.

(1) Existe, p. ex., o —> jejum, público ou pri vado: a. total ou parcial de comida e bebida por um determinado tempo, seja para acentuar a atitude interna de penitência, reconciliação ou luto (Lev 16,28ss: dia anual de expiação; Ne 9,1; Zac 7,3.5; Dan 10,2), seja para dar mais força a uma súplica, p. ex., em perigo de guerra (Jz 20,28; 1 Sam 7,6; Jdt 4,9 etc.), nas sêcas (Jer 14,12), em perigo de morte (Est 4,16; Jon 3,5ss), seja

por causa de experiências místicas (Êx 24,18;

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1 Rs 19,8).

(2) Como alhures, formou-se também em Israel um catálogo de sêres puros e impuros. E ’ pre ciso abster-se do contato com sêres e objetos impuros, para não incorrer numa impureza ri tual. São declarados impuros, p. ex., as mulheres logo depois do parto (Lev 15), os leprosos (Lev 13), a carne de muitas espécies de animais (11, 2-47), os cadáveres (Núm 19,llss; Lev 21,1, etc.). Ã pureza cultuai, necessária como preparação para o encontro com a divindade, parece ter per tencido também certa a. sexual (Êx 19,5; 1 Sam 21,5ss; 2 Sam 11,11).

(3) Uma práticai muito antiga de ascese é o nazi-reato ( —» Nazireu), vagamente formulado em Núm 6,1-21: alguém consagra-se a Javé assumin do uma tríplice obrigação: não cortar os cabelos, a. de bebidas alcoólicas, não tocar em cadáveres. A a. do vinho pode ser interpretada como recusa da cultura cananéia e, por conseguinte, como profissão de fé em Javé, o Deus de Israel. Isso fica mais claro ainda no caso extremo dos — Recabitas (Jer 35,5-8) que se absiêm de vinho e continuam vivendo em tendas: não a cultura urbana, mas a vida errante dos nomades exprime a verdadeira relação entre o israelita e Javé. Êsse tema reencontra-se de alguma maneira no fato de os levitas não possuírem terra: sua única herança é Javé (Dt 10,9). Que os nazireus e Reca bitas davam em Israel um testemunho positivo, provam-no textos como Am 2,11; Jz 13,4; IMac 3,49.

(II). (1) Também o NT não contém em princípio nenhum dualismo na sua visão do homem e do mundo. A luz da obra salvífica de Cristo, no entanto, chegou-se a uma consciência mais clara da ambivalência do mundo: de um lado opera nêle satanás, “o príncipe dêste mundo” (Jo 12,31), de outro lado também o Cristo “que tirou o pecado do mundo” (1,29). Por isso o cristão é exortado a abster-se do mundo enquanto êsse está dominado por satanás (1 Jo 2,15ss). Em têr-

mos paulinos: morto com Cristo para o pecado, pelo batismo, o cristão não se deve colocar mais

a serviço das obras de satanás, nem a serviço

da lei, mas do Deus vivificador (Rom 6), não

se comportando em consonância com êste mun do (12,2), não vivendo segundo a lei da carne, mas do espírito (8,5ss).

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(2) Na morte com Cristo deve o cristão também afastar de si as regras puramente humanas so bre a. no comer e beber (Col 2,16-23). Dão uma espécie de satisfação mas não aproximam o ho mem de Cristo. Melhor do que esta falsa ascese é a mortificação cristã (3,5ss), a erradicação do pecado. Ainda 1 Tim 4,1-5 adverte contra abusos gnósticos respeitante a a. no matrimonio e no uso de comida e bebida. “Deus os concedeu para que fossem tomados com ação de graças”.

(3) Também Jesus já havia frisado que em maté ria de a. o que importa não é o externo mas o interno (Mt 6,16ss; 15,11). Neste ponto se havia distanciado nitidamente do Batista (Mc 2,18; Mt 11,19). A a. que Jesus pede tem uma perspectiva positiva: pede a seus discípulos que se libertem de família, propriedades (Mc 10,17-31 par.; Lc 14,26ss) e matrimonio (Mt 19,12) por causa do Reino de Deus, do evangelho (Mc 10,29) e de seu nome (Mt 19,29). Abandonar tudo eqüivale a seguir a Cristo (Mt 19,27). — Em 1 Cor 7 S. Paulo responde a cristãos que por determinados moti vos julgam ter de levar uma vida de abstinência sexual ou mesmo de não se casarem. Aos casados êle aconselha que vivam como casados; a a. pe riódica pode ser boa, em determinadas circuns tâncias, mas não por muito tempo. Aos não casados aconselha que continuem assim; como êle mesmo o faz (7). Pois o não-casado é mais diretamente disponível para as coisas do Se nhor, e isso é importante porque a parusia está próxima.

Bibl. H. Windisch (ThW 1,492-494). A. Oepke (ib. 775). W. Grundraann (ib. 2,328-340). H. Strathmann, Geschichte der frühchristlichen Askese. 1. Die Askese in der Umge-bung des werdenden Christentums (Leipzig 1914). X. Léon-Duíour, Mariage et continence selon St.-Eaul (Mém. Gelin, Le Puy 1961,319-329). H. Wennink, De Bijbel over Ascese (Roermond 1964). [v. Schaik]

Abutre. A SEscr (Lev 11,13; Dt 14,12) menciona diversos tipos de a.: o Gypaêtus barbatus, o Aegy-pius monachus e o Vultur percnopterus. Todos êles são animais impuros. Alimentam -se de cadá veres (Is 34,15; Miq 1,16; Mt 24,28; ver ANEP fig. 301).

Bibl. I. Aharoni, Ar, le gypaète barbu et Ar Moab (RB

48,1939,237-241). [Frehen]

Acab (hebr. ’ah’ab: irmão de [igual a] meu pai?), nome provavelmente não-israelita de:

(1) A. rei de Israel, da dinastia de Amri (873-854), filho de Amri, casado com Jezabel, filha de Etbaal, rei de Tiro. Reis contemporâneos de Judá:

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Asa (910-870) e Josafá (870-849). 1 Rs 16,28-22,40.

A. manteve a submissão dos moabitas (2 Rs 1,1;

inscrição de Mesa 1.8). A aliança com os fenícios foi fortalecida pelo seu casamento. Guardou a paz com Judá; o sucessor do trono de Judá, Jorão, casou-se com Atalia, filha de A. (2 Rs 8,18.26). Contra os arameus de Damasco A. fêz uma guerra (1 Rs 20,1-34), nos últimos anos do seu govêmo; o motivo não nos é conhecido. Be-nadad II marchou com os seus aliados sobre Samaria e assediou-a, mas foi derrotado perto de Afec, na planície de Jezrael, onde foi prêso, mas solto depois, com certas condições (perdia as suas concessões comerciais em Samaria, tinha que admitir uma delegação comercial israelita em Damasco e devia devolver as cidades con quistadas por seu pai) . A bíblia não relata o fato

de que êles chegaram a fazer uma aliança contra o rei assírio Salmanasar III. Êsse último travou, perto de Carcar, uma batalha contra os arameus, que ficou indecisa (854. Essa data, que consta por inscrições, é um dos pontos em que a nossa cronologia bíblica se baseia).

Conforme as relações de Salmanasar no cha mado Monólito (II, 151; AOT 341) A. teria to mado parte naquela batalha com dois mil carros e dez mil soldados. Apoiado por Josafá de Judá, A. fêz uma terceira guerra contra Benadad pela posse da cidade de Ramot em Galaad, que não fora devolvida. A morte de A., ferido por uma flecha, significou o fim do combate. Em con seqüência da feliz política exterior de A., Israel tomara-se uma grande potência; pela aliança com a Fenícia havia riqueza. Essa se manifestou nas construções de A., mencionadas apenas de pas sagem em 2 Rs, mas certamente bem importan tes, conforme as escavações em Samaria o pro varam. O palácio de Amri (o “palácio de marfim” de 1 Rs 22,39) foi aumentado; A. possuía ainda outro palácio na planície de Jezrael (21,2), e construiu ou fortificou diversas cidades. Êsse rei tão brilhante, no entanto, é julgado mui desfa voravelmente em Rs, bem como a sua dinastia (1 Rs 16,30-33; 21,25s; 2 Rs 8,18.27; 9,7-10; 10,10.30; 21,13; cf. Miq 6,16), por causa da sua tolerância religiosa; aliás, aparece quase exclusivamente na sombra de Elias. Permitiu o culto de sua esposa Jezabel a Baal e o seu terror contra os profetas de Javé. Embora o profeta Elias o acuse de prestar culto a Baal (lR s 18,18), A. parece pes soalmente ter adotado o Javismo. Consultou re petidamente os profetas de Javé (20.13s.22.28; 22,6-8.16), inclusive Miquéias, embora não gostas se dêle; mandou até prender o profeta (22,24-28)' quando êsse lhe predizia desgraças. Deixou Elias agir livremente contra os profetas de Baal (18, 16-45), aceitou a repreensão de um profeta, por ter sido indulgente demais para com Benadad (20,35-43) e lamentou o assassínio de Nabot, pro vocado por Jezabel (21,27s); assim mesmo êsse grave crime lhe é inculpado (21,19-26; 2 Rs 9,25s). Os nomes de seus filhos, sem exceção, são com postos com o nome de Javé (Atalia, Acazia, Jorão). A. foi sepultado em Samaria, e “quando se lavava o carro com a água da piscina de Samaria, onde meretrizes se estavam banhando, os cachorros lamberam o seu sangue; assim cumpriu-se a palavra de Javé" (lR s

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22,38; cf. 21,19). Uma apreciação mais positiva da figura de A. temos no Sl 45, se é que êsse salmo foi composto por ocasião do casamento de A. com Jezabel (a “filha de Tiro”, v 13).

Bibl. H. Pope, The Enigma of King Achab (Studies 23, 1934,77-86). Jack, La situatíon religíeuse d’Israel au temps d’Achab (RHR 112,1935,145-168). C. F. Whitley, The Deute-ronomic Presentation of the House of Orari (VT 2,1952, 137-157). D. W. Gooding, Achab according to the Sep-tuagint (ZAW 76,1964,269-280). J. M. Miller, The Fali of the House of Achab (VT 17,1367,307-324). [v. d. Bom]

Acácia (hebr. sittah, palavra derivada do egípcio) é uma árvore de cuja madeira se fizeram vários objetos para o culto (Êx 25-27; 35-38 passim; Dt 10,3). A a. é muito freqüente no Egito; na península do Sinai há dela várias espécies; na Palestina menos, mas o vale do Jordão é mais rico; cf. toponimos como Sitim (Jos 2,1; 3,1 etc.); Bet-hassitim (Jz 7,22) e Abel-hassitim (Núm 33,49); pelo mais a. só é mencionada em Is 41,19. Como a madeira é leve, mas dura e incorruptí vel e bem mais fácil de encontrar na península do Sinai do que qualquer outro tipo de ma deira, a a. era o material mais indicado para os ditos objetos do culto. Os egípcios usaram-na para navios, móveis e imagens.

Bibl. F. Vigouroux (DB 1,101-104). Low 2,277-291.

[Frehen]

Acan (hebr. ‘ãkãn, sentido incerto), chamado Acor em 1 Cron 2,7 (hebr. ‘ãkõr, de sentido igual mente duvidoso), filho de Carmi (Jos 7,1), do clã de Zaré (22,20), judaíta, que depois da con quista de Jericó pecou contra o —> anátema. Essa transgressão é considerada em Jos 7 como a causa da derrota dos israelitas perto de Hai; a sorte indicou A. como o culpado; foi apedreja

do na planície de —» Acor (Jos 7,4.26; Is 65,10;

Os 2,17).

Bibl. B. Alfrink, Die Achan-Erzâhlung (Stud. Ans. 27/28,

Rome 1951,114-129). [v. d. Bom]

Acaz (hebr. ’ahaz, provàvelmente uma abrevia ção, feita de propósito para êsse idólatra, do nome yõ’ãhaz ( —■ Joacaz; a forma assíria é yauljazi), rei de Judá (736-721), filho de Joatão. Contrário ao costume, o nome de sua mãe não é mencionado. Reis contemporâneos de Israel: Facée (736-732) e Oséias (732-721). 2 Rs 16; 2 Cron 28; Is 7. Passou por grande apêrto, quando

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os sírios e os israelitas o atacaram por não querer aliar-se a êles numa coligação anti- assíria (a guerra siro -efraimita). E ’ possível que Os 5,8-6,6 se refira a esta expedição. Damasco conquistou o porto de Elat, os filisteus conquistaram seis cidades no oeste; Israel invadiu Judá e derrotou A., e os aliados já cogitavam em substituí-lo por um tal de Ben-Tabeel. Não atendendo às pala vras proféticas de Isaías (7), A. sacrificou provà velmente, como Mesa de Moab, o seu filho a Moloc (2 Rs 16,3), e comprou a ajuda de Teglat-Falasar III da Assíria, com uma parte dos di-nheiros do templo e da corte. O rei assírio con quistou Damasco em 732 e recebeu a homenagem dos reis palestinenses, também a de A. que, sem dúvida, continuou durante toda a sua vida tribu tário da Assíria (16,10; AOT 348; ANET 282). Q julgamento de Rs sobre A. é muito desfavorável, o de Cron pior ainda, porque, além de favorecer o culto ilegal nos lugares altos, praticou também a idolatria, talvez para agradar aos assírios. E ’ censurado também por ter substituído o altar de bronze para os holocaustos por um de mo-dêlo damasceno, no qual êle mesmo sacrificou (16,10-16). Mais outras novidades foram introdu zidas no templo e no palácio ( —> Quadrante solar; 20,11; Is 38,8), talvez sob instigação dos assírios. 2 Cron (28,24) relata até que êle teria fechado o templo de Javé em Jerusalém e não foi sepultado com os seus antepassados (2 Rs 16,20), mas na cidade (28,27). O seu sucessor foi Ezequias.

Bibl. A. Alt, Hosea 5:8-6:6. Ein Krieg und seine Foleen in prophetischer Beleuchtung (Kleine Schriften 1, Mün-

chen 1958,163-187). [v. d. Born]

Aco (hebr. ‘akkõ), cidade cananéia à beira do

Mar Mediterrâneo, o melhor porto natural da Palestina e um dos mais antigos da costa síria, encruzilhada de estradas comerciais do Egito e do vale do Jordão, mencionado como tal nas ca. tas de Amama e em textos egípcios e assírios. Os israelitas atacaram A. em vão (Jz 1,31); a cidade nunca estêve nas suas mãos, embora Jos 19,30 (ler A. em vez de Uma) afirme que pertencia a Aser. Talvez seja mencionada também em Miq 1,10 (bãkõ). O nome mais recente é Acre ou Aque (Ant. 9,14,2) ou Ptolemaida, em homenagem a Ptolomeu Filadelfo (285-246) que aumentou a cidade consideravelmente. Depois da queda de Tiro e Sidon a importância de A. cresceu sobre maneira. Em 219 Antioco IV Epífanes conquis tou a cidade, e os Selêucidas escolheram-na por algum tempo como residência (IM ac 10,51-66: casamento de Alexandre BaJas com Cleópatra, filha de Ptolomeu VI; 11,20-27: Demétrio II rece be Jonatas). Tornou-se uma cidade helenista, de sentimentos veementemente antijudaicos (5,15). Foi em Ptolemaida que Jonatas foi assassinado por Trifon. (Ver a inscrição grega de Antioco V II em Y. H. Landau, IEJ 11,1961,118-126). Quando o reino dos Selêucidas desmoronou, Alexandre Janeu tentou em vão conquistar a cidade. Em 47 aC Ptolemaida foi anexada à província ro mana da Síria, sob o nome de Cláudia Ptole maida. S. Paulo visitou esta cidade (At 21,7). O nome foi guardado na atual ‘atcka (St.-Jean d’Acre). Escavações em 1947 e 1954-1955 (ver Phoenix l,1955,8s).

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Bibl. A. Lesendre (DBS 1,38-42). Honigmann (RLA 1,64). Abel 2,235-237. W. Makhouly, Guide to Acre (Jerusalem

Acróstico. O AT contém alguns poemas, em que as letras iniciais dos versículos, dísticos ou es trofes formam o alfabeto hebraico na ordem normal das 22 letras. Em Sl 25; 34; 145; Prov 31,10-31; Eclo 51,13-30 (Ne 1,2-8 é duvidoso), cada novo dístico começa com a letra seguinte do alfabeto. Em Sl 9 e 10 (na forma atual a ordem está perturbada); em Sl 37; Lam 1; 2; 4, é cada versículo. Em Sl 119 as oito linhas de cada es trofe e em Lam 3 as três linhas de cada estrofe começam com a mesma letra. Em Lam 2 e 3 o p está antes do Esta forma artificial de poesia era bem no gosto dos israelitas. Possivelmente tenha visado também facilitar a memorização

dos poemas. A ordem das letras iniciais nos

a.s fornece uma base para a crítica textual.

Bibl. M. Lõhr, Alphabetische und alphabetisierende Lieder im A.T. (ZAW 23,1905,173-198). P. Munch, Die alphabe tische Akrostichie in der jiidischen Psalmdichtung (ZDMG 90,1936,703-710). T. Piatti, I carmi alfabetici delia Bibbia chiave delia métrica ebraica? (Bb 31,1950,281-315; 427-458).

[v. d. Bom]

Adivinhação. Como em outros povos antigos, as sim existiu também em Israel a tendência de revelar o futuro ou coisas ocultas por meio de toda espécie de presságios e meios mágicos ( —» Necromancia; Ordálio), e para tal fim consulta-vam-se também adivinhos (1 Sam 28; 2 Rs 17,17; 21,6; 23,24; Is 3,2; 8,19; Jer 27,9; 29,8; Os 4,12), embora a a. fosse severamente proibida pela lei mosaica (Lev 19,26.31; 20,27; Dt 18,9-14) e oprimi da por alguns reis (Saul: 1 Sam 28,3; Josias: 2 Rs 23,24). Para afastar o povo desta superstição, que era estigmatizada como sendo cananéia (Dt 18,9), existia o - * oráculo sacerdotal ou profético, con siderado pela lei como o único meio lícito para conseguir a revelação do futuro ou de mistérios.

Bibl. J. Doller, Die Wahrsagerei im A.T. (Münster 1923).

Adoção. No AT os legisladores não mencionam a possibilidade de alguém adotar o filho de outrem; o direito assírio-babilonico, no entanto, conhecia tal adoção (RLA 7,37-39). No AT,

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quando não havia herdeiros, era mais fácil os bens ficarem com um escravo do que adotar-se um filho (Gên 15,3). Há alguns casos que poderiam passar por a.: Jacó adotou os filhos de José (Gên 48,5s), José os de Maquir (50,23), mas em ambos os casos trata-se de netos que ganham os direitos de filhos. Mardoqueu adotou sua sobrinha Ester (2,7). A a. de Moisés por uma princesa egípcia não se fêz, naturalmente, conforme direito israe lita (Êx 2,10). No NT S. Paulo compara o modo como o homem se torna filho de Deus com a a. greco-romana (víoOeníu: Rom 8,15.23; 9,4; Gál 4,5; Ef 1,5).

Bibl. S. Many (DB 1,228-233). S. Kardimon, Adoption

as a Remedy for Infertility in lhe Period of lhe Pa-

triarchs (JSS 3,1958,123-126). I. Mendelsohn, An Ugaritic Parallel to the Adoption of Ephraim and Manasse (IEJ 9,1959,180-133). [v. d. Bom]

Adonias (hebr. 'ãdõniyyãh: Javé é Senhor), no me, e.o., de A., o quarto filho de Davi, nascido

em Hebron (2 Sam 3,4; 1 Cron 3,2); sua mãe foi Hegit. Quando Davi íicou velho, A., sendo o filho mais velho vivo, tentou assegurar -se do trono, apoiando-se no fato de que Davi o deixava agir, bem como no poder de Joab (o exército) e de Abiatar (o sacerdócio legítimo). A entronização devia ter lugar durante uma festa sacrifical perto da fonte Rogel, mas fracassou pela intervenção do sacerdote Sadoc, do profeta Natã e de Betsa-bé, mulher de Davi, os quais conseguiram de Davi que Salomão fosse entronizado logo. Depois do golpe fracassado, A. procurou asilo perto do altar, e foi poupado por Salomão, com certas condições. Quando A., mais tarde, quis casar-se com Abisag, ambicionando assim, conforme as concepções orientais_(cf. 2 Sam 16,21s), novamen te a realeza, Salomao mandou matá-lo por Ba-naias (1 Rs 2,13-25).

[v. d. Bom]

Adoração. (I ) Na bíblia hebraica o ato de adora

ção exprime-se sobretudo pelo verbo histahãwãh

(curvar-se; inclinar-se profundamente). Á êsse

têrmo corresponde o grego jiQocry.vvEÍ-v dos LXX

e do NT = prostrar-se, beijando o chão; vene

rar; adorar. Daí o têrmo proskynésis ( —» Ora-çao) . Os dois têrmos, que na linguagem profana significam o gesto de submissão com o qual um súdito saúda um dignitário, exprimem também de modo muito feliz a essência da a. religiosa. Diante do divino, do sagrado e sublime que êle

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experimenta como sobre-humano, o homem se prosfcra: faz-se pequeno e submete-se (cf. Ez 1,28; Dan 8-,17; Apc 1,17). Neste sentido original a a. é a reação espontânea do homem que é agracia do com uma teofania (£x 34,8; Núm 22,31). Num sentido derivado e mais fraco é a atitude da quele que no culto e no santuário se encontra com Deus. Assim “adorar" tornou-se praticamen te sinonimo de “servir a Deus através do culto” (cf. p. ex. Gên 22,5; 1 Sam 1.3; 2 Rs 17,36; Sl 9G,9; At 8,27; 24,11).

(í l ) No AT o único objeto legítimo da a. reli giosa é Javé (Êx 20,3.5; Dt 5,9; Sl 86,9; 95,6) Segundo o NT o Pai procura quem o adore em espirito e verdade (Jo 4,20-24; cf. Mt 4,9s par.; Apc 4,10; 7,11, etc.). Mas ao mesmo tempo exige-se a. para o Senhor glorificado (Flp 2,10s; Hbr 1,6; Apc 5,14; cf. Mt 28,9.17). Mt (8,2 etc.; cf. Jo 9,38) afirma que Jesus de Nazaré era adorado durante a sua vida terrestre, mas aí o têrmo é usado em sentido mais largo, ou então (o que é mais provável), por antecipação, sobretudo porque os relatos originais de Mc só conhecem uma a. de Jesus pelos demonios (cf. Mc 5,6 par.).

Bibl. H. Greeven (ThW 6,759-767). J. Horst, Proskynein

(Gütersloh 1932). [Fiiglister]

Adultério. ( I ) No AT o matrimonio não era con siderado como uma instituição religiosa, nem como instituição de direito público. Os costumes, porém, e a lei escrita protegiam-no, e o a. era punido pelo direito público. O homem tinha nes tas coisas mais liberdade do que a mulher . O homem só é acusado de a. quando tem relações com uma mulher casada ou com uma noiva (Êx 20,17; Dt 5,21; Lev 20,10; Dt 22,22: mulher casada; Dt 22,23-27: noiva), não por relações com uma mulher não casada ou com uma escrava (Dt 22,28). Portanto, também no AT valia o princípio, que se encontra mais tarde no direito romano: a mulher só comete a. contra o seu próprio ma trimonio, o homem só contra o de outro homem. Além disso, o homem, suspeito de a., nunca po dia ser submetido a um exame humilhante, a mu lher sim (Núm 5,llss). Os culpados de a. deviam ser apedrejados, tanto o homem como a mulher casada (Dt 22,22; cf. Ez 16,40; Jo 8,5), e ainda qualquer mulher que se deixara violar dentro dos muros da cidade (Dt 22,23s), não a mulher que foi violada “no campo” (Dt 22,25-28); a lei supõe, portanto, que dentro da cidatie a mulher teria sido ouvida se, resistindo, tivesse gritado por socorro. O homem que seduziu uma moça tinha a obrigação de pagar uma indenização ao pai e de se casar com a moça (poligamia!); além disso perdia o direito de se separar dela poste riormente (Êx 22,15s; Dt 22,28s). Outros castigos para o a. foram a mutilação (Ez 23,25) e a quei-mação (Gên 38,24; Lev 21,9). Apesar de tudo isso o a. era um mal freqüente; os livros sapienciais falam repetidas vêzes sobre o perigo da mulher adúltera (Prov 2,16-19; cf. Mal 2,14; Prov 5,15-23; 6,24-35; 7,5-27; 23,27s; 30,20); Eclo 23,22-27 refere-se ao pecado da mulher adúltera. Os, Jer e Ez apresentam a relação entre Javé e o seu povo

sob a imagem de um matrimonio (-> aliança)

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e estigmatizam muitas vêzes a infidelidade de

Israel e o culto a outros deuses como um a.

(Os 2,4s; Jer 2,2; 3,8s; 5,7; 9,1; 13,22.26s; Ez 16.23

passim).

(I I ) O NT cita o sexto mandamento do decálogo

(Mt 5,27; 19,18; Mc 10,19; Lc 18,20; Rom 13,9; Tg

2,11). O decálogo já proibia cobiçar a mulher

do próximo (Êx20,17; Dt 5,21), Jesus equipara

o desejo ao ato (Mt 5,28). Contudo, a sua con denação tão severa do a. (cf. Mc 10,lls) não exclui uma atitude misericordiosa para com a mulher adúltera (Jo 8,2-11); “vai e não tomes a pecar”, é o julgamento de Jesus. Para S. Paulo o a. não é apenas um assunto jurídico (Rom 7,3), mas também uma transgressão da vontade de Deus (Rom 13,9; 1 Tess 4,3s; 1 Cor 6,18). Os adúlteros não entrarão no Reino de Deus (IC o r 6,9); a mesma coisa em H br 13,5; cf. 2Pdr 2,14. Em sentido figurado, como em Os, Jer e Ez, o têrmo é usado em Mt 12,39; 16,4; Mc 8,38 (os

contemporâneos incrédulos de Jesus), Tg 4,4 (os mundanos) e Apc 2,22 (os falsos profetas).

Bibl. F. Hauck (ThW 4,437-743). Id./S. Schulz (ib. 6, 579-59o). W. Korníeici, L'adultère daiis 1'Orient antíque (RB 57,1940,92-109). M. David, Overspel volgens Deut. 22,22ss (JbEOL 8,1942,650-654). J. Biinzier, Díe Strafe für Ehebruch in Bibel und Hãlacha (NTSt 4,1957,32-47).

[v. d. Bom]

Agabo (''Ayapoç), profeta do NT, proveniente

de Jerusalém. Em Antioquia êle predisse uma grande —» fome sobre toda a terra ( = o império romano), a qual, conforme At 11,27-30, se deu de fato sob -o imperador Cláudio. Autores clás sicos nos dão notícias sobre freqüentes fomes sob Cláudio; na Palestina a calamidade teria atingido o seu auge nos anos de 46 e 47. Outro profeta da Judeia, chamado também Ágabo (ou 0 mesmo?), predisse em Cesaréia por uma ação simbólica a prisão iminente de Sáo Paulo (At 21,10s).

Bibl. Wikenhauser 407-409. [v. d. Born]

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Agape (banquete de confraternização). A palavra grega cr/úm] tornou-se no tempo pós-apostólico o térmo técnico para indicar uma refeição de confraternização, com caráter litúrgico que, como as refeições das associações religiosas judaicas (hãbürõt), tinham a finalidade de fortificar a união dos fiéis e de sustentar os pobres (cf. StB 4/2,611-639; B.J. 2,8,5; 1QS 6,4; lQSa 2,17-22). A

existência da á. na Igreja antiga é certa a partir do fim do século II (Tert., Apol. 39). Segundo alguns a palavra tem êsse mesmo sentido espe cial também em Jud 12; cf. o lugar paralelo 2 Pdr 2,13, onde, no entanto, a versão òjiátatç

é mais provável. Se no tempo de S. Paulo a celebração da Eucaristia em Corinto era proce dida por uma á., é duvidoso (IC o r 11,17-34). A opinião mais provável (Batiffol, Ladeuze, Goos-sens, Thomas) é que no princípio a eucaristia

era celebrada logo depois da refeição comum

(cf. At 2,42.46; Didaqué 9-10; In Smyrn. 8,2). Por

causa dos abusos a que aludem 1 Cor, Jud e

2 Pdr (?), êsse uso foi provàvelmente suprimido

desde cedo. Mais tarde as á.s foram reintrodu-zidas, em forma limitada, como prática de cari dade para com os pobres (cf. At 6,1).

Agar (hebr. hãgãr), escrava egípcia de Sara, mãe de Ismael. As duas narrativas de Gên 16,1-16 e

21,9-33 ( “doublets") descrevem a expulsão de A.

e Ismael pela ciumenta Sara. Em Gên 25,12 A.

é a mãe de doze tribos ismaelitas (como as mulheres de Nacor são as mães de doze tribos araméias, e as mulheres de Jacó, das doze tribos israelitas) . Em Gál 4,21-31 S. Paulo esclarece a relação entre a Aliança do Sinai e a Nova Alian

ça, entre judeus e cristãos, comparando-a com

a relação entre A. e Sara e entre seus filhos.

A escrava A. (Sinai) simboliza a Antiga Aliança; os seus filhos não são livres, pois estao debaixo da Lei; a ela S. Paulo opõe Sara, a esposa livre de Abraão, como símbolo dos fiéis da Nova

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Aliança. Assim S. Paulo dá uma nova interpre tação da descendência das tribos de Israel; a verdadeira mae do povo judaico não é Sara, mas A. S. Paulo serve-se desta tipologia inédita,

para ilustrar as suas idéias sobre a economia

da salvação em Cristo (a qual se baseia ,na

graça gratuita e na fé incondicional do homem, em oposição à soteriologia dos judeus, que se baseava em descendência carnal e considerações meramente humanas). O que sugeriu esta tipo logia foi talvez o fato de que o Sinai fica na Arábia, terra de Ismael; outras suposições em ThW 1,56.

Ageu (hebr. haggay: o festivo; que nasceu numa festa), um dos cnamados Profetas Menores. De pois do cativeiro êle, junto com Zacarias, enco rajou os repatriados a construírem um novo templo em Jerusalém (Esdr 5,1; 6,14); é o autor do livro qüe traz o seu nome. [Deden]

Ageu (livro). (I ) O conteúdo consiste em cinco alocuções cuidadosamente datadas; são todas do segundo ano de Dario (520 aC) . A primeira alocução (1,1-11) atribui as desordens que havia em Judá ao íato de se ter interrompido a cons trução do tempio, e exorta o sumo sacerdote Josué e o governador Zorobabel a retomarem as obras; o que de íato aconteceu (1,12-14). O segun do discurso (1.15a + 2,15-19; o final deve ter caí do fora do seu lugar, sendo restítuído depois em lugar errado) promete bênçãos sobre os constru tores do templo. O terceiro (1,15b + 2,1-9) prediz que o esplendor do segundo templo será maior do que o do primeiro, porque, em conseqüência de uma mudança na situação política, no futuro próximo, os tesouros dos povos hão de confluir para o templo. O quarto (2,10-14) trata sobre a impureza que ameaça o templo e o culto sacri

ficai. O quinto (2,20-33) indica Zorobabel como

o eleito ae Javé.

(I I ) Origem. O livro apresenta-se antes como um relatório da atividade de Ageu, do que como um escrito do próprio profeta. Isso é sugerido pela ausência de sobrescrito, pela datação de cada discurso, e pelo fato de ser mencionado o re sultado do primeiro discurso. Aliás, está escrito na 3a pessoa gramatical e indica Ageu como “o profeta”. O relator, com certeza, quis fornecer um documento escrito, para apoiar a propagan da oral pela construção do templo. ÊÍe deve o seu material, provavelmente, a um relatório mais extenso sobre a construção, do qual também o autor de Zac e o Cronista parecem ter aprovei tado. Se for assim, não teríamos

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as próprias pa lavras do profeta, mas podemos confiar que pelo menos os seus pensamentos nos foram transmi tidos fielmente.

Agrafos, palavras avulsas de Jesus, transmitidas, não nos evangelhos canonicos, mas nos demais escritos do NT (p. ex. At 20,35) e sobretudo em outras fontes (citações pelos Santos Padres, frag mentos de papiros sobre ló y m ’I ti<joí), fragmen tos da tradição litúrgica, documentos rabínicos, etc.). Um estudo mais sistemático dos á. foi feito só em 1889 (primeira edição de Resch); o fito era dar uma coleção completa dos á. e examinar a sua autenticidade. Não podemos, porém, acei tar a opinião do próprio Resch, conforme o qual os á. seriam fragmentos de um Evangelho origi nal. A maior parte dessas “palavras de Jesus” não resiste a uma crítica séria; conforme a pri meira edição de Resch (1889) há 74 á. autênticos; conforme a segunda (1906) apenas 36. Para Va-ganay há apenas uns quatro ou cinco; muitos têm que ser eliminados a priori, por serem mo dificações do texto canonico, ou por não condi zerem com a doutrina ou a dignidade de Jesus.

Agricultura. (I ) Desde tempos muito remotos houve a. na Palestina e, em conseqüência disso, sedentarização e construção de cidades. Em lu gares como Jericó e ‘ên mallaha verifica-se desde antes do neolítico (entre o 8o e o 7o milênios) a passagem da cultura dos caçadores e colhedo-res para a plantação de alimentos. No calcolítico (4o e 3o milênios) mesmo os colonos de tell abu matar, perto de Bersabé, viviam da a. Os nume

rosos silos para cereais, feitos de tijolos, pro vam que no Bronze I havia em Jericó uma a. florescente. Pelo fim dêste período houve ao mesmo tempo um vasto desflorestamento. No tempo da monarquia Betsamés foi um centro no tável de produção de óleo e vinho. Sob Jeroboão II construiu-se um enorme silo para trigo em

Magedo. As escavações feitas em Nazaré apre sentam um ambiente tipicamente agrário. Diver sas parábolas de Jesus são inspiradas pela a.

(I I ) Os produtos clássicos da a. na Palestina são trigo, vinho e óleo (Dt 7,13; Ne 5,11; Os 2,8). O calendário de Gazer indica as épocas para a se-meadura e a colheita. A ocupação de Canaã signi ficou para os israelitas a passagem do nomatíis-mo para a a., o que trouxe consigo profundas transformações de ordem política, social e reli giosa. Adotaram também as festas agrárias dos cananeus, dando-lhes, porém, um novo sentido, dentro da história da salvação.

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Agripa (lat. Agrippa = que nasceu com os pés para frente), nome próprio de dois reis judeus:

(1) A. I (Marco Júlio Agripa Herodes), filho de Aristobulo e Berenice, nascido em 10 ou 9 aC, casado com Cipro, prima de Fasael (filhos: Bere nice [ - » Berenice II], Mariamne, Drusila e Agri pa II); no NT êle é chamado —> Herodes, sem outra determinação. Depois de uma vida de aven tureiro, em Roma, Tiberíade, Damasco e nova mente Roma, o imperador Calígula o “descobriu” e o nomeou rei da tetrarquia de Filipe e Lisânias (37-44), e em 39 da tetrarquia de Herodes Ãnti-pas; em 41 o imperador Cláudio o fêz rei da Judéia e da Samaria; de 41 até 44, portanto, foi rei de toda a Palestina» O seu governo é caracte rizado pelos seus esforços para fazer esquecer a sua juventude desregrada por uma observância estrita da ortodoxia judaica. Procurou tornar-se popular, e conseguiu; foi êsse também o motivo da sua perseguição do nascente cristianismo (At 12,1-19; execução de Tiago e prisão de Pedro). Desejando diminuir a influência de Roma, êle co meçou a construir um novo muro, ao norte de Jerusalém, mas por causa dos protestos do im perador Cláudio não o completou ( - * Jerusalém). Organizava espetáculos e lutas de gladiadores em estilo romano (At 12). Morreu de repente no verão do ano 44 (At 12,20-23; cf. a descrição subs tancialmente idêntica de Ant. 19,8,2). At 12,20 men ciona um camareiro de A., Blasto, no mais des conhecido.

Bibl. Schürer 1,549*564. Holzmeister 120-133.

(2) A. II (Marco Júlio Agripa Herodes II), filho de (1), nascido por volta de 27 dC em Roma, onde também foi educado. Quando seu pai mor reu, não pode suceder logo no trono, por ser ainda menor. O imperador Cláudio nomeou-o em 48 rei de Cálquis, em 49 supervisor do templo de Jerusalém, com o direito de nomear o sumo sacerdote; em 53 rei da tetrarquia de Filipe e Lisânias. Em 55 Nero aumentou o seu território com as cidades Tiberíade, Tariquéia, Lívias (e Abila?). Durante o seu govêrno terminou-se a construção do templo de Jerusalém (62/64) e deu-se a guerra judaica. Nessa guerra A. estava incondicionalmente do lado dos romanos; em recompensa, Vespasiano aumentou-lhe o territó rio. De sua vida posterior, passada parcialmente em Roma, pouca coisa é conhecida. Sua vida particular foi escandalosa; pois, não sendo ca sado, vivia com sua irmã Berenice ( —» Bereni ce 2), depois da morte do segundo marido dessa (seu tio Herodes de Cálquis), e depois de ela se ter divorciado de seu terceiro marido (Polemon da Cilícia). A. é mencionado em At 25,13-26,32, em relação com o processo de S. Paulo. Com Berenice, êle visitava Festo; êsse propos a A., ao qual considerava como perito no assunto, a causa de S. Paulo. A. quis ouvir "o homem” pessoalmente (discurso apologético de S. Paulo diante de Festo, Agripa e Berenice: 26,2-23); S.