Abordagem Terapêutica da Angina Instável · anticoagulante com heparina não fracionada ou...

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2011/2012 Diana Isabel Pinho dos Santos Abordagem Terapêutica da Angina Instável março, 2012

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2011/2012

Diana Isabel Pinho dos Santos

Abordagem Terapêutica da Angina Instável

março, 2012

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Cardiologia

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Prof. Doutor Manuel Joaquim Lopes Vaz da Silva

Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:

Revista Portuguesa de Cardiologia

Diana Isabel Pinho dos Santos

Abordagem Terapêutica da Angina Instável

março, 2012

[IIPORTO Projeto de Opção do 6° ano - DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

!FMUP! FACULDADE DE MEDICINAUNIVERSIDADE DO PORTO

UNIDADE CURRICUlARPROJETO DE o s ç A oDI$$EJlTAÇÃO f MONOGRAflA

Eu, Diana Isabel Pinho dos Santos, abaixo assinado, nO mecanográfico 060801221, estudante do 6°

ano do Mestrado Integrado em Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, declaro

ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste projeto de opção.

Neste sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão,

assume a autoria de um determinado trabalho intelectual, ou partes dele). Mais declaro que todas as

frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores, foram referenciadas, ou

redigidas com novas palavras, tendo colocado, neste caso, a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 2.0 ;03.; ~oi..L

DlpORTO Projeto de Opção do 6° ano - DECLARAÇÃODEREPRODUÇÃOIFMUPI FACULDADE DE MEDICINA

UNIVERSIDADE DO PORTO

UNIDADE CURRICULARPROJETO DE o s ç a oDISSERTAÇÃO I IIOMO<OR"'-'"

Nome: Diana Isabel Pinho dos Santos

Endereço eletrónico: [email protected] Telefone ou Telemóvel: +351917022252

Número do Bilhete de Identidade: 13430087

Título da Monografia:

Abordagem Terapêutica da Angina Instável

Orientador:

Prof. Doutor Manuel Joaquim Lopes Vaz da Silva

Ano de conclusão: 2012

Designação da área do projeto:

Cardiologia

É autorizada a reprodução integral desta Monografia para efeitos de investigação e de divulgação

pedagógica, em programas e projetos coordenados pela FMUP.

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 20 /03/2.01.2..

--------

1

Abordagem Terapêutica da Angina Instável

Therapeutic Approach to Unstable Angina

DIANA SANTOS†

†Licenciada em Ciências Básicas da Saúde e aluna de Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade

de Medicina da Universidade do Porto

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Alameda Professor Hernâni Monteiro

4200-319 Porto, PORTUGAL

Telefone: +351225513600

Fax: +351225513601

e-mail: [email protected]

2

Índice

Lista de Abreviaturas/Acrónimos ............................................................................................................. 3

Lista de Figuras ........................................................................................................................................ 5

Lista de Tabelas ........................................................................................................................................ 5

Resumo ..................................................................................................................................................... 6

PALAVRAS-CHAVE .............................................................................................................................. 7

Abstract .................................................................................................................................................... 8

KEYWORDS ........................................................................................................................................... 9

Introdução ............................................................................................................................................... 10

Material e Métodos ................................................................................................................................. 11

Fisiopatologia ......................................................................................................................................... 12

Diagnóstico ............................................................................................................................................. 14

Hs-Troponina .................................................................................................................................... 19

Ecocardiografia ................................................................................................................................. 22

AngioTC coronária ............................................................................................................................ 22

Estratificação do risco ............................................................................................................................ 25

Score GRACE (Global Registry of Acute Coronary Events) ............................................................ 27

Score CRUSADE (Can Rapid risk stratification of Unstable angina patients Suppress ADverse

outcomes with Early implementation of the ACC/AHA guidelines) .................................................. 29

Estratégia terapêutica inicial - invasiva ou conservadora ....................................................................... 31

Prognóstico ............................................................................................................................................. 35

Novas abordagens terapêuticas .............................................................................................................. 36

Novos antiagregantes plaquetários .................................................................................................... 39

Inibidores do recetor do ADP - P2Y12 ......................................................................................... 39

Inibidores PAR-1 (atopaxar e vorapaxar) ...................................................................................... 50

Anticoagulantes ................................................................................................................................. 51

Inibidores do fator Xa .................................................................................................................... 54

Inibidores diretos da trombina ....................................................................................................... 58

Conclusão ............................................................................................................................................... 59

3

Agradecimentos ...................................................................................................................................... 60

Bibliografia ............................................................................................................................................. 60

Anexo

Lista de Abreviaturas/Acrónimos

ACC – American College of Cardiology

AHA – American Heart Association

AI - angina instável

AIT – acidente isquémico transitório

AngioTC - angiotomografia computorizada

aPTT – tempo de tromboplastina parcial ativado

AVC – acidente vascular cerebral

CABG – coronary artery bypass grafting (cirurgia de bypass das artérias coronárias)

CK – creatina cínase

CK-MB – fração muscular e cerebral da creatina cínase

CRUSADE – Can Rapid risk stratification of Unstable angina patients Suppress ADverse outcomes

with Early implementation of the ACC/AHA guidelines

CYPs – enzimas do citocromo P450

DC - doença coronária

EAM – enfarte agudo do miocárdio

EAMCSST – enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST

EAMSSST – enfarte agudo do miocárdio sem supradesnivelamento de ST

ECG - eletrocardiograma

ESC - European Society of Cardiology

Fator Xa – fator X ativado

FC- frequência cardíaca

4

FDA - Food and Drug Administration

FEVE – fração de ejeção do ventrículo esquerdo

FV – fibrilhação ventricular

Gp IIb-IIIa – glicoproteína IIb-IIIa

GRACE – Global Registry of Acute Cardiac Events

HBPM – heparina de baixo peso molecular

HNF – heparina não fracionada

HR – razão de risco (hazard ratio)

hs-troponina – troponina de alta sensibilidade

IBP - inibidor da bomba de protões

IC – intervalo de confiança

ICC – insuficiência cardíaca

ICP – intervenção coronária percutânea

IRC – insuficiência renal crónica

IV - intravenosa

IVUS – Doppler intracoronário

MNM – marcador de necrose miocárdica

PAS – pressão arterial sistólica

PAR-1 – protease-activated receptor-1

RMN - ressonância magnética nuclear

RR - risco relativo

SC - subcutânea

SCA – síndrome coronária aguda

SCASSST – síndrome coronária aguda sem supradesnivelamento de ST

SU – serviço de urgência

TC – tomografia computorizada

TCO - tomografia por coerência ótica

5

TIMI – Thrombolysis in Myocardial Infarction

TV – taquicardia ventricular

VE – ventrículo esquerdo

VPN – Valor Preditivo Negativo

VPP – Valor Preditivo Positivo

Lista de Figuras

Figura 1 - Abordagem diagnóstica da angina instável.

Figura 2 - Protocolo rápido de 3 horas com base na troponina de alta sensibilidade.

Figura 3 - Alvo terapêutico preferencial dos anticoagulantes.

Lista de Tabelas

Tabela 1- Principais novidades na abordagem diagnóstica e terapêutica da ESC (2011).

Tabela 2- Classificação de Braunwald para a Angina Instável.

Tabela 3 - Score GRACE. Mortalidade intra-hospitalar e desde a alta até aos 6 meses no registo da

população com SCA em categorias de risco baixo, intermédio e alto.

Tabela 4 Score CRUSADE de hemorragia major intra-hospitalar.

Tabela 5 - Diagnóstico, estratificação do risco e timing para estratégia terapêutica invasiva.

Tabela 6 - Tratamento de pacientes com angina instável (2007).

Tabela 7 - Antiagregação plaquetária e anticoagulação nas SCASSST.

Tabela 8 - Principais características do prasugrel e ticagrelor.

Tabela 9 - Anticoagulantes.

6

Resumo

As doenças cardiovasculares, nas quais se inserem as síndromes coronárias agudas (SCA),

representam, hoje, uma das principais causas de morte em todo o mundo. A angina instável (AI) faz

parte das síndromes coronárias sem supradesnivelamento de ST. O diagnóstico de AI além de ser

clínico, requer a aplicação de eletrocardiogramas seriados, doseamento de marcadores de necrose

miocárdica e métodos de imagem complementares no sentido de a diferenciar das outras entidades

inseridas nas SCA e ainda excluir outros diagnósticos diferenciais. Um diagnóstico precoce é essencial

no sentido de diminuir o risco de progressão para enfarte ou morte. Por isso, a aplicação de um

protocolo rápido de três horas com base na avaliação da troponina de alta sensibilidade e a utilização

de angiotomografia computorizada (AngioTC) parecem permitir o estabelecimento de um diagnóstico

mais confiável, rápido e seguro. O diagnóstico e a estratificação de risco são passos concomitantes e

essenciais para abordagem terapêutica do doente, permitindo selecionar os pacientes que poderão

preferencialmente beneficiar de uma estratégia invasiva (precoce ou protelada de acordo com o risco

do doente). A decisão terapêutica deve ser tomada considerando ainda aplicação de novos scores de

risco (score GRACE e score CRUSADE). Em relação à terapêutica, dado que o mecanismo

fisiopatológico mais comum subjacente à AI é a rutura de placa com consequente ativação e agregação

plaquetárias, com formação de trombo não oclusivo, o tratamento chave consiste na instituição de

antiagregantes plaquetários e anticoagulantes. Até há pouco tempo a abordagem terapêutica, além de

anti-isquémicos, baseava-se no recurso a tratamento antiagregante duplo com aspirina e clopidogrel e

anticoagulante com heparina não fracionada ou enoxaparina. O benefício do tratamento antitrombótico

deve ser ponderado contra um risco aumentado de hemorragia. Nesse sentido, nos últimos cinco anos

a terapêutica tem evoluído substancialmente objetivando um aumento da eficácia com menor risco de

hemorragia. Têm surgido alternativas ao clopidogrel designadamente novos inibidores P2Y12

(prasugrel, ticagrelor, cangrelor, elinogrel) e ainda um outro passo da coagulação (atividade da

trombina) tem sido alvejado com os antagonistas PAR-1 (atopaxar e vorapaxar). No tratamento

anticoagulante, o fondaparinux é agora preferido à enoxaparina por, entre outras vantagens, se associar

a menor risco de eventos hemorrágicos. A bivalirudina está indicada no tratamento invasivo. Além

7

desses, outros novos anticoagulantes estão em estudo, incluindo inibidores do fator Xa (otamixabano,

apixabano, rivaroxabano) e inibidores diretos da trombina (dabigatrano), mas parecem associar-se a

eventos hemorrágicos não compensados por benefícios na redução de eventos isquémicos.

PALAVRAS-CHAVE: Síndrome Coronária Aguda; Angina Instável; Fisiopatologia;

Diagnóstico; Estratificação de Risco; Terapêutica.

8

Abstract

Cardiovascular diseases, including acute coronary syndromes (ACS), are nowadays one of the leading

causes of death worldwide. Unstable angina (UA) is part of the ACS without ST elevation. The

diagnosis of UA, besides being clinical, demands the performance of serial electrocardiograms,

myocardial necrosis markers assay and complementary imaging methods, so as to differentiate from

the other entities engaged in ACS and even exclude other differential diagnoses. An early diagnosis is

essential to reduce the risk of progression to infarction or death. Thus, the application of a rapid

protocol of three hours based on the evaluation of the high sensitivity troponin and the usage of

computed angiotomography (AngioCT) seem to allow a more reliable, fast and safe diagnosis. The

diagnosis and risk stratification are concomitant and essential steps to a therapeutic approach of the

patient, allowing the selection of patients that can benefit the most of an invasive strategy (early or

postponed according to the patient’s risk). The therapeutic decision must be also taken regarding the

application of the new risk scores (GRACE score and CRUSADE score). As far as the therapy is

concerned, since the most common pathophysiological mechanism underlying UA is the plaque

rupture with consequent activation and aggregation of platelets, with formation of non-occlusive

thrombus, the key treatment is the institution of antiplatelet and anticoagulant agents. Until recently,

the therapeutic approach, besides anti-ischemic therapy, was based on double antiaggregant therapy

with aspirin and clopidrogel and anticoagulant with unfractionated heparin or enoxaparin. The benefit

of the antithrombotic treatment must be weighted against an increased risk of bleeding. Therefore, in

the last five years therapy has substantially evolved with the aim of increasing the efficiency with less

risk of bleeding. There have appeared alternatives to the clopidrogel, namely new P2Y12 inhibitors

(prasugrel, ticagrelor, cangrelor, elinogrel) and even another step of coagulation (thrombin activity) is

being aimed with PAR-1 antagonists (atopaxar e vorapaxar). In the anticoagulant treatment,

fondaparinux is now preferred to enoxaparina, because it is associated to a less risk of bleeding,

among other advantages. Bivalirudina is indicated in the invasive treatment. Besides these, other new

anticoagulants are being studied, including factor Xa inhibitors (otamixaban, apixaban, rivaroxaban)

9

and direct thrombin inhibitors (dabigatran), but they seem to be associated to bleeding events not

balanced by benefits in reduction of ischemic events.

KEYWORDS: Acute Coronary Syndrome; Unstable Angina; Pathophysiology; Diagnosis;

Risk Stratification; Therapeutics.

10

Introdução

A angina instável (AI) faz parte das síndromes coronárias agudas sem supradesnivelamento de

ST (SCASSST). Os sintomas isquémicos associam-se à não elevação dos marcadores de necrose

miocárdica (MNM) na circulação sanguínea, e podem existir ou não alterações no eletrocardiograma

(ECG) sugestivas de isquemia como depressão ou elevação transitória do segmento ST ou inversão da

onda T.1 Caracteriza-se por uma desproporção entre a oferta e a demanda de oxigénio pelo miocárdio,

sendo que o mecanismo fisiopatológico mais frequente é a rutura placa aterosclerótica acompanhada

de estreitamento arterial por trombo não oclusivo.2 É definida como angina de peito ou desconforto

isquémico equivalente com pelo menos uma das seguintes formas de apresentação: (i) angor em

repouso (ou com esforço mínimo), geralmente persistindo por mais de 10 minutos; (ii) angor de novo

e severo de aparecimento nas 4-6 semanas precedentes; e/ou (iii) angor em crescendo, ou seja, com

episódios cada vez mais severos, frequentes ou prolongados.3 É então uma síndrome clínica,

transitória, geralmente associada a um aumento no tempo e intensidade dos sintomas que são

indicativos de doença arterial coronária (DC) acompanhada por aumento do risco de enfarte agudo do

miocárdio (EAM) e de morte de causa cardíaca.4

As doenças cardiovasculares, onde se inserem as SCASSST, continuam a ser a principal causa

de morte nos EUA e nos países europeus. Em 2004, nos EUA, 27,2% do total de mortes ocorreu

devido a doenças cardíacas e a doença isquémica coronária. Esta última, como causa de morte,

registou uma taxa ajustada à idade de 150,2 por 100000 habitantes.5

A AI é uma das formas de manifestação de DC e uma das metodologias diagnósticas e

terapêuticas pressupõe o recurso à angiografia e realização simultânea de angioplastia com

implantação de stent. No Euro Heart Survey6 (dados de 2000-2001 referentes a 8000 procedimentos;

132 hospitais de 31 países), cerca de 30% dos doentes que foram submetidos a

cateterismo/coronariografia tiveram como apresentação clínica da doença coronária, enfarte agudo do

miocárdio sem supra ST (EAMSSST) ou AI. Entre junho de 2005 e janeiro de 2006 foram registadas

13544 intervenções coronárias percutâneas (ICP) em 143 hospitais de 30 países europeus, 16% das

quais em pacientes com AI.

11

O Registo Nacional Português de Síndromes Coronárias Agudas que incluiu 22482 doentes

desde 1 de janeiro de 2002 até 31 de dezembro de 2008, documentou que 13,1% dos doentes tiveram

AI. Nesse mesmo grupo de doentes, a média de idades foi de 66 anos. A mortalidade intra-hospitalar

média foi de 5,2%, e embora tenha sido mais elevada na população com enfarte agudo do miocárdio

com supra ST (EAMCSST) (7,7%) do que na população com EAMSSST (3,9%), a mortalidade aos 6

meses foi ligeiramente maior nos doentes com EAMSSST (7,3% vs 6,6%). Em Portugal, no ano de

2009 a Direção Geral de Saúde estimou uma taxa de mortalidade padronizada por doença isquémica

cardíaca antes dos 65 anos / 100 000 habitantes de 9,2 (em 2001 essa mesma taxa tinha sido estimada

em 14,1). 7

O objetivo principal desta monografia é o de proceder a uma revisão sobre a AI, focando

sobretudo nas novidades verificadas, nos últimos cinco anos, na abordagem diagnóstica, na

estratificação de risco, nas principais diferenças referentes aos antiagregantes e anticoagulantes e no

timing da revascularização miocárdica.

Na Tabela 1 pode ver-se as principais novidades na abordagem diagnóstica e terapêutica

propostas em 2011 pela ESC.1

Tabela 1 Principais novidades na abordagem diagnóstica e terapêutica da ESC (2011)

1.

Diagnóstico Introdução da hs-troponina

Estratificação de risco Protocolo rápido de 3 horas (com base na hs-troponina)

Score de risco hemorrágico (CRUSADE)

Revascularização miocárdica Timing da revascularização

CRUSADE - Can Rapid risk stratification of Unstable angina patients Suppress ADverse outcomes with Early

implementation of the ACC/AHA guidelines; hs-troponina – troponina de alta sensibilidade

Material e Métodos

A presente monografia foi feita com base numa pesquisa bibliográfica utilizando as bases de

dados PubMed e Scopus. A pesquisa foi feita com base na pesquisa de termos MeSH (“Angina,

12

Unstable”,”Acute Coronary Syndrome”) com procura por nomes de autores e artigos, sem restrição

por tipo de artigo ou ano de publicação.

Foram também utilizadas guidelines, disponíveis gratuitamente online, da European Society of

Cardiology, da American Heart Association e do American College of Cardiology.

Fisiopatologia

A aterosclerose é de longe a causa mais frequente de DC.8 As síndromes coronárias agudas

(SCA) resultam habitualmente da rutura de uma placa aterosclerótica (ou por vezes de erosão da

placa) que induz uma trombose aguda obstrutiva ou oclusiva.8, 9

A erosão existe quando o endotélio

não está presente à superfície da placa de ateroma condicionando a formação de um trombo sem que

haja rutura de placa e é mais comum em mulheres e diabéticos.10

As tromboses, componentes críticos

das lesões culprit que ocorrem com ou sem vasoconstrição concomitante, causam uma súbita e crítica

redução no fluxo sanguíneo.8, 9

Em raros casos, as SCA podem ter uma etiologia não aterosclerótica

(arterite, trauma, dissecção espontânea, tromboembolismo, anomalia congénita, abuso de cocaína, ou

complicações de cateterização cardíaca).10

As placas responsáveis pelas SCA associam-se inicialmente a um processo de remodelagem

positiva ou para fora, que permite preservar o lúmen normal do vaso apesar da presença de DC

significativa. Essas lesões, escondidas na parede arterial, podem não ser vistas na angiografia. Cerca

de três quartos dos fenómenos trombóticos relacionados com enfarte parecem evoluir ao longo de

placas que causam estenose ligeira a moderada, em parte por causa dessa propensão para a

remodelagem positiva. Assim, a grande maioria dos enfartes originam-se de lesões ateroscleróticas

que, antes dos eventos agudos, foram hemodinamicamente insignificantes e provavelmente

assintomáticas. O grau da estenose ou o tamanho da placa pouco ou nada revelam acerca da sua

vulnerabilidade.10

Fatores que instabilizam a placa, tornando-a vulnerável à rutura com consequente

aparecimento das SCA, incluem a acumulação lipídica, o adelgaçamento da cápsula fibrosa da placa

13

com a perda local de células musculares lisas, e a inflamação com muitos macrófagos ativados e

poucos mastócitos e neutrófilos, e a hemorragia intraplaca.9 A hemorragia intraplaca é comum em

lesões ateroscleróticas coronárias avançadas. Kolodgie et al.11

, concluíram que existe associação entre

a hemorragia intraplaca, o aumento no tamanho do núcleo necrótico e a instabilidade da lesão nas

placas ateroscleróticas coronárias. As membranas de eritrócitos no núcleo necrótico das lesões

coronárias podem causar um aumento substancial no conteúdo lipídico e promover o recrutamento de

macrófagos na cápsula fibrosa, resultando na expansão do núcleo necrótico e na instabilização da

placa. 11

Também a inflamação está envolvida na rutura da placa apresentando um papel pivot, pois os

macrófagos são capazes de degradar a matriz extracelular pela secreção de enzimas proteolíticas

(metaloproteinases) que adelgaçam e enfraquecem a cápsula fibrosa predispondo à rutura. O fator

tecidular é expresso, para além dos macrófagos, nos monócitos, células endoteliais e células

musculares lisas e é um iniciador da trombogénese.12

Os macrófagos secretam ainda um fator

mitogénico que leva à estimulação da proliferação das células musculares lisas e estimulação da

neovascularização.13

A neovascularização, ou seja, a formação de vasa vasorum nas artérias

ateroscleróticas, ocorre primariamente pelo crescimento a partir da adventícia ou a partir do lúmen

para o interior da íntima, em placas avançadas. Esta neovascularização reflete uma resposta adaptativa

da parede arterial a uma demanda aumentada de nutrientes dentro da placa.14

Após a rutura ou erosão da placa há adesão, ativação e agregação plaquetária e ativação da

coagulação com formação de um trombo (no caso de EAMSSST forma-se um trombo branco, rico em

plaquetas) que vai levar a uma maior ou menor obstrução do lúmen da artéria coronária culprit e à

isquemia que dependendo da extensão e duração da isquemia, resultará no quadro clínico de AI ou

EAMSSST (habitualmente não há oclusão – caso haja, ocorre EAMCSST e a abordagem terapêutica

será distinta das outras SCA).10

A ressonância magnética nuclear (RMN), a tomografia computorizada (TC), a angiografia, o

Doppler intracoronário (IVUS) e com possibilidade de fazer histologia virtual e definir o tipo de

placas e sua constituição, a angioscopia, a tomografia por coerência ótica (TCO), e a termografia são

14

técnicas que estão a ser usadas para detetar as placas vulneráveis in vivo. No entanto, os melhores

resultados têm sido conseguidos com procedimentos invasivos, de elevado custo e ainda com

resultados não translacionáveis para a prática clínica porque controversos ou negativos. São áreas

efervescentes e de elevada importância médica mas fogem do âmbito desta revisão bibliográfica.

Diagnóstico

Nos doentes com SCA o diagnóstico e a estratificação do risco estão intimamente

relacionados. Durante o processo de estabelecer o diagnóstico e de colocar os diagnósticos

diferenciais, o risco é contínua e repetidamente avaliado e serve de orientação para uma estratégia

terapêutica mais adequada.10

A história clínica é essencial. Perante um paciente sintomático, alguns achados clínicos tais

como idade avançada, sexo masculino, e aterosclerose conhecida em territórios não coronários

aumentam a probabilidade de um diagnóstico de DC. A presença de fatores de risco como diabetes

mellitus e insuficiência renal, bem como manifestação prévia de DC também aumentam a

probabilidade de SCASSST. No entanto, todos estes fatores são não específicos e por isso o seu valor

diagnóstico não deve ser sobrestimado. O doente apresenta-se tipicamente com pressão ou peso

retroesternal ou precordial que irradia para o braço esquerdo, pescoço, ou mandíbula, que pode ser

intermitente (geralmente durando vários minutos) ou persistente e ocorrer em repouso ou ao mínimo

esforço. Pode ainda acompanhar-se de diaforese, náuseas, dor abdominal, dispneia, ou síncope. Em

pacientes com SCASSST, a dor prolongada é observada em 80% dos casos, enquanto a angina de

novo ou angina em crescendo é observada em apenas 20% dos pacientes. Nos doentes com AI, em

contraste com os pacientes com EAM, habitualmente a dor aumenta e diminui de intensidade, é

dependente do nível de exercício, e geralmente demora não mais que vinte minutos. Apresentações

atípicas (dor epigástrica, dor torácica tipo “facada”, dor com características pleuríticas) são

frequentemente observadas em jovens, idosos, mulheres, e em diabéticos, em doentes com

insuficiência renal crónica (IRC) ou com demência. Existem certas caraterísticas relativamente aos

15

sintomas que podem apoiar o diagnóstico de DC e guiar a abordagem. A exacerbação dos sintomas

pelo esforço físico e seu alívio em repouso ou após nitratos apoia o diagnóstico de isquemia. A

presença de taquicardia, hipotensão, ou insuficiência cardíaca (ICC) na apresentação indica um pior

prognóstico. Anemia, infeção, inflamação, febre, e perturbações metabólicas ou endócrinas podem

exacerbar ou precipitar a SCA e necessitam de ser identificadas.10

O exame físico é frequentemente normal mas alguns doentes podem apresentar-se com

evidência de ativação do sistema nervoso autónomo (palidez, hipersudorese), hipotensão ou pressão de

pulso diminuída. Pode também haver irregularidades do pulso, bradicardia ou taquicardia, um terceiro

som cardíaco, e crepitações basais. Sinais de ICC ou instabilidade hemodinâmica devem incitar o

médico a agilizar o diagnóstico e o tratamento. Um importante objetivo do exame físico é excluir

causas não cardíacas de dor torácica, doenças cardiovasculares não isquémicas (ex.: embolismo

pulmonar, dissecção aórtica, pericardite, doença valvular), ou potencialmente causas extracardíacas

(ex.: pneumotórax, pneumonia, derrame pleural).10

O ECG em repouso apresenta um papel central na avaliação inicial dos pacientes com suspeita

de SCA. As alterações de ST/T, particularmente durante os episódios de dor torácica, são os sinais

indicadores major de DC instável. O número de derivações mostrando infradesnivelamento de ST e a

sua magnitude são indicativos da extensão e gravidade da isquemia e correlacionam-se com o

prognóstico. Uma depressão do segmento ST ≥1mm está associada a uma taxa de mortalidade e EAM

de 11% a um ano e uma depressão de ST ≥2mm transporta um risco de mortalidade seis vezes maior.

A depressão do segmento ST combinada com elevação transitória do segmento ST também identifica

um subgrupo de alto risco. É importante notar que um ECG completamente normal em pacientes com

sintomas suspeitos não exclui a possibilidade de SCA.10

Nos doentes incluídos no Registo Nacional de

SCA em Portugal, o ECG não revelou alterações em cerca de 30% dos doentes com SCASSST, em

35% dos casos havia depressão do segmento ST e em 30% ondas T negativas.7

O doseamento de MNM é crucial. Alguns pacientes com AI apresentam necroses celulares

focais do miocárdio distais à artéria culprit que raramente são detetáveis por doseamento da creatina

cínase (CK) e fração muscular e cerebral da creatina cínase (CK-MB). A mioglobina é doseável no

16

sangue mais precocemente (após início da dor) do que a CK-MB mas apresenta limitações em termos

de especificidade.10

Estas limitações bioquímicas das quantificações de CK-MB e de mioglobina para

deteção de lesão miocárdica mínima têm sido ultrapassadas pela introdução da avaliação da troponina

T e da troponina I. Estas isoformas, como são exclusivamente expressas nos miócitos cardíacos,

apresentam elevada especificidade para lesão miocárdica. Além de valor diagnóstico, a troponina I e

T, mesmo que aumentadas minimamente, têm importantes implicações terapêuticas (estratégia

invasiva precoce) e prognósticas.15

A suspeita de SCA como situação que coloca em risco a vida, exige rapidez na decisão

terapêutica e a abordagem diferenciada do paciente pode ser decisiva. A estratificação de risco com

base num protocolo rápido (com avaliação rápida da troponina) nos pacientes que chegam ao serviço

de urgência (SU), e novamente 6-12 h depois, fornece, em geral, uma estratificação de risco mais

confiável. Um único resultado é inadequado para estratificar o risco, porque alguns pacientes de alto

risco podem ter alta sem o diagnóstico correto.10

Como novos MNM, a mieloperoxidase16

, o fator 15 de diferenciação de crescimento, e a

fosfolípase A-2 associada a lipoproteína são opções promissoras. O diagnóstico precoce das SCA pode

ser melhorado pelas avaliações da proteína de ligação de ácidos gordos ou pela albumina modificada

pela isquemia bem como marcadores de stress sistémico (copeptina).10

Num estudo em que foi

avaliada a performance da copeptina em doentes com dor torácica aguda e risco baixo a intermédio

para SCA, as concentrações desse potencial MNM não foram preditivas de SCA e não acrescentaram

valor diagnóstico para além das avaliações de troponina de alta sensibilidade (hs-troponina).17

Como a

superioridade destes marcadores em relação aos testes de hs-troponina não tem sido evidenciada,

atualmente, não há qualquer recomendação para o seu uso de rotina.

Na atualidade, do ponto de vista prático, num doente com dor torácica sugestiva de poder ser

isquémica podemos seguir a estratégia delineada na Figura 1.

17

Em resumo, à apresentação, há um tipo de doentes com suspeita fundamentada de SCA (dor

torácica sugestiva de ser de natureza isquémica) que têm depressão do segmento ST persistente ou

transitória ou inversão da onda T, ou ondas T planas, ou ainda pseudonormalização das ondas T

(comparativamente com um ECG prévio), e há ainda doentes que apresentam ECG normal ou

indeterminado. A estratégia inicial nestes pacientes é aliviar os sintomas e controlar a isquemia,

monitorizar com ECG seriados, e repetir doseamentos de MNM. Na apresentação, a elaboração do

diagnóstico de SCASSST, baseado nas concentrações plasmáticas de troponina, poderá ainda ser

subdividido em AI ou EAMSSST conforme os valores normais ou elevados daquele MNM,

Figura 1 Abordagem diagnóstica da angina instável (adaptado de Hamm et al.1).

(ECG – eletrocardiograma; SCA – síndromes coronárias agudas)

Diagnóstico

suspeito

Análises

Diagnóstico

definitivo

Apresentação

ECG

ANGINA INSTÁVEL

ECG normal ou

indeterminado

Biomarcadores

(troponinas)

normais

Alterações do

segmento

ST/onda T

SCA

Dor Torácica

18

respetivamente.1 Assim, o diagnóstico de AI coloca-se quando o doente tem dor torácica com as

caraterísticas já descritas, o ECG tem ou não tem alterações de ST/T que não supradesnivelamento do

segmento ST e os MNM não aumentam (troponina abaixo do percentil 99).

Uma das novidades apresentadas nas recomendações de 2011 da ESC1 relaciona-se com a

introdução da hs-troponina na abordagem diagnóstica das SCA.

Figura 2 Protocolo rápido de 3 horas com base na

troponina de alta sensibilidade (adaptado de Hamm et

al.1).

Dor > 6 h

Sem alterações

Dor < 6 h

Dor torácica aguda

Troponina de alta sensibilidade <limite

superior do normal

Repetir avaliação de troponina alta

sensibilidade: 3h

Alta/ Teste de Stress

Dor ausente;

GRACE <140;

Diagnósticos diferenciais

excluídos;

19

Nos doentes que se apresentam com dor torácica aguda, a hs-troponina identifica melhor os

que estão com risco aumentado de evento coronário e fornece confiável e rápida predição do

prognóstico permitindo um rápido protocolo para infirmar ou excluir SCA em 3h.1 Assim, se a

concentração de hs-troponina for inferior ao limite superior do normal (percentil 99) e o doente tiver

dor que dura há mais de 6h e no momento de avaliação atual está sem dor, apresenta um score

GRACE <140 e foram excluídos outros diagnósticos o paciente pode ter alta.1 Alternativamente, por

ser um doente de baixo risco, pode ser submetido a um teste de stress (por exemplo, prova de esforço

em tapete rolante), para induzir isquemia. Este teste é útil antes da alta nos pacientes com ECG não

diagnóstico desde que não haja dor, nem sinais de ICC, e os MNM estejam normais.1 Se a

concentração de hs-troponina for inferior ao limite superior do normal e a dor dura há menos de 6h o

doente deve ser submetido a um novo doseamento de hs-troponina 3h depois para verificar se há

variação. Se os níveis de hs-troponina estão inalterados às 3h, o paciente não tem dor, o score GRACE

<140 e foram excluídos outros diagnósticos o doente pode receber alta ou então ser submetido a um

teste de stress 1.

Como se pode ver na Figura 2, no algoritmo proposto pela ESC1 o doseamento da hs-

troponina desempenha um papel fulcral.

Hs-Troponina

A hs-troponina aparece no contexto do uso de novos testes diagnósticos com sensibilidades

aumentadas. Assim, recentemente, foram introduzidos vários testes altamente sensíveis ou

ultrassensíveis, que têm limite de deteção 10 a 100 vezes inferior aos já disponíveis e que preenchem

os requisitos de precisão analítica pretendida em diagnósticos de doenças com prognóstico tão

sombrio. Um ótimo critério proposto para designar um teste altamente sensível é o número real de

sujeitos com a doença que ele é capaz de detetar.18

Apenas o teste da troponina T cardíaca de alta sensibilidade está disponível para ser utilizado e

ainda não foi aprovado para uso nos EUA. As suas características analíticas incluem um valor de

percentil 99 de 13,5ng/L (0,0135ng/mL) e um coeficiente de variação 10%, de 13,0 ng/L. Assim, um

20

valor acima de 14 ng/L (0,014 ng/mL) é considerado anormal18

(claramente abaixo dos 0,03 ng/mL

como cut-off para os testes habitualmente usados nos hospitais portugueses).

O potencial benefício do uso de testes altamente sensíveis foi avaliado num estudo19

que

incluiu 413 doentes que se apresentaram no SU de um hospital alemão com sintomas sugestivos de

SCA e foram finalmente diagnosticados com EAM. Neste estudo, o diagnóstico de necrose miocárdica

foi estabelecido por uma avaliação de troponina acima do limite de deteção (com coeficiente de

variação de 10%), juntamente com um padrão de variação relativamente ao doseamento basal

(aumento ou diminuição) de pelo menos 20%, dentro de 6h após admissão. Neste estudo de Keller et

al.19

foram avaliados comparativamente os doseamentos da troponina por dois métodos diferentes, na

admissão e após 3 e 6 horas: i) hs-troponina I (limiar de deteção 3,4pg/mL; limiar de diagnóstico para

EAM 30pg/mL); ii) teste padrão disponível pela Abbott (limiar de deteção10 pg/mL; limiar de

diagnóstico para EAM 300pg/mL). Neste estudo, verificou-se que as concentrações mais baixas de

troponina I foram detetáveis apenas no teste com maior sensibilidade (hs-troponina) tendo a diferença

sido mais aparente quando o início da dor torácica ocorreu duas horas antes do doseamento; na

admissão, a sensibilidade do teste hs-troponina foi de 82,3% e o VPN de 94,7% e a sensibilidade e o

VPN do teste clássico foram 79,4% e 94,0%, respetivamente; às 3h a sensibilidade e VPN foram

semelhantes para ambos os testes. Estes resultados indicam que os testes com limites de deteção mais

baixos (hs-troponina) portanto com maior sensibilidade vão facilitar o diagnóstico de EAM mas

questões importantes permanecem não resolvidas incluindo, qual o gold standard para comparar com

os novos testes, que limiares de deteção vão ser usados no futuro, a necessidade ou não de estabelecer

padrões de normalidade adaptados ao género e qual a variação das concentrações plasmáticas da hs-

troponina para que se possa considerar critério seguro de EAM.

Estas limitações estão expressas na opinião de Jaffe e Morrow18

que sugerem que são

necessários estudos e resultados adicionais para se advogar o uso por rotina dos testes de hs-troponina

no diagnóstico de EAM.

Outros autores têm outra opinião. Reichlin et al. 20

mostraram que o teste que quantifica com

limiares de deteção mais baixos tem uma excelente capacidade diagnóstica, tão cedo quanto o

21

momento da apresentação do paciente no SU e podem, por isso, melhorar substancialmente o

diagnóstico precoce de EAM especialmente em pacientes com início recente de dor torácica.

Keller et al.21

num estudo que envolveu 1818 pacientes com dor torácica, estabeleceram que

um único teste de hs-troponina positivo na admissão, quando comparado com o teste convencional

para dosear a troponina e outros MNM, melhora substancialmente a precisão diagnóstica e a

discriminação para o diagnóstico precoce de EAM. À admissão, para o teste hs-troponina, a

sensibilidade foi 90,7% e a especificidade foi 90,2%. Nos pacientes que se apresentaram nas primeiras

3h do início da dor, um único teste hs-troponina positivo (acima do limiar de deteção) teve um VPN

de 84,1% e VPP de 86,7%. Assim, para aqueles autores, o uso inicial de hs-troponina melhora

substancialmente o diagnóstico precoce de EAM e condiciona uma a estratificação de risco diferente,

independentemente do tempo de início da dor torácica.

Mais recentemente, também Body et al.22

estudaram 915 doentes com dor torácica suspeita de

SCA e determinaram ainda melhores resultados para a hs-troponina obtendo uma sensibilidade de

99,8% (IC 95%: 99,1-100,0) e um VPN de 99,4% (IC 95%: 96.6-100,0). Aqueles autores concluíram,

que níveis indetetáveis de hs-troponina na admissão (elevado VPN) permite excluir EAM,

identificando simultaneamente pacientes em baixo risco de eventos adversos. Esta abordagem pode

assim reduzir a necessidade de novos testes e tratamento empírico, menos avaliações desnecessárias e

hospitalizações. Porém se os níveis de hs-troponina forem detetáveis à admissão, o EAM não pode ser

excluído sendo necessária mais investigação incluindo um novo doseamento.

Mills et al.23

, afirmam mesmo que uso do teste hs-troponina em doentes com suspeita de SCA

aumenta a taxa de diagnóstico correto de EAM e identifica um subgrupo de alto risco para EAM

recorrente e morte. Baixar o limiar de deteção (quantificação) de troponina plasmática associa-se

assim a uma melhoria imediata e substancial na abordagem terapêutica do doente com SCA e

consequentemente na determinação do prognóstico, reduzindo potencialmente a morbilidade e a

mortalidade.

O papel da hs-troponina ainda tem que ser melhor definido não só no diagnóstico mas também

na estratificação do risco, como preditor individual de benefício com o tratamento invasivo.

22

As modalidades de imagem são consideradas habitualmente ferramentas secundárias no

diagnóstico de SCA. Geralmente confirmam ou excluem as suspeitas de SCA baseadas nos resultados

dos MNM e nas alterações do ECG.

Ecocardiografia

A ecocardiografia (com todas as suas potencialidades e módulos) é a modalidade mais

importante no quadro agudo porque é uma técnica rápida e amplamente disponível.1

Continua a ser a principal técnica de imagem não invasiva para a avaliação da estrutura e

função cardíacas. A avaliação da função ventricular esquerda na ecocardiografia adiciona valor

diagnóstico e prognóstico significativo à avaliação de pacientes que se apresentam com dor torácica e

sem elevação do segmento ST.24

Tem demonstrado ser uma técnica adequada para detetar anomalias regionais transitórias e

persistentes na mobilidade da parede do VE (hipocinésia ou acinésia) induzidas por isquemia

miocárdica em pacientes com AI.25

A persistência ou agravamento da disfunção segmentar detetada

associa-se a pior prognóstico três meses após a alta hospitalar. Por outro lado, uma melhoria ou

ausência de disfunção segmentar associa-se a um resultado clínico favorável.25

A introdução de

agentes de contraste representou um grande avanço melhorando a visualização endocárdica da

espessura da parede e a visualização da perfusão miocárdica.26

Além de permitir avaliar a função

ventricular, a ecocardiografia permite excluir diagnósticos diferenciais (por exemplo embolismo

pulmonar, dissecção aórtica, cardiomiopatia hipertrófica, estenose aórtica ou derrame pericárdico) e

por isso é recomendada pela ESC1 a sua utilização em todos os doentes, o que constitui uma novidade

na abordagem diagnóstica e mesmo na estratificação de risco das SCA, comparativamente com o

defendido pela AHA, ACC e ESC em 2007.

AngioTC coronária

A TC é uma técnica não invasiva que não é atualmente usada na deteção de isquemia

miocárdica mas oferece visualização direta das artérias coronárias, pelo que, o seu uso tem ganho

23

aceitação, como alternativa à angiografia invasiva na exclusão de SCA ou outras causas de dor

torácica, quando o doente tem um risco baixo a intermédio de DC e quando a troponina e o ECG não

são diagnósticos.1 Uma das suas principais limitações prende-se com a exposição a radiação.

A categorização dos doentes pelas classes de baixo, intermédio ou risco elevado é fundamental

para integrar os dados obtidos na AngioTC e correlacioná-los com a incidência de eventos coronários

a curto e/ou médio prazo. Os estudos que avaliaram o papel e a importância da AngioTC das

coronárias (sensibilidade, especificidade e acuidade) no contexto de dor torácica aguda e que a

comparam com, por exemplo, o ECG de esforço, tiveram sempre em conta aquela categorização

inicial do doente. Muitos estudos categorizaram os doentes segundo o score TIMI aquando dos

critérios de inclusão.

A avaliação não invasiva e rápida (num tempo médio de 12 min) pela AngioTC pode ser útil

nos pacientes que se apresentam com dor aguda quando não há alterações no ECG e os níveis de

MNM são negativos pois a ausência de placa aterosclerótica ou estenose coronária significativa no

exame têm um excelente VPN (100%) para o subsequente diagnóstico de SCA. Por outro lado, na

presença de DC na AngioTC, a extensão da placa fornece informação adicional para estratificação de

risco.27

Vários estudos têm demonstrado que a AngioTC pode identificar ou excluir estenose coronária

em pacientes de baixa a moderada probabilidade de DC.

Hoffman et al.28

, no estudo ROMICAT, mostraram que tanto a deteção de placa

aterosclerótica como a estenose coronária na AngioTC, são bons preditores de SCA

independentemente dos fatores de risco cardiovascular ou do score TIMI. Neste estudo, 50% dos

pacientes com dor torácica aguda, de risco baixo a intermédio de DC não apresentaram DC na

AngioTC nem tiveram SCA. A AngioTC apresentou, na ausência de placa aterosclerótica, uma

sensibilidade e VPN de 100% para o diagnóstico de SCA ou eventos cardíacos adversos major. No

entanto, a especificidade e o valor preditivo positivo (VPP) foram baixos a moderados (54% e 17%,

respetivamente), pois muitos pacientes apresentaram placa aterosclerótica no exame mas não tiveram

SCA. A ausência de estenose coronária revelou um VPN de 98%, mas a sensibilidade foi de apenas

77%, com especificidade de 87%.

24

Em pacientes de baixo risco, sem angina recorrente ou evidência de necrose miocárdica, é

recomendada a realização de um ECG de esforço após observação. A AngioTC pode substituir o ECG

de esforço neste grupo de pacientes. Goldstein et al.29

concluíram que tanto a AngioTC como o ECG

de esforço (avaliação standard) são estratégias diagnósticas seguras e altamente eficazes em

estabelecer um diagnóstico. A vantagem da AngioTC deveu-se à sua capacidade para estabelecer, de

forma não invasiva, rápida e precisa, a ausência de DC ou a presença de estenoses severas,

determinando sozinho um diagnóstico imediato em aproximadamente 75% dos casos, o que facilita

uma alta mais rápida ou uma abordagem terapêutica diferente. O uso de AngioTC reduz o tempo de

diagnóstico e apresenta baixos custos comparado com o ECG de esforço. No entanto, esta abordagem

tem limitações, nomeadamente nos casos de qualidade de imagem inadequada e a incapacidade de

determinar o significado fisiológico das lesões coronárias consideradas de gravidade intermédia. Em

25% dos casos como as lesões foram de severidade intermédia e a AngioTC não fez o diagnóstico, os

pacientes tiveram que ser submetidos a um ECG de esforço.29

Gallagher et al.30

mostraram que a acuidade diagnóstica da AngioTC é pelo menos tão boa

como a obtida na cintigrafia de perfusão miocárdica para deteção e exclusão de SCA em pacientes de

baixo risco (sensibilidade 86% vs 71%; especificidade 92% vs 90%). Assim, este parece ser uma boa

alternativa à cintigrafia de perfusão em pacientes de baixo risco após ECG seriados e MNM negativos.

Alguns autores como Kim et al.31

e Hollander et al.32

advogam que em doentes com dor

torácica aguda e considerados de baixo risco a decisão clínica de dar alta após realização de AngioTC

é segura. Porém, para os pacientes de risco intermédio que apresentaram resultados negativos é

necessária maior validação31

. No estudo de Kim et al.31

, a sensibilidade da AngioTC foi de 88,5%, a

especificidade de 85,1%, o VPN de 98,6% e o VPP de 60,7%.

Considerando que em pacientes com frequência cardíaca (FC) aumentada e arritmias a

qualidade de imagem da AngioTC parece estar afetada, Leber et al.33

vieram mostrar que a AngioTC

permite excluir com precisão estenoses coronárias em pacientes com risco intermédio de DC mesmo

na presença de arritmias e sem uso de pré-tratamento cronotrópico negativo quando a FC é elevada.

25

No estudo de Hollander et al.34

foram incluídos 568 doentes com dor torácica aguda, de risco

baixo a intermédio (TIMI: 0-2), que realizaram AngioTC coronária, e destes, 84% tiveram alta

rapidamente. Aos 30 dias de follow-up, nenhum dos doentes tinha morrido por evento cardiovascular

ou sofrido EAM.34

Esses doentes tiveram também uma taxa muito baixa de eventos cardíacos a um

ano (apenas 11% foram re-hospitalizados e 11% foram submetidos a outros testes diagnósticos e

ocorreu uma morte por causa desconhecida; não se verificaram EAM nem foram necessários

procedimentos de revascularizações durante esse período).35

Em conclusão, em doentes com dor torácica aguda e de baixo risco na avaliação inicial, a

AngioTC coronário efetuado no SU, pelo seu elevado VPN, pode facilitar a abordagem diagnóstica e

terapêutica, com uma boa relação custo-eficácia, providenciando altas precoces sem se associar a

diagnósticos errados, a um aumento de eventos cardiovasculares ou a mortes por causa cardíaca. Em

doentes de risco intermédio, a maioria dos estudos não usou a AngioTC para fundamentar decisões

clínicas. No entanto, nesse subgrupo de doentes a AngioTC teve boa acuidade diagnóstica, mostrou

qualidade suficiente para que os seus resultados sejam incorporados na decisão clínica.

Estratificação do risco

Como já mencionado, algumas das novidades que constam nas recomendações da ESC1 são a

proposta de tentar excluir rapidamente (em 3h) as SCA, segundo um protocolo que contempla a

quantificação da designada hs-troponina, o uso de ecocardiografia em todos os doentes e a aplicação

da AngioTC como alternativa à angiografia. A esta abordagem associa-se também a concomitância da

estratificação de risco com novos scores para a seleção de potenciais procedimentos terapêuticos. No

entanto, a tentativa de estratificação de risco da AI teve início há mais de 20 anos quando Eugene

Braunwald propôs uma classificação que se relacionava diretamente com o risco/prognóstico (ver

Tabela 2).

26

Tabela 2 Classificação de Braunwald para Angina Instável (retirado e adaptado de Hamm e Braunwald36

).

Para reconhecer subgrupos de pacientes com AI que estão em diferentes níveis de risco de

terem eventos cardíacos ou morte, foi introduzida essa classificação.37

Por exemplo, os doentes com

angina em repouso dentro das últimas 48h (classe IIIB) mostraram ter um maior risco de eventos

cardíacos adversos (11% de taxa de eventos intra-hospitalares). A Classificação de Braunwald tem

sido aceite para categorizar os pacientes, e usada em protocolos de estudo, melhorando claramente a

comparabilidade de resultados. Mais tarde, a essa classificação foi acrescentado o resultado da

troponina.36

Atualmente, e de uma forma prática, a avaliação inicial no primeiro contato com o doente com

dor torácica aguda, pressupõe (além do diagnóstico) a estratificação do risco de eventos coronários

recidivantes ou de morte intra-hospitalar e/ou aos 6 meses pelo score GRACE38-40

e do risco de

eventos hemorrágicos pelo score CRUSADE41

relacionados com os procedimentos terapêuticos.

Circunstâncias clínicas

Severidade

A – desenvolve-se na presença de

condição extracardíaca que

intensifica a isquemia miocárdica

(angina instável secundária)

B – desenvolve-se na

ausência de condição

extracardíaca (angina

instável primária)

C – desenvolve-se dentro de

duas semanas após enfarte

agudo do miocárdio (angina

instável pós-enfarte)

I – início de novo de

angina severa ou angina

acelerada, sem angina em

repouso

IA IB IC

II – angina em repouso no

mês anterior mas não nas

últimas 48h (angina em

repouso, subaguda)

IIA IIB IIC

III – angina em repouso

nas últimas 48h (angina

em repouso, aguda)

IIIA IIIB –Troponina negativa

IIIB –Troponina positiva

27

Assim, entre muitos scores de risco que predizem o risco de morte e de eventos isquémicos a

curto ou médio prazo, os scores TIMI42, 43

e GRACE38-40

têm sido os mais utilizados. De acordo com

Ramsay et al.44

, ambos os scores parecem ser superiores ao ECG e ao doseamento da troponina como

preditores num doente que se apresente com dor torácica.

O score TIMI42, 43

é calculado pela simples soma aritmética do número de variáveis presentes

que constituem o score, podendo facilmente ser calculado sem ajuda de computador. Inclui sete

variáveis (idade ≥65 anos, pelo menos três fatores de risco para DC, estenose coronária prévia ≥50%,

desvio de segmento ST ≥0,05 mV no ECG à apresentação, pelo menos dois eventos anginosos nas

últimas 24h, uso de aspirina nos últimos 7 dias, e MNM elevados) num sistema de pontuação aditivo

(um ponto por cada item).42, 43

Este score estima o risco (em percentagem) aos 14 dias, de morte (por

todas as causas), ocorrência de um novo EAM ou recorrência de outro, necessidade de

revascularização urgente por isquemia aguda recorrente e severa: score 0-1 = 4,7%; score 2 = 8,3%;

score 3 = 13,2%; score 4 = 19,9%; score 5 = 26,2%; score 6-7 = pelo menos 40,9%.42, 43

Ainda que

tenha sido rapidamente difundido na prática clínica, tendo a seu favor a simplicidade de aplicação em

relação ao score GRACE, de validação mais recente, a superioridade deste último tem sido

demonstrada.44-46

Embora seja mais complexo por não poder ser implementado sem uso de um computador ou

software digital, o score GRACE38-40

é, na atualidade, a forma mais precisa de estratificação do risco

pois apresenta um maior poder discriminativo46

em virtude de considerar variáveis tão relevantes

como a FC, a classe Killip e a pressão arterial sistólica (PAS) que estão ausentes no score TIMI.

Score GRACE (Global Registry of Acute Coronary Events)

O score GRACE38-40

é um modelo rápido e de ampla aplicação que permite avaliar o risco de

mortalidade intra-hospitalar e/ou nos 6 meses após a alta, nos pacientes com SCA.

O score GRACE intra-hospitalar (intervalo 0-372) e o score GRACE a 6 meses (intervalo 0-

263) consistem de oito e nove variáveis, respetivamente.38, 39

28

Granger et al. 38

, mostraram que a nível intra-hospitalar este score envolve a valorização de

oito fatores de risco independentes que mostraram conter a maioria (89,9%) da informação

prognóstica: cinco deles avaliados de forma semiquantitativa, como sejam, idade, PAS, FC, creatinina

plasmática e classe de Killip e três deles avaliados de forma dicotómica (desvio do segmento ST,

elevação dos MNM, paragem cardíaca à admissão).

Este score é um modelo único que pode diferenciar o risco para todo o espectro de SCA.

Embora as SCA sejam categorizadas com base na presença ou ausência de elevação do segmento ST à

apresentação, esta variável não parece ser importante para determinar o risco de morte depois de

considerar o desvio do segmento ST. Duas variáveis, o nível de creatinina e a paragem cardíaca na

admissão, são fatores mais importantes. Esta informação pode ajudar os médicos a decidir pela melhor

abordagem do doente, pois embora se possa estratificar o risco com base na idade, perfil

hemodinâmico, alterações no ECG e nos MNM, a integração de múltiplas fontes de informação de

risco não é possível sem apoio de modelos de análise multivariável.38

Eagle et al. 39

, mostraram que nove variáveis predizem a mortalidade a 6 meses após a alta:

idade avançada, história de EAM, história de ICC, aumento da FC à apresentação, baixa PAS à

apresentação, nível de creatinina sérico inicial elevado, níveis séricos elevados de MNM, depressão do

segmento ST no ECG na apresentação, e ausência de ICP realizada no hospital. A soma das

pontuações do score GRACE é aplicada a um nomograma de referência. A ferramenta de aplicação

clínica pode ser encontrada online em www.outcomes.org/grace. 39

Com base no score os pacientes são classificados como de risco baixo, intermédio ou alto. A

nível intrahospitalar: a mortalidade aumenta de menos 1% a mais de 3% nos pacientes classificados

como sendo de baixo risco (GRACE ≤108) para os de alto risco (GRACE> 140), respetivamente;

pacientes de risco intermédio (GRACE 109-140) apresentam mortalidade entre 1 a 3 %. Desde a alta

até aos 6 meses: a mortalidade aumenta de menos 3% a mais de 8% nos pacientes de baixo risco

(GRACE ≤88) para os de alto risco (GRACE> 118), respetivamente; pacientes com risco intermédio

(GRACE 89-118) apresentam mortalidade entre 3 e 8%. Como se depreende, os cut-offs são diferentes

para a mortalidade intrahospitalar e para a mortalidade desde a alta até aos 6 meses (ver Tabela 3)

29

Tabela 3 Score GRACE. Mortalidade intra-hospitalar e desde a alta até aos 6 meses no

registo da população com SCA em categorias de risco baixo, intermédio e alto.

Categoria de Risco Score de risco GRACE Mortalidade intra-hospitalar (%)

Baixo ≤108 <1

Intermédio 109-140 1-3

Alto >140 >3

Categoria de risco Score de risco GRACE Mortalidade desde a alta até aos 6 meses (%)

Baixo ≤88 <3

Intermédio 89-118 3-8

Alto >118 >8

Retirado e adaptado de Hamm et al.1

Score CRUSADE (Can Rapid risk stratification of Unstable angina patients

Suppress ADverse outcomes with Early implementation of the ACC/AHA

guidelines)

Na AI a hemorragia associa-se a um prognóstico adverso pelo que é fundamental objetivar a

diminuição do risco hemorrágico quando se aborda terapeuticamente o doente.1

O score CRUSADE41

, que avalia o risco de hemorragia major intra-hospitalar, foi

desenvolvido e validado em mais de 89000 pacientes com SCASSST. Este score quantifica o risco

para hemorragia intrahospitalar para todos os tratamentos pós-admissão, melhorando assim a avaliação

do risco basal na abordagem dos doentes, o que o torna uma ferramenta muito útil na seleção da

estratégia com melhor ratio eficácia/segurança. Os oito fatores que de forma independente estão

associados a hemorragia major incluem: hematócrito basal, clearance de creatinina, FC basal, sexo

feminino, sinais de ICC na apresentação, doença vascular prévia, diabetes mellitus e PAS basal (ver

Tabela 4). Embora a idade seja um preditor univariado, ela não foi um preditor independente de

hemorragia major após o ajuste das outras variáveis.

O score CRUSADE deriva da atribuição de números inteiros ponderados para cada preditor

independente sobre a base do seu coeficiente no modelo de regressão. O risco de hemorragia major

30

intra-hospitalar é estimado pela soma desses números inteiros ponderados (1-100 pontos). Os

pacientes são categorizados em cinco grupos de risco: muito baixo risco ≤20; baixo risco,21–30; risco

moderado, 31–40); alto risco, 41–50); muito alto risco, >50).41

O risco de hemorragia intra-hospitalar é calculado considerando a definição de hemorragia

major como sendo hemorragia intracraniana, hemorragia retroperitoneal documentada, alteração de

hematócrito ≥ 12% em relação ao basal, qualquer transfusão com hematócrito basal> 28%, ou

qualquer transfusão sanguínea com hematócrito basal < 28% com hemorragia testemunhada. A taxa de

hemorragia major aumenta gradualmente à medida que o score de risco hemorrágico CRUSADE

aumenta.41

Subherwal et al.41

mostraram haver um maior risco hemorrágico em pacientes que receberam

≥2 tratamentos antitrombóticos e nos submetidos a estratégia invasiva durante a admissão e, embora o

tratamento após a admissão não tenha sido incluído no score, este mostrou preservar o seu poder

discriminativo, independentemente do tratamento (por exemplo tratamento antitrombótico ou

invasivo), o que aumenta a sua utilidade na tomada de decisões clínicas. Assim, pacientes de alto risco

podem apresentar taxas mais baixas de hemorragia com uma seleção cuidadosa do tratamento. Uma

ferramenta para o seu cálculo está disponível online em http://www.crusadebleedingscore.org.

Embora o score CRUSADE41

seja importante para antecipar o risco hemorrágico é

fundamental um julgamento clínico e prescrever uma terapêutica individualizada (por exemplo, não

usar inibidores da Gp IIb-IIIa nos doentes de alto risco hemorrágico e ajustar a dose de enoxaparina

em relação ao clearance de creatinina e reduzir a dose nos doentes com mais de 75 anos de idade).

31

b.p.m. – batimentos por minuto; ICC – insuficiência cardíaca

Retirado e adaptado de Hamm et al.1

Estratégia terapêutica inicial - invasiva ou conservadora

Vários estudos e metanálises têm mostrado benefícios de uma estratégia invasiva inicial com

realização de angiografia coronária seguida de revascularização (ICP ou CABG) sobre uma

abordagem conservadora/invasiva seletiva sobretudo em pacientes de alto risco.47-51

Preditor Score

Hematócrito basal (%)

<31

31-33.9

34-36.9

37-39.9

≥40

9

7

3

2

0

Clearance de creatinina (mL/min)

≤15

>15-30

>30-60

>60-90

>90-120

>120

39

35

28

17

7

0

Pressão arterial sistólica (mmHg)

≤90

91-100

101-120

121-180

181-200

≥201

10

8

5

1

3

5

Frequência cardíaca (b.p.m.)

≤70

71-80

81-90

91-100

101-110

111-120

≥121

0

1

3

6

8

10

11

Sexo

Masculino

Feminino

0

8

Diabetes mellitus

Não

Sim

0

6

Doença vascular prévia

Não

Sim

0

6

Sinais de ICC à apresentação

Não

Sim

0

7

Tabela 4 Score CRUSADE de hemorragia major intra-hospitalar.

32

Fox et al.49

, no estudo RITA-3, mostraram que a mortalidade foi 12,1% com a estratégia

invasiva e 15,1% com a estratégia conservadora (p=0,054). No mesmo estudo, a mortalidade CV foi

significativamente reduzida (7,3% vs 10,6%, p=0,026). Noutro estudo, FRISC II47

, ocorreu uma

redução significativa na mortalidade aos dois anos com o tratamento invasivo (3,7% vs 5,4%, p=0,04)

que não foi sustentado aos cinco anos (9,7% vs 10,1%, p=0,69) e a redução na mortalidade apenas

aconteceu em indivíduos com menos de 70 anos.

Por outro lado, o estudo ICTUS52, 53

não mostrou superioridade da estratégia invasiva sobre a

conservadora nos pacientes com SCASSST.

A revascularização miocárdica alivia os sintomas, reduz o tempo de internamento e melhora o

prognóstico. As indicações e o timing para revascularização miocárdica e a escolha da melhor

estratégia terapêutica (ICP vs CABG) depende de muitos fatores. Embora a abordagem invasiva inicial

seja cada vez mais a estratégia preferencial, sobretudo em pacientes de alto risco (para ocorrência de

eventos CV e/ou morte), a questão de quando intervir ainda não está totalmente esclarecida.

Neumann et al.54

(estudo ISAR-COOL), no primeiro estudo a abordar o timing ótimo para

revascularização, envolveram 410 pacientes com sintomas isquémicos e depressão do segmento ST ou

troponinas positivas, randomizando-os para uma estratégia invasiva precoce (média de 2,4h) ou para

uma estratégia invasiva tardia, isto é, atrasada por pré-tratamento antitrombótico (média de 86h).

Concluíram que o atraso até à intervenção com tratamento antitrombótico intensivo (HNF, aspirina,

clopidogrel, e tirofibano) não é vantajoso, dado que a redução nos eventos cardíacos e morte foi maior

nos pacientes submetidos a uma angiografia precoce acompanhada de tratamento médico adequado

(5,9% vs 11,6%, RR 1,96; p=0,04).

Mais recentemente, o estudo ABOARD55

avaliou os benefícios de uma estratégia invasiva

muito precoce (com ICP) em pacientes de alto risco (score TIMI≥3) mostrando que uma estratégia

invasiva imediata (média de 70min) comparada com uma estratégia invasiva tardia (média de 21h) não

resultou em diferenças no EAM (definido pelo pico do nível de troponina). Da mesma forma, Mehta et

al.56

, no estudo TIMACS, que envolveu 3031 pacientes com AI e EAMSSST randomizados ou para

intervenção precoce (angiografia coronária em ≤24h) ou para intervenção tardia (angiografia coronária

33

≥36h) não mostraram diferença significativa na incidência do outcome primário (conjunto de morte,

EAM ou AVC aos 6 meses) entre a intervenção precoce e a intervenção tardia. Porém, ocorreu

redução relativa de 28% no outcome secundário (morte, EAM, ou isquemia refratária) com a

intervenção precoce sobretudo por causa da diferença verificada na incidência de isquemia refratária.

Uma conclusão importante foi que nos pacientes em alto risco, com o score GRACE>140, uma

intervenção precoce parece mostrar benefício significativo no outcome primário em relação à

intervenção tardia (13,9% vs 21,0%, Hazard Ratio( HR), 0,65; IC 95% 0,48-0,89; p=0,006) enquanto

em pacientes com risco baixo ou intermédio, ou seja, score GRACE ≤140 não há diferença

significativa no outcome (7,6% vs 6,7%, HR, 1,12; IC 95% 0,81-1,56; p=0,48).

Sintetizando, a estimativa inicial de risco de morte ou hemorragia major intra-hospitalar nos

doentes com SCASSST é fundamental pois esta vai condicionar a implementação da melhor estratégia

terapêutica que pode ser ou não invasiva e mais ou menos precoce (em menos de 72h ou eletiva) após

a admissão do doente.1

Na Tabela 5 pode ver-se o tipo de abordagem diagnóstica e terapêutica a instituir nos doentes

com SCASSST atualmente recomendada pela ESC.1

Em resumo, a estratégia invasiva (<72h após o contato médico) está indicada nos pacientes

que apresentam pelo menos um critério de alto risco (primários: aumento ou diminuição significativos

da troponina, alterações dinâmicas de ST ou T sejam sintomáticas ou não; secundários: diabetes

mellitus, insuficiência renal (taxa de filtração glomerular <60 mL/min/1,73 m²), FEVE <40%), angina

pós EAM precoce, ICP recente, cirurgia de revascularização prévia, score GRACE com risco estimado

de intermédio ou alto e sintomas recorrentes. Nos pacientes que apresentam score GRACE<140 mas

com pelo menos um critério de alto risco a estratégia invasiva pode ser protelada sem risco

aumentado, mas deve ser realizada dentro de 72h após admissão.1

A estratégia invasiva urgente (ou seja, <2h após o primeiro contato) deve ser implementada

em pacientes de muito alto risco para a ocorrência de eventos isquémicos, ou seja, que apresentam

angina refratária, angina recorrente apesar do tratamento antianginoso agressivo associada a depressão

do segmento ST (2mm) ou ondas T negativas e profundas, sintomas de ICC ou instabilidade

34

hemodinâmica, e arritmias graves como taquicardia ventricular(TV) ou fibrilhação ventricular(FV).

Estes pacientes podem evoluir para EAM e por isso devem ser submetidos rapidamente a angiografia

coronária independentemente do resultado do ECG ou dos níveis de MNM.1

Uma estratégia invasiva precoce (ou seja, <24h após o primeiro contato) é recomendada nos

pacientes de alto risco que apresentam um score GRACE>140 e/ou apresentam pelo menos um dos

critérios de alto risco primário.1

A estratégia não invasiva ou eletiva, ou seja, uma estratégia conservadora, pode ser

implementada nos pacientes considerados de baixo risco (de acordo com os scores de risco) que não

apresentam angina recorrente, ICC, anomalias no ECG, elevações nos níveis de troponina, nem

isquemia induzida. Por isso, nesses pacientes um teste de stress não invasivo para induzir isquemia

(ECG de esforço no tapete rolante; ecocardiografia com esforço ou sob dobutamina) é recomendado

para planear o tratamento antes de decidir por qualquer estratégia invasiva. Opta-se por uma avaliação

invasiva com angiografia coronária eletiva se os resultados forem positivos para isquemia reversível.1

Tabela 5 Diagnóstico, estratificação do risco e timing para estratégia terapêutica invasiva.

Primeiro contato Diagnóstico/Estratificação de risco Estratégia invasiva

1º passo - Avaliação

inicial:

- Dor torácica (qualidade)

- Exame objetivo

- ECG (ST não

supradesnivelado)

Síndrome Coronária

Aguda SEM Supra-ST

possível (AI ou

EAMSSST)

2º passo – Validação do diagnóstico:

- Resposta ao tratamento antianginoso;

- Doseamento de troponina (na admissão e após 6-

12h); se a hs-troponina estiver disponível, o

protocolo rápido (3h) pode ser implementado;

- ECG: repetição ou monitorização contínua do

segmento ST;

- Avaliação do risco isquémico coronário (score

GRACE) e hemorrágico (score CRUSADE);

- Exclusão de diagnósticos diferenciais (como

embolismo pulmonar, aneurisma/disseção aórtica,

etc.) usando exames complementares de

diagnóstico como ecocardiograma, TC, RMN.

3º passo – Estratégia invasiva:

Urgente (<2horas)

- Angina persistente ou recorrente

com/sem alterações ST (≥2mm) ou onda

T negativa profunda resistente ao

tratamento antianginoso;

- Sintomas clínicos de ICC ou

instabilidade hemodinâmica;

- Arritmias (FV, TV).

Precoce (<72horas)

- Níveis de troponina elevados;

- Alterações dinâmicas no segmento ST

ou onda T (sintomáticas ou silenciosas);

35

- Diabetes mellitus;

- Disfunção renal

(TFG<60mL/min/173m2);

- FEVE<40%;

- angina precoce pós-enfarte;

- EM prévio;

- ICP recente (nos últimos 6 meses);

- CABG prévia;

- Risco baixo a intermédio no score

GRACE.

Eletiva ou não invasiva

- Angina não recorrente;

- Ausência de sinais de ICC;

- Ausência de alterações no ECG;

- Ausência de elevação das troponinas.

AI – angina instável; CABG - cirurgia de bypass das artérias coronárias; CRUSADE - Can Rapid risk

stratification of Unstable angina patients Suppress ADverse outcomes with Early implementation of the

ACC/AHA guidelines; EAMSSST – enfarte agudo do miocárdio sem supradesnivelamento de ST; ECG –

eletrocardiograma; EM – enfarte do miocárdio; FEVE – fração de ejeção do ventrículo esquerdo; FV –

fibrilhação ventricular; GRACE – Global Registry of Acute Coronary Events; hs-troponina – troponina de alta

sensibilidade; ICC – insuficiência cardíaca; ICP – intervenção coronária percutânea; TC – tomografia

computorizada; TFG – taxa de filtração glomerular; TV – taquicardia ventricular; RMN – ressonância magnética

nuclear.

Retirado e adaptado de Hamm et al.1.

Prognóstico

A mortalidade intra-hospitalar dos SCASSST, e portanto incluindo a AI, é de 5%. Aos 6

meses, a mortalidade é de 13%, sendo muito semelhante à dos EAMCSST que é de 12%.57

Porém, em estudos de follow-up a longo prazo, a mortalidade associada aos SCASSST é duas

vezes maior que no EAMCSST.58

Estas diferenças verificadas ao longo do tempo, podem ser devidas

ao fato de os doentes com SCASSST serem mais idosos, terem mais comorbilidades, designadamente

36

diabetes mellitus e IRC, uma DC e vascular mais extensa e poderem coexistir fatores que

desencadeiam um processo inflamatório crónico tão nocivo para as placas de ateroma.10

Novas abordagens terapêuticas

As novas abordagens terapêuticas decorrem muito das novas abordagens diagnósticas, das

novas formas de estratificação do risco isquémico (estratégia invasiva mais precoce nos doentes de

alto risco) ou ainda do risco de morte de causa cardíaca e ainda da estimativa do risco hemorrágico e

da existência de novos fármacos, que se pretendem mais eficazes e mais seguros. Na Tabela 6 pode

ver-se os procedimentos terapêuticos propostos nas diversas guidelines até 2007 e na Tabela 7 as

prospostas pela ESC em 20111.

Tabela 6 Tratamento de pacientes com angina instável (2007).

Oxigenoterapia: 4 a 8 L/min de oxigénio (quando SatO2 <90%)

Nitrato sublingual ou IV (atenção se PAS <90mmHg)

Morfina 3-5mg IV ou SC, dependendo da intensidade da dor

Atropina IV 0,5-1mg se bradicardia ou reação vagal

Bloqueador beta (sobretudo se hipertensão ou taquicardia sem sinais de ICC)

Antiagregantes plaquetários:

Aspirina - dose inicial 160 a 325mg seguido por 75-100mg/dia (IV se aceitável)

Clopidogrel - dose carga 300mg (ou 600mg)

Anticoagulantes:

HNF intravenosa 60-70UI/kg (máximo 5000 UI) seguido por infusão de 12-15UI/Kgh (máximo 1000 UI/h) titulado

para aPTT 1,5-2,5 vezes o controlo

Enoxaparina SC 1mg/kg duas vezes/dia

Dalteparina SC 120UI/kg duas vezes/dia

Nadroparina SC 86UI/Kg duas vezes/dia

aPTT – tempo de tromboplastina ativada; HNF – heparina não fracionada; ICC – insuficiência cardíaca; IV –

intravenosa; PAS – pressão arterial sistólica; SatO2 – saturação de oxigénio; SC – subcutânea; UI – unidade

internacional.

Retirado e adaptado de: The ESC Textbook of Cardiovascular Medicine10

.

37

Várias foram as modificações propostas pela ESC1, relativamente a outras guidelines

propostas em 2007 relativamente à abordagem das SCASSST. Na Tabela 7 pode ver-se as propostas

principais preconizadas pela ESC em 20111.

Tabela 7 Antiagregação plaquetária e anticoagulação nas SCASSST.

Antiagregantes (ESC 2011)1 Anticoagulantes (ESC 2011)1

-Aspirina a todos os doentes (sem contraindicação) na dose

carga de 150–300 mg, e na dose de manutenção de 75–100

mg diariamente a longo prazo independentemente da

estratégia de tratamento. (I,A)

- Inibidor P2Y12 deve ser adicionado à aspirina o mais dose

carga de 150–300 mg, e na dose de manutenção de 75–100

mg diariamente a longo prazo independentemente da

estratégia de tratamento. (I,A)

- Inibidor P2Y12 deve ser adicionado à aspirina o mais cedo

possível e mantido durante 12 meses, a não ser que haja

contraindicação (hemorragia). (I,A)

- IBP (não o omeprazol) em combinação com tratamento

antiplaquetário duplo em pacientes com hemorragia GI ou

úlcera péptica, infeção por Helicobacter pylori, doente≥65

anos, uso concomitante de anticoagulantes ou

corticosteroide. (I,A)

- Prolongada ou permanente suspensão dos inibidores P2Y12

após o evento índice é desencorajada a menos que

clinicamente indicado. (I,C)

- Ticagrelor na dose carga 180 mg e dose manutenção 90mg

duas vezes ao dia, em todos os pacientes com risco alto a

moderado, independentemente da estratégia de tratamento

inicial e incluindo os pré-tratados com clopidogrel

(suspender quando iniciar o ticagrelor). (I,B)

- Prasugrel na dose carga 60mg e dose manutenção 10mg

- em todos os doentes. (I,A)

- de acordo com o risco hemorrágico e isquémico, e perfil de

segurança-eficácia. (I,C)

-Fondaparinux 2,5 mg, SC uma vez/dia (melhor relação

eficácia-segurança). (I,A)

- HNF (bolus único, 85 IU/kg adaptado a aPTT, ou 60 UI se

uso com inibidor Gp IIb/IIIa) em adição ao fondaparinux na

altura da ICP. (I,B)

- Enoxaparina 1mg/kg duas vezes/dia se fondaparinux não

disponível. (I,B)

- HNF (aPTT: 50-70s) ou outras HBPM em doses

específicas, se fondaparinux ou enoxaparina não indicados.

(I,C)

- Bivalirudina + inibidor Gp IIb-IIIa é alternativa a HNF+

Inibidor Gp IIb-IIIa quando planeada estratégia invasiva

urgente ou precoce, particularmente em pacientes com alto

risco hemorrágico. (I,B)

- Manter até à alta na estratégia conservadora. (I,A)

- Descontinuar após procedimento invasivo a menos que

indicado continuar. (IIa,C)

- Não sobrepor de HNF e HBPM. (III,B)

38

diariamente em pacientes que nunca fizeram inibidor P2Y12

(especialmente diabéticos) nos quais a anatomia coronária é

conhecida e que são planeados para ICP a não ser que exista

alto risco de hemorragia ameaçadora de vida ou outras

contraindicações. (I, B)

- Clopidogrel na dose carga de 300mg e dose manutenção

75mg diariamente nos pacientes que não podem receber

ticagrelor ou prasugrel. (I, A)

- Clopidogrel na dose carga de 600mg (ou uma dose

suplementar de 300mg na ICP após uma dose de manutenção

inicial de 300mg) nos pacientes agendados para estratégia

invasiva quando o ticagrelor ou prasugrel não são opção. (I,

B)

- Alta dose de manutenção com 150 mg de clopidogrel

diariamente deve ser considerada nos primeiros 7 dias após

ICP e nos pacientes sem risco hemorrágico aumentado.

(IIa,B)

- O aumento da dose de manutenção de clopidogrel com base

nos testes de função plaquetária não é aconselhável como

rotina, mas pode ser considerado em casos selecionados.

(IIb,B)

- Clopidogrel: Genotipagem e/ou testes de função plaquetária

podem ser considerados em casos selecionados. (IIb,B)

- Considerar adiar cirurgia (incluindo CABG) durante 5 dias

após suspensão do ticagrelor ou clopidogrel e 7 dias para o

prasugrel, se possível e a menos que haja alto risco de

eventos isquémicos. (IIa,C)

- Ticagrelor ou clopidogrel devem ser recomeçados após a

CABG logo que seja seguro. (IIa,B)

- Não se recomenda combinação de AINES (inibidores

seletivos da COX-2 e não seletivos). (III,C)

39

aPTT – tempo de tromboplastina parcial ativado; AINES – anti-inflamatórios não esteroides; CABG – cirurgia

de bypass das artérias coronárias; Gp IIb-IIIa – glicoproteína IIb-IIIa; HBPM – Heparina de baixo peso

molecular; HNF – heparina não fracionada; IBP – inibidor da bomba de protões; ICP – intervenção coronária

percutânea; SC – subcutânea; UI – unidade internacional.

Até muito recentemente (antes das guidelines de 2011 da ESC1 terem sido publicadas) os

pilares do tratamento farmacológico das SCASSST assentavam fundamentalmente no controlo da dor

e da isquemia miocárdica (morfina, nitratos, bloqueadores beta e antagonistas do cálcio) da promoção

rápida de uma antiagregação plaquetária com a aspirina, o clopidogrel e em doentes de alto risco com

inibidores da Gp IIb-IIIa (eptifibatide ou tirofibano), na anticoagulação com o inibidor seletivo do

fator Xa administrado por via parentérica enoxaparina e na realização de cateterismo de intervenção

normalmente em diferido conforme a evolução ou risco estimado (score TIMI) para as SCA. No

entanto, para o clopidogrel foram descritas várias limitações, nomeadamente do foro farmacogenético

e de interações farmacológicas que limitavam e limitam a sua eficácia e, foram aparecendo

alternativas importantes, quer ao nível dos antiagregantes plaquetários (prasugrel, ticagrelor e

cangrelor entre outros), quer ao nível dos anticoagulantes (novos inibidores do fator Xa e inibidores

diretos da trombina) que importa realçar nesta revisão bibliográfica nos itens seguintes.

Novos antiagregantes plaquetários

Inibidores do recetor do ADP - P2Y12

A ativação plaquetária e a subsequente agregação têm um papel dominante na propagação da

trombose arterial e consequentemente são a chave da terapêutica da AI.1 O tratamento antiplaquetário

Outros fármacos em estudo Outros fármacos em estudo

Cangrelor

Elinogrel

Vorapaxar

Atopaxar

Otamixabano

Apixabano

Rivaroxabano

Dabigatrano

40

deve ser instituído o mais precocemente possível após o diagnóstico de modo a reduzir o risco tanto de

complicações isquémicas como de eventos aterotrombóticos recorrentes.1 O tratamento duplo com

aspirina e com um dos antagonistas do recetor P2Y12 (clopidogrel) está bem estabelecido na AI e

EAMSSST.59

Os antagonistas do recetor Gp IIb-IIIa (abciximab, eptifibatide e tirofibano) têm como

alvo a via comum final da agregação plaquetária e são potentes antiagregantes.1

O tratamento antiplaquetário com aspirina e clopidogrel tornou-se o tratamento padrão após

oestudo CURE59

que mostrou uma redução de 20% no endpoint conjunto primário de morte de causa

cardiovascular, EAM não fatal, ou AVC, em pacientes de baixo e alto risco que receberam tratamento

antiplaquetário duplo, comparado com o tratamento apenas com aspirina. Os benefícios do clopidogrel

foram observados nas primeiras 24h após o início do tratamento e persistiram até 12 meses. A

desvantagem no tratamento com clopidogrel esteve no risco aumentado de hemorragia major, embora

não na hemorragia ameaçadora de vida. Nos pacientes que descontinuaram o clopidogrel mais de 5

dias antes da cirurgia de revascularização do miocárdio (CABG) não ocorreu excesso de hemorragia;

no entanto, nos que continuaram tratamento nos 5 dias antes da CABG verificou-se maior risco de

hemorragia major comparado com o placebo (9,6% vs 6,3%, p=0,06).59

Por isso, as recomendações

atuais (ACCF/AHA e ESC) consideram descontinuar o clopidogrel 5 dias antes da CABG. 1, 60

Embora a aspirina e o clopidogrel sejam usados há vários anos, as suas doses ótimas

permanecem ainda por definir.

O estudo CURRENT-OASIS 761

, o maior estudo randomizado a comparar tratamento

antiplaquetário em pacientes submetidos a ICP, comparou dose “alta” de clopidogrel (600mg dose de

carga no dia 1, 150mg diariamente 2-7 dias e 75 mg diariamente 8-30 dias) com dose padrão de

clopidogrel (300mg dose de carga dia 1, 75mg 2-30 dias) e ainda dose alta de aspirina (300 a 325mg

diariamente 2-30 dias) com dose baixa de aspirina (75-100mg diariamente 2- 30 dias). Todos os

pacientes receberam dose de carga de aspirina de 300 ou mais mg no dia 1. O endpoint primário foi a

ocorrência de morte cardiovascular, EAM ou AVC aos 30 dias. Uma subanálise do CURRENT-

OASIS 762

, avaliou os pacientes que realmente se submeteram à ICP que estava planeada, verificando-

se que o clopidogrel na dose “alta” mostrou um maior benefício em reduzir os eventos

41

cardiovasculares (3,9% vs 4,5%, HR ajustado 0,86, IC 95% 0,74-0,99; p= 0,039;) e a trombose do

stent (0,7% vs 1,3%, p=0,0001) tanto nos pacientes que receberam stents metálicos como nos que

receberam stents revestidos com fármaco comparado com a dose padrão.62

A hemorragia major

ocorreu mais com a dose “alta” de clopidogrel (2,5% vs 2,0%, HR 1,24, IC 95% 1,05-1,46; p= 0,01),

mas não se registaram diferenças na ocorrência de hemorragia intracraniana, relacionada com CABG

ou hemorragia fatal.61

A hemorragia major também foi mais frequente no subgrupo submetido a ICP

(1,6% vs 1,1%, HR 1,41, IC 95% 1,09–1,83; p=0,009).62

Não houve diferenças significativas, no que

concerne aos grupos de doentes tratados com doses diferentes de aspirina, no que se refere à

incidência de outcome conjunto primário (morte cardiovascular, EAM ou AVC aos 30 dias) ou

hemorragia major.61, 62

Na Tabela 7 pode ver-se as indicações da aspirina e do clopidogrel e respetivos esquema

posológico, propostos pela ESC1 em 2011.

Embora o clopidogrel tenha sido a pedra angular do tratamento antiplaquetário nas guidelines

de 2007 as guidelines europeias atuais1 apostam no uso do prasugrel e do ticagrelor, sobretudo devido

às limitações associadas ao clopidogrel, nomeadamente:

(i) início lento de ação: o clopidogrel é um profármaco que necessita de biotransformação

hepática nos seus metabolitos ativos pelas enzimas do citocromo P450 (CYPs), o que atrasa o seu

efeito na inibição da atividade plaquetária 63

; o clopidogrel é metabolizado num processo oxidativo

envolvendo as isoenzimas das CYPs (CYP1A2, CYP2B6, e CYP2C19) que formam o 2-oxo-

clopidogrel que é depois oxidado no metabolito ativo pelas CYP2B6, CYP2C19, e CYP3A4. Assim, a

isoenzima CYP2C19 contribui significativamente para ambos os passos oxidativos necessários para a

formação do metabolito ativo do clopidogrel e a CYP3A4 contribuiu substancialmente para o segundo

passo. Estes fatos ajudam a explicar o papel do polimorfismo genético do CYP2C19 e também o efeito

dos inibidores potentes da CYP3A nas interações farmacocinéticas e farmacodinâmicas, clinicamente

relevantes associadas ao uso do clopidogrel64

; dos polimorfismos da CYP2C19 resultam concentrações

plasmáticas mais baixas do metabolito ativo e consequente menor inibição da agregação plaquetária e

maior taxa de eventos cardiovasculares adversos, incluindo trombose de stent.65

42

(ii) variabilidade interindividual na inibição plaquetária63

que poderá estar relacionada com

polimorfismos genéticos das isoenzimas das CYPs e/ou de uma proteína responsável pelo efluxo

intestinal de fármacos e redução efetiva da absorção.

(iii) por ser um inibidor irreversível, o efeito inibitório dura 8-10 dias, o que pelo risco

aumentado de hemorragia peri-procedimento é um problema para os pacientes que necessitam

CABG;59

(iv) interações com fármacos metabolizados pelas CYPs como os inibidores da bomba de

protões (IBP), frequentemente usados para prevenir a hemorragia gastrointestinal causada pelo

tratamento antiagregante/antitrombótico.66

O omeprazole mostrou diminuir significativamente o efeito

antiplaquetário do clopidogrel possivelmente por inibição da CYP2C19.67

Por outro lado, o estudo

recente COGENT66

não mostrou aumento significativo no risco de eventos cardiovasculares com o uso

concomitante de clopidogrel e omeprazole. A interação IBP-clopidogrel não parece ser uma classe

efeito, pois o uso de pantoprazol68, 69

, esomeprazol69

ou lanzoprazol70

não se associaram a redução da

inibição da função plaquetária pelo clopidogrel. Este assunto permanece na atualidade muito

controverso, aguardando-se os resultados de alguns estudos em curso para estabelecer a melhor

estratégia de evicção de interações com significado clínico entre o clopidogrel e os IBP.

Para fazer face às limitações referidas anteriormente, foram sintetizados novos fármacos

antiagregantes plaquetários. Na Tabela 8 pode ver-se as principais caraterísticas farmacológicas

(farmacocinéticas e farmacodinâmicas), vias de administração e esquemas posológicos, do prasugrel e

ticagrelor, os dois novos antiagregantes plaquetários recomendados pela ESC1 no tratamento das

SCASSST.

43

Tabela 8 Principais características do prasugrel e ticagrelor.

Prasugrel Ticagrelor

Profármaco/ativação CYP450 Sim Não

Ligação ao recetor P2Y12 Irreversível Reversível

Administração Oral (uma vez/dia) Oral (duas vezes/dia)

Tempo de latência 30 min 30 min

Semivida (t ½) 3-9h 12h

Duração do efeito (após suspensão da

administração)

8 dias 3-4 dias

Suspender antes de cirurgias major 7 dias 5 dias

Dose recomendada Dose carga 60mg;

Dose de manutenção 10mg

Dose carga 180mg;

Dose manutenção 90mg duas vezes ao dia

Ajustes posológicos na IRC Não Não

IRC – insuficiência renal crónica.

Informação retirada de Hamm et al.1 e, Farid et al.

71, Brandt et al.

72, Husted et al.

73, Van Giezen et al.

74, Small et

al.75

.

Prasugrel

O prasugrel é um fármaco ativo por via oral que é rapidamente absorvido e extensamente

metabolizado.71

O primeiro passo no metabolismo do prasugrel é a formação de um metabolito, que

resulta da ação das esterases plasmáticas e intestinais e que causam hidrólise do prasugrel.71

Depois é

metabolizado pelas CYP450 num metabolito ativo (R-138727) que se forma rapidamente com um Tmáx

médio de 0,5h.71

O prasugrel é completamente absorvido, tem uma semivida de 3 a 9h (os metabolitos)

e a principal via de eliminação é renal (70% da dose)71

e não há acumulação significativa dos

metabolitos em doentes com insuficiência renal ligeira e moderada (e em pacientes com doença renal

em estadio terminal, apesar da diminuição de 40% das concentrações de metabolito ativo do prasugrel,

a inibição plaquetária foi semelhante)75

e com insuficiência hepática ligeira e moderada76

.

O prasugrel, é um potente antagonista do recetor P2Y12, é mais eficientemente metabolizado

do que o clopidogrel, gerando níveis mais altos e mais consistentes de metabolito ativo. Comparado

44

com o clopidogrel permite melhor inibição da atividade plaquetária com menor variabilidade entre

pacientes e menos pacientes parecem ser hiporresponsivos ao prasugrel. 72,77-80

No tratamento com prasugrel, ao contrário do verificado com o clopidogrel, as variantes

genéticas do citocromo P450 (incluindo CYP2C19) não afetam os níveis de metabolito ativo, a

inibição da atividade plaquetária ou as taxas de eventos isquémicos.81, 82

Este fármaco pode ser assim

uma solução para ultrapassar a variabilidade genética de resposta ao clopidogrel.81, 83

Também o

polimorfismo genético relacionado com a proteína ABCB1 (efluxo intestinal de fármacos) não está

associado a efeito significativo sobre a inibição da agregação ou sobre a taxa de eventos

cardiovasculares em pacientes tratados com prasugrel.84

Este fármaco tem mostrado benefícios consistentes comparado com o clopidogrel (com ou

sem inibidores da Gp IIb-IIIa85

e com ou sem IBP) e é eficaz na prevenção da estenose dos stents

sejam metálicos ou revestidos com fármacos.86, 87

Vários estudos (por exemplo, PRINCIPLE-TIMI 4479

; TRITON-3888, 89

) têm mostrado as

vantagens do prasugrel comparativamente ao clopidogrel (rapidez de ação, concentrações mais

elevadas e mais consistentes dos metabolitos ativos, maior inibição da agregação, menor variabilidade

intraindividual, maiores taxas de resposta (incluindo em doentes diabéticos), uma mais significativa

diminuição dos eventos isquémicos (morte cardiovascular, EAM ou AVC).

No entanto, foram identificados três subgrupos de pacientes que parecem estar associados a

maior risco de hemorragia: doença cerebrovascular prévia; idade > 75 anos ou peso <60kg . Aqueles

doentes tiveram uma maior taxa de hemorragia TIMI major (5,0% vs 2,9%, p= 0,06), incluindo

hemorragia intracraniana (2,3% vs 0%, p=0,02).90

Tendo isto em conta, a US Food and Drug

Administration (FDA) recomendou reduzir a dose de manutenção de prasugrel para 5mg nestes

pacientes, o que reduziria a exposição ao metabolito ativo para níveis consistentes91

com aqueles de

indivíduos com <75 anos ou 60 ou mais kg. Esta dose será testada no TRILOGY ACS92

que está em

desenvolvimento.

Em pacientes com alta reatividade plaquetária, no tratamento após ICP, o prasugrel

(tratamento de manutenção 10mg/dia) mostrou-se mais eficaz em reduzir a reatividade plaquetária

45

comparado com o clopidogrel (tratamento de manutenção 150mg/dia), particularmente em portadores

do alelo CYP2C19*2. O clopidogrel, em contraste com o prasugrel, é frequentemente ineficaz na

presença do alelo CYP2C19*2.93

A genotipagem CYP2C19 pode apresentar potencial para guiar a

escolha do tratamento antiplaquetário em favor do prasugrel.94

Pormenorizando ainda mais o perfil de segurança do novo fármaco já antes aflorado, no

estudo TRITON-TIMI 38 (prasugrel vs clopidogrel) verificou-se um aumento da incidência de

hemorragia major, hemorragia ameaçadora de vida e hemorragia fatal nos que receberam prasugrel

(2,4% vs 1,8%, p=0,03). Os doentes com AVC ou AIT prévios, peso corporal <60kg, e idade> 75 anos

apresentaram risco maior de eventos hemorrágicos com o prasugrel. Os eventos adversos observados

naquele ensaio clínico foram trombocitopenia (0,3% no grupo do prasugrel e do clopidogrel, p = 0,86);

a neutropenia que ocorreu menos com o prasugrel (<0,1% vs 0,2% , p = 0,02); e neoplasias do cólon

que ocorreram mais no grupo do prasugrel (0,2% vs 0,1%, p = 0,03).86, 88

No entanto, a FDA

determinou que não há evidência suficiente que sugira que o prasugrel seja carcinogénico ou um

promotor de tumores e pediu estudos para avaliar o potencial risco de cancro.95

Em conclusão, reforçando o que já foi afirmado, a FDA aprovou o uso de prasugrel mas

aponta uma contraindicação para a sua aplicação em pacientes com história de AIT ou AVC ou com

hemorragia ativa. A FDA alerta ainda contra o uso de prasugrel em pacientes com ≥75 anos devido ao

risco aumentado de hemorragia intracraniana e fatal e à incerteza no benefício, exceto em situações de

alto risco (pacientes com história prévia de EAM ou diabetes), em que o benefício parece superar os

riscos e assim o seu uso pode ser considerado. É recomendado baixar a dose de manutenção para 5mg

em pacientes que pesam menos de 60kg, embora a eficácia e segurança dessa dose ainda não tenha

sido estudada.95

Na Tabela 8 pode ver-se as indicações do prasugrel e o seu esquema posológico, propostos

pela ESC1.

46

Ticagrelor

O ticagrelor é o primeiro agente de uma nova classe química de agentes antiplaquetários, e

embora não seja uma tienopiridina, também bloqueia o recetor plaquetário P2Y12. Dado por via oral,

precisa de apenas 1,5-3,0 h para atingir o pico plasmático, permitindo um rápido efeito antiplaquetário.

A sua semivida é de aproximadamente 12h e o seu efeito antiplaquetário é baixo 48h após a última

dose.74

Liga-se reversivelmente ao recetor P2Y12 sem necessitar de ativação metabólica. O

ARC124910XX é um metabolito ativo do ticagrelor mas o composto original mostrou explicar a

maioria do efeito antiplaquetário.73, 74

O ticagrelor produz mais rápida, maior e mais consistente inibição da agregação plaquetária,

de forma reversível e dependente da dose, do que o clopidogrel96, 97

pois está constantemente presente

no plasma (concentrações plasmáticas estáveis e sustentadas) sendo capaz de atuar sobre as novas

plaquetas que entrem em circulação. Além disso, suprime adicionalmente a agregação plaquetária nos

pacientes que já estão a receber clopidogrel pelo que parece poder resolver o problema da alta

reatividade plaquetária em pacientes tratados com este último.97

Vários estudos compararam a eficácia e a segurança do ticagrelor com o clopidogrel. Naqueles

estudos (por exemplo, o DISPERSE97

e o, PLATO-TRIAL98

) não houve evidência de diferenças em

relação à incidência de hemorragia major97, 98

mas ocorreu um aumento na incidência de hemorragia

minor quando o ticagrelor foi dado na dose mais alta97

e aumento na taxa de hemorragia não

relacionada com CABG98

. Não há diferenças na segurança e tolerabilidade entre o ticagrelor e o

clopidogrel apesar do ticagrelor causar uma maior inibição da agregação plaquetária, quase o dobro da

do clopidogrel. 97

O ticagrelor com uma semivida de 12 h mostrou ser mais flexível permitindo após a

sua suspensão um início mais rápido de procedimentos cirúrgicos.97

Isto evitaria a necessidade dos

pacientes esperarem 5 dias pela CABG, como recomendado pelas guidelines europeias1.

Relativamente ao perfil de segurança, os estudos publicados têm mostrado uma alta incidência de

dispneia97, 98

, hipotensão97

, e náuseas97

com o ticagrelor e também um ligeiro aumento nos níveis de

ácido úrico97, 98

e da creatinina98

e um maior número de pausas ventriculares assintomáticas97, 98

. Nos

diversos estudos, não se notaram diferenças significativas na taxa de hemorragia com o uso de

47

ticagrelor na dose de 90mg ou 180mg duas vezes ao dia e a taxa de hemorragia com o uso de

clopidogrel na dose de 75mg diária.97

O uso dos IBP conjuntamente com o ticagrelor não está

associado a maior reatividade plaquetária ao contrário do que se verifica para o clopidogrel.96

Além

disso, o ticagrelor é mais eficaz do que o clopidogrel independente dos polimorfismos da CYP2C19 e

ABCB1, eliminando a necessidade de testes genéticos antes do tratamento antiplaquetário duplo.99

O ticagrelor parece ser uma melhor opção (do que o clopidogrel) em pacientes com SCA para

os quais uma estratégia invasiva precoce está planeada, incluindo angiografia com subsequente

revascularização (PCI ou CABG) se apropriado. O ticagrelor mostrou reduções significativas na

mortalidade cardiovascular e total, na incidência de EAM, e trombose do stent, sem um aumento no

risco de hemorragia major.100

Também em pacientes em que está planeada uma estratégia não-

invasiva, o ticagrelor consegue obter uma maior inibição da agregação plaquetária com uma

importante redução nos eventos isquémicos e na mortalidade sem causar aumento da hemorragia

major comparado com o clopidogrel.101

Em pacientes que precisam de ser submetidos a CABG, o ticagrelor consegue uma maior

inibição da agregação plaquetária e apenas precisa de ser suspenso dois a três dias antes do

procedimento em vez dos cinco a sete dias necessários com o clopidogrel, conseguindo uma redução

substancial na mortalidade total (5 % redução absoluta por ano) e cardiovascular (3,8% de redução

absoluta por ano), redução maior do que a conseguida com o clopidogrel, sem diferenças significativas

na incidência de hemorragia major.102

Como já mencionado, alguns estudos97, 98

revelaram uma maior incidência de dispneia no

tratamento com ticagrelor comparado com o tratamento com clopidogrel, que tende a ocorrer

precocemente no curso do tratamento e frequentemente é ligeira podendo, menos frequentemente, ser

moderada a grave.103

Storey et al.104

procuraram avaliar o efeito do ticagrelor sobre a função pulmonar

em pacientes com SCA comparando ticagrelor 90mg duas vezes ao dia com 75 mg de clopidogrel por

dia. Os resultados mostraram que não houve diferenças entre os dois grupos no que se refere aos

parâmetros de função pulmonar. Mas é preciso ter em conta que neste estudo foram excluídos

pacientes com doença pulmonar avançada pois poderiam desenvolver deterioração da função

48

pulmonar não relacionada com o ticagrelor levando a conclusões erradas. A dispneia resolve

espontaneamente ou com a descontinuação da medicação na maioria dos pacientes. O mecanismo

através do qual o ticagrelor se relaciona com a dispneia ainda permanece desconhecido e portanto

mais investigação é necessária.104

Scirica et al.105

para tentarem esclarecer as arritmias verificadas no estudo PLATO98

mostraram que a proporção de pacientes com pausas ventriculares de três ou mais segundos durante a

primeira semana foi maior nos que receberam ticagrelor comparado com o clopidogrel (5,8% vs 3,6%)

e com o diagnóstico de AI (7,3% vs 3,1%) comparado com EAMSSST (5,7% vs 3,8%) ou EAMCSST

(5,0% vs 3,9%). Num mês, as pausas com três ou mais segundos ocorreram globalmente menos

frequentemente e foram semelhantes entre os grupos (2,1% vs 1,7%). Estas pausas foram sobretudo

noturnas, de origem sino-auricular (4,3% vs 2,2%) sem diferença nas pausas no nó AV (1,4% vs

1,2%). Tal como no estudo PLATO98

, os eventos bradicárdicos ocorreram menos frequentemente que

as pausas ventriculares e não houve diferenças entre o ticagrelor e o clopidogrel no que se refere a

outros eventos adversos bradicárdicos incluindo síncope, colocação de pacemaker, paragem cardíaca

ou morte súbita. Também não se verificou risco aumentado de taquiarritmias ventriculares ou

supraventriculares observadas com o uso de ticagrelor comparado com o clopidogrel. Tal como no

estudo PLATO98

, também a mortalidade total foi menor nos pacientes tratados com ticagrelor do que

com clopidogrel (2,4% vs 3,9%). Conclui-se portanto, que as pausas ventriculares ocorrem mais em

pacientes tratados com ticagrelor, a maioria são assintomáticas, de origem sino-auricular, noturnas e

ocorrem mais frequentemente na fase aguda dos SCA.105

Na Tabela 8 pode ver-se as indicações do ticagrelor e o seu esquema posológico, propostos

pela ESC1.

Cangrelor

O cangrelor é um potente agente da família das ciclopentiltriaolo-pirimidinas. É o primeiro

disponível para administração exclusivamente por via IV, liga-se de forma reversível ao recetor

P2Y12 apresentando um rápido início de ação e não requerendo conversão hepática no seu metabolito

49

ativo. O cangrelor administrado em bolus IV seguido de infusão contínua em voluntários saudáveis

oferece rápida, completa, e reversível inibição dos recetores P2Y12 o que se pode traduzir em

importantes benefícios clínicos comparado com os inibidores do P2Y12 atualmente disponíveis. O

cangrelor apresenta uma curta semivida de 3,3 minutos. Uma extensa inibição da agregação

plaquetária é alcançada dentro de 2 minutos da administração do bolus. A administração parentérica

de cangrelor contornaria assim os atrasos associados ao tratamento com tienopiridinas orais e seu

efeito é rapidamente reversível (após descontinuação da infusão, a quase completa recuperação da

função plaquetária é observada dentro de 60 a 90 minutos), permitindo o seu uso seguro quando o

paciente requer cirurgia urgente.106, 107

O cangrelor consegue uma inibição da agregação plaquetária

mais sustentada do que o clopidogrel.108

Após o tratamento IV com cangrelor é necessário uma transição para o tratamento oral, pelo

que o timing e a sequência de descontinuação do cangrelor e começo do tratamento oral pode ser

importante para assegurar um bloqueio P2Y12 continuado.109

Há, no entanto, controvérsias em relação

ao timing de transição. Por um lado, se o tratamento oral foi iniciado precocemente de tal forma a que

o cangrelor ainda esteja presente em alta concentração ao mesmo tempo que o prasugrel ou o

clopidogrel, o bloqueio irreversível por estes últimos não ocorre e o efeito antiplaquetário não é

atingido até que uma segunda dose destes seja administrada e, por outro lado, se houver algum tempo

entre a descontinuação do cangrelor e o início do tratamento oral, existe um período em que nenhum

bloqueio P2Y12 está a ser alcançado.110

No estudo CHAMPION-PCI 111

, foram comparados o cangrelor e o clopidogrel (600 mg) em

pacientes com SCA requerendo ICP e foi mostrado que o cangrelor não apresentou vantagens

adicionais às do clopidogrel. Em relação ao risco de hemorragia major, as diferenças entre ambos não

foram estatisticamente significativas. Apesar de nesse estudo111

(e também no CHAMPION-

PLATFORM 112

) o cangrelor não mostrar superioridade em relação ao clopidogrel em todos os

pacientes com SCA, alguns indivíduos tal como pacientes em alto risco poderiam beneficiar deste

agente IV para reduzir complicações como a trombose do stent e poderia ser vantajoso nos pacientes

que não podem fazer tratamento antiplaquetário oral em situações de emergência como por exemplo

50

em pacientes entubados, nauseados ou altamente sedados. No entanto, será necessária maior

investigação.

Dadas as incertezas relativas à eficácia do cangrelor no tratamento das SCA aguardam-se mais

resultados de estudos em curso para estabelecer a sua verdadeira utilidade no tratamento

antiplaquetário dos SCA.

Elinogrel

O elinogrel é um novo inibidor direto e reversível do recetor P2Y12 com uma rápida atividade

on-off. É o primeiro inibidor P2Y12 a poder ser administrado tanto por via oral como por via IV. Este

antiplaquetário está ainda em estudo para averiguar a sua aplicabilidade no tratamento das SCA (AI

inclusive).113

Leonardi et al.113

num estudo em pacientes submetidos a ICP não urgente, mostraram que

o elinogrel se associa a maior e mais rápida inibição da agregação plaquetária comparado com o

clopidogrel sem aumento significativo da incidência de hemorragia. Mais avaliação é no entanto

necessária antes de considerar a sua aplicação nas SCA.

Inibidores PAR-1 (atopaxar e vorapaxar)

Os inibidores PAR-1 (protease activated receptor-1) são uma nova classe de agentes que

inibem uma via alternativa de ativação plaquetária mediada pela trombina através do recetor PAR-

1.114, 115

O vorapaxar e o atopaxar estão em estudo para aplicação nas SCA.

O atopaxar é um fármaco ativo por via oral, reversível, que interfere seletivamente com a

ativação plaquetária mediada pela trombina (através do recetor PAR-1) sem interromper a geração de

fibrina dependente da trombina ou a ativação plaquetária dependente do ADP, podendo ser uma opção

terapêutica com risco diminuído de hemorragia comparado com os antitrombóticos e antiplaquetáros

tradicionais. Num estudo recente, O'Donoghue et al.115

, mostraram que o atopaxar (50,100 e 200mg 1

vez/dia) após dose carga de 400mg em pacientes após SCA reduziu em 33% a incidência de isquemia

detetada pelo Holter às 48h sem causar aumento significativo da hemorragia. Embora seja bem

51

tolerado, verificou-se elevação das transamínases hepáticas e prolongamento relativo do intervalo QT

corrigido (QTc) com as doses mais altas.115

O vorapaxar é outro potente, seletivo e reversível antagonista PAR-1. Tem por base o produto

natural himbacina. Após administração oral é absorvido rapidamente com alta biodisponibilidade,

metabolizado e eliminado por via biliar e gastrointestinal, com semivida de 126-269h.114

É

metabolizado pelas CYP3A4 e CYP2J2 no seu metabolito M20 que é farmacologicamente equipotente

ao vorapaxar.116

A doença renal em estadio terminal não parece influenciar a sua farmacocinética e

farmacodinâmica.117

Becker et al.114

, mostraram que o vorapaxar é bem tolerado, seguro e consegue uma inibição

sustentada da ativação e agregação plaquetárias entre pacientes com SCA submetidos a ICP sem

causar aumento da hemorragia quando administrado concomitantemente com aspirina e clopidogrel.114

Porém, mais recentemente, Tricoci et al.118

, mostraram que o vorapaxar em adição à aspirina e

inibidor do recetor P2Y12, além de se associar a redução não significativa nos eventos

cardiovasculares em pacientes com SCASSST, causa aumento significativo na hemorragia, incluindo

hemorragia major e intracraniana.

O uso destes agentes como tratamento nas SCA requer assim maior investigação.

Anticoagulantes

O tratamento anticoagulante deve ser adicionado ao tratamento antiplaquetário em todos os

doentes com SCASSST. A seleção do anticoagulante deve ser feita de acordo, tanto com o risco

isquémico e hemorrágico, como com o perfil de eficácia e segurança do agente escolhido. Os

anticoagulantes atualmente disponíveis são a HNF, HBPM (usualmente a enoxaparina), fondaparinux

e a bivalirudina (usada apenas na estratégia invasiva).1 Novos agentes com estudos publicados

recentemente estão em investigação, nomeadamente o apixabano, rivaroxabano, otamixabano e

dabigatrano. Na Figura 3 pode ver-se os novos anticoagulantes e o seu alvo terapêutico preferencial.

52

Figura 3 Alvo terapêutico preferencial dos anticoagulantes (adaptado de Hamm et al.1).

(ATIII – antitrombina III; Fator Va – fator V ativado; Fator Xa – fator X ativado)

A escolha entre HNF, HBPM, fondaparinux ou bivalirudina depende da estratégia inicial

(invasiva urgente, invasiva precoce ou conservadora). O fondaparinux é o anticoagulante mais

recomendado por apresentar um perfil de segurança e de eficácia mais favorável.1 A enoxaparina só

deve ser usada em detrimento do fondaparinux quando este último não está disponível.1 Na altura da

ICP, o anticoagulante deve ser mantido independentemente de se tratar de HNF, enoxaparina ou

bivalirudina enquanto um único bolus de HNF adicional (85UI/kg adaptado ao aPTT, ou 60 UI no

caso de uso concomitante de inibidores da Gp IIb-IIIa) é necessária no caso do anticoagulante inicial

ser o fondaparinux. A descontinuação da anticoagulação deve ser considerada após um procedimento

invasivo (a menos que tenha outra indicação formal).1 No caso da estratégia conservadora, o

fondaparinux, a enoxaparina ou outras HBPM e a HNF devem ser mantidas até à alta hospitalar.1

A HNF e as HBPM reduzem os eventos isquémicos mas aumentam significativamente o risco

de hemorragia e não reduzem a mortalidade. Por isso, há necessidade de novos agentes que preservem

Inibidores Indiretos Inibidores Diretos

Apixabano

Rivaroxabano

Otamixabano Fondaparinux

Heparinas de baixo peso

molecular (enoxaparina)

Bivalirudina

Dabigatrano

Dabigatran

Fator Xa + Fator Va

Protrombina Trombina

Fibrinogénio Fibrina

ATIII

ATIII

ATIII

53

os benefícios da redução dos eventos isquémicos ao mesmo tempo que reduzem a mortalidade e o

risco hemorrágico. Na Tabela 9 pode ver-se as principais caraterísticas farmacológicas de

anticoagulantes, com utilidade terapêutica já demonstrada nas SCA (fondaparinux) outros com

potencial terapêutico em estudo.

Tabela 9 Anticoagulantes.

ATIII – antitrombina III; fator Xa – fator X ativado; IV – intravenosa; SC – subcutânea.

Informação retirada de Hamm et al.1 e, Simoons et al.

119, Donat et al.

120, Sabatine et al.

121, Alexander et al.

122,

Mega et al.123

, Alexander et al.124

, Oldgren et al.125

, Rhagavan et al.126

, Paccaly et al.127

, Kubitza et al.128

,

Strangier et al.129

.

Fondaparinux Otamixabano Apixabano Rivaroxabano Dabigatrano

Mecanismo de

ação

Inibidor indireto

do fator Xa

Inibidor direto do

fator Xa

Inibidor direto do

fator Xa

Inibidor direto do

fator Xa

Inibidor direto da

trombina

Dose

recomendada ou

em estudo

2,5mg/dia 0,080mg/kg/h

seguido por infusão

de 0,1–0,14

mg/kg/h

10 mg/dia (5mg

duas vezes ao

dia)

2,5mg duas

vezes/dia

50-150mg duas

vezes/dia

Modo de

administração

SC IV Oral Oral Oral Oral

Excreção Renal (excretado

inalterado na

urina - >80%)

Eliminado

maioritariamente

inalterado (através

do sistema biliar e

com <25% de

excreção renal)

Renal (após

metabolização

hepática)

Renal e fecal ou

biliar

Eliminado

inalterado;

clearance renal

(80%) e

excreção

biliar(20%)

Semivida (t½) 17-21h 30 min 12h 5-9h 12-14h

Ligação às

proteínas

>97% com

ligação específica

à ATIII

Não necessita de

ligação à ATIII

Não necessita de

ligação à ATIII

Não necessita de

ligação à ATIII

35% ligação às

proteínas

plasmáticas

54

Inibidores do fator Xa

Fondaparinux

O fondaparinux adquiriu particular relevância terapêutica como agente antitrombótico nas

SCA1, motivo pelo qual se desenvolve a descrição das propriedades deste pentassacarídeo sintético

que inibe indiretamente o fator Xa por meio da ligação reversível à antitrombina III. O fondaparinux

apresenta um rápido início de ação e é completa e rapidamente absorvido após administração SC,

apresentando biodisponibilidade de 100%. Não há evidências que o fondaparinux seja metabolizado,

sendo mais de 80% eliminado inalterado na urina. Uma vez que a farmacocinética do fondaparinux é

previsível, com baixa variabilidade inter- e intraindividual, e longa semivida (17-21 h), o que permite

que seja administrado numa única dose diária, não é necessária monitorização laboratorial na prática

clínica.120

Além disso, parece ser seguro em pacientes com trombocitopenia induzida pela heparina.

O efeito do fondaparinux nos pacientes com AI foi avaliado no estudo PENTUA119

que

mostrou que a dose diária de 2,5 mg de fondaparinux apresenta taxa mais baixa de eventos (morte,

EAM, e isquemia recorrente após 9 dias) tanto comparado com a enoxaparina como com as doses

mais altas de fondaparinux. As taxas de hemorragia foram baixas e não diferiram entre os grupos.

Devido ao seu perfil de segurança e eficácia favorável, administração numa única dose diária e

desnecessária monitorização, o fondaparinux é o anticoagulante preferencialmente recomendado pelas

guidelines da ESC.1

O estudo OASIS-5130

envolvendo 20078 pacientes de alto risco com SCA sem elevação do

segmento ST, comparou fondaparinux na dose única diária de 2,5mg com enoxaparina na dose

standard de 1mg/kg duas vezes ao dia. O fondaparinux não mostrou ser inferior à enoxaparina na

redução da incidência do outcome primário (morte, EAM ou isquemia refratária aos 9 dias; 5,8% vs

5,7%, respetivamente). A taxa de mortalidade foi significativamente reduzida aos 30 dias (2,9% vs

3,5%, HR 0,83, IC 95% 0,71-0,97; p = 0,02) e aos 6 meses (5,8% vs 6,5%, HR 0,89, IC 95% 0,80-

1,00; p = 0,05) pelo fondaparinux. Além disso, este agente reduziu a taxa de hemorragia major em

50% comparado com a enoxaparina, verificando-se uma taxa acentuadamente mais baixa de

55

hemorragia major que a enoxaparina aos 9 dias (2,2% vs 4,1%, p<0,001) e o efeito manteve-se até ao

fim do estudo. Os resultados relativos à combinação dos endpoints primários (morte, EAM, isquemia

refratária) ou hemorragia major aos 9 dias favorece assim o fondaparinux (7,3% vs 9,0%, HR 0,81;

p<0,001). A eficácia manteve-se durante os 6 meses de estudo. A incidência de morte, EAM, ou AVC

(endpoint primário) foi também significativamente menor com fondaparinux (11,3% vs 12,5%, HR

0,89; p=0,007). O fondaparinux na dose diária de 2,5mg mostra-se assim semelhante à enoxaparina na

redução dos eventos isquémicos com vantagem por se associar a menor hemorragia. Essa baixa taxa

de hemorragia parece associar-se de forma direta com menor mortalidade e morbilidade a longo

prazo.130

Metha et al.131

, num subestudo do OASIS-5, avaliaram a eficácia e segurança do fondaparinux

em comparação com a enoxaparina em pacientes submetidos a ICP, mostraram que as taxas de eventos

isquémicos foram semelhantes entre o fondaparinux e a enoxaparina (6,3% vs 6,2%, HR 1,03, IC 95%

0,84-1,25; p=0,79), mas o uso de fondaparinux associou-se a uma menor incidência de hemorragia

major quando comparado com o uso de enoxaparina. De salientar que embora a trombose do cateter

tenha ocorrido apenas em <1% dos pacientes, ela ocorreu mais frequentemente com o fondaparinux do

que com a enoxaparina (0,9% vs 0,4%, respetivamente) e que os pacientes com trombose de cateter

experienciaram maiores taxas de eventos isquémicos. Adicionar HNF durante a ICP reduz o risco de

trombose do cateter e não se associa a maior risco de hemorragia. Por isso, as guidelines atuais1

recomendam adicionar um bolus único de HNF ao fondaparinux na altura da ICP.

Otamixabano

O otamixabano é um anticoagulante reversível, com rápido início de ação após um bolus

inicial e uma semivida de 30 min oferecendo rápida atividade on-off, o que é uma caraterística

desejável na abordagem invasiva do tratamento das SCA. O otamixabano é essencialmente eliminado

na sua forma inalterada, através do sistema biliar com menos de 25% de excreção renal, sugerindo que

não há necessidade de modificação da dose em caso de insuficiência renal.127

O otamixabano pode

prolongar o aPTT. Porém, a monitorização não é necessária uma vez que há uma correlação muito

56

forte entre o efeito farmacodinâmico antifactor Xa do otamixabano e a sua concentração plasmática132

Ao contrário da HNF e das HBPM, o otamixabano não causa trombocitopenia induzida pela heparina.

Cohen et al.133

, compararam o otamixabano com HNF em pacientes submetidos a ICP

mostrando existir uma significativa relação dose-resposta das doses de otamixabano na atividade

antifactor Xa. Altas doses de otamixabano não se associam significativamente a mais hemorragia e

apresentam maior atividade antifator Xa.

Mais recentemente, o estudo SEPIA-ACS1 TIMI 42121

, comparou 5 doses de otamixabano

(0,08 mg/kg bolus seguido por infusões de 0,035, 0,070, 0,105, 0,140, ou 0,175 mg/kg/h) com HNF

combinada com eptifibatide. As doses de 0,105 ou 0,140 mg/kg/h foram associadas a 40% de redução

na morte ou eventos isquémicos comparado com a HNF mais eptifibatide. Doses de 0,070mg/kg/h ou

menos foram associadas com aumentos de pelo menos o dobro na necessidade de inibidores da Gp IIb-

IIIa e complicações trombóticas durante a ICP. Doses de 0,105 e 0,140 mg/kg/h não se associaram a

significativo excesso de hemorragia. Por outro lado, a dose mais alta resultou, de forma significativa,

em mais hemorragia. Assim, o otamixabano dado na dose de 0,080mg/kg/h seguido por infusão IV de

0,105–0,140 mg/kg/h parece ser a escolha mais razoável para novos estudos.121

Apixabano

O apixabano é um inibidor direto do fator Xa administrado por via oral, ainda em estudo, para

a prevenção secundária das SCA.134

É relativamente bem absorvido atingindo concentrações de pico

aproximadamente 3h após a administração com uma semivida de 12h. As múltiplas vias de eliminação

sugerem que pacientes com disfunção hepática ou renal podem ser tratados com este agente que

apresenta ainda baixo potencial para interações.126

O estudo APPRAISE122

, que envolveu 1715 pacientes com SCA (dos quais 8% tinham tido

AI) mostrou que o apixabano não reduziu os eventos isquémicos (não houve diferença significativa

comparado com o placebo) e associou-se a aumento da incidência de hemorragia de forma dependente

da dose. Esse aumento na incidência de hemorragia foi menor e a redução nos eventos isquémicos foi

mais pronunciada nos pacientes a tomar aspirina do que nos que tomaram aspirina mais clopidogrel.

57

Assim, o balanço entre os benefícios e os riscos do apixabano depende da utilização do tratamento

antiplaquetário usado.122

Um estudo mais recente de Alexander et al.124

teve que ser suspenso devido

ao excesso de hemorragia verificado com o apixabano, permanecendo incerto o seu efeito sobre os

eventos isquémicos. Será portanto necessária mais avaliação para aplicação deste fármaco nos SCA.

Rivaroxabano

O rivaroxabano é um inibidor direto do fator Xa, administrado por via oral que apresenta uma

grande biodisponibilidade. A semivida é de 5-9h, é excretado via renal e biliar. Não necessita de ajuste

de dose nem de monitorização da coagulação.128, 135

O estudo ATLAS ACS TIMI-46135

, avaliou o rivaroxabano como terapia adjuvante em

pacientes após SCA mostrando que esse agente apresenta resultados semelhantes em uso

concomitante, quer apenas com aspirina ou com aspirina mais clopidogrel, associando-se a um

aumento dependente da dose nos eventos hemorrágicos e a tendência para diminuição no conjunto de

outcomes morte, EAM, AVC, ou isquemia severa recorrente requerendo revascularização e a uma

significativa redução do conjunto de morte, EAM, ou AVC. Não se verificaram outros eventos

adversos com o rivaroxabano, a não ser dor torácica e alterações na alanina aminotransferase que

ocorreram de forma similar com o rivaroxabano e com placebo.

Duas doses de rivaroxabano (2,5 mg e 5,0 mg, duas vezes/dia) foram recentemente avaliadas

no estudo ATLAS-ACS 2 TIMI 51123

em pacientes com SCA recente. O rivaroxabano reduziu o risco

do enpoint conjunto de morte cardiovascular, EAM ou AVC comparado com placebo (8,9% vs 10,7%,

HR 0,84, IC 95% 0,74-0,96; p=0,008) e o efeito foi benéfico com ambas as doses. A dose de 2,5 mg

duas vezes/dia mostrou reduzir a taxa de morte por causas cardiovasculares (2,7% vs 4,1%, p=0,002) e

por qualquer causa (2,9% vs 4,5%, p=0,002) o que não aconteceu com a dose 5mg duas vezes/dia. O

rivaroxabano associou-se, no entanto, a um aumento no risco de hemorragia major e intracraniana mas

sem aumento significativo na hemorragia fatal ou outros eventos adversos. A dose mais baixa

58

associou-se a menos eventos hemorrágicos fatais. Assim, a adição de uma muito baixa dose de

rivaroxabano poderá ser uma nova estratégia de tratamento em pacientes com SCA recente. 123

Inibidores diretos da trombina

Bivalirudina

A bivalirudina é um inibidor direto da trombina, administrado por via IV, e a sua eficácia em

pacientes com SCA planeados para abordagem invasiva tem sido evidenciada por vários estudos.

Uma metanálise recente (2011)136

de 5 estudos randomizados (CACHET137

, REPLACE-2138

,

PROTECT-TIMI-30139

, ACUITY140

, HORIZONS-AMI141

), que comparam a bivalirudina com

heparina mais inibidores da Gp IIb-IIIa em pacientes submetidos a ICP, mostrou queo uso da

bivalirudina comparada com o uso da heparina e inibidores da GpIIb-IIIa, associou-se a taxas

semelhantes de eventos adversos isquémicos em pacientes submetidos a ICP, com tendência para um

maior risco de EAM. No entanto, a bivalirudina associou-se a uma taxa significativamente menor de

hemorragia comparado com a verificada com heparina mais inibidores Gp IIb-IIIa. O estudo ISAR-

REACT 3 142, 143

apresentou conclusões semelhantes.

Dabigatrano

O dabigatrano, um inibidor oral e direto da trombina, apresenta uma rápida atividade on-off e

um efeito anticoagulante previsível, não necessitando de monitorização da coagulação. Não é

metabolizado pelas CYP450, tem baixo potencial para interações e não é afetado por insuficiência

hepática ligeira a moderada. Com exceção dos indivíduos com insuficiência renal moderada, pode ser

prescritos em necessidade de ajuste posológico.129

Oldgren et al.125

, mostraram que o tratamento com dabigatrano (50 a 150 mg duas vezes/dia)

se associa a um aumento de quatro vezes (comparado com placebo) no risco de hemorragia de forma

dependente da dose em pacientes com SCA recente a fazer tratamento antiplaquetário duplo (aspirina

59

com clopidogrel). Porém, o dabigatrano reduziu significativamente a atividade da coagulação e pode

ter potencial para reduzir os eventos cardiovasculares quando adicionado ao tratamento antiplaquetário

duplo em doses mais altas.125

Estes resultados foram consistentes com os obtidos com o rivaroxabano

e apixabano.

Conclusão

A AI como parte das SCA é um desafio para novas terapêuticas. Embora a elaboração do

diagnóstico se baseie na clínica, ECG e MNM, novas abordagens têm sido avançadas no sentido de

proporcionar um diagnóstico mais precoce e confiável. Nesse sentido as guidelines atuais propõem a

aplicação de um protocolo rápido de 3 horas com base no doseamento de troponina de alta

sensibilidade, uso de ecocardiografia em todos os doentes e aplicação da AngioTC coronária para

excluir SCA de forma rápida e segura em pacientes de baixo e médio risco como alternativa à

angiografia. A estratificação de risco é um passo essencial e a base para a tomada de decisões

terapêuticas. Novos scores são recomendados para avaliar o risco isquémico (score GRACE) e

hemorrágico (score CRUSADE) ajudando a decidir pela melhor estratégia de tratamento. Atualmente

a abordagem invasiva tem vindo a tornar-se a abordagem preferencial nos pacientes com SCASSST

em detrimento da estratégia conservadora, sendo mais precoce ou tardia de acordo com o risco do

doente. O mecanismo fisiopatológico mais comum subjacente à AI é a rutura de placa com formação

de trombo não oclusivo pelo que o tratamento chave inclui antiagregantes plaquetários e

anticoagulantes. Novos tratamentos emergiram com o intuito de ultrapassar as limitações dos

existentes, objetivando a redução de eventos aterotrombóticos e menos complicações hemorrágicas. O

prasugrel e o ticagrelor são atualmente alternativas ao clopidogrel e têm um papel efetivo no

tratamento antiagregante atual. O prasugrel tem vantagens em relação ao clopidogrel embora pareça

estar associado a risco hemorrágico em determinados subgrupos de pacientes cujo uso está

contraindicado. O ticagrelor embora apresente mais rápida e melhor inibição da atividade plaquetária

que o clopidogrel, parece associar-se a dispneia, pausas ventriculares, hipotensão, náuseas e ligeiro

60

aumento da creatinina e ácido úrico sem risco aumentado de hemorragia major. Os novos agentes,

nomeadamente o cangrelor, o elinogrel e os inibidores PAR-1 são alternativas promissoras mas ainda

necessitam de mais estudos até a sua aplicação ser considerada nas SCA. No tratamento

anticoagulante o fondaparinux é agora preferido à enoxaparina por entre outras vantagens se associar a

redução na mortalidade e a menor hemorragia. A bivalirudina é utilizada no tratamento invasivo. Os

novos anticoagulantes (otamixabano, apixabano, rivaroxabano e dabigatrano) parecem associar-se a

redução dos eventos isquémicos, no entanto, esse benefício é contrabalançado por um risco aumentado

de hemorragia. Aguardam-se assim mais estudos que corroborem a sua utilidade nas SCA.

Agradecimentos

Ao Professor Doutor Manuel Joaquim Lopes Vaz da Silva, por ter aceitado orientar este

trabalho, pelas suas sugestões e espírito crítico e ainda por toda a disponibilidade demonstrada.

À minha família e amigos pelo apoio incondicional ao longo de todo o meu percurso

académico.

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without a glycoprotein IIb/IIIa inhibitor in patients with acute coronary syndromes undergoing

percutaneous intervention: a TRITON-TIMI 38 (Trial to Assess Improvement in Therapeutic

Outcomes by Optimizing Platelet Inhibition With Prasugrel-Thrombolysis In Myocardial

Infarction 38) analysis. J Am Coll Cardiol, 2009; 54:678-85.

86. Wiviott SD, Braunwald E, McCabe CH et al. Intensive oral antiplatelet therapy for reduction

of ischaemic events including stent thrombosis in patients with acute coronary syndromes

treated with percutaneous coronary intervention and stenting in the TRITON-TIMI 38 trial: a

subanalysis of a randomised trial. Lancet, 2008; 371:1353-63.

70

87. Pride YB, Wiviott SD, Buros JL et al. Effect of prasugrel versus clopidogrel on outcomes

among patients with acute coronary syndrome undergoing percutaneous coronary intervention

without stent implantation: a TRial to assess Improvement in Therapeutic Outcomes by

optimizing platelet inhibitioN with prasugrel (TRITON)-Thrombolysis in Myocardial

Infarction (TIMI) 38 substudy. Am Heart J, 2009; 158:e21-6.

88. Wiviott SD, Braunwald E, McCabe CH et al. Prasugrel versus clopidogrel in patients with

acute coronary syndromes. N Engl J Med, 2007; 357:2001-15.

89. Morrow DA, Wiviott SD, White HD et al. Effect of the novel thienopyridine prasugrel

compared with clopidogrel on spontaneous and procedural myocardial infarction in the Trial

to Assess Improvement in Therapeutic Outcomes by Optimizing Platelet Inhibition with

Prasugrel-Thrombolysis in Myocardial Infarction 38: an application of the classification

system from the universal definition of myocardial infarction. Circulation, 2009; 119:2758-64.

90. Antman EM, Wiviott SD, Murphy SA et al. Early and late benefits of prasugrel in patients

with acute coronary syndromes undergoing percutaneous coronary intervention: a TRITON-

TIMI 38 (TRial to Assess Improvement in Therapeutic Outcomes by Optimizing Platelet

InhibitioN with Prasugrel-Thrombolysis In Myocardial Infarction) analysis. J Am Coll

Cardiol, 2008; 51:2028-33.

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medicallY manage Acute Coronary Syndromes (TRILOGY ACS) trial. Am Heart J, 2010;

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71

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(PLATelet inhibition and patient Outcomes) PLATELET substudy. J Am Coll Cardiol, 2010;

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99. Wallentin L, James S, Storey RF et al. Effect of CYP2C19 and ABCB1 single nucleotide

polymorphisms on outcomes of treatment with ticagrelor versus clopidogrel for acute coronary

syndromes: a genetic substudy of the PLATO trial. Lancet, 2010; 376:1320-8.

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patients with a planned invasive strategy for acute coronary syndromes (PLATO): a

randomised double-blind study. Lancet, 2010; 375:283-93.

101. James SK, Roe MT, Cannon CP et al. Ticagrelor versus clopidogrel in patients with acute

coronary syndromes intended for non-invasive management: substudy from prospective

randomised PLATelet inhibition and patient Outcomes (PLATO) trial. BMJ, 2011; 342:d3527.

72

102. Held C, Asenblad N, Bassand JP et al. Ticagrelor versus clopidogrel in patients with acute

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coronary syndrome treated with ticagrelor or clopidogrel (from the Platelet Inhibition and

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105. Scirica BM, Cannon CP, Emanuelsson H et al. The incidence of bradyarrhythmias and clinical

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continuous electrocardiographic assessment substudy. J Am Coll Cardiol, 2011; 57:1908-16.

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73

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blind trial testing INtraveNous and Oral administration of elinogrel, a selective and reversible

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syndromes on dual antiplatelet therapy: a randomized, double-blind, phase II trial. Eur Heart J,

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75

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138. Lincoff AM, Bittl JA, Harrington RA et al. Bivalirudin and provisional glycoprotein IIb/IIIa

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percutaneous coronary intervention: REPLACE-2 randomized trial. JAMA, 2003; 289:853-63.

76

139. Gibson CM, Morrow DA, Murphy SA et al. A Randomized Trial to Evaluate the Relative

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percutaneous coronary interventions in patients with stable and unstable angina pectoris: 1-

year results of the ISAR-REACT 3 trial. Eur Heart J, 2010; 31:582-7.

143. Kastrati A, Neumann FJ, Mehilli J et al. Bivalirudin versus unfractionated heparin during

percutaneous coronary intervention. N Engl J Med, 2008; 359:688-96.

Anexo

A Revista Portuguesa de Cardiologia, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, é uma publicação científica internacional destinada ao estudo das doenças cardiovasculares.

Publica artigos em português na sua edição em papel e em portu-guês e inglês na sua edição online, sobre todas as áreas da Medicina Cardiovascular. Se os artigos são publicados apenas em inglês, esta versão surgirá simultaneamente em papel e online. Inclui regularmen-te artigos originais sobre investigação clínica ou básica, revisões te-máticas, casos clínicos, imagens em cardiologia, comentários editoriais e cartas ao editor. Para consultar as edições online deverá aceder através do link www.revportcardiol.org.

Todos os artigos são avaliados antes de serem aceites para publi-cação por peritos designados pelos Editores (peer review). A sub-missão de um artigo à Revista Portuguesa de Cardiologia implica que este nunca tenha sido publicado e que não esteja a ser avaliado para publicação noutra revista.

Os trabalhos submetidos para publicação são propriedade da Re-vista Portuguesa de Cardiologia e a sua reprodução total ou parcial deverá ser convenientemente autorizada. Todos os autores deverão enviar a Declaração de Originalidade, conferindo esses direitos à RPC, na altura em que os artigos são aceites para publicação.

Envio de manuscritosOs manuscritos para a Revista Portuguesa de Cardiologia são en-viados através do link http://www.ees.elsevier.com/repc. Para enviar um manuscrito, é apenas necessário aceder ao referido link e seguir todas as instruções que surgem.

Responsabilidades ÉticasOs autores dos artigos aceitam a responsabilidade definida pelo Comité Internacional dos Editores das Revistas Médicas (consultar www.icmje.org).

Os trabalhos submetidos para publicação na Revista Portuguesa de Cardiologia devem respeitar as recomendações internacionais sobre investigação clínica (Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial, revista recentemente) e com animais de laboratório (So-ciedade Americana de Fisiologia). Os estudos aleatorizados deverão seguir as normas CONSORT.

Informação sobre autorizaçõesA publicação de fotografias ou de dados dos doentes não devem identificar os mesmos. Em todos os casos, os autores devem apre-sentar o consentimento escrito por parte do doente que autorize a sua publicação, reprodução e divulgação em papel e na Revista Portu-guesa de Cardiologia. Do mesmo modo os autores são responsáveis por obter as respectivas autorizações para reproduzir na Revista Portuguesa de Cardiologia todo o material (texto, tabelas ou figuras) previamente publicado. Estas autorizações devem ser solicitadas ao autor e à editora que publicou o referido material.

Conflito de interessesCada um dos autores deverá indicar no seu artigo se existe ou não qualquer tipo de Conflito de Interesses.

Declaração de originalidadeO autor deverá enviar uma declaração de originalidade. Ver anexo IProtecção de dadosOs dados de carácter pessoal que se solicitam vão ser tratados num ficheiro automatizado da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) com a finalidade de gerir a publicação do seu artigo na Revista Por-tuguesa de Cardiologia (RPC). Salvo indique o contrário ao enviar o artigo, fica expressamente autorizado que os dados referentes ao seu nome, apelidos, local de trabalho e correio electrónico sejam publica-dos na RPC, bem como no portal da SPC (www.spc.pt) e no portal online www.revportcardiol.org, com o intuito de dar a conhecer a autoria do artigo e de possibilitar que os leitores possam comunicar com os autores.

INSTRUÇÕES AOS AUTORESTodos os manuscritos deverão ser apresentados de acordo com as normas de publicação. Pressupõe-se que o primeiro autor é o repon-sável pelo cumprimento das normas e que os restantes autores conhe-cem, participam e estão de acordo com o conteúdo do manucrito.

1. Artigos OriginaisApresentação do documento:• Com espaço duplo, margens de 2,5 cm e páginas numeradas.• Não deverão exceder 5.000 palavras, contadas desde a primeira à última página, excluindo as tabelas.• Consta de dois documentos: primeira página e manuscrito• O manuscrito deve seguir sempre a mesma ordem: a) resumo estru-turado em português e palavras-chave; b) resumo estruturado em inglês e palavras-chave; c) quadro de abreviaturas em português e em inglês; d) texto; e) bibliografia; f) legendas das figuras; g) tabelas (opcional) e h) figuras (opcional)-

Primeira páginaTítulo completo (menos de 150 caracteres) em português e em inglês.

Nome e apelido dos autores pela ordem seguinte: nome próprio, seguido do apelido (pode conter dois nomes)

Proveniência (Serviço, Instituição, cidade, país) e financiamento caso haja.

Endereço completo do autor a quem deve ser dirigida a corres-pondência, fax e endereço electrónico.

Faz-se referência ao número total de palavras do manuscrito (ex-cluindo as tabelas).

Resumo estruturadoO resumo, com um máximo de 250 palavras, está dividido em quatro partes: a) Introdução e objectivos; b) Métodos; c) Resultados e d) Conclusões.

Deverá ser elucidativo e não inclui referências bibliográficas nem abreviaturas (excepto as referentes a unidades de medida).

Inclui no final três a dez palavras-chave em português e em inglês. Deverão ser preferencialmente seleccionadas a partir da lista publica-da na Revista Portuguesa de Cardiologia, oriundas do Medical Subject

Normas de publicação da Revista Portuguesa de Cardiologia

Headings (MeSH) da National Libray of Medicine, disponível em: www.nlm.nihgov/mesh/meshhome.html.

O resumo e as palavras-chave em inglês devem ser apresentados da mesma forma.

TextoDeverá conter as seguintes partes devidamente assinaladas: a) In-trodução; b) Métodos; c) Resultados; d) Discussão e e) Conclusões. Poderá utilizar subdivisões adequadamente para organizar cada uma das secções.

As abreviaturas das unidades de medida são as recomendadas pela RPC (ver Anexo II).

Os agradecimentos situam-se no final do texto.

BibliografiaAs referências bibliográficas deverão ser citadas por ordem numérica no formato ‘superscript’, de acordo com a ordem de entrada no texto.

As referências bibliográficas não incluem comunicações pessoais, manuscritos ou qualquer dado não publicado. Todavia podem estar incluídos, entre parêntesis, ao longo do texto.

São citados abstracts com menos de dois anos de publicação, identificando-os com [abstract] colocado depois do título.

As revistas médicas são referenciadas com as abreviaturas utiliza-das pelo Index Medicus: List of Journals Indexed, tal como se publi-cam no número de Janeiro de cada ano. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/citmatch_help.html#JournalLists.

O estilo e a pontuação das referências deverão seguir o modelo Vancouver 3.

Revista médica: Lista de todos os autores. Se o número de autores for superior a três, incluem-se os três primeiros, seguidos da abreviatu-ra latina et al. Exemplo:

17. Sousa PJ, Gonçalves PA, Marques H et al. Radiação na AngioTC cardíaca; preditores de maior dose utilizada e sua redução ao lon-go do tempo. Rev Port cardiol, 2010; 29:1655-65Capítulo em livro: Autores, título do capítulo, editores, título do

livro, cidade, editora e páginas. Exemplo: 23. Nabel EG, Nabel GJ. Gene therapy for cardiovascular disease. En: Haber E, editor. Molecular cardiovascular medicine. New York: Scientific American 1995. P79-96.Livro: Cite as páginas específicas. Exemplo: 30. Cohn PF. Silent myocardial ischemia and infarction. 3rd ed. New York: Mansel Dekker; 1993. P. 33.Material electrónico: Artigo de revista em formato electrónico.

Exemplo: Abood S. Quality improvement initiative in nursing homes: the ANA acts it an advisory role. Am J Nurs. [serie na internet.] 2002 Jun citado 12 Ago 2002:102(6): [aprox. 3] p. Disponível em: http://www.nursingworld.org/AJN/2002/june/Wawatch.htm. A Bibliografia será enviada como texto regular, nunca como nota de rodapé. Não se aceitam códigos específicos dos programas de gestão bibliográfica.

1. FigurasAs figuras correspondentes a gráficos e desenhos são enviadas no for-mato TIFF ou JPEG de preferência, com uma resolução nunca inferior a 300 dpi e utilizando o negro para linhas e texto. São alvo de numera-ção árabe de acordo com a ordem de entrada no texto.• A grafia, símbolos, letras, etc, deverão ser enviados num tamanho que, ao ser reduzido, os mantenha claramente legíveis. Os detalhes especiais deverão ser assinalados com setas contrastantes com a figura.• As legendas das figuras devem ser incluídas numa folha aparte. No final devem ser identificadas as abreviaturas empregues por ordem alfabética.

• As figuras não podem incluir dados que dêem a conhecer a proveniência do trabalho ou a identidade do paciente. As fotogra-fias das pessoas devem ser feitas de maneira que estas não sejam identificadas ou incluir-se-á o consentimento por parte da pessoa fotografada.

TabelasSão identificadas com numeração árabe de acordo com a ordem de entrada no texto.

Cada tabela será escrita a espaço duplo numa folha aparte.• Incluem um título na parte superior e na parte inferior são refe-ridas as abreviaturas por ordem alfabética.• O seu conteúdo é auto-explicativo e os dados que incluem não figuram no texto nem nas figuras.

2. Cartas ao EditorDevem ser enviadas sob esta rubrica e referem-se a artigos publica-dos na Revista. Serão somente consideradas as cartas recebidas no prazo de oito semanas após a publicação do artigo em questão.• Com espaço duplo, com margens de 2,5 cm.• O título (em português e em inglês), os autores (máximo quatro), proveniência, endereço e figuras devem ser especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.• Não podem exceder as 800 palavras.• Podem incluir um número máximo de duas figuras. As tabelas estão excluídas.

3. Casos ClínicosDevem ser enviados sob esta rubrica.• A espaço duplo com margens de 2,5 cm.• O título (em português e em inglês) não deve exceder 10 palavras

Os autores (máximo oito) proveniência, endereço e figuras serão especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.

O texto explicativo não pode exceder 3.000 palavras e contem in-formação de maior relevância. Todos os símbolos que possam constar nas imagens serão adequadamente explicados no texto.

Contêm um número máximo de 4 figuras e pode ser enviado mate-rial suplementar, como por exemplo vídeoclips.

4. Imagens em Cardiologia• A espaço duplo com margens de 2,5 cm.• O título (em português e em inglês) não deve exceder oito palavras• Os autores (máximo seis), proveniência, endereço e figuras serão especificados de acordo com as normas anteriormente referidas pa-ra os artigos originais.• O texto explicativo não pode exceder as 250 palavras e contem informação de maior relevância, sem referências bibliográficas. To-dos os símbolos que possam constar nas imagens serão adequada-mente explicados no texto.• Contêm um número máximo de quatro figuras.

5. Material adicional na WEBA Revista Portuguesa de Cardiologia aceita o envio de material electrónico adicional para apoiar e melhorar a apresentação da sua investigação científica. Contudo, unicamente se considerará para publicação o material electrónico adicional directamente relacionado com o conteúdo do artigo e a sua aceitação final dependerá do critério do Editor. O material adicional aceite não será traduzido e publicar-se-á electronicamente no formato da sua recepção.

Para assegurar que o material tenha o formato apropriado reco-mendamos o seguinte:

Normas de publicação da revista portuguesa de cardiologia

ANEXO IISímbolos, abreviaturas de medidas ou estatística

Formato Extensão Detalhes

Texto Word .doc ou docx Tamanho máximo 300 Kb

Imagem JPG .jpg Tamanho máximo 10MB

Audio MP3 .mp3 Tamanho máximo 10MB

Vídeo WMV .wmv Tamanho máximo 30MB

Os autores deverão submeter o material no formato electró-nico através do EES como arquivo multimédia juntamente com o artigo e conceber um título conciso e descritivo para cada arquivo.

Do mesmo modo, este tipo de material deverá cumprir também todos os requisitos e responsabilidades éticas gerais descritas nes-sas normas.

O Corpo Redactorial reserva-se o direito de recusar o material electrónico que não julgue apropriado.

ANEXO I

DECLARAÇÃO

Declaro que autorizo a publicação do manuscrito:

Ref.ª ........................................................................................

Título ...........................................................................................

........................................................................................................

.........................................................................................................

........................................................................................................

do qual sou autor ou c/autor.

Declaro ainda que presente manuscrito é original, não foi objecto de qualquer outro tipo de publicação e cedo a inteira propriedade à Revista Portuguesa de Cardiologia, ficando a sua reprodução, no todo ou em parte, dependente de prévia autorização dos editores.

Nome dos autores:

.............................................................................................

..................................................................................................

.........................................................................................................

Assinaturas:

Normas de publicação da revista portuguesa de cardiologia

Designação

AmpereAnoCentímetro quadradoContagens por minutoContagens por segundoCurieElectrocardiogramaEquivalenteGrau CelsiusGramaHemoglobinaHertzHoraJouleLitroMetroMinutoMolarMoleNormal (concentração)OhmOsmolPesoPressão parcial de CO2

Pressão parcial de O2

QuilogramaSegundoSemanaSistema nervoso centralUnidade InternacionalVoltMilivoltVolumeWatts

Estatística:

Coeficiente de correlaçãoDesvio padrão (standard)Erro padrão (standard) da médiaGraus de liberdadeMédiaNão significativaNúmero de observaçõesProbabilidadeTeste «t» de Student

Português

Aanocm2

cpmcpsCiECGEq°CgHbHzhJL ou LmminMmolNΩosmolpesopCO2

pO2

kgsSemSNCUIVmVVolW

rDPEPMglχNSnpteste t

Inglês

Ayrcm2

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pO2

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