Abuso E Dependência de Inalantes

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Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associação Médica Brasileira, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. 1 Autoria: Associação Brasileira de Psiquiatria Elaboração Final: 10 de outubro de 2012 Participantes: Marques ACPR, Diehl A, Cordeiro DC, Ratto LRC, Ramos AAM, Ribeiro M, Laranjeira RR, Andrada NC Abuso e Dependência de Inalantes

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    O Projeto Diretrizes, iniciativa da Associao Mdica Brasileira, tem por objetivo conciliar informaes da rea mdica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocnio e a tomada de deciso do mdico.

    As informaes contidas neste projeto devem ser submetidas avaliao e crtica do mdico, responsvel pela conduta a ser seguida, frente realidade e ao estado clnico de cada paciente.

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    Autoria: Associao Brasileira de Psiquiatria

    Elaborao Final: 10 de outubro de 2012 Participantes: Marques ACPR, Diehl A, Cordeiro DC, Ratto LRC, Ramos AAM, Ribeiro M, Laranjeira RR, Andrada NC

    Abuso e Dependncia de Inalantes

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    DESCRIO DO MTODO DE COLETA DE EVIDNCIA:Foram revisados artigos nas bases de dados do MEDLINE (PubMed) e outras fontes de pesquisa, sem limite de tempo. A estratgia de busca utilizada baseou-se em perguntas estruturadas na forma P.I.C.O. (das iniciais Paciente, Interveno, Controle, Outcome). Foram utilizados como descritores: Inhalant Abuse, Inha-lation Exposure, Administration, Inhalation; Street Drugs, Street Drugs/poisoning; Amyl Nitrile, Vasodilator Agents, Nitrites, Solvents, Volatile Organic Compounds, Toluene, Anesthetics, Inalation, Isoflurane, Nitrous Oxide, Violence, Homeless Youth, Substance-related Disorders, Behavior, Addictive; Severity of Illness Index, Incidence, Prevalence, Risk, Occupational Exposure/adverse effects, diagnosis, Signs and Symp-toms, Chronic Disease, Emergency Service, Hospital; Abnormalities, Drug-Induced; adverse effects, complications, toxicity, Substance Withdrawal Syndrome; Central Nervous System Depressants, Bone Marrow/drug effects; Hematopoiesis, Leukopenia/chemically induced, rehabilitation, Ambulatory Care, Comorbidity, Mental Disorders, Alcohol-Related Disorders, Ethanol, Antisocial Personality Disorder, Suicide, Suicide Attempted, Pregnancy, Pregnancy Outcome, Pregnancy Complications, Prenatal Exposure Delayed Effects, Substance Abuse Detection, Infant, Newborn; Infant Pre-mature, Child Development/drug effects, Child Behavior/drug effects, Developmental Disabilities/chemically induced. Esses descritores foram usados para cruzamentos de acordo com o tema proposto, em cada tpico das perguntas P.I.C.O. Aps anlise desse material, foram selecionados os artigos relativos s perguntas que originaram as evidncias que fundamentaram a presente diretriz.

    GRAU DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistncia.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistncia.C: Relatos de casos (estudos no controlados).D: Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consensos, estudos fisiol-

    gicos ou modelos animais.

    OBJETIVO:Atualizar sobre as especificidades na deteco precoce e abordagem do usurio de inalantes.

    CONFLITO DE INTERESSE:Nenhum conflito de interesse declarado.

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    Introduo

    As apresentaes mais comuns dos inalantes so os fluidos de gs, tner, colas, verniz, tintas, removedores de esmalte, adesivos, propulsores de aerossol, alguns agentes de limpeza seco, spray de pintura e fluidos de correo de mquina de escrever1(D). So inalados propositalmente ou por exposio no ambiente de tra-balho, e quando ocorre a intoxicao, os relatos so de sensaes prazerosas, como euforia e desinibio1,2(D). Os inalantes so divididos em trs grupos3(D):

    Grupo ISolventes volteis: butano, propano, tolueno, cloreto de metila,

    acetato de etila, tetracloroetileno (encontrados em sprays diversos, tintas, removedores de manchas, lquido para correo de texto, desengraxantes, colas e cimento de borracha);

    Combustveis: butano e propano (encontrados nos isqueiros, gasolina e propulsores de carros de corrida);

    Anestsicos: ter, cloreto de etila e halotano.

    Grupo II xido nitroso (encontrado no gs hilariante, anestsicos e

    aerossis).

    Grupo III Volteis nitritos de quila, ciclohexil, nitrito de butila, lcool

    isoproplico, nitrito isobutil (encontrados em poppers, limpadores de cabeote, purificadores de ar e odorizadores de ambiente).

    Pesquisas indicam que a inalao de substncias volteis produz efeitos similiares ao lcool (etanol like) por meio do cido gama-aminobutrico (GABA) e efeitos anestsicos dissociativos no sistema de receptor N-metil-D-aspartato (NMDA). Outras evidncias sugerem que os inalantes aumentam a liberao de dopamina no ncleo acumbens, responsvel pelo abuso dessas substncias4(B)5(D).

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    1. Como InCIde o uso e qual a prevaln-CIa de dependnCIa de Inalantes?

    Os inalantes tm sido largamente reconheci-dos como drogas de abuso muito comum entre os adolescentes6(B)7,8(D). A idade mdia de experi-mentao entre os 14 e 15 anos, mas parece haver diminuio da idade de experimentao em populaes mais vulnerveis, tais como meninos de rua, adolescentes com transtornos do humor ou de ansiedade, em conflito com a lei, onde a experimentao tende a ser ainda mais precoce, entre 7 e 9 anos9,10(A)6(B)7(D).

    Os meninos usurios so mais prevalen-tes que as meninas, variando de 74,2% a 84,6%11(A)6(B). A dependncia ocorre mais em indivduos com baixo desempenho escolar, com baixo nvel socioeconmico e socialmente mar-ginalizados, com famlias desestruturadas sem superviso parental, envolvidos com lcool e ou-tras drogas, com histrico de abuso sexual12(B).

    Entre as principais razes para o uso dessas substncias pelos adolescentes destacam-se: curiosidade, acesso fcil, por diverso ou busca de relaxamento, a ideia de que esse tipo de droga no perigoso, para esquecer os problemas, por tristeza, aborrecimento ou ansiedade, por presso dos seus pares, para impressionar terceiros, por estar com raiva de algum ou de si mesmo, por problemas familiares, e porque gosta dessa droga mais do que outras13(B). Acontece tambm para se juntar s pessoas que esto usando no mesmo ambiente, assim como por ter ouvido algum fa-lar sobre os efeitos prazerosos dos inalantes14(B). Possveis fatores culturais e diferenas tnicas e regionais que podem influenciar variaes tanto nas razes para uso quanto nos diferentes contex-tos de uso de inalantes no tm sido devidamente

    examinados em estudos cientficos que permitam comparao entre os diversos pases6(B).

    Vrios estudos epidemiolgicos, conduzidos em diferentes pases (Brasil, Mxico, Paraguai, Espanha, Canad, Nova Zelndia, Austrlia, Chile, Colmbia, Nicargua) do mundo, tm apontado que uso, abuso e dependncia de subs-tncias inalantes so especialmente prevalentes entre adolescentes e crianas muito jovens, com uma variedade de desfechos e consequncias negativas para essa populao15,16(A)6,17(B)7(D).

    Nos Estados Unidos da Amrica (EUA), os quatro grandes levantamentos populacionais que investigaram uso, abuso e dependncia de substncias volteis, como National Survey on Drug Use and Health (NSDUH), Youth Risk Behavior Survey (YRBS), Monitoring the Future (MTF) e o National Epidemiologic Survey and Related Conditions (NESARC), apontam taxas que variam em mdia de 12% a 19% de preva-lncia de uso na vida, com mais de 22 milhes de americanos com histrico de abuso dessas substncias11(A)6(B).

    Apesar da considervel prevalncia e dos importantes danos sade fsica e mental asso-ciados ao uso de inalantes, alguns autores tm chamado a ateno para o fato de que uso, abuso e dependncia de inalantes uma epidemia silenciosa, que ainda pouco compreendida, negligenciada e esquecida como um problema de droga, tanto do ponto de vista de estudos sobre boas prticas clnicas como de polticas baseadas em evidncias cientficas12(B)18,19(D).

    Talvez uma das explicaes para essa escassez de interesse se deva ao fato de que as substncias pertencentes a esse grupo em sua maioria no

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    so consideradas como drogas ilegais, apesar de produzirem efeitos psicoativos1(D). No sendo consideradas substncias ilegais, acabam sendo de fcil acesso, de baixo custo e fcil armaze-namento pelo usurio em casa, como o caso da acetona ou lata de cola, pois no produzem grandes conflitos quando encontradas pelos familiares3(D). Alm disso, no existe fisca-lizao formal por parte de autoridades, nem mesmo polticas restritivas de venda na maioria dos pases6(B)20(D).

    Portanto, parece de suma importncia a observao clnica por parte dos profissionais da sade em vrios ambientes de sade (espe-cialmente servios de emergncia), a fim de aumentar no somente a identificao precoce desse tipo de usurio, mas tambm de ampliar acesso e avaliao de tratamentos, j que existe imensa carncia de evidncia cientfica sobre o que realmente eficaz para usurios dessa classe de droga de abuso21,22(A).

    Dos 14.103 escolares (entre 9 e 12 sries) avaliados nos EUA, em 2007, 13,3% tinham experimentado substncias inalantes6(B). Estu-dos epidemiolgicos sobre inalantes encontraram tendncia ao aumento da incidncia de uso entre as mulheres tanto de pases desenvolvidos como em desenvolvimento7(D).

    Em estudo de 43.093 pessoas, observou-se que 1 em cada 5 indivduos que experimentam inalantes desenvolveram abuso e/ou dependn-cia. Esse ndice pode ser considerado baixo se comparado a outras drogas de abuso, como hero-na, cocana e crack, mas to importante quanto as demais substncias, pelos danos associados. A transio do uso experimental para um tpico padro de abuso e/ou dependncia, em geral,

    ocorre de forma bastante rpida e progressiva, em mdia um ano aps o incio da inalao23(B).

    No Brasil, os primeiros levantamentos so-bre o consumo de drogas entre estudantes com idades entre 12 a 18 anos foram feitos pelo Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas (CEBRID), em 1987. Os achados do ltimo levantamento feito em 27 capitais brasileiras demonstraram que os solventes fo-ram as drogas com maior uso na vida (exceto tabaco e lcool). Teresina apresentou a maior porcentagem (19,2%) e a menor foi observada em Aracaj, com 6,4% dos estudantes fazendo uso na vida de solventes. O Brasil teve o maior uso na vida de solventes, com 15,4%, no sendo ultrapassado por nenhum outro pas, tanto das Amricas como da Europa24(A). Em relao s crianas em situao de rua, o CEBRID en-controu no ltimo levantamento ndices muito elevados de consumo de substncias: 44,4% j experimentaram algum solvente (cola, lol, tner, entre outros)10(A).

    Embora a incidncia de uso de inalantes seja maior entre as crianas e os adolescentes, adultos com baixo nvel socioeconmico associado a pro-blemas sociais, encarceramento, comorbidades psiquitricas e poliusurios de outras drogas de abuso tambm so usurios frequentes7 (D).

    O Levantamento Domiciliar Brasileiro de 2005 revelou que os inalantes so a quarta droga mais prevalente abusada (atrs do lcool, maco-nha e tabaco). O uso na vida dessa substncia foi de 6,1% e a dependncia de 0,2%15(A). A dependncia de inalantes no Brasil baixa, po-rm, como observado em outros pases como os EUA, por exemplo, existem subgrupos em que essas taxas podem ser consideradas endmicas,

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    especialmente se a dependncia de inalantes co-ocorre com algum outro transtorno mental grave, com outros transtornos por uso de subs-tncias psicoativas e em indivduos com traos e comportamentos antissociais15(A)6(B).

    RecomendaoO uso na vida de inalantes na populao

    mundial oscila entre 12% a 19%16(A) e, no Brasil, atinge 6%, principalmente por crianas e adolescentes, com dependncia estimada de 0,2% da populao brasileira15(A). A investiga-o deve ser adotada de forma sistemtica por todos os profissionais que esto envolvidos na abordagem desse grupo populacional, principal-mente nas crianas em situao de rua, onde o consumo pode chegar a 44,4%10(A).

    2. exIstem grupos de usurIos Com rItuaIs espeCfICos de Consumo de Inalantes sem desenvolver a dependnCIa?

    Parecem existir tipos especficos de inalantes, cujo uso ocorre dentro de um ritual recreativo, em um contexto especfico e com propsito bem definido para dois grandes subgrupos de usurios.

    O primeiro inalante o lana-perfume, utilizado por folies em pocas carnavalescas. Uma das muitas brincadeiras vistas no carnaval brasileiro desde o seu surgimento foi a utili-zao de limes cheirosos' e guas de cheiro jogadas entre os folies. Portanto, no causa estranheza o sucesso que o lana-perfume (uma mistura de ter, clorofrmio, cloreto de etila e essncias perfumadas) fez ao ser comercializado em 1897. No Brasil, os primeiros relatos de sua utilizao nos bailes e carnaval de rua so do ano de 1906, como um produto aromatizador, comercializado em frasco sob presso, para

    brincadeiras de esguichar o produto nos outros folies, causando uma sensao fria, agradvel e perfumada. Foi amplamente usado nas dcadas de 1930 e 1940, quando essas brincadeiras fo-ram dando lugar ao uso do lana-perfume como droga de abuso e os indivduos aspiravam lenos molhados embebidos pelo lquido, para obten-o de sensao de euforia e entorpecimento. Aps vrios casos de morte, principalmente por parada cardaca, o uso do lana-perfume acabou sendo proibido no Brasil pelo Presidente Jnio Quadros, em 1961. Como a sua produo e a comercializao so livres em pases vizinhos como Argentina e Paraguai, o produto acaba sendo contrabandeado para o Brasil, princi-palmente em pocas de carnaval. No Brasil, festas de carnaval popularizaram a utilizao do lana-perfume e a carncia de estudos sobre o assunto no possibilita quantificar a dependcia desse inalante3(D).

    O segundo inalante o nitrato, popular-mente conhecido como Popper ou Incenso lquido. Trata-se de uma substncia que emer-giu em ambientes de sex-shops, e que, muito embora seja ilcita, pode ser facilmente com-prada nesses locais. A busca pela droga tem sido a suposta capacidade de aumentar o desejo e desempenho sexual, facilitar a masturbao e levar a um orgasmo bombstico, como tem sido descrito em mdias informais3(D). O uso do Popper tem se popularizado entre o pblico gay25(B)26(D), talvez por facilitar as relaes sexuais, principalmente anais, uma vez que h relatos de que a substncia potencializa o prazer e suprime a dor e, assim, facilita a penetrao19(D), aumentando o risco de rela-es sem preservativos26(D).

    Recomendao

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    O uso de inalantes pode estar inserido dentro de um ritual recreativo e com propsito bem definido, cujo consumo no desenvolve depen-dncia, mas no necessariamente est isento de riscos25(B)3,19,26(D).

    3. quaIs so os sInaIs e sIntomas enCon-trados em sItuaes de IntoxICao aguda/abuso por Inalantes e Como manej-los?

    Aps a inalao pela boca ou pelo nariz, em segundos surgem os sintomas, que perduram por cerca de 5 a 15 minutos. Alcanam os alvolos e capilares pulmonares e so distribudos pelas membranas lipdicas do organismo, com pico plasmtico entre 15 e 30 minutos. Seus efeitos intensos e efmeros esto entre os fatores que estimulam o uso continuado (rush)27(D).

    Depressor do sistema nervoso central (SNC), tem efeito bifsico, iniciando com euforia, excitao, desinibio, risos imotivados e alteraes sensoriais semelhantes intoxica-o alcolica. Algumas das sensaes agudas relatadas por jovens usurios de inalantes so euforia, relaxamento, vertigem, cefaleia, batimentos cardacos acelerados, confuso mental, verborreia, diminuio do apetite e amnsia. Esses autorrelatos ocorrem durante intoxicaes agudas e dependem da frequncia de uso6(B)18(D).

    Os sintomas fsicos podem ser expressos como voz pastosa, cefaleia, tontura, tinidos nos ouvidos, nuseas, vmitos, diminuio de refle-xos e da fora muscular, alm de descoordenao motora6(B)3(D).

    Nitritos tambm podem provocar sensa-

    es de calor, com aumento da frequncia cardaca e dilatao de vasos sanguneos. Causam anestesia, com perda de conscincia, sendo que doses mais altas podem causar quadros confusionais e delirantes. Aps a cheirada, podem ocorrer arritmias cardacas, parada cardiorrespiratria, traumas associados descoordenao motora e distratibilidade na vigncia da intoxicao aguda e morte, uma vez que a grande maioria dos solventes causa depresso cardaca (por ao miocrdica direta) e respiratria27,28(D).

    Nos EUA, cerca de 100 jovens morrem por ano em decorrncia de parada cardaca associada ao uso de inalantes29(D). No Brasil, esses dados no so conhecidos, apesar de todos os anos manchetes de jornais impressos ou notcias na TV relatarem o falecimento de pessoas devido utilizao de substncias inalantes. As notcias no ficam restritas s crianas em situao de rua; nos ltimos anos, mortes de jovens de classe mdia/alta em festas em cruzeiros, micaretas, carnaval e raves tm sido associadas ao uso de inalantes3(D).

    O manejo da intoxicao aguda por inalantes depender da sintomatologia, mas geralmente no grave. Em casos de into-xicaes graves, que produzem emergncias mdicas como depresso respiratria, arritmias cardacas, convulses e coma, devem receber atendimento imediato e em local apropriado, seguindo procedimentos de rotina de manejo dessas situaes clnicas agudas27(D). Portanto, a chance de utilizao de servios de emergn-cias alta, podendo ser mais frequente do que a busca por tratamento em outros ambientes. Da a necessidade do adequado treinamento de profissionais de pronto-socorros (PS), para

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    que haja interveno no somente clnica, mas tambm motivao e encaminhamento para o tratamento formal em diversos servios desti-nados a usurios de substncias. Isso auxilia a melhorar o trabalho em rede dos sistemas de sade, diminuindo as recidivas de visitas ao PS, que so settings de efetividade sabidamente reconhecida para intervenes com esses usu-rios, porm com custo elevado21(A).

    Pesquisa que avaliou a utilizao dos servi-os e barreiras para iniciar o tratamento entre usurios de inalantes revela que 15% deles relatam pelo menos uma barreira de acesso e/ou dificuldade ao tratamento, entre essas razes estavam a impossibilidade de pagar por servios de tratamento, a ideia de que seriam fortes o bastante para lidar com essa situao sozinhos, vergonha ou simplesmente no queriam ir buscar ajuda29(D).

    RecomendaoO manejo da intoxicao aguda por inalantes

    depender da sintomatologia, que geralmente no grave27(D), porm necessita de tratamento de emergncia21(A).

    4. quaIs so os sInaIs e sIntomas da sn-drome de dependnCIa e de abstInnCIa de Inalantes e Como InICIar o tratamento?

    Existem controvrsias entre os pesquisa-dores ao descrever o quadro tpico de uso e dependncia de inalantes, pois a confiabili-dade e a validade dos critrios diagnsticos da dependncia presentes no Diagnostic and Statistical Manual, 4th edition (DSM-IV), quando comparadas a outras substncias, so baixas30(D). Essa escassez de conhecimento est refletida na mnima descrio dos trans-

    tornos relacionados ao uso de inalantes no DSM-IV, sobre prevalncia, curso, subtipo, condies de sade fsica e mental, idade espe-cfica, gnero e caractersticas sociodemogrfi-cas, o que sugere a necessidade de uma reviso sobre a temtica, que at bem pouco tempo questionava a prpria evidncia da existncia de tolerncia e de uma verdadeira sndrome de abstinncia a inalantes, assim como a ampliao da discusso sobre a utilizao do diagnstico dimensional versus o categorial, principalmente entre adolescentes31(B)7,28(D).

    Entretanto, novas evidncias apontam para a necessidade da incluso do critrio de sndrome de abstinncia relacionada aos inalantes na nova verso do DSM-V, uma vez que estudo de base populacional apontou que 47,8% das pessoas que preencheram critrios para dependncia de inalantes relataram experimentar trs ou mais sintomas de abstinncia relacionados aos inalantes clinicamente significativos. Ao com-parar a abstinncia de inalantes com cocana, observa-se prevalncia significativamente maior de sintomas com inalantes, do tipo hiperssonia (63,6%), cansao (55,4%) e nusea (46%). Entre os sintomas menos comuns relatados esto: convulso (2,4%), comer mais e ganhar peso (4,8%) e sonhos vvidos (7,7%).

    Existe grande necessidade de extenso de pesquisas relacionadas ao tratamento do uso, abuso e dependncia de inalantes, uma que vez que, na literatura, h poucos estudos publicados avaliando os efeitos de potenciais medicaes no tratamento dessa condio, assim como reportando estratgias bem sucedidas de mode-los de tratamento psicossociais dirigidos a esse pblico2,7(D).

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    Os potenciais medicamentos a serem utili-zados para esse grupo de substncias indicados pelos autores basearam-se no conhecimento dos efeitos dos neurotransmissores que me-diam os efeitos reforadores dos inalantes, e, por conseguinte, poderiam ajudar os usurios a alcanar a abstinncia2(D). As dosagens tera-puticas mencionadas abaixo no foram ainda avaliadas para o uso/abuso/dependncia de inalantes, mas sim para a primeira ou principal indicao das medicaes descritas19(D). Entre as possibilidades teraputicas medicamentosas para dependentes de inalantes citam-se:

    Antipsicticos atpicos: clozapina (200 a 500 mg/dia), olanzapina (5 a 20 mg/dia), risperidona (4 a 8 mg/dia) e quetiapina (300 a 900 mg/dia) estariam relacionadas possibilidade de reduo do uso de inalantes pelo bloqueio do circuito de recompensa dopaminrgico mesocortical estimulado pelos inalantes2,19(D).

    Anticonvulsivantes: medicaes como valproato (750 a 1800 mg/dia), topira-mato (200 a 600 mg/dia), gabapentina (900 a 1800 mg/dia), vigabatrim (2 g/dia) e tiagbine (12 a 24 mg/dia) estariam indicadas para tratar a sndrome de abs-tinncia, por antagonizar os efeitos re-foradores dos inalantes pela inibio da liberao de dopamina mesocorticolm-bica por meio da facilitao da atividade GABA2,19(D).

    Acamprosato (999 mg a 1988 mg/dia): a indicao estaria relacionada capacidade de prevenir a neurotoxicidade associada ao uso dos inalantes2,19(D).

    Antagonistas 5-HT3: devido ao fato dos receptores 5HT3A poderem estar envolvidos nos efeitos reforadores dos inalantes, possvel que essa medicao antagonize esse complexo receptor. Dois so os medicamen-tos com esse perfil: o ondasetron (4 mg/dia) e a mirtazapina (30 a 45 mg/dia)2,19(D).

    Ao analizar a utilizao de servios e as barreiras para tratamento de usurios de inalan-tes, em uma amostra populacional de 43.093 pessoas acima de 18 anos, nos EUA, criou-se um modelo de 12 passos, tais como Narcticos Annimos (NA) e Alcolicos Annimos (AA), estratificando em que nvel de dificuldade o usu-rio de inalantes encontra-se: desde no quero utilizar nenhum servio, tenho muita vergonha de conversar sobre isso com algum at estou forte o suficiente para lidar com essa situao sozinho. Os achados parecem sugerir que futu-ras intervenes desenhadas para esse pblico devem incluir a combinao de estratgias com o modelo de grupos de mtua ajuda21(A).

    RecomendaoNo existem critrios claros e tratamento

    especfico para o transtorno por uso dependente de inalantes30(D). Medicamentos para combater os sintomas devem ser utilizados de acordo com a necessidade2,19(D).

    5. quaIs so as morbIdades maIs Comuns, psIquItrICas e ClnICas, relaCIonadas ao uso agudo e CrnICo de Inalantes?

    importante ressaltar que, apesar dos avan-os na caracterizao da neurofarmacologia da intoxicao aguda por inalantes, pouco ainda se sabe sobre as consequncias psicolgicas, sociais, comportamentais e de sade. Por motivos ticos,

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    poucos estudos contemporneos realizados em laboratrio com seres humanos tm examinado os efeitos deletrios da intoxicao aguda por estas drogas. Mesmo que tais estudos estives-sem amplamente disponveis, seus resultados provavelmente teriam limitaes relacionadas capacidade de generalizao dos achados; isso porque muitos eventos adversos relacionados s experincias com o uso de inalantes so ob-servados somente em stettings naturalsticos, onde o uso desse tipo de substncia ocorre mais comumente6(B)18(D).

    A maioria dos estudos sobre as morbidades psiquitricas relacionadas ao uso agudo de ina-lantes foi realizada em amostras de adolescentes e adultos e jovens demonstrou uma correlao com uso agudo de inalantes e diversos compor-tamentos de risco durante a intoxicao aguda, tais como: manter relao sexual sem proteo, envolvimento em brigas, comportamentos antis-sociais, maior probabilidade de experimentao e uso de outras drogas de abuso, assim como ideao e tentativa de suicdio9(A)6(B)18(D).

    A administrao contnua de forma crnica de solventes e inalantes tem estreita relao com sintomas psicticos, transtornos de hu-mor e de ansiedade. Entre os grupos mais vulnerveis de usurios de inalantes observa-se maior risco para uso de drogas injetveis, de contaminao por HIV, suicdio, desenvol-vimento de outros transtornos psiquitricos, principalmente delinquncia, e transtornos de personalidade6(B)7(D).

    Do ponto de vista clnico, o uso crnico de inalantes est associado a danos cerebrais, tais como: prejuzo de memria, comprometimento cognitivo, perda auditiva e da sensao olfativa,

    comprometimento da coordenao motora, com ataxia da marcha e demncia2(D).

    RecomendaoO uso crnico de inalantes associa-se com

    sintomas psicticos, transtornos de humor e de ansiedade, uso de outras drogas, suicdio, con-taminao por HIV, delinquncia e transtornos de personalidade. Alteraes cognitivas leves e at demncia so registradas6(B).

    6. quaIs so as ComplICaes maIs gra-ves relaCIonadas ao uso CrnICo de Inalantes?

    O sistema nervoso parece ser o mais comu-mente afetado pelo uso crnico de inalantes, porm outros rgos e sistemas tambm podem sofrer leses, como sistema hematolgico, f-gado, rins, pulmes e corao. Os transtornos neurotxicos produzidos podem se assemelhar a alteraes metablicas, doenas desmielinizan-tes, alteraes nutricionais e doenas degenera-tivas. Por exemplo, pacientes com histrico de uso crnico de tolueno apresentam, dentre os achados neurolgicos, quadro muito semelhante esclerose mltipla32(D).

    Na exposio ocupacional, indivduos so tipicamente expostos aos solventes nos proces-sos de trabalho que utilizam essas substncias. Essa exposio pode ser continuada ao longo da jornada de trabalho e/ou acidental. A categoria profissional de pintores tem sido sistematica-mente associada a sintomas neuropsiquitricos atribudos exposio ocupacional a solventes. Com relao exposio ocupacional a sol-ventes, descreve-se o quadro de encefalopatia txica crnica, cujos critrios diagnsticos foram propostos em 1985, quando um grupo

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    de trabalho da Organizao Mundial de Sade (OMS) apresentou critrios diagnsticos e uma classificao para encefalopatia txica crnica (ETC). Ainda h controvrsias relacionadas a esses critrios diagnsticos, que tm sido utilizados para avaliaes de auxlios doena, auxlios acidente, aposentadorias por invalidez e penses (benefcios) concedidos pelos sistemas previdencirios de diversos pases33(B).

    A neuroimagem (tomografia computadoriza-da e ressonncia magntica) raramente apresenta algum achado especfico em pacientes que usaram por curto perodo de tempo ou em doses baixas, mas o uso crnico poder levar a mudanas difusas da substncia branca, gnglios basais e tlamo com sinais de baixa intensidade32(D). Pessoas que foram expostas a concentraes extrema-mente altas tero efeitos no especficos, como os apresentados em encefalopatias: quadro com dficit cognitivo, ataxia cerebelar, espasticidade e miopatias. Duas sndromes neurotxicas mais especficas podem ser observadas nesses casos, a ototoxicidade e a neuropatia perifrica32(D).

    RecomendaoOs transtornos neurotxicos produzidos po-

    dem se assemelhar a alteraes metablicas, do-enas desmielinizantes, alteraes nutricionais e doenas degenerativas e so os mais graves32(D).

    7. quaIs so as reperCusses do uso de Inalantes na gravIdez e no reCm-nasCIdo?

    Poucos estudos tm sido conduzidos ana-lisando as repercusses do uso de solventes e inalantes durante a gravidez e os possveis riscos para as mes e para o feto. Os atuais estudos sobre toxicidade fetal relacionados ao abuso de

    solventes tm sido desenvolvidos com modelos animais (por exemplo, roedores), em virtude da dificuldade em se estudar as populaes expos-tas. Como os solventes so lipoflicos, passam facilmente a barreira placentria, ocasionando aumento do risco de aborto espontneo e mal-formaes fetais. Roedores expostos a solventes como o tolueno tiveram crias com baixo peso ao nascer e malformaes importantes, como anormalidades craniofaciais, malformao em dedos ou mesmo a supresso destes, alm de reduo da ossificao do esqueleto34(B)35(D).

    No entanto, h alguns relatos da ocorrncia de uma sndrome neonatal semelhante quela encontrada em gestantes usurias de lcool, com crianas com anormalidades, principalmente com baixo peso ao nascer32,36(D).

    Tm sido encontradas algumas alteraes, decorrentes da exposio ao tolueno, no siste-ma ginecolgico e reprodutor, dentre as quais se destacam distrbios menstruais, aumento na incidncia de prolapso uterino e da parede vaginal, malformaes fetais e distrbios do crescimento fetal. Os recm-nascidos apresen-tam alteraes dismrficas, como microcefalia, e retardo no crescimento. J o xido nitroso tem sido associado capacidade de produzir diminui-o do crescimento do esqueleto e aumento do crescimento de vsceras dos fetos expostos a essa substncia durante a gestao32(D).

    RecomendaoDistrbios do crescimento e malformaes

    fetais podem ocorrer, assim como microcefalia e retardo no crescimento nos recm-nascidos34(B).

    8. exIstem prejuzos nos fIlhos de usurIas CrnICas de Inalantes?

  • 12 Abuso e Dependncia de Inalantes

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    Estudos que fizeram seguimento de crian-as cujas mes usaram tolueno na gravidez, demonstraram que estas tinham atraso no desenvolvimento intelectual e fsico, com-prometimento da linguagem, sintomas de hiperatividade e disfuno cerebelar, apresen-tado vrias semelhanas com a sndrome fetal alcolica34(B).

    RecomendaoExistem na literatura cientfica casos des-

    critos de anormalidades em recm-nascidos e subsequente comprometimento no desen-volvimento de filhos de mulheres que usaram cronicamente solventes34(B).

    9. h evIdnCIas que os fatores gentI-Cos tenham papel no uso CrnICo de Inalantes?

    A maioria dos estudos sobre essas subs-tncias presente na literatura cientfica retrospectiva ou do tipo cross section, que no podem estabelecer causalidade6,37(B). Por outro lado, existem autores que especulam modelos empricos preditores de frequncia de uso de inalantes entre adolescentes, baseado no perfil da maioria dos abusadores, os quais incluem marginalizao, pobreza, isolamento social e diversos outros desafios familiares e intrapessoais, levando etiologia do uso com a interao de genes patognicos at as primeiras experincias de adversidade da vida desses indivduos37(B)18(D).

    RecomendaoNo foi encontrada evidncia de estudos

    que tenham avaliado o papel da gentica no uso crnico de solventes e inalantes.

  • 13Abuso e Dependncia de Inalantes 13

    Projeto DiretrizesAssociao Mdica Brasileira

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