Abordagem do paciente com Dispepsia

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Abordagem do paciente com Dispepsia ISCTEM Medicina Geral Patologia Médica II Amir Omar

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Os sintomas relacionados ao trato digestivo representam uma das queixas mais comuns na prática clínica diária. Na Inglaterra, correspondem a cerca de 8% das consultas médicas em Atenção Primária e a 11% da demanda espontânea de novas consultas. Dados da década de 1980 mostram que, a cada ano, 70 de cada mil consultas são por causa de dispepsia, representando 71% das consultas em gastroenterologia. A dispepsia é definida como um distúrbio da digestão caracterizado por um conjunto de sintomas relacionados ao trato gastrointestinal superior, como dor, queimação ou desconforto na região superior do abdômen, que podem estar associados a saciedade precoce, empachamento pós-prandial, náuseas, vômitos, timpanismo, sensação de distensão abdominal, cujo aparecimento ou piora pode ou não estar relacionado à alimentação ou ao estresse. O aparecimento da dispepsia ou sintomas dispépticos pode estar associado a vários distúrbios do trato gastrointestinal superior, como doença ulcerosa péptica, doença do refluxo gastrointestinal, gastrites, neoplasias do trato gastrointestinal superior, doença do trato biliar e dispepsia funcional. Dispepsia funcional ou dispepsia não ulcerosa ou síndrome dispéptica é uma desordem heterogênea caracterizada por períodos de abrandamentos e exacerbações, e seu diagnóstico é em geral empregado quando, em uma avaliação completa em um paciente que apresenta dispepsia, não se consegue identificar a causa para os seus sintomas. O mecanismo fisiopatológico ainda é desconhecido e o tratamento ainda não totalmente estabelecido. Em estudo realizado em Minnesota com 1.021 indivíduos, durante o ano de 1992, registrou-se prevalência de 26% de dispepsia frequente. Outros estudos realizados em países desenvolvidos apresentaram resultados semelhantes. Em 1994, na Dinamarca, detectou-se uma incidência anual de cerca de 25% de dispepsia e de 5% de dispepsia frequente. A prevalência de dispepsia no Reino Unido, em 1994, atingia a taxa de 40% em indivíduos acima de 16 anos. Prevalências baixas como 7,9% em Singapura, em 1990, também têm sido relatadas. Não há dados relativos à prevalência da patologia no Brasil. Estudos de base populacional sobre o tema são raros e, em geral, com problemas metodológicos. Soma-se a isso o fato de que os critérios diagnósticos de dispepsia não são uniformes, embora a maioria dos autores utilize aproximações dos critérios descritos durante o primeiro congresso mundial sobre doenças funcionais do aparelho digestivo, conhecidos como Critérios de Roma. Um estudo de base populacional realizado na cidade de Pelotas identificou prevalência de 44% na população adulta maior de 20 anos. A dispepsia é uma queixa clínica frequente em serviços de Atenção Primária à Saúde. No diagnóstico de demanda de 1999 de um Serviço de Saúde Comunitária, os motivos de consulta classificados dentro do grupo do sistema di

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Abordagem do paciente com Dispepsia

ISCTEMMedicina Geral

Patologia Médica II

Amir Omar

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IntroduçãoÉ uma das doenças gastrointestinais mais comuns,

afetando pelo menos 25% da população mundial.

Sua prevalência varía em diferentes países, dependendo da presença de H. pylori, obesidade, consumo de drogas, álcool, tabaco e temperos na dieta

Custos econômicos

Comprometimento da qualidade de vida

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DefiniçãoDispepsia Do grego “Dys” = má ou dificuldade; e “Pepse” =

digestão É o termo médico que designa dificuldade

de digestãoPopularmente conhecida como "indigestão“Inclui um grupo de sintomas não-especificos

provenientes do trato gastrointestinal superior

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SintomasDor crônica ou recorrente no abdomen superiorPiroseDiscomforto pós-prandial Saciedade precoceMeteorismoNáuseasFlatulênciaEructação Perda de apetiteIntolerância a alimentos com gordura

Tipo refluxo

Tipo ulcera

Tipo dismotilidade

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Dispepsia tipo RefluxoAs dispepsias do tipo refluxo se associam a queixas de

regurgitação, azia, pirose ou queimação retroesternal, e sialorréia. Quando estes sintomas são claramente predominantes ou mesmo exclusivos, o diagnóstico clinico é de doença do refluxo gastro-esofágico, confirmada a EDA pela presença de esofagite de refluxo.

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Dispepsia tipo ÚlceraNas dispepsias ulcerosas o sintoma principal é dor

epigástrica, que pode acordar o paciente a noite, piora com estômago vazio, melhora com as refeições e apresenta ritmicidade e periodicidade. Estes pacientes também podem apresentar queimação epigástrica

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Dispepsia tipo DismotilidadeNas dispepsias tipo desmotilidade predominam

manifestações como empachamento ou sensação de plenitude pós-prandial, distensão epigástrica, saciedade precoce, e náuseas e as vezes vômitos.

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Exame ObjetivoInspecção: Distensão abdominal Palpação: Dor epigástricaPercussão: Timpanismo devido a meteorismo

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Causas de DispepsiaDispepsia orgânicaDispepsia funcional ou não-ulcerosaFármaco relacionadoDoenças sistêmicas extra-intestinais

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Dispepsia orgânicaEsofagiteDRGEGastrite aguda ou crónicaÚlcera gástricaÚlcera duodenalDuodeniteParasitoses intestinaisDoença maligna (carcinoma, linfoma)

Evidência de uma doença orgânica é observada em EDA (e biópsia gástrica)

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Dispepsia funcional ou não-ulcerosa

AnsiedadeDepressãoSem lesão orgânica detectado nas investigações.

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Fármaco relacionadoAINEsEsteróidesEstrogéniosCloroquinaAntibióticosDigoxinaSuplementos de potássio

Inibe PG

++ Hcl

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Doenças sistêmicas extra-intestinaisDiabetes mellitus (Gastroparésia)

Urémia (↑Mg = Nausea, ↓Muco = hipercloridria, ↑Prostaciclina(AAP)= Hemorragia)

Doença de Addison (↓ou X cortisol = ↓enzimas digestivas = indigestão )

Hiperparatireoidismo (Hipercalcémia =↑Hcl)

Hipotireoidismo (Acloridria, Colon adinâmico, mega colon)

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Sinais de AlarmePerda de pesoVômitos persistentesDisfagia e odinofagia progressivasAnemia ferropênicaHematêmese ou melenasMassa abdominal palpávelHistória familiar de cancro do TGIHistória prévia de cancro gástricoIcterícia

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TratamentoTratar causa de baseEmpírico – Redução de Acidez gástrica e proteção da

mucosa gástrica

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TratamentoPacientes jovens (<40 anos) com dispepsia sem nenhum

sintoma de alarme podem ser tratadas empiricamente com IBP, com ou sem Pro-cinéticos, durante 2-4 semanas.

EDA não é considerado necessário por que a incidência de malignidade é muito baixa neste grupo.

Pro-cinéticos são os preferidos para sintomatologia de dispepsia tipo dismotilidade.

Dispepsia Funcional: Empírico + Antidepressivo ou Ansiolíticos

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Investigar patologias do:

esôfago, coração, fígado, vesícula biliar, pâncreas,

intestino, AINEs, ansiédade/depressão

“Indigestao”

Dispepsia

++ Pirose

Tratar como DRGE

Dispepsia não complicada

Tratar com:• IBP + ARH2• Estilo de vida

Sinais de AlarmeEspecialista

Estilo de vida:

•Ritmicidade das refeições•Não deitar logo após refeição•Controlar Obesidade•Parar Fumar•Restrição alcoolica

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Sintomatologia persistente

Testes Hp

Erradicar Hp

Hp + Hp -

Sintomas persistentes apesar erradicação Hp

Hp resistente – segunda linha

Especialista

Cura

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Exames para Investigação 1. Hemograma2. Bioquimica3. Parasitológico4. RX torax5. Ultrassonografia abdominal6. Endoscopia digestiva alta

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Indicação para EDAA EDA está indicada na abordagem inicial de pacientes

com dispepsia não-investigada na presença de um ou mais dos sintomas de alarme citados anteriormente

A EDA também está indicada em pacientes com dispepsia de início recente e idade > 55 anos pelo risco aumentado de cancro gástrico.

Pacientes encaminhados à EDA devem ficar 2 semanas sem receber inibidores IBP e/ou ARH2 previamente ao exame para evitar dificuldades na identificação de cancro de esôfago e/ou estômago

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ConclusãoA dispepsia é um síndrome que consiste de um grupo de

sintomas não especificos

É um sindrome presente em várias doenças

Tipo de dispepsia e de grupo de sintomas

Diagnóstico diferencial nos permitirá realização de procedimentos corretos

Abordagem passo-a-passo

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BibliografiaRome III Diagnostic Criteria for Functional Gastrointestinal Disorders,

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J. Flynn, M. Choi, Oxford University Press, 2013, pagina 208-210Moayyedi P. Dyspesia: ulcer and nonulcer In: Weinstein W.M.; Hawkey

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Terapêutica em Gastroenterologia, 2005Chehter L. Dispepsia Funcional In: Forones N.M., Miszputen S.J. Manual

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