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2 RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DA I FASE DO PROJETO “NOSSOS CÓRREGOS” AÇÃO RESTINGA 1 - APRESENTAÇÃO O Projeto “Nossos Córregos” desenvolvido pelo Instituto das Águas da Serra da Bodoquena, em parceria com a Prefeitura Municipal de Bonito, IBAMA, Promotoria de Justiça, escolas públicas e particulares, empresários e entidades locais teve na sua 1ª fase a finalidade de realizar um levantamento socioeconômico ambiental junto à comunidade ribeirinha do córrego Restinga buscando coletar dados, informações e características sobre as condições atuais deste córrego, bem como realizar ações de educação ambiental envolvendo alunos através do mutirão de limpeza e plantio de mudas na mata ciliar. 2. JUSTIFICATIVA A degradação ambiental que tem sido verificada nas cidades é fruto de seu crescimento vertiginoso (Jacobi, 1998), o qual leva a uma série de conseqüências, como falta de infra-estrutura básica de saneamento, ocupação das áreas de várzea e de mananciais e destruição das matas ciliares dos córregos urbanos, etc. Esse quadro tem levado, dentre outros efeitos, a uma diminuição da disponibilidade de água, seja em quantidade como em qualidade, provocando uma série de desdobramentos negativos ao meio ambiente, como prejuízo à fauna e flora aquática, disseminação de doenças de veiculação hídrica, escassez de água, dentre outros. Em Bonito, Mato Grosso do Sul, existem uma série de córregos que cortam a cidade, sendo os principais os córregos Bonito, Restinga e Saladeiro, que constituem grandes influenciadores da qualidade das águas do rio Formoso, rio cênico com alta relevância econômica e social para a região. Entretanto, apesar de existir um sistema de tratamento e retenção de resíduos no município, os córregos urbanos de Bonito apresentam em seu percurso, problemas comuns aos córregos urbanos brasileiros, como lixo jogado nas margens, lançamento clandestino de esgotos, construções irregulares, dentre outros.

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RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO DA I FASE DO PROJETO

“NOSSOS CÓRREGOS”

AÇÃO RESTINGA

1 - APRESENTAÇÃO

O Projeto “Nossos Córregos” desenvolvido pelo Instituto das Águas da Serra da

Bodoquena, em parceria com a Prefeitura Municipal de Bonito, IBAMA, Promotoria de

Justiça, escolas públicas e particulares, empresários e entidades locais teve na sua 1ª

fase a finalidade de realizar um levantamento socioeconômico ambiental junto à

comunidade ribeirinha do córrego Restinga buscando coletar dados, informações e

características sobre as condições atuais deste córrego, bem como realizar ações de

educação ambiental envolvendo alunos através do mutirão de limpeza e plantio de

mudas na mata ciliar.

2. JUSTIFICATIVA

A degradação ambiental que tem sido verificada nas cidades é fruto de seu

crescimento vertiginoso (Jacobi, 1998), o qual leva a uma série de conseqüências,

como falta de infra-estrutura básica de saneamento, ocupação das áreas de várzea e

de mananciais e destruição das matas ciliares dos córregos urbanos, etc.

Esse quadro tem levado, dentre outros efeitos, a uma diminuição da

disponibilidade de água, seja em quantidade como em qualidade, provocando uma

série de desdobramentos negativos ao meio ambiente, como prejuízo à fauna e flora

aquática, disseminação de doenças de veiculação hídrica, escassez de água, dentre

outros.

Em Bonito, Mato Grosso do Sul, existem uma série de córregos que cortam a

cidade, sendo os principais os córregos Bonito, Restinga e Saladeiro, que constituem

grandes influenciadores da qualidade das águas do rio Formoso, rio cênico com alta

relevância econômica e social para a região.

Entretanto, apesar de existir um sistema de tratamento e retenção de resíduos

no município, os córregos urbanos de Bonito apresentam em seu percurso, problemas

comuns aos córregos urbanos brasileiros, como lixo jogado nas margens, lançamento

clandestino de esgotos, construções irregulares, dentre outros.

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Em decorrência disto, tornou-se necessário e urgente levantar informações

sobre a atual situação destes córregos com o intuito de, a partir dos dados obtidos,

desenvolver futuros projetos que contemplem ações de conservação e de educação

ambiental, através da sensibilização da comunidade residente próxima a esses cursos

d’água, além da melhoria da qualidade de vida dessas populações.

Desta forma, o Instituto das Águas da Serra da Bodoquena executou no mês de

outubro e novembro de 2006, a primeira etapa do Projeto “Nossos Córregos” que teve

por objetivo fazer o levantamento socioeconômico e ambiental do Córrego Restinga.

Também foram realizadas ações de educação ambiental como o plantio de mudas e o

mutirão de limpeza, envolvendo alunos de 8ª séries das escolas de Bonito,

participantes do projeto “Bonito Para Sempre”, também executado pelo IASB.

Sendo o córrego Restinga o primeiro córrego urbano a ser trabalhado dentro do

projeto “Nossos Córregos”, as ações realizadas descritas neste relatório serão

avaliadas, aprimoradas e servirão de base para expandir aos córregos Bonito e

Saladeiro.

3. CARACTERIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO CÓRREGO RESTINGA

Dentre os córregos urbanos de Bonito, apenas o córrego Restinga nasce e

deságua dentro do perímetro urbano. Este córrego, de percurso total de 05 quilômetros

aproximadamente, tem suas nascentes dentro de um empreendimento turístico, sendo

suas águas utilizadas para diversos fins, desde consumo humano até para o

abastecimento de piscinas.

O córrego Restinga faz parte da Bacia Hidrográfica do rio Formoso, uma das

mais importantes bacias do município de Bonito, que possui uma população estimada

em aproximadamente 18 mil habitantes, sendo considerada uma das áreas que

apresentam maior beleza e riqueza em biodiversidade.

4 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1 Aplicação do questionário socioeconômico ambiental e mobilização da

comunidade sobre a importância da conservação dos córregos urbanos

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Esta etapa compreendeu o levantamento socioeconômico ambiental do córrego

Restinga. Para a realização deste levantamento foram utilizados dados bibliográficos,

máquina fotográfica e questionários que analisaram, em nível de identificação familiar,

a situação social e econômica da população residente. A aplicação dos questionários

foi feita por brigadistas, acompanhados pelos técnicos do IASB e do IBAMA.

Entre os dias 23 e 24 de outubro, foram percorridos todos os domicílios do

entorno do córrego Restinga. Em cada domicílio pesquisado, foi selecionada uma

pessoa residente para responder ao questionário.

Na ocasião, os brigadistas transmitiram informações sobre a importância da

conservação do córrego Restinga, tanto para o meio ambiente quanto para a saúde da

comunidade e, também passaram dicas de como contribuir para amenizar a situação

em que o córrego se encontra. Esta mobilização também se estendeu para as demais

fases do projeto.

4.1.1 Tabulação dos questionários

Ao longo de aproximadamente 05 km de extensão do córrego Restinga, foram

encontrados 24 moradias, subdivididas em chácaras, sítios e residências e 06

hotéis/pousadas (Tabela 1). Apenas em uma das casas não foi encontrado nenhum

morador.

Tabela 1 – Relação dos hotéis/pousada próximos ao córrego Restinga

Categoria Nome

Hotel Blue Tree Village Zagaia

Pousada Olho D’Água

Pousada Moinho de Vento

Pousada Recanto dos Pássaros

Pousada Araúna

Hotel/Pousada Bonsai

Os bairros com maior concentração de domicílios foram os considerados

centrais (centro velho e novo, vide mapa 1b). Nos bairros mais afastados foram

encontrados em grande parte, chácaras e sítios (Tabela 2).

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Tabela 2 – Bairros próximos ao córrego Restinga e quantidade de domicílios encontrados

Bairro Quantidade de domicílios

Vila Machado 7

Vila Donária 2

Jardim Boa Vista 2

Bairros centrais 19

Total 30

4.1.1.1 Gênero

Entre os entrevistados, a distribuição de grupos por sexo não apresentou uma

diferença significativa: 52% são do sexo masculino e 48% do sexo feminino (Gráfico 1).

Gráfico 01 – Gênero dos entrevistados

52%

48% masculino

feminino

4.1.1.2 Idade

Quanto à idade, apenas 17% possui idade entre 20 a 30 anos (Gráfico 2),

apontando um envelhecimento da população residente.

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Gráfico 02 – Faixa etária dos entrevistados

17%

28%

17%7%

14%

17%20 a 30 anos

40 a 50 anos

50 a 60 anos

60 a 70 anos

mais de 70 anos

não respondeu

4.1.1.3 Estado civil

Dos 29 entrevistados, 73% são casados (Gráfico 3) e 79% possuem filhos

(Gráfico 4).

Gráfico 03 – Estado civil dos entrevistados

Gráfico 04 – Existência de filhos

73%

11%

10% 3% 3% casado

solteiro

viúvo

separado

amasiado

79%

21%

sim

não respondeu

4.1.1.4 Filhos

Quando questionados sobre a quantidade de filhos, 51% respondeu entre 1 a 4

filhos, sendo que desses, apenas cinco alegam ter apenas um único filho e 28%, de 6 a

9 filhos (Gráfico 5).

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Gráfico 05 – Quantidade de filhos dos

entrevistados

51%

28%

21%

1 a 4 filhos

6 a 9 filhos

não respondeu

4.1.1.5 Domicílios

Em relação ao número de pessoas residentes no imóvel, 26% dos entrevistados

informou que mais de 06 pessoas moram na mesma casa (Gráfico 6). Quanto ao tipo

do imóvel, a maioria das casas é de alvenaria (Gráfico 7).

Gráfico 06 – Número de pessoas no imóvel

Gráfico 07 – Tipo de casa

7%20%

7%

13%10%

26%

17%

1

2

3

4

5

6

não respondeu

69%

24%

7%

Alvenaria

Madeira

não respondeu

Verificou-se que dos domicílios entrevistados, 73% são próprios, 3% alugados e

10% são cedidos (Gráfico 8). Dos domicílios cedidos, grande parte se concentra

próximo ou na saída Bonito/Bodoquena.

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Gráfico 08 – Moradia dos entrevistados

73%

10%

3% 14%própria

cedida

alugada

não respondeu

4.1.1.6 Saneamento básico

Dentre os domicílios, destaca-se ainda que 69% deles possuem abastecimento

de água da rede geral. Enquanto 14% utilizam poços manuais para o abastecimento de

água e 3% utilizam água de açude (Gráfico 09). Os únicos que alegaram utilizar água

de poços artesianos são os proprietários de pousadas/hotéis.

Gráfico 09 – Formas de abastecimento de água

69%

14%

14% 3%Encanada

Poço artesiano

Encanada e poço

manual

água de açúde

Quanto ao tipo de sistema de tratamento de efluentes, os domicílios

apresentaram como principal forma de coleta, a Fossa Rudimentar, que corresponde a

48%. Enquanto que a rede geral de esgotamento sanitário atinge 45% dos domicílios.

Vale ainda ressaltar que 7% dos domicílios não apresentam nenhum desses

tratamentos, alegando que os efluentes “ficam a céu aberto” (Gráfico 10).

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Gráfico 10 – Formas de tratamento de efluentes

45%

48%

7%

rede coletora

fossa

céu aberto

4.1.1.7 Lixo

Quanto ao lixo, 49% dos entrevistados disseram fazer a separação de lixo seco

do molhado em seus domicílios, contra 48% que não possuem esta prática (Gráfico

12). Destes 48%, quando questionados sobre o porquê de não realizarem a separação

do lixo, 40% responderam que não separam porque a “Prefeitura não possui um

caminhão apropriado para coletar o lixo separado” e 39% responderam que “não

sabem como fazer essa separação” (Gráfico 13).

Gráfico 12 – Separação do lixo pelo entrevistado Gráfico 13 – Por que o entrevistado não separa o lixo

49%

48%

3%

sim

não

não respondeu

39%

7%7%7%

40%

Não sei como devo separar o lixo

Dá muito trabalho

As pessoas da minha família não colaboram

Acho que isso é de responsabilidade da Prefeitura

A Prefeitura não tem caminhão apropriado para coletar o lixo separado

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Já o lixo que não é recolhido pelo caminhão da Prefeitura, como entulhos e

galhos de árvores, 70% dos entrevistados alegaram que queimam esse lixo e 11%

disseram deixar amontoado em frente a sua casa (Gráfico 14).

Gráfico 14 – Destino do lixo que não é recolhido pela

Prefeitura

70%

11%

3%3%

7% 3% 3%

Queimo

Deixo amontoado em frente a minha casa

Jogo na beira do córrego

Contrato uma pessoa para dar destinação adequada a este tipo de lixo

Enterro no quintal ou outro lugar

Levo direto para o Aterro

Uso como adubo orgânico

E quanto ao lixo comum, 38% dos entrevistados afirmaram já terem visto, pelo

menos uma vez, pessoas despejando lixo no córrego (Gráfico 15).

Gráfico 15 – Pessoas despejando lixo no córrego

38%

45%

17%

sim

não

não respondeu

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4.1.1.8 Bem-estar social

Quando perguntados sobre quais as prioridades para o bem estar de sua

família, 25% dos entrevistados responderam “postos de saúde”, outros 25% disseram

“asfalto” e 14% “moradia” (Gráfico 16).

Gráfico 16 – Prioridades para o bem estar da família dos entrevistados

10%

25%

25%3%

3%

14%

3%

17%

Esgoto Posto de Saúde

Asfalto Lazer

Praças as margens dos córregos Moradia

Ponte Não respondeu

4.1.1.9 Educação

Em relação à escolaridade, 62% não possuem o 1º Grau do Ensino

Fundamental completo e 7% disseram ser analfabetos (Gráfico 17). Nenhum dos

entrevistados tem ao menos o 2º grau completo ou ensino superior, apesar de 21% não

ter respondido a esta questão.

Gráfico 17 - Escolaridade dos entrevistados

62%10%

7%

21% 1º grau incompleto

2º grau incompleto

analfabeto

não respondeu

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4.1.1.10 Renda Salarial

Quanto ao trabalho, 31% responderam que apenas uma pessoa da casa

trabalha contra 45% dos entrevistados que não responderam a esta questão (Gráfico

18). A ocupação principal do responsável pela família foi “serviços gerais”, com 25%,

seguida por proprietários de pousada, com 22% (Gráfico 19).

Gráfico 18 – Nº. de pessoas que trabalham na casa Gráfico 19 – Principal atividade

31%

7%14%3%

45%

1

2

3

4

não respondeu

3% 11%10%

25%22%

3%

7%

7%

3%

3%

3%

3%

eletricista

do lar

produtor familiar

serviços gerais

proprietário pousada

feirante

aposentado

guarda

pedreiro

autônomo

artesão

não respondeu

Quanto à renda mensal familiar, 45% recebem entre R$ 300,00 a R$ 500,00

reais por mês e 21%, de R$ 600,00 a R$ 1.000,00 (Gráfico 20).

Gráfico 20 – Renda familiar mensal

45%

21%

17%

17%

R$ 300,00 a R$ 500,00

R$ 600,00 a R$ 1.000,00

R$ 1.001,00 a R$ 1.500,00

não respondeu

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4.1.1.11 Questões ambientais

Foi constatado que mais da metade dos entrevistados não sabem o nome do

córrego que passa próximo às suas casas (Gráfico 21).

Gráfico 21 – Nome do córrego

45%

55%

sim

não

Quanto à utilização da água do córrego para consumo, 17% afirmaram utilizar

contra 62%, que responderam não usar a água do córrego para nenhum fim (Gráfico

22). Já para o consumo animal, apenas 21% dos entrevistados afirmaram utilizar a

água para os animais (Gráfico 23).

Gráfico 22 – Utilização da água do córrego

para consumo

Gráfico 23 – Utilização da água do córrego para

consumo animal

17%

62%

21%

sim

não

não respondeu

21%

65%

14%

sim

não

não respondeu

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Em relação a tomar banho no córrego, 14% dos entrevistados responderam que

a família possui esta prática (Gráfico 24).

Gráfico 24 – Prática de tomar banho no córrego

14%

76%

10%

sim

não

não respondeu

Devido à confirmação dos entrevistados utilizarem à água para consumo tanto

animal quanto próprio e de algumas pessoas tomarem banho no córrego, foi pertinente

perguntar se já teve alguém da família que pegou alguma doença através da água.

Gráfico 25 – Casos de doenças transmitidas pela água

83%

17%

não

não respondeu

E, quando questionados sobre a importância de um sistema de tratamento de

efluentes, 32% dos entrevistados alegaram que “previne doenças” e 24% disseram que

“mantém o córrego limpo” (Gráfico 26).

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Gráfico 26 – Importância do tratamento de efluentes

14%

24%

32%

3%

10%

17%

evita mau cheiro

mantém o rio limpo

previne doenças

evita mau cheiro e

mantém o rio limpo

mantém o rio limpo e

previne doenças

não respondeu

4.1.1.12 Participação nas questões ambientais

Um dos objetivos centrais da pesquisa também foi mensurar o potencial de

participação da população frente às questões ambientais. Os dados coletados

permitem avaliar o potencial de envolvimento dos moradores na solução dos problemas

comunitário-ambientais que afetam o córrego. Neste sentido, em primeiro lugar,

procuramos identificar os principais problemas ambientais percebidos pelos moradores

nos seus locais de residência.

Quando questionados sobre o nível de satisfação da atual situação do córrego

Restinga, 38% afirmaram estar satisfeitos e 55% disseram que não estão satisfeitos

(Gráfico 27). Quando questionados sobre o motivo da insatisfação, 44% alegaram que

“o córrego está muito sujo”, 31% que “está secando” e 25% porque “está exalando mau

cheiro” (Gráfico 28).

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Gráfico 27 – Satisfação dos moradores quanto ao estado atual do córrego Restinga

Gráfico 28– Motivos da insatisfação quanto ao estado atual do córrego Restinga

38%

55%

7%

sim

não

não respondeu

31%

44%

25%O córrego está

secando

Está muito sujo

Exala mau cheiro

Já os que responderam estarem satisfeitos, 28% disseram que é porque a “área

que usam está limpa” e 18% porque “mata a sede dos animais” (Gráfico 29).

Gráfico 29 – Motivos da satisfação quanto ao estado atual do córrego Restinga

28%

9%

18%9%

9%

9%

18%

A área que eu uso está limpa Ajuda quando falta água

Mata a sede dos animais Dá para tomar banho

Serve para meus vizinhos Deixa a casa fresquinha

não respondeu

Em relação ao bairro, 25% disseram que o maior problema que observam é o

“mau cheiro vindo do córrego” e 25% disseram que é o lixo. (Gráfico 30).

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Gráfico 30 – Maior problema encontrado no bairro

25%

3%

14%

25%

7%

3%

3%

3%17%

Lixo Valetas Enchentes

Mau cheiro vindo do córrego Domícilios irregulares Falta de coleta de lixo

Iluminação pública Não há problemas Não respondeu

Perguntados se estariam dispostos a colaborar para ajudar a conservar o

córrego Restinga, 32% disseram que poderiam “plantar mudas à beira do córrego”,

31% disseram que “deixariam de jogar lixo no córrego” e 28%, “orientar os vizinhos

para não poluírem o córrego” (Gráfico 31).

Gráfico 31 – Disposição dos entrevistados para colaborar na conservação do córrego Restinga

32%

31%3%

28%

3% 3%

Plantar mudas a beira do córrego

Deixar de jogar lixo no córrego

fazer a ligação à rede de esgoto

Orientar os vizinhos para não poluir o córrego

Isolar a área

Não respondeu

Mas quando questionados sobre o que falta para começar a colocar em prática

as ações citadas anteriormente, 29% responderam que falta um “programa de doação

de mudas”, 21% alegaram que precisam “receber mais informações sobre como podem

colaborar com a conservação do córrego Restinga” e 17%, gostariam de “participar de

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ações de Educação Ambiental”. Entretanto, 17% não responderam a esta questão e

10% disseram que “não falta nada” (Gráfico 32).

Gráfico 32 – O que falta para os entrevistados colocar em prática as ações em prol da conservação do córrego Restinga

29%

17%21%3%

3%

10%

17%

Programa de doação de mudas

Participar de ações de Educação Ambiental

Receber mais informações sobre como posso colaborar para ajudar a conservar o córrego

RestingaSeparar o lixo

Falta recursos para fazer a ligação à rede de esgoto

Não falta nada

Não respondeu

No entanto, quando questionados sobre a participação em alguma ação de

Educação Ambiental que envolvesse as questões abordadas na resposta anterior, 65%

responderam que nunca participaram contra 21% que responderam já ter participado

de algum tipo de ação educativa (Gráfico 33).

Gráfico 33 – Participação em alguma ação de Educação Ambiental

21%

65%

14%

Sim

Não

Não respondeu

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Os que responderam que sim, participaram de palestras, mutirões de limpeza e

apoio a projetos de ONG’s locais (Gráfico 34).

Gráfico 34 – Ações de E. A. que os entrevistados participaram

49%

17%

17%

17%Palestras

Limpeza nas estrada

Visitação alunos projeto

Brazil Bonito

Não respondeu

Dos que não participaram 37% alegaram que “não tem tempo” e 21% que

“nunca foi convidado” (Gráfico 35).

Gráfico 35 – Motivos dos entrevistados não participarem de ações de E. A.

5% 5%

21%

37%

16%

16%

Por falta de incentivo Por falta de divulgação Porque nunca fui convidado

Não tenho tempo Não tenho interesse Não respondeu

4.1.2 Levantamento ambiental realizado através de pesquisa in loco

Na realização do trabalho de campo, os brigadistas utilizaram GPS e uma

planilha para anotações de dados relevantes. Para tal, receberam informações

específicas antes de saírem para as atividades.

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Com o intuito de obter informações para a elaboração do levantamento

ambiental, foram tomados pontos através do GPS e utilizadas fotos, observações e

relatos de pessoas da comunidade. Também foram feitos apontamentos em diários de

campo para posterior análise e conjunção com demais informações obtidas.

4.1.2.1 Resultados do levantamento

O córrego Restinga pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Formoso, possui

aproximadamente cinco quilômetros de extensão e suas nascentes encontram-se entre

a área pertencente ao empreendimento turístico Blue Tree Village Zagaia e Pousada

Olho D’Água. Esta área tem sua vegetação parcialmente conservada. Os principais

problemas verificados foram: ausência de vegetação na margem esquerda (Foto 4),

pouco lixo e o represamento do córrego formando um pequeno açude (Foto 5).

Foto 4 – Ausência de vegetação na margem

esquerda do córrego Foto 5 - Açude

Inclusive, o proprietário do local controla a saída de água deste açude para o

curso normal do córrego. No momento em que o local foi visitado, puderam ser

verificadas duas situações. Na primeira, a água do açude estava sendo liberada onde

fazia girar uma roda d’água (Foto 6) e na segunda, a passagem de água do açude foi

fechada, e a água que estava sendo liberada era insignificante perante a vazão normal

do córrego, além da roda d’água estar parada (Foto 7).

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Foto 6 - Roda d’água em funcionamento Foto 7 - Roda d’água parada

Saindo dessa região, o córrego atravessa a Vila Machado, onde passa em sua

maior parte por chácaras. Em algumas dessas chácaras foi encontrado bastante lixo

em decomposição e um número considerável de roupas espalhadas. Passando este

bairro, o córrego cruza a saída Bonito/Bodoquena. Neste ponto ele é utilizado pelo

acampamento instalado no local. Observa-se grande quantidade de lixo, além da

drenagem da estrada estar inadequada, proporcionando um acúmulo de material que

caem dentro do córrego.

Após um longo trecho, com apenas grandes chácaras e relativamente

conservado, o córrego Restinga encontra a Vila Donária, na altura da Pousada Moinho

de Vento. Nesta área foi encontrado um desvio de água para um açude, onde

ocasionou o desaparecimento do curso normal do córrego por aproximadamente 20

metros. Saindo deste local, há uma área com grande quantidade de aroeiras em

crescimento.

Em seguida, o córrego passa pelo Jardim Boa Vista, próximo ao loteamento

Solar dos Lagos. Neste ponto foi possível observar que houve um desvio do córrego e

soterramento do curso anterior. Os brigadistas também apontaram uma grande

quantidade de lodo e folhas em decomposição, dando um aspecto de “água poluída” a

este trecho.

Mas, apesar disso, no entorno existem lugares com uma mata bastante

conservada, onde de acordo com Ângela Pellin (2005), poderia ser instalado um

Parque Municipal (Fotos 8 e 9).

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Foto 8 e 9 – Local onde poderia ser formado um parque municipal

Após a entrada do loteamento, novamente o córrego Restinga corre por

chácaras, onde também se encontra relativamente conservado. No entanto, foi

verificado que novamente pode ter havido um desvio da água do córrego, pois o curso

normal do mesmo desaparece, reaparecendo apenas a aproximadamente 350 metros

abaixo desta área. Na pousada Recanto dos Pássaros foi verificado um desvio do

córrego para um açude, mas a água deste açude aparentemente retorna para o

córrego. Neste ponto também foi verificado uma diminuição da vazão e da largura do

leito do córrego.

Passando por este trecho até o encontro de uma Olaria, foi encontrada uma

nova mina que abastece o córrego. Também foram verificadas plantações na mata

ciliar e a interrupção do curso do córrego através de uma barragem.

Já no local próximo à Olaria, foi visto uma área onde existe vegetação já

bastante degradada e onde, aparentemente, pode estar havendo a retirada de argila do

leito do córrego.

Em outro ponto, entre a Olaria e a “Estância Cachoeirinha”, os brigadistas

verificaram que há o uso da água do córrego para abastecimento de uma piscina, além

do plantio de milho na mata ciliar.

Logo abaixo deste ponto, novamente os brigadistas verificaram um desvio no

percurso do córrego. Passado este trecho encontra-se uma área bastante degradada,

onde segundo os moradores, foi retirada a vegetação para a instalação de canos (Foto

10, 11 e 12).

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Foto 10 e 11 – Área desmatada entre o Restinga e os “braços” de água que deságuam no Restinga

Foto 12 – Cano que passa por cima de um dos

“braços” que deságua no córrego Restinga

Nesta área também foram verificadas vários “braços” de água que deságuam no

Restinga. Inclusive em um desses “braços” foram encontradas diversas casas na beira

do córrego e muito lixo.

Abaixo desta área, no final da Rua Nossa Senhora da Penha, foram encontradas

casas instaladas na barranca do córrego e a estrada municipal chega a poucos metros

do mesmo. O córrego encontra-se em processo de assoreamento.

Descendo mais um pouco, encontramos a Pousada Araúna. Neste trecho, do

lado da pousada, não há mata ciliar, dessa forma o proprietário está plantando mudas

de árvores na mata ciliar do córrego, sendo na maioria de espécies frutíferas exóticas.

O proprietário relatou que há pouco tempo atrás os turistas tomavam banho no córrego,

mas com a contínua diminuição da água, tiveram de parar com esta prática.

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Abaixo da pousada, na ponte da Rua Monte Castelo, há ausência de mata ciliar

em um dos lados da ponte e muito lixo jogado dentro do córrego. Um pouco mais

abaixo, há uma criação de porcos na mata ciliar, a uns cinco metros do córrego.

No final da Rua Santana do Paraíso há uma casa construída a menos de 20

metros do córrego. Na Rua 29 de maio, próximo à ponte foi encontrado muito lixo

dentro do córrego, principalmente por haver escolas próximas. Também foram vistas

algumas casas construídas na mata ciliar.

Na ponte da Rua Senador Filinto Muller, a vegetação do entorno está

parcialmente conservada. Nesta área não foi observado lixo e as tubulações não estão

entupidas. Um morador do local comentou que, quando chove, eles retiram o lixo e os

galhos que ficam presos nas manilhas.

Na ponte sobre a Rua 15 de Novembro, ao lado do Hotel Bonsai, além de existir

casas construídas nas margens do córrego e um pouco de lixo na margem oposta do

hotel, foi percebido um cano do lado do terreno do hotel, que inicialmente acreditou-se

ser de esgoto, mas de acordo com moradores locais, trata-se de um cano de água

pluvial, mas disseram existir algumas ligações clandestinas de esgoto que deságuam

no córrego Restinga. E, de acordo com os brigadistas no momento em que fizeram

este trabalho de campo, perceberam um líquido saindo deste cano fluvial, de cheiro

fétido e com restos de comida.

Neste ponto também há uma “fossa” a menos de cinco metros do córrego e de

acordo com o proprietário, vai direto para a rede coletora de esgoto.

Ainda no hotel, foi percebido uma bomba de água que pode servir para

abastecer o chafariz em forma de estátua que enfeita o pátio do hotel. Inclusive há um

cano que deságua no córrego, sendo provavelmente o retorno desta água que vai para

o chafariz.

Apesar de quase não ter mata ciliar no pedaço do córrego que passa por dentro

deste hotel, o proprietário diz ter um cuidado especial, procurando sempre deixá-lo

“limpo” para evitar o aparecimento de animais peçonhentos, retirando o acúmulo de

folhas, galhos e lixo.

No hotel também fizeram uma espécie de barragem para que a água

acumulasse um pouco num determinado pedaço, mas como a água do córrego

começou a diminuir, o proprietário diz não ter mais essa prática.

Na Rua 31 de Março, o córrego corre paralelamente. Neste trecho, o córrego

está com um processo de assoreamento e vem recebendo despejo de esgoto

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doméstico. Os moradores de frente ao córrego têm o costume de queimar lixo na mata

ciliar.

Esta prática foi mais evidenciada quando o IASB realizou, através do Programa

de Educação Ambiental Bonito para Sempre, um plantio de mudas de espécies nativas

neste trecho (Foto 13 e 14).

Foto 13 e 14 – Plantio de mudas pelo Programa de E.A. do IASB

Cruzando a Rua Nelson Felício, as tubulações além de estarem entupidas, estão

quebrando e caindo dentro do córrego, provavelmente devido à falta de manutenção.

Moradores do local comentaram que quando chove a rua e as casas próximas alagam.

Na continuação da rua, que não está aberta, foi observado um local de

bebedouro de gado. Existem também casas construídas na barranca do córrego e

ainda, um poço escavado ao lado do córrego em um banco de areia provocado pelo

assoreamento.

Inclusive o proprietário de uma das casas está tentando mudar o curso do

córrego para devia-lo do terreno de sua casa. Segundo ele, quando chove forte, a

enxurrada está retirando a terra do barranco que sustenta a casa e trazendo muito

resíduo, como galhos de árvores, lixo e pedras, contribuindo para o assoreamento do

córrego e um possível desmoronamento de sua casa (Foto 15). Este proprietário até

fez uma contenção utilizando pneus como forma de evitar a retirada de terra do seu

quintal (Foto 16).

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Foto 15 – Proximidade do quintal da casa e o

córrego Foto 16 – Contenção feita pelo proprietário

utilizando pneus

No final da Rua General Osório o córrego está sendo usado para abastecer os

caminhões-pipa da cidade. Neste local há uma bomba e uma estrutura para encher

esses caminhões (Foto 17 e 18).

Foto 17 – Bomba d’água Foto 18 - Estrutura para

encher os caminhões-pipa

De frente a este local, foi observado uma casa na margem do córrego, falta de

mata ciliar, lixo espalhado e uma fossa a 40 metros do córrego. Mas, apesar disso

existe uma vegetação relativamente conservada no restante da margem do córrego.

Logo abaixo desta região, o córrego Restinga faz divisa entre a Fazenda Agnol e

a Estação de Tratamento de Esgoto de Bonito – ETE. Foram observadas pequenas

erosões. Nesta região as duas margens do córrego estão bem conservadas.

A foz do córrego Restinga fica poucos metros acima da ETE. Neste ponto o

Restinga encontra outro córrego urbano chamado Bonito. É importante ressaltar que,

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pouco acima deste ponto, o córrego Bonito recebe o despejo da ETE. Depois de se

unirem, os córregos irão desaguar no rio Formoso.

4.1.3 Considerações finais do levantamento socioeconômico ambiental do Restinga

O levantamento socioeconômico ambiental do córrego Restinga demonstra que

dada à sua quantidade de domicílios encontrados no entorno do córrego, as

distribuições dos grupos de sexo não apresentaram diferenças significativas. Quanto à

idade, foi encontrado um envelhecimento dos moradores, onde a maior parte possui

acima de 40 anos.

Os moradores apresentaram ainda características educacionais semelhantes às

da Zona Rural, onde grande parte possui apenas o Ensino Fundamental incompleto e

outros ainda, são analfabetos.

A renda das famílias entrevistadas concentra-se em sua maioria, na faixa de até

3 salários mínimos, sendo que a concentração maior se dá na faixa de até 2 salários

mínimos, seguida da faixa entre 0,86 a 1 salário mínimo. Constata-se que os

entrevistados que apresentaram renda maior, são quando mais de uma pessoa da

família trabalha ou, estão ligados a alguma atividade turística (pousadas, hotéis,

artesãos).

Apesar das condições predominantes de moradia apresentarem dados como

domicílios próprios e de alvenaria, nem todos os domicílios dispõem de infra-estrutura

de serviços, como abastecimento de água e rede de esgoto. Inclusive, os dados sobre

abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo revelam que ainda existem famílias que

consomem água do córrego, como também possuem esgoto a céu aberto.

Em 27% dos domicílios encontra-se algum tipo de criação de animais,

destacando-se a criação de aves. Foram encontrados ainda criações de bois e porcos.

Entre os fatores que exercem elevada pressão sobre o ecossistema do córrego,

encontra-se a criação de animais, agricultura e o despejo inadequado de lixo. Outro

fator importantíssimo é a pressão sobre a rede hídrica, tanto em termos de captação

desordenada, como do despejo das águas servidas, através de ligações de esgoto

clandestinas ligadas às tubulações de águas pluviais. Quanto à captação, há casos até

do desaparecimento do córrego em alguns trechos, prejudicando as famílias que

necessitam desta água para sobreviver. De acordo com moradores, “cada um bota na

nascente o seu cano e cada vez com uma bitola maior, sem pensar que se capta mais

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do que precisa nas partes altas, vai faltar nas partes baixas, e afetar os cursos ali

localizados” 1. Apesar de evidenciados atividades poluidoras no córrego, nenhum

morador alegou ter tido doenças transmitidas pela água. No entanto, acredita-se que a

pergunta não foi bem formulada, pois caso fosse perguntado se o morador já teve

alguns sintomas ou ao menos ter dado o nome de determinadas doenças de

veiculação hídrica (disenterias, doenças de pele, verminose, hepatite, etc.), poderia ter

sido encontrado alguns casos.

A primeira constatação importante deste perfil é que o tempo de residência está

positivamente correlacionado ao nível de pressão antrópica e que baixos níveis de

renda e escolaridade encontram-se associados à maior incidência de condutas

potencialmente agressivas ao meio ambiente. Ou seja, são os moradores mais antigos

da área que apresentam condutas potencialmente agressivas ao córrego (criação de

animais, lavoura, despejo de lixo, esgoto a céu aberto, etc.). Já os moradores mais

recentes, principalmente os associados com algum tipo de atrativo turístico, são os que

exercem maior pressão sobre os recursos hídricos através da captação indiscriminada

de água para abastecer açudes e piscinas. Também devem ser citados os moradores

mais afastados do córrego, que contribuem com a degradação do Restinga através de

ligações clandestinas de esgoto na rede de drenagem pluvial.

Mas, no que diz respeito às opiniões dos entrevistados, elas se dividem entre

aquelas que acham que o quadro de agravos ambientais vem se amenizando e

aquelas que enxergam uma clara tendência ao aumento destes mesmos agravos

(diminuição da quantidade de água, poluição, etc.).

Já os dados sobre o abastecimento de água, esgoto e coleta de lixo revelaram

uma pequena deficiência do saneamento básico nos domicílios do entorno do córrego.

Além da deficiência dos serviços de saneamento, deve ser destacada a ocorrência de

algumas práticas potencialmente nocivas ao córrego, refletidas num percentual baixo,

mas freqüente, como a prática de jogar lixo na beira do córrego.

4.2 Plantio de mudas e mutirão de limpeza

Esta etapa foi realizada entre os dias 26, 30 e 31 de outubro e 01 de novembro

juntamente com o Programa de Educação Ambiental Bonito para Sempre e contou com

o auxílio de 01 técnico e 08 brigadistas do IBAMA. Nesta atividade participaram 134

1 Texto escrito na íntegra

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alunos de 06 escolas públicas e privadas de Bonito. Nenhum aluno do período noturno

compareceu.

Para iniciar a ação, os alunos da Escola Bonifácio Camargo Gomes se

deslocaram até uma área próxima à escola, na ponte em sentido ao Bairro Marambaia

onde realizaram o plantio de mudas de espécies nativas na mata ciliar do córrego

Restinga. Já os alunos das demais escolas se deslocaram até uma área próxima ao

Hotel Bonsai. Os alunos da Escola Falcão tiveram que se deslocar de ônibus. Cada

aluno ficou responsável por plantar uma muda. Ao todo foram plantadas

aproximadamente 100 mudas na mata ciliar do córrego Restinga.

Durante o plantio, os alunos foram auxiliados pelo técnico do IBAMA e

brigadistas, que ajudaram a abrir as covas e irrigar as mudas. As ferramentas utilizadas

no plantio foram emprestadas pelo IBAMA e Viveiro Municipal e as mudas foram

doadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Para a identificação do local de

plantio das mudas na mata ciliar, foi colocada uma placa contendo informações da

escola e o nome do projeto.

Alunos da Durvalina e Falcão durante o plantio de mudas na mata ciliar do córrego Restinga

Após o plantio, os alunos voltaram para a escola realizando o mutirão de

limpeza onde, com a ajuda dos brigadistas, foram recolhendo e armazenando em

sacos plásticos os resíduos encontrados no caminho. Os sacos com o lixo recolhido

foram levados pelo carro do IBAMA para o pátio da Secretária de Obras, a pedido do

secretário.

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Alunos do João Alves e BCG durante o mutirão de limpeza

Com o término do mutirão de limpeza, os alunos distribuíram para os veículos e

pessoas que trafegavam em frente à escola, saquinhos de lixo para automóveis e um

folder do Projeto Nossos Córregos contendo dicas para a população colaborar com a

conservação dos recursos naturais.

4.2.1 Considerações finais das ações: plantio de mudas e mutirão de limpeza

O plantio de mudas no córrego Restinga proporcionou um maior contato com

moradores locais, que se sensibilizaram com os alunos. Promoveu ainda, o exercício

de cidadania por parte dos alunos e contribui com a recuperação da mata ciliar do

respectivo córrego, ressaltando para esses alunos a necessidade da continuidade

deste tipo de ação. E através do mutirão, os alunos puderam verificar na prática a

quantidade de lixo depositado em frente às casas, pontos de comércio e principalmente

nos terrenos baldios, no entorno da escola e na mata ciliar do córrego Restinga,

permitindo dar a eles condições de refletir sobre a falta de respeito da população para

com a sua cidade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROJETO

A execução da primeira fase do projeto “Nossos Córregos” realizada no córrego

Restinga demonstrou um ambiente bastante alterado, mantendo muito pouco das suas

condições originais e que vem sendo utilizado pela população de forma insustentável,

ameaçando suas condições ambientais para as futuras gerações.

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A partir do levantamento realizado foi possível constatar a inexistência de um

planejamento ambiental que promova a melhoria da qualidade de vida da população

local e assegure a vida do respectivo córrego que hoje se encontra em condições

degradantes devido aos diferentes usos, sendo possível perceber que através dos

problemas ambientais ocorrentes como, poluição, contaminação, desperdício,

desmatamento de matas ciliares, erosão e assoreamento provocados pelo uso

inadequado do solo contribuem para a escassez da água e conflito entre usuários.

Também foram identificados problemas sociais que afetam os ribeirinhos como a

falta de serviços básicos, moradia, saneamento, dentro outros, que se multiplicam e se

avolumam entre os grupos de maior vulnerabilidade.

Apesar da situação ambiental do córrego Restinga estar bastante comprometida,

ainda é possível realizar intervenções de recuperação nas áreas mais críticas e

minimização dos impactos negativos nos pontos que ainda se encontram mais

conservados. Para que isso ocorra será necessário um maior empenho do poder

público apoiado na participação social dos moradores locais, através do conhecimento

e cumprimento da legislação aliada ao planejamento ambiental.

Cabe ainda a promoção de programas de Educação Ambiental mais amplo,

sobretudo projetos que conscientizem a população em geral, e empresários do setor

turístico, em particular, para uma agenda ambiental que não é exclusivamente verde

(fauna e flora), mas que diz respeito ao solo e ao sistema hídrico que muitos

consideram em vias de degradação.

5.1 Pontos positivos

Levantamento de dados, informações e características sobre as condições

ambientais do córrego Restinga e o levantamento socioeconômico da população

ribeirinha e sua interface com o ambiente natural;

Fornecimento de informações ambientais e sociais que poderão subsidiar políticas

públicas para adotarem medidas que tragam melhoria da qualidade de vida da

população local

Sensibilização da comunidade ribeirinha e alunos das escolas de Bonito através da

realização de ações de educação ambiental;

Realização do plantio de mudas e mutirão de limpeza;

Experiência para o corpo técnico do IASB para execução das próximas etapas;

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Parcerias e apoios firmados que permitiram a execução da primeira etapa do

projeto;

Execução da primeira etapa do projeto através da reivindicação dos associados do

IASB e da Câmara dos Vereadores de Bonito;

5.2 Pontos negativos

Problemas ambientais encontrados que poderiam ser minimizados através de ações

educativas;

Pouco registro fotográfico durante a etapa de levantamento;

Treinamento insuficiente dos brigadistas para maior efetividade dos dados e

informações coletadas;

Falha na elaboração do questionário;

A presença do IBAMA em certos momentos inibiu os entrevistados, podendo

estimular uma visão distorcida do IASB, passando de aliada para de denúncias;

Falta de manutenção constante das mudas plantadas às margens do córrego

Restinga;

Pouca experiência dos técnicos do IASB na execução da primeira fase do projeto.

5.3 Aprimoramento do projeto

Reformulação dos questionários;

Acompanhamento dos técnicos do IASB durante todo o levantamento;

Ampliar o registro fotográfico;

Treinamento mais efetivo dos entrevistadores;

Ampliar o conhecimento sobre a área a ser pesquisada;

Realizar reunião com os ribeirinhos para apresentação dos resultados;

5.4 Ações realizadas posteriores ao levantamento

Através do convênio da Prefeitura Municipal de Bonito com a Petrobrás foi instalado

interceptores de esgoto nas duas margens do Restinga, impedindo que os dejetos

sejam lançados no córrego, canalizando-os para a estação de tratamento;

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No sentido de orientação, os técnicos do IBAMA solicitaram a um determinado

estabelecimento turístico a liberação da água do açude e a elaboração de um

projeto de recuperação de mata ciliar que posteriormente será encaminhado ao

Promotor de Justiça para servir de modelo aos demais empreendimentos .

6. AÇÕES FUTURAS (Responsabilidade do IASB):

Encaminhar relatório as autoridades locais para cumprimento da Lei Orgânica

Municipal que “estabelece a proibição de desmatamento, da descaracterização e

qualquer outro tipo de degradação ao meio ambiente no trecho de trinta metros das

margens de todos os rios e mananciais na área urbana do Município”. E de acordo

também com a Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo “que considera os

córregos urbanos (Bonito, Restinga e Marambaia) áreas de Proteção Ambiental,

sendo seu uso compatível com as atividades de lazer coletivo e atividades de

interesse turístico, tais como parques, praças, atividades de cultura e esporte, bem

como instituições ligadas ao ensino e pesquisa ambientais, cujos parâmetros

quanto ao uso e ocupação devem ser determinados com vista à manutenção das

características naturais do local”.

Orientar os proprietários de empreendimentos turísticos as margens do córrego

Restinga para boas práticas ambientais;

Buscar apoio de órgãos ambientais para o monitoramento da qualidade das águas

dos córregos urbanos;

Buscar o apoio do COMDEMA para financiar a execução das próximas etapas do

projeto nos córregos Bonito e Saladeiro;

Elaborar futuros projetos que amenizem os problemas ambientais existentes.

7. PARCEIROS:

Parceiros que contribuíram na realização desse trabalho e que certamente não

teria sido possível alcançar os resultados que obtivemos sem este apoio e confiança.

Associação Bonitense de Hotelaria;

Associação Bonitense de Proprietários de Agências de Ecoturismo;

Associação de Guias de Turismo de Bonito;

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Associação dos Atrativos Turísticos de Bonito e Região;

Câmara Municipal de Bonito;

Empresários locais;

IBAMA

Instituições de ensino das redes públicas e particulares de Bonito;

Prefeitura Municipal de Bonito/MS;

Promotoria de Justiça da Comarca de Bonito MS;

Secretaria Municipal de Educação;

Secretaria Municipal de Meio Ambiente;

Secretaria Municipal de Obras;

Secretaria Municipal de Turismo, Ind. e Comércio.

Equipe IASB