Abordagem Integrativa Das Emoções
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Revista do Servio de Psiquiatria do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE
www.psilogos.com Junho 2013 Vol. 11 N.137
open-access
Actas /Proceedings
*Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Society for the Exploration of Psychotherapy Integration,[email protected].
Sinto e Penso, logo Existo!: Abordagem Integrativa dasEmoesI Feel and Think, Therefore I Exist!: Integrative Approach to Emotions
Antnio Branco Vasco*
RESUMO:O presente artigo tenta clarificar e ilustrar o
conceito de emoo, reflectindo sobre a im-portncia deste conceito para o funciona-mento psicolgico adaptativo e para a psico-terapia. Esta clarificao feita recorrendoa diferentes caracterizaes e diferenciaes,nomeadamente: (a) esquemas emocionais;(b) diferentes tipos de emoes; (c) diferentestipos de fenmenos afectivos e; (d) funesdas emoes. Relaciona-se igualmente o con-ceito de emoo com o conceito de necessida-des psicolgicas, salientando a importnciade um adequado funcionamento emocionalpara a regulao das mesmas. Apresenta-seum modelo inovador de necessidades psico-lgicas, salientando o contributo destas tantopara o bem-estar como para a sade mental.Finaliza-se acentuando a necessidade de, empsicoterapia, a capacidade de regulao destasdever ser tomada em considerao.
Palavras-Chave: Emoes;Necessidades Psi-colgicas; Bem-Estar; Sintomatologia; Psico-terapia.
ABSTRACT:
This paper tries to clarify the concept of
emotion, stressing the importance of emo-tions for psychological adaptive function-ing and psychotherapy. This clarificationmakes use of different characterizations
and diferentiations, namely: (a) emotion-al schemes; (b) different types of emotions;(c) different types of affective phenomena
and; (d) emotional functions. The conceptof emotion is also related with the conceptof psychological needs, stressing the im-
portance of sound emotional functioningto the regulation of needs satisfaction. Aninnovative model of psychological needs isintroduced, showing their importance forboth well-being and mental health. The pa-
per ends by claiming that, in psychothera-py, the ability to regulate needs should betaken into account.
Key-Words:Emotions; Psychological Needs;Well-Being; Sintomatology; Psychotherapy.
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INTRODUO
Comeando pelo princpio, questionemo--nos sobre o que so as emoes! J em 1884,
William James1 defendia que estas consistemem respostas de um sistema complexo, cujoobjectivo o de preparar o organismo pararesponder aos estmulos do meio que tm
significado evolutivo. Tal definio man-tm-se extremamente actual, salientando ocomponente central das emoes: o facto de
estas terem uma funo fulcral relativamente optimizao da sobrevivncia, tanto fsicacomo psicolgica. Adiantaria que o objectivodas emoes no exclusivamente o da sobre-
vivncia, mas tambm o da qualidade destasobrevivncia. Ou seja, em termos mais psi-colgicos, as emoes tambm desempenhamum papel central na promoo do bem-estarpsicolgico!Na mesma linha, relembre-se Darwin que sa-
lientava o facto de no ser o mais forte quesobrevivia, mas sim aquele que era dotado demelhores competncias de adaptao. Acre-dito que um dos elementos fulcrais destascompetncias de adaptao residia em estarsintonicamente em contacto com o meio cir-cundante. Noutras palavras: funcionamentoadequado do sistema emocional/motivacio-nal!
Igualmente do ponto de vista etimolgico,a palavra emoo volta a articular-se com anoo de sobrevivncia e bem-estar, no sen-tido de que a sua raiz aponta para activaoe movimento, tal como a raiz da palavra mo-tivao pr em movimento! Deste modo,as emoes tm um carcter essencialmentemotivacional as emoes geram motivao,ou seja, traduzem-se em aces (internas ou
externas) tendentes a promover sobrevivncia,
adaptao e bem-estar.Mantendo o carcter eminentemente adap-tativo das emoes e a sua inevitvel rela-o com a motivao, afirmaria, em jeito deprovocao, que as emoes, de certa forma,no existem! As emoes no so entidades,mas sim processos! Ou seja, em termos dearquitectura e funcionamento psicolgicosadaptativos, o que existem so esquemas e
episdios emocionais! A experincia subjec-tiva da emoo fugaz e arrebatadora (emcontraste com outros tipos de fenmenosafectivos) e resulta, como James (1884) afir-mava1, da reaco de um sistema complexoa determinado tipo de estmulos com forte
valncia emocional, dado que relacionadoscom a sobrevivncia.
1. ESQUEMAS EMOCIONAISDeste modo, a experincia subjectiva da emo-o resulta da resposta a estmulos, quer in-ternos (e.g., uma memria traumtica), querexternos (e.g., uma perda significativa). Paraa construo desta resposta contribuem com-ponentes:2,3,4 (a) fisiolgicos; (b) cognitivos;(c) de memria episdica; e (d) expressivo--motores, articulados no que se designa por
esquemas emocionais que se organizam e po-tencialmente reorganizam ao longo de todo ociclo-de-vida.
A resultante experincia subjectiva da emo-o, como dito anteriormente, impacta moti-
vacionalmente no organismo, configurandotendncias de aco potencialmente adapta-tivas quando o sistema funciona adequada-mente.
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2. EMOES PRIMRIAS
O carcter potencialmente adaptativo das emo-es tambm nos dado pelo tipo de emoesprimrias que podemos experienciar e que somaioritariamente disfricas/desagradveis,muito provavelmente pelo seu valor de sobre-
vivncia. No deixa de ser curiosa a dialcticaentre sobrevivncia e bem-estar! Para que obem-estar seja possvel (euforia) parece sernecessria a capacidade de processar adequa-
damente as emoes mais associadas sobre-vivncia (disforia)! So oito as emoes quediversos autores tm vindo a considerar comoprimrias: tristeza, medo, zanga, nojo, vergo-nha, alegria, curiosidade e surpresa.So vrias as razes que levam a que estasemoes sejam consideradas primrias: (a)so as que mais directamente se relacionamcom a sobrevivncia (emprestam significadoao meio/contexto interno e externo); (b) pa-
recem ter um carcter inato, manifestando-semuito precocemente em todos os seres huma-nos; e (c) so dotadas de um carcter transes-pacial e transtemporal.
3. AS EMOES NO SO POSITIVASNEM NEGATIVAS!!!
Acredito que a utilizao generalizada da ex-
presso emoes positivas e negativasconstitui uma simplificao grosseira, en-ganadora e no heurstica de um fenmenocomplexo, que deveria ser abandonada empsicologia5!
As emoes no so positivas nem nega-tivas, mas sim subjectivamente eufricas(agradveis) ou disfricas (desagradveis) eadaptativas ou no-adaptativas!
Alis, existem experincias emocionais que
so agradveis e no-adaptativas (como oprazer associado aos consumos ou a satisfa-o dos assassinos em srie), e experinciasemocionais que no so agradveis, mas queso adaptativas, como a experincia de tristezaassociada a uma perda significativa!Uma perspectiva claramente mais heursticatanto em termos de compreenso como de uti-lidade clnica implica uma diferenciao tipo-
lgica baseada na sua morfologia e funo2,3
.
4. TIPOS DE EMOO
A bem no s de uma melhor compreensodos fenmenos emocionais, como tambm dosfenmenos clnicos, convm distinguir entrediferentes tipos de emoes.
As anteriormente mencionadas: (a) emoesadaptativas primrias tal como a alegria
face a acontecimentos muito desejados; a tris-teza face perda; o medo face ao perigo; e azanga ou nojo devido violao de fronteiras.Como j foi referido, este tipo de emoes sosempre adaptativas, dado que nos pem emcontacto com os contextos e impulsionam ten-dncias de aco motivacionais no sentido dasobrevivncia e do bem-estar. Por outras pala-
vras, a sua adequada vivncia e processamento
so condiessine qua nonda sade mental!As emoes primrias podem tambm ser: (b)aprendidas e no-adaptativas tal como omedo face intimidade. Este tipo de emoesresulta essencialmente de aprendizagens emprocessos de socializao no-seguros, onde aexpresso emergente de necessidades da crian-a se depara com respostas no-adequadas doscuidadores primrios. No exemplo referido de
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medo face intimidade verifica-se a aprendi-
zagem associativa de medo primrio num con-texto (intimidade com os cuidadores) em queestes tero reagido de formas punitivas face expresso de necessidades afiliativas por parteda criana, num processo que os comporta-mentalistas designariam porgeneralizao docondicionamento. este tipo de emoes que
visto como emoes sintomticas.Existem ainda: (c) emoes secundrias
quando uma emoo tapa outra mais adap-tativa e primria, como quando a zanga se-cundria se sobrepe ao medo adaptativoprimrio, ou a tristeza secundria zangaadaptativa primria. Este tipo de emoes pa-recem ter um carcter eminentemente defensi-
vo, normalmente a regras proibitivas ou pres-supostos catastrficos associados experinciadas emoes primrias. Adaptao implica oultrapassar da emoo secundria com o objec-
tivo de experienciar a primria subjacente.Por ltimo, surgem as designadas: (d) emoesinstrumentais trata-se mais adequadamen-te de comportamentos emocionais cujo pro-psito o de influenciar os outros, tal comoas lgrimas de crocodilo. Uma vez mais, emtermos de bem-estar, urge encontrar formascontextualmente mais adaptativas de regularas necessidades inerentes s emoes instru-
mentais.
5. OUTROS FENMENOS AFECTIVOS
A bem da clarificao, convir ainda distin-guir as emoes de outros fenmenos afecti-
vos, como ohumore ossentimentos6!Como j vimos, as emoes primrias tm umcarcter fugaz, imperativo, arrebatador, de alta
activao, relacionando-se com um estmulo
especfico e interrompendo qualquer outra ac-tividade do organismo. Em contraste, o humortem um carcter mais continuado no tempo,no tem como base um estmulo especfico, noimplica alta activao e resume-se a bom oumau humor. Por sua vez, os sentimentos pa-recem ser marcadores de tonalidade afectiva,que fazem parte das atitudes e que orientam asnossas respostas de aproximao ou evitamento
face a domnios especficos de estmulos.Metaforicamente, se as emoes primrias po-dem ser vistas como uma pintura a leo, ohumor seria uma aguarela e os sentimentosum desenho a lpis!De certa forma todas estas experincias afecti-
vas se articulam: o bom humor sinaliza queas nossas necessidades esto adequadamen-te reguladas, enquanto que o mau humorsinaliza o oposto, bem como a existncia de
emoes primrias que no esto a ser ade-quadamente processadas e consequentementeuma regulao no suficiente das necessida-des psicolgicas. Por sua vez, os sentimentosde aproximao/evitamento resultam das ex-perincias emocionais associadas aos dom-nios de estmulos sobre os quais incidem asatitudes. De certa forma, pode-se afirmar quea experincia emocional alimenta e/ou rees-
trutura os sentimentos.
6. FUNES DAS EMOES
Em termos mais especficos penso que as emo-es desempenham vrias funes vitais:(a) Uma funo orientadorano mundo, tantoem termos fsicos, como psicolgicos e inter-pessoais dar significado experincia;
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(b) Uma funo de comunicao com ns
prprios e com os outros apercebermo-nosmais integralmente do que se passa connoscoe comunic-lo aos outros, tanto verbal comono-verbalmente;(c) Uma funopreventiva: quando no nosentristecemos, acabamos por nos deprimir(di mais a dor que no di!); quando no nospermitimos ter medo, acabamos por entrar empnico; quando no nos permitimos zangar
tornamo-nos violentos, e finalmente;(d) Uma funo de sinalizao e de prepa-rao para a aco, que, de certa forma, im-plica todas as outras: sinalizao do grau deregulao da satisfao de necessidades e deaces necessrias a essa mesma regulao.
7. PROMOO DO BEM-ESTAR E NE-CESSIDADES PSICOLGICAS INTEGRA-
TIVASEntendo que a pedra-de-toque do bem-estar eda sade mental a regulao da satisfaodas necessidades psicolgicas5.Como j referi, o sistema emocional que si-naliza o grau de regulao da satisfao dasnecessidades2,3.Deste modo, existe uma relao estreita en-tre emoes e necessidades, definindo ne-
cessidades como estados de desequilbrioorgansmico provocados por carncia dedeterminados nutrientes psicolgicos, si-nalizados emocionalmente e tendentes a
promover aces, internas e/ou externasfacilitadoras do restabelecimento desse mes-mo equilbrio7.Entendo igualmente que umdos objectivos centrais da psicoterapia o deauxiliar os pacientes a reconhecer, aceitar, ex-
perienciar e agir no sentido da regulao da
satisfao das necessidades psicolgicas. Sa-liente-se que estas nunca esto completamen-te satisfeitas, o seu grau de satisfao resultade um processo contnuo de negociao e ba-lanceamento de sete polaridades dialcticas8,9.
8. DIALCTICA DAS NECESSIDADESPSICOLGICAS VITAIS
Entendo que adaptao, bem-estar e sademental dependem da capacidade de regulaode sete polaridades dialcticas acentuadas pordiferentes modelos tericos. Trata-se de8,9: (a)
prazer (ser capaz de experienciar e desfrutarde prazeres fsicos e psicolgicos); edor (sercapaz de vivenciar dores inevitveis, diferen-ciar sofrimento produtivo de improdutivo, ecapacidade de atribuir significado ao sofri-mento);(b)proximidade (ser capaz de esta-
belecer e manter relaes de proximidade comos outros) ediferenciao (ser capaz de se di-ferenciar dos outros e de se auto-determinar);(c) produtividade (ser capaz de concretizardesafios sentidos como valiosos) e lazer (sercapaz de se relaxar e sentir-se confortvel comisso); (d) controlo (ser capaz de exercer in-fluncia sobre o meio) ecooperao/cedncia(ser capaz de delegar, de abrir mo);(e) ex-
plorao/actualizao (ser capaz de exploraro meio e de se abrir novidade) etranquili-dade (ser capaz de apreciar o que se tem e oque , no aqui e agora);(f) coerncia do Self(congruncia entre o Self real e o Self ideal;congruncia entre os pensamentos, sentimen-tos e comportamentos do prprio) e incoern-cia do Self (ser capaz de tolerar o conflito eincongruncias ocasionais); (g)auto-estima
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(ser capaz de estar satisfeito consigo e de se
estimar) e auto-crtica (ser capaz de identi-ficar, aceitar e aprender com insatisfaes eerros pessoais).Desta forma, o bem-estar psicolgico e a sademental dependero da capacidade para regu-lar adequadamente a satisfao das diversasnecessidades, sendo esta regulao entendidaem termos dialcticos (to mais provvel o bem-estar quanto mais cada indivduo for
competente em cada uma das duas polari-dades dialcticas). Ou seja a capacitao decada um dos extremos de cada polaridade ca-pacita dialecticamente a qualidade da outra.
As polaridades complementam-se! A ttulo deexemplo, proximidade sem competncias de
diferenciao, resulta em dependncia, talcomo diferenciao sem competncias de pro-
ximidade resulta emalienaoousociopatia!
9. NECESSIDADES, BEM-ESTAR, DIS-TRESS E SINTOMATOLOGIA
A teorizao anterior sobre necessidades levou elaborao de um instrumento de avaliaodo grau de regulao das mesmas. Este instru-mento, na sua forma global, composto por134 itens cuja resposta dada numa escala de
Likertde 8 pontos, em que 1 significaDiscordo
Totalmentee 8 significa Concordo Completa-mente. Vrios itens em cada uma das sub-es-calas so cotados de forma invertida10.Com recurso utilizao de regresses mlti-
plasfoi possvel estabelecer a excelente capa-cidade preditiva do grau de regulao da satis-fao das necessidades relativamente tanto aobem-estar11como aodistress11.Assim, oito dascatorze necessidades explicam 68% da varin-
cia do bem-estar psicolgico e 63% do distress
(N=848)10.As quatro necessidades com maior valor pre-ditivo relativamente tanto ao bem-estarcomoao distress foram, respectivamente: a (a)
tranquilidade; (b) aproximidade; (c) aau-to-crticae; (d) aauto-estima10.
10. NECESSIDADES E SINTOMATOLOGIA
De igual modo, e de novo recorrendo utili-zao de regresses mltiplas, foi igualmentepossvel estabelecer a tambm excelente ca-pacidade preditiva do grau de regulao dasatisfao das necessidades relativamente
sintomatologia12. Assim, quatro das catorzenecessidades explicam 55% da varincia dasintomatologia quando avaliada pelo BSI13 ecinco das necessidades explicam 71% quandoavaliada pelo CORE-OM14(n=431)12.
As quatro necessidades com maior valor pre-ditivo relativamente sintomatologia ava-liada pelo BSI foram, respectivamente: a (a)
proximidade; (b) atranquilidade(c) a inco-ernciae; (d) aauto-estima. Relativamente avaliao efectuada recorrendo ao CORE-OM,a incoerncia sai da equao, entrando o
prazere aactualizao12.
CONCLUSES E IMPLICAESA capacidade de regular a satisfao de neces-sidades psicolgicas vitais parece ser, assim,essencial para a promoo da experincia dobem-estar psicolgico e da sade mental. Es-tando esta capacidade to dependente de umfuncionamento emocional adequado15 revela--se essencial: (a) prestar ateno e permitir o
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experienciar emocional, particularmente no to-
cante s emoes primrias; (b) permitir a acti-vao, diferenciao e expresso emocionais; e(c) promover a regulao emocional, particu-larmente mediante o agir dos planos de acomotivacionais inerentes s emoes primrias.Coloca-se, igualmente, a questo relativa acomo e onde aprendemos estas competnciasemocionais complexas? Essencialmente nasexperincias de socializao e ressocializa-
o seguras e na psicoterapia, quando aque-las foram inseguras. So estes dois contextos,mediante processos comunicacionais de va-lidao, aceitao, empatia, naturalizao,espelhamento e conteno, que promovem aautomatizao das competncias de regulaoe de transformao emocional.Penso que as principais implicaes clni-cas das reflexes e resultados apresentadosprendem-se com a necessidade de tomar em
considerao e de contemplar a regulao dasatisfao das necessidades na prtica psico-teraputica. A capacidade dos pacientes pararegular a satisfao das necessidades pode ser-
vir como um guia inicial de tomada de deci-so clnica: ou seja, quanto mais um pacienteestiver capaz de regular a satisfao destas,possivelmente tambm mais a intervenopode ser regulatria em termos de incidncia
sintomtica.Contudo, para um nmero significativo de pa-cientes (aqueles com maiores dfices a nvelda capacidade de regulao) os objectivos dainterveno no deveriam cingir-se ao alviosintomtico (como mais tpico da terapiaCognitivo-Comportamental e da medicao),mas deveriam igualmente contemplar o reco-nhecer, aceitar, experienciar e agir a nvel da
regulao da satisfao de necessidades psico-
lgicas vitais no sentido da: promoo da ca-pacidade de estabelecer, manter, monitorizar ereparar o bem-estar psicolgico. Ou seja, im-plicam trabalho teraputico esquemtico,mais caracterstico das intervenes emocio-nal/experiencial e dinmica/relacional.Como Erik Erikson afirmou: o bem-estarconsiste na capacidade de estar afectiva eefectivamente relacionado consigo prprio e
com os outros.Mantendo o esprito dialctico gostaria de ter-minar corrigindo o famoso dito de Pascal: as-sim, a o corao tem razes que a prpria ra-zo desconhece acrescentaria a razo temcoraes que o prprio corao desconhece!
Conflitos de Interesse /Conflicting Interests:Os autores declaram no ter nenhum conflito deinteresses relativamente ao presente artigo.The authors have declared no competing inter-ests exist.
Fontes de Financiamento /Funding:No existiram fontes externas de financiamentopara a realizao deste artigo.The authors have declared no external funding
was received for this study.
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