Abril de 2013: A bondade

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DISTRIBUA BONDADE e dê sentido à vida Meu momento de glória Incentivo na hora certa Bumerangue Sempre volta para nós MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

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A bondade costuma custar pouco ou nenhum dinheiro e é algo de que todos somos capazes. Todo mundo quer ser tratados com bondade e esta edição o ajudará a incluir mais positividade, ânimo, boa vontade, consideração e compaixão na sua vida.

Transcript of Abril de 2013: A bondade

DISTRIBUA BONDADE e dê sentido à vida

Meu momento de glóriaIncentivo na hora certa

BumerangueSempre volta para nós

MUDE SUA V I DA . MUDE O MUNDO .

Volume 14, Número 4

C O N TATO P E S S OA LA judan do a n ó s m e smo s

Certa vez, Jesus contou a história de um jovem que deixou a casa do pai na esperança de se tornar rico, mas acabou desperdiçando sua parte dos bens da família em uma vida dissoluta. Por fim, sem um tostão e humilhado, voltou para casa, já preparado para ser recebido com ira ou, pelo menos, com uma

atitude condescendente. O pai, contudo, o recebeu de braços abertos e com lágrimas de alegria.

O Novo Testamento também traz o relato sobre um homem que viajava de Jericó para Jerusalém, quando foi assaltado, espancado e abandonado por morto. Pouco depois, passaram pelo local da agressão um sacerdote e um levita, que não ajudaram a vítima. Na sequência, foi a vez de um homem de Samaria (tribo desprezada pelos judeus nos dias de Jesus), que, ao ver o mori-bundo, teve compaixão, levou-o até uma hospedaria e arcou com suas despesas de hospedagem e alimentação do homem, até sua plena recuperação.

Das parábolas contadas por Jesus, a do Filho Pródigo e a do Bom Samaritano estão entre as mais conhecidas das contadas por Jesus e têm como tema central a bondade. Na primeira, que retrata um pai amoroso e perdoador, Jesus descreve a bondade de Deus para conosco, uma qualidade incondicional que é parte da Sua essência. Na segunda, convoca-nos a sermos bons com os demais, inclusive com aqueles de quem não gostamos ou que não gostam de nós.

Muitas vezes, é preciso um esforço para ser bom. Não é algo natural em nós, como o é para Deus, mas as recompensas são reais. Como diz o ditado, “Se você for bom com os outros, eles serão bons com você”. É por isso que o rei Salomão disse há três mil anos: “O homem bondoso faz bem à sua própria alma.”1 Eu diria que isso é bem promissor.

Mário Sant’AnaEditor

1. Provérbios 11:17

© 2013 Aurora Production AG.

www.auroraproduction.com

Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil.

Tradução: Mário Sant'Ana e Tiago Sant'Ana

A menos que esteja indicado o contrário, todas as referências

às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia

Sagrada” — Tradução de João Ferreira de Almeida — Edição

Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

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Editor Mário Sant'AnadEsign Gentian Suçidiagramação Angela HernandezProdução Samuel Keating

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Na primavera do meu primeiro ano no Ensino Médio, algumas garotas sugeriram que treinássemos para a partida de bas-quete entre calouras e veteranas. Gostei da ideia e fui na onda. Minha parti-cipação no treino foi ruim. Eu estava mais atenta às colegas que ao jogo. Mas, apesar da profunda irritação que causei às jogadoras mais competitivas, decidi que jogaria naquela que se tornou minha primeira e última participação em uma equipe de basquete.

As veteranas dominaram o jogo do primeiro ao último minuto e minhas companheiras estavam encontrando sérias dificuldades. Passei a bola umas duas vezes, como uma batata quente, doando-me por feliz que não estava mais nas minhas mãos.

Contudo, a segundos do fim do jogo, a outra equipe estava dois pontos à frente. Foi quando uma de minhas

amigas conseguiu interceptar uma bola e a arremessou tão longe quanto podia na minha direção —para meu desespero. Pegar a bola não foi difícil, mas e agora? Nenhuma colega de equipe estava perto da cesta.

A sensação é que eu havia congelado no tempo, sem saber o que fazer, até que vi o rosto de Stan, um dos garotões atléticos da minha sala, sentado na primeira fila da arquibancada lotada. Ele gritou: “Arremesse! Você consegue!”

Lembro de olhar para a cesta, fazer pontaria e jogar a bola de onde eu estava, no meio da quadra. A memória do que aconteceu a seguir é um pouco nublada. Por alguma obra milagrosa, no último segundo, bola entrou de chuá e ganhamos o jogo!

Cercada por todos em meu momento de glória, meus olhos vasculhavam a multidão em busca de Stan. Quando finalmente apareceu

para me cumprimentar, eu lhe disse: “Obrigado, Stan, por mostrar confiança em mim quando precisei. Você achou que eu conseguiria e consegui.”

Todos precisamos de alguém que nos estimule quando não conseguimos distinguir os rostos na multidão, quando não somos capazes de entender o que nos dizem ou quando nosso passo vacila. Alguém como Stan, para nos dizer para ir em frente na hora da hesitação e nos dar a confiança necessária para tentar o impossível, alguém que diga “Você consegue!” Apesar dos parabéns que recebemos em nosso momento de glória, sabemos no fundo quem merece o mérito.

Joyce Suttin é professora e escritora. Mora em San Antonio, Texas, EUA. ■

Joyce Suttin

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Faz alguns meses, durante um voo, havia uma menina sentada à minha frente, do outro lado do corredor. Tinha um lindo livro de colorir que a mãe, obviamente, havia comprado especialmente para a viagem. Na mesma fila se encontrava outra garota, pro-vavelmente da mesma idade, cujo pai ocupava o assento atrás do seu. Ela não tinha um livro de colorir ou nada que ocupasse seu tempo.

A primeira logo se pôs a colorir usando os lápis-de-cera que espalhara na mesa da poltrona, dos quais a segunda não tirava os olhos. Fiquei com pena da que não tinha nada, então pedi a Deus que a primeira se sensibilizasse e deixasse a vizinha de poltrona partilhar da diversão. E foi o que aconteceu: destacou uma página do livro e deu para a outra, com quem também dividiu os lápis de colorir.

Inclinei-me através do corredor e disse para a dona do livro de colorir que fora muito bonito o que ela havia feito. A menina ficou toda sorridente e feliz por alguém ter notado. Não sei que efeito aquele rápido diálogo terá

no futuro, mas gosto de pensar que, da próxima vez que ela tiver de fazer uma escolha entre compartilhar algo ou não, se lembrará da mulher que a parabenizou por haver tomado a decisão certa.

Todo mundo deseja ser reconhecido. Acredito que Deus queira animar as pessoas, mas, muitas vezes, precisa de nós para isso. Se achar que lhe faltam tempo, energia e expertise para isso, não se preocupe. Muitos temos esse problema. Contudo, todos podemos ser generosos com nossas palavras de ânimo e espalhar o amor de Deus por onde formos. Em apenas alguns minutos, podemos fazer uma diferença no ponto de ônibus, no metrô, ao atraves-sar a rua, na escola, via Internet, durante um passeio, etc. Nossas palavras não precisam ser profundas ou eloquentes —mas simples o bastante para atender à necessidade de amor, esperança, significado ou consolo.

Ao fazer contato com alguém, podemos nos perguntar: O que posso dizer para essa pessoa que a ajude de alguma forma? Que posso dizer para animar seu espírito, alegrar seu dia e fazer com que se sinta bem com ela mesma, valorizada, reconhecida, digna e que sua contribuição é relevante?

DISTRIBUA GENT ILEZAMaria Fontaine, adaptação

1. Provérbios 25:11

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Já notou quanto tempo Cristo passou fazendo atos de bondade —meros atos de bondade? Se analisarmos veremos que muito do que Ele fez era simplesmente para fazer as pessoas felizes, sendo bom para elas.

Deus deixou a nosso encargo a felici-dade daqueles que nos cercam e isso em grande parte se consegue pela maneira como as tratamos.

"A melhor ação" —alguém já disse, "que um homem pode realizar pelo Seu Pai Celeste, é ser bom com Seus outros filhos." Por que será que não somos mais bondosos, considerando que é algo tão fácil? Um ato de bondade tem ação imediata e é inesquecível. As recompensas que produz são abundantes

Certa vez ouvi que "o melhor que alguém pode fazer pelo seu Pai Celestial é ser bom com Seus outros filhos." Fiquei pensando no que nos impede de sermos mais bondosos. É uma necessidade tão grande! A bondade jamais é esquecida. Seus efeitos são imediatos e a recompensa é abundante. Não há devedor que tão bem e tão generosamente quite uma dívida como o amor. —Henry Drummond (1851–1897) ■

A glória da vida É amar, não ser amado; É servir, não ser servido; Ser para os outros uma mão forte na

escuridão E em tempo de necessidade; Ser uma taça de alento a qualquer alma Numa crise de fraqueza Isso é conhecer a glória da vida—Autor anônimo ■

Todos gostam de saber que o que fazem é importante. As pessoas gostam quando elas e o que fazem têm reconhecimento. É possível que nossas palavras de encorajamento sejam apenas um degrau na escalada de alguém. Talvez vejamos os resultados de nossa atitude, ou talvez não. Mas o importante é darmos nossa contribuição. Como o amor nunca falha, não importa se acontecer de a pessoa não perceber nosso encorajamento naquele momento. O que vale é que se sintam amadas, valorizadas e reconhecidas. É um privilégio poder distribuir bondade.

Mesmo se nosso contato com alguém for rápido, uma “pala-vra dita a seu tempo”1 alimentará na pessoa a fé em si própria e que há pessoas no mundo que são boas, ternas e atenciosas. Isso pode levá-la a pensar no Homem de Amor, inspirador dessas qualidades. Se nada mais, pode ser uma semente que você plantou ou regou, que no futuro produzirá fruto.

Maria Fontaine e seu marido, Peter Amsterdam, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. ■

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Numa tarde ensolarada, já se vão uns 70 anos, uma jovem e seus amigos assistiam a uma partida de futebol, encantados com a emoção do jogo e a habilidade dos jogadores. De repente, a bola caiu do outro lado da cerca, próximo de onde estavam as crianças.

“Seria ótimo ter uma bola para brincarmos” —observou um dos meninos. “Vamos ficar com ela.”

Mas uma menina discordou. “Não é certo. Não é nossa”, insistindo que devolvessem a bola para o campo.

Aquele simples gesto de bondade aconteceu no coração da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, no início da década de 1940. Os jogadores eram britânicos prisioneiros de guerra em um campo localizado na periferia da cidade. Alguns dos jovens protestaram, alegando que os jogadores eram prisioneiros e questionando por que ficariam com a bola, quando as crianças não tinham nenhuma.

A prática da bondade exige consideração, esforço e tempo. É preciso também coragem. Coragem

para assumir uma postura, mesmo que sozinho, diante de uma questão. Coragem para dar, especialmente quando não se tem muito. Coragem para dizer não à indiferença. Coragem para agir em conformidade com o que sabe ser o certo —especialmente quando a escolha certa parece tão óbvia que “com toda certeza, outra pessoa, com mais tempo e recursos notará e fará algo a respeito.”

Há força de caráter na bondade —a força moral e mental de se posicionar, doar, acreditar, perseverar, ser leal às suas convicções, mesmo que signifique enfrentar desafios ou arcar com con-sequências. Há bondades que deixam uma impressão permanente.

Faz quase três quartos de séculos, mas é possível que ainda haja sobrevi-ventes que presenciaram aquela cena de verão —e se houver, imagino que ainda se lembrem da minha avó, a garota da vila, que devolveu a bola de futebol.

Olivia Bauer trabalha em uma organização sem fins lucrati-vos em Winnipeg, Canadá. ■

O ferro é forte, mas o fogo o derrete. O fogo é forte, mas a água o apaga. A água é forte, mas o sol a evapora. O sol é forte, mas as nuvens podem encobri-lo. As nuvens são fortes, mas o vento pode afastá-las. O vento é forte, mas o homem pode suportá-lo. O homem é forte, mas o medo o derruba. O medo é forte, mas o vinho o afasta. O vinho é forte, mas o sono o supera. O sono é forte, mas a morte é mais forte. E a bondade sobrevive à morte. —Rabino Judah bar Ila, segundo século Demonstrar consideração pelos outros levará seus filhos mais longe do que qualquer título de educação superior. —Marian Wright Edelman (nascida em 1939)

A coragem para ser boa Olivia Bauer 

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O V E N TO E O S O L—Um fábula de Esopo Certa vez, o sol e o vento tiveram uma conversa, na qual o impetuoso e contencioso vento afirmava ser o mais forte dos dois.

— Provarei que tenho mais força. Vê aquele velho lá em baixo? Aposto que serei mais rápido do que você em fazê-lo tirar o casaco!

O sol suspirou e se escondeu atrás de uma nuvem. O vento soprou e soprou, até quase formar um tufão. Entretanto, quanto mais soprava, mais o velho segurava o casaco junto ao corpo. Foi assim até que, desistindo, o vento se acalmou.

Então, o sol saiu detrás da nuvem e sorriu gentil-mente para o velho. Não demorou muito, este, após limpar a testa com um lenço, tirou o casaco.

O sol ensinou ao vento que bondade e gentileza são mais fortes do que fúria e força. ■

U M S O R R I S O Não requer muitoPara aplainar um pouco o caminhoÀs vezes só um pouco de bondadeÉ como tirar do dedo um espinhoAlgo muito simples, talvez uma palavraQue traga vigor e força ao cansadoOu quem sabe nada mais que um sorrisoDê novo espírito ao desesperançadoE, como um raio de luz, que se esgueirePara o quarto escuro iluminarUm espírito alegre pode A dor mais forte driblar—Autor anônimo ■

1. Mateus 7:12

2. Ver Efésios 4:32.

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Decida fazer pelo menos uma pessoa feliz por dia. Ao cabo de dez anos, você terá tornado 3.650 pessoas felizes, ou iluminado uma pequena cidade com a sua contribuição para o fundo da alegria geral. —Sydney Smith (1771–1845)

O sol derrete o gelo; a bondade faz o mesmo com mal-entendidos, desconfianças e hostilidades. —Albert Schweitzer (1875–1965)

A bondade nas palavras gera confiança; no pensamento, profundi-dade; na doação, amor. —Laozi (século VI a.C.)

Onde houver um ser humano, há uma chance para a bondade. —Seneca (4 b.C – 65 d.C.)

A melhor parte da vida de um homem bom são seus pequenos, não citados e esquecidos atos de amor. —William Wordsworth (1770–1850)

Palavras sábias muitas vezes caem em terreno estéril, mas a palavra de bondade jamais é lançada fora . —Sir Arthur Helps (1813–1875)

Um simples ato de bondade lança em todas as direções raízes, das quais nascem novas árvores. O maior benefício que a bondade faz pelos outros é que os torna bons. —Amelia Earhart (1897–1937)

Ajuda o barco de teu irmão na travessia e verás que o teu também ao outro lado chegou. —Provérbio indiano

Uma boa ação nunca é desperdiçada. O que semeia cortesia, colhe amizade. O que planta bondade colhe amor . — Basílio de Cesareia (329–379)

Seja bom. Lembre-se que todo mundo que você encontra está travando uma batalha difícil. —Harry Thompson (1960–2005)

A bondade vale mais que a beleza. —Jean d’Arras (século XV)

O maior princípio na natureza humana é que ela anseia ser valorizada. —William James (1842–1910)

A bondade gera bondade. — Sófocles (496–406 a.C.)

Palavras ternas não custam muito … contudo, muito realizam. —Blaise Pascal (1623–1662)

Não podemos ser justos a menos que sejamos ternos de coração. —Luc de Clapiers Vauvenargues (1715–1747)

Palavras ternas são a música do mundo. Seu poder parece superior às causas naturais, como se fossem filhas dos anjos que, perdidas no caminho para casa, vieram para a Terra. —Frederick William Faber (1814–1863)

Eu iria às profundezas cem vezes para alegrar um espírito derrubado. É bom que eu tenha sido afligido, para poder dizer a palavra certa na hora certa para aquele que perdeu o ânimo. —Charles Spurgeon (1834–1892)

Trate um homem conforme ele aparenta ser e o tornará pior. Trate um homem como se fosse o que tem potencial para ser, e o tornará no que deve ser. —Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832) ■

Para PensarOportunidades para ser bom

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Havíamos nos mudado para aquele país fazia pouco tempo. Isso significava novas escolas para as crianças e um novo emprego para meu marido. A adaptação não foi fácil para nenhum de nós, especialmente para mim. Meu casamento tampouco passou incólume. Era crescente a lista de assuntos sobre os quais eu e meu marido deixamos de falar para não discutir.

Foi quando conheci Toni, minha vizinha de porta.

Ela tinha filhos pequenos e o sustento da família dependia de biscates que ela e o marido faziam. Ela era a cola que mantinha a família unida. Isso, sim, era um trabalho em tempo integral.

O curioso é que ela sempre tinha tempo para mim. Quando a situação

ficava complicada demais em casa, eu sabia que podia contar com Toni.

Era bater à sua porta para ela me chamar para entrar com um sorriso acolhedor. Parava o que quer que esti-vesse fazendo para sentar comigo e me ouvir desabafar problemas e tristezas. Então fazia a melhor coisa que uma amiga pode fazer: de uma forma muito simples e com muita sinceridade, orava por mim, levando diante de Deus tudo que eu lhe havia contado.

Foi assim que aprendi o segredo da calma constante de Toni, onde ela encontrava paciência para sempre me ouvir. Em vez de tentar tomar sobre si meus problemas somando--os aos seus, aprendera a lançar seus cuidados sobre o Senhor e deixá-lO sustê-la.1

O Senhor e a Sua Palavra eram partes muito reais da sua vida. Ajudavam-na nas dificuldades e lhe

davam a capacidade para ajudar os outros em necessidade, como fazia comigo.

Nossos destinos nos levaram por estradas diferentes. Nossos filhos cresceram, meu marido e eu nos reconectamos. Mas jamais esquecerei sua bondade por sempre ter tempo para mim. Quando penso no pas-sado, vejo que ela muito me ajudou a tomar as decisões certas naquele momento da minha vida. Eu era como o homem deixado à beira do caminho, emocionalmente abatida e roubada da coragem, e Toni foi como o Bom Samaritano que me resgatou.

Dina Ellens lecionou por mais de 25 anos no Sudeste da Ásia. Mesmo aposentada, permanece ativa em trabalhos voluntá-rios e se dedica às suas ativi-dades de escritora. ■

O DOM DE SABER ESCUTARDina Ellens

1. Ver Salmo 55:22.

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Não sei como aconteceu, mas a mulher do caixa me olhou direto nos olhos. Não havia escapatória. Tinha tentado evitar contato visual e já estava pronta para passar as compras. Mais constrangedor que ser vista em público me desfazendo, algo raro para mim, era alguém descobrir o motivo atoa de eu estar daquele jeito.

Estava me segurando, mas não podia falar do assunto. Meu marido tentou me ligar, mas não atendi. Teria sido uma cena (barulhenta) se eu tentasse dizer qualquer coisa.

Chegara minha vez de passar as compras. Eu estava acostumada com funcionários em caixas que traba-lham como autômatos, processando os itens rapidamente, o que seria muito conveniente naquela hora. Estava pronta para o atendimento expresso e louca para sair da loja, antes de abrir o berreiro.

Foi então que ela achou de perguntar: “Como estão as coisas?” E não foi mera saudação. Era uma pergunta e ela queria uma resposta.

“Não é nada não...” tentei me esquivar, querendo só passar as compras. Foi quando o inédito aconteceu: aquela bondosa mulher se recusou a tocar um único item das minhas compras, até que eu lhe dissesse qual era o problema.

Sim, havia uma fila e com toda certeza, seu trabalho era monito-rado. Eu me senti a pessoa mais importante do mundo. Fiquei chocada. Aquilo de alguma forma diminuiu o constrangimento que eu tipicamente teria sentido por causa da situação.

Se eu pudesse dizer algo como “Descobri que tenho câncer de mama” ou “Minha melhor amiga morreu”, justificaria a qualidade da atenção que eu estava recebendo e

eu sabia que contar o que de fato havia acontecido simplesmente não teria o mesmo apelo. Contudo, achei que aquela mulher que se importou o suficiente para me perguntar com sinceridade como as coisas iam, me trataria com compaixão, independentemente do motivo de eu estar choramingando, pois sentia que eu era importante para ela.

Vendo que eu não ia passar em branco, respondi rapidamente: “Fiz alguém esperar na fila na outra loja e a pessoa fez um bafafá danado!”

Meu dia começara às três da manhã, quando meu bebê acordou, e não conseguira voltar a dormir. Cansaço e estresse então se encontra-ram para se combinar na hora errada e no lugar errado!

Para início de conversa, eu não deveria estar na fila do caixa rápido, pois havia contado errado o número

PAUSa para o AmoRChalsey Dooley

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No segundo ano do curso de enfermagem, nosso professor aplicou um questionário em que a última pergunta era: “Qual é o nome da mulher que limpa a escola?" Só podia ser piada. Eu tinha visto a faxineira várias vezes, mas como eu ia saber seu nome? Entreguei o papel com a última pergunta em branco.

Antes do fim da aula, uma colega perguntou se a última questão valia nota. “Certamente!” —foi a resposta. “Nas suas carreiras, vocês encon-trarão muitas pessoas. Todas são importantes. Todas merecem sua atenção e desvelo, mesmo se tudo que puder fazer for sorrir e dizer olá.” Nunca esqueci aquela lição e aprendi que o nome da mulher é Dorothy. —Joann C. Jones ■

de itens na cesta e ultrapassei o limite não por pouco. E na hora de pagar me deu um branco e eu não con-seguia lembrar da senha do cartão! A mulher atrás de mim na fila não deixou por menos e começou a me agredir verbalmente. Enquanto isso, a atendente continuava a repetir o paciente lembrete: “Por favor, digite a sua senha, senhora.”

Descobri o que é mais estressante que estar atrasada e a pessoa à sua frente não deixar a fila andar: ser essa pessoa! Por fim, afastei-me do caixa para um momento de oração e, felizmente, lembrei do número. Depois de pedir desculpas à senhora atrás de mim —cuja reação foi fria e implacável— saí arrasada da loja.

O contraste entre o que acon-teceu na primeira loja com o que eu estava vivenciando na segunda era tremendo. Depois de me sentir incompreendida, não tolerada,

pressionada, estressada e tratada como seu fosse a raiz dos males do mundo, aquela mulher estava me fazendo sentir importante, querida e me fez acreditar que eu valia mais que tempo ou dinheiro. Ela ainda correu para pegar um maço de lenços de papel. Todo o constrangimento foi coberto por uma calorosa manta de atenção.

O mundo não costuma parar por causa das minhas lágrimas, então foi legal quando aconteceu! Lembrou-me da importância do amor, e que machuca e faz sofrer estar tão concentrado em nossas atividades que não fazemos as pessoas que estão à nossa volta se sentirem importantes.

Chalsey Dooley é escritora de literatura para inspiração infantil e para cuidadores de crianças. Mora na Austrália.■

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Eu era menina quando fui ao circo pela primeira vez. Diante de meus olhos incré-dulos, três picadeiros fervilhavam de ação. Em um, animais se exibiam enquanto no outro, acrobatas saltavam e voavam no ar. Mas o que maior interesse despertou em mim foi a atração do terceiro picadeiro. Uma garota e um garoto lançavam ao ar objetos coloridos os quais, após cru-zarem a arena, voltavam às mãos que os haviam lançado. Indiferentemente da direção em que eram arremessadas, aquelas coisas faziam a curva e volta-vam rapidamente aos jovens artistas, que as pegavam para novamente as lançar.

Assisti àquilo tomada de admira-ção. O que fazia aquelas coisas mudar seu curso e voltar ao exato ponto de origem? “São bumerangues”, disse a pessoa ao meu lado. Foi a primeira vez que ouvi tal palavra e a guardei em minha então jovem memória.

Desde aquela experiência ouvi a palavra várias vezes e observei o mesmo princípio que rege aquela arma de arremesso se manifestar em outras situações. Na verdade, a vida em si é um bumerangue. Tudo volta para nós, em algum momento, em algum lugar. A Palavra de Deus diz: “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará.”1 Toda palavra ou toda ação que lançamos volta para nós algum dia. Boa ou má, voltará para nós e, muitas vezes, ganhará força no trajeto.

Certa manhã, visitei duas mulheres no mesmo hospital. Um quarto estava cheio de flores, cartões e todo tipo de lindas lembrancinhas de amigos e conhecidos da paciente. No seu sofrimento, ela estava cercada de manifestações de consideração, amor, gentileza e simpatia. A cena refletia a vida daquela que havia semeado amor e consideração pelos outros ao longo dos anos. Tudo estava retornando para ela em sua hora de necessidade.

Em outro quarto, no mesmo cor-redor, a outra mulher se encontrava

sozinha. Lá estava — egocêntrica, desconfiada e crítica como sempre fora, com o rosto voltado para a parede — uma parede tão dura, fria e sem vida como a que ela construíra em torno de si a vida inteira.

Que diferença havia entre aqueles dois quartos! O bumerangue voltara para as duas mulheres, mas com efeitos diferentes.

“Deem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês.”2 Quem viver de forma altruísta, importando-se pelos outros, procurando aliviar suas cargas e os ajudando em suas necessidades, certamente verá o bumerangue retornar para si algum dia, na forma de bênçãos!

Virginia Brandt Berg (1886–1968) foi evangelista e pastora, nascida nos Estados Unidos. ■

Bumerangue

1. Gálatas 6:7

2. Lucas 6:38 - NTLH

Virginia Brandt Berg, adaptação

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As placas não passavam de retângulos de madeira com o fundo branco, sobre o qual se liam em letras vermelhas as palavras “ABRAZOS GRATIS”, circundadas por flores, corações e outras decorações pintadas para chamar a atenção. Dirigimo-nos até o ponto combinado no campus universitário para encontrar o resto da turma e juntos circularmos pelo centro de Guadalajara, no México, em busca de desconhecidos sobre quem derramarmos atos de bondade.

Placas em riste, avançamos qual um exército de afeição. “Quer um abraço grátis?” era nosso grito de guerra.

Nosso primeiro verdadeiro desafio estava entre as ondas de concreto da pista de skate. Jovens suados se reve-zavam na tentativa de impressionar

seus pares com várias acrobacias amadoras, ao som dos elogios e piadas da galera em volta. Há um destemor inerente à campanha de abraço grátis, de forma que penetramos a multidão como um enxame e a conquistamos. A cada abraço grátis era dado também um folheto igualmente grátis e, se o beneficiário se detivesse o tempo bastante, uma oração.

Em seguida, o grupo se deslocou para o parque do outro lado da rua, outra área preferida dos adolescentes, representados pelas principais tribos devidamente caracterizadas. Um grupo de góticas muito timidamente acenou nos chamando, pelo que penetramos suas auras de tons escuros com nossos tons pastel e neon, espalhando sorrisos por toda parte.

Cantamos algumas canções simples para pequenos grupos de pessoas, música

com mensagem de amor e carinho. O último estribilho era o momento em que tornávamos nossa marca tangente, ou seja, abraçávamos os ouvintes.

Enquanto circulamos pelo centro da cidade, um homem em um restaurante interrompeu sua refeição e, com uma garçonete e uma recepcionista, vieram receber nossos abraços, repetindo a dose algumas vezes. Ele queria saber por que estávamos fazendo aquilo. Simplesmente sabíamos da importân-cia de mostrar amor e carinho pelas pessoas. Em um mundo em que a carência de amor é tão grande, toda oferta é bem-vinda, explicamos.

Nossa intenção? —Jesus ama as pessoas. Queríamos nos certificar que elas sabiam disso.

Joe Johnston é colunista e mora no México. ■

Valor líquido e padrões de reprodução do abraço comum Joe Johnston

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P: Eu gostaria de fazer mais para melho-rar as coisas ao meu redor, mas não sinto que haja muito que eu possa fazer. Mudar o mundo parece uma tarefa monumental —como saber por onde começar?

R: A boa notícia é que não é preciso ser poderoso nem famoso para fazer uma diferença. Cada mudança positiva —por menor que seja— contribui para um mundo melhor. Podemos mudar o mundo melhorando as vidas daqueles ao nosso redor, por meio de atos de bondade e consideração, manifestando fé nas pessoas. Estas são algumas maneiras práticas de começar a mudar sua parte do mundo, um coração de cada vez.

• Incentive a excelência. Tente pensar em pelo menos uma coisa que você considere excepcional em alguém e faça questão de comunicar isso a essa pessoa. Não seja tímido. Ninguém se cansa de ouvir elogios sinceros. O

que você está fazendo é construindo a confiança dessa pessoa e isso a motivará a melhorar em outras áreas também.

• Compartilhe a responsabili-dade. Dê aos outros responsabilidade nas áreas em que são fortes. Ajude-os a sentirem que são dignos de confiança, necessários e valorizados.

• Valorize as pessoas pelo que são. Reconhecer as pessoas pelo que fazem é importante e todos gostam de ser valorizados por isso, mas ter o seu valor pessoal reconhecido é muito melhor do que ser elogiado pelos resultados que suas características produzem.

• Mantenha o reconhecimento simples e possível. Não sinta a necessidade de ter sentimentos mara-vilhosamente calorosos por alguém, ser seu melhor amigo ou conhecer a pessoa profundamente para fazer uma

diferença na vida dela. Você pode ser um quase estranho e, mesmo assim, ter um efeito maravilhoso em alguém.

* Vá devagar. Demora ver as pessoas de uma forma diferente. Vá mais devagar no relacionamento com as pessoas e dê a Deus uma chance de revelar como Ele as vê.

* Pause para meditar. Pense nas maneiras positivas como alguém o ajudou. Você mudará como vê os outros, porque terá dedicado o tempo para ser mais profundo e não ficar apenas nas suposições superfi-ciais que são tão fáceis de fazer.

* Abra mão do passado. Ninguém gosta de ser rotulado. Esteja disposto a ver quem a pessoa é hoje ou o potencial do que ela pode se tornar amanhã. Não permita que sua visão seja prejudicada pelas suas experiências passadas. ■

Respostas às suas perguntas

MUDE O

MUNDO

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É bem conhecida a história do garoto que cedeu seu almoço para dar de comer a uma multidão.1 Jesus tomou os dois pãezinhos e cinco peixes doados pelo rapaz e abençoou a comida que foi milagrosamente multiplicada para alimentar milhares de pessoas. Quem era o rapaz? Qual era o seu nome? Qual era o nome da mãe atenciosa que se lembrou de lhe dar o almoço para levar? Esses detalhes não são informados.

Os heróis anônimos são aqueles que, discretamente, realizam simples atos de bondade que servem de pano de fundo para tantos milagres de libertação, cura e provisão. Considere os homens que carregaram o amigo paralisado em sua cama. Ansiosos para levá-lo até Jesus para que o curasse, abriram parte do telhado para descê-lo em meio à multidão que estava na casa onde Jesus ensinava.2

H O J E N A S C ICada dia que passe, hás de dizer-te:Hoje nasci!O mundo é novo para mimA luz que agora vejofere pela primeira vez

meus olhos límpidosA chuva que respinga seus cristais

é meu batismo.Vamos, pois, viver um viver puro, nítidoOntem já passou: fui mau? fui bom?

... Venha o olvido!Fique somente desse ontem a essência,

o ouro íntimo do que amei e sofri palmilhando pelos caminhos.

Hoje, cada instante, ao bem e à alegria será propício,

e à essencial razão de minha existência meu decidido afã:

Jorrar sobre o mundo a felicidade, verter o vinho

da bondade sobre as bocas ávidas ao meu redor.

Será minha própria paz - a paz dos outros

Seu regozijo - meu regozijoSeu sonhar - meu sonho!Meu cristalino pranto

o que treme nas alheias pálpebrasE meu palpitar de quantos corações

palpitem nos orbes infinitos!Cada dia que passe hás de dizer-te:Hoje nasci! — Amado Nervo (1870–1919) ■

Os que carregavam o corpo do filho da viúva pararam por ordem de Jesus e testemunharam o milagre da ressurreição do jovem.3 E não devemos esquecer dos amigos do centurião que imploraram a Jesus que curasse o leal servo do oficial romano. Ao voltarem, encontraram o homem são.4

Esses anônimos deram prova de grande bondade, indo muitas vezes além dos limites do dever. Não há registros que tenham recebido alguma recompensa ou mesmo palavras de gra-tidão. Sua bondade vinha do coração.

Você provavelmente já adivinhou o tópico do exercício desta edição: realize um esforço consciente para, na próxima semana, fazer um ato de bondade por alguém —um colega, amigo, membro da família ou um estranho— sem dizer para ninguém nem esperar nada em retorno. Melhor ainda, tente fazer isso toda semana. Talvez você não testemu-nhe nenhum grande milagre, mas terá feito alguém sorrir.

Abi F. May é educadora, escri-tora e articulista da Contato. Mora na Grã-Bretanha. ■

1. Ver João 6:1–13.

2. Ver Lucas 5:18–25.

3. Ver Lucas 7:11–15.

4. Ver Lucas 7:1–10.

HEROI ANONIMOUm exercício espiritualAbi F. May

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Com amor, Jesus

Amor em açãoExistem uma felicidade especial e uma satisfação que nascem do preferir atender às necessidades alheias antes das próprias. A bondade que você faz pelos outros não beneficia apenas eles, mas você também. A felicidade que emana das ações de bondade, desvelo e generosidade não é uma satisfação momentânea ou frívola, mas um sentimento profundo de realização. Você está deixando Meu Espirito de amor penetrar no mundo ao seu redor, na vida dos outros e na sua própria vida.

Onde o amor atua, aí estou agindo. É da natureza humana querer cuidar de si primeiro, ser egoísta, exigir e esperar ser tratado bem pelos outros antes de você os tratar bem. Mas Minha natureza é outra.

A bondade e a generosidade muitas vezes requerem esforço, mas a cada ato de altruísmo se aprende que é a melhor maneira de viver. A essência é perceber os outros, valorizar os outros, não se limitar à aparência, mas ver como são por dentro.

Procure tornar o dia ou a semana de alguém um pouco mais alegre, um pouco mais agradável, um pouco mais relaxante, um pouco mais divertida, um pouco menos estressante, um pouco menos pesada, um pouco menos cansativa, um pouco menos limitadora. Ao fazer isso, estará fazendo o mesmo pelo seu dia ou sua semana. Tente Me ver nos outros e deixe-os Me ver em você também.