ABSTRACIONISMO: UMA EXPERIÊNCIA EM ARTE PARA O … · Na arte abstrata não se representa somente...
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ABSTRACIONISMO: UMA EXPERINCIA EM ARTE PARA O ENSINO
MDIO
Autor: Danila Calderon 1
Orientador: Claudia Cirineu F. Monteiro2
Resumo
O presente artigo relata a experincia realizada na disciplina de Arte, no segundo ano do Ensino Mdio, no Colgio Estadual Almirante Tamandar, municpio de Cruzeiro do Oeste, ncleo regional de ensino de Umuarama - Paran. A atividade desenvolvida faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e foi possibilitada pela aplicao da Unidade Didtica denominada: Abstracionismo: ruptura com o real e novas possibilidades de expresses humanas. Com o intuito de possibilitar a compreenso da Arte como uma das formas da expresso humana, realizaram-se aulas com base no material didtico, com o objetivo de possibilitar aos (as) estudantes referncias que contribussem para a compreenso da Arte como consequncia do trabalho humano, e para o reconhecimento do Abstracionismo como um movimento de contraposio e ruptura com as ideias impostas para a apreciao da Arte at aquele momento histrico. Acreditando na ideia de que o processo de ensino deve proporcionar aos indivduos a apreenso de conceitos, ao invs da memorizao, procurou-se permitir aos alunos momentos de discusso e apreciao da Arte Abstrata como aquela que desvincula da realidade e da obra imprimindo em suas linhas, cores, planos e significados algo mais alm da realidade visvel. Seguindo os pressupostos da Teoria Histrico-Cultural as atividades contidas na Unidade Temtica e aplicada aos (as) estudantes buscaram possibilitar conhecimentos que lhes permitiram interagir com o mundo, expressar sentimentos e ideias, alm de perceber-se como agente de transformao, por meio da percepo de que a Arte carrega em si esse poder de mudana.
PALAVRAS-CHAVE: Arte; Abstracionismo; Expresso Humana.
1 Professora da Rede Pblica Estadual do Paran. Atua como professora de Arte no Ensino
Fundamental, sries finais, e Ensino Mdio do Colgio Estadual Almirante Tamandar de Cruzeiro do Oeste- PR. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/PR (2010-2011), da rea de Arte, do Ncleo Regional de Umuarama. 2 Prof. Ms. Cludia C. F. Monteiro, Coordenadora do Curso de Design. Universidade Estadual
de Maring (UEM)
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1- INTRODUO
Toda obra de arte filha de seu tempo e, muitas vezes, me dos nossos sentimentos. (Wassily Kandinsky)
O Estado do Paran iniciou em 2007 um programa inovador de
formao continuada, para professores da educao bsica, denominado
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).
Este programa permite ao profissional afastar-se das suas atividades
docentes, durante dois anos, para que possa dedicar-se aos estudos que so
organizados por uma Instituio de Ensino Superior (IES), em parceria com a
Secretaria de Estado da Educao.
Durante o programa o professor deve desenvolver uma srie de
atividades, tendo como objetivo contribuir para a melhoria da educao pblica
e bsica paranaense. As atividades desenvolvidas so orientadas por um
professor da IES e entre elas esto: uma Proposta de Interveno Pedaggica,
no caso escolheu-se uma Unidade Temtica sobre o Abstracionismo. A
proposta discutida em rede por meio do GTR (Grupo de Trabalho em Rede),
com quinze professores, atravs da plataforma de Educao a Distncia
Moodle.
A unidade Temtica produzida aplicada na escola da qual o professor
foi afastado para realizar o programa. Aps a implementao e a socializao
das atividades propostas, o professor deve elaborar um artigo cientfico
abordando o trabalho realizado.
Ao ingressar no PDE sugerido que o professor analise os principais
aspectos que possam contribuir para a melhoria da educao. Ao pensar-se
no objetivo do programa escolheu-se o tema Abstracionismo por acreditar que
a Arte tem uma grande contribuio na formao integral dos estudantes.
A arte um instrumento de importncia para o desvelar das origens e
da histria da humanidade. A partir de suas produes possvel interpretar a
evoluo humana, seus costumes, tradies, conflitos, crenas, etc.
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Por meio das distintas formas de expresso a Arte possibilita, no
somente, ao ser humano conhecer sua histria, mas os processos criativos que
envolvem cada uma das linguagens artsticas, bem como as formas de realiz-
la.
Ao analisar-se uma obra pode-se reconhecer os vrios conhecimentos
que se encerram nela, por exemplo, os materiais utilizados, a tecnologia em
sua execuo, para que foi criada, entre outros conhecimentos. Em outras
palavras, possvel perceber que conhecimentos o produtor da obra tinha em
suas mos no momento histrico de sua execuo.
A arte um instrumento de representao a servio do homem desde
os primrdios, quando este sentiu necessidade de representar seu cotidiano e
imprimiu, ainda nas cavernas, cenas que demonstravam seu dia a dia, com a
finalidade mtica de reduzir a essncia das coisas sua origem. Ou seja, a arte
como modo de compreender a natureza, seus segredos e mistrios. Essa
representao passou a constituir a cultura desse homem primitivo. O material
utilizado para essas representaes? Justamente o que se dispunha naquele
momento histrico: dejetos, argila, sangue, pigmentos vegetais. A partir dessa
representao outras formas de expresso foram se desenvolvendo como a
escultura em diversos materiais.
Nas aulas de Arte, ao estudar-se uma obra abstrata os alunos podem
deduzir que a mesma se define por formas e cores que no possuem relao
direta com a realidade visual. Em outras palavras, a arte abstrata aquela que
desvincula realidade e obra, imprimindo em suas linhas, cores, planos e
significados algo mais alm da realidade visvel: o prprio estado de esprito
(raiva, saudade, amor, dio, entre outros).
Conforme as orientaes das DCEs Paran (2008), a disciplina de
Arte deve promover no s o conhecimento sobre as vrias reas da arte, mas
possibilitar ao aluno o trabalho de criao, que deve ser total e unitrio,
permitindo a ele dominar no s o processo produtivo do objeto, desde a sua
criao, mas a escolha dos materiais e da metodologia a ser utilizada para a
consecuo da produo que se props a executar. (PARAN, 2008, p. 62)
Com base nas diretrizes propostas pela SEED buscou-se oferecer
atividades nas quais os estudantes percebessem que o artista no eterno,
porm sua obra pode perpetuar-se. Ao eternizar sua obra o artista possibilita
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ainda a apreenso do contexto histrico de sua poca sendo possvel traar, a
partir dela, um paralelo entre as diferentes formas de expresso humana ao
longo do tempo.
Por meio das atividades tentou-se oferecer subsdios para a
compreenso de que o Abstracionismo uma forma de representar a realidade
contrapondo-se a herana renascentista. Os subsdios tericos apresentados
aos alunos foram escolhidos com o intuito de oferecer a eles a percepo das
causas histricas dessa contraposio. O abstracionismo traz em si a
possibilidade de representao subjetiva da realidade vivida, portanto as
atividades proporcionadas possibilitaram que que o aluno realizasse criaes
em Arte refletindo esse movimento da Arte Moderna, ou seja, o
Abstracionismo.
Este artigo apresenta os resultados do projeto PDE que teve como
objetivo geral possibilitar aos estudantes da primeira srie do Ensino Mdio, o
reconhecimento do Abstracionismo como um movimento de contraposio e
ruptura com as ideias impostas para a apreciao da Arte at aquele momento
histrico e, como objetivos especficos, pretendeu-se pesquisar sobre o
abstracionismo para reconhece-lo como um movimento de ruptura e
contraposio de novas expresses humanas; Ler e discutir temas
relacionados a Arte, de modo especfico ao Abstracionismo; Produzir trabalhos
artsticos com base nos movimentos artsticos estudados; Utilizar tcnicas de
pintura para a realizao dos trabalhos, a partir dos conhecimentos adquiridos,
porm com a utilizao subjetiva; Discutir obras de arte e artistas a partir dos
filmes O Sorriso de Monalisa e Jackson Pollock e Realizar leituras e
releituras de obras de arte abstracionistas.
Entre as atividades propostas construiu-se uma Unidade Didtica,
denominada: Abstracionismo: ruptura com o real e novas possibilidades de
expresso humana, a ser aplicada nas aulas de Arte no segundo ano do
Ensino Mdio no Colgio Estadual Almirante Tamandar, municpio de
Cruzeiro do Oeste/PR.
As atividades realizadas em conjunto com a aplicao da Unidade
Didtica foram feitas com trinta e dois alunos, numa sala mista de doze
meninos e vinte meninas, na qual os estudantes apresentavam idade entre
quinze e dezesseis anos. Esse grupo de estudantes considerado, por grande
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parte dos professores que lecionavam na turma, um grupo cooperativo e
maduro, porm no incio do trabalho houve certa resistncia por parte de
alguns alunos.
Desse modo, os alunos sentiram-se coautores da prpria histria e
atravs de suas explicaes ficou notria a expresso do sentimento de cada
um, passando a valorizar a disciplina e participar mais ativamente das
atividades desenvolvidas ao longo da implementao.
2. Desenvolvimento
2.1 A arte abstrata: movimento de contraposio e ruptura
O abstracionismo ou arte abstrata uma tendncia nas artes plsticas
desenvolvida na Alemanha a partir do sculo XX. Nela os objetos ou pessoas
so representados de forma irreconhecvel, ou seja, o artista no tem o
compromisso com o real com o visvel e, portanto pode representar suas ideias
a partir de cores, texturas, formas, volume, tridimensionalidade, etc, sem o
compromisso de retratar formas naturais.
Para Maurcio (2004), a arte abstrata teve um sucesso to grande no
contexto da Arte Moderna que no raro encontrar confuses no conceito de
abstrao. Deve-se compreender que a arte abstrata a expresso artstica
que utiliza cores, formas e texturas, porm com a liberdade de desvincular sua
produo com o mundo visvel, apesar da conexo que deve haver com o que
se v.
Na arte abstrata no se representa somente o visvel aos olhos, mas,
aquilo que visvel ao artista, em sua subjetividade, emoes, estado de
esprito, etc. Nesse sentido Gombrich (2006), observa, inclusive, que a palavra
abstrata, para designar esse movimento , no foi bem escolhida, sugerindo
sua substituio por no-figurativa ou no-objetiva. (GOMBRICH, 2006, p.
570)
Desse modo, ao contrrio daquilo que difunde o senso comum a arte
abstrata, ou o abstracionismo, no um conjunto de rabiscos e pingos de
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tintas. Assim como sublinha Costa (2004), quando afirma o Abstracionismo se
configura como um movimento artstico do sculo XX, que deixou de lado a
representao figurativa e por meio de diversos movimentos de ruptura,
iniciados pelo impressionismo, criou um novo modo de conceber arte
(COSTA, 2004, p. 109).
Como uma tendncia das artes plsticas o Abstracionismo
desenvolveu-se no incio do sculo XX na Alemanha, baseando-se nas
experincias das vanguardas europeias. Por recusarem-se a receber a herana
renascentista das academias de arte, as obras do abstracionismo se negavam
a representar a realidade aparente, bem como reproduzirem figuras e
retratarem temas.
O abstracionismo se divide em: a) o informal, tambm denominado
subjetivo; b) o formal ou objetivo. O primeiro privilegia as formas livres e recebe
influncia do expressionismo e do cubismo e o segundo as formas
geomtricas, sem a inteno de expressar ideias ou sentimentos.
Vassli Kandnski, nascido em 1866, na Rssia foi o primeiro artista a
nominar suas obras de abstratas, portanto ele considerado o fundador do
movimento Abstrato Informal, e teve o Expressionismo como referncia. Outra
referncia para o Abstrato Informal o artista suo Paul Klee, nascido em
1879.
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu entre 1939 a
1945, sob a influncia do Abstracionismo informal, aparecem novas tendncias
artsticas: o Expressionismo abstrato e o Abstracionismo gestual que chega s
Amricas por meio das criaes de Jacson Pollock.
Outra tendncia do Abstracionismo o geomtrico iniciada pelo russo,
Malevitch, nascido em 1878, e pelo holands Piet Mondrian, nascido em 1872.
Malevitc criou quadros, nos quais as que figuras geomtricas flutuam num
espao sem perspectiva, inaugurando o suprematismo, que significa a
autonomia da forma.
Mondrian, que at o inicio de 1910 aproximava suas tcnicas ao
Cubismo, comeou a realizar obras, entre 1920 e 1940, com ngulos retos,
linhas verticais e horizontais que utilizavam apenas as cores primrias, com
toques de branco preto. Essas formas e cores retratavam, para ele, a essncia
dos objetos. Aps a influncia do Abstracionismo geomtrico, outras
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tendncias se derivaram: o Construtivismo, o Concretismo e o Minimalismo.
(PROENA, 2002, p. 162)
O abstracionismo tambm teve adeptos no Brasil, surgindo nos anos
de 1950, com a contribuio de Iber Camargo, Manabu Mabe, Fayga
Ostrower e outros. No se pode esquecer tambm a influncia da Bienal
Internacional de So Paulo, em 1951, que apresentou nomes como Ccero
Dias, Tomie Ohtake e Antonio Bandeira, entre outros.
Diante do exposto percebe-se que o Abstracionismo altera os valores
formais da arte, passando do mundo concreto para o subjetivo. O artista cria
suas imagens, e expressa uma realidade interior, no percebida at momento
histrico no qual comeou a ser forjado esse movimento da Arte. Ou seja, nas
obras realizadas durante toda a histria humana, ainda no havia essa ligao
ao mundo subjetivo, mas somente ao mundo concreto.
O abstracionismo, como j se explicitou, apresentou vrias fases,
desde a mais sensvel at a intelectualidade mxima, representada nas
tendncias j nominadas. Podemos concluir que o Abstracionismo um
contedo de suma importncia no ensino da Arte, pois permite reflexes que
geram a compreenso da arte como expresso de diferentes linguagens
existentes e na humanizao dos sentidos.
Assim como todas as outras disciplinas do currculo escolar, a arte,
deve possibilitar o desvelar das origens e da histria da humanidade, sua
evoluo, costumes, tradies, conflitos, crenas, etc., como j se assinalou.
papel da escola, tambm, contribuir para a elevao das funes complexas do
pensamento dos educandos por meio da intencionalidade de promover a
aprendizagem. Para tanto a qualidade do contedo ensinado fator
preponderante, ou seja, o objetivo da escola e, portanto, da disciplina de Arte
deve ser o de formar o indivduo e no somente inform-lo.
O contedo mediado nessas relaes pode promover o
desenvolvimento das funes mentais superiores, uma vez que ele (o
contedo) no modifica somente aquilo que o sujeito pensa, mas a forma como
ele pensa, como esclarece Oliveira (2005). Para a autora que defende as ideias
de Vygotsky, os signos so, instrumentos psicolgicos , ou seja, so
ferramentas que auxiliam a construo de processos psicolgicos , desse
modo, ao trabalhar com atividades prticas foi proporcionado aos estudantes
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aes mediadas capazes de elevar suas funes mentais. (OLIVEIRA, 2005, p.
30).
Destarte, ao proporcionar aos alunos o conhecimento dos contedos
presentes no tema Abstracionismo. Quer dizer, ao recordar os pressupostos
tericos apontados por Vygotsky (2001), percebe-se que seu interesse pela
arte baseava-se na sua preocupao pela gnese da cultura. Assim sendo,
como enfatiza o autor, a arte um dos sistemas de smbolos mais complexos
e, portanto contribui para a transformao dos sentimentos originais do ser
humano.
2.2 A organizao das atividades de ensino com base na teoria Histrico-
Cultural
Para organizar as atividades de ensino propostas aos alunos durante o
processo de implementao da Unidade Didtica sobre o Abstracionismo
buscou-se questionar o conhecimento a ser transmitido. A escola tem como
sua principal funo a transmisso do saber historicamente acumulado.
Todavia preciso estabelecer que conhecimentos so mais valiosos visando a
formao cognitiva dos indivduos.
Segundo Vygotsky (2001), quando as atividades de aprendizagem so
organizadas de forma adequada possvel conduzir-se ao desenvolvimento.
Assim sendo deve-se enfatizar a qualidade da aprendizagem destinada aos
estudantes para que a escola cumpra seu papel de proporcionar instrumentos
para o desenvolvimento cognitivo dos mesmos.
Com base na Teoria Histrico-Cultural, cujo principal expoente
Vygotsky, e na ideia de que a escola deve promover o desenvolvimento
cognitivo de seus alunos como pessoas ativas no processo de aprendizagem,
as atividades proporcionadas foram mediadas o tempo todo pelo professor.
A importncia da escola no desenvolvimento cognitivo dos alunos
defendida, com base nos estudos deste autor:
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Se as funes mentais so socializadas e reconstrudas por meio da comunicao, do inter-relacionamento, ento, na escola, preciso estar atento qualidade das informaes, do saber mediado na relao professor/aluno, uma vez que esse saber carrega em si potencialidades em termos de formao. O contedo escolar transforma-se em funes mentais, afetivas, psquicas em geral, as quais compem os fundamentos do pensamento. (PALANGANA, GALUCH e SFORNI, 2002, p, 115).
Dessa maneira ao pensar-se na qualidade das informaes e
contedos prestados aos alunos visando o seu desenvolvimento cognitivo,
alm do compromisso do professor como mediador das atividades de
aprendizagem proporcionou-se aos estudantes:
Leituras e discusses de textos tericos, retirados da Unidade Didtica,
elaborada pela professora PDE.
Pesquisas, por meio de outras referncias tericas e pelo uso do
Laboratrio de Informtica, no qual os alunos tiveram a oportunidade de
visitar museus e conhecer algumas obras e seus respectivos artistas.
Material de apoio para o processo de ensino-aprendizagem como slides
e filmes que ajudaram na compreenso da histria da arte.
Recortes de produes cinematogrficas: O Sorriso de Monalisa e
Jackson Pollock, aprofundando assim os conhecimentos sobre o
abstracionismo.
Apoio terico e metodolgico para a produo de obras de arte para que
os estudantes pudessem expressar a compreenso sobre os temas
abordados, fazendo releituras das obras de pintores renomados,
apresentados na Unidade Didtica.
Organizao das produes dos alunos em portflios para que os
mesmos avaliassem sua evoluo e apreciassem as atividades
realizadas.
Exposio das atividades em vrios espaos da escola para apreciao
dos demais alunos. A exposio das obras foi acompanhada pelos seus
produtores que socializaram os conhecimentos adquiridos.
Com a finalidade de possibilitar qualidade ao processo de ensino
proporcionou-se durante todo o processo de interveno momentos para que
os alunos pudessem questionar e responder questes sobre o tema para a
avaliao dos conhecimentos apreendidos.
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A avaliao parte integrante dos processos de ensino e
aprendizagem, desse modo o momento de observar se os contedos
ensinados foram apropriados. Como foi dito os contedos de aprendizagem
transformam-se em funes mentais e psquicas. Ou seja, estes contedos se
constituem em elementos que modificam a forma como os estudantes pensam
e agem.
Assim sendo a Teoria Histrico-Cultural subsidiou, alm da
compreenso que necessria qualidade da aprendizagem, ideias acerca da
compreenso da Arte no desvelar da histria humana. A arte um instrumento
de grande importncia para conhecer as origens e a histria da humanidade
sendo que a partir de sua produo possvel interpretar a evoluo humana,
seus costumes, tradies, conflitos, crenas, etc.
Por meio das distintas formas de expresso a Arte possibilita, no
somente, ao ser humano conhecer sua histria, mas os processos criativos que
envolvem cada uma das linguagens artsticas, bem como as formas de realiz-
la.
Ao analisar-se uma obra pode-se reconhecer os vrios conhecimentos
que se encerram nela, por exemplo: os materiais utilizados, a tecnologia em
sua execuo, para que foi criada, entre outros conhecimentos. Em outras
palavras, possvel perceber que conhecimentos o produtor da obra tinha em
suas mos no momento histrico de sua execuo.
Psicologia da Arte foi a Tese de Doutorado que Vygotsky apresentou
em 1925 na Universidade de Moscou, porm s foi editada em 1970, na
mesma cidade, apresentada por Leontiev, um de seus discpulos. Em sua
Tese, defende que a arte um conjunto de signos estticos que tem por
objetivo provocar emoes nas pessoas. Portanto tentou estabelecer
explicaes da influncia da arte na vida do homem, a ao desta no
funcionamento mental do indivduo, sempre levando em conta o contexto scio
histrico.
[...] a arte uma tcnica social do sentimento, um instrumento da sociedade atravs do qual incorpora ao ciclo da vida social os aspectos mais ntimos e pessoais do nosso ser. Seria mais correto dizer que o sentimento no se torna social, mas, ao contrrio, torna-se pessoal, quando cada um de ns vivencia uma obra de arte,
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converte-se em pessoal sem com isto deixar de continuar social. (VIGOTSKI, 2001, p. 315)
Ao defender esses pressupostos Vygotsky reconhece que alm do
autor e do espectador a prpria arte deve ser tomada como base de reflexo
haja vista que ela representa a possibilidade de reconhecer a cultura presente
na formao do indivduo, ao longo de sua vivncia.
2.3 Abstracionismo : a percepo dos alunos no desenvolvimento do
trabalho
Ao estudar-se uma obra abstrata, nas aulas de Arte, comum os (as)
alunos (as) deduzirem que a mesma se define por formas e cores que no
possuem relao direta com a realidade visual. Em outras palavras, a arte
abstrata aquela que desvincula realidade e obra, imprimindo em suas linhas,
cores, planos e significados algo mais alm da realidade visvel: o prprio
estado de esprito (raiva, saudade, amor, dio, entre outros). Ou seja, no
difcil que consigam reconhecer uma obra abstrata.
Entretanto, o ensino da Arte deve possibilitar outros acessos como, por
exemplo, s imagens e contedos que possibilitem aos estudantes a
compreenso de quem somos e de onde viemos. A Arte assim como outras
disciplinas do currculo deve possibilitar conhecimentos que lhes permitam
interagir com o mundo, expressar sentimentos e ideias, alm de perceber-se
como agente de transformao, por meio da percepo de que a Arte carrega
em si esse poder de mudana.
Assim sendo durante o trabalho desenvolvido com os estudantes do
Ensino Mdio, relatado neste artigo, procurou-se possibilitar aos (as)
estudantes referncias que contribussem para a apreenso da Arte como
consequncia do trabalho humano, e para o conhecimento do Abstracionismo
como um movimento de contraposio e ruptura com as ideias impostas para a
apreciao da Arte at naquele momento histrico.
Para desenvolver o trabalho foram utilizadas em mdia vinte aulas de
cinquenta minutos cada, nas quais utilizou-se a Unidade Didtica intitulada:
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Abstracionismo: ruptura com o real e novas possibilidades de expresso
humana, alm de leituras, releituras de obras de Arte e discusses sobre
contedos relacionados ao Abstracionismo.
Com o intuito de promover conhecimento sobre as vrias reas da
Arte, e instrumentalizar os estudantes para o trabalho de criao, buscou-se
permitir que dominassem no s o processo produtivo do objeto assim como a
escolha dos materiais e da metodologia a ser utilizada para a consecuo da
produo que se propusessem a executar, assim como est estabelecido nas
Diretrizes Curriculares Paranaenses para o ensino da Arte.
O trabalho iniciou-se a partir da conceituao da Arte. Com essa
atividade os estudantes puderam refletir e responder questes como: A arte
pode ser conceituada atravs de uma nica definio? ela um instrumento de
reproduo a servio do homem, uma tcnica social do sentimento ou uma
forma de expresso? A partir das produes artsticas possvel interpretar a
evoluo humana, costumes, tradies, crenas, etc.? Arte para todos ou
s para os gnios? Afinal o que Arte?
A partir desses questionamentos percebeu-se que os estudantes
passaram a refletir mais sobre o significado da Arte e se dispuseram a
aprofundar seus conhecimentos e, inclusive, formularam suas prprias
definies.
Outra atividade proporcionada foi a anlise das pinturas rupestres a
partir das quais os alunos inferiram que a produo humana em Arte no tem
apenas um aspecto utilitrio, mas o desejo de expressar sentimentos, de
imprimir determinada viso do momento histrico e que a arte, em suas
distintas formas de expresso possibilita ao ser humano descrever sua histria,
e reconhecer os processos criativos que envolvem cada uma das linguagens
artsticas, bem como as formas de realiz-la.
Nesse momento do trabalho foi interessante perceber as observaes
dos alunos sobre a Arte nesse perodo: professora, ento quer dizer que o
homem da pr-histria, apesar de no escrever j tentava se comunicar pela
Arte?. A ideia do aluno foi completada por outra colega: acho que eles
tentavam expressar o seu dia-a-dia, pois parece que eles esto descrevendo
as caadas.
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Partindo da observao dos alunos foi possvel complementar que
alm dos aspectos do cotidiano o homem da pr-histria utilizava-se de
recursos materiais presentes na natureza: extrato de plantas como rvores e
frutos, sangue e gordura de animais, carvo, e outras rochas etc.
Para que os estudantes pudessem conhecer, analisar e apreciar a arte,
superando uma viso restrita ao gosto pessoal possibilitou-se um paralelo entre
a Arte Figurativa e a Arte Moderna. Aps anlises de imagens desses
movimentos concluram que a primeira se baseia no uso de imagens
semelhantes aparncia visvel do mundo e que a segunda extrapola a
aparncia real podendo exprimir o real sem compromisso com o
imediatamente perceptvel, segundo as concluses dos prprios alunos.
Os vrios movimentos da Arte puderam ser explorados a partir de
recortes do filme: O Sorriso de Monalisa, que retrata uma professora de
Histria da Arte bastante moderna para seu tempo e que proporcionava aos
seus alunos uma reflexo sobre as obras de Arte e no somente a
memorizao de obras e pintores.
Na atividade do Impressionismo os alunos puderam perceber que ao
invs de retratarem a realidade aparente os pintores buscavam novas formas
de expresso evocando a sensao da cor, da luz e do movimento em suas
composies, ausncia do efeito linear, as figuras so transformadas em
massas coloridas rejeitando assim a tradio acadmica de representao do
mundo.
No trabalho de pontilhismo consistia em justapor pontos de cores
brilhantes e contrastantes para que a forma fosse percebida sem que se
usasse a linha para contorn-la. Nessa atividade os alunos puderam perceber
que o pontilhismo uma tcnica na qual se utilizam cores no primrias,
geradas pelo efeito visual da proximidade dos pontos que so realizados na
tela com as cores primrias.
Partindo de vrias obras apresentadas em slides os estudantes
observaram que quando so enxergadas a certa distncia os pontos utilizados
nas telas podem ser distinguidos produzindo um efeito visual no qual possvel
distinguir-se outras cores. Ou seja, com um mesmo conjunto de cores primrias
gerado uma gama de cores diferentes se comparados com obras nas quais
os artistas utilizam tcnicas de mistura de cores ou cores tradicionais. Com
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base nessas concluses os estudantes observaram que no pontilhismo a
percepo do observador quem mistura as cores, como pode ser notado na
observao de um dos alunos: Eu notei que no caso dessa tcnica o olho
de quem v a figura que faz a mistura das cores e no o pincel do artista.
Conforme as atividades se realizavam os alunos percebiam os diversos
movimentos da Arte e sua relao com o momento histrico nos quais foram
produzidos. Assim notaram que no movimento expressionista a pintura
dramtica, subjetiva e expressa os sentimentos humanos. Por meio de cores
marcantes (fortes) os artistas do forma plstica ao amor, ao cime, ao medo,
solido, prostituio e a misria humana, entre outras expresses,
apresentado uma figura deformada, acentuando as caractersticas dos
sentimentos retratados.
Como atividade prtica para trabalhar o movimento expressionista os
estudantes escolheram um dos temas apresentados e realizaram pinturas no
estilo expressionista, que muito agradou os olhares da comunidade.
Em continuidade ao desenvolvimento do material pedaggico realizado
estudou-se o fauvismo, cujo significado era feras, pois assim eram chamados
os pintores, a pintura fauve. Baseava-se no uso de cores puras, violentas e
contrastantes, as tintas so aplicadas diretamente do tubo de tinta para a tela,
sem mistur-las ou matiz-las. Suas pinturas mostram o mundo simplificado
em formas vvidas, com ausncia de grande parte de detalhes.
Foram mostrados atravs de obras de arte cubistas as diferenas entre
o cubismo analtico e o cubismo sinttico. No cubismo Analtico, a cor era
moderada e as formas eram predominantemente geomtricas e
desestruturadas pelo desmembramento de suas partes equivalentes,
ocorrendo, desta forma, a necessidade de no somente apreciar a obra, mas
tambm de decifr-la, ou melhor, analis-la para entender seu significado, j no
cubismo Sinttico, as cores so mais fortes e as formas tentavam tornar as
figuras novamente reconhecveis atravs de colagens realizadas com letras e
tambm com pequenas partes de jornal.
Ao estudar-se o movimento futurista os estudantes puderam perceber
que o mesmo teve como caracterstica principal a representao da velocidade.
Para refletir a velocidade na pintura, os artistas futuristas recorrem a repetio
de traos nas figuras, no se interessando apenas em pintar um automvel, por
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exemplo, mas captar em forma plstica a velocidade descrita por ele no
espao. Ou seja, a velocidade altera a percepo visual do homem.
No movimento dadasta, cuja caracterstica principal a ruptura com as
formas de arte tradicionais, propunha-se uma arte que chocava a sociedade da
poca. Trazia-se para os atelis objetos do cotidiano e dava-se uma nova
funo a eles, expondo-os como obras de arte.
Neste momento de aprendizagem os alunos tiveram a oportunidade,
por meio de diversas atividades de perceberem a diferena entre o Dadasmo e
o Surrealismo, visto que ambos utilizam o automatismo psquico, mas o
dadasmo expressa as decepes dos intelectuais e artistas e no possui
doutrina ou princpios artsticos definidos (anarquistas); j o surrealismo
expressa a liberdade absoluta, que escapa as limitaes da vida consciente.
Para uma compreenso mais profunda do Surrealismo foram feitos
vrios questionamentos aos estudantes: O que significa a palavra surreal,
mais do que real ou alm do real? O que preciso para se produzir uma
pintura surrealista? Bastam sonhos, delrios ou pode-se compor algumas ideias
irreais mesmo estando acordado? Aps os questionamentos foram
desenvolvidas atividades de releitura de obras surrealistas de autores famosos.
Visto toda a evoluo dos movimentos da arte moderna chegou-se ao
movimento principal da Unidade Didtica que Abstracionismo, objetivo
principal da construo da mesma e ponto central das atividades de
aprendizagem, haja vista tratar-se do tema principal para o aprofundamento
terico.
Com a finalidade de preparar os alunos para a aprendizagem e
aprofundamento do tema, alm do objetivo de reconhecer que saberes os
alunos j haviam apreendido do tema Abstracionismo, questionou-se o
seguinte: Qual a finalidade de tantos riscos e rabiscos? As obras abstratas tm
aparncia de objetos presentes no mundo que nos cerca? Voc consegue
definir qual significado da imagem vista em um quadro abstrato? Ao observar
os elementos que compem uma obra abstrata, as formas, as cores, os claros
e escuros, a textura da tinta e as marcas das pinceladas voc v semelhanas
dessas formas com algo que possa ser nomeado, ou seja, real?
A pintura abstrata, embora livre do compromisso de reproduzir formas
reais, como o caso da pintura figurativa, requer senso de organizao como
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qualquer outro trabalho expressivo, ao contrrio do que pensam alguns
apreciadores despreparados que exclamam: Isso Arte? .
Estudou-se tambm a diferena entre o abstracionismo geomtrico,
informal e o abstracionismo no Brasil, foram feitos pesquisas de autores
brasileiros e obras abstratas. O abstracionismo tambm teve adeptos no Brasil,
surgindo nos anos de 1950, com a contribuio de Iber Camargo, Manabu
Mabe, Fayga Ostrower e outros. No se pode esquecer tambm a influncia da
Bienal Internacional de So Paulo, em 1951, que apresentou nomes como
Ccero Dias, Tomie Ohtake e Antnio Bandeira, entre outros.
O Movimento abstracionista divide-se em cinco fases, portanto todas
foram apresentadas aos alunos no intuito de melhorar a compreenso do
Abstracionismo, tema principal do trabalho desenvolvido:
1 Movimento: Der Blauer Reiter (O Cavaleiro Azul) - o artista livre
para expressar seus sentimentos interiores, usando a forma, a cor e a linha,
sem relacion-los a lembrana do mundo exterior.
Ao trabalhar esse movimento foi proposta uma pesquisa sobre Wassily
Kandinsky (1866-1944), um artista russo pioneiro do Abstracionismo nas artes
plsticas. Ao estudar esse movimento os alunos puderam analisar a obra: O
Cavaleiro Azul, uma obra que Kandinsky produziu em 1903, retratando uma
imagem bastante comum de sua infncia. A obra apresentava um personagem
dos contos de fada da infncia do artista e simbolizava o combate entre o bem
e o mal.
Ao apresentarem a pesquisa biogrfica sobre o autor, os alunos
observaram que: o artista utilizou sua obra para mostrar o que ele viveu na
sua vida de criana. Essa ressalva apresentada por uma aluna veio confirmar
a ideia que se busca apresentar sobre os artistas. necessrio que os
estudantes reconheam que por detrs de um artista existe um ser humano. No
caso de Kandinsky os estudantes observaram que ele era uma pessoa
comum, pois assim como muitos deles, o artista em questo era filho de pais
separados e foi criado por uma tia.
2 Movimento: Suprematismo (1913) neste movimento foram realizadas
pesquisas de autores renomados que utilizavam a tcnica mista, sendo feito
trabalhos com colagens e pintura, utilizando diversos suportes e materiais para
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a elaborao da obra composta com os principais elementos do suprematismo
(retngulo, crculo, tringulo e a cruz).
3 Movimento: Neoplasticismo desenvolveu-se na Holanda uma nova
fase da arte abstrata. Utilizava-se como elemento de base uma superfcie
plana, retangular e as trs cores primrias: vermelho, amarelo e azul, com um
pouco de preto e branco. O Neoplasticismo se refere s linhas negras
horizontais e verticais em fundo branco acinzentado, no qual Mondrian
acrescentou blocos de cores primrias.
4 Movimento: Arte Abstrata Americana - O abstracionismo cresce e se
desenvolve nas Amricas, chegando a criao de um estilo original. Pintura de
ao, gestual. Sua pintura linear e a maior caracterstica que ela apresenta
um movimento, que resultado de um gesto, derramando a tinta, ou usando
bisnagas, pinceis ou as prprias mos, na execuo da obra. Ela
espontnea, livre e instintiva.
Com o intuito de possibilitar a compreenso desse movimento
apresentaram-se recortes do filme: Jackson Pollock, um pintor estadunidense
da dcada de cinquenta. Ele aderiu tcnica de pintura por gotejamento criada
por Marx Ernst. Nessa tcnica o artista respinga tinta nos painis de pintura de
modo que os pingos escorridos formam traos que se entrelaam.
Pollock iniciava suas pinturas a partir de um ponto, de um nico pingo
de tinta que deixava cair sobre a tela. Assim como o artista os estudantes
puderam experimentar a tcnica trabalhando suas telas no cho e utilizando-
se, assim como Pollock, de pedaos de madeiras, dos recipientes com tinta e
at das prprias mos.
5 Movimento: Cobra - criado na Holanda, tem por caracterstica a
pintura gestual, livre e violenta na escolha de cores e texturas. Neste trabalho
foram confeccionados papel de presente com a tcnica de pintura gestual.
Ao trmino das vinte aulas propostas e com o apoio do Material
Didtico muitas concluses foram possveis, entre elas que a arte um
instrumento de representao a servio do homem desde os primrdios.
Quando este sentiu necessidade de representar seu cotidiano e imprimiu, ainda
nas cavernas, cenas que demonstravam seu dia a dia, com a finalidade mtica
de reduzir a essncia das coisas sua origem.
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A Arte possibilita ao individuo infinitas formas de produzir seus
trabalhos visando a atuao deste em sua realidade singular e social,
justificando assim o ensino de Arte e o resultado deste artigo.
Como conhecimento da realidade, a arte pode revelar aspectos do real, no em sua objetividade o que constitui tarefa especfica da cincia , mas em sua relao com a individualidade humana. Assim, a existncia humana o objeto especfico da arte, ainda que nem sempre o homem seja o objeto da representao artstica. A arte, como forma sensvel, apresenta no uma imitao da realidade, mas uma viso do mundo socialmente construda atravs da maneira especfica com que a percepo do artista a apreende. (PARAN, 2008, p 57)
Baseando-se no exposto as atividades realizadas com os alunos do
ensino mdio possibilitaram vivenciar na prtica os elementos que estruturam e
organizam as Artes Visuais.
A partir dos conhecimentos presentes no Abstracionismo os estudantes
puderam compreender a Arte ao longo da Histria e sua relao com a
sociedade contempornea, assim os alunos passaram a gostar mais desta
disciplina, e alguns disseram que Estudar arte atravs de contextualizaes,
vdeos, telas bem mais interessante, desta forma, possvel perceber que
latente a necessidade de se desenvolver novas tcnicas de ensino da Arte para
os alunos do ensino mdio, e, cabe ao professor procurar novas formas de
ensinar. Assim a proposta deste projeto colabora com a proposta do PDE que
formar e possibilitar aos docentes novas oportunidades de especializao da
sua formao.
2.4 Grupo de Trabalho em Rede (GTR): socializao do trabalho
desenvolvido
Este trabalho tambm passou pelo crivo de muitos professores da rede
pblica por meio do GTR (Grupo de Trabalho em Rede). Todos ao participarem
do curso foram categricos ao afirmar que o trabalho daria certo, pois o projeto
de interveno apresentava uma maneira diferente de ensinar, colocando a
possibilidade de interdisciplinaridade com a lngua Portuguesa e Histria.
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Assim a capacitao em rede algo bem desafiador para o tutor e, do ponto de
vista dos professores participantes do GTR, esse tipo de capacitao traz
muitos benefcios, como fica evidenciado nos testemunhos que foram dados
durante o curso.
De acordo com o professor participante do GTR Ao ler, refletir e
analisar o contedo da produo didtico pedaggico, achei excelente, pela
diversidade e abordagem dos diferentes gneros artsticos. Proporcionando ao
professor e aluno, um conhecimento contextualizado. Dos contedos destaco a
arte figurativa e abstrata quanto a sua significao.
A arte figurativa por fazer parte de nosso visual cotidiano, permite
estabelecer vrias relaes e sintetizar os elementos concretos da realidade. E
a arte abstrata aquela que procura transmitir a qualidade ou propriedade de
um objeto sem represent-lo sob uma forma definida. Amplia, da asas a
imaginao. Gosto de trabalhar com as diferentes fases do abstracionismo
para que o aluno possa conhecer e entender o processo de criao e
enriquecer, criar e apreciar as diferentes caractersticas da arte abstrata.
Relacionado a discusso de textos, um dos participantes aponta que
Assim como voc acredito que com um trabalho de discusses de textos,
imagens vistas e analisadas, trabalhos prticos e tericos os alunos passaro a
ter uma viso um pouco mais aguada sobre a Arte e a sua presena no
cotidiano. Outro participante aborda que E atravs dessas atividades que
nossos alunos vo aprendendo a valorizar a arte, pois muitas vezes quando
chega at ns arte para eles s "desenho livre" e aos poucos vo
percebendo que ha muita histria na arte e que livre a criatividade de cada
um ao realizar a atividade proposta pelo professor com base nos movimentos e
perodos.
Sobre a produo didtica pedaggica um dos participantes afirma que
A produo Didtico Pedaggica est muito boa, gostei muito do contedo
material, pois esta pertinente com a realidade da escola pblica, onde os
recursos e os materiais so escassos, bem como, o padro socioeconmico
dos alunos no propicia a aquisio dos recursos materiais necessrios para a
disciplina de arte. No entanto, com tcnica, planejamento, conhecimento,
dedicao, boa vontade e criatividade, torna-se possvel oferecer aos alunos
um ensino de qualidade, pois, as atividades propostas so viveis, e os
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materiais didticos possuem baixo custo, o que facilita ao colgio disponibilizar
os meios materiais, para os alunos menos favorecidos. Assegurando
democraticamente que todos possam participar das aulas prticas,
igualitariamente; conhecendo, aprimorando e desenvolvendo tcnicas
diversificadas, o que torna as aulas mais prazerosas e motivadoras,
contribuindo em muito na capacitao pessoal e no desenvolvimento da
cidadania. O projeto de Interveno Pedaggica, tem como prioridade
promover uma melhoria do processo ensino aprendizagem, primeiramente
diagnosticando, para ento, partindo da realidade intervir de maneira a superar
os obstculos e as dificuldades encontradas.
Esses depoimentos auxiliaram a troca de experincia e permitiram que
o trabalho fosse sendo implementado ao longo das aulas com os alunos,
permitindo que as mesmas se tornassem cada vez mais dinmicas e
participativas.
3 Consideraes finais
A Arte consequncia do trabalho desenvolvido pelo homem no
esforo de interpretar a natureza e coloc-la a seu servio. A partir da
necessidade de adaptar-se ao meio o homem transformou-se em um criador
que a princpio representava sua prpria vida, mas com o desenrolar da histria
da humanidade passa a representar inclusive sua forma de ver, pensar, sentir e
intervir em seu meio.
Como a Arte faz parte do cotidiano humano desde o incio de sua
existncia, hoje, mais do que nunca, necessrio que os alunos estejam
inseridos no processo artstico, uma vez que a mesma traz em si a
possibilidade de representao e reconhecimento do mundo no qual o aluno
est inserido.
A Arte tambm fator de integrao entre as pessoas, uma vez que a
mesma possibilita outras formas de expresso, podendo atravs dela
demonstrar aquilo que sente ou pensa, alm de fazer com que o indivduo
tenha uma anlise crtica daquilo que v, ouve, assiste ou faz.
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Em cada obra de arte h uma experincia de vida a ser transmitida. A
obra no existe somente para o seu produtor, mas para quem a contempla,
haja vista que cada ato de contemplao possibilita a recriao da obra por
meio da releitura que cada espectador faz dela. Essa recriao ocorre, pois a
cada novo olhar possvel perceber novos horizontes, detalhes antes no
captados.
Nem sempre os indivduos se utilizaram da Arte para representarem a
realidade tal com ela estava posta, ou seja, a realidade aparente, mas para
exprimir emoes, demonstrar a essncia dos objetos a partir da
decomposio da figura, do uso convencional de sombra e luz, buscando
outras possibilidades de representaes e apreciaes.
Por apresentar muitas possibilidades no difcil ouvir-se
questionamentos sobre o que de fato a arte. Algumas obras causam
estranheza e perturbao, outras elevao e plenitude. O fato que ao
produzir sua existncia o homem criou tambm a necessidade de expresso. A
arte representa essa possibilidade e cabe a escola permitir, por meio de seus
contedos e pela mediao do professor, que o educando a perceba.
Por isso, ao desenvolver o presente projeto nas aulas de Arte e ao
estudar-se obras abstratas os alunos puderam deduzir que a mesma se define
por formas e cores que no possuem relao direta com a realidade visual. Em
outras palavras apreenderam a arte abstrata como aquela que desvincula
realidade e obra, imprimindo em suas linhas, cores, planos e significados algo
mais alm da realidade visvel: o prprio estado de esprito (raiva, saudade,
amor, dio, entre outros).
Sabendo-se que um artista no eterno, mas sua obra pode
perpetuar-se, inclusive com a possibilidade de comunicar o contexto histrico
da sua poca, como j foi dito, foi possvel, atravs do trabalho realizado e
objeto deste artigo, traar um paralelo entre as diferentes formas de expresso
humana ao longo do tempo.
Pode-se perceber, claramente, no decorrer da implementao, a
progresso dos alunos na interpretao e anlise das obras, posto que
realizaram as atividades, de forma concreta e bem prxima do expressado
pelos artistas. Com essa proximidade com a teoria estudada e a prtica
experimentada nas produes artsticas dos alunos foi possvel coloc-los
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como sujeitos no processo de aprendizagem. Ao possibilitar a atividade
cognitiva dos mesmos acredita-se ter contribudo para o desenvolvimento de
suas funes psicolgicas superiores. Ou seja, as atividades concretas
permitiram a apropriao de conhecimentos, ou bens culturais, por meio de
aes organizadas de ensino, conforme os pressupostos da Teoria Histrico-
Cultural.
A experincia obtida ao final da implementao deste projeto propiciou
uma reflexo sobre a necessidade de investimento na formao continuada
dos professores e o impacto que essa formao tem na vida do aluno na
instituio escolar, pois ningum d aquilo que no tem, e medida que o
professor estuda ele ajuda os alunos a buscar tambm o conhecimento.
Durante o desenvolvimento do trabalho exposto no presente artigo
enfrentou-se muitos problemas, porm apesar das dificuldades, pode-se dizer
ouve xito. A partir das atividades expostas acredita-se que o ensino de Arte
ganha novo aspecto, novas estruturas superando as expectativas
determinadas para o projeto.
Enfim, o trabalho desenvolvido esteve tambm em conformidade com
as orientaes das DCEs (Diretrizes Curriculares) Paran, que estabelece
que a disciplina de Arte deve promover no s o conhecimento sobre as vrias
reas da arte, mas possibilitar ao aluno o trabalho de criao, que deve ser
total e unitrio, permitindo a ele dominar no s o processo produtivo do objeto,
desde a sua criao, mas a escolha dos materiais e da metodologia a ser
utilizada para a consecuo da produo que se props a executar. (PARAN,
2008, p. 62)
REFERNCIAS
COSTA, Cristina. Questes de Arte: o Belo, a Percepo Esttica e o Fazer
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PARAN. Secretaria de Estado da Educao. Diretrizes Curriculares de Arte para a Educao Bsica. Departamento de Educao Bsica. Curitiba, 2008. PROENA, Graa. Histria da Arte. 4 Ed. So Paulo: tica, 1994.
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