ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE: CONHECENDO OS SENTIMENTOS E AS EMOÇÕES DOS PROFISSIONAIS...

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 2 0 5 20 5 2 0 5 20 5 2 0 5 Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11.  Ac id en te s Pe rf ur oc or ta nt e e Pr of is si on ai s de En fe rm ag em  Ac id en te s Pe rf ur oc or ta nt e e Pr of is si on ai s de En fe rm ag em  Ac id en te s Pe rf ur oc or ta nt e e Pr of is si on ai s de En fe rm ag em  Ac id en te s Pe rf ur oc or ta nt e e Pr of is si on ai s de En fe rm ag em  Ac id en te s Pe rf ur oc or ta nt e e Pr of is si on ai s de En fe rm ag em Lima FA et al Resumo P P P P Pala ala ala ala ala vr vr vr vr vr as-c as-c as-c as-c as-c ha ha ha ha ha v v v v ve: e: e: e: e:  Educação em Enfermagem. Riscos Ocupacionais. Equipamentos e Provisões. Abstract Resumen K K K K K e e e e yw yw yw yw yw or or or or or ds : ds: ds : ds: ds :  Education, Nursing. Occupational Risks. Equipment and Supplies. P P al a al a al a al a al a br br br br br as c as c as c as c as c la la la la la v v v v v e: e: e: e: e:  Educación en Enfermería. Riesgos Laborales. Equipos y Suministros. ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE: CONHECENDO OS SENTIMENTOS E AS EMOÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Accidents with Perforating Materials: Knowing the Nursing Professional Feelings and Emotions Accidentes con Materiales Perforocortantes: Conociendo los Sentimientos y Emociones de los Profesionales de Enfermería Fernanda Aragão Lima Patrícia Neyva da Costa Pinheiro Neiva Francenely Cunha Vieira O estudo objetivou conhecer os sentimentos e emoções vivenciados pelos profissionais de enfermagem ao se acidentarem com material perfurocortante em um hospital da rede pública estadual, através de uma pesquisa descritiva envolvendo 13 profissionais, no decorrer dos meses de janeiro/abril de 2004. Constatou-se que a ocorrência de acidentes de trabalho com materiais perfurocortantes pode ser favorecida pela realização de um trabalho árduo, exercido de maneira rápida, em mais de um estabelecimento de saúde, como também pela desatenção e distração. O medo diante da alteração em seu estilo de vida, da proximidade da mort e e do pr econceito a ser vivenciado em seu ambiente familiar, social e de trabalho, proporcionado pela possível contaminaçã o pelos vírus HIV e hepatite B, foi o sentimento manifestado após o acidente com perfurocortantes pela maioria dos entrevistados.  Apont a-se o trein amento em ser viço, o aperfei çoament o técnico e a atualiza ção profi ssional dese nvolvido s pelo setor de educação continuada como importantes par a a minimização dos riscos de acidentes de trabalho.  Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11. The study aimed to know the feelings and emotions experienced by nursing professionals that had accident with perforating material in a state public hospital, trough a descriptive research that involved 13 professionals, during the months from January trough April of 2004. Was noticed that the occurrence of work accidents with perforating materials could happen because of a hard work, made in a fast way, in more then one health establishment, such as by the lack of attention and distraction. The fear before the alteration in their life styl e, before the proximity of death and the prejudice to be experienced in their familiar, social and work environment, caused by a possible HIV virus and B hepatitis contamination, was the feeling manifested after a accident with a perforating material by the majority interviewed. It points the training in the service, the technician improvement and the professional actualization developed by the continued education sector as important to the minimization of the risks of work accidents . El estudio tubo como objetivo conocer los sentimientos y emociones vividos por los profesionales de enfermería al sufrieren accidentes con material perforocortante en un hospital de la red publica estadual. A través de una investigación descriptiva que envolvió 13 profesionales, en el decorrer de los meses enero y abril de 2004. Fue constatado que la ocurrencia de accidentes de tr abajo con material perforocortante puede ser favorecida por la realización de un trabajo arduo, ejercido de manera rápida, en más de un establecimiento de salud, cómo también por la desatención y distracción. El medo delante del alteración en su estilo de vida, de la proximidad de la muerte y de la discriminación a ser vivido en su ambiente familiar , social y de trabajo, proporcionado por la posible contaminación por el virus VIH y hepati tis B, fue el sentimiento manifestado después del accidente con perforocortantes por la mayoría de los entrevistados.  Apu nt an el en tre na mien to en se rvicio, el p er fe cc io na mien to cn ic o y la actualización profesional desarrollados por el sector de educación continuada como importante para la minimización de los riesgos de accidentes de tr abajo.

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ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE:CONHECENDO OS SENTIMENTOS E AS EMOÇÕESDOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM.

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    Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11.

    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    Resumo

    PPPPPalaalaalaalaalavrvrvrvrvras-cas-cas-cas-cas-chahahahahavvvvve:e:e:e:e: Educao em Enfermagem. Riscos Ocupacionais. Equipamentos e Provises.

    Abstract Resumen

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    PPPPPalaalaalaalaalabrbrbrbrbras cas cas cas cas c lalalalalavvvvve:e:e:e:e: Educacin en Enfermera. RiesgosLaborales. Equipos y Suministros.

    ACIDENTES COM MATERIAL PERFUROCORTANTE:CONHECENDO OS SENTIMENTOS E AS EMOESDOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

    Accidents with Perforating Materials:Knowing the Nursing Professional Feelings and Emotions

    Accidentes con Materiales Perforocortantes:Conociendo los Sentimientos y Emociones de los Profesionales de Enfermera

    Fernanda Arago Lima Patrcia Neyva da Costa Pinheiro Neiva Francenely Cunha Vieira

    O estudo objetivou conhecer os sentimentos e emoes vivenciados pelos profissionais de enfermagem ao seacidentarem com material perfurocor tante em um hospital da rede pblica estadual, atravs de uma pesquisadescritiva envolvendo 13 profissionais, no decorrer dos meses de janeiro/abril de 2004. Constatou-se que aocorrncia de acidentes de trabalho com materiais perfurocor tantes pode ser favorecida pela realizao de umtrabalho rduo, exercido de maneira rpida, em mais de um estabelecimento de sade, como tambm pela desatenoe distrao. O medo diante da alterao em seu estilo de vida, da proximidade da mor te e do preconceito a servivenciado em seu ambiente familiar, social e de trabalho, proporcionado pela possvel contaminao pelos vrus HIVe hepatite B, foi o sentimento manifestado aps o acidente com perfurocor tantes pela maioria dos entrevistados.Aponta-se o treinamento em servio, o aperfeioamento tcnico e a atualizao profissional desenvolvidos pelo setorde educao continuada como impor tantes para a minimizao dos riscos de acidentes de trabalho.

    Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11.

    The study aimed to know the feelings and emotionsexperienced by nursing professionals that had accident withperforating material in a state public hospital, trough adescriptive research that involved 13 professionals, duringthe months from January trough April of 2004. Was noticedthat the occurrence of work accidents with perforatingmaterials could happen because of a hard work, made in afast way, in more then one health establishment, such as bythe lack of attention and distraction. The fear before thealteration in their life style, before the proximity of death andthe prejudice to be experienced in their familiar, social andwork environment, caused by a possible HIV virus and Bhepatitis contamination, was the feeling manifested after aaccident with a perforating material by the majorityinterviewed. It points the training in the service, the technicianimprovement and the professional actualization developedby the continued education sector as important to theminimization of the risks of work accidents.

    El estudio tubo como objetivo conocer los sentimientos yemociones vividos por los profesionales de enfermera alsufrieren accidentes con material perforocortante en unhospital de la red publica estadual. A travs de unainvestigacin descriptiva que envolvi 13 profesionales, enel decorrer de los meses enero y abril de 2004. Fueconstatado que la ocurrencia de accidentes de trabajo conmaterial perforocor tante puede ser favorecida por larealizacin de un trabajo arduo, ejercido de manera rpida,en ms de un establecimiento de salud, cmo tambin por ladesatencin y distraccin. El medo delante del alteracin ensu estilo de vida, de la proximidad de la muerte y de ladiscriminacin a ser vivido en su ambiente familiar, social yde trabajo, proporcionado por la posible contaminacin por elvirus VIH y hepatitis B, fue el sentimiento manifestado despus delaccidente con perforocortantes por la mayora de los entrevistados.Apuntan el entrenamiento en servicio, el perfeccionamiento tcnicoy la actualizacin profesional desarrollados por el sector deeducacin continuada como importante para la minimizacin delos riesgos de accidentes de trabajo.

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    Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11.

    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    INTRODUO

    A preveno de acidentes de trabalho deve ser umapreocupao manifestada tanto pelos profissionais quantopelas instituies hospitalares. Os profissionais devem serconscientes em relao necessidade de conhecer e empregaradequadamente as normas de biossegurana e exigirsegurana no ambiente hospitalar aos seus empregadores parao exerccio assistencial com menor risco para a sua sadeocupacional. Isto de fundamental importncia, uma vez queos profissionais de sade e principalmente os de enfermagem,se opem utilizao de equipamentos de proteo individual,subestimando o risco de se infectarem1.

    Os profissionais de enfermagem desempenham um trabalhode assistncia direta e contnua ao paciente, tornando-sesusceptvel contaminao por material biolgico,principalmente em acidentes por inoculao percutneamediada por agulhas ou instrumentos cortantes, que so osmaiores responsveis pela transmisso ocupacional deinfeces sangneas2. Estima-se que o risco de contaminaopelo vrus da imunodeficincia humana (HIV) de 0,3%, emacidentes percutneos, enquanto que o risco de contaminaopelo vrus da hepatite B, aps exposies desta natureza, variaentre 37 e 62%, quando o paciente-fonte apresenta o antgenoHbeAg, e entre 23 a 37%, caso o paciente-fonte no possua oantgeno citado, pois a sua presena reflete uma maiorquantidade de antgeno circulante. J o risco de infeco pelovrus da hepatite C varia entre 0 e 7% aps acidentes commateriais perfurocor tantes3.

    O papel das instituies na preveno de acidentes de trabalho desempenhar a educao continuada, assim como dispor deuma construo e infra-estrutura adequadas ao desempenhodas suas atividades laborais, prover as unidades e setores demateriais e equipamentos de qualidade, na quantidadeapropriada; e devem disponibilizar recipientes resistentes eimpermeveis em locais de fcil acesso para a deposio dosmateriais perfurocortantes, seringas sem agulhas e/ou comagulhas retrteis, apesar de serem de elevado custo4.

    Existem, freqentemente, acidentes com perfurocortantes.Encontra-se, entretanto, um grande desafio para o controle dos casos,que a subnotificao, a qual inviabiliza a preveno comquimioprofilaxia, monitoramento e acompanhamento sorolgico1,5.

    Diante do exposto, decidimos desvelar o conhecimentoacerca das circunstncias pessoais e profissionais que facilitamo acidente com material perfurocortante e sobre os sentimentose emoes experimentados diante da experincia peculiar doacidente envolvendo o uso de material perfurocortante peloprofissional de enfermagem, principalmente quando se refereao trabalhador de um hospital de referncia no tratamento depacientes portadores de doenas infecciosas.

    OBJETIVOS

    Identificar o conhecimento acerca dos sentimentos eemoes dos profissionais de enfermagem que se acidentaramcom material perfurocortante em um hospital da rede pblica

    estadual; discutir este conhecimento acerca dos sentimentos eemoes destes profissionais de enfermagem.

    PERCURSO METODOLGICO

    Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagemqualitativa, realizada em um hospital da rede pblicaestadual de referncia em HIV/AIDS, localizado na cidadede For taleza, no Estado do Cear.

    Os sujeitos do estudo foram 13 profissionais deenfermagem; dentre eles, 02 so enfermeiros, 01 tcnicode enfermagem e 10 so auxiliares de enfermagem,escolhidos por terem se acidentado com agulhas einstrumentos cor tantes entre os anos de 2001 e 2003.

    O instrumento de coleta de dados foi um roteiro deentrevista semi-estruturada contendo duas questesnorteadoras, que foram: como o seu desempenho profissionale as condies de trabalho facilitaram o acidente ocupacional,e quais sentimentos e emoes foram exteriorizados nomomento do acidente ou guardados aps o mesmo.

    Para a coleta de dados foi utilizada a entrevista por pauta,realizada mediante a utilizao de um gravador, com enfoquevoltado para a experincia dos integrantes da equipe deenfermagem em relao a acidentes de trabalho cominstrumentos perfurocortantes, abordando as circunstnciasindividuais e profissionais em que estes ocorreram, e ossentimentos e emoes por eles experimentados.

    A coleta de dados deu-se no decorrer dos meses de janeiroa abril de 2004. Depois de coletados, os dados foramtranscritos, mantendo-se a fidedignidade do que foi relatadoe, posteriormente, analisados com base na anlise decontedo de Bardin6, que visa abstrair os significados maisrelevantes das falas em estudo.

    Seguindo o preconizado pela tcnica de anlise decontedo, as respostas obtidas com a aplicao do roteiro deentrevista foram lidas exaustivamente, propiciando a escolhadas falas mais importantes e expressivas com relao temtica abordada. A partir das semelhanas encontradas entreos depoimentos, foi possvel formar as trs categorias a seguir:o desempenho profissional e os acidentes com materialperfurocortante; as condies de trabalho e os acidentes commaterial perfurocor tante; e o conhecimento acerca dossentimentos e emoes dos profissionais de enfermagem sobreos acidentes com material perfurocortante.

    Os depoimentos dos trabalhadores foram utilizados pararespaldar a anlise dos dados e citados na discusso dosresultados com a identificao pela letra E, correspondentea cada entrevistado, seguida por um nmero, significando aordem em que os profissionais foram entrevistados. Valeressaltar que todos os componentes do estudo concordaramespontaneamente em participar, o que foi evidenciado pelasua assinatura do termo de consentimento livre e esclarecidopara comprovar essas informaes acerca da pesquisa.

    No que concerne obedincia aos aspectos ticos e legaisda pesquisa envolvendo os seres humanos, o comit de ticado hospital em questo permitiu a realizao do estudo

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    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    proposto atravs da aprovao do projeto de pesquisa que foiapresentado comisso. Aliado a isto, foi pedida a assinaturado termo de consentimento livre e esclarecido antes deproceder o estudo, e, desta forma, os integrantes do estudotiveram a garantia da manuteno do sigilo e do anonimatodas informaes coletadas e tomaram conhecimento acercados objetivos almejados com a efetivao da pesquisa. Almdisso, foi realizada a ponderao entre riscos e benefcios,comprometendo-se com o mximo de benefcios e o mnimode danos e riscos; foi dada a garantia de que danos previsveisseriam evitados e a pesquisa teria relevncia social comvantagens significativas para os sujeitos da pesquisa eminimizao do nus para os sujeitos vulnerveis7.

    APRESENTAO E DISCUSSODOS RESULTADOS

    Os depoimentos dos entrevistados foram analisados, e asreflexes acuradas proporcionadas pela anlise conduziramas autoras a abstrair as informaes mais significantes quepossibilitassem o conhecimento da experincia vivenciada peloacidente com materiais perfurocor tantes e agrup-las deacordo com as diferenas e semelhanas percebidas em trscategorias que sero apresentadas a seguir.

    O desempenho profissional e osacidentes com material perfurocortante

    Os profissionais de enfermagem, durante sua atuao noambiente hospitalar, enfrentam um trabalho rduo aoexercerem continuamente assistncia e vigilncia deenfermagem, muitas vezes agindo com rapidez em razo donmero acentuado de clientes e das intercorrnciasproporcionadas pela alterao do estado de sade dessaclientela, facilitando, pois, a ocorrncia de acidentes commateriais perfurocor tantes, conforme o mencionado nosdepoimentos seguintes, originados da indagao quanto aoque pode acarretar esta facilidade.

    A imprudncia (...) o corre-corre dirio quando hmuitos pacientes, quando est essa demanda depacientes muito grave e a gente esquece de tomar asprecaues quanto a isso (E2). O corre-corre dirio,pressa em fazer as coisas (E8). (...) excesso deprocedimentos de enfermagem (E11).

    O cuidado direto ao paciente, associado administraode medicamentos e, conseqentemente, ao contato commaterial perfurocortante, predispe ocorrncia de acidentesde trabalho, ainda mais quando os pacientes apresentamcomportamento agressivo e se a condio do cliente exigeuma assistncia de emergncia1.

    O trabalho de enfermagem executado em apenas umestabelecimento hospitalar acarreta desgaste sade do trabalhador,que se torna mais comprometida quando o profissional exerce ocupaotambm em outro local, tornando-se, por isso, mais vulnervel aacidentes de trabalho, segundo apontado pela fala a seguir:

    (...) acmulo de carga, acmulo de trabalho,porque eu acho que a gente chega depois de 12h

    bastante cansado, reflexos j bem diminudos, queleva a este tipo de coisa (E5).

    A duplicidade de emprego, necessria sobrevivncianos dias atuais, em vir tude da reduo do poder aquisitivoda populao (notadamente, aos baixos salr iosproporcionados pela conjuntura econmica e social que oBrasil apresenta no momento), desgasta a condio fsica epsquica dos profissionais.

    Portanto, a necessidade de mais um emprego exige dopessoal de enfermagem a permanncia da maioria dos seusanos produtivos no ambiente hospitalar, a qual aumenta o tempode exposio aos riscos ocupacionais8.

    A experincia profissional e a correta prtica, no momentoadequado, das medidas preventivas podem minimizar aexposio a riscos, de natureza diversa, existentes no ambientehospitalar, detentor de elevada periculosidade e insalubridade,uma vez que o despreparo profissional expresso pelodesconhecimento do uso certo das recomendaes-padro epela inabilidade manual e psicomotora em realizar osprocedimentos de enfermagem facilita o acontecimento deacidentes com materiais perfurocortantes, conforme os relatosseguintes acerca do que acarreta esta facilidade:

    Falta de tcnica ao manuseio do material [...] (E4). No-uso de EPIs corretamente pela m informao [...] (E11).

    O no-esclarecimento sobre os riscos de infeco aque esto susceptveis e a falta de capacitao dosprofissionais fazem aumentar a vulnerabilidade a acidentescom os perfurocor tantes8.

    Apesar da participao das universidades e dos cursos deformao de tcnicos e auxiliares de enfermagem no preparoprofissional, o setor de educao continuada, ou qualquer outrorgo competente, e os enfermeiros de cada unidade soresponsveis pelo treinamento em servio e aperfeioamentotcnico-cientfico dos trabalhadores da instituio, com o intuito demelhorar a assistncia aos clientes e discutir a importncia dedesempenh-la, obedecendo as recomendaes-padropreconizadas, a fim de reduzir a ocorrncia de acidentes de trabalho.

    As atividades de educao em sade precisam enfatizar autilizao correta dos equipamentos de proteo individual(EPIs), a discusso da funo de cada um e da essencialidadedo seu uso. Necessitam, ainda, explicar o porqu da existnciados recipientes destinados ao descarte das agulhas e instrumentosperfurocortantes e a necessidade de evitar a sua superlotao,como atuao de preveno de acidentes de trabalho.

    fundamental a abordagem do uso de EPIs e da adoo dasmedidas preventivas, corretamente, nos informes educacionais,pois importante para a preveno da ocorrncia de perfuraese cortes com o uso de materiais existentes no meio hospitalar.Apesar de os profissionais apresentarem cer to conhecimentoacerca desta temtica e compreenderem que a mudana decomportamento imprescindvel para que um novo acidenteno ocorra. E a respeito do modo como eles atuariam paraevitar a ocorrncia de um prximo acidente, lem-se osdepoimentos seguintes:

    (...) tomar todos os cuidados (...) de proteo (...) (E2).(...) estar sempre mais protegida, porque na hora do

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    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    acidente eu tava usando luva, mas a luva no protege agente totalmente (...) (E3). (...) no deixando de usaros EPIs que eu sempre usei e continuo usando (E5).(...) me proteger ao manusear qualquer paciente (E9).

    Refletindo o motivo que propiciou o desenrolar doacidente e justificando a necessidade de palestras voltadaspara a discusso das aes de preveno dos acidentes detrabalho, os profissionais sugeriram o modo como podemser reduzidos e at eliminados os riscos, segundo osdepoimentos apresentados a seguir:

    (...) usar os equipamentos necessrios (E1). (...)realizar todos os mtodos preventivos (...) usar os EPIs a melhor coisa (...) (E4). (...) no deixar de usar osEPIs (...) (E5). (...) usar as medidas de segurana,luvas, culos, avental (...) (E6). (...) palestras sobreriscos ocupacionais, uso das precaues universaiscorreto e manuseio dos materiais perfurocortantes edos agentes biolgicos (E11).

    Alm disso, os trabalhadores relatam que devia existir acobrana junto instituio para a disponibilizao dos EPIsem quantidade e qualidade adequadas, conforme o apontadopela fala a seguir:

    (...) cobrar do servio se no tm os EPIs, porquetm que ter (E4).

    A utilizao de EPIs protege o trabalhador em relao aosriscos proporcionados pelo trabalho a ser realizado, como, porexemplo, a infeco pelo vrus da AIDS e da hepatite B e Cmediante o contato com sangue, hemoderivados ou algunsinstrumentos infectados por esses fluidos com a pele nontegra e/ou sem nenhuma forma de defesa9.

    Alm do uso de EPIs, os profissionais ressaltaram aimportncia de no reencapar agulhas e da disponibilidade derecipiente de descar te adequado dos materiaisperfurocor tantes, aps a realizao de procedimentos, comoaes preventivas para reduzir ou evitar a ocorrncia deacidentes de trabalho, de acordo com o seguinte relato:

    No reencapar agulhas logo que puncionar acesso, poisse sabe que no se deve reencapar agulhas, e desprezaro material utilizado na caixa de perfurocortantes (E10).

    O ato de reencapar agulhas, a desconexo da agulha daseringa, o transporte ou manipulao de agulhas desprotegidas,o descar te inadequado dos objetos perfurocor tantes emrecipientes imprprios ou em recipientes superlotados so asprincipais causas de acidentes envolvendo perfuraes acidentais2.

    A adoo de prticas seguras no exerccio de atividades deenfermagem precisa ser uma temtica a ser bastante discutidapela equipe responsvel pelas aes de educao continuada,como tambm se necessita descobrir a razo do no-seguimentodas recomendaes-padro pelos profissionais que as conheceme, no entanto, no as praticam corretamente.

    A anlise do contedo das abordagens educativas e dainfluncia das percepes dos profissionais de sade sobre aprtica ou no das medidas preventivas deve ser umapreocupao apresentada pelo conjunto de pessoasresponsveis pelos treinamentos institucionais2.

    Esta discusso imprescindvel no hospital alvo do estudo,uma vez que h a disponibi l idade quantitat iva deequipamentos de proteo individual, que existem recipientesadequados deposio de materiais perfurocor tantes emlocais de fcil acesso, alm de os profissionais conhecerem anecessidade de uso dos EPIs e que devem descar tar osmateriais desta natureza nestes recipientes.

    As condies de trabalho e os acidentescom material perfurocortante

    Os profissionais de enfermagem, no seu ambiente laboral,desempenham atividades administrativas e cuidados complexosa uma diversidade de clientes de forma contnua no decorrerdas 24h do dia. Eles passam por privao total ou parcial dosono, submetendo-se ao confronto permanente com sofrimentoe morte. Convivem com a existncia de conflitos oriundos datentativa de conciliar as responsabilidades profissionais comas do lar, filhos e cnjuge. Enfrentam violncia e inseguranano deslocamento da residncia ao local de trabalho, assimcomo no interior deste. Muitas vezes, no recebem elogiosnem so autnomos e reconhecidos profissionalmente,necessitando, em algumas situaes, tambm improvisarquando realizam suas atividades, em razo da carncia derecursos materiais. Sofrem, ainda, com a degradao dascondies de trabalho, com as dificuldades de implantao deprogramas eficazes de higiene e segurana do trabalho10.

    Em consonncia com o autor ora referenciado, o estresse,ocasionado pelo exerccio profissional no ambiente hospitalar, oriundo das situaes em que o indivduo percebe seu localde trabalho como ameaador, manifestadas quando suasnecessidades de realizao pessoal e profissional prejudicama interao de sua sade fsica e mental com o trabalho, quandoo ambiente laboral contm demandas excessivas ao seu estadode sade fsico e psquico, ou quando este no apresentarecursos adequados para enfrentar tais situaes11.

    O desenvolvimento de atividades assistenciais,administrativas, de ensino e, muitas vezes, de pesquisaconduzem o profissional de enfermagem a exercerem-nas emum ritmo acelerado, a fim de que todas estas aes possam serrealizadas durante as suas horas de trabalho. Por conta disso,executam o cuidar sem uma maior reflexo, reduzindo a suaqualidade e impedindo um planejamento para o desempenhodas suas inmeras atribuies, podendo contribuir, desta forma,para a ocorrncia de acidentes de trabalho12.

    Com efeito, a atuao profissional e as experincias nomeio extra-hospitalar de qualquer natureza podem produziralteraes no estado emocional da equipe de enfermagem,manifestadas pela desateno e distrao no momento derealizar atividades, facilitando o acontecimento de acidentesdo trabalho. Os relatos dos profissionais de enfermagemrelacionados a seguir evidenciam ocorrncias contribuintes paraos acidentes com as agulhas e instrumentos cortantes:

    (...) se voc no tiver bem preparado psicologicamentepara executar o procedimento invasivo, isso facilita oacidente, no estar atenta, desligada (E4). (...) nomomento que voc est realizando qualquer

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    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    procedimento que voc v que voc tem risco decontaminao, se voc estiver com o estado emocionalalterado, claro que vai atrapalhar(...) (E6).(...) o estresse(E8). A distrao (...) (E9). Falta de ateno (E10).

    A desateno e o descuido dos profissionais, a tenso, oestresse, o cansao e a fadiga so pontos oriundos dacondio individual do profissional, propiciados pela vivnciano meio hospitalar ou no, que possibilitam a ocorrncia deacidentes de trabalho com materiais perfurocor tantes, jque o seu manuseio necessita de tranqi l idade,concentrao, ateno e cuidado para que no ocorram errosna realizao da assistncia que possam prejudicar a higidezdo cliente e a sade do trabalhador.

    certo que trabalhar com ateno, concentrao e comcuidado devem ser medidas a serem adotadas para a atuaode enfermagem com reduzido risco ocorrncia de acidentesde trabalho. As falas a seguir comentam sobre as medidas queos profissionais recomendam para que no sejamsurpreendidos por um novo acidente.

    A questo da ateno, porque voc, naquela pressapara fazer logo outro procedimento, acaba fazendo ascoisas mecanicamente (E7). Fazer as coisas com (...)concentrao (E8). Ficar mais atencioso no seutrabalho, no manuseio do perfurocortante, eu achoque uma obrigao do profissional de sade (...)(E9). Ter mais cuidado e ateno (...) (E10).

    Agir com ateno, canalizando o pensamento e o raciocniounicamente para o ato de enfermagem, exige controle psquicopara que os outros acontecimentos experienciados no meioexterno ou no interior do ambiente de trabalho no aflorem ecomprometam o desenrolar da assistncia de enfermagem;contudo, pode ser difcil porque as emoes e sentimentos muitasvezes no so passveis de controle pela racionalidade humana.

    Algumas vezes, no entanto, a falta de ateno durante osprocedimentos realizados com o cliente oriunda do trabalhoexcessivo e da repetio mecnica das aes tcnicas daenfermagem, que levam no-considerao dos sentimentose emoes tanto dos profissionais quanto dos clientes.

    O conhecimento acerca dos sentimentos eemoes dos profissionais de enfermagemsobre os acidentes com material perfurocortante

    O desempenho da assistncia de enfermagem envolvendoo uso de materiais perfurocortantes confere, sem dvida, riscos sade do profissional, principalmente se este profissionalencontra-se com seus sentimentos e emoes alterados.

    O acidente de trabalho com agulhas e instrumentoscortantes origina alteraes na estrutura fsica do profissionalem virtude das perfuraes e/ou cortes ocasionados pormateriais desta natureza. Com efeito, pode ocasionarmodificaes biolgicas em razo de uma possvel infecopelo vrus da hepatite B, C e da AIDS. Propicia, tambm,mudanas psicossociais em decorrncia da necessidade deacompanhamento sorolgico e, conseqentemente, da esperade um provvel resultado indicativo de soroconverso, da

    ingesto de medicamentos anti-retrovirais, quando indicados,da vacinao e do uso de imunoglobulinas, conforme a prescrio.

    Por conseguinte, o acidente acarretado pela inoculaopercutnea acidental de sangue poder originar repercussesnegativas vida profissional e pessoal, em funo doestresse psicolgico vivenciado, na medida em que eles sesubmetem a mudanas nas prt icas sexuais e norelacionamento social e familiar durante o perodo de esperado resultado dos exames realizados, por poderem evidenciaruma possvel soroconverso2.

    Todas as modificaes originadas de um acidente de trabalhodesta natureza precisam ser adaptadas rotina habitual doprofissional, ou esta deve ser modificada a fim de que todas asmedidas a serem praticadas ps-acidente sejam concretizadas.Por exemplo, a abstinncia sexual ou a prtica sexual segura ea suspenso de aleitamento materno at a confirmao daausncia de soroconverso detectada aps a realizao dostestes sorolgicos so prticas rotineiras que passam a servistas como algo proibido, ensejando conflitos para si e paraseus componentes familiares.

    Assim, a alterao no estilo de vida e a reflexo acerca dofato de estar infectado ou no provoca o afloramento ou aintrospeco dos sentimentos e emoes pelos integrantesda equipe de enfermagem que par ticiparam do estudo, umavez que os sentimentos so oriundos de um conjunto deeventos vivenciados, em que as reaes iro depender dotipo de evento que fez par te da experincia de vida de cadaum, pois acontecimentos dolorosos ou no iro repercutirna nossa reao presente13.

    A experincia proporcionada pelo acidente de trabalho commateriais perfurocor tantes promoveu a manifestao desentimentos como medo, angstia, desespero, ansiedade etenso. o que refletem os depoimentos advindos doquestionamento acerca dos sentimentos e emoesexteriorizados ou interiorizados aps o acidente:

    Eu senti que a minha vida tinha acabado (...) eu fiqueimuito triste, fiquei muito perturbada (E1).Desespero(...) eu fiquei com a sensao de morte aparente porqueeu me vi futuramente como um paciente portador (E4).Medo (...) sentimento de angstia, choro, um desesperototal (E5). Fiquei com medo (E10). Medo de contrairHIV e o vrus da hepatite B (E11).

    A manifestao dos sentimentos, pelos entrevistados, deangstia, ansiedade, desespero, tenso e tristeza decorre domedo de terem sido, possivelmente, infectados pelo vrus HIVem primeira instncia e, depois, pelo da hepatite B e C, emrazo de alteraes permanentes no modo de viver, oriundasda infeco por estes vrus; alm disso, a AIDS uma doenaincurvel e, portanto, reflete a proximidade da morte, pois omedo estar assustado com algo, uma dor, rejeio de umapessoa ou grupo, a perda de alguma coisa ou algum, ou omomento de morrer14.

    Alm da apreenso pela possibilidade de estaremcontaminados, percebeu-se a preocupao dos entrevistadosem compartilharem com o seu prximo a situao experienciada

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    Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11.

    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    pelo acidente de trabalho com material perfurocor tante,desencadeado pelo preconceito existente em relao aosdoentes de AIDS, de acordo com o relato a seguir:

    No contei de incio, no falei para a famlia, nem paraos amigos, tambm, arrumei uma briga com a namoradapara no ter que falar com ela durante esses quinzedias (...) na verdade, eu me auto-preconceituei, euimaginava que a minha famlia, os meus amigos iam terpreconceito em relao a isso (E5).

    Ser por tador do HIV no um ideal estabelecido evalorizado pela cultura, ainda mais quando a sociedade,influenciada pelo passado, v o portador como algum quepode ser homossexual, promscuo sexualmente e/ou usuriode drogas injetveis e, por tanto, detentor de umcomportamento que no conservado socialmente e que, porconseguinte, no fixo e imutvel, alm de os preconceituososverem nestes indivduos o que eles tm que negar em simesmos, que a fragilidade social apresentada pelosportadores do HIV15.

    Em contrapartida, alguns profissionais de enfermagemmantiveram-se indiferentes ao acidente de trabalho envolvendoagulhas e instrumentos cortantes, de acordo com as falas a seguir:

    Olhei o diagnstico do paciente que apresentavaneurocisticercose. Tuberculose, hepatite, teste anti-HIVnegativo, eu no tomei nada, nem pensei e nem sentinada (E9). Eu fiquei tranqila pela conscientizao quea gente tem do ferimento ser mnimo (E2). Eu fiqueibastante tranqila porque foi em outro hospital, porquese tivesse sido aqui eu no teria ficado assim (E7).

    No primeiro depoimento, destaca-se a sensao detranqilidade ou de alvio aps a verificao do pronturio,cujo registro sinalizava a presena de um teste de anti-HIVcom resultado negativo.

    No segundo relato, percebeu-se que o profissional seexcluiu, displicentemente, do risco mdio de adquirir o HIV,que , para todos os tipos de exposio percutnea, de 0,3%3.

    No ltimo depoimento, notou-se a associao, peloentrevistado, de paciente por tador de HIV ao atendimentorecebido apenas no hospital de referncia ao tratamento de

    CONSIDERAES FINAIS

    O atendimento a um elevado contingente de clientes, e,com isso, o excesso de trabalho, pode gerar desateno edescuido desses profissionais, assim como a tenso, o estresse,o cansao e a fadiga oriundos da vivncia em ambienteshospitalares influenciam na ocorrncia de possveis acidentesocupacionais, na medida em que os sentimentos e as emoesdos trabalhadores de enfermagem interferem no seu modo deagir e pensar.

    Viu-se que a possibilidade de contaminao pelos vrusdas hepatites B e C e da AIDS por meio do exerccio profissionalpropicia aos componentes da equipe de enfermagem aquiestudados a manifestao de sentimentos negativos, como omedo diante da alterao permanente que ocorrer em seuestilo de vida, da proximidade da morte e do preconceito deque podero ser alvo em seu ambiente familiar, social e detrabalho. Em razo disso, tanto as instituies quanto osprofissionais podem realizar aes visando preveno deacidentes de trabalho com materiais perfurocortantes, j queo acidente envolvendo este tipo de material proporcionamomentos de intenso estresse fsico e psquico, produzindoalteraes nos seus relacionamentos, seja de carter social oufamiliar, e no desempenho de suas atividades laborais.

    Tendo em vista esta problemtica, pertinente ressaltarque uma boa condio de trabalho pode se tornar oportunapela reduo na carga horria de trabalho associada ao aumentosalarial, acreditando que a sade fsica e emocional doprofissional pode propiciar uma diminuio no nmero deacidentes com o uso de agulhas e instrumentos cortantes.Por tanto, o equilbrio emocional imprescindvel para aatuao de enfermagem de forma eficaz e com menores riscosa sua sade ocupacional.

    indivduos que apresentam doenas infecciosas, de maneiraerrnea. Verificou-se, tambm, a percepo pelo profissionalda idia de que portadores de HIV so facilmente identificados,esquecendo-se, porm, de que, na fase assintomtica da doena,o indivduo pode parecer to saudvel como qualquer outrapessoa no infectada pelo HIV.

    Referncias

    1. Marziale MHP, Rodrigues CM. A produo cientfica sobre os acidentesde trabalho com material perfurocortante entre trabalhadores deenfermagem. Rev Latino-am Enfermagem 2002 jul/ago;10(4):571-77.

    2. Brevidelli MM, Cianciarullo TI. Anlise dos acidentes com agulhasem um hospital universitrio: situaes de ocorrncia e tendncias.Rev Latino-am Enfermagem 2002 nov/dez.;10(6):780-86.

    3. Ministrio da Sade(BR) Recomendaes para atendimento eacompanhamento de exposio ocupacional a material biolgico: HIVe hepatites B e C . [online] 2004 [acesso 27 jun 2004]. Disponvel em:http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/manual_exposicao.

    4. Bolick D, Brady C, Bruner DW, Edelstein S, Lane K, Mclaughlin MB, etal., consultores. Segurana e controle de infeco. Rio de Janeiro(RJ):Reichmann & Affonso; 2000.

    5..... Sarquis LMM, Felli VEA . Acidentes de trabalho com instrumentosperfurocortantes entre os trabalhadores de enfermagem. Rev EscEnferm USP 2002; 36(3): 222-230.

    6. Bardin L. Lanalyse de contenu. Paris(FR): Presses Universitairesde France; 1977.

    7. Conselho Nacional de tica em Pesquisa. Resoluo CNEP n 196 de 10de outubro de 1996. Diretrizes e normas reguladoras de pesquisa envolvendoseres humanos. Cadernos de tica em Pesquisa 1998 jul; 1: 1.

    8. Mouzinho AB. A utilizao das medidas de biossegurana pelasenfermeiras no cotidiano de sua prtica profissional.[monografia].Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Cear/UECE; 1997.

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    Esc Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 205 - 11.

    Acidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemAcidentes Perfurocortante e Profissionais de EnfermagemLima FA et al

    9. Machado MFC. Biossegurana: fico ou realidade. [monografia].Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Cear/UECE; 2001.

    8. Mouzinho AB. A utilizao das medidas de biossegurana pelasenfermeiras no cotidiano de sua prtica profissional.[monografia].Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Cear/UECE; 1997.

    9. Machado MFC. Biossegurana: fico ou realidade. [monografia].Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Cear/UECE; 2001.

    12. Souza NVDO, Lisboa MTL. Ritmo de trabalho: fator de desgaste psquicoda enfermeira. Esc Anna Nery Rev Enferm 2005 ago; 9 (2): 229-36.

    13. Viscott D. A linguagem dos sentimentos. So Paulo (SP): Summus; 1976.

    14. Tillich P. A coragem de ser. Rio de Janeiro (RJ): Paz e Terra; 1992.

    15. Crochik JL. Preconceito, indivduo e sociedade. Temas empsicologia 1996; 3: 47-70.

    Sobre as Autoras

    Recebido em 01/08/2006Reapresentado em 17/04/2007

    Aprovado em 05/05/2007

    FFFFFererererer nanda nanda nanda nanda nanda ArArArArAraaaaago Limago Limago Limago Limago LimaEnfermeira. Especialista em Enfermagem Clnica.

    Patrcia Neyva da Costa PinheiroPatrcia Neyva da Costa PinheiroPatrcia Neyva da Costa PinheiroPatrcia Neyva da Costa PinheiroPatrcia Neyva da Costa Pinheiro

    Enfermeira. Professora Adjunta da Universidade Federal doCear, e-mail: [email protected] do Projeto Aids,educao e preveno.

    Neiva Francenely Cunha VieiraNeiva Francenely Cunha VieiraNeiva Francenely Cunha VieiraNeiva Francenely Cunha VieiraNeiva Francenely Cunha Vieira

    Enfermeira. Professora Adjunta da Universidade Federal do Cear.PhD pela Universidade de Bristol. Coordenadora do Projeto Aids,educao e preveno.