Acidente Vila Socó

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PROF: DELANNEY Abel Souza Ramos Edson Ap. Fonseca Flavio Sena Azevedo Gerson Anunciato Ramos Luciano Gonçalves da Silva

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Acidente Vila Socó

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  • PROF: DELANNEYAbel Souza Ramos Edson Ap. FonsecaFlavio Sena AzevedoGerson Anunciato RamosLuciano Gonalves da Silva

  • VILA SOC - Ficaram como marcos da histria de Cubato a retirada de 17 mil habitantes da Vila Parisi e a destruio do bairro Vila So Jos, chamado at hoje de Vila Soc pelos residentes (nome herdado de um pssaro branco nativo da regio). A primeira, conhecida como Vale da Morte, estava encravada no corao do complexo petroqumico, onde deveria ser um bairro industrial. Por estar constantemente expostos a nveis crticos de poluio, os problemas de sade eram constantes. Hoje, o local foi transformado em estacionamento de caminhes e a populao vive no Jardim Nova Repblica.

  • Motivo do acidente

    O exploso resultou do vazamento de 700 mil litros de gasolina tipo exportao de um duto da Petrobrs que passava sob as palafitas da favela, poca com quase 6.000 moradores.

  • O oleoduto estourou meia-noite de sexta-feira, 24 de fevereiro. A uma e meia, madrugada de mar baixa, o mangue estava tomado por mais de meio milho de litros de gasolina de exportao, com alto poder calorfico. O incndio explodiu sabe-se l como, em labaredas que avanavam aos saltos calcinando as palafitas, derretendo ferros, detonando bujes de gs.

  • O cheiro forte impregnava o ar pesado. A cidade ficava encoberta por uma nvoa constante. Ao cair da noite tudo ficava cinzento. Era assim todos os dias no Vale da Morte. At que s 23 horas do dia 23 de fevereiro de 1984, ouvimos um estrondo pavoroso. Imensas labaredas iluminaram a noite. O claro lembrava uma viso do inferno de Dante. Parecia um bombardeio. As chamas destruam o que encontravam pelo caminho.

  • s vsperas do Carnaval, em 24 de fevereiro de 1984, Vila Soc - favela de palafitas em Cubato - explodiu sob meio milho de litros de gasolina tipo exportao, vazada do oleoduto que cortava a favela de ponta-a-ponta. A Revista "Edio Extra" (Cia. Editora Jorus, So Paulo, SP - agosto de 1984) - estampou na primeira pgina: "Viveram como bichos, morreram como bichos".

  • Nmeros oficiais davam conta de 87 mortos. A vizinhana dos desaparecidos contou 508 pessoas, entre as quais 450 crianas. Temperaturas acima de mil graus centgrados, devorando tudo por mais de trs horas consecutivas, como naquele dramtico acidente, transformavam corpos menores de doze anos em cinzas, sem deixar vestgios.

  • O relatrio dos promotores apresenta trs estimativas. A menor delas de que morreram 508 pessoas: 300 crianas de at trs anos, 122 crianas de trs a seis anos, mais os 86 bitos documentados. Na segunda hiptese, seriam 631 os mortos: 300 crianas at trs anos, 245 crianas de trs a seis anos, e 86 bitos documentados. Na terceira alternativa, o nmero de adultos mortos considerado indeterminado e a cifra total ultrapassa os 700.

  • Nenhum corpo de criana com menos de presumveis sete anos de idade foi localizado, mesmo nas reas perifricas do incndio; na rea central, sequer corpos de adultos foram localizados, alm daqueles que procuram abrigo, como por exemplo, um homem e seus dois filhos, que se enfiaram em geladeiras buscando - inutilmente - escapar ao fogo.

    Publicado na Folha de S.Paulo, domingo, 25 de maro de 1984

  • O morador da Baixa Santista e gerente regional da Cetesb, Jorge Moya Diez viu o horror dos bombeiros ao resgatar os corpos que se amontoavam pelo cho da Vila Soc. De to queimados e retorcidos no ultrapassam um metro de comprimento, e os braos e pernas quebravam quando suspensos. Ficavam aqueles toquinhos. Um cenrio apocalptico.

  • Cubato nasceu de erro histrico e estratgico

    O gerente regional da da Cetesb na Baixada Santista, Jorge Moya Diez, recorda que na poca da industrializao (dcada de 1950), as chamins representavam progresso e no se cogitava sobre a questo ambiental. Ele credita o descontrole ambiental dos anos 70 e 80 falta de estratgia, o escasso uso de tecnologias de controle, o desconhecimento dos danos natureza e o pouco acesso da Cetesb (criada em 1976) ao local para fiscalizar, porque a regio foi durante longo perodo rea de segurana nacional.

  • A instalao do plo petroqumico num vale de 160 quilmetros quadrados, ao p da Serra do Mar, foi um erro de planejamento estratgico. O paredo de 700 metros, o clima quente e mido, o regime de ventos e a topografia da regio (58% de morros e serras, 24% de mangues) impediam a disperso de poluentes. A escolha obedeceu logstica da proximidade com o maior porto da Amrica Latina (Santos), o mercado consumidor (capital), a ferrovia e a rodovia.

  • 4 DIAS APS A EXPLOSO AINDA H SINAIS DE FUMAA RESTAM APENAS CINZAS...RESDUOS ...

  • VILA SOC HOJE...Aps a tragdia, a favela foi extinta e, no lugar, surgiu um bairro urbanizado, com 1.253 casas de alvenaria, 4.317 habitantes (segundo censo da prefeitura), ruas asfaltadas, escola e posto de sade.

  • Um acidente que poderia ter sido evitado. Nos quatro meses anteriores exploso causada por um vazamento de 700 mil litros de gasolina j tinham ocorrido cinco rompimentos nas tubulaes desse oleoduto da Petrobrs. As autoridades de Cubato j haviam alertado a Petrobrs sobre o risco que a populao corria com a falta de manuteno nos dutos. Mesmo assim, a empresa no tomou providncias. O resultado foi a morte de centenas de homens, mulheres e crianas. SEGURANA

  • SEGURANANo aspecto de segurana dos dutos, o episdio da Vila Soc representou o incio de uma "mudana cultural" na forma de operar os dutos no pas, que culminou com a criao do Centro de Controle Operacional, no Rio de Janeiro."Aps este acidente, comeou-se a automatizao dos nossos dutos" Antes do incndio na Vila Soc, o procedimento de controle nas tubulaes envolvia basicamente dois operadores, posicionados em cada uma das pontas do duto, que se comunicavam por telefone para trocar informaes operacionais. Centralizado no Rio de Janeiro, esse sistema capaz de detectar vazamentos em tubulaes da Petrobrs em qualquer ponto da rede no pas.

  • BIBLIOGRAFIAFolha de S.Paulo, domingo, 25 de maro de 1984SITE DA FOLHA

    FotosSite da prefeitura Municipal de Cubato