Abs news botijoes setembro

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Muitos fazendeiros e técnicos de inseminação artificial têm dúvidas sobre o uso do botijão criogênico para a armazenagem e o transporte de sêmen congelado, única forma de conservar o material genético adquirido de uma central de tecnologia de sêmen bovino. Nesta seção serão respondidas algumas perguntas que chegaram ao departamento técnico da ABS Pecplan, demonstrando que os conhecimentos sobre estocagem e transporte do botijão são poucos e o sucesso de um programa de inseminação artificial começa no manuseio adequado do sêmen. 1. Como surgiu o botijão criogênico para conservação do sêmen congelado? Na década de 1950 o fundador da ABS, John Rockefeller Prentice tornou-se interessado no uso do nitrogênio líquido para a conservação do sêmen bovino na temperatura de -196ºC, quando vislumbrou a grande aplicação do sêmen congelado para o crescimento da inseminação artificial. A mistura do gelo seco (dióxido de carbono) e o álcool absoluto na temperatura de -79ºC era a principal forma de conservar o sêmen congelado naquele tempo. Após a primeira tentativa feita pela Corning Company para desenvolver um frasco isotérmico feito de vidro revestido com metal, para conservar o nitrogênio líquido, “Rock” Prentice então com seus próprios recursos financeiros, recrutou a Divisão Linde da Union Carbide para fabricar um frasco de Dewar feito de aço inoxidável. Os primeiros modelos, usados por muitos anos, não precisavam reabastecer com nitrogênio líquido por até 4 semanas. Graças aos novos sistemas de super isolamento, uso do alumínio e desenhos melhores, os recipientes tornaram-se mais leves, com baixo custo de recarga, podendo permanecer até 4 meses sem recarga de nitrogênio líquido. 2. Como o botijão criogênico é construído? Os botijões para armazenagem de sêmen são recipientes isotérmicos, com duas camadas de metal (alumínio) como “um botijão dentro de outro botijão”, com material isolante (folhas de alumínio e lã de vidro) e vácuo entre as capas internas e externas, semelhante a uma garrafa térmica. Os botijões para uso no campo possuem 6 canecos, com capacidade para receber de 10 a 12 raques. Cada raque tem capacidade para 10 palhetas médias ou 20 palhetas finas. O botijão recebe o nitrogênio líquido, que conserva o sêmen congelado a uma temperatura de -196ºC (cento e noventa e seis graus centígrados negativos) por tempo indeterminado, desde que se mantenha um determinado nível mínimo do líquido refrigerante, abastecendo-o periodicamente, conforme recomendação do fabricante do equipamento. Cuidados no manuseio do botijão de sêmen ABS News Pergunte ao Veterinário

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Muitos fazendeiros e técnicos de inseminação artificial

têm dúvidas sobre o uso do botijão criogênico para

a armazenagem e o transporte de sêmen congelado,

única forma de conservar o material genético

adquirido de uma central de tecnologia de sêmen

bovino. Nesta seção serão respondidas algumas

perguntas que chegaram ao departamento técnico

da ABS Pecplan, demonstrando que os conhecimentos

sobre estocagem e transporte do botijão são poucos

e o sucesso de um programa de inseminação artificial

começa no manuseio adequado do sêmen.

1. Como surgiu o botijão criogênico para conservação

do sêmen congelado?

Na década de 1950 o fundador da ABS, John

Rockefeller Prentice tornou-se interessado no uso do

nitrogênio líquido para a conservação do sêmen

bovino na temperatura de -196ºC, quando vislumbrou

a grande aplicação do sêmen congelado para o

crescimento da inseminação artificial. A mistura do

gelo seco (dióxido de carbono) e o álcool absoluto

na temperatura de -79ºC era a principal forma de

conservar o sêmen congelado naquele tempo. Após

a primeira tentativa feita pela Corning Company para

desenvolver um frasco isotérmico feito de vidro revestido

com metal, para conservar o nitrogênio líquido, “Rock”

Prentice então com seus próprios recursos financeiros,

recrutou a Divisão Linde da Union Carbide para

fabricar um frasco de Dewar feito de aço inoxidável.

Os primeiros modelos, usados por muitos anos, não

precisavam reabastecer com nitrogênio líquido por

até 4 semanas. Graças aos novos sistemas de super

isolamento, uso do alumínio e desenhos melhores, os

recipientes tornaram-se mais leves, com baixo custo

de recarga, podendo permanecer até 4 meses sem

recarga de nitrogênio líquido.

2. Como o botijão criogênico é construído?

Os botijões para armazenagem de sêmen são

recipientes isotérmicos, com duas camadas de metal

(alumínio) como “um botijão dentro de outro botijão”,

com material isolante (folhas de alumínio e lã de vidro)

e vácuo entre as capas internas e externas, semelhante

a uma garrafa térmica. Os botijões para uso no campo

possuem 6 canecos, com capacidade para receber

de 10 a 12 raques. Cada raque tem capacidade

para 10 palhetas médias ou 20 palhetas finas. O

botijão recebe o nitrogênio líquido, que conserva o

sêmen congelado a uma temperatura de -196ºC

(cento e noventa e seis graus centígrados negativos)

por tempo indeterminado, desde que se mantenha

um determinado nível mínimo do líquido refrigerante,

abastecendo-o periodicamente, conforme

recomendação do fabricante do equipamento.

Cuidados no manuseio do botijão de sêmen

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3. Onde e como devo guardar o botijão na minha

propriedade?

O botijão criogênico deve ser guardado em local

ventilado, limpo, seco e ao abrigo do sol, de preferência

sobre uma grade de madeira ou plástico para evitar

possível corrosão devido ao contato do metal com

o cimento. Ele deve ser manuseado com o máximo

cuidado para evitar danos que possam resultar em

amassamento ou furo da capa externa e deslocamento

do gargalo, que pode ocasionar a perda prematura

do nitrogênio líquido. Para diminuir os riscos com o

botijão, é aconselhável a construção de uma caixa

de madeira ou plástico para seu acondicionamento,

evitando que sofra choques ou movimentos muito

bruscos, além de tombamento derramando todo o

seu conteúdo. A caixa deve conter uma camada de

5 cm de isopor no fundo e uma forração nas laterais

para evitar riscos e avarias. A tampa da caixa pode ser

vazada para possibilitar a visualização do botijão.

4. Qual o nível mínimo de nitrogênio líquido no

botijão e por quê?

Os botijões criogênicos estão disponíveis em diversos

tamanhos, com diferentes capacidades para nitrogênio

líquido. Porém, os modelos mais comuns são aqueles

de 20 litros, para armazenar em torno de 600 palhetas

médias ou 1200 palhetas finas. O nível do nitrogênio

líquido é medido com a régua plástica adequada,

onde deve estar com 33 cm quando cheio (20 litros).

A altura mínima é de 15 cm de nitrogênio liquido (em

torno de 9 litros), e é extremamente importante que

neste nível ele seja imediatamente reabastecido. Na

medida em que o nitrogênio líquido evapora, ocorre

uma troca de temperatura do meio ambiente para

dentro da câmara onde estão as doses de sêmen.

Toda a vez que o técnico inseminador ergue o

caneco para retirar o sêmen, mais ar entra na câmara

ocorrendo mais evaporação. No gargalo do botijão

a temperatura fica próxima de -100ºC e na boca do

botijão ela está na temperatura ambiente, crítica para

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o sêmen e onde poderão ocorrer danos irreversíveis se

a dose não for retirada rapidamente.

5. Como devo reabastecer o botijão com nitrogênio

líquido?

Quando o seu botijão estiver com 15 cm de nitrogênio,

deve ser reabastecido imediatamente. Caso baixe

para 10 cm, significa que possui 5,5 litros restantes. Se

a capacidade é de 20 litros, faltam aproximadamente

15 litros para completá-lo. Nesse nível de 10 cm a

evaporação é maior ainda pela troca de ar com o

ambiente toda a vez que removemos a tampa do

botijão para erguer o caneco. Então como regra

geral, abasteça seu botijão o mais rápido possível,

quando atingir 15 cm de nível de nitrogênio líquido.

O botijão deve ser reabastecido pelos representantes

da ABS Pecplan, que estão habilitados para lidar com

o nitrogênio líquido. Tome cuidado ao reabastecê-

lo porque o nitrogênio líquido é muito frio e provoca

queimaduras quando em contato com a pele. O

recomendado é utilizar luvas apropriadas e óculos de

proteção durante o seu manuseio. Em caso de estar

em ambiente pouco ventilado, abra a porta para que

o vapor do nitrogênio se dissipe para o meio ambiente.

6. Para que servem as ampolas monitoras?

Os botijões comercializados pela ABS Pecplan são

acompanhados de uma raque com duas ampolas

monitoras (uma azul e outra vermelha), que servem para

monitorar a possível falta de nitrogênio liquido. Quando

a ampola monitora azul estiver descongelada o sêmen

provavelmente está bom, mas é recomendável

avaliá-lo num laboratório. Quando também a

ampola monitora vermelha estiver descongelada,

provavelmente o sêmen está danificado e deve ser

avaliado imediatamente. Nunca retira a raque com as

ampolas monitoras do botijão.

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7. Como devo manusear o sêmen durante a sua

retirada do botijão?

Para evitar manuseios desnecessários, deve ser

feito um inventário detalhado do sêmen, para que

as palhetas possam ser localizadas facilmente e

retiradas rapidamente do botijão, evitando exposição

á temperatura ambiente. Toda a raque contém

o número de identificação do touro na central, o

que facilita a localização do sêmen. O caneco que

contém o sêmen deverá ser levantado até no máximo

5 cm abaixo da boca do botijão para que a dose

seja retirada. Neste manuseio é essencial o uso de

uma boa pinça para remover a palheta. O tempo

máximo para a total retirada do sêmen de seu interior,

não deve ser mais que 5 segundos para qualquer

tipo de embalagem (palheta media ou fina). Caso

não consiga identificar o sêmen e retirá-lo em cinco

segundos, deve-se abaixar a caneca até o fundo do

botijão e 10 segundos depois, recomeçar a operação.

Após retirar o sêmen do botijão nunca o deixe sem a

tampa, para evitar evaporação do nitrogênio líquido.

8. Por que devo evitar a exposição do sêmen à

temperatura ambiente?

Porque as alterações causadas nos espermatozóides

tanto na motilidade com nas membranas

citoplasmáticas, ocorrem acima de -79ºC. Estas lesões

não voltam ao normal depois que o sêmen retorna

para a temperatura do nitrogênio líquido. A palheta

fina é mais sensível e manuseios errados provocam

alterações na temperatura interna da palheta, com

perda na qualidade e redução da fertilidade. O

sêmen sexado é envasado em palhetas finas (0,22

mL), contendo 2,1 milhões de espermatozóides. O

menor diâmetro e a menor concentração a tornam

mais sensível a erros de manuseio. Lembre-se que a

temperatura ambiente afeta o tempo de exposição

do sêmen na boca do botijão. Em temperaturas

ambientes de 36ºC os efeitos são mais prejudiciais do

que em temperaturas ambientes a 18ºC, por exemplo.

Correntes de vento direto na boca do botijão de sêmen

também prejudicam a qualidade do sêmen.

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9. Como devo fazer para transferir as raques ou os

canecos com sêmen de um botijão para outro?

Quando for necessário fazer a troca de raques de um

botijão para outro, coloque os botijões um ao lado

do outro. Para fazer esta operação são necessárias

duas pessoas, sendo que uma levanta o caneco

até o gargalo, o suficiente para apanhar a raque a

transferir, baixando-o imediatamente até o fundo do

botijão, enquanto a outra pessoa levanta o caneco

do outro botijão para introduzir a raque e colocar o

mesmo imediatamente na sua posição. Os canecos

com as raques não devem ser levantados a uma altura

superior a 5 cm abaixo do gargalo do botijão, devendo

ser mantidos a esta altura o mínimo tempo possível.

Sendo necessário tempo adicional, desça o caneco

durante 10 segundos para que volte à temperatura

do nitrogênio líquido. A raque não pode ser exposta à

temperatura ambiente por mais de 10 segundos.

Para a transferência de canecos entre botijões os

procedimentos são muito semelhantes à transferência

de raques. Os botijões devem ser colocados um

ao lado do outro e depois de retiradas as tampas,

deve-se proceder com rapidez a transferência de

cada caneco. O tempo de exposição do caneco a

temperatura ambiente não deve exceder 15 segundos,

porque o caneco não conserva nitrogênio líquido no

seu interior. Devemos tomar cuidado no encaixe dos

canecos no aro separador do fundo do botijão e

também no encaixe da alça do caneco no número

do aro da boca do botijão. Esta mesma operação

deve ser realizada com todos os canecos a transferir,

terminando a operação com rapidez, precisão e

cuidado.

10. Quais os cuidados no transporte do botijão de

sêmen?

Os botijões criogênicos devem ser transportados com

muito cuidado, firmemente amarrados na caçamba

do veículo, para evitar que tombe e derrame o

nitrogênio líquido. De preferência transportá-los na

própria caixa de proteção. Não devemos transportar

botijões em carros de passeio, porque com os vidros

fechados o nitrogênio líquido ao evaporar, torna-se um

gás asfixiante pela remoção do oxigênio do ambiente,

podendo provocar desmaios e morte nos casos mais

graves. Ao movimentá-lo fazer sempre com duas

pessoas para evitar tombamentos e danificar a sua

estrutura interna.

Lembre-se: seu botijão criogênico é o cofre onde

estão guardadas as doses de sêmen dos reprodutores

valiosos que você escolheu para suas vacas. Então

guarde-o com muito cuidado e usufrua dos seus

benefícios.

Mande suas dúvidas para serem respondidas pela

equipe de especialistas da ABS: neimar@absnet.

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