ABIM 005 JV Ano IX - Nº 76 - Ago/16 As Obrigações do Iniciado · antes da Maçonaria se...

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As Obrigaçõesdo Iniciado

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

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EditorialNossa Revista, mais uma vez, faz valer seu

compromisso inicial, de elucidar nossos leitores nos mais diversos assuntos relativos

à nossa Ordem. Estimulá-los à pesquisa e ao estudo, tem sido nosso principal objetivo, a título de poder contribuir para seu aperfeiçoamento individual, a fim de podermos atingir a excelência cultural de nossa augusta instituição.

A matéria que abrilhanta nossa Capa, da lavra de um dos mais renomados escritores maçons comprometidos com os aspectos iniciáticos de nossa Ordem, o Irmão Oswald Writh, intitulada “As Obrigações do Iniciado”, lembra-nos que o ingresso a uma Escola de Iniciação transcende, em muito, ao de ingressar em um clube de serviços ou em uma associação recreativa. Iniciação não é o ato cerimonial da recepção do candidato, mas o que deverá acontecer durante toda a sua jornada, em seu dia a dia, no teatro da vida, em que o mesmo deverá passar por uma Transformação moral, atingir a Superação de sua vontade e vivenciar sua metástase, quando o Eu verdadeiro, a Quintassência, exercerá pleno domínio em sua existência. Nesse momento, a Iniciação Simbólica se transmutará em Iniciação Real.

De nossa autoria, apresentamos a matéria “Goteira – Origem do Termo”, que esclarece como surgiu, no linguajar maçônico brasileiro, tal alcunha

para os profanos curiosos. Com o mesmo objetivo elucidativo, nosso Irmão João Domingos Moreira, abrilhanta-nos com sua matéria, intitulada “Ágape”. Já, corroborando com a Matéria de Capa, fechamos esta edição com a excelente matéria do excelso Mestre JHS – Professor Henrique José de Souza, com o tema “Realização”.

Agradecemos pela carinhosa acolhida a este veículo de informação que, enquanto exercer sobre nós a Vontade dos Mestres de Sabedoria, estaremos, humildemente, colocando-nos como um canal de comunicação, para fazer Luz nos mais diversos temas, em prol do engrandecimento da cultura maçônica.

Encontrar-nos-emos na próxima edição!

PROMOÇÃO

Revista Arte Real

Versão Impresssa

22 exemplares

Avulsas - R$ 13,00/exemplar

GOTEIRAOrigem do Termo

Francisco Feitosa

Um termo muito comum e curioso, no linguajar maçônico, é o “Goteira”, servindo para identificar o não-maçom, que se utiliza de

artifícios para descobrir nossos Arcanos, ou até mesmo para se introduzir no seio de uma Loja Maçônica, tentando se passar por um iniciado em nossos mistérios. Desde a Antiguidade, as escolas de ofícios, portadoras dos segredos de sua arte, resguardam-se de intrusos, que tentavam, ilegalmente, beneficiar-se dos direitos restritos aos membros daquelas classes organizadas.

Há relatos de que, no antigo Egito, muito antes da Maçonaria se estabelecer em suas Lojas de Ofício, existiam diversas outras Ordens, detentoras dos Mistérios da Construção (Medidas Canônicas, transmitidas através da Geometria Sagrada, aos iniciados), que já se utilizavam de sinais, toques e palavras para a identificação de seus membros, a fim de preservar seus segredos.

Tais curiosos e “vantagistas” existem até os dias de hoje e, entre os maçons brasileiros, são tratados pela alcunha de “Goteira”.

Alguns autores mais imaginativos alegam que sua origem remonta aos tempos em que os Maçons, a fim de se esconderem da perseguição dos inquisitores, reuniam-se, às escondidas, em cavernas, e quando um curioso tentava se infiltrar no grupo, era colocado embaixo da goteira de uma estalactite, onde permanecia de castigo.

É fato notório que, ainda hoje, em nossos rituais, antes da Abertura dos Trabalhos, a primeira providência é a de se certificar da segurança do Templo, cabendo ao Ir∴Cobr∴Ext∴ a proteção do Templo contra as indiscrições profanas. Somente,

após este ato, que se declara que o Templo está coberto. Ao Ir∴Cobr∴Ext∴, cabe fazer o Telhamento em todos os visitantes, que pedirem ingresso, a fim de não permitir a entrada de intrusos, os “Goteiras”.

O termo Telhamento, quando executado pelo Ir∴Cobr∴Ext∴, é um ato constituído por perguntas e respostas, com a finalidade de se certificar se o visitante, de fato, é Maçom, aferindo-se o seu grau maçônico, sendo necessário que o visitante possua as respostas na íntegra e de memória, além do mesmo ter que comprovar sua regularidade através de seus documentos maçônicos. Ainda, existe muitos Irmãos que, erroneamente, utiliza-se, para esse ato, do termo Trolhamento. O termo Trolhamento está relacionado ao ato de se utilizar da Trolha, ferramenta do pedreiro, conhecido em diversos lugares como “colher de pedreiro”, usada pelo Mestre, para corrigir as imperfeições da Obra executada pelos Aprendizes e Companheiros.

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Nos países de língua inglesa, esse Ir∴ recebe o nome de “Tyler” (Telhador), que vem de “tile” = telha; nos países de língua francesa, o de “Tulleur”, oriundo de “tuile” = telha; nos de língua italiana “Tegolatore”, que vem de “tegola” = telha).

Enfim, Telhamento é o ato de cobrir uma construção com telhas, a fim de protegê-la da chuva, das goteiras. Portanto, somente, após ser certificado quanto à segurança do Templo, ou seja, ser declarado que “ o Templo está coberto”, é que os Trabalhos maçônicos poderão ser abertos. Tudo isso evidencia o termo “Goteira”, porém, ainda, não revela sua origem, de fato.

Em nossas pesquisas, estudando os tempos da Maçonaria Operativa, deparamos com o termo “Cowan”, que era utilizado para se distinguir o pedreiro comum, grosseiro, que não era conhecedor dos segredos da arte de construir, reservado, apenas, aos pedreiros formados e iniciados nos mistérios da construção. Tais pedreiros desqualificados, recebiam bem menos que os demais e tinham que se submeter a executar trabalhos de menor importância.

O termo “Cowan” não possui, na língua inglesa, um significado em si, e nem encontramos uma tradução literal para o português, por ter sido um termo utilizado, somente, entre os Maçons da época, talvez, uma espécie de apelido maçônico, porém há quem diga que vem do escocês arcaico. Eventualmente, os “Cowans” tentavam se infiltrar no meio dos maçons de ofício, com o objetivo de tomar posse de seus conhecimentos e de se beneficiar das regalias de um pedreiro livre.

Existem relatos sobre “Cowans” que tentavam se infiltrar no seio de uma Loja Operativa, e quando descobertos, por castigo, eram surrados e colocados na chuva, ou na beira do telhado, embaixo de uma calha de chuva, até ficarem totalmente encharcados. Muitos afirmam que o cargo de Cob∴ Ext∴ (Telhador), nasceu da real necessidade de impossibilitar o acesso à Loja de tais sujeitos, e que fora criado no séc. XVIII, devido ao crescente assédio dos “Cowans” às Lojas Maçônicas.

Na Inglaterra, em outubro de 1730, o inglês Samuel Prichard, um traidor da Ordem, publicou em um jornal local, a íntegra de um Ritual Maçônico. Não satisfeito, lançou o livro “Masonry Dissected” (Maçonaria Dissecada), revelando, em detalhes, a ritualística maçônica. Observa-se, naquele ritual

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publicado, um trecho com as seguintes perguntas e respostas: “P- Aonde tem assento os Aprendizes mais novos? R- No Norte. P- Qual é a sua função? R- Manter afastados todos os “Cowans” e os “Eavesdroppers” (bisbilhoteiros). P- Como deve ser castigado um “Cowan” ou “Eavesdroppers”, se apanhado? R- Deve ser colocado debaixo do beiral, em dias de chuva, até que as goteiras a escorrer por seus ombros, saiam pelos seus sapatos”.

Nosso Irmão Guilherme Cândido, em sua matéria sobre o tema, reporta-nos, com base na cerimônia de instalação do Monitor de Webb – Rito de York Americano - edição de 1865, sobre a função do Ir∴ Cobr∴ (Tyler): “Irmão, você foi eleito Cobr∴ desta Loja e eu o investirei com o instrumento de seu ofício. A Espada deve ficar nas mãos do Cobr∴ para que ele seja, efetivamente, capaz de nos proteger da aproximação de Cowans e Eavesdroppers (bisbilhoteiros), e não permitir que ninguém passe a não ser quem esteja, devidamente, qualificado”. Ainda, Guilherme Cândido, com base no Ritual da Grande Loja de Nevada (EUA), assim como na maioria das Grandes Lojas americanas, revela, na abertura dos trabalhos, um diálogo entre o Venerável Mestre e o 2º Diácono, em que se diz em tradução livre: “Venerável Mestre: Qual é o seu dever lá? 2° Diácono: Observar a aproximação de “Cowans” e “Eavesdroppers”, e se certificar de que ninguém vá ou venha, exceto aqueles que estejam, devidamente, qualificados e tenham a permissão do Venerável Mestre”.

O termo inglês “Eavesdrop”, por sua vez, é formado por duas palavras: “eaves” e “drop”, e, novamente, segundo o dicionário Webster: “Eaves - As bordas inferiores do telhado de um edifício, que pendem sobre as paredes e arrematam a água que cai no telhado”; “Drop - quantidade de líquido que desce em uma pequena massa esférica, um glóbulo líquido, uma gota”.

Fica muito evidente, portanto, que “eavesdrop” é a água que cai em forma de gotas, que goteja, do beiral ou da calha de um telhado, ou seja, uma goteira.

“Eavesdroper”, em sua tradução literal significa “bisbilhoteiro”, “intrometido”, aquele que se mete em assuntos que não são de sua alçada; sujeito de curiosidade demasiada quanto a assuntos ou à vida de outrem. Termo que, em sua origem inglesa, indica que essa pessoa ficava embaixo do beiral do telhado, do lado de fora da casa, para ouvir a conversa alheia. Provavelmente, isso tenha inspirado o castigo imposto aos “Cowans”, de ficar com a cabeça na goteira da chuva, no beiral do telhado.

Os termos “Cowan” e “Eavesdropper”, embora pouco conhecidos de muitos maçons brasileiros, são os que mais se aproximam do termo que, hoje, utilizamo-nos para identificar aquela pessoa curiosa sobre os Arcanos de nossa Ordem – o “Goteira”.

Com isso, concluímos, salvo melhor juízo, derivarem desses termos sua origem, embora a prudência nos convida a não dar por esgotado o assunto.

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As Obrigações do IniciadoOswald Writh

Ao animal basta-lhe desejar viver e obedecer aos impulsos de sua natureza. Suas determinações são automáticas, sem a

necessidade de deliberar sobre seus atos. O mesmo estado de ignorância encontra-se, também, na criança na qual, ainda, não despertou a consciência, que lhe vai permitir distinguir o bem e o mal. Com o discernimento nasce a responsabilidade, e esta nos impõe certos deveres que, por sua vez, aumentam cada vez mais, à medida que nossa inteligência se desenvolve. Quem compreende mais perfeitamente é obrigado a conduzir-se de maneira diferente do bruto dotado, apenas, de instinto.

Muito bem: o Iniciado tenciona penetrar certos mistérios que escapam ao vulgo; sua compreensão abarca muito mais, e é-lhe, portanto, necessário submeter-se a certas obrigações menos indispensáveis ao comum dos mortais. Para conseguir a Iniciação devemos conhecer essas obrigações especiais e comprometermo-nos, antecipadamente, a uma escrupulosa conformidade para com as mesmas. Quais são, pois?

Em primeiro lugar, exige-se de todo candidato à Iniciação a estrita observância da lei moral. Deve-se compreender, por isso, que o futuro iniciado deve observar uma conduta irreprochável e gozar da estima de seus concidadãos. De outra parte, a moral humana não tem regras absolutas e sofre variações conforme o ambiente, de sorte que o iniciado deve se conformar

aos usos correntes na sociedade. Seu dever primordial é viver em harmonia com seus concidadãos e observar, escrupulosamente, as leis que regulam a vida em comum.

O iniciado não se comportará como um super-homem desdenhoso da moral ordinária, nem se considerará isento de qualquer uma das obrigações que pesam sobre o homem, simplesmente, honrado. Longe de querer alijar-se da carga, normalmente, imposta a todos, conformar-se-á, ao contrário, com aumentá-la na proporção de suas forças, tanto morais quanto intelectuais.

A Iniciação não nos instrui debalde nem sequer pelo gosto de instruir-nos. Ilumina a quem quer trabalhar, a fim de que o trabalho possa ser levado a cabo. Comecemos por aceitar um trabalho, depois demos prova de zelo e de constância em seu cumprimento, e teremos, então, direito à instrução necessária, mas nada receberá quem não tenha direito a essa instrução.

De nada servem as fraudes nessa matéria, e quem não merece a instrução não a recebe. Poderá, sem dúvida alguma, imaginar haver aprendido, mas, neste caso, não será mais que miserável joguete do falso saber dos charlatões do mistério. A verdadeira Iniciação não quer deslumbrar as pessoas com um brilho fictício. É austera, e ninguém pode obtê-la sem antes havê-la buscado na pureza de seu coração. Ao candidato é perguntado: Onde fostes preparado

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para ser recebido Franco-Maçom? Deve responder: em meu coração. Com efeito, ele deve estar bastante resolvido ao sacrifício anônimo e não desejar outra recompensa que a satisfação de colaborar com a Magna Obra.

Na verdade, o homem não pode aspirar maior satisfação, já que, por sua participação na Magna Obra, tem consciência de divinizar-se para fazê-la divina. Eis aí o resultado a que tende a Iniciação e, portanto, o mínimo que se pode exigir do postulante é que observe, na vida, irreprochável conduta e saiba permanecer honrado no lugar, por modesto que seja, que ocupa entre seus concidadãos. Deverá justificar seus meios de existência, a lealdade de suas relações e não se admitirá que engane ao próximo, nem que trate com leviandade as promessas feitas sob o império da paixão. Sofrer honradamente as consequências de seus atos sem se esquivar covardemente aos seus resultados é conquistar a simpatia dos Iniciados e merecer sua ajuda para evitar as dificuldades.

Uma vez satisfeitas as condições prévias de moralidade, garantidas pelo bom renome do candidato, sua primeira obrigação formal concerne à discrição. Deve comprometer-se a guardar silêncio em presença de profanos, posto que a Iniciação confia segredos que não devem ser divulgados.

Trata-se, em primeiro lugar, de um conjunto de tradições que não devem cair em domínio público. São, em sua maior parte, sinais convencionais, através dos quais os Iniciados se reconhecem entre si. Seria desonroso divulgá-los, e todo homem digno

deve guardar os segredos que lhe foram confiados. Além disso, o indiscreto resultaria culpado de impiedade, a ponto de os verdadeiros mistérios não lhe poderem ser confiados de maneira alguma.

Com efeito, os pequenos mistérios convencionais são simplesmente símbolos de segredos muito mais profundos, e o Iniciado deve descobri-los conforme o programa da Iniciação. Estamos, agora, muito distantes das palavras, atitudes, gestos ou ritos mais ou menos complicados. Tudo o quanto afeta nossos sentidos não pode, de maneira alguma, traduzir o verdadeiro segredo, e ninguém, jamais, o divulgou, por ser de ordem puramente espiritual. A força de aprofundar, o pensador concebe aquilo que ninguém conseguirá

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penetrar sem observar certa disciplina mental. Esta disciplina é a dos Iniciados. Através das alusões simbólicas podem comunicar entre si seus segredos, mas nada, absolutamente, poderá entender quem não esteja preparado para compreendê-los. De outra parte, nada é mais perigoso que a verdade mal compreendida, daí a obrigação de calar imposta aos que sabem.

Ensinai, progressivamente, de acordo com as regras da Iniciação ou, do contrário, calai. Sobretudo, cuidai de não fazer alarde de vosso saber. O Iniciado é, sempre, discreto: não pontifica, foge ao dogmatismo e esforça-se em todas as circunstâncias e em todo lugar para encontrar uma verdade que têm consciência de não possuir.

Bem ao contrário das comunidades de crentes, a Iniciação não impõe nenhum artigo de fé e limita-se a colocar o homem frente ao que pode ser comprovado, incitando-o a adivinhar o enigma das coisas. Seu método reduz-se a ajudar o espírito humano em seus esforços naturais e espontâneos de adivinhação racional. Opina, além disso, que o indivíduo isolado se expõe a um fracasso ao aventurar-se com temeridade no domínio do mistério. Esta exploração é perigosa, o caminho está cheio de obstáculos e, de ambos os lados, sobejam os abismos. Quem sozinho empreende a viagem corre o risco de deter-se logo, mas deve-se levar em conta que ninguém ficará abandonado às suas próprias forças se merecer assistência, porque a mútua ajuda é o primeiro dever dos Iniciados.

Tende as crenças que melhor vos pareceis, mas senti-vos solidários com vossos semelhantes. Tende a firme vontade de ser útil, de desenvolver vossa própria energia para revertê-la em benefício de todos; sede completamente sinceros para com vós mesmos em vosso desejo de sacrifício e, então,

tereis direito a que os guias, que aguardam no umbral sagrado, venham a conduzir os legítimos solicitantes.

Todavia, é preciso deixar-se guiar com confiança e docilidade, fortalecido por esta sinceridade que impõe o respeito e, também, traz consigo responsabilidades de muita gravidade. Estabelece-se um verdadeiro pacto entre o candidato e seus iniciadores: se aquele preencher os requisitos, devem estes lhe dispensar sua proteção e preservá-lo dos tropeços que podem afastá-lo do caminho da luz.

Tende muito em conta que os guias permanecem invisíveis e evitam impor-se. Nossa atitude interna pode atraí-los, e acodem à chamada inconsciente do postulante, desejosos de suportar as cargas que a Iniciação impõe. Tudo depende de nossa coragem, não em sofrer algumas provas meramente simbólicas, senão que para sacrificarmo-nos sem reservas.

Ninguém pode se iniciar lendo ou assimilando doutrinas por sublimes que sejam. A Iniciação é essencialmente operante; requer pessoas de ação e rechaça os curiosos. É preciso consagrar-se à Magna Obra e querer trabalhar para ser aceito como aprendiz, em virtude de um contrato formal em realidade, como se levasse estampada vossa assinatura.

As obrigações contraídas são o ponto de partida de toda verdadeira iniciação. Guardai-vos, portando, de bater à porta do Templo, se não houverdes tomado a decisão de ser, daqui para diante, um homem diferente, disposto a aceitar deveres maiores e mais imperativos que os que se impõem à maioria dos mortais. Tudo fora ilusão e engano ao querer ser iniciado gratuitamente, sem pagar de nossa alma o privilégio de ser admitido a entrar em união fraternal com os construtores do grande edifício humanitário, cujo plano traçou o Grande Arquiteto do Universo.

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Ágape é uma palavra de origem grega que transliterada para o latim ganha esta pronuncia, e é uma das várias palavras gregas

para nomear o Amor. Antigos escritores e filósofos como Platão e outros, usavam este termo para referir-se ao Amor Divino, ao Amor sentido por membros da família, por um grupo de pessoas com afinidades, ou uma afeição para uma atividade particular em grupo.

As escrituras sagradas são referência no uso dessa palavra para exprimir o Amor Divino, o maior exemplo dele é a passagem no livro de Mateus, capítulo 22 e versículos 37 a 41, onde Jesus Cristo foi perguntado qual era o maior mandamento, e disse ele: “Amai (ágape, em grego) ao senhor vosso Deus com todo vosso coração e com toda vossa alma e com toda vossa mente. Este é o primeiro e maior de todos os mandamentos. E o segundo é: Amai (ágape) vosso próximo como a vós mesmos.”

Segundo o dicionário Priberam, “ágape” significa: refeição que durante os primeiros séculos do Cristianismo os fiéis tomavam diariamente em comum; (figurado) Banquete amistoso; vínculo que liga duas almas que se compreendem.

Na Maçonaria, relatos apontam que as primeiras refeições coletivas foram feitas por maçons operativos no século XIV. Essas refeições coletivas serviam para celebrar festas religiosas e como repasto fraternal nos encontros de maçons. Eventualmente, os maçons operativos se reuniam em edifícios em construção, em oficinas, ou em abrigos temporários chamados lojas e festejavam com carne assada, regada com cervejas e vinhos. A partir do século XVII, nos primórdios da maçonaria especulativa, tornou-se um costume as seções maçônicas serem regadas a tragos e petiscos. Isso porque os maçons faziam

Amor

“Em essência, e por tradição, o Ágape é um

símbolo ritualístico e como tal

devemos o tratar”.

suas reuniões em tabernas, estalagens e cafés. Vale a pena lembrar aqui que, a primeira Grande Loja se reunia em uma taberna chamada “O Ganso e Grelha”, perto da Catedral de São Paulo.

O Ágape para nós Maçons é uma palavra, um nome que nos transmite variadas boas sensações de alegria, de euforia, de festejo, de saciedade. Difícil é alguém não gostar de momentos como este, ainda mais, estando no meio dos seus, sentindo-se em casa. Muitas das vezes, por se sentir em casa demais, por estar em um momento despojado de seus afazeres cotidianos, muitos esquecem a verdadeira virtude da simbologia do Ágape. Outros, por um motivo ou outro abrem mão de participar dessa parte ritualística de nossas reuniões. É um momento sublime onde, com temperança, devemos dividir, um com os outros, nossas refeições, nossas bebidas, nosso tempo e doarmos um pouco de nós. Só em um momento íntimo como esse, de congraçamento entre irmãos, é que nos permitimos ser conhecidos e conhecer, verdadeiramente, nossos irmãos.

Em essência, e por tradição, o Ágape é um símbolo ritualístico e como tal devemos o tratar.

João Domingos Moreira

Revista Arte Real nº 76 - Ago/16 - Pg 10

E, dessa forma, nunca nos esquecermos que, além desse pano de fundo descontraído, o Ágape serve para unir os irmãos e estreitar os laços de fraternidade.

Esse repasto fraternal não é um privilégio exclusivo dos maçons. Ao longo da história da humanidade, refeições coletivas marcaram importantes momentos políticos, econômicos e sociais. Pesquisas arqueológicas apontam para que, por mais antigo que seja o período pesquisado, sempre, encontram vestígios desse costume. Como principal exemplo, podemos citar Jesus Cristo. Seu primeiro milagre foi em um Ágape, nas bodas de Canaã, onde ele transformou água em vinho. Logo em seguida, em uma refeição coletiva, ele faz a multiplicação dos peixes e dos pães. Após o Sermão da Montanha houve, também, uma refeição coletiva. E, por fim, em suas últimas instruções aos apóstolos, ele repartiu o pão e o vinho em um ágape e o chamou de “Santa Ceia”.

Na Maçonaria podemos classificar duas refeições coletivas: o Ágape Fraternal e o Banquete

Ritualístico. Apesar de terem, como essência, a coletividade da refeição, diferem-se muito no propósito final. O Banquete Ritualístico é feito em loja de mesa, e é realizado duas vezes por ano, com a finalidade de comemorar os solstícios de inverno (em 21 de junho) e solstício de verão (21 de dezembro). Já, o ágape, é mais simples e talvez, por isso, mais importante, pois tem a finalidade de unir os irmãos em família e celebrar o Amor Divino, o Amor ao próximo.

Na 68ª Convenção Internacional da Sociedade Brasileira de Eubiose, realizada em São Lourenço-MG, no período de 20 a 24 de

fevereiro de 2016, foi levado a efeito o lançamento do livro “Monumento Eubiose”. Tal obra literária é parte do projeto da construção de um Obelisco, com 11 metros de altura, a ser erigido na cidade de Cuiabá-MT – centro geodésico da América do Sul. Dentre outros mistérios, aquele estado abriga um dos Sistemas Geográfico do planeta, polos de irradiação de energias sutis para a face da Terra e a humanidade. Todos esses assuntos, e muito mais, estão revelados neste importante livro, que te a autoria de um grupo de diversos estudiosos no assunto, no qual me incluo.

Tenho, também, a honra de ser o criador de seu projeto gráfico, da capa e da diagramação. Além de seu valoroso conteúdo, os valores arrecadados, com sua venda, serão direcionados para custear a construção desse Monumento. Saiba mais em www.monumentoeubiose.com.br

Lançamento

Esta coluna “Lançamentos” é destinada, exclusivamente, aos escritores, a fim de que possam divulgar o lançamento de seus Livros. Os interessados, por gentileza, façam contato conosco, pelo

e-mail [email protected] e divulguem sua obra para os nossos mais de 33.000 leitores!

Revista Arte Real nº 76 - Ago/16 - Pg 11

Não falta quem julgue que REALIZAÇÃO não é mais do que empregar métodos (ou Yogas) apropriados para alcançar poderes para ser

feliz, quando a verdadeira felicidade está em encontrar a Deus em seu Homem interno.

Não fez Ele o homem à sua semelhança? Logo, o homem deve se igualar a Deus em Perfeição e Inteligência. Adepto ou Homem Perfeito é o nome que se dá àquele que está em condições de guiar os demais à Suprema Síntese, que é a SUPERAÇÃO da Alma, ou que a liga ao Espírito. Na Mitologia Grega, Psyké anda em busca do seu bem amado Éros. Psyké ou alma, tanto vale. E Bem-Amado, o Espírito, a Consciência Imortal, o Deus feito carne e transformado em Espírito. Sim, “Busca dentro de ti mesmo o que procuras fora”.

A Yoga é como a prece: sem sentir a Deus em si mesmo, jamais, o discípulo se tornará um Adepto. Prova mais definidora do que acabamos de expor está na sentença filosófica: “Aquele que ultrapassa o Akasha é fonte de toda Riqueza”. Mas o que vem a

ser Akasha? Dá-se o nome de Akasha ao Segundo Trono ou a parte que separa o mundo divino do terreno. Na Cabala é o “Quod superius sicut quod inferius”.

Nesse caso, atravessando o discípulo o mundo que medeia o terreno do divino, nesse se acha. O têrmo “KAKIM”, que se divide em três e não em dois, como julgam certas escolas decadentes, apresenta-nos: o “KA”, para o mundo terreno; o “AK”, para o Akasha, como sua própria radical; o “KIM”, o mundo Divino. Esse exemplo, também, equivale as três Gunas, ou qualidades de matéria: Tamas, Rajas e Sattva, cujas cores são: Vermelho, Azul e Amarelo. Com elas, também, forma-se a Divina Tríade obedecendo às mesmas cores: Atmã (amarelo), Budhi (azul) e Manas (vermelho).

Quando se diz que Moisés atravessou, com seu povo, e a pés enxutos, o Mar Vermelho, não passa de uma alegoria. Sim, porque o Manu, que foi Moisés, como Guia de um Povo, não podia permitir que aquele tocasse na matéria vermelha ou tamásica

RealizaçãoProfessor Henrique José de Souza

Revista Arte Real nº 76 - Ago/16 - Pg 12

do mundo, por isso devia passar a pés enxutos. As más interpretações dos livros sagrados, como a Bíblia, o Corão, o Talmud e outros muitos, conduzem à Superstição e ao Fanatismo.

Um verdadeiro Iniciado nos Grandes Mistérios da vida (que é a verdadeira EUBIOSE), não interpreta as coisas através da letra que mata, mas, sim, do Espírito que vivifica. Jesus, que era um Iniciado ensinava tamanha verdade. Ensinava, também, que “quanto à Ciência do Bem e do Mal não é dado aos homens entender, mas tão somente ao meu Pai”.

Fora disso, acontece como ao poeta patrício ao dizer: “Deus, ó Deus, onde estás que não respondes? Em que mundo, em que estrela tu te escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te enviei meu grito...” Sim, há dois mil anos, referindo-se ao Cristianismo, que não soube ensinar onde encontrar a Deus. E assim, o grito fica sem resposta.

Quantos não abandonaram o reto caminho para encontrarem a REALIZAÇÃO fora e não dentro de si mesmos, deixando-se levar por filósofos fanáticos, pouco importa a fama que, ainda, levam, morrendo todos de forma enigmática. Sim, uns gritando por Kundalini. Outros, por Fohat, dezenas deles se unindo à Mãe Divina sem saberem interpretar

a palavra, quando se trata do segundo Trono, onde se acha a Grande Maya ou Mãe Divina.

Infelizes dos que preferem subir a escada da Vida por degraus tortuosos em vez de o fazer, pelos retos e luminosos, em cujo final se acha o Mágico Triângulo da Iniciação, que é o da Mônada Divina, cada Homem, que o mesmo Jesus quando à Ele se referia, assim dizia: “O meu Pai e o vosso”. Por que não dizia Ele “nosso Pai”?

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