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Acidente e Morte de Angélico Vieira Ana Catarina Pinto Sara Rocha Vânia Tavares Turma 1 Teorias da Comunicação Social Docente: Rui Novais 2011/2012

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Acidente e Morte de Angélico

Vieira

Ana Catarina Pinto Sara Rocha

Vânia Tavares Turma 1

Teorias da Comunicação Social Docente: Rui Novais

2011/2012

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Índice Índice ....................................................................................................... 2

Índice de Gráficos .................................................................................... 2

Índice de Tabelas .................................................................................... 2

Introdução ................................................................................................ 3

Resumo ................................................................................................... 4

Abstract .................................................................................................... 4

O problema e a sua relevância ................................................................ 5

Hipóteses ................................................................................................. 7

Metodologia e corpo de análise ............................................................... 8

Resultados ............................................................................................. 10

Discussão .............................................................................................. 16

Limitações dos resultados, limitações experienciadas e avenidas para futuras investigações .................................................................................... 16

Conclusão .............................................................................................. 18

Quadros Síntese .................................................................................... 19

Gráficos Síntese .................................................................................... 23

............................................................................................................... 24

Bibliografia ............................................................................................. 25

Sitografia ................................................................................................ 25

Índice de Gráficos Gráfico 1: Número total de palavras no texto de cada jornal ................. 11 Gráfico 2: Número total de páginas por jornal ....................................... 23

Gráfico 3: Número total de vezes em que a notícia surge na capa (por jornal) ............................................................................................................... 23

Gráfico 4: Número total de fotografias por jornal ................................... 24

Índice de Tabelas Tabela 1: 25 de junho de 2011 .............................................................. 19 Tabela 2: 26 de junho de 2011 .............................................................. 19 Tabela 3: 27 de junho de 2011 .............................................................. 20 Tabela 4: 28 de junho de 2011 .............................................................. 20 Tabela 5: 29 de junho de 2011 .............................................................. 21

Tabela 6: 30 de junho de 2011 .............................................................. 21 Tabela 7: 1 de julho de 2011 ................................................................. 22

Tabela 8: 2 de julho de 2011 ................................................................. 22

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Tabela 9: 3 de julho de 2011 ................................................................. 22

Introdução É verdade que os meios de comunicação trazem uma certeza e

credibilidade à sociedade atual que raramente é posta em causa. Se os media

noticiam, então não há forma de duvidar da veracidade da ocorrência. É esta a

forma de pensar de grande parte da população. Mas será assim tão irrefutável?

A proposta deste trabalho de investigação é provar ou não se os media,

neste caso impressos portugueses, são tão credíveis como a maioria das

pessoas acredita, ou se serão, por vezes, manipuladores, especulativos e

meios de divulgação de informações não confirmadas, para, desta forma, obter

um maior lucro financeiro com as posteriores vendas.

Como caso adotado para esta investigação, optamos pelo acidente e

consequente morte de Angélico Vieira. O ator e cantor morreu no passado

junho, no dia 28, e foi notícia em todos os media portugueses. Serão, assim,

analisados os media impressos para conclusão da ideia pré-concebida

supracitada.

Posteriormente, apresentaremos o nosso problema e a sua relevância,

isto é, o porquê da sua escolha e quais as razões que o levam a ser merecedor

de atenção científica. Esclareceremos as hipóteses formuladas com base na

teoria da Tabloidização e nas metodologias empregues e, seguidamente,

explicaremos os métodos aplicados a este estudo de caso e o seu corpo de

análise. Por fim, serão apresentados os resultados desta análise aos meios de

comunicação social, assim como as limitações que foram encontradas ao longo

da mesma.

Esperamos que seja possível entender aquilo que tentamos transmitir e,

acima de tudo, aquilo que pretendemos provar.

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Resumo

Este estudo de caso surge no seguimento de uma questão-problema

que se fundamenta na análise e comparação de diversos jornais portugueses

(Correio da Manhã, Público, Jornal de Notícias e Diário de Notícias), no período

de tempo compreendido de 25 de junho a 3 de julho de 2011 – será que o

mesmo acontecimento é tratado de forma distinta nos diferentes media

impressos nacionais?

Neste sentido, o caso investigado é o acidente e morte do cantor e ator

Angélico Vieira, ocorrido na madrugada de 24 para 25 de junho, e posterior

morte confirmada a 28 do mesmo mês do corrente ano.

Para obtenção de resultados concretos, foram aplicadas as

metodologias de análise mista de conteúdo (quantitativa e qualitativa) e Meta-

Performance Analysis, tendo como objetivo comprovar a teoria da

Tabloidização.

Os resultados finais confirmam a teoria da Tabloidização, bem como as

hipóteses formuladas pelo grupo de trabalho. Contudo, algumas conclusões

foram surpreendentes.

Palavras-chave: Angélico Vieira, Tabloidização, acidente, morte.

Abstract This case study follows a problem-question which is based on the

analysis and comparison of several Portuguese newspapers (Correio da Manhã, Público, Jornal de Notícias e Diário de Notícias), in the period of 25th June to 3rd July 2011 – is the same occurrence treated differently by the national printed press?

Regarding this matter, the investigated case is the accident and death of

actor and singer Angélico Vieira, which took place at dawn from 24th to 25th June, and following confirmed death on 28th June 2011. In order to obtain specific results, we have applied the methodology of mixed content analysis (both quantitative and qualitative) and Meta-Performance Analysis, thus aiming at verifying the Tabloidization theory. The final results confirm the Tabloidization theory, as well as the formulated hypothesis by the work group. However, some conclusions were quite surprising.

Keywords: Angélico Vieira, Tabloidization, accident, death

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O problema e a sua relevância O problema que o grupo de trabalho propõe investigar é o tratamento

dado ao mesmo acontecimento em diferentes meios de comunicação impressos em Portugal, neste caso, tendo como base e objeto de investigação o acidente e a consequente morte de Angélico Vieira.

O fatídico episódio teve lugar na madrugada de 24 para 25 de junho do presente ano e teve, desde o início, grande cobertura mediática, sendo, então, inegável a controvérsia de que foi alvo. Este estudo de caso abrange um tema muito recente e, por isso, ainda vivo na memória dos mais atentos, mas é, acima de tudo, um tema polémico, mediático e inesperado, o que lhe valeu um caráter sensacionalista em alguns dos media portugueses. O grupo considera, também, que se trata de um assunto sensível, porque afetou, na sua grande maioria, crianças e jovens que viam na pessoa em causa um modelo exemplar, um ídolo e, essencialmente, sentiam-se próximos de Angélico, que iria, nessa madrugada, atrás de um sonho (apresentar o seu segundo álbum a solo). Por outro lado, este estudo de caso assume uma outra vertente: o facto de se tratar de um acidente de viação alerta para os perigos existentes que podem atingir qualquer indivíduo. É, por isso, relevante estudar um assunto como este no tratamento dado pelos media, já que, sendo quem é, a relevância dada pelos jornais é muito diferente de quando se trata de uma pessoa anónima, mas igualmente importante.

Polémica e mediatismo à parte, é irrefutável a ideia de que os media exercem uma pressão constante na sociedade desde há vários anos, transformando-se, então, num mecanismo que tende a moldar a perspetiva dos seus consumidores e, possivelmente, alterar o seu comportamento. É, pois, no seguimento desta perceção de que os meios de comunicação social não podem dizer a um indivíduo como pensar sobre um assunto, mas são bem sucedidos ao dizer ao mesmo indivíduo no que pensar (COHEN, 1963), que pretendemos averiguar se os meios de comunicação social, neste caso, impressos, tratam a mesma informação de forma igual ou distinta e, caso se verifiquem diferenças, quais as razões que levam a essa dissemelhança de análise do mesmo conteúdo.

Consideramos de enorme relevância esta proposta de investigação, uma vez que se provarmos que existem diferenças no tratamento da mesma informação dentro dos media nacionais, estão em causa assuntos como a liberdade e a independência desses mesmos media – “Os jornalistas estiveram e estão na frente da luta pela liberdade e na luta pela defesa da liberdade perante qualquer tentativa de limitar essa liberdade” (TRAQUINA, 2002:131) - e a qualidade e diversidade do conteúdo publicado. Ora, se assim for, se cada meio de comunicação social relatar o mesmo evento de forma distinta, verifica-se que os media não refletem a realidade, mas filtram-na e moldam-na, sendo que o foco repetido concentrado num assunto provoca a perceção junto do público de que esse assunto é mais relevante (MCCOMBS E SHAW, 1972). Da mesma forma pensa Mauro Wolf (1985:34), que constata que “se aqueles que manifestam interesse por determinado assunto, o fazem depois de a ele terem sido expostos, aqueles que se mostram desinteressados e desinformados, fazem-no porque nunca foram expostos à informação referente a esse mesmo assunto. Quanto mais expostas as pessoas são a um determinado assunto,

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mais o seu interesse aumenta e, à medida que o interesse aumenta, mais as pessoas se sentem motivadas para saberem mais acerca dele. De qualquer forma, mesmo que a ligação entre motivação e aquisição de conhecimentos esteja relacionada com a possibilidade de se ser exposto a certas mensagens (por isso, as pessoas desinteressadas o são, em parte, por não terem sequer possibilidades de acesso), mantém-se o facto de o êxito de uma campanha de informação depender do interesse que o público manifesta pelo assunto e da amplitude dos sectores de população não interessada.”

Em suma, a exposição de um grupo de indivíduos a uma qualquer mensagem faz crescer o seu interesse e a maneira como a mensagem é transmitida e, posteriormente, percecionada “transforma e adapta o significado da mensagem recebida, fixando-a às atitudes e aos valores do destinatário até mudar, por vezes, radicalmente, o sentido da própria mensagem” (WOLF, 1985:36).

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Hipóteses Foram delineadas, no início do estudo deste caso, algumas hipóteses do

que, no futuro, poderíamos encontrar. As conjeturas que apresentamos têm como base a teoria da Tabloidização, que se caracteriza por um sensacionalismo notório, com tendência a demonstrar mais escândalo, mais imagens e formatos mais populares, um relaxamento dos standards jornalísticos, o que resulta numa diminuição dos assuntos sérios nos media (BARNETT; 1998). Contudo, é este tipo de notícias que vai mais de encontro ao que as audiências querem saber, sendo este o motivo para o uso desta teoria por parte de alguns media.

Tabloidização pode ser definida como sendo um “termo derivado do formato tablóide, comum nos jornais sensacionalistas (isto é, de mexericos e escândalos), usado para referir o processo de «perda de qualidade» ou «decadência» da imprensa mais séria, em muitos países. A causa principal é a comercialização e a luta intensa por leitores. O processo afectou também as notícias da televisão e, em geral, os formatos de «actualidade», especialmente nos EUA, assim como causou alarme pela redução dos patamares jornalísticos, pelo aumento da ignorância pública e do risco de confusão entre ficção e realidade” (MCQUAIL; 2000:510). Associado a este termo está o sensacionalismo que a “um primeiro nível, é uma palavra corrente para todos os aspectos do conteúdo dos media que atraiam a atenção, excitem ou inflamem emoções. Neste sentido, está relacionado com a comercialização e com a Tabloidização. Tem também sido usado como conceito em análise de conteúdo, definido em termos de «indicadores» para medir o grau de sensacionalismo, A razão para o fazer é a preocupação sobre a variação entre notícias sensacionais e objectivas.” (MCQUAIL; 2000:509).

São três as hipóteses que nos parecem viáveis e que apresentamos de seguida.

A primeira hipótese formulada é o aparecimento de notícias especulativas. Aqui, julgamos ser possível encontrar notícias não confirmadas, de fontes não oficiais e que sejam mais chocantes com o objetivo de causar impacto e, assim, obter maior lucro financeiro com as vendas do jornal que publique essas notícias.

A segunda hipótese que enunciamos é a existência de uma utilização proveitosa por parte de diários sensacionalistas, como é o exemplo do Correio da Manhã, do episódio em estudo para noticiar aspetos da vida privada de Angélico Vieira e não só, uma vez que verificamos que existem outras pessoas envolvidas como é o caso de Rita Pereira, Anita Costa e os pais do cantor e ator, sendo estes muitas vezes mencionados.

A terceira e última hipótese está relacionada apenas com o Correio da Manhã, uma vez que esperamos que este jornal dê mais ênfase ao caso durante mais tempo do que os restantes e que faça dele assunto de capa mais frequentemente, tratando mais de assuntos em volta do acidente e morte, do que os jornais Público, Diário de Notícias e Jornal de Notícias.

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Metodologia e corpo de análise As metodologias a aplicar neste estudo de caso são: a análise de

conteúdo, uma vez que o método se destina a “produzir uma explicação objectiva, mensurável, verificável, do conteúdo manifesto das mensagens.” (FISKE, 1993:182). Dentro da análise de conteúdo, iremos abranger o conteúdo e seu o significado, sendo este o ponto da análise em questão que mais se adapta ao caso em estudo, já que os antecedentes da mensagem e efeitos da mesma foram impossíveis de registar. O método quantitativo, ou seja, proceder à contagem da frequência de um aspeto específico e a sua distribuição ao longo do texto, nomeadamente, termos como “Angélico”, “morte”, “seguro do carro” “excesso de velocidade”, “cinto de segurança”, “Hélio Filipe”, “Armanda Leite”, “Rita Pereira”, “Anita Costa”, “acidente”, “tragédia” e “Hugo Pinto”, e outros aspetos como fotografias e o número de páginas por publicação e no total em cada um dos jornais analisados, é também um método indispensável neste trabalho de investigação. Não obstante, adotaremos também o método qualitativo, já que ambicionamos uma análise mais profunda e pensamos que os significados escondidos são, por vezes, mais relevantes e não podem ser percebidos através de uma análise numérica. Poremos em uso, por outro lado, uma análise de desempenho dos média, visto ser essencial entender como o mesmo evento é tratado pelos diferentes meios de comunicação social, a qualidade e diversidade do conteúdo e, acima de tudo, perceber como, por vezes, os mesmos se desincumbem das suas funções comunicativas. Assim, adotamos, também, a Meta-Performance Analysis (NOVAIS), uma vez que consideramos vir de encontro aos nossos objetivos – saber se os meios de comunicação social tratam o mesmo assunto de forma igual ou distinta -, e teremos como ponto de referência alguns tópicos desta metodologia, tais como a seleção e uso de fontes de informação, a terminologia empregue relativamente à descrição do evento em causa e a sua comparação e, por fim, os temas presentes e ausentes no texto noticioso. Fica assim posto de parte o tópico referente às críticas/ataques às autoridades governamentais, uma vez que consideramos não se adaptar à ocorrência em estudo. A nossa escolha recaiu sobre estas metodologias de análise, porque, enquanto grupo, pensamos que são as que mais se identificam com os objetivos do projeto e com aquilo que, no fim, ambicionamos comprovar.

Na sequência do estudo de caso, foi delineado o corpo de análise, constituído por alguns jornais diários portugueses, nomeadamente o Público, o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã. Foi escolhido um jornal de referência e credível como é o caso do Público e diários com um caráter mais popular e sensacionalista como o Jornal de Notícias, Correio da Manhã e Diário de Notícias, sendo o último, porém, menos sensacionalista que os dois anteriores referidos, mas não sendo tão credível como o Publico, desta forma consideramos o Diário de Notícias um jornal intermédio, no que se refere à credibilidade, sensacionalismo, referência e objetividade. Selecionamos estes meios de comunicação impressos visto serem, indubitavelmente, dos mais conhecidos no seio da sociedade portuguesa e, também, porque são bastante diferentes ao nível da sua natureza. Por outro lado, pensamos que, ao existirem diferenças nas características de cada jornal, iremos encontrar uma maior variedade de conteúdo publicado relativamente ao estudo de caso.

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Como forma de delimitar a nossa análise, estabelecemos um período de tempo compreendido entre 25 de junho de 2001, dia do acidente, e 3 de julho do mesmo ano, uma semana após o acidente e cinco dias depois da morte de Angélico.

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Resultados Os resultados serão apresentados seguindo uma linha de pensamento

lógica, portanto, evidenciamos, em primeiro lugar, o resultado das análises quantitativa e qualitativa que foram realizadas.

Relativamente ao método quantitativo, investigamos o número de vezes que a notícia foi publicada na capa, o número total de páginas que cada jornal dedicou ao acontecimento, o número total de fotografias correspondente a cada diário e a frequência de certas palavras, nomeadamente, “Angélico Vieira”, “Anita Costa”, “Rita Pereira”, “Francisco Adam”, “Hélio”, “Hugo”, “Armanda”, “acidente”, “tragédia”, “excesso de velocidade”, “morte”, “cinto de segurança” e “seguro do carro”.

Começando pelo jornal Público, – um diário de referência – verificamos que a notícia nunca apareceu na capa no período de análise. Ao nível do número de páginas dedicadas à notícia, foi o jornal onde se encontraram menos páginas destinadas ao assunto (quatro páginas) e, consequentemente, menos fotografias, apenas seis.

Em relação ao Jornal de Notícias, constatamos que, na capa, o assunto é noticiado três vezes com grande destaque, ocupando uma posição central. Foram destinadas onze páginas no total ao acidente e à morte de Angélico, fazendo do JN o terceiro jornal com mais páginas publicadas. A nível fotográfico, foi o jornal que divulgou mais fotografias, num total de sessenta e duas imagens, apesar de muitas serem de pequena dimensão, facto que nos surpreendeu, uma vez que esperavamos que o diário com mais fotografias publicadas fosse o Correio da Manhã.

O Diário de Notícias deu destaque à ocorrência, referindo-o na capa por quatro vezes. Dez foi o número de páginas destinadas à sua divulgação, sendo, assim, apenas o segundo jornal que mais páginas noticiou acerca do assunto, e trinta e nove fotografias foram publicadas.

Por último, o Correio da Manhã, o mais sensacionalista, deu o maior destaque à notícia, uma vez que a inclui na capa de todas as edições analisadas e lhe dedicou vinte e três páginas para a difusão da mesma. Em relação ao número de fotografias, sessenta é o total encontrado através da análise intensiva posta em prática.

Um ponto ainda não mencionado é a frequência de determinadas palavras no texto noticioso de cada jornal. A palavra “Angélico” é referida num máximo de setenta vezes (Correio da Manhã) e num mínimo de vinte e uma vezes (Público); “Hugo Pinto” é citado nove vezes pelo Jornal de Notícias e quatro vezes no Público; “Hélio Filipe” contabiliza um máximo de dez referências no Jornal de Notícias e um mínimo de três no Público; “Armanda Leite” é referida dez vezes no Jornal de Notícias e apenas duas vezes no Público; a palavra “acidente” é identificada vinte e três vezes no Correio da Manhã, opondo-se ao Público que cita esta palavra catorze vezes; já “tragédia” surge quinze vezes no Correio da Manhã e três no Público; “morte” é indicada vinte e quatro vezes no Diário de Notícias, enquanto no Público surge dezasseis vezes; “excesso de velocidade”, apesar de ser uma das expressões mais controversas neste caso, aparece nove vezes, o máximo, no Diário de Notícias e quatro vezes, o mínimo, no Correio da Manhã e Público; outro aspeto polémico era o “cinto de segurança”, referido dezoito vezes no Público e

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oito no Correio da Manhã; “seguro do carro” surge nove vezes no Jornal de Notícias e Correio da Manhã e apenas quatro vezes no Público; relativamente a outros envolvidos no caso, mas não de forma direta, “Rita Pereira” é identificada vinte e cinco vezes no Correio da Manhã, contrastando com o Público que se refere a Rita apenas uma vez; por outro lado, “Anita Costa” é mencionada dez vezes no Correio da Manhã, enquanto o Público não faz nenhuma alusão à mesma; por último, “Francisco Adam”, nome muito associado a este caso, uma vez que também foi vítima de um acidente de viação, acabando por falecer, é referido, no Jornal de Notícias, cinco vezes e, no Correio da Manhã e Público, apenas duas vezes.

Os dados relativos à contagem das palavras citadas anteriormente estão organizados no seguinte gráfico:

Gráfico 1: Número total de palavras no texto de cada jornal

Quanto ao método qualitativo, podemos concluir, depois deste exame à

terminologia empregue, que o nome de Angélico Vieira é esmagador comparativamente a Hugo Pinto (sobrevivente), Hélio Filipe (vítima mortal) e Armanda Leite (ferida grave). O episódio é frequentemente associado a uma

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tragédia, sendo notória a quantidade de ocasiões em que a morte é evocada. Duas questões que estiveram presentes na maioria das notícias analisadas foram o excesso de velocidade e o cinto de segurança, visto que se especulou bastante sobre o que realmente aconteceu relativamente a estes dois pontos. Por fim, é evidente o envolvimento de terceiros neste caso. Rita Pereira é um dos nomes mais mencionados, particularmente no Correio da Manhã, uma vez que era uma das pessoas mais próximas de Angélico, mas nem sempre a notícia sobre Rita Pereira surge no seguimento do acidente e posterior morte do cantor e ator. Anita Costa também é referida por ser a suposta namorada de Angélico na altura da ocorrência, mas, tal como no caso de Rita Pereira, o surgimento de notícias em que está envolvida não se relacionam, necessariamente, com o acontecimento em estudo. Já Francisco Adam surge em certas ocasiões como comparação com o caso de Angélico, uma vez que Francisco Adam faleceu num acidente de automóvel.

Averiguamos, assim, que as palavras mais sensacionalistas e apelativas (“acidente”, “tragédia”, “Rita Pereira”, “Anita Costa”) para os consumidores estão concentradas, na maioria, no Correio da Manhã; o Jornal de Notícias é o que mais referências faz aos acompanhantes de Angélico no carro; e por último, o Público remete para um campo mais pedagógico, sendo o jornal que mais aborda a questão do cinto de segurança.

Outro aspeto a que demos evidente importância foi os títulos. O título de

uma notícia “deve conter, sempre que possível, referência(s) ao tema, local e/ou contexto da notícia. Este cuidado tem dois objectivos: permitir que a essência da notícia seja facilmente perceptível por um leitor de qualquer parte do Mundo; permitir que a notícia seja correctamente categorizada nos agregadores de notícias e motores de busca, cada vez mais utilizados pelos ciberleitores.” (ZAMITH, 2010). O que procuramos entender, através da análise dos títulos, foi se existiam indícios de tabloidização, em que jornais e de que forma se revela. Para isso, procedemos à observação dos títulos, categorizando-os e, depois, comparando-os entre os jornais em estudo. Conseguimos, assim, verificar que o Público é o jornal cujos títulos são mais informativos, concretos e objetivos (“Angélico com prognóstico muito reservado” – 27/06/2011), apesar de, por vezes, assumir uma vertente mais informal (“O milagre que os fãs pediam não aconteceu e a morte de Angélico foi confirmada à noite” – 29/06/2011). O Diário de Notícias também relata factos consistentes (“Morte de Angélico confirmada às 23h40” – 29/06/2011; “Pais devem falar da morte de um ídolo sem dramas” – 30/06/2011), mas caracteriza-se por uma especulação dissimulada (“Angélico conduzia sem cinto e o carro não tinha seguro” – título do jornal de 26 de junho, data em que a problemática do cinto de segurança não estava clara nem confirmada) e por um desvio dos assuntos sérios (“Receitas do novo álbum também vão para os pais” – 1/07/2011). Já o Jornal de Notícias mostra ter títulos mais chamativos e populares, que apelam ao sentimento e comoção por parte dos leitores (“Angélico entre a vida e a morte” – 26/06/2011; “Ouvida em silêncio notícia tão fria como a noite” – 29/06/2011), provando indícios de tabloidização (“Morreu o ídolo da geração Morangos”, “Contra-relógio até ao despiste final” (29/06/2011; “Angélico de branco em urna aberta” - 30/06/2011) e também de especulação (“Angélico pode estar ligado à máquina por vários dias” – 28/06/2011). Porém, apresenta alguns títulos de caráter informativo como, por exemplo, “Angélico

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Vieira viajava com cinto de segurança” (1/07/2011). Por último, o Correio da Manhã é, sem dúvida, o meio de comunicação impresso português analisado mais sensacionalista com grandes evidências de tabloidização. Os seus títulos remetem, maioritariamente, para a esfera sentimental e privada, fazendo referências a namoradas e aos pais (“Anita vê finalmente Angélico” – 27/06/2011; “Pai não aguenta ver Angélico entre a vida e a morte” – 28/06/2011; “Rita Pereira deixa tudo” – 28/06/2011; “Rita tornou-o namoradinho de Portugal” – 29/06/2011; Traído pela morte na flor da vida” – 29/06/2011; “Olha por nós no céu” – 30/06/2011). Tal como antevíramos, este diário abrange temas relacionados com o episódio em causa, mas que não se tratam do episódio em si.

De modo a responder a determinados parâmetros da metodologia Meta-

Performance Analysis, procedemos à análise de fontes de informação. “Nenhuma notícia deve ser publicada sem ter sido confirmada pelo menos por duas fontes. (…) Este trabalho de investigação tem sempre por base o respeito pela privacidade, o bom-nome e pelo respeito da liberdade dos indivíduos que eventualmente se tenha de contactar.” (LEAL; REIS, 2005). Depois de um levantamento das fontes citadas nos textos noticiosos que foram analisados, podemos concluir que a variedade de fontes de informação é imensa. O Público recorre a fontes credíveis e legais como os bombeiros, médicos ou polícias (“O comandante dos Bombeiros de Santa Maria da Feira (…) garantiu (…)” – 1/07/2011) e, por outro lado, evoca amigos próximos de Angélico (“Hugo Pinto garantiu (…) – 1/07/2011”). O Diário de Notícias, paralelamente ao anterior jornal referido, socorre-se de fontes hospitalares (“ (…) fonte oficial do Hospital Santo António, no Porto, confirmou (…) – 29/06/2011”) e policiais, como a GNR, e invoca o dono do stand ao qual o automóvel pertencia, bem como amigos da vítima. O Jornal de Notícias recorre mais à família e aos amigos de Angélico Vieira, sendo poucas as ocasiões em que cita uma fonte credível. Por fim, o Correio da Manhã, de forma surpreendente, evoca bombeiros, neurocirurgiões reconhecidos e médicos da equipa de urgência, sendo que amigos e família estão presentes na notícia.

Relativamente aos temas presentes e ausentes, verifica-se uma certa discrepância nos assuntos que são noticiados. Um dos temas que o Correio da Manhã abordou foi a morte cerebral e o que essa situação implica, recorrendo a fontes hospitalares como meio para explicar a evolução do estado de saúde, o que não se verificou noutros jornais. Por outro lado, o Público alertou para os perigos na estrada ao publicar um artigo onde indica idades de maior risco e algumas percentagens de sinistralidade (“Mais de um quarto das vítimas mortais de acidentes de viação têm entre 20 e 34 anos” – 30/06/2011). De volta ao Correio da Manhã, um dos temas constantes em todas as publicações era Rita Pereira e Anita Costa, ao invés do Público que pouquíssimas alusões fez a estas envolvidas. É visível, desde o início, a diferença entre estes dois jornais que são, em relação à sua natureza, bastante diferentes, o que se traduz nos temas que cada um aborda.

Podemos, depois de concluída a análise deste estudo de caso, afirmar

que a teoria da Tabloidização foi, em parte, verificada relativamente ao acidente e à morte de Angélico Vieira. Jornais como o Correio da Manhã e o Jornal de Notícias são bons exemplos de tablóides que utilizam o

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sensacionalismo como força atrativa face aos seus consumidores. Fatores como os títulos, a referência a pessoas que não estão diretamente ligadas ao caso, a quantidade de fotografias associadas ao textos noticioso e o número de páginas destinadas a publicar o assunto levam a crer que estes dois diários nacionais são os que mais cobertura mediática dão a esta matéria em particular. O Diário de Notícias mostra que, realmente, realça o acontecimento, sendo o segundo jornal que mais vezes lhe dedicou a capa, mas assume-se como politicamente correto, formal e pedagógico (“Pais devem falar da morte de um ídolo sem dramas” – 30/06/2011), não participando em campanhas sensacionalistas de divulgação. Por fim, o Público é, indubitavelmente, o jornal que mais alheado a polémicas se mantém. Poucas foram as vezes que publicou o caso, mas, nessas poucas vezes, a notícia foi dada de maneira objetiva e concisa, não deixando margem para dúvida. Assim, quando dizemos que a teoria da Tabloidização foi provada apenas em parte, referimo-nos a este afastamento do Público e à proximidade de outros jornais como o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã dessa teoria.

Como forma de finalizar a apresentação dos resultados desta

investigação, resta-nos esclarecer as hipóteses que, no início da análise, formulamos.

Como primeira hipótese, estabelecemos o aparecimento de notícias especulativas que, agora, podemos assegurar que se comprova. Verificamos que certos jornais davam uma notícia como certa com base em especulações (“Cinzas de Angélico lançadas ao mar” – Correio da Manhã, 2/07/2011; No interior da notícia, afere-se que o lançamento das cinzas ao mar é apenas uma hipótese, enquanto que no título é dado como certo). Pensamos que a publicação de notícias deste género têm como principal objetivo apelar aos sentidos dos leitores, para que sintam curiosidade de conhecer a restante informação.

A segunda hipótese seria a utilização lucrativa do acontecimento em estudo por parte dos diários de caráter sensacionalista como o Correio da Manhã para, consequentemente, publicar informações privadas tanto de Angélico como de Rita Pereira ou Anita Costa, como já referimos anteriormente. Muitas das notícias publicadas neste jornal específico e, paralelamente, no Jornal de Notícias (que, posteriormente, verificamos que, neste aspeto, se assemelha ao Correio da Manhã, se bem que em medidas diferentes) tratam aspetos que não beneficiam o esclarecimento nem do acidente nem da morte do cantor. Exemplos como “Anita vê finalmente Angélico” (Correio da Manhã, 27/06/2011), “Rita tornou-o namoradinho de Portugal” (Correio da Manhã, 29/07/2011) e “Actriz Rita Pereira pede respeito por privacidade” (Jornal de Notícias, 2/07/2011) mostram, claramente, que, nestas notícias em particular, não surge nenhuma referência do caso em estudo.

Finalmente, como terceira e última hipótese, definimos que o Correio da Manhã iria dar mais ênfase ao assunto durante mais tempo do que os restantes e o usaria para fazer capa mais frequentemente. Esta hipótese foi, como seria de esperar, comprovada, uma vez que o diário em causa publicou notícias relacionadas com o caso até ao dia dois de julho, sendo o dia três o dia limite de análise, e foi o único que, em todos os dias de investigação, lhe dedicou a capa, se bem que, nomeadamente, no dia dois de julho, a posição ocupada

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tenha sido muito diferente das primeiras capas (neste dia, o espaço dedicado foi bastante pequeno comparado com as publicações dos primeiros dias de análise).

Um fator que apuramos depois da investigação e que consideramos,

desde logo, surpreendente foi a ausência da notícia em todos os jornais do dia 25 de junho, dia do acidente. Esperávamos que, principalmente o Correio da Manhã publicasse algo relacionado com a ocorrência, mas, de facto, tal não se verificou. De igual modo, não esperávamos que o Jornal de Notícias assumisse a sua vertente tablóide tão notoriamente como se conferiu. É certo que a sua natureza é informativa, mas surgem alguns apontamentos de tabloidização que eram, obviamente, esperados, no entanto não de maneira tão evidente.

Para terminar, podemos, então, concluir que existem, de facto, no nosso

país, diferenças no que toca ao tratamento da mesma informação por diferentes meios de comunicação social impressos. Existe uma grande discrepância entre o Público e o Correio da Manhã, tanto a nível quantitativo como qualitativo, ou seja, a diferença de fotografias e páginas, entre outros aspetos, é abismal e os assuntos tratados no texto noticioso são, em grande parte, dissemelhantes. Por exemplo, na edição de 27 de junho, enquanto o Público refere o estado de saúde de Angélico Vieira, o Correio da Manhã noticia a mãe, Anita Costa e os sonhos do ator.

Em suma, foi possível comprovar não só a existência de tabloidização nas edições dos jornais em análise, mas também conseguimos investigar e provar tanto a questão de investigação como as hipóteses formuladas inicialmente.

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Discussão

Limitações dos resultados, limitações experienciadas e avenidas para futuras investigações

Depois de comprovada como certa a questão de investigação, é possível

afirmar que existe, de facto, uma diferença no tratamento da mesma informação por parte de diversos meios de comunicação social nacionais, o que, em alguns casos, nos conduz à teoria da Tabloidização. Esta teoria é especialmente evidente nos jornais mais tendenciosos que se caracterizam por uma parcialidade face aos assuntos noticiados, nomeadamente, o Correio da Manhã.

Assim, com os resultados apresentados anteriormente, levanta-se uma questão crucial acerca desta diferença de tratamento da informação, que se relaciona com o grau de liberdade e independência de certos meios de comunicação social do nosso país. Até que ponto os media são autónomos para publicar certa notícia da forma que mais lhes parece conveniente? Até que ponto esses mesmos media podem publicar determinados assuntos, se não respeitam o direito à privacidade dos envolvidos? Farão isto para seu próprio benefício ou acreditam mesmo que esses assuntos são relevantes?

Estas questões levam-nos, por outro lado, ao grau de qualidade e diversidade dos conteúdos publicados. Será que, por haver uma maior liberdade, a diversidade dos conteúdos será maior? E essa diversidade significa qualidade? A autonomização dos meios de comunicação leva à perda de qualidade da notícia?

Assim, consideramos que os resultados que conseguimos extrair da investigação deste estudo de caso nos conduziram a outros problemas relacionados com os pontos supracitados que, se averiguados, podem, como uma das hipóteses, evidenciar uma cobertura mediática facciosa de determinado assunto.

Relativamente ao processo de análise, deparamo-nos com algumas

limitações que, de certa forma, nos dificultaram o decurso da investigação, não constatando, no entanto, um problema impeditivo de obter resultados claros.

Um dos obstáculos foi a dificuldade em encontrar todos os jornais em suporte físico necessários para a análise delineada. Primeiramente, foi levada a cabo uma procura na biblioteca do pólo de Ciências da Comunicação, onde foi possível encontrar apenas alguns dos diários indispensáveis. Seguidamente, os mesmos jornais foram procurados na Biblioteca Municipal do Porto, mas também sem sucesso ao tentar encontrar todos os necessários. Como último recurso, dirigimo-nos aos arquivos do Jornal de Notícias/Diário de Notícias, onde nos foi facultada a consulta virtual dos diários correspondentes aos dias de análise em falta e, da mesma forma, conseguimos aceder aos jornais do Correio da Manhã, visitando a sua delegação do Norte. No entanto, no último caso, não achamos possível a visualização do jornal de dia um de julho do corrente ano, visto o periódico não estar disponível no local visitado e, por isso, não conseguimos proceder à análise do mesmo. Relativamente à consulta dos jornais do Público, visitamos, também, a sua delegação do Norte, uma vez que não conseguíamos aceder aos jornais dos dois últimos dias de análise (dias 2 e 3 de julho), mas ficamos a saber que, naquele local, não era

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possível consultar diários, uma vez que o arquivo se localiza em Lisboa. Sendo assim, não conseguimos aceder a esses dois jornais em falta.

Ainda, quando visitamos os arquivos de Jornal de Notícias/Diário de Notícias deparamo-nos com o valor monetário avultado das fotocópias das páginas do jornal e, por isso, tivemos de, simplesmente, anotar os pontos essenciais de cada notícia, o que, no final, nos dificultou a análise das mesmas, uma vez que precisávamos de muitas informações que seriam muito mais fáceis de obter tendo o suporte em papel da notícia. Contudo, e porque desistir não estava nos nossos planos, dirigimo-nos de novo ao mesmo arquivo até conseguirmos reunir as informações indispensáveis.

Foram também encontradas algumas limitações no que diz respeito às revistas, inicialmente incluídas no trabalho de investigação. Não foi possível a concretização deste objetivo, já que não foi executável conseguir todas as revistas propostas na íntegra, e dessa forma, não faria sentido manter somente as que já tínhamos em nossa posse, não tendo, desse modo, possibilidade de comparação. Portanto, foram excluídas, passando, assim, a ser jornais os únicos objetos de investigação.

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Conclusão Concluído este trabalho de investigação acerca do tratamento dos

diferentes media impressos portugueses sobre o acidente e morte de Angélico, e, após reunidos os resultados, averigua-se que sem este tipo de investigação não seria possível concluir que não é verdade o pensamento que se tem acerca da credibilidade e irrefutabilidade dos media. O que acontece é que, por vezes, as notícias que são publicadas não são tão verosímeis como se julga, e mesmo que o sejam podem ser descritas de forma ambígua. Desta forma, muitas são as vezes em que nos deparamos com jornais que rondam em torno do assunto essencial.

Os resultados obtidos, e já referidos, foram claros, após análise profunda dos jornais anunciados, no período de tempo escolhido. As limitações apresentadas não impediram que os resultados finais fossem conclusivos, mesmo não tendo conseguido todos os jornais necessários, e verificando-se também que no dia 25 de junho e 3 de julho nada foi publicado acerca do assunto.

Concluindo, podemos dizer que este foi um trabalho bastante enriquecedor e que serviu, principalmente, de alerta para, no futuro, encarar as notícias e os jornais de uma maneira mais rigorosa e examinadora, uma vez que as conclusões que apresentamos anteriormente foram possíveis apenas através de uma análise rígida.

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Quadros Síntese

Tabela 1: 25 de junho de 2011

Tabela 2: 26 de junho de 2011

25 de junho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público × × × × × Jornal de Notícias × × × × ×

Diário de Notícias × × × × ×

Correio da Manhã × × × × ×

26 de junho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público × × × × ×

Jornal de Notícias

3 13

“Angélico entre a vida e a morte”;

“Família e amigos unidos

em espera angustiante”

Diário de Notícias

2 3

“Angélico conduzia sem cinto e o carro

não tinha seguro”

Correio da Manhã

4 11

“Tragédia apanha

Angélico”; “O Angélico

gritou para nos salvar”;

“Rita e mãe choram e rezam”

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Tabela 3: 27 de junho de 2011

Tabela 4: 28 de junho de 2011

27 de junho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público × 1 1

“Angélico com prognóstico muito

reservado”

Jornal de Notícias × 1 10

“Velocidade também pode explicar

acidente de Angélico”

Diário de Notícias 1 9

“Amigos e família de Angélico preparam-

se para o pior”

Correio da Manhã

6 12

“Mãe pede milagre”;

“Anita vê finalmente Angélico”;

“O super poder de voar”;

“Ídolo reconhecido a um público fiel”

28 de junho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público × × × × ×

Jornal de Notícias

2 9

“Angélico em morte

cerebral”; “Angélico pode estar ligado à máquina por

vários dias”

Diário de Notícias 2 9

“Médicos têm

decisão final para manter ventilador”

Correio da Manhã

4 8

“Pai não aguenta ver Angélico entre a vida

e a morte”; “É duro ver filho à espera da morte”; “Rita Pereira deixa

tudo”; “Morte cerebral

irreversível”; “Fãs entopem

telefones”

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29 de junho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público

× 1 2

“O milagre que os fãs pediam não aconteceu e a

morte de Angélico foi confirmada à noite”

Jornal de Notícias

4 19

“Morreu o ídolo da geração morangos”;

“Ouvida em silêncio notícia tão fria como a noite”;

“Reforço policial perante concentração de fãs”; “Contra-relógio até ao

despiste final”

Diário de Notícias 2 5

“Morte de Angélico confirmada às 23h40”;

“Família e amigos choram a morte do ídolo da TV”

Correio da Manhã

4 17

“Traído pela morte na flor da vida”;

“Juntos nos últimos minutos”;

“Anita cai no hall ao saber da morte”;

“Música era o maior dos três amores”;

“Rita tornou-o namoradinho de Portugal”

Tabela 5: 29 de junho de 2011

Tabela 6: 30 de junho de 2011

30 de junho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público

× 1 2

“Mais de um quarto das

vítimas mortais de acidentes de viação têm

entre 20 e 34 anos”

Jornal de Notícias 1 2

“Angélico de branco em urna aberta”;

“Era um menino impecável”

Diário de Notícias × 2 9

“Pais devem falar da morte de um ídolo sem

dramas”

Correio da Manhã 4 8

“Dor no regresso a casa”; “Olha por nós no céu”; “Órgãos de Angélico salvam quatro vidas”

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1 de julho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público

× 1 1

“Comandante dos Bombeiros garante que Angélico afinal viajava

com cinto”

Jornal de Notícias

× 2 9

“Até o padre chorou na despedida de

Angélico”; “Angélico Vieira viajava

com cinto de segurança”

Diário de Notícias × 1 4

“Receitas do novo álbum também vão

para os pais”

Correio da Manhã

- - - - -

Tabela 7: 1 de julho de 2011

Tabela 8: 2 de julho de 2011

Tabela 9: 3 de julho de 2011

2 de julho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público - - - - -

Jornal de Notícias × 1 ×

“Actriz Rita Pereira pede respeito por privacidade”

Diário de Notícias

× × × × ×

Correio da Manhã 1 4

“Cinzas de Angélico

lançadas ao mar”

3 de julho de 2011

Publicação Capa Nº Páginas Fotos Título

Público - - - - -

Jornal de Notícias

× × × × ×

Diário de Notícias

× × × × ×

Correio da Manhã

× × × × ×

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Gráficos Síntese

Gráfico 3: Número total de vezes em que a notícia surge na capa (por jornal)

4

11 10

23

Número total de páginas por jornal

Público Jornal de Notícias Diário de Notícias Correio da Manhã

0

3

4

6

Número total de vezes em que a notícia surge na capa (por jornal)

Público Jornal de Notícias Diário de Notícias Correio da Manhã

Gráfico 2: Número total de páginas por jornal

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4

6

39

60 62

Número total de fotografias por jornal

Público Diário de Notícias Correio da Manhã Jornal de Notícias

Gráfico 4: Número total de fotografias por jornal

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Bibliografia

Fiske, J. (1993). Introdução ao Estudo da Comunicação. Edições Asa. McQuail, D. (2000). Teorias da Comunicação de MAssas. Fundação

Calouste Gulbenkian. Traquina, N. (2002). Jornalismo. Quimera. Wolf, M. (1985). Teorias da Comunicação. Lisboa: Editorial Presença.

Sitografia

Reis, I; Leal, P. (Março de 2005). Ética e Deontologia do

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Zamith, F. (Fevereiro de 2010). Livro de Estilo do JornalismoPortoNet.

Obtido em Novembro de 2011, de Jornalismo Porto Net: http://jpn.icicom.up.pt/documentos/livro_de_estilo_jpn.html