ACÚMULO DE FITOMASSA DA PALMA FORRAGEIRA (Nopalea...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA ACÚMULO DE FITOMASSA DA PALMA FORRAGEIRA (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) CONSORCIADA COM PORNUNÇA (Manihot sp.), SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA FRANCISCO HUGO HERMÓGENES DE ALENCAR AREIA - PB DEZEMBRO/2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

ACÚMULO DE FITOMASSA DA PALMA FORRAGEIRA (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) CONSORCIADA COM PORNUNÇA

(Manihot sp.), SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

FRANCISCO HUGO HERMÓGENES DE ALENCAR

AREIA - PB DEZEMBRO/2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

ACÚMULO DE FITOMASSA DA PALMA FORRAGEIRA (Nopalea

cochenillifera Salm-Dyck) CONSORCIADA COM PORNUNÇA (Manihot

sp.), SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

FRANCISCO HUGO HERMÓGENES DE ALENCAR Ciências Agrícolas

AREIA - PB

DEZEMBRO/2013

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ACÚMULO DE FITOMASSA DA PALMA FORRAGEIRA (Nopalea

cochenillifera Salm-Dyck) CONSORCIADA COM PORNUNÇA (Manihot sp.), SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

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iv

FRANCISCO HUGO HERMÓGENES DE ALENCAR

ACÚMULO DE FITOMASSA DA PALMA FORRAGEIRA (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) CONSORCIADA COM PORNUNÇA (Manihot sp.), SOB ADUBAÇÃO ORGÂNICA

Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia.

Área de Concentração: Forragicultura Comitê de Orientação: Prof. Dr. Divan Soares da Silva - Orientador Prof. Dr. Alberício Pereira de Andrade Profa. Dra. Maria Socorro de Souza Carneiro

AREIA - PB

DEZEMBRO/2013

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Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, campus II, Areia – PB.

A368a Alencar, Francisco Hugo Hermógenes de.

Acúmulo de fitomassa da palma forrageira (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) consorciada com pornunça (Manihot sp.), sob adubação orgânica. / Francisco Hugo Hermógenes de Alencar - Areia: UFPB/CCA, 2013.

xix, 99 f. : il.

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2013.

Bibliografia. Orientador: Divan Soares da Silva. Co-orientadores: Alberício Pereira de Andrade e Maria Socorro de Souza Carneiro

1. Forragicultura 2. Forragem - adubação 3. Adubação – Esterco. 4. Lavoura

xerófila. I. Silva, Divan Soares da (Orientador) II. Título.

UFPB/CCA CDU: 636.085(043.2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

PARECER DE DEFESA DO TRABALHO DE TESE

TÍTULO: “Acúmulo de fitomassa da palma forrageira (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) consorciada com pornunça (Manihot sp.), sob adubação orgânica”. AUTOR: Francisco Hugo Hermógenes de Alencar ORIENTADOR: Prof. Dr. Divan Soares da Silva

JULGAMENTO

CONCEITO: APROVADO EXAMINADORES:

Areia, 09 de dezembro de 2013.

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v

BIOGRAFIA DO AUTOR

FRANCISCO HUGO HERMÓGENES DE ALENCAR, filho de Joaquim

Aquino de Alencar e Maria de Lourdes Hermógenes Alencar, nasceu em primeiro

de dezembro de 1969, Nova Olinda – CE. Técnico em Agropecuária, pela Escola

Agrotécnica Federal de Crato - CE, em 1986, Licenciado em Ciências Agrícolas,

pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - RJ, em 1990, Especialista em

Metodologia de Ensino Superior pela Universidade Federal de Viçosa - MG, em

1992. Professor de Ensino Técnico da Escola Agrotécnica Federal de Araguatins –

TO de 1991 a 2002. Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Campus Juazeiro

do Norte a partir de 2003. Mestre em Zootecnia (Sistemas Agrossilvipastoris no

Semi-Árido), Área de Concentração Manejo da Caatinga, da Universidade Federal

de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural – Patos – PB, no período

de 2005 a 2006. Ingressou no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia do

Centro de Ciências Agrárias – Areia - PB, da Universidade Federal da Paraíba,

Área de Concentração Forragicultura, em março de 2010.

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vi

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,

que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos

caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o

tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,

para sempre, à margem de nós mesmos.”

Fernando Pessoa

“O que é preciso é ser-se natural e calmo

Na felicidade ou na infelicidade,

Sentir como quem olha,

Pensar como quem anda,

E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,

E que o poente é belo e é bela a noite que fica...

Assim é e assim seja...”

Fernando Pessoa

“Tudo vale à pena quando a alma não é pequena.”

Fernando Pessoa

“Só há sentido na vida com luta, o triunfo ou a derrota, está nas

mãos dos Deuses. Então, celebremos a luta.”

Canto de Guerra Swahili

“A natureza em seus caprichos e mistérios condensa em

pequenas coisas o poder de dirigir as grandes, nas sutis à

potência de dominar as mais grosseiras, nas coisas simples a

capacidade de eleger as complexas.”

Artur Primavesi

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vii

“A chave do bom desempenho de um indivíduo é parar de

tentar prever o futuro e partir para ação, fazendo o seu próprio

futuro.”

Stephen Kanitz

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viii

À Henrile

Por mostrar que a vida, apesar de não ser justa, é para ser vivida da melhor forma

possível.

Você que não teve oportunidade de desenvolver intelectualidade, contudo,

representa inspiração pelo conhecimento.

A Joaquim Aquino de Alencar (in memoriam)

Viveu da melhor forma possível, foi feliz e deixa saudades das suas histórias e

alegria na casa do Olho D’água.

DEDICO

À Maria-Vitória

“Scientia est potentia”.

À Athos

A vitória é apenas um detalhe.

OFEREÇO

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ix

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Ceará (IFCE),

Campus Juazeiro do Norte, pela liberação para cursar o Doutorado.

À Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Centro de Ciências Agrárias

(CCA-Areia) pela oportunidade concedida em participar do Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ).

Ao programa PIQDTtec pela concessão da bolsa de estudos, contribuindo

na realização desta pesquisa na pessoa de Maria Benedita Lopes Rocha.

À minha esposa Girlaine Souza da Silva Alencar, pela compreensão e ajuda

para vencer esta etapa da minha vida.

Aos meus pais e irmãos, pelo estímulo para esta vitória.

Aos professores do comitê de orientação Divan Soares da Silva, Albericio

Pereira de Andrade e Maria Socorro de Souza Carneiro, pela orientação acadêmica

e transmissão de experiências profissionais e de vida ao decorrer do curso.

Ao professor José Valmir Feitosa, pela imprescindível contribuição nas

análises estatísticas e ensinamentos prestados.

Ao professor Olaf Andreas Bakke, pela preciosa contribuição nas traduções

necessárias desta tese.

Aos professores Ivandro de França da Silva e Jacob Silva Souto, pela

dedicação à academia, incansável capacidade de servir e compartilhar o

conhecimento.

Aos demais professores da Pós-graduação, pela dedicação durante a

formação acadêmica e conhecimentos transmitidos.

Ao laboratório de Análise de Alimentos do CCA - Areia e Laboratório de

Nutrição Animal CSTR - Patos pelo processamento e análises laboratoriais das

amostras de pornunça e palma forrageira.

À Antonio Hermógenes de Alencar companheiro de viagem e desbravador de novos mundos.

À Norivaldo e Ariane, além de colegas, amigos de grande importância, que

compartilharam essa difícil e gratificante caminhada.

Aos zootecnistas Leonardo, Niraldo, Mikael e Francinilda pela contribuição na coleta de dados.

Ao Sr. Osvaldo e Dona Eva (Fazenda Cumatí) pela cessão da área

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x

experimental, amizade, conversas prazerosas e ensinamentos de vida. À Lena e Carreta pela coleta dos dados meteorológicos. Aos colegas da turma de doutorado Ana Paula, Humberto, Carla, Leila,

Daiana, Paulo Henrique, Núbia, Tadeu, Péricles, Érico, Michel e do mestrado JP, Luana, Vinícius, pela agradável convivência, solidariedade, apoio, alegrias, ensinamentos e debates acadêmicos.

À todos aqueles que, de alguma forma, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos pelo apoio e pela

colaboração inestimável.

Muito obrigado.

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xi

SUMÁRIO

Página

Lista de Tabelas .................................................................................................... xiv

Lista de Figuras .................................................................................................... xvi

Resumo Geral ....................................................................................................... xviii

General Abstract ................................................................................................... xix

Capítulo I. Referencial Teórico............................................................................ 1

1. O Semiárido Brasileiro e o Bioma Caatinga ...................................... 2

1.1 O Semiárido Brasileiro ...................................................................... 2

1.2 O Bioma Caatinga .............................................................................. 5

2. Descrição Botânica, Ocorrência Natural, Aspectos Agronômicos e

Usos da Espécie Palma Forrageira Clone Baiana ..............................

6

2.1 Descrição Botânica da Espécie e Ocorrência Natural ....................... 6

2.2 Aspectos Agronômicos da Espécie .................................................... 7

2.2.1 Clima e Solo ...................................................................................... 7

2.2.2 Propagação e Plantio .......................................................................... 8

2.2.3 Morfometria ....................................................................................... 8

2.2.4 Adubação ........................................................................................... 9

2.2.5 Pragas e Doenças ............................................................................... 9

2.3 Usos da Espécie ................................................................................. 10

2.3.1 Forragem ............................................................................................ 10

2.3.2 Conservação e Recuperação do Solo ................................................. 13

2.3.3 Alimentação Humana: Produção de Frutos e Hortaliça ..................... 14

2.3.4 Corante................................................................................................ 14

2.3.5 Medicinal ........................................................................................... 15

2.3.6 Outros Usos da Planta: Sistemas Agroflorestais, Paisagismo,

Cosmético, Fonte de Energia e Reserva de Água ..............................

15

3. Descrição Botânica, Ocorrência Natural, Aspectos Agronômicos e

Usos da Pornunça ..............................................................................

16

3.1 Descrição Botânica da Pornunça ....................................................... 16

3.2 Ocorrência Natural da Planta ............................................................. 17

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xii

3.3 Aspectos Agronômicos da Pornunça.................................................. 18

3.3.1 Clima e Solo ...................................................................................... 18

3.3.2 Propagação e Plantio ......................................................................... 18

3.3.3 Morfometria ....................................................................................... 19

3.3.4 Adubação ........................................................................................... 20

3.3.5 Pragas e Doenças ............................................................................... 20

3.4 Usos da Pornunça............................................................................... 20

3.4.1 Forragem ............................................................................................ 20

3.4.2 Planta Ornamental e de Sombra ......................................................... 21

3.4.3 Produção de Farinha .......................................................................... 21

3.4.4 Melífera .............................................................................................. 22

3.4.5 Outros Usos da Planta ........................................................................ 22

4. Consórcio entre Espécies.................................................................... 22

5. Adubação Orgânica ............................................................................ 24

6. Referências Bibliográficas ................................................................. 25

Capítulo II. Crescimento da palma forrageira consorciada com a pornunça

usando esterco bovino e ovino .............................................................................

41

1. Resumo .............................................................................................. 42

2. Abstract .............................................................................................. 43

3. Introdução .......................................................................................... 44

4. Material e Métodos ............................................................................ 47

5. Resultados e Discussão ...................................................................... 53

6. Conclusões ......................................................................................... 63

7. Referências Bibliográficas ................................................................. 64

Capítulo III. Crescimento e composição químico-bromatológica da pornunça

consorciada com palma forrageira sob adubação orgânica ..................................

68

1. Resumo .............................................................................................. 69

2. Abstract .............................................................................................. 70

3. Introdução .......................................................................................... 71

4. Material e Métodos ............................................................................ 75

5. Resultados e Discussão ...................................................................... 83

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xiii

6. Conclusões ......................................................................................... 94

7. Referências Bibliográficas ................................................................. 95

4. Considerações Finais ........................................................................................ 99

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xiv

LISTA DE TABELAS

Capítulo II

Tabela Página

1. Valores dos atributos químicos do solo e dos estercos da área

experimental .......................................................................................

48

2 Valores dos atributos físicos do solo da área experimental ............... 48

3. Distribuição da precipitação pluvial mensal, número de dias no mês

e o dia do mês com chuva entre abril de 2010 e outubro de 2013 ....

49

4. Produção de matéria seca Mg ha-1 da palma forrageira clone Baiana

aos 1290 dias após o plantio sob efeito dos estercos bovino e ovino

e espaçamentos 1,5 m x 0,5 m e 1,5 m x 1,0 m no Curimataú

paraibano ............................................................................................

61

5. Produção de matéria seca Mg ha-1 da palma forrageira clone Baiana

aos 1290 dias após o plantio consorciada a pornunça aos 688 dias

após o plantio com quatro cortes sob efeito dos estercos bovino e

ovino no Curimataú paraibano ..........................................................

62

Capítulo III

Tabela Página

1. Valores dos atributos químicos do solo e dos estercos da área

experimental........................................................................................

77

2. Valores dos atributos físicos do solo da área experimental ............... 77

3. Distribuição da precipitação pluvial mensal, número de dias no mês

e o dia do mês com chuva entre abril de 2010 e abril de 2012 ..........

78

4. Altura de rebrota média, acréscimos em diâmetro de caule, número

médio de folhas e ramos da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e

cortes no Curimataú paraibano ...............................................................

83

5. Produção de matéria verde (kg ha-1) de limbo foliar, pecíolo, ramo

e fração completa da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e

cortes no Curimatau paraibano ..........................................................

85

6. Teores médios (g/kg) de matéria seca (MS) nos diferentes

componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e

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xv

cortes no Curimatau paraibano ............................................................... 88

7. Teores médios (g/kg) de proteína bruta (PB) nos diferentes

componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e

cortes no Curimatau paraibano ...............................................................

89

8. Teores médios (g/kg) de fibra em detergente neutro (FDN),

detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HC) nos diferentes

componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos

orgânicos e cortes no Curimatau paraibano .......................................

89

9. Teores médios (g/kg) de matéria mineral (MM) e matéria orgânica

(MO) nos diferentes componentes estruturais da pornunça sob

efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau

paraibano.............................................................................................

91

10. Teores médios (g/kg) do extrato etéreo (EE), lignina (LIG),

carboidratos não fibrosos (CNF), carboidratos totais (CHOT) e da

digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) da parte aérea da

pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau

paraibano ............................................................................................

92

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xvi

LISTA DE FIGURAS

Capítulo II

Figura Página

1. Localização geográfica da Fazenda Cumatí no município de Cubati

– PB ...................................................................................................

47

2 Precipitação pluvial mensal (mm), temperaturas e umidades

relativas médias mensais máximas e mínimas (°C e %), entre abril

de 2010 a março de 2013 ...................................................................

49

3. Morfometria da palma forrageira clone Baiana cultivada sob

adubação orgânica (Et1 = Esterco Bovino, Et2 = Esterco Ovino) e

dois espaçamentos (Ep1 = 1,5 x 0,5 m, Ep2 = 1,5 x 1,0 m) com três

avaliações (Av1 = 450 dias após o plantio, Av2 = 780 dias após o

plantio, Av3 = 1110 dias após o plantio) no Curimataú

paraibano.............................................................................................

53

4. Morfometria da palma forrageira clone Baiana cultivada sob

adubação orgânica (Ep1 = 1,5 m x 0,5 m Ep2 = 1,5 m x 1,0 m) e

avaliações (Av1 = 450 dias após o plantio, Av2 = 780 dias após o

plantio, Av3 = 1110 dias após o plantio) no Curimataú paraibano ...

54

5. Morfometria da palma forrageira clone Baiana entre estercos x

espaçamentos e estercos x avaliações no Curimataú paraibano.

Legenda: Et1 = Esterco Bovino, Et2 = Esterco Ovino. Ep1 =

Espaçamento 1,5 x 0,5 m, Ep2 = Espaçamento 1,5 x 1,0 m. Av1 =

Avaliação aos 450 dias após o plantio, Av2 = Avaliação aos 780

dias após o plantio, Av3 = Avaliação aos 1110 dias após o

plantio.....................................................................................................................

58

6. Morfometria da palma forrageira clone Baiana entre espaçamentos

x avaliações no Curimataú paraibano. Legenda: Ep1 =

Espaçamento 1,5 x 0,5 m, Ep2 = Espaçamento 1,5 x 1,0 m. Av1.=

Avaliação aos 450 dias após o plantio, Av2 = Avaliação aos 780

dias após o plantio, Av3 = Avaliação aos 1110 dias após o

plantio.................................................................................................

59

7. Fitomassa verde de palma forrageira clone Baiana aos 1290 dias

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xvii

após o plantio sob efeito dos estercos bovino e ovino e

espaçamentos 1,5 x 0,5 m e 1,5 x 1,0 m no Curimataú paraibano.....

60

Capítulo III

Figura Página

1. Localização geográfica da Fazenda Cumatí no município de Cubati

– PB ...................................................................................................

75

2. Localização geográfica do município de Cubatí – PB ...................... 76

3. Precipitação pluviométrica mensal (mm), temperaturas e umidades

relativas médias mensais máximas e mínimas (°C e %), entre abril

de 2010 a abril de 2012 ......................................................................

78

4. Adubações e cortes com eventos de precipitação durante o período

experimental, abril de 2010 a abril de 2012 .......................................

80

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xviii

Acúmulo de Fitomassa da Palma Forrageira (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) Consorciada com Pornunça (Manihot sp.), Sob

Adubação Orgânica

RESUMO GERAL

O equilíbrio na disponibilidade alimentar ao longo do ano no semiárido brasileiro é o grande desafio aos produtores e pesquisadores da produção animal nesta região. A palma forrageira (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck), cactácea adaptada plenamente às condições edafoclimáticas do Semiárido Brasileiro e a pornunça (Manihot sp.) euforbiácea nativa que apresenta adaptações singelas a escassez e irregularidade na distribuição hídrica, através do cultivo associado na forma de lavoura xerófila regular, tem muito a contribuir na equidade forrageira ao longo do ano, principalmente no período seco, que é a maior parte do tempo, tornando a exploração pecuária atividade econômica de menor risco e fonte de renda promissora aos produtores do semiárido. Objetivou-se com este estudo avaliar o efeito da adubação orgânica e espaçamento sobre o crescimento vegetativo da palma forrageira clone Baiana e o efeito desta adubação sobre o crescimento vegetativo, produtividade e qualidade de fitomassa aérea da pornunça sob cortes. No estudo da palma utilizou-se o delineamento experimental blocos casualizados com parcelas subdivididas, dois espaçamentos 1,5 m x 0,5 m e 1,5 m x 1,0 m e três adubações orgânicas de esterco bovino e ovino, na quantidade de 20 Mg ha-1 para cada esterco. Foi verificado maior altura nas plantas sob efeito do esterco ovino no espaçamento menos adensado e nas três avaliações com diferença (P<0,05) nas plantas com dois e três anos de cultivo em relação ao primeiro ano. Nas condições ambientais deste experimento, o comprimento, largura e perímetro de cladódios primários não foram afetados (P>0,05) pelos tipos de esterco. A espessura de borda do cladódio variou entre os estercos no espaçamento menos adensado e na segunda e terceira avaliação. O esterco ovino proporcionou maior produção de matéria seca (P<0,05). O espaçamento não teve efeito (P>0,05) na produção de matéria seca. No estudo da pornunça foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso com parcelas subdivididas sendo duas adubações orgânicas, esterco bovino e ovino com quatro cortes. Não ocorreu diferença estatística (P>0,05) para altura de rebrota, acréscimos em diâmetro de caule, número de folhas e ramos da pornunça quanto ao uso de esterco bovino e ovino. Não ocorreu efeito de esterco quanto à produção de matéria verde (kg ha-1) na fração completa, limbo foliar, pecíolo e ramo da pornunça, no entanto, observa-se que o esterco ovino proporcionou produções ligeiramente superiores. Não ocorreu diferença (P>0,05) quanto à digestibilidade da parte aérea da pornunça (limbo foliar mais pecíolo e ramo) entre os estercos bovino e ovino, entretanto diferenças foram verificadas entre os cortes. Os teores de fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e hemicelulose foram maiores nos ramos do que nos limbos foliares e pecíolos. Nas condições ambientais deste experimento a palma forrageira e a pornunça podem ser consideradas como fonte alimentar em função dos valores quantitativos e qualitativos apresentados durante o período de estudo.

Palavras-chave: forragem, esterco, lavoura xerófila, semiárido

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Phytomass accumulation of Forage Cactus (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) and Pornunça (Manihot sp.), in an intercropped

plantation enriched with organic fertilizer

GENERAL ABSTRACT

Food availability balance along time in the semiarid region of northeast Brazil represents a great challenge to local farmers and researchers concerned with animal production. Growth of cactus (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck), a plant fully adapted to the soil and climatic conditions of the semiarid region of northeast Brazil, intercropped with pornunça (Manihot sp.) a native Euphorbiaceae plant that shows simple adaptation to the scarce and irregular regimen of moisture availability, may contribute to forage production, especially in the dry season that lasts for most of the year, decreasing the risks and turning the animal husbandry activity a promising revenue source to local farmers. This study evaluated the effects of manure addition and plant spacing on growth of forage cactus clone Baiana and the effect of the manure addition on growth, productivity and quality of above ground biomass of pornunça submitted to subsequent branch cuts. Forage cactus study followed the randomized complete block design with split plots, two spacings (1.5 m x 0.5 m and 1.5 m x 1.0 m) and three cattle and sheep manure additions (20 Mg ha-1 for each manure). Height was higher for plants fertilized with sheep manure in wider spacing and in the three evaluations with differences (P<0.05) for 2- and 3-year-old plants compared to 1-year. In the climate conditions present in this experiment, primary cladode length, width and perimeter were not affected (P>0.05) by type of manure. Manure types affected differently cladode border thickness for the wider spacing and in the second and third evaluations. Sheep manure resulted in more fresh biomass production (P<0.05). Spacing did not affect (P>0.05) fresh biomass production. Pornunça study followed the randomized complete block design with sub-plots, with two treatments, cattle and sheep manure addition and four cuts. The use of cattle or sheep manure had no effect (P>0.05) on sprouting height, stem diameter increment and leaf and branch numbers. No effect (P>0.05) of type of manure was observed on pornunça fresh biomass production (kg ha-1) (whole components, leaf blade, petiole and branch), however sheep manure tended to slightly increase pornunça fresh biomass production. No manure type effect (P>0.05) was observed on biomass digestibility (leaf blade, petiole and branch), however differences were observed between cuts. Neutral and acid detergent fiber and hemicellulose contents were higher in branch than in leaf blade and petiole. Under the environmental conditions of this experiment, forage cactus and pornunça can be considered as food source based on the quantitative and qualitative data collected during the period of study. Key words: forage, manure, xerophilous crop, semiarid

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CAPITULO I

Referencial Teórico

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REFERENCIAL TEÓRICO

1. O Semiárido Brasileiro e o Bioma Caatinga

1.1 O Semiárido Brasileiro

A produção sustentável das pastagens do semiárido brasileiro deve se

fundamentar nas características ambientais e no potencial produtivo dos sítios

ecológicos formadores de sua paisagem (Morais & Vasconcelos, 2007), precisando-se

valorizar, divulgar e pesquisar plantas forrageiras adaptadas a estas condições climáticas

(Oliveira et al., 2010 a).

Explorar o potencial do semiárido de maneira sustentável e viável

economicamente envolve a compreensão de que a natureza é quem define época e

forma que atividades agropecuárias podem ser realizadas, aprendendo-se com a

diversidade da natureza dessa região e pensando conceitualmente a semi-aridez como

vantagem e não desvantagem (Andrade et al., 2006).

A escassez de forragem, em quantidade e qualidade é um dos fatores limitantes

da produtividade dos rebanhos do semiárido, onde a condição de estação seca anual, as

secas totais e as instabilidades que ocorrem periodicamente, aliadas à exploração

indiscriminada dos recursos forrageiros nativos e/ou introduzidos são fatores agravantes

e responsáveis pelo baixo desempenho dos rebanhos caprinos, ovinos e bovinos (Souza

& Oliveira, 2011).

Para se estabelecer um equilíbrio de oferta alimentar ao longo do ano é

importante considerar algumas tecnologias: lavoura xerófila regular; enriquecimento da

Caatinga com espécies nativas e/ou adaptadas de alto potencial forrageiro; manipulação

da vegetação lenhosa da Caatinga com desmatamento, raleamento, rebaixamento,

raleamento-rebaixamento e enriquecimento; uso de bancos de proteína; suplementação

alimentar dos rebanhos com alternativas de baixo custo; fornecimento de forragem

arbóreo-arbustiva fresca, fenada ou ensilada e coprodutos industriais (Andrade et al.,

2010; Silva & Andrade, 2010; Araújo Filho et al., 1995). Estas tecnologias visam

promover a disponibilidade alimentar ao longo do ano.

A lavoura xerófila regular, ou seja, o cultivo de plantas que dispõem de

mecanismos de tolerância, fuga ou persistência às condições climáticas do semiárido

devem ser estudadas, divulgadas e recomendadas aos produtores do semiárido

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brasileiro. Aproveitar o xerofilismo, isto é, a propriedade das plantas guardarem água e

reservas em detrimento ao solo e ao ambiente físico é um novo paradigma de

convivência com as secas do Nordeste brasileiro (Duque, 2004).

O semiárido brasileiro apresenta características físicas e biológicas típicas das

demais regiões semiáridas tropicais do mundo: alta insolação e média térmica, elevada

taxa de evaporação, baixa nebulosidade e umidade relativa do ar, precipitação irregular

e limitada a curtos períodos (Reis, 1976). Abrange 57,53% da Região Nordeste do

Brasil e o norte de Minas Gerais, totalizando 982.563,3 km2 compreendendo 1.133

municípios com população de aproximadamente 25 milhões de habitantes (BRASIL,

2005; IBGE, 2010).

O clima da região é quente e seco, tipo Bsh pela classificação de Kooppen, cuja

evaporação excede a precipitação com média anual variando de 400 a 800 mm

apresentando-se de forma escassa, irregular e limitada a curtos períodos, em média, de

três a quatro meses e a evaporação potencial anual é de aproximadamente 2.000

mm.ano-1, resultado da intensa insolação 2.800 h.ano-1 apresentando baixa

nebulosidade. A umidade relativa do ar apresenta valores médios em torno de 50%,

elevado índice de aridez e média térmica entre 23 a 27°C com temperatura média diária

de 28 ºC (Silva et al., 2010; Silva & Andrade, 2010).

O semiárido brasileiro é dependente dos elementos climáticos que definem a

sobrevivência da população humana e dos animais e plantas, sendo que esta região

sempre passou por secas e, mesmo em anos regulares ou bons, a precipitação ocorre em

quatro meses, apresentando-se de maneira variável no tempo e no espaço, inclusive com

grande número de dias sem chuva durante a estação chuvosa, comprometendo a

disponibilidade de água e forragem durante todo o ano. Além da variabilidade

espaço-temporal das precipitações, há grande homogeneidade térmica com a maior

parte da região apresentando elevadas temperaturas durante praticamente todos os

meses do ano. A precipitação e a temperatura do ar são os elementos climáticos mais

importantes para delimitação de áreas favoráveis à criação de animais em termos de

espécies e raças. São importantes para a disponibilidade de forragem e definem várias

atividades de manejo dos rebanhos; portanto, na região semiárida quente e seca é

importante o plantio de forragens resistentes ao calor e à falta de água (Correia et al.,

2013).

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Em função da alta variabilidade temporal e espacial na acumulação de fitomassa

que é diretamente dependente da precipitação da região por ocorrer relação linear entre

a acumulação de fitomassa e uso da água pelas plantas (Loomis & Connor, 1992;

Connor et al., 1985), a produção vegetal passa a depender da quantidade de água

disponível no solo (Andrade et al., 2006) que varia também em função da diversidade

natural da região semiárida.

As regiões naturais do Nordeste são: Caatinga, Cariri-Velho, Sertão, Seridó,

Agreste, Curimataú, Carrasco, Cerrado, Serra e Mata (Duque, 2004). A Região

semiárida, considerando a interação solo e vegetação, pode ser agrupada em: domínio

da vegetação hiperxerófila e hipoxerófila, áreas de transição, ilhas úmidas e agreste

(Cândido et al., 2005).

No cenário atual, onde as margens de retorno econômico das atividades

pecuárias são restritas, a procura de maior eficiência produtiva se torna questão de

sobrevivência por parte do produtor (Rangel et al., 2008).

O semiárido brasileiro é carente de conhecimentos dos processos de

sustentabilidade. A pobreza e baixa produtividade fazem com que a primeira

preocupação seja na elevação da produção e renda em curto prazo ficando a

sustentabilidade em segundo plano. É importante considerar a produção sustentável a

curto, médio e longo prazo, visando reverter o quadro de atraso tecnológico que vigora

no sistema produtivo contemporâneo.

Esta região de forma geral prescinde de manejo sustentável com geração de

tecnologias que contribuam para a exploração de culturas apropriadas a suportarem a

escassez e distribuição irregular de água, altas temperaturas, solos de baixa fertilidade

com exigência de poucos insumos e fácil manuseio no plantio que forneçam forragem a

baixo custo (Oliveira et al., 2010 b).

As combinações de diferentes atividades em sistemas múltiplos viabilizando a

diversificação das fontes de renda constituem a produção adequada ao semiárido

brasileiro contornando a dependência em relação à regularidade de precipitação na

região (Silva, 2010).

A concepção do semiárido brasileiro como gerador de oportunidade e não fonte

de problema passa necessariamente, pela geração de valor de mercado para as lavouras

xerófilas nativas e/ou exóticas, recaindo sobre suas diversas características botânicas e

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valendo-se da xerofilia como diferencial competitivo, pois, aumentando sua

produtividade, melhora a qualidade dos seus derivados, absorvendo nichos de mercado

inexplorados gerando renda para o homem do semiárido.

1.2 O Bioma Caatinga

A Caatinga (paralelos 2º54’S a 17º21’S) abrange aproximadamente 735.000

km2, o que corresponde a 61% do Nordeste e 11% do território brasileiro. Compreende

áreas nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,

Sergipe, Piauí, Bahia e norte de Minas Gerais (Andrade et al., 2005; Leal et al., 2005).

Este bioma é uma associação de plantas (árvores e arbustos) de aspecto seco,

densos, baixos e retorcidos, folhas caducas, raízes grossas e penetrantes (Duque, 2004).

É caracterizada pela alta diversidade de espécies vegetais, que apresentam porte

baixo e adaptação às condições de semi-aridez. Na Caatinga foram identificadas 1356

espécies de plantas, sendo 600 lenhosas, evidenciando a riqueza da flora. A fauna

também é rica, apresentando 510 espécies de aves, 148 de mamíferos, 187 de abelhas,

contrariando a idéia de pobreza em diversidade e de poucas espécies endêmicas

(Casteleti et al., 2000; Leal et al., 2005).

Para Kiill & Correia (2005), a Caatinga é abundante em espécies lenhosas

(caducifólias) e herbáceas (anuais), predominando espécies das famílias leguminosa,

euforbiácea e cactácea. A adaptação da vegetação às condições de aridez ocorre por três

mecanismos: persistência (permanece com as folhas), tolerância (perde as folhas) e fuga

(completa o ciclo rapidamente). Os componentes da fauna assimilam a água dos

alimentos, transpiram pouco e adquirem hábitos noturnos, descansando em abrigos

sombreados no período diurno. Esta vegetação apresenta formações xerófilas, lenhosas

e deciduais, geralmente espinhosas, de padrão variável do arbóreo ao arbustivo, com o

estrato herbáceo estacional (Vasconcelos, 1997). Quando não manipulada por períodos

de vinte a trinta anos, origina uma mata densa com diversas espécies lenhosas formando

o estrato arbóreo (Nascimento, 1997).

Segundo Andrade et al. (2006) a compreensão da dinâmica acumulativa da

fitomassa e os mecanismos desencadeantes da fisiologia do crescimento e

desenvolvimento das diversas espécies da Caatinga são fatores fundamentais à

exploração de espécies com potencial forrageiro.

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2. Descrição Botânica, Ocorrência Natural, Aspectos Agronômicos e Usos da

Espécie Palma Forrageira Clone Baiana

2.1 Descrição Botânica da Espécie e Ocorrência Natural

A palma forrageira pertence ao reino Vegetablia, sub-reino Embryophita,

divisão Angiospermae, classe Liliateae, sub-classe Archiclamideae, ordem Opuntiales,

família Cactaceae, sub-família Opuntioideae, tribo Opuntiae, gênero Opuntia, sub-

gênero Opuntia e Nopalea, espécies Ficus-indica e Cochenillifera; sendo que, existem

178 gêneros com aproximadamente 2000 espécies conhecidas (Bravo-Hollis, 1978;

Silva & Santos, 2006).

Da família das cactáceas, a palma forrageira cuja origem é mexicana está

plenamente adaptada ao semiárido brasileiro sendo dividida em quatro grupos com

maior utilização no Brasil: palma gigante ou azeda (Opuntia ficus-indica L. Mill),

palma redonda ou orelha-de-onça (Opuntia sp.), palma orelha-de-elefante-africana e

mexicana (Opuntia stricta) e a palma doce, miúda ou língua de vaca (Nopalea

cochenillifera Salm-Dyck) (Silva & Santos, 2006; Lopes & Costa, 2010).

A espécie Nopalea cochenillifera Salm-Dyck com porte médio e caule bastante

ramificado nas condições semiáridas, apresenta um clone conhecido como Baiana e

Mão-de-moça (Estado da Bahia), Alagoas (Estado de Alagoas), Sertânia (Estado do

Pernambuco), Palmepa PB1 (Estado da Paraíba), gerado por variação espontânea da

palma miúda no norte da Bahia, município de Coronel João de Sá, (Lopes & Costa,

2010) sendo nutritiva e consumida pelos bovinos, caprinos e ovinos. Resistente à

cochonilha-do-carmim (Dactylopius opuntiae) apresenta maior teor de matéria seca do

que o gênero Opuntia, contudo é mais exigente em fertilidade do solo, sendo seu cultivo

limitado por menores precipitações associadas a baixas altitudes e elevadas

temperaturas noturnas com maior cultivo no estado de Alagoas (Farias et al., 2005;

Santos et al., 2010).

O sistema radicular da palma forrageira está adaptado as características do

semiárido brasileiro, permitindo desta forma em conjunto a outras adaptações, que a

planta apresente tolerância a escassez de precipitação e melhor aproveitamento da

umidade presente durante o desenvolvimento do seu ciclo vegetativo. Apresenta sistema

radicular superficial constituído de raízes estruturais, laterais, de chuva ou absorventes,

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originadas nas aréolas que em condições normais tem localização nos primeiros 20 a 30

cm do solo (Leite, 2009; Peixoto, 2009; Snyman, 2006; Hills, 2001).

As folhas são apêndices de tamanho reduzido que caducam dependendo das

condições climáticas, em torno de 30 a 40 dias com temperaturas médias de 25°C a

26ºC podendo permanecer por até um ano com temperatura média de 23,8ºC.

O caule é formado por cladódios conhecidos como artículos, raquetes ou

palmatórias de cor verde intenso clorofilado, portanto capaz de realizar fotossíntese.

Pesam entre 800 a 1600 g com dimensões médias de 34 cm de comprimento por 20 cm

de largura. São oblongos e estreitos (ápice mais largo que a base), forma ovalada,

elipsóide ou ovóide com disposição das aréolas em nove a dez séries espirais, sem

espinhos (Silva & Santos, 2006; Lopes & Costa, 2010; Santos et al., 2010).

As flores tubulares são vermelho-púrpuras que quase não abrem durante a

antese, filamentos cor-de-rosa, anteras amarelas, estiletes rosas-avermelhadas com seis a

sete lóbulos dos estigmas de cor verde com corola permanecendo meio fechada durante

o ciclo. O fruto é uma baga de coloração vermelha a roxa com casca fina de forma

obovalado, tuberculado, sem espinhos e somente com gloquídios (Silva & Santos, 2006;

Farias et al., 2005; Santos et al., 2010).

A palma forrageira é nativa da América Central, principalmente do México,

sendo explorada desde o império Asteca e posteriormente distribuída pelo mundo pelos

colonizadores europeus, sendo encontrada na atualidade na Europa, África, Ásia e a

Oceania (Reyes-Aguero et al., 2005; Hoffmann, 2001) sendo utilizada como planta

forrageira no Brasil a partir do final do século XIX e início do XX (Domingues, 1963)

com plena adaptação as condições do Semiárido Brasileiro, sobressaindo-se dois

gêneros Opuntia e Nopalea.

2.2 Aspectos Agronômicos da Espécie

2.2.1 Clima e Solo

A palma forrageira Nopalea cochenillifera Salm-Dyck se desenvolve bem em

áreas semiáridas com precipitações acima de 600 mm ano-1, mais exigente que a

Opuntia ficus-indica L. Mill com 400 mm ano-1 (Farias et al., 2005) e em temperaturas

médias diurnas de 25º C e noturnas de 15º C (Nobel, 2001), portanto, regiões de noites

frias e umidade do ar alta com possibilidade de orvalho proporcionam condições ideais

para a cultura desta espécie como os agrestes da Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

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Regiões de noites quentes e secas fazem a cultura perder muita água devido os

estômatos estarem abertos prejudicando seu desenvolvimento em algumas áreas dos

sertões do Rio Grande do Norte e Ceará (Sampaio, 2005; Farias et al., 2005).

Cresce bem em solos de boa fertilidade e drenados, não tolerando alagamentos

ou áreas salinizadas (Farias et al., 2005), porém apresenta crescimento em solos pobres,

apesar de ser uma cultura de exigência nutricional alta.

2.2.2 Propagação e Plantio

Multiplicada por cladódios (folhas modificadas) devendo ser retirados do terço

médio de plantas com três anos de idade, sendo os mais desenvolvidos, por acumular

maiores reservas e proporcionar maior número de brotações. A emissão de novos

cladódios tem início quinze a trinta dias após o plantio, surgindo tanto das aréolas

apicais como laterais (Farias et al., 2005).

Pode ser cultivada isolada ou consorciada, em benefício do desenvolvimento da

espécie associada, melhor uso do solo e racionalização das práticas culturais. Responde

tanto ao plantio com espaçamentos tradicionais como em cultivo adensados, sendo neste

último recomendável colher os cladódios com um ano de cultivo devido maior

facilidade de práticas de manejo do palmal (Santos et al., 2002).

Para melhor crescimento da cultura, realiza-se capinas quando necessário e

adubação orgânica ou química anualmente, combate a formigas cortadeiras, preás e

doenças que possam atrasar o desenvolvimento do cultivo.

É importante impedir o acesso de bovinos, caprinos e ovinos ao palmal nos

primeiros dois anos e após o estabelecimento do estande, pois o pastoreio direto

prejudica a regeneração e crescimento através da queda e pisoteio dos cladódios.

O corte da biomassa é realizado normalmente entre dois a três anos após o

plantio deixando-se parte dos cladódios de ordem primária (Santos et al., 2002).

2.2.3 Morfometria

Em estudo realizado por Leite (2009) quanto ao aspecto morfométrico de clones

do gênero Opuntia e Nopalea no Cariri paraibano, o mesmo, observou que aos 1000

dias após o plantio (DAP) o clone Miúda apresentou número médio de cladódios por

planta (26,2) superior a Baiana (10,7) e Italiana (12,0). Oliveira Junior et al. (2009)

observaram no clone Italiana (11,0) cladódios aos 330 DAP no Curimataú paraibano.

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Em relação à distribuição de cladódios por ordem em oito clones (Miúda,

Baiana, Redonda, Gigante, IPA 20, Copena V1, Copena F1, Italiana) aos 1000 DAP, o

clone Baiana foi o único que não apresentou cladódios terciários, com mais de 90% de

cladódios primários (Leite, 2009).

O clone Baiana adubado com 20 Mg ha-1 de esterco caprino no Cariri paraibano

aos 1000 DAP apresentou quanto a morfometria do cladódio 27,5 cm de comprimento,

13,6 cm de largura, 67,5 cm de perímetro e 18,7 mm de espessura (Leite, 2009).

2.2.4 Adubação

Como cultura estratégica ou lavoura xerófila regular, a palma forrageira tem

necessidade de adubação química e/ou orgânica.

Optando-se pela adubação orgânica pode ser utilizado esterco bovino, caprino

ou ovino na quantidade de 10 a 30 Mg ha-1 no plantio ou a cada dois anos,

preferencialmente, no início da estação chuvosa. Na adubação química, os níveis

recomendados são função da análise do solo e deve ser realizada durante o período

chuvoso, em cobertura e com solo bastante úmido (Lopes et al., 2012).

Estudos realizados com palma forrageira apontam efeitos da adubação orgânica

quanto ao crescimento vegetativo, teores de nutrientes na parte aérea e aumento nos

teores de MS (Araújo et al., 1974; Carneiro & Viana, 1992; Mondragon-Jacobo &

Pimenta-Barros, 1995; Santos et al., 1996; Santos et al., 1997; Dubeux Junior & Santos,

2005; Peixoto, 2009; Leite, 2009; Ramos, 2009; Ramos, 2012).

A palma forrageira tem respondido bem a adubação química apresentando

resposta quanto à produção de biomassa (Dubeux Junior & Santos, 2005; Dubeux

Junior et al., 2006; Nascimento et al., 2011).

A combinação da adubação química com orgânica permite maior disponibilidade

de nutrientes com reflexo na produção (Dubeux Junior & Santos, 2005).

2.2.5 Pragas e Doenças

Inúmeras pragas atacam a palma forrageira no Nordeste brasileiro, tais como

besouros (Coleoptera), formigas (Hymenoptera), gafanhotos (Orthoptera), lagartas

(Lepidoptera), tripes (Thysanoptera), mariposas (Lepidoptera) e outros animais como

preás e ratos, contudo, as de maior importância são as cochonilhas de escama (Diaspis

echinocacti Bouché, 1833) (Hemiptera, Diaspididae) e do carmim (Dactylopius

opuntiae Cockerell, 1896). A cochonilha-do-carmim na atualidade vem dizimando os

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palmais nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas (Lopes et al., 2012;

Warumby et al., 2005).

Diversas doenças atacam a palma forrageira destacando-se as causadas por

agentes fungícos: Podridão Negra (Lasiodiplodia theobromae), Podridão Seca

Escamosa (Scytalidium lignicola ), Gomose (Dothiorella ribis), Podridão de Fusarium

(Fusarium solani), Mancha de alternaria (Alternaria tenuis), Podridão de Sclerotium

(Sclerotium rolfisii), Rizoctoniose (Rhizoctonia solani), Podridão de Macrophomina

(Macrophomina phaseolina), Podridão Polaciana (Pollaccia sp.), Mancha de

Macrophoma (Macrophoma sp.), Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides); agentes

bacterianos: Podridão mole (Pectobacterium carotovorum Carotovorum) (Lopes et al.,

2012).

2.3 Usos da Espécie

No semiárido brasileiro a palma tem uso predominantemente forrageiro, apesar

de ser uma espécie de múltiplos usos. É uma planta versátil, adaptada às condições

edafoclimáticas que deve ser usada como fonte agregadora de renda familiar. Além de

forragem, proporciona em outras regiões áridas e semiáridas do mundo base alimentar

humana na forma de frutos, hortaliças, pratos diversos na gastronomia, bem como, uso

como corante, cosmético, medicinal, paisagismo, biomassa para fonte energética,

reserva de água (Santos et al., 1996; Barbera, 2001; Ben Salem, et al., 1996; Valdez,

2005).

2.3.1 Forragem

A palma forrageira freqüentemente representa a maior parte do alimento

fornecido aos animais durante o período de estiagem em determinadas regiões do

semiárido, devido à alta produção de matéria seca digestível, matéria mineral, riqueza

em água e mucilagem, apresenta elevado coeficiente de digestibilidade da MS e alta

palatabilidade, produtividade, produção de biomassa e tolerância a seca (Costa et al.,

1973; Farias et al., 1984; Santos et al., 1992; Santos et al., 1997; Santos et al., 2005;

Sales et al., 2006; Lopes et al., 2012).

Quando utilizada como alimento exclusivo proporciona baixas ingestões de

massa seca, diarréias, decréscimo no teor de gordura do leite e perda de peso,

principalmente em vacas lactantes (Santana et al., 1972; Santos et al., 1997; Santos et

al., 2010). Portanto, a palma forrageira não deve ser fornecida aos animais

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exclusivamente, pois além das conseqüências citadas acima, apresenta limitações

quanto ao valor protéico e de fibra, não atendendo plenamente as necessidades

nutricionais do rebanho, tornando-se necessário a utilização de alimentos fibrosos e

fontes protéicas em complemento ao seu uso.

Segundo Albuquerque et al. (2002), animais alimentados com quantidades

elevadas de palma, comumente, apresentam distúrbios digestivos (diarréia), o que

provavelmente está associado à baixa quantidade de fibra dessa forrageira. Desta forma,

ressalta-se a importância de complementá-la com volumosos ricos em fibra, a exemplo

de silagens, fenos, capins secos e/ou in natura.

A palma forrageira apresenta composição química variável de acordo com a

espécie, variedade, cultivar, idade da planta e artículos, nível de fertilidade do solo,

adubação, espaçamento, época do ano e tratos culturais.

Alimento energético, rico em carboidratos não fibrosos com altos teores de

cinzas, embora possua baixos teores de proteína bruta e fibra em detergente neutro

quando comparada com outros alimentos volumosos, contudo apresenta alta

digestibilidade da matéria seca (Santos, et al., 2005; Ferreira, 2006; Silva et al., 2011),

podendo estes nutrientes interferirem no trato digestivo através da taxa de passagem,

digestibilidade, fermentação, produtos finais, absorção e conseqüentemente no

desempenho e saúde animal (Melo, 2011).

De acordo com a literatura os valores nutritivos médios para gênero Opuntia

quanto a MS, PB, FDN, FDA e MM para o clone Gigante são de 10,30; 5,23; 28,87;

20,66 e 11,84 % para o clone IPA-20: 11,90; 5,75; 27,20; 19,70; 10,85 % no gênero

Nopalea, clone Miúda 12,08; 5,22; 25,35; 19,01; 13,85 % clone Baiana 5,99; 7,08;

26,20; 21,10; 13,85 % respectivamente. Quanto a CNF e CHOT o gênero Opuntia clone

Gigante apresenta valores médios de 51,39 e 83,00 % e Nopalea clone Miúda 50,20 e

80,44 %, respectivamente.

Independente do gênero, a palma forrageira, apresenta baixo teor de matéria

seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e ácido, entretanto, carboidratos totais,

carboidratos não-fibrosos e matéria mineral constam valores consideráveis, sendo que o

gênero Nopalea apresenta maiores teores de matéria seca do que o Opuntia, apesar de

ser mais exigente em termos de condições edafoclimáticas (fertilidade e precipitação) e

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susceptibilidade a pragas e doenças, atendendo com maior eficiência as necessidades de

matéria seca dos animais.

Com coeficientes de digestibilidade in vitro na matéria seca para os clones

Redonda, Gigante e Miúda em torno de 74,40; 75,00 e 77,40%, respectivamente, a

palma forrageira é um alimento de elevada digestibilidade.

Quanto à degrabilidade ruminal dos nutrientes, a palma forrageira se destaca

com maior fração solúvel em água e maior taxa de degradação para a fração insolúvel

em água, mas potencialmente degradável e maiores degradabilidades potenciais e

efetivas, quando comparada a outras forrageiras como capim-elefante, guandu e parte

aérea da mandioca (Ferreira, 2006).

A palma forrageira pode ser classificada como alimento concentrado ou

volumoso. De acordo com a classificação tradicional com menos de 17,00% de fibra

bruta e mais de 60% de nutrientes digestíveis totais, a mesma é um concentrado, por

outro lado, sendo utilizada em grande volume da ração na forma in natura é

considerado um volumoso. É caracterizada como alimento energético devido alto teores

de carboidrato não fibrosos (CNF) e baixo nível de carboidrato fibroso (FDN e FDA)

mesmo sendo considerada como um volumoso (Santos et al., 2010).

Independente de ser classificada como alimento concentrado ou volumoso, a

palma forrageira, deve ser ministrada como ingrediente da ração fornecedora de

nutrientes que deverão ser balanceados visando suprir as exigências dos animais, bem

como, envolver as necessidades dos microorganismos do rúmen por nutrientes e

ambiente favorável para a sua multiplicação (Melo, 2011).

Na condução de experimentos comparando diferentes clones (Gigante, Redonda

e Miúda) na alimentação de vacas mestiças de holandês em lactação, os resultados não

indicaram diferenças entre os clones quanto ao consumo de matéria seca, produção de

leite e gordura no leite, contudo, foi observada uma maior perda de peso para os animais

consumidores da palma Redonda e Gigante em relação aos que consumiram o clone

Miúda (Ferreira, 2006).

Segundo Silva et al. (1997) um fator importante da palma forrageira, é que

diferentemente de outras forragens, apresenta alta taxa de digestão ruminal, sendo a

matéria seca degradada extensa e rapidamente, favorecendo maior taxa de passagem e,

conseqüentemente, consumo semelhante ao dos concentrados.

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Devido ao baixo teor de matéria seca da palma forrageira, dietas formuladas com

grandes proporções desse alimento, normalmente, possuem alta umidade, o que pode

ser favorável em regiões onde a água se torna escassa em determinadas estações do ano.

Lima, apud Melo (2011) verificou que vacas mestiças produzindo 15 kg de

leite/dia e alimentadas com dietas de aproximadamente 50% de palma gigante tiveram

as exigências de água supridas pela dieta e praticamente não bebiam. Da mesma forma,

Ben Salem et al. (1996) observaram decréscimo e até mesmo ausência na ingestão de

água em ovelhas consumindo dietas com níveis crescentes de palma forrageira.

Carvalho Filho & Languidey (1997), trabalhando com vacas mestiças em

lactação sob três dietas isoprotéicas e isoenergéticas contendo palma semi-desidratada

concluíram que a mesma pode ser utilizada como único volumoso para esses animais,

possibilitando produções médias de leite da ordem de 7,0 kg/vaca/dia e ganho de peso

de 236 g/animal, quando associada ao fornecimento restrito de suplementados protéicos.

Já Santos et al. (2001), avaliando o efeito de três diferentes clones de palma

forrageira (Redonda, Gigante e Miúda) sobre o desempenho produtivo de vacas

mestiças leiteiras concluíram que não houve diferença de consumo in natura e produção

de leite nos animais com as diferentes variedades, obtendo uma média de 7,0; 7,1; 7,2

kg/vaca/dia.

2.3.2 Conservação e Recuperação do Solo

O potencial de uso da palma na contenção da erosão dos solos no semiárido

brasileiro deve-se ao crescimento relativamente rápido nas condições edafoclimáticas da

região agregando produção de biomassa na recuperação de áreas degradadas e

fornecimento forrageiro, permitindo quando plantada de forma adensada em curvas de

nível, formar faixas de retenção de umidade e solo devido ao formato achatado dos seus

cladódios (Galindo et al., 2005).

No México, Bolívia, Peru, Equador e Itália há crescente interesse para o uso da

palma na conservação e recuperação de solos degradados ou em risco de degradação, no

Brasil em menor escala.

Existem trabalhos que indicam a redução das perdas de solo por erosão, sendo

que, a proteção ao solo depende da adequada fertilização, infiltração e conservação de

água no solo, manutenção da cobertura vegetal entre o corte e a rebrota da palma,

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espaçamento com boa produtividade, práticas de manejo que permitem ao palmal

viabilizar um sistema de conservação do solo (Galindo et al., 2005).

2.3.3 Alimentação Humana: Produção de Frutos, Hortaliça

A utilização da palma como alimento humano teve início no Império Asteca,

sendo que, seu uso alimentar permanece até os dias atuais. É utilizada na preparação

culinária de brotos ou raquetes jovens (napolitos) e frutos ou verduras de seca, sendo

rico em vitamina A. Ajuda no combate da anemia, contribuindo na diminuição da

grande deficiência nutricional da alimentação dos indivíduos que vivem nas terras

áridas e semiáridas do mundo (Agrária, 2012).

A produção de frutos da palma conhecido como figo da Índia, no Nordeste

brasileiro se restringe a uma oferta marginal interiorizada sem respaldo econômico, pois

não há o cultivo direcionado a este fim, sendo que, existem poucos pomares no Sudeste

do Brasil. Tem apreciação e valorização restrita a determinados grupos populacionais

e/ou regiões.

O fruto é uma baga oval ou alongada produzidos do gênero Opuntia com

diferentes formas, cores e sabores apresentando de 100 a 200 g sendo constituído de

casca carnosa (30-40%), polpa (60-70%) e sementes (5-10%) tendo como principais

constituintes água (85%), carboidratos (10-15%) com destaque para vitamina C (23-30

mg. 100 g-1), possuindo as sementes significativos teores de proteína e lipídios, estas

com 75% de ácido linoléico ocorrendo variações na composição em função das

variedades produtoras (Lederman, 2005).

2.3.4 Corante

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de corantes naturais

em detrimento aos artificiais devido estes serem na maioria cancerígenos, portanto o

mercado mundial de corantes naturais é cada vez mais importante.

A produção do corante carmim pela cochonilha Dactylopius coccus Costa que

tem a palma Opuntia ficus indica como hospedeira é uma atividade econômica rentável

quando os dois últimos instares das fêmeas deste inseto contêm de 19,00 a 24,00% do

peso seco em ácido cármico.

Na atualidade o Peru é o maior produtor com 85% da produção mundial de

aproximadamente 500 toneladas tendo a Europa, Japão e os Estados Unidos como

principais importadores. Tanto o carmim como a cochonilha seca têm uso como corante

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vermelho na indústria alimentícia, farmacêutica, cosmética, de bebidas e na tintura de lã

e tecidos (Santos et al., 2007).

2.3.5 Medicinal

No uso medicinal os cladódios têm ação contra diarréia, diabetes, hiperlipidemia

e antiinflamatório. As flores combatem a disenteria amebiana e as raízes são diuréticas,

bem como, as fibras da planta atuam contra a obesidade (Barbera, 2001; Sáenz-

Hernández, 2001).

Em tratamentos fitoterápicos a palma auxilia na eliminação das toxinas do

álcool e fumo absorvidas pelo organismo, metaboliza gorduras, diminui a concentração

de açúcar no sangue auxiliando na redução do colesterol e glicose, combate gastrite e

obesidade, bem como, colabora para o bom funcionamento do sistema digestivo por

possuir fibras solúveis e insolúveis além de impedir a concentração de substâncias

cancerígenas (Nunes, 2011; Chiacchio et al., 2006).

2.3.6 Outros Usos da Planta: Sistemas Agroflorestais, Paisagismo, Cosmético,

Fonte de Energia, Reserva de Água

Em sistemas agroflorestais a palma pode ser plantada entre árvores

principalmente leguminosas fornecedoras de vagens gerando banco de reserva alimentar

para o período da seca, ou seja, na composição de pastagens arbóreas, faixas entre

plantações e enriquecimento de capoeiras, lembrando que a mesma não é recomendada

para pastoreio direto.

Pelo aspecto exótico, peculiar, desenvolvimento em jarros e área aberta, a palma

pode ser empregada no paisagismo em geral (Barbera, 2001).

Os cladódios podem ser empregados na confecção de xampus, cremes

hidratantes, protetores labiais, sabonetes, adstringentes e loções para o corpo, bem

como, fonte de biomassa para produção de biogás e etanol (Barbera, 2001; Cortázar &

Varnero, 2001).

Por seus cladódios serem constituídos por 95% de água no período das águas e

76% no período seco (Viana, 1965; apud Santos et al., 2005) a palma é um verdadeiro

reservatório de água em pleno semiárido com seu consumo reduzindo a ingestão de

água por parte dos animais (Santos et al., 2005) e o mais importante sem nenhum custo

com infra-estrutura de construção civil para o armazenamento hídrico.

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3. Descrição Botânica, Ocorrência Natural, Aspectos Agronômicos e Usos da

Pornunça

3.1 Descrição Botânica da Pornunça

A planta denominada pornunça pertence a divisão Angiospermae, classe

Dicotyledonaeae, sub-classe Polycarpicae, ordem Tricoccae, família Euphorbiaceae,

gênero Manihot.

Estudos sobre as características agronômicas e fitotécnicas sugerem que a

mesma seja um híbrido natural ou mistura entre as espécies mandioca e maniçoba, não

tendo nome científico formalizado identificando-a como espécie Manihot sp. (Silva &

Moreira, 2007). Pode atingir a altura de três a seis metros e diâmetro à altura do peito de

nove centímetros, espécime com idade de quatro anos localizada no agreste paraibano.

Quanto à anatomia e morfologia da pornunça as raízes, folhas, inflorescências,

frutos e sementes são semelhantes à mandioca e o caule a maniçoba.

As raízes de plantas resultantes da propagação agâmica apresentam modelo

pseudofasciculado tuberoso. São ricas em fécula com conformações variadas com

média de cinco a doze raízes por planta. São fibrosas e longas, excelente fonte de

reserva para o período seco (Silva & Moreira, 2007). Estas reservas acumuladas

proporcionam a planta resistência ao estresse hídrico e maior retenção foliar. Com treze

meses de idade, nas condições edafo-climáticas de Cubatí - PB, o sistema radicular da

pornunça apresentou-se bem desenvolvido, com raiz principal atingindo 1,60 m de

comprimento e 110 mm de diâmetro.

O caule é de cor roxa denegrido, apresenta tronco com bifurcações primárias,

secundárias e terciárias, sendo que, nestas bifurcações são emitidos geralmente três

novas ramificações (podendo variar de duas a quatro), quando ocorrem quatro emissões,

uma delas surge abaixo do plano das emissões principais. Apresenta em média cinco a

oito gemas a cada 20 cm de caule no terço médio da planta com pequena emissão de

látex (caule lenhoso ou herbáceo) quando cortado no sentido transversal.

As folhas são simples, alterna-espiralada, lobadas e longamente pecioladas. Os

lobos variam do verde-claro ao roxo, podendo ser espatulados, lanceolados, oblongos,

geralmente em número de cinco a sete, podendo ocorrer com três, seis ou nove em

função da idade, precipitação e material genético da planta.

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Abaixo das bifurcações primárias surgem folhas com um e dois lóbulos. O

pecíolo tem comprimento variável de 20 a 40 cm com cor verde na base e vermelho ao

longo do corpo peciolar, sendo a face inferior vermelho claro ou róseo. Em ambientes

com restrição de umidade o comprimento do pecíolo varia de 10 cm a 20 cm e com

abundância varia de 30 cm a 50 cm.

As flores apresentam-se em inflorescências cimosas e são raso-campuladas,

monóicas de coloração predominantemente creme, com manchas de cor avermelhada

que servem de guias de néctar, apresentando número variado de flores masculinas e

femininas que dificilmente abrem simultaneamente na mesma inflorescência, com

antese diurna que ocorre por volta das 07:00 com duração aproximada de quarenta e

oito horas e dificuldade na formação de frutos, 50% formados em condições naturais

(Dias et al., 2004).

Apresenta grande produção de flores, contudo, apresenta baixa produção de

sementes, implicando na necessidade de utilização de manivas (hastes) para sua

propagação (Araújo & Cavalcanti, 2002).

O fruto de cor verde é uma cápsula com três sementes abrindo quando

completamente maduro, quando ainda se acham presos as plantas, deiscência explosiva,

transcorrendo de 24 a 36 horas do início da abertura a liberação das sementes.

Apresentam sementes carunculadas, providas de testa, micrópila, hilo, rafe e chalaza

com embrião central e endosperma abundante e oleaginoso.

3.2 Ocorrência Natural da Planta

Planta nativa encontrada em diversos estados do Nordeste Brasileiro possuidores

de mata nativa (Caatinga) sendo conhecida como pornunça, pornuncia, prinunça,

pornona, mandioca de sete anos, mandioca de jardim, maniçoba de jardim. Híbrido

natural da mandioca (Manihot esculenta Crantz) e da maniçoba (Manihot glaziowii

Meull) (Ferreira et al., 2009 a) ou (Manihot pseudoglaziowii Meull Arg.) (Dias et al.,

2004).

A pornunça apresenta aptidão forrageira, tolerância a poda, capacidade de

brotação e valor nutritivo do feno e silagem produzidos (Araújo & Cavalcanti, 2002;

Voltolini et al., 2010). É tolerante ao estresse hídrico e produtora de grande quantidade

de folhas que persistem por maior tempo no período de estiagem (vantagem estratégica)

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e tem boa capacidade de brotação no período chuvoso (duas a três podas ao ano), após o

primeiro ano de implantação sem poda (Silva & Moreira 2007; Oliveira et al., 2010).

3.3 Aspectos Agronômicos da Pornunça

3.3.1 Clima e Solo

Adaptada ao clima semiárido, se desenvolve, desde o sertão pernambucano ao

baiano, municípios de Petrolina – PE e Juazeiro da Bahia - BA, igualmente no planalto

da Borborema (Campina Grande - PB), Curimataú e Cariri paraibano (Cubatí e Taperoá

- PB) e Cariri cearense (Crato e Nova Olinda - CE).

Como a mandioca é uma planta heliófila com quantidade de luz ideal em torno

de 12 horas/dia, sendo que, dias curtos induzem o crescimento das raízes de reserva

reduzindo o desenvolvimento de ramos e dias longos promovem o crescimento da parte

aérea reduzindo o das raízes de reserva.

A pornunça tem melhor desenvolvimento em solos profundos e soltos com

textura média tendendo a areno-argilosa de boa drenagem, pois o encharcamento

favorece a podridão de raízes e com faixa de pH entre 6,0 e 6,5 sendo menos afetada

pela acidez do solo de forma semelhante à mandioca.

Produz melhor em solos de fertilidade alta, embora, apresente rendimentos

satisfatórios em solos degradados fisicamente e quimicamente.

É conveniente evitar solos com declividade acima de 20%, pois o plantio desta

cultura está associado a perdas de solo e água por erosão, devendo-se usar práticas

conservacionistas do solo. Durante seu ciclo, a pornunça como a mandioca, não

apresenta alta cobertura do solo; portanto, na medida do possível, deve ser plantada em

consórcio com outras espécies (Otsubo & Lorenzi, 2004).

3.3.2 Propagação e Plantio

A pornunça pode ser propagada por sementes e estacas, sendo que, por estacas

ocorre maior eficiência de propagação, com estas obtidas do terço médio da planta,

evitando as partes lignificadas da base e ramos herbáceos de brotações ou extremidades

da copa, com mais ou menos 20 cm de comprimento e com cinco a sete gemas (Silva &

Moreira, 2007).

As mudas formadas por estacas em viveiros (sacos de polietileno preto de 20 cm

x 30 cm) devem ter substrato constituído por areia-esterco-solo, irrigadas diariamente e

estarão prontas para irem ao campo por volta dos três meses, desta forma, antecipando o

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crescimento das plantas e promovendo maior tolerância ao déficit hídrico, sendo que, na

hora do plantio, em condições de boa umidade do solo, o percentual de sobrevivência é

acima de 70%.

Em condições semiáridas, é importante sincronizar a época de plantio com o

início do período chuvoso, aumentando a uniformidade no estande e obtendo maior taxa

de sobrevivência, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros quatro meses

de cultivo, o que prejudica a produção; a deficiência de água após os primeiros cinco

meses de cultivo, quando as plantas já formaram suas raízes de reserva, não causa

maiores reduções na produção.

As plantas matrizes fornecedoras de estacas devem ser plantadas em solos de

alta fertilidade ou adubadas, visando obter plantas vigorosas que apresentem

características, tais como: maior espessura de ramos, menor número de ramos por

planta, maior número de gemas nos ramos, plantas mais altas e maior diâmetro de copa

(Silva & Moreira, 2007).

Pode ser cultivada isolada ou consorciada em benefício a uma melhor cobertura

do solo. Responde bem, ao plantio em covas (20 x 20 x 20 cm) para produção de plantas

matrizeiras com fertilização orgânica e/ou química. Tem como espaçamentos 1,0 x 1,0

m; 2,0 x 1,0 m; 2,0 x 2,0 m; 3,0 x 3,0 m (Silva & Santana, 2005; Silva et al., 2009;

Vasconcelos et al., 2010; Ferreira et al., 2009 a).

Quanto aos tratos culturais, devem-se realizar duas capinas no período chuvoso,

realizando coroamento em torno das plantas e promovendo um roço após o final das

chuvas, quando necessário.

É importante impedir o acesso de bovinos, caprinos, ovinos e outros animais ao

pornunçal no primeiro ano de implantação, assim também, não realizar podas visando

um melhor estabelecimento da cultura, sendo as mesmas recomendadas a partir do

segundo ano.

3.3.3 Morfometria

Em plantio experimental no Planalto da Borborema no município de Campina

Grande – PB foram observados quanto aos parâmetros morfométricos de altura de

planta (cm), diâmetro basal (cm), número de ramos (un) e folhas por planta (un) os

seguintes valores: 61,86; 1,75; 2,29; 55,85 (Vasconcelos et al., 2010).

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Ferreira et al. (2009 a) verificaram que a pornunça atingiu altura média final de

116,4 cm aos dez meses de plantio em uma área preparada pelo sistema convencional,

com aração e gradagem, contudo, sem adubação e correção do solo.

3.3.4 Adubação

Responde a adubação orgânica na quantidade de 11 toneladas por hectare e

mineral em termos de produção de matéria verde para a finalidade forrageira

(Vasconcelos et al., 2010). Deve-se realizar as adubações, principalmente a mineral, de

acordo com a análise do solo, como não tem recomendações específicas para a mesma,

pode-se usar a da mandioca.

3.3.5 Pragas e Doenças

Na fase de implantação e manutenção da cultura é importante ficar atento quanto

ao ataque da formiga cortadeira (Atta sp.) que pode trazer sérios prejuízos. Quanto a

outras pragas, cita-se ácaros verdes, cochonilhas brancas e cupins (Silva e Moreira,

2007) e com relação a doenças não existem relatos específicos, devido ao plantio desta

espécie ser de pequena escala.

3.4 Usos da Pornunça

3.4.1 Forragem

A parte aérea da pornunça por apresentar alto valor nutritivo e boa aceitabilidade

pelos animais pode ser fornecida como alimento alternativo para ruminantes no período

seco, aumentando a viabilidade econômica e produtividade do sistema pecuário

(Ferreira et al., 2009 c; Vasconcelos et al., 2010).

Pode ser usada in natura, em função dos menores teores de ácido cianídrico

(173 mg.kg-1 para pornunça, 737 mg.kg-1 para mandioca brava e 884,9 mg.kg-1 para

maniçoba) (Voltolini et al., 2010) devendo a parte área constituída de limbo foliar,

pecíolo e ramos com diâmetro inferior a um centímetro, material triturado pela manhã e

disponibilizados aos animais a tardinha e se cortado e triturado a tarde disponibilizado

na manhã seguinte ou então na forma de feno ou silagem (Silva et al., 2009; Dantas et

al., 2006).

De acordo com o tipo do solo, correção e adubação, precipitação, espaçamento,

número de podas, a pornunça apresenta produção e composição química variada, cujos

valores evidenciam a potencialidade desta espécie para compor o sistema de produção

pecuário do semiárido brasileiro.

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Em Petrolina – PE, a pornunça sem adubação e correção do solo, com

espaçamento 3,0 x 3,0 m totalizando 1111 plantas por hectare, apresentou produção de

matéria verde de 1629,47 kg/ha, com treze meses de plantio com uma precipitação de

519,4 mm durante o período experimental (Ferreira et al., 2009 b).

Silva et al. (2009), verificaram em Petrolina – PE que a pornunça sem adubação

e correção do solo, com espaçamento 2,0 x 2,0 m totalizando 5000 plantas por hectare,

apresentou produção de matéria verde de 2630,00 kg/ha, com onze meses de plantio

com uma precipitação de 386,3 mm durante o período experimental

Em Campina Grande – PB, a pornunça recebendo 11 Mg ha de esterco bovino,

com espaçamento 2,0 x 2,0 m totalizando 2500 plantas por hectare, apresentou

produção de matéria verde de 2718,00 kg/ha, com onze meses de plantio com uma

precipitação de 647,8 mm durante o período experimental (Vasconcelos et al., 2010).

Ferreira et al. (2009 a) avaliando sistema de corte em relação a composição

química, em plantio sem adubação e correção do solo, encontraram valores médios de

28,75; 27,58; 33,66; 20,23; 6,11; 49,32% para MS, PB, FDN, FDA, MM, DIVMS,

respectivamente, em Petrolina – PE, em plantas com doze meses após o plantio.

Vasconcelos et al. (2010) avaliando composição química da pornunça em

resposta a diferentes fontes de adubação, no que se refere ao uso de esterco bovino,

encontraram teores médios de 29,24; 13,91; 44,85; 28,22; 93,71; 6,29; 16,63% para

MS, PB, FDN, FDA, MO, MM, HC, respectivamente, no Planalto da Borborema, em

Campina Grande – PB em plantas com onze meses após o plantio.

Voltolini et al. (2010) encontraram valores de 14,00; 33,00; 22,00; 49,00% para

PB, FDN, FDA, DIVMS, respectivamente, em Petrolina – PE.

Moraes et al. (2012) encontraram valores de 34,13; 19,07; 39,51; 28,40; 69,25;

38,21% para MS, PB, FDN, FDA, MO, DIVMS, respectivamente, em Petrolina – PE.

3.4.2 Planta Ornamental e de Sombra

Planta de crescimento rápido, quando não há restrições de umidade, e formato de

copa proporcional, a pornunça pode ser empregada no paisagismo em geral. Nas áreas

urbanas de Petrolina-PE e Juazeiro-BA é utilizada para sombrear frente e quintais de

residências, bem como, na formação de jardins (Araújo & Cavalcanti, 2002; Ferreira et

al., 2009 a b c).

3.4.3 Produção de Farinha

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Há relatos que em comunidades da zona rural de Petrolina-PE, suas raízes são

utilizadas na obtenção de farinha (Araújo & Cavalcanti, 2002; Ferreira et al., a b c).

3.4.4 Melífera

A presença de inflorescências com até 200 flores em cada nível de ramificação é

uma característica da pornunça que permite dispor de grande número de flores por um

período superior as da maniçoba e à maioria das plantas apícolas da Caatinga e a

observação da visita de diversas abelhas nativas (melíponas) e exóticas (italiana

africanizada) nas flores da pornunça, evidenciam seu potencial apícola (Araújo &

Cavalcanti, 2002; Araújo et al., 2003; Vasconcelos, 2008).

3.4.5 Outros Usos da Planta

Como planta adaptada às condições de aridez do semiárido, nativa e perene,

além dos usos citados acima, a pornunça pode ser explorada em solos marginais pobres

em nutrientes e ácidos e em localidades de déficit hídrico (Silva & Santana, 2005;

Vasconcelos et al., 2010).

Em sistemas agroflorestais a pornunça é recomendada em consórcio com

lavouras de cultivo anual. É também usado na composição de pastagens arbóreas, faixas

entre plantações e enriquecimento de capoeiras.

4. Consórcio entre Espécies

Ao se realizar consórcio entre duas ou mais espécies de plantas é importante

entender o que representa a competição por recursos (água, luz, nutrientes minerais,

C02, espaço) entre estas plantas com diferentes habilidades competitivas e

características. Quando temos competição entre indivíduos da mesma espécie sua

interação é denominada intra-específica e com diferentes espécies temos a competição

inter-específica.

A competição entre plantas depende de várias características, como a morfologia

da planta, sua capacidade de extrair água e nutrientes do solo, a resposta diferencial à

temperatura, exigência diferencial por luz, dentre outros, portanto os efeitos da

competição sobre o desenvolvimento e a produção das plantas é grandemente variável e

os resultados são dependentes do estádio de desenvolvimento em que elas se encontram

(Castro & Garcia, 1996).

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A competição entre plantas por recursos é complexa e dinâmica ocorrendo

abaixo do solo (água e nutrientes) e acima do solo (luz) sendo que por ocasião do

consórcio entre diferentes espécies de plantas, deve-se observar um arranjo espacial

minimizador para a competição por luz e plantas com diferentes sistemas radiculares,

principalmente em termos de profundidade e lateralidade exploradoras de áreas distintas

do solo (Santos & Zanine, 2004).

Dependendo dos níveis de nutrientes do solo há duas hipóteses quanto a

intensidade de competição entre as plantas, uma onde a competição é maior quando os

recursos são menos abundantes e a outra é que a competição é menor quando os níveis

de nutrientes são altos (Ricklefs, 2009).

O consórcio é definido pelo cultivo de duas ou mais espécies em área comum

por período de tempo significativo, visando rendimento produtivo e mais eficiente das

culturas envolvidas com o melhor aproveitamento dos recursos abióticos e bióticos

disponíveis.

O consórcio pode ser com culturas anuais e/ou perenes em função da região,

clima, produtores, disponibilidade de material vegetativo, plantadas simultaneamente ou

não, com colheitas podendo ser em épocas distintas.

Os cultivos simultâneos perenes diminuem os custos de implantação e

estabelecimento das espécies tardias, devendo-se ter atenção, quanto ao efeito sombra,

pois o sombreamento da cultura em menor crescimento pode prejudicar seu rendimento

produtivo afetando a otimização econômica.

O consórcio apresenta vantagens, tais como: maior estabilidade da produção,

eficiência no controle de ervas espontâneas, melhor utilização da terra, água, luz,

nutrientes e mão-de-obra, redução de perdas devido ao ataque de pragas e doenças, bem

como, disponibilidade de uma fonte alimentar a mais e agregação de valor no uso da

propriedade rural. Tem como desvantagens a possível intervenção na mecanização do

plantio, uso de agrotóxicos e adubos e na colheita, sendo que, o uso intensivo do solo,

com espécies respondendo diferentemente ao aproveitamento dos nutrientes promove

esgotamento precoce do solo (Mattos, 2006).

No cultivo da palma forrageira o consórcio é uma forma de aumentar a

eficiência do uso da terra, bem como, diminuir os custos com capinas na fase de

implantação da cultura. É comum o consórcio com culturas anuais, sendo menos

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utilizado o com culturas permanentes. Há estudos da palma consorciada com algodão,

algaroba, leucena, gliricidia, cajá (Albuquerque & Ribaski, 2003; Dubeux Junior &

Santos, 2005; Peixoto, 2009).

A escolha da pornunça para ser associada à palma deve-se ao fato da mesma ser

produtiva e resistente a seca, apresentando teores de ácido cianídrico inferiores a

mandioca brava e maniçoba (Silva et al., 2009).

A palma forrageira com seu sistema radicular superficial extenso e a pornunça

com sistema radicular tuberoso profundo, ambos, altamente adaptáveis a escassez

hídrica do semiárido, constituem em cultivo associado disponibilidade de forragem

aérea ao longo do ano, tanto no período das chuvas como principalmente na seca.

5. Adubação Orgânica

A matéria orgânica no solo fornece energia para os microorganismos e melhora a

estrutura, o arejamento e a retenção de umidade. Regula, também, a temperatura do

solo, retarda a fixação de fósforo, aumentando a capacidade de troca catiônica e ajuda a

reter o potássio, cálcio, magnésio e outros nutrientes em formas disponíveis para as

raízes, diminuindo a lixiviação (Malavolta et al., 2002).

O aporte de matéria orgânica ao solo pode ser realizado de diversas formas:

adubação verde, restos culturais, composto orgânico, húmus e adubação com estercos de

animais.

A adubação orgânica com estercos quando em quantidade suficiente e disponível

na propriedade rural é uma alternativa viável economicamente e atende as necessidades

nutritivas das culturas, podendo ser limitada pela quantidade insuficiente para a

adubação de grandes áreas de cultivo, pois o custo com o transporte à torna inviável

economicamente quando comparada aos fertilizantes industriais.

O uso de estercos com relação C/N abaixo de 30/1 proporciona rápida

decomposição microbiana, acarretando liberação de substâncias estabilizadoras dos

agregados do solo, melhorando as suas condições físicas, químicas e biológicas

(Campello 1998; Reinert, 1998; Hoffmann, 2001). De acordo com Souto et al. (2005), a

relação C/N e a concentração de N em g.kg-1 em estercos ovino e bovino são 24/1, 27/1

e 16,28 e 7,53 respectivamente. Estes autores afirmam que a presença de umidade no

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solo é fator essencial para a plena disponibilização dos nutrientes presentes nos estercos

em condições do semiárido.

O esterco é um insumo disponível e de baixo custo ao produtor rural se

comparado a utilização de fertilizante químico, o que tem levado os produtores a

considerar a adubação orgânica com esterco uma alternativa viável do ponto de vista

econômico e agronômico.

A quantidade de esterco de animais a ser empregada por hectare varia bastante,

sendo influenciada pelo tipo de solo, cultura e conteúdo de matéria orgânica do solo

(Santos & Santos, 2008), devendo ser considerado na escolha da quantidade a ser

aplicada a análise do solo e do esterco animal.

No manejo do palmal praticamente toda biomassa produzida é cortada para os

animais e considerando a extração de nutrientes continuamente, perdas por erosão, a

produtividade da cultura tende a decair ao longo do tempo, portanto a adubação passa a

ser prática indispensável ao equilíbrio do sistema de produção da palma (Leite, 2009).

Quanto a ordem de exigências nutricionais a palma gigante apresenta K > Ca >

Mg > N > P, sendo que, a mesma extrai 1032 kg de K, 940 kg de Ca, 360 kg de N e 64

kg de P, por hectare por corte, excluindo cladódios primários, a cada dois anos

admitindo-se produtividade de 20 Mg de MS ha-1 (Dubeux Junior & Santos, 2005;

Blanco-Macias et al., 2010).

Os clones Miúda e Baiana produziram no Cariri Paraibano com adubação de

esterco caprino (20 Mg ha-1), aos dois anos e nove meses, 58,3 e 79,2 Mg ha-1

,respectivamente (Leite, 2009).

Quanto a ordem de exigências nutricionais a pornunça apresenta N > K > Ca >

Mg > P > S (Silva et al., 2009) obtendo-se no Planalto da Borborema no Estado da

Paraíba com adubação de 10 Mg ha-1 de esterco bovino produção de 2,7 Mg ha-1 de

matéria verde (Vasconcelos, 2008).

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO II

____________________________________________________________

Crescimento da palma forrageira consorciada com a pornunça usando

esterco bovino e ovino

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Crescimento da palma forrageira consorciada com a pornunça usando

esterco bovino e ovino

RESUMO

Objetivou-se avaliar o tipo do adubo orgânico e o espaçamento sobre o crescimento da palma forrageira clone Baiana em consórcio com a pornunça no Curimataú paraibano. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com parcelas subdivididas com cinco repetições em parcelas de 5,0 m x 5,0 m, com dois espaçamentos 1,5 m x 0,5 m e 1,5 m x 1,0 m e adubações orgânicas de esterco bovino e ovino, na quantidade de 20 Mg ha-1para cada esterco, realizadas nos meses de maio de 2010, março de 2011 e 2012. As variáveis avaliadas foram altura de planta, número de cladódios por planta e o comprimento, largura, perímetro e espessura de borda dos cladódios primários e produção de fitomassa seca. Foi verificado maior altura nas plantas sob efeito do esterco ovino no espaçamento menos adensado e nas três avaliações com diferença (P<0,05) nas plantas da segunda e terceira avaliação em relação à primeira avaliação. O número médio de cladódios por planta apresentou interação esterco x espaçamento x avaliação (P<0,05). Nas condições ambientais deste experimento as variáveis, comprimento, largura e perímetro de cladódios primários não apresentaram diferenças (P>0,05) quanto à presença de esterco bovino ou ovino. A espessura de borda do cladódio primário variou entre os estercos no espaçamento menos adensado e na segunda e terceira avaliação. O esterco ovino proporcionou maior produção de fitomassa seca (P<0,05), enquanto o espaçamento não teve efeito (P>0,05) na produção de fitomassa seca. O clone Baiana apresentou crescimento, mesmo sob forte estresse hídrico, constituindo uma alternativa para períodos de estiagem no semiárido brasileiro.

Palavras-chave: forragem, lavoura xerófila, Nopalea cochenillifera, semiárido

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Growth of cactus pear intercropped with pornunça using manure

cattle and sheep

ABSTRACT

The objective was to evaluate the type of organic fertilization and spacing on the growth of Nopalea cochenillifera Salm-Dyck clone Baiana intercropped with Manihot sp. in the Curimatau region of Paraiba. The experimental design was a randomized complete-block design with split plots and five replications of 5.0 m x 5.0 m plots, with two spacings 1.5 m x 0.5 m and 1.5 m x 1.0 m and additions of cattle and sheep manure applied in May 2010, March 2011 and 2012 in the amount of 20 Mg ha-1 for each manure. The variables evaluated were plant height, number of cladodes per plant and length, width, perimeter and border thickness of primary cladodes and production of dry matter. Sheep manure had a positive effect on height of plants growing in the wider spacing, and plant height was higher on the second and third years compared to the first year (P<0.05). The average number of cladodes per plant was affected by the interaction manure x spacing x evaluation (P<0.05). Under the environmental conditions of this experiment, primary cladodes length, width and perimeter were not affected (P>0.05) by type of manure. Primary cladode border thickness was affected by type of manure in the narrower spacing and in the second and third evaluations. Sheep manure increased (P<0.05) dry biomass production, while spacing had no effect (P>0.05). The clone Baiana showed capable to grow even under heavy water stress, and represents an alternative for the dry periods of the semiarid region of northeast Brazil. Keywords: forage, xerophilous crop, Nopalea cochenillifera, semiarid

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INTRODUÇÃO

Os solos do semiárido brasileiro apresentam baixos teores de matéria orgânica,

conseqüentemente a produtividade depende da fertilidade natural, que na maioria das

vezes, não atende as necessidades de nutrição das culturas, tornando a adição de matéria

orgânica necessária, tendo o uso de estercos de animais uma prática de manejo do solo

que viabiliza a adição de nutrientes.

O uso da fertilização química no semiárido brasileiro é reduzida em função dos

custos elevados e riscos de perdas devido à irregularidade e imprevisibilidade da

precipitação, portanto, outra maneira de elevar a fertilidade do solo está na adição de

matéria orgânica, sendo que uma das formas mais eficientes é o uso de estercos de

origem animal devido sua composição, disponibilidade, benefícios da aplicação e ser

uma prática comum na região.

A presença do esterco de animais, principalmente o bovino, na maioria das

propriedades agrícolas é uma ferramenta a mais na manutenção da fertilidade dos solos

do semiárido brasileiro.

Os estercos animais apresentam composição variável devido à espécie animal,

raça, idade, alimentação, sistema de exploração, manejo animal, forma de coleta e

manipulação (Holanda, 1990; Vitti et al., 1995). Os valores médios em percentagem de

nutrientes para o esterco bovino quanto ao NPK é 1,10; 0,65; 1,44, respectivamente,

sendo que, o mesmo, corresponde a 76,20% da produção de estercos no Nordeste e o

esterco ovino equivale a 6,0% (Garrido et al., 2008) apresentando valores de 1,4; 1,0;

2,1%, respectivamente, para NPK (Carvalho & Guerra, 2012).

Os benefícios da aplicação dos estercos se relacionam com as propriedades

físicas, químicas e biológicas do solo, melhorando a estrutura do solo, a permeabilidade,

estabilidade de agregados, aeração e retenção de água no solo, aumentando o pH e os

teores de N, P, S, Ca, Mg e reduzindo o Al na camada superficial, proporcionando o

aumento da população de macro e microorganismos que ao decomporem a matéria

orgânica disponibilizam nutrientes as plantas (Holanda, 1990).

Estudos realizados com palma forrageira apontam incrementos da adubação

orgânica quanto ao crescimento vegetativo, teores de nutrientes na parte aérea e

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aumento nos teores de matéria seca (Carneiro & Viana, 1992; Santos et al., 1996;

Dubeux Junior & Santos, 2005; Peixoto, 2009; Leite, 2009; Ramos, 2009; Ramos,

2012).

Como adubação orgânica pode ser utilizado esterco bovino, caprino ou ovino na

quantidade de 10 a 30 Mg ha-1 no plantio ou a cada dois anos, preferencialmente, no

início da estação chuvosa (Lopes et al., 2012), portanto, a palma forrageira clone Baiana

como cultura estratégica ou lavoura xerófila regular tem necessidade de adubação

orgânica.

A escolha do espaçamento da palma forrageira é função do sistema de produção

do produtor estando diretamente relacionado à interceptação luminosa, portanto, além

destes fatores é importante considerar a disponibilidade de cladódios para plantio, tipo

de solo, práticas de manejo cultural como capinas, roço, aplicação de fertilizantes e

consórcio com outras culturas.

O espaçamento, como estratégia de manejo, é importante no estabelecimento do

palmal por definir a população de plantas, variando em função da fertilidade do solo,

quantidade de precipitação, finalidade de exploração e com o consórcio a ser utilizado

(Ramos et al., 2011).

Os espaçamentos tradicionais são: 2,0 m x 1,0 m; 1,0 m x 1,0 m; 1,0 m x 0,5 m;

1,5 m x 1,0 m e 1,5 m x 1,5 m e os adensados 1,0 m x 0,1 m; 1,0 m x 0,2 m; 1,0 m x 0,3

m; 1,0 m x 0,5 m; 1,2 m x 0,2 m; 1,3 m x 0,15 m; 1,3 m x 0,2 m; 1,5 m x 0,1 m; 1,5 m x

0,5 m; 1,6 m x 0,1 m; 2,0 m x 0,1 m; 2,0 m x 0,2 m; 2,0 m x 0,5 m; 2,0 m x 0,7 m e

fileiras duplas para consorciação 2,0 m x (1,0 m x 0,1 m); 3,0 m x (0,4 m x 0,4 m); 3,0

m x (1,0 m x 0,5 m); 3,0 m x (0,5 m x 0,5 m); 7,0 m x (1,0 m x 0,5 m) (Albuquerque &

Rao, 1997; Farias et al., 2005; Santos et al., 2010; DIPAP, 2011; Lopes et al., 2012).

O espaçamento menos adensado facilita os tratos culturais como capina, roço e

uso da tração animal ou mecânica, além de minimizar os riscos de pragas e doenças na

cultura, por permitir maior exposição das plantas ao sol (Oliveira Junior et al., 2009),

além disso, por resultar em menor número de plantas por área com reflexo na menor

produção.

Em geral o adensamento aumenta a produtividade da palma (Dubeux Junior et

al., 2006; Santos et al., 2007) resultando em maior número de plantas por hectare

proporcionando maior produção de matéria seca e por outro lado maior exigência em

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nutrientes, devendo-se adensar nas linhas de cultivo deixando maior espaço entre as

linhas para facilitar tratos culturais ou realizar consórcio.

Ramos et al. (2011) pesquisando efeitos de espaçamentos com maior e menor

adensamento no clone Italiana no Curimataú paraibano verificaram efeito para altura de

planta, largura de cladódio e rendimento em massa verde (Mg ha-1) e ausência de efeito

para número, ordem, área, perímetro e espessura de borda dos cladódios.

Pesquisas com avaliações em experimentos de campo, nas condições do

semiárido brasileiro, devem levar em conta a alta variabilidade da distribuição da

precipitação pluvial, em termo espacial e temporal, portanto, na análise de dados é

importante considerar os aspectos da variabilidade da precipitação sobre a dinâmica dos

processos ecofisiológicos da vegetação (Andrade et al., 2006).

O consórcio entre a palma forrageira e a pornunça visa o equilíbrio na

disponibilidade de fitomassa ao rebanho durante todo ano, em função das características

morfofisiológicas adaptativas das espécies em cultivo, a palma forrageira com reserva

de água nos cladódios e sistema radicular extenso e superficial e a pornunça com

reserva hídrica no sistema radicular tuberoso desenvolvido e profundo.

É importante considerar que o uso do consórcio aumenta a competição

interespecífica das espécies com reflexo na menor produção individual das culturas,

tendo compensação na diversidade de produtos alimentares para o sistema pecuário.

A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito do tipo de adubo

orgânico e do espaçamento sobre o crescimento vegetativo da palma forrageira clone

Baiana em consórcio com a pornunça no Curimataú paraibano.

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MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido na Fazenda Cumatí localizada a 06°49’13” de

latitude Sul e 36°21’38” de longitude Oeste a 546 m de altitude inserida no município

de Cubati mesorregião da Borborema e na microrregião do Seridó Oriental conhecido

como Curimataú paraibano (Figura 1). Esta região apresenta clima Bsh semiárido

quente (Classificação de Koppen) com chuvas de janeiro a abril com precipitação e

temperatura média anuais em torno de 400 mm e 26oC, respectivamente.

Figura 1. Localização geográfica da Fazenda Cumatí no município de Cubati - PB.

Para caracterização da área foram coletadas amostras de solo (0 a 20 cm e 20 a

40 cm de profundidade) para análise química e de fertilidade e física através de dez

amostras simples para cada profundidade originando duas compostas para as duas

profundidades. As amostras de solo foram homogeneizadas e com as amostras do

esterco bovino e ovino foram conduzidas para processamento e análise conforme

metodologia adotada pela EMBRAPA (2006) no Laboratório de Química e Fertilidade

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do Solo e no de Física do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural do Centro

de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

De acordo com o resultado da análise química do solo e dos estercos (Tabela 1),

foi recomendado o uso de 20 Mg ha-1 de esterco bovino e ovino quanto a adubação

orgânica baseado nas necessidades nutricionais da palma forrageira cultivada no Estado

do Pernambuco. Não foi realizada correção do solo e adubação química.

Tabela 1. Valores dos atributos químicos do solo e dos estercos da área experimental.

Identificação pH P Na+ K+ H++Al+3 Al+3 Ca+2 Mg+2 SB1 CTC2 MO3

H2O (1:2,5) mg/dm3 Cmolc/dm3 g/kg-1

Solo (0-20 cm) 6,46 16,11 0,1 0,13 1,32 0 2,1 0,35 2,67 3,99 3,19 Solo (20-40 cm) 6,22 10,59 0,1 0,13 0,83 0 1,8 0,15 2,15 2,98 2,57 Esterco Bovino 9,48 1013,6 9,5 10,23 0 0 5,7 3,75 29,1 29,1 237,7 Esterco Ovino 8,91 1062,7 5,6 6,00 0,17 0 7,8 10,1 29,4 29,6 290,3

1 Soma de Bases. 2 Capacidade de Troca de Cátions. 3 Matéria Orgânica.

O solo da área experimental foi classificado como NEOSSOLO Regolítico

(Paraíba, 2012), com textura arenosa com alta taxa de infiltração de água e baixa

capacidade de adsorção de nutrientes quando comparado com solos argilosos, possuindo

teores baixos de matéria orgânica e nitrogênio que diminuem, após alguns anos de uso

(Jacomine, 2002). As características físicas do solo são apresentadas na tabela 2.

Tabela 2. Valores dos atributos físicos do solo da área experimental.

Profundidade (cm)

Areia Silte Argila Total Grossa 2-0.21

Fina 0.2-0.05

Sub-Total 0.05-0.002

<0.002

.....................................................g/kg.......................................................................... 0-20 615 272 887 85 28 1000 20-40 559 330 889 77 34 1000

1 Diâmetro em milímetros da malha da peneira.

Durante o período experimental, abril de 2010 a março de 2013, a precipitação

foi de 974 mm, temperatura máxima de 32,6°C, mínima de 22,0°C e média de 27,3°C

com dados coletados no local do experimento.

Os eventos de chuva se concentraram nos meses de janeiro a maio, sendo o

período seco de junho a dezembro. É importante mencionar que em outubro de 2010 em

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dois dias de eventos de chuva foram registrados 120 mm, precipitação atípica, pois nos

últimos quinze anos o mês de outubro registrou apenas 59 mm (AESA, 2012). A partir

de agosto de 2011 até março de 2013, praticamente não choveu (sete milímetros em

janeiro e 60 mm em junho de 2012), caracterizando um forte período de estiagem

(dezenove meses). Estes dados evidenciam alta variabilidade anual e mensal, típico do

Semiárido Brasileiro, que afeta a disponibilidade de água para as culturas em estudo. Os

valores de temperatura máxima e mínima se mantêm constante ao longo do experimento

e as umidades relativas máximas e mínimas decaem a partir de agosto de 2011 devido à

ausência de precipitação, ocorrendo alta em julho de 2012 (Figura 2).

0102030405060708090

020406080

100120140160180

ABR

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OU

TN

OV

DEZ JA

NFE

V

MAR AB

R

MAI

JUN

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AGO

SET

OU

T

NO

VD

EZ JAN

FEV

MAR AB

R

MAI

JUN

JUL

AGO

SET

OU

TN

OV

DEZ JA

N

FEV

MAR

2010 2011 2012 2013

Tem

pera

tura

°C e

Um

idad

e Re

lativ

a (%

)

Prec

ipita

ção

(mm

)

PRECIPITAÇÃO TEM. MAX TEM. MIN UR. MAX UR. MIN

Figura 2. Precipitação pluvial mensal (mm), temperaturas e umidades relativas médias

mensais máximas e mínimas (°C e %), entre abril de 2010 a março de 2013.

A distribuição da precipitação pluvial mensal com os dias de pulso chuvoso no

mês durante o período experimental encontra-se na tabela 3.

Tabela 3. Distribuição da precipitação pluvial mensal, número de dias no mês e o dia do mês com chuva entre abril de 2010 e outubro de 2013.

2010 Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

- - - 39 14 81 10 0 0 120 0 73

N°de dias com chuva

(un)

- - - 3 2 4 1 0 0 2 0 2

Dias do mês com chuva

- - - 9,16,17 2,4 1,3,5,18

16 0 0 22,23 0 17,18

2011 Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipita- ção (mm)

69 40 63 118 169 15 96 0 0 0 0 0

N°de dias com

chuva

4

3

5

6

5

1

6

0

0

0

0

0

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(un) Dias do

mês com chuva

4,21,22 ,23

14,15, 26

1,5,8,15,22

2,11,12,20 ,28,30

1,3,4,5,17

29 7,9,12,15, 16,17

0

0

0

0

0

2012 Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

7 0 0 0 0 60 0 0 0 0 0 0

N°de dias com chuva

(un)

1

0

0

0

0

2

0

0

0

0

0

0

Dias do mês com chuva

13 0 0 0 0 24,28 0 0 0 0 0 0

2013 Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

0 0 0 0 30 20 0 0 0 0

N°de dias com chuva

(un)

0

0

0

0

2

1

0

0

0

0

Dias do mês com chuva

0 0 0 0 15,20 12 0 0 0 0

O clone da palma forrageira escolhido neste estudo foi a Baiana em função de

ser resistente a cochonilha-do-carmim (Dactylopius opuntiae Cockerell, 1896) praga

que vem dizimando os palmais de Opuntia ficus-indica nos Estados da Paraíba e

Pernambuco, bem como, planta ecofisiologicamente adaptada às condições do

semiárido e tolerante a estresses hídricos disponibilizando fitomassa verde ao longo do

ano agrícola.

Utilizou-se o esquema de parcelas subdivididas no tempo em delineamento

experimental de blocos ao acaso, com cinco repetições em parcelas de 5,0 m x 5,0 m e

tratamentos 2 x 2 correspondendo a dois espaçamentos (1,5 m x 0,5 m e 1,5 m x 1,0 m)

e dois estercos (bovino e ovino) na parcela principal e na subparcela tempo. O cultivo

da palma foi em consórcio com a pornunça.

Com relação ao tempo foram registradas três avaliações, a primeira de dezembro

de 2009 a março de 2011 (450 Dias após o plantio - DAP) a segunda de abril de 2011 a

março de 2012 (780 DAP) e a terceira de abril de 2012 a março de 2013 (1110 DAP).

A unidade experimental foi formada por quatro fileiras de palma perfazendo

quarenta e quatro plantas no espaçamento de 1,5 m x 0,5 m (13.333 plantas ha-1) e vinte

e quatro plantas no espaçamento 1,5 m x 1,0 m (6.666 plantas ha-1), sendo que, foram

coletados dados de oito plantas das fileiras centrais em cada espaçamento e o restante

constituiu a bordadura.

O plantio da palma forrageira foi realizado em dezembro de 2009 com os

cladódios matrizes provenientes do município de Monteiro-PB, na posição vertical, com

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a metade do mesmo enterrado no solo. As coletas de dados se iniciaram em 10 de abril

de 2010, cento e nove dias após o plantio.

As capinas foram realizadas na medida do surgimento das ervas espontâneas,

sendo cinco em 2010, três em 2011 e nenhuma até outubro de 2013.

Foram realizadas três adubações orgânicas no período experimental da palma

forrageira e duas no da pornunça de forma simultaneamente com esterco bovino e

ovino, nos meses de maio de 2010 e março de 2011 e de 2012 na quantidade de 20 Mg

ha-1 de cada esterco para as duas culturas em torno das plantas cultivadas. Os estercos

foram recolhidos na própria propriedade nos currais destinados aos bovinos e ovinos,

procedendo-se a análise química em separado para a determinação da quantidade a ser

utilizada na cultura da palma forrageira. A palma forrageira clone Baiana quanto à morfometria foi avaliada a cada 30

dias, onde foram efetuadas medições da altura de planta, comprimento, largura,

perímetro e espessura de borda dos cladódios, número e classificação dos cladódios. A

altura de planta foi tomada do nível do solo até o cladódio mais alto e as dimensões e o

perímetro dos cladódios foi realizado com fita graduada em milímetros e a espessura

com paquímetro, sendo avaliado o primeiro cladódio de baixo para cima a direita de

cada ordem. O número de cladódios foi determinado por contagem de acordo com a

classificação de ordem, primários como originários do cladódio base, secundários como

originários do primário e assim sucessivamente, para em seguida, ser determinado o

número por planta.

Os cladódios primários foram escolhidos para as medidas morfométricas de

comprimento, largura, perímetro e espessura de borda por representarem 86,7 % do total

de cladódios do experimento.

Para determinação da produção de matéria verde (MV) foi realizado o corte da

parte aérea das plantas em outubro de 2013, com 1290 dias após o plantio, preservando-

se um cladódio primário em cada planta visando à manutenção do estande. Foram

cortadas as oito plantas que constituíam as unidades experimentais obtendo-se o peso

médio por planta que multiplicado pelo respectivo número de plantas por hectare de

cada espaçamento 1,5 m x 0,5 m (13.333 plantas ha-1) e 1,5 m x 1,0 m (6.666 plantas ha-

1) obteve-se a produção de MV ha-1. Posteriormente para se obter a produção em

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matéria seca por hectare foi considerado o teor médio de 11,0% de matéria seca do

clone Baiana.

Para analisar a produção de fitomassa seca no sistema palma com pornunça na

determinação da produção de matéria seca da pornunça foi considerado o teor médio de

29,0% de matéria seca da produção de fitomassa verde resultante dos quatro cortes no

período de fevereiro de 2011 a fevereiro de 2012.

Os resultados das avaliações foram submetidos à análise de variância. As

variáveis foram avaliadas pelo teste Bartlett quanto à homogeneidade e pelo teste

Kolmogorov-Smirnov quanto à normalidade.

As variâncias das variáveis que se mostraram homogêneas tiveram os fatores em

estudo avaliados pelo teste F, caso contrário, fez-se uso da transformação. Quando os

resultados revelaram significância ao nível de 5% de probabilidade as médias foram

comparadas pelo teste Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, empregando-se o

programa de análise estatística SAS segundo o modelo matemático, Yijk = µ + bi + tj + eij

+ ck + eijk, em que: Yijk = variável independente; µ = média geral; bi = efeito do bloco i; i

(i = 1, 2, 3, 4, 5); tj12 = efeito do tratamento j12; j1 (j1 = 1, 2), j2 (j2 = 1, 2); eij = erro da

parcela principal; c = efeito da avaliação k; (k = 1, 2, 3); tcjk = efeito de interação

tratamento x período e eijk = erro experimental.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Os efeitos dos estercos bovino e ovino em relação aos espaçamentos 1,5 m x 0,5

m e 1,5 m x 1,0 m e avaliações um, dois e três, bem como, os espaçamentos versus as

três avaliações estão nas figuras 3 e 4.

Figura 3. Morfometria da palma forrageira clone Baiana cultivada sob adubação orgânica (Et1 = Esterco Bovino, Et2 = Esterco Ovino) e dois espaçamentos (Ep1 = 1,5 m x 0,5 m, Ep2 = 1,5 m x 1,0 m) com três avaliações (Av1 = 450 dias após o plantio, Av2 = 780 dias após o plantio, Av3 = 1110 dias após o plantio) no Curimataú paraibano. As barras verticais indicam o erro padrão da média. Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey para estercos x espaçamentos e estercos x avaliações.

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Figura 4. Morfometria da palma forrageira clone Baiana cultivada sob adubação orgânica (Ep1 = 1,5 m x 0,5 m, Ep2 = 1,5 m x 1,0 m) e avaliações (Av1 = 450 dias após o plantio, Av2 = 780 dias após o plantio, Av3 = 1110 dias após o plantio) no Curimataú paraibano. As barras verticais indicam o erro padrão da média. Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey para espaçamentos x avaliações.

De acordo com a análise de variância dos dados referente à altura média das

plantas de palma forrageira clone Baiana nos estercos bovino e ovino em relação aos

espaçamentos e avaliações foi verificado efeito (P<0,05) no espaçamento menos

adensado (1,5 m x 1,0 m) para o esterco ovino e na primeira avaliação para ambos os

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estercos e não diferença na segunda e terceira avaliação nos dois estercos (Figura 3). Foi

verificado maior altura nas plantas sob efeito do esterco ovino no espaçamento menos

adensado e na segunda e terceira avaliação. É provável que esta maior altura em termos

de espaçamentos e avaliações se deva ao efeito residual da mineralização do esterco

ovino ao longo do período experimental e sua composição química (Tabela 1), bem

como, ao crescimento da cultura durante as avaliações.

Na interação entre espaçamentos e avaliações (Figura 4) as plantas de palma

forrageira clone Baiana apresentaram maior altura na segunda e terceira avaliação,

sendo que, com a escassez hídrica acentuada na avaliação dois e três esta altura se

estabilizou independente do espaçamento aplicado.

A altura média de 43,17 cm do clone Baiana aos 1110 dias após o plantio (DAP)

deste trabalho foi inferior ao valor médio de 69,40 cm encontrado por Leite (2009) no

Cariri paraibano aos 1000 dias no espaçamento de 1,0 m x 0,5 m adubada com 20 Mg

ha-1 de esterco caprino. Provavelmente a menor altura observada tenha sido

conseqüência da escassez de precipitação a partir de agosto de 2011 (Figura 2) ocorrida

na área experimental, bem como, ao solo mais argiloso com maior disponibilidade de

nutrientes e melhor retenção de água do que o solo arenoso deste estudo com menor

presença de nutrientes e retenção de umidade no solo.

Os valores deste estudo foram inferiores aos encontrados por Ramos (2012) com

139,55 cm aos 720 DAP com clone Gigante e Oliveira Júnior et al. (2009) com 76,4 cm

aos 455 DAP com clone Italiana, ambas adubadas com 20 Mg ha-1 de esterco caprino,

contudo, pertencentes ao gênero Opuntia que geralmente apresentam maiores valores de

altura do que plantas do clone Baiana pertencente ao gênero Nopalea.

O número médio de cladódios do clone Baiana por planta foi maior no esterco

ovino no espaçamento menos adensado e na terceira avaliação (P<0,05) conforme

figuras 3 e 4. É provável que este resultado tenha ocorrido devido ao efeito residual da

mineralização das “cíbalas” do esterco ovino em função da maior precipitação na

avaliação um e nas avaliações dois e três com a escassez de precipitação, as “cíbalas”

presentes ficaram túrgidas tornando mais eficiente o uso da pouca presença de umidade

no solo e ao próprio crescimento da planta. O maior número de cladódios na segunda e

terceira avaliação não induziu o aumento da altura nestas respectivas avaliações devido

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o hábito de crescimento lateral e não vertical dos cladódios secundários do clone

Baiana.

O comprimento de cladódio primário do clone Baiana no esterco bovino e no

espaçamento 1,5 m x 1,0 m foi superior (P<0,05) em relação ao de 1,5 m x 0,5 m,

provavelmente devido à menor competição por luz e nutrientes, já para o esterco ovino

e avaliações dois e três não foram significativos (P>0,05) (Figura 3). É provável que

esta estabilidade no comprimento dos cladódios se deva ao comportamento fisiológico

do crescimento do cladódio, ou seja, com cerca de sessenta dias após o surgimento do

mesmo ocorre uma estabilização no seu comprimento.

Quanto aos espaçamentos em função das avaliações o comprimento dos

cladódios primários não apresentou diferença (P>0,05) (Figura 4). É provável que isto

se deva ao comportamento fisiológico do crescimento do próprio cladódio, pois foi

observado in loco que após sessenta dias o comprimento estabilizava independente do

tipo de esterco e presença de umidade no solo.

Leite (2009) ao avaliar o comprimento de cladódio do clone Baiana aos 1000

DAP sob efeito de adubação orgânica com 20 Mg ha-1 de esterco caprino no Cariri

paraibano encontrou valores médios de 27,50 cm superiores ao desta pesquisa que foi

de 20,86 cm, provavelmente devido ao tipo de solo mais argiloso com maior

disponibilidade de nutrientes e melhor retenção de água do que o solo arenoso deste

estudo com menor presença de nutrientes e menor retenção de água.

Os valores da largura dos cladódios primários não foram afetados pelos estercos

bovino e ovino, como também, pela primeira e segunda avaliação (P>0,05) (Figura 3). É

provável que a maior largura dos cladódios na terceira avaliação se deva ao acentuado

estresse hídrico que diminuiu a espessura de borda dos mesmos com reflexo na largura

(Figura 4).

Leite (2009) avaliando a largura de cladódio do clone Baiana aos 1000 DAP sob

efeito de adubação orgânica com 20 Mg ha-1 de esterco caprino no Cariri paraibano

encontrou valores médios de 13,57 cm, superiores ao desta pesquisa que foram de 11,26

cm, evidenciando flexibilidade desta variável a condições experimentais distintas.

Nos espaçamentos em função das avaliações quanto à largura dos cladódios

primários ocorreu diferença (P<0,05) (Figura 4). A largura apresentou diferença

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estatística na avaliação três nos dois espaçamentos. Independente do espaçamento, com

forte estresse hídrico, a largura aumentou.

Os valores de perímetro dos cladódios primários não foram afetados pelos

fatores esterco, espaçamento e na segunda e terceira avaliação (P>0,05) (Figura 3). A

diferença referente à primeira avaliação no esterco bovino e ovino deve-se

provavelmente ao aspecto fisiológico de crescimento do próprio cladódio, com o

mesmo crescendo de forma acentuada até os sessenta dias e mantendo estabilidade após

este intervalo de tempo.

Leite (2009) ao avaliar o perímetro do clone Baiana aos 1000 DAP sob efeito de

adubação orgânica com 20 Mg ha-1 de esterco caprino no Cariri paraibano encontrou

valores médios de 67,50 cm, superiores ao desta pesquisa que foram de 46,80 cm aos

1110 DAP, provavelmente devido ao solo argiloso e maior precipitação das suas

condições experimentais, evidenciando a flexibilidade desta variável a diferentes

condições edafoclimáticas.

Os perímetros não foram afetados (P>0,05) pelos espaçamentos. Não ocorreu

diferença nas três avaliações quanto aos perímetros no espaçamento menos adensado e

no mais adensado apenas na primeira avaliação (Figura 4).

A espessura de borda dos cladódios foi maior no esterco ovino no espaçamento

menos adensado, provavelmente devido à maior presença de umidade no solo com

menor competição por este recurso em função da menor presença de plantas por

unidade de área. Ocorreu decréscimo da espessura de borda independente dos estercos à

medida que aumentou a escassez de recursos hídricos na segunda e terceira avaliação

(Figura 3).

Quanto aos espaçamentos nas três avaliações a espessura de borda diminuiu

independente do maior ou menor adensamento (Figura 4). É provável que esta

diminuição se deva ao estresse hídrico que se acentuou na segunda (405 mm em doze

meses) e terceira avaliação (60 mm em doze meses).

Em relação à altura de planta e o número de cladódios do clone Baiana quanto

aos espaçamentos e avaliações nos estercos verificou-se diferença (P<0,05) no

espaçamento menos adensado e na segunda e terceira avaliação para o esterco ovino

(Figura 5).

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Figura 5. Morfometria da palma forrageira clone Baiana entre estercos x espaçamentos e estercos x avaliações no Curimataú paraibano. Legenda: Et1 = Esterco Bovino, Et2 = Esterco Ovino. Ep1 = Espaçamento 1,5 m x 0,5 m, Ep2 = Espaçamento 1,5 m x 1,0 m. Av1 = Avaliação aos 450 dias após o plantio, Av2 = Avaliação aos 780 dias após o plantio, Av3 = Avaliação aos 1110 dias após o plantio. As barras verticais indicam o erro padrão da média. Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey.

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Na interação entre espaçamentos e avaliações (Figura 6) as plantas de palma

clone Baiana com espaçamento menos adensado apresentaram maiores valores do que

as mais adensadas em relação à altura de planta e número de cladódios.

Figura 6. Morfometria da palma forrageira clone Baiana entre espaçamentos x avaliações no Curimataú paraibano. Legenda: Ep1 = Espaçamento 1,5 m x 0,5 m, Ep2 = Espaçamento 1,5 m x 1,0 m. Av1 = Avaliação aos 450 dias após o plantio, Av2 = Avaliação aos 780 dias após o plantio, Av3 = Avaliação aos 1110 dias após o plantio. As barras verticais indicam o erro padrão da média. Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey.

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É provável que a menor população de plantas (6.666 plantas ha-1) no

espaçamento 1,5 m x 1,0 m com maior escassez hídrica tenham aproveitado a menor

umidade do solo do que a maior população de plantas (13.333 plantas ha-1) do

espaçamento 1,5 m x 0,5 m.

Ramos et al. (2011) pesquisando efeitos dos espaçamentos 2,0 m x 1,0 m; 2,0 m

x 0,5 m; 1,0 m x 1,0 m; 1,0 m x 0,5 m com clone Italiana no Curimataú paraibano não

verificaram efeito quanto ao número de cladódios por planta diferentemente deste

trabalho.

O comprimento, a largura e o perímetro dos cladódios primários quanto aos

efeitos entre os estercos bovino e ovino em relação aos espaçamentos 1,5 m x 0,5 m e

1,5 m x 1,0 m e as avaliações um, dois e três, bem como, os espaçamentos versus

avaliações não apresentaram diferença estatística (P>0,05) Figuras 5 e 6. É provável que

isto se deva ao comportamento fisiológico do crescimento do próprio cladódio, pois foi

observado in loco que após sessenta dias o comprimento estabilizava independente do

tipo de esterco e presença de umidade no solo, bem como, a escassez de eventos de

precipitação a partir de agosto de 2011 (Figura 2) e a umidade no solo foi insuficiente

para a mineralização dos estercos de forma eficiente.

A espessura de borda de cladódios primários se comporta de forma similar

quanto aos diferentes espaçamentos e avaliações (Figura 6), mas, sob efeito do esterco

ovino e da avaliação dois ocorreu diferença positiva (Figura 5). É provável que o

esterco ovino tenha disponibilizado maior umidade no solo do que o bovino

prontamente aproveitado pela planta refletindo em uma maior espessura de borda do

cladódio, já que o mesmo estando na forma de cíbalas e estas quando úmidas ficam

túrgidas podendo proporcionar maior umidade ao solo.

A produção de matéria seca da palma forrageira clone Baiana sob efeito dos

estercos e espaçamentos encontra-se na tabela 4.

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Tabela 4. Produção de matéria seca Mg ha-1 da palma forrageira clone Baiana aos 1290

dias após o plantio sob efeito dos estercos bovino e ovino e espaçamentos 1,5

m x 0,5 m e 1,5 m x 1,0 m no Curimataú paraibano.

Estercos Espaçamentos Média 1,5 m x 0,5 m 1,5 m x 1,0 m

Bovino 6389,52 4043,49 5216,50B Ovino 8197,58 7831,22 8014,40A Média 7293,55a 5937,00a

CV (%) = 24,62 Médias seguidas de letras iguais na coluna (maiúscula) e linha (minúscula) de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Houve diferença para produção de fitomassa seca da palma forrageira clone

Baiana quanto ao uso de estercos (P<0,05). O esterco ovino proporcionou, aos 1290

dias após o plantio, maior produção de fitomassa seca, superior ao tratamento com

esterco bovino. É provável que a maior altura de plantas com o maior número de

cladódios (Figuras 3 e 5), em virtude da mineralização gradual do esterco ovino em

forma de “cíbalas” quando da presença de precipitação tenham refletido em maior

produção de fitomassa seca para o uso do esterco ovino.

É importante ressaltar que o rendimento de fitomassa seca não apresentou

diferença (P>0,05) entre os tratamentos com espaçamento mais adensado e menos

adensado. Provavelmente com a baixa precipitação pluvial no solo arenoso da área

experimental e a menor mineralização dos estercos, a população de plantas do

espaçamento mais adensado (13.333 plantas ha-1) exauriu os nutrientes disponíveis não

refletindo em uma maior produção de forma significativa para o espaçamento de 1,5 m

x 0,5 m.

De acordo com Ramos et al. (2011) e Dubeux Junior et al. (2006), plantios mais

adensados de palma forrageira cultivar Gigante, proporcionaram maiores rendimentos

em matéria seca, contudo, Alves et al. (2007) não encontraram influência de diferentes

espaçamentos sobre a produtividade de biomassa desta mesma cultivar, resultado

semelhante ao deste estudo.

Analisando o sistema palma forrageira e pornunça quanto ao uso dos estercos

não foi verificado efeito (P>0,05) do esterco bovino entre as duas espécies, enquanto,

com relação ao esterco ovino ocorreu efeito (P<0,05) para a palma forrageira, conforme

tabela 5.

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Tabela 5. Produção de matéria seca Mg ha-1 da palma forrageira clone Baiana aos 1290

dias após o plantio consorciada a pornunça aos 688 dias após o plantio com

quatro cortes sob efeito dos estercos bovino e ovino no Curimataú paraibano.

Espécies Estercos Bovino Ovino

Palma Forrageira 5216,50bA 8014,40aA Pornunça 3968,18aA 4295,90aB

CV(%) = 26,69 Médias seguidas de letras iguais nas colunas (maiúscula) e linhas (minúscula) de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

É provável que o sistema radicular superficial e extenso da palma forrageira

clone Baiana tenha aproveitado de forma mais eficiente a mineralização gradual do

esterco ovino com reflexo na maior produção desta espécie forrageira diferentemente do

esterco bovino. Este sistema radicular da palma mostrou-se mais eficiente no

aproveitamento da mineralização do esterco ovino com efeito (P<0,05) na produção,

não ocorrendo o mesmo com a pornunça cujo sistema radicular tuberoso e profundo não

se mostrou tão eficiente.

Provavelmente a competição interespecífica favoreceu a palma forrageira clone

Baiana quanto a assimilação dos nutrientes presentes no solo e como a pornunça teve

quatro cortes em um período de doze meses o seu sombreamento sobre a palma não

interferiu de forma significativa na competição por luz.

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CONCLUSÕES

Em condições de sequeiro, a adubação orgânica com esterco bovino ou ovino,

assim como o espaçamento de plantio não tem efeito sobre o comprimento, largura e

perímetro dos cladódios primários do clone Baiana;

No período das chuvas, a adubação com esterco ovino no espaçamento menos

adensado proporciona crescimento da palma forrageira em termos de altura e número de

cladódios em comparação ao esterco bovino e maior adensamento de plantas;

A espessura dos cladódios da palma forrageira, clone Baiana, diminui na estação

seca, sem alterar o seu comprimento e largura;

Os tipos de adubos orgânicos, bovino e ovino não influencia no crescimento

vegetativo da palma forrageira clone baiana consorciada com a pornunça;

O esterco ovino proporciona maior produção de matéria seca na palma forrageira

clone Baiana independente do espaçamento.

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CAPÍTULO III

____________________________________________________________

Crescimento e composição químico-bromatológica da pornunça

cultivada em consórcio com palma forrageira sob adubação orgânica

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Crescimento e composição químico-bromatológica da pornunça

consorciada com palma forrageira sob adubação orgânica

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da adubação orgânica e cortes sobre o crescimento e composição química da pornunça (Manihot sp.) em consórcio com palma forrageira (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) clone Baiana no Curimataú paraibano. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos ao acaso com parcela subdivididas sendo duas adubações orgânicas, esterco bovino e ovino, quatro cortes e quatro repetições, em parcelas de 5,0 m x 5,0 m. Foram realizadas duas adubações uma em maio de 2010 e a outra em março de 2011 na quantidade de 20 Mg ha-1. Não houve efeito (P>0,05) de tipo de esterco na altura de rebrota, acréscimos em diâmetro de caule, número de folhas e ramos da pornunça quanto ao uso de esterco bovino e ovino. Houve diferença (P<0,05) entre os cortes, para produção de matéria verde em kg ha-1 nos cortes um e dois e não diferença para os cortes três e quatro. Quando foi considerada a produção da pornunça em diferentes componentes estruturais limbo foliar, pecíolo e ramo (diâmetro ≤ 1,0 cm) ocorreram diferença entre os respectivos componentes. Não ocorreu efeito de estercos quanto à produção de matéria verde (kg ha-1) na fração completa, limbo foliar, pecíolo e ramo da pornunça. A composição química do limbo foliar, pecíolo, ramo e completa (limbo foliar mais pecíolo e ramo) não apresentaram diferença (P>0,05) entre o esterco bovino e ovino, contudo, diferenças foram verificadas entre os cortes, exceto para amostras do limbo foliar da matéria seca e amostras completas de estrato etéreo, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e hemicelulose. Não ocorreu diferença (P>0,05) quanto à digestibilidade da parte aérea da pornunça (limbo foliar mais pecíolo e ramo) entre os estercos, entretanto diferenças foram verificadas entre os cortes. Os teores de fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e hemicelulose foram maiores nos ramos do que nos limbos foliares e pecíolos. A fração limbo apresentou 220,0 g/kg de PB e a fração completa 152,2 g/kg de PB. Os teores de matéria orgânica e mineral não apresentaram diferença quanto aos estercos, verificando-se diferenças nos cortes. Nas condições ambientais deste experimento a pornunça deve ser considerada como fonte alimentar em função dos valores da composição químico-bromatológica apresentados, sendo o limbo foliar o de melhor valor nutritivo.

Palavras-chave: esterco bovino, esterco ovino, lavoura xerófila, semiárido

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Growth and chemical and bromatological composition of pornunça

intercropped with forage cactus enriched with organic fertilizer

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of organic fertilization and cuts on growth and chemical and bromatological composition of pornunça (Manihot sp.) intercropped with forage cactus (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck) clone Baiana in the Curimataú region of Paraíba. The experiment followed the complete block design with split plots with two organic fertilizations, cattle and sheep manure, and four cuts, in 5 m x 5 m plots. The two organic fertilizations occurred in May 2010 and in March 2011 in the amount of 20 Mg ha-1. No effect (P>0.05) of type of manure was observed on height of sprouts, increase in stem diameter, and number of leaves and branches of pornunça. Difference (P<0.05) in fresh biomass production was observed between the first and second cuts, while no difference was observed between the third and fourth cuts. When the structural components were considered separately (leaf blade, petiole and branch ≤ 1.0 cm), differences in fresh biomass production between these structures were detected. Type of manure had no effect on leaf blade, petiole, branch and leaf blade&petiole&branch fresh biomass production (kg ha-1) of pornunça. Leaf blade, petiole, branch and leaf blade&petiole&branch chemical composition was not affected (P>0.05) by type of manure, however, differences were observed between cuts, except for leaf blade dry matter content, and leaf blade&petiole&branch ether extract, neutral and acid detergent fiber and hemicellulose contents. Digestibility of fresh above ground biomass was not affected (P>0.05) by type of manure, while differences were observed between cuts. Neutral and acid detergent fiber and hemicellulose contents were higher in branches than in leaf blade and petiole. Crude protein contents in leaf blade and leaf blade&petiole&branch were, respectively, 220.0 and 152.2 g/kg. Organic matter and ash contents were not affected by type of manure, but difference were observed between cuts. In the environmental conditions of this experiment, pornunça should be considered as a food source due to its chemical and bromatological composition, and the leaf blade shows the best nutritive value. Keywords: cattle manure, sheep manure, xerophilous crop, semiarid

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INTRODUÇÃO

A presença da matéria orgânica no solo tem relação direta com a estabilidade

dos agregados e da estrutura do solo, infiltração e retenção de água, resistência à erosão,

atividade biológica, capacidade de troca de cátions (CTC), disponibilidade de nutrientes

e liberação de CO2 e outros gases para a atmosfera refletindo na produção das culturas

(Mielniczuk, 2008). Devido aos efeitos diretos e indiretos sobre características do solo e

das plantas a matéria orgânica do solo é o alicerce da sustentabilidade agrícola nos

trópicos, devendo-se aproveitar da sua presença na propriedade para realizar adubações

constantes nas culturas exploradas.

Os solos do Semiárido Brasileiro apresentam baixos teores de matéria orgânica,

conseqüentemente a produtividade depende da fertilidade natural, que na maioria das

vezes, não atende as necessidades de nutrição das culturas, tornando a adição de matéria

orgânica necessária, tendo o uso de estercos de animais uma prática de manejo do solo

que viabiliza esta adição.

O uso da fertilização química no semiárido brasileiro é reduzida em função dos

custos elevados e riscos de perdas devido à irregularidade e imprevisibilidade da

precipitação, portanto, outra maneira de elevar a fertilidade do solo está na adição de

matéria orgânica, sendo que uma das formas mais eficientes é o uso de estercos de

origem animal devido sua composição, disponibilidade, benefícios da aplicação e ser

uma prática comum na região.

Os estercos animais apresentam composição variável devido à espécie animal,

raça, idade, alimentação, sistema de exploração, manejo animal, forma de coleta e

manipulação (Holanda, 1990; Vitti et al., 1995). Os valores médios em percentagem de

nutrientes para o esterco bovino quanto ao N, P, K, Ca e Mg são 1,8; 0,82; 1,90; 1,34;

0,71 e o do esterco ovino equivale a 1,4; 0,53; 2,18; 4,33; 0,73 respectivamente

(Holanda, 1990; Carvalho & Guerra, 2012).

A disponibilidade do esterco de animais, principalmente o bovino, na maioria

das propriedades agrícolas é insuficiente na adubação em larga escala, contudo, com

práticas de manejo eficiente se torna uma ferramenta a mais na manutenção da

fertilidade dos solos do semiárido brasileiro, pois um bovino e um ovino produzem em

base úmida cerca de 17.350 e 550 kg/ano, respectivamente (Holanda, 1990).

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Os benefícios da aplicação dos estercos se relacionam as propriedades físicas,

químicas e biológicas do solo. Melhoram a estrutura do solo aumentando a

permeabilidade, estabilidade de agregados e aeração, retenção de água no solo.

Equilibra os valores do pH e aumentam os teores de N, P, S, Ca, Mg e reduzem o Al na

camada superficial disponibilizando mais nutrientes para as plantas. Elevam a

população de macro e microorganismos que ao decomporem a matéria orgânica

disponibilizam nutrientes as plantas (Holanda, 1990).

A pornunça recebendo 11 Mg ha-1 de esterco bovino, com espaçamento 2,0 m x

2,0 m totalizando 2500 plantas por hectare, apresentou produção de matéria verde de

2718,00 kg/ha, com onze meses de plantio com uma precipitação de 647,8 mm durante

o período experimental (Vasconcelos et al., 2010). Os espaçamentos mais utilizados

nesta cultura são: 1,0 m x 1,0 m; 2,0 m x 1,0 m; 2,0 m x 2,0 m; 3,0 m x 3,0 m (Silva &

Santana, 2005; Silva et al., 2009; Vasconcelos et al., 2010; Ferreira et al., 2009).

O crescimento vegetal é caracterizado pelo aumento irreversível de uma

grandeza física como número de células, massa fresca e seca, área, comprimento, altura,

diâmetro, volume, ou seja, apresenta caráter quantitativo, portanto, o conhecimento dos

processos que o compõem constitui elemento importante no estabelecimento de

estratégias racionais para o manejo de pastagens (Gomide et al., 2006).

A análise de crescimento avalia o aumento da planta como um todo e a

contribuição dos diversos órgãos no crescimento total. Os dados coletados permitem

inferir atividade fisiológica estimando de forma precisa a variação de crescimento entre

as plantas diferentes ou plantas iguais crescendo em ambientes com condições

ambientais variadas, sob efeitos de adubações e práticas de manejo como cortes

sucessivos da parte aérea.

O crescimento das plantas no semiárido brasileiro tem melhor entendimento sob

a ótica de “pulsos - reservas”, seja de precipitação e/ou reservas de água no solo, onde

ocorre uma relação simples e direta entre os eventos de chuvas (pulsos) e a produção

primária (Andrade et al., 2006). Portanto, ao se realizar adubação orgânica com estercos

animais é importante considerar a presença de umidade no solo para que ocorra a

mineralização dos nutrientes destes, tornando-os disponíveis ás plantas.

O cultivo de plantas adaptadas às condições do semiárido brasileiro pode manter

o equilíbrio na disponibilidade alimentar ao longo do tempo, diminuindo o gargalo da

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escassez nutritiva no período de seca. A pornunça (Manihot sp.) se adequa a estes

parâmetros devendo ser estudada para se avaliar suas potencialidades.

Plantas do gênero Manihot respondem bem a cortes sucessivos, quando se

objetiva a utilização da parte aérea na alimentação animal, pois favorecem um maior

aproveitamento do potencial produtivo da cultura e forragem com qualidades nutritivas

superiores, sendo que, o limbo foliar é o componente estrutural que apresenta melhores

valores nutritivos (Silva & Santana, 2005; Silva et al., 2009; Alencar et al., 2012b).

Em euforbiáceas com finalidade de produção de forragem da parte aérea, um fator

importante a ser considerado é a partição desta estrutura em percentual de limbo foliar,

pecíolo e ramo (Costa et al., 2007).

O corte da parte aérea de espécies do gênero Manihot para fornecimento aos

animais pode ser feito em áreas onde há disponibilidade de água, não sendo elucidados

ainda os efeitos desta forma de manejo sobre as plantas em áreas dependentes de chuva

(Cavalcanti & Araújo, 2000).

Existem recomendações de corte da parte aérea da maniçoba e da mandioca para

fenação e armazenamento, porém, ainda não é conhecido o número de cortes que podem

ser realizados em um ano, bem como quais as implicações, principalmente quando as

plantas são submetidas a cortes antes e durante o período de estiagem (Alencar et al.,

2012a).

A quantidade de cortes da parte aérea da pornunça no sistema de produção em

sequeiro é dependente da umidade do solo, sendo que, em função do seu sistema

radicular tuberoso desenvolvido com fontes de reserva de assimilados proporciona

rebrota mesmo no período de seca, desde que o primeiro ano de cultivo seja destinado

ao desenvolvimento deste sistema radicular para que a partir do segundo ano os cortes

sejam feitos de forma sucessiva.

Pesquisas com avaliações em experimentos de campo, nas condições do semiárido

brasileiro, devem levar em conta a alta variabilidade da distribuição da precipitação

pluvial, em termo espacial e temporal, portanto, na análise de dados é importante

considerar os aspectos da variabilidade da precipitação sobre a dinâmica dos processos

ecofisiológicos da vegetação (Andrade et al., 2006).

O cultivo da pornunça em consórcio com a palma forrageira clone Baiana como

lavoura xerófila regular tem muito a contribuir na equidade forrageira ao longo do ano,

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principalmente no período seco, que é a maior parte do tempo, tornando a exploração

pecuária atividade com menor risco.

A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito da adubação orgânica,

esterco bovino e ovino, sobre o crescimento vegetativo, produtividade e qualidade de

fitomassa aérea da pornunça sofrendo cortes sucessivos em consórcio com palma

forrageira clone Baiana, no Curimataú paraibano.

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MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido na Fazenda Cumatí, localizada a 06°49’13” de

latitude Sul e 36°21’38” de longitude Oeste a 546 m de altitude inserida no município

de Cubatí mesorregião da Borborema e na microrregião do Seridó Oriental conhecido

como Curimataú paraibano (Figuras 1 e 2). Esta região apresenta clima Bsh semiárido

quente (Classificação de Koppen) com chuvas de janeiro a abril com precipitação e

temperatura média anuais em torno de 400 mm e 26oC, respectivamente.

Figura 1. Localização geográfica da Fazenda Cumatí no município de Cubatí - PB.

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Figura 2. Localização geográfica do município de Cubatí - PB.

Na área experimental foram coletadas amostras de solo com 0 a 20 cm e 20 a 40

cm de profundidade para análise química e de fertilidade e caracterização física. As

amostras foram homogeneizadas e conduzidas para processamento e análise conforme

metodologia adotada pela EMBRAPA (2006) nos laboratórios de Química e Fertilidade

do Solo e no de Física do Solo do Departamento de Solos e Engenharia Rural do Centro

de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). As amostras de

esterco bovino e ovino foram enviadas ao mesmo laboratório para determinação da

análise química e de fertilidade.

De acordo com o resultado da análise do solo e estercos (Tabela 1), foi

recomendado o uso de 20 Mg ha-1 de esterco bovino e ovino, valores determinados com

base na exigência da cultura da mandioca.

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Tabela 1. Valores dos atributos químicos do solo e estercos aplicados na área experimental.

Identificação

pH P Na+ K+ H++Al+3 Al+3 Ca+2 Mg+2 SB1 CTC2 MO3

H2O (1:2,5) mg/dm3 Cmolc/dm3 g/kg-1

Solo (0-20 cm) 6,46 16,11 0,1 0,13 1,32 0 2,1 0,35 2,67 3,99 3,19 Solo (20-40 cm) 6,22 10,59 0,1 0,13 0,83 0 1,8 0,15 2,15 2,98 2,57 Esterco Bovino 9,48 1013,6 9,5 10,23 0 0 5,7 3,75 29,1 29,1 237,7 Esterco Ovino 8,91 1062,7 5,6 6,00 0,17 0 7,8 10,1 29,4 29,6 290,3

1 Soma de Bases. 2 Capacidade de Troca de Cátions. 3 Matéria Orgânica.

O solo da área experimental de textura arenosa foi classificado como

NEOSSOLO Regolítico (Paraíba, 2012), tipo de solo com textura arenosa com alta taxa

de infiltração de água e baixa capacidade de adsorção de nutrientes quando comparado

com solos argilosos, possuindo teores baixos de matéria orgânica e nitrogênio que

diminuem, após alguns anos de uso (Jacomine, 2002). As características físicas do solo

são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Valores dos atributos físicos do solo da área experimental.

Profundidade (cm)

Areia Silte Argila Total Grossa 2-0.21

Fina 0.2-0.05

Sub-Total 0.05-0.002

<0.002

......................................................................g/kg......................................................... 0-20 615 272 887 85 28 1000 20-40 559 330 889 77 34 1000

1 Diâmetro da malha da peneira em milímetro.

Durante o período experimental, abril de 2010 a abril de 2012, a precipitação foi

de 914 mm, temperatura máxima de 30,2°C, mínima de 22°C e média de 26°C no local

do experimento.

Os eventos de chuva se concentraram nos meses de janeiro a maio, sendo o

período seco de junho a dezembro. É importante mencionar que em outubro de 2010 em

dois dias de eventos de chuva foram registrados 120 mm, precipitação atípica, pois nos

últimos quinze anos o mês de outubro registrou apenas 59 mm (AESA, 2012). A partir

de agosto de 2011 até abril de 2012, não choveu, caracterizando um forte período de

seca (nove meses). Estes dados evidenciam alta variabilidade anual e mensal, típico do

semiárido brasileiro, que afeta a disponibilidade de água para as culturas em estudo. Os

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valores de temperatura máxima e mínima se mantêm constante ao longo do experimento

e as umidades relativas máximas e mínimas decaem a partir de agosto de 2011 devido à

ausência de precipitação (Figura 3).

Figura 3. Precipitação pluviométrica mensal (mm), temperaturas e umidades relativas

médias mensais máximas e mínimas (°C e %), entre abril de 2010 a abril de 2012.

Em relação à distribuição da precipitação pluvial mensal observa-se que a

mesma não se distribui de forma eqüidistante ao longo do respectivo mês, por exemplo,

em outubro de 2010 os 120 milímetros ocorreram nos dias 22 e 23, permanecendo do

primeiro ao vigésimo primeiro dia sem precipitação, proveniente de um período anterior

de 76 dias sem precipitação (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição da precipitação pluvial mensal, número de dias no mês e o dia do mês com chuva entre abril de 2010 a abril de 2012.

2010

Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Precipitação

(mm) 39 14 81 10 0 0 120 0 73

N° de dias com chuva

(un)

3

2

4

1

0

0

2

0

2

Dias do mês com

chuva

9,16,17

2,4

1,3,5,18

16

0

0

22,23

0

17,18

2011 Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

69 40 63 118 169 15 96 0 0 0 0 0

N° de dias

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com chuva (un)

4 3 5 6 5 1 6 0 0 0 0 0

Dias do mês com

chuva

4,21, 22,23

14 ,15, 26

1,5,8,15,22

2,11,12, 20

,28,30

1,3,4,5,17 29 7,9,12,15, 16,17

0 0 0 0 0

2012 Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação (mm)

7 0 0 0

N° de dias com chuva (un)

1 0 0 0

Dias do mês 13 0 0 0

A pornunça foi escolhida para este estudo em função de ser uma planta

ecofisiologicamente adaptada às condições do semiárido, bem como, tolerante a

estresses hídricos intensos e produzir grande quantidade de folhas que podem ser

armazenadas na forma de feno e silagem para alimentação animal, além do que, retém

folhas verdes mesmo com a seca já instalada há vários meses do ano e tem boa

capacidade de brotação.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com parcela subdividida no

tempo, tendo a parcela principal dois estercos (bovino e ovino) e na subparcela quatro

cortes em parcelas de 5,0 m x 5,0 m com quatro repetições.

A unidade experimental foi formada por três fileiras de pornunça perfazendo

nove plantas com espaçamento de 1,5 m x 1,5 m (4.444 plantas ha-1), sendo que, foram

coletados dados de três plantas da fileira principal quanto ao crescimento e o restante

constituiu a bordadura. Para os dados de produção e qualidade química foram utilizadas

as nove plantas da parcela.

O plantio foi realizado com mudas provenientes do viveiro florestal do Instituto

Nacional do Semiárido - INSA em 20 de março de 2010.

As capinas manuais foram feitas na medida do surgimento das ervas

espontâneas, sendo cinco em 2010, três em 2011 e nenhuma em 2012.

Os estercos foram recolhidos na própria propriedade nos currais destinados aos

bovinos e ovinos, procedendo-se a análise química em separado para a determinação da

quantidade a ser utilizada na cultura da pornunça. As adubações com estercos bovino e

ovino foram realizadas em maio de 2010 e março de 2011 na quantidade de 20 Mg ha-1,

sendo distribuídos em forma de círculo na projeção da copa das plantas.

O período de abril de 2010 a fevereiro de 2011 foi destinado para o

estabelecimento da cultura, sem realização de cortes e com coleta de dados

morfométricos e no período de fevereiro de 2011 a abril de 2012, foram realizados

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quatro cortes sucessivos a 40 cm do solo em fevereiro, junho, outubro de 2011 e

fevereiro de 2012, além da coleta de dados de crescimento.

A definição dos cortes foi em função do estádio fenológico das plantas,

considerando adequado quando as mesmas estavam em pleno desenvolvimento, logo no

início a floração e antes da frutificação, tendo-se em média intervalo de cortes de 126

dias.

As distribuições das adubações e dos cortes com eventos de precipitação se

encontram na Figura 4.

Figura 4. Adubações e cortes com eventos de precipitação durante o período experimental, abril de 2010 a abril de 2012.

As avaliações morfométricas foram realizadas a cada trinta dias, de abril de 2010

a abril de 2012, exceto para o diâmetro de caule (dezembro de 2010 a abril 2012). A

altura de planta foi tomada do nível do solo até o plano horizontal mais alto das folhas,

com metro linear junto ao caule. Para a análise estatística foi considerada a altura de

rebrota da planta calculado pela diferença entre a altura da planta menos a altura de

corte. O diâmetro de caule foi realizado a altura de vinte centímetros do nível do solo

com paquímetro, considerando a diferença entre o diâmetro tomado no corte comparado

ao do início como acréscimo. O número de brotações e folhas foi determinado por

contagem.

Para a determinação da composição química e produção de matéria verde

(kg/ha) foram cortadas nove plantas por parcela, ocorrendo à separação manual da parte

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aérea resultante do corte a 40 cm de altura da planta em três frações: limbos foliares,

pecíolos, ramos (diâmetro menor ou igual a um centímetro) e a completa (união das três

frações).

Do material amostrado foram separados 300 g em sacos de papel conduzidos ao

Laboratório de Análise e Avaliação de Alimentos do Centro de Ciências Agrárias,

Campus de Areia da Universidade Federal da Paraíba – CCA/UFPB, sendo submetidas

à pré-secagem em estufa de circulação forçada de ar a 65°C até atingir peso constante

para em seguida serem trituradas em moinho com peneira de malha de 1,0 mm e

acondicionadas em recipientes fechados devidamente identificados e congelados para

posteriores análises laboratoriais.

A determinação da matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), matéria mineral

(MM), matéria orgânica (MO) segundo metodologia de Weende, proteína bruta (PB)

pelo método Kjedahl, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido

(FDA), teores de lignina, celulose e hemicelulose pelo método de Van Soest (1994)

descritos em Silva & Queiroz (2006).

A digestibilidade in vitro de matéria seca (DIVMS) foi determinada segundo a

metodologia adaptada de Tilley & Terry (1963). A estimativa dos carboidratos totais

(CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF) seguiu a fórmula CHOT = 100 – (g/kg PB +

g/kg EE + g/kg MM) e CNF = 100 – (g/kg FDN + g/kg PB + g/kg EE + g/kg MM),

respectivamente segundo equações propostas por Sniffen et al. (1992).

Os resultados das avaliações foram submetidos à análise de variância. As

variâncias foram avaliadas pelo teste Bartlett quanto à homogeneidade e pelo teste

Kolmogorov-Smirnov quanto à normalidade.

As variâncias das variáveis que se mostraram homogêneas tiveram os fatores em

estudo avaliados pelo teste F, caso contrário, fez-se uso da transformação. Quando os

resultados revelaram significância ao nível de 5% de probabilidade as médias foram

comparadas pelo teste Tukey no nível de 5% de probabilidade.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, empregando-se o

programa de análise estatística SISVAR (Ferreira, 2000) segundo o modelo matemático,

Yijk = µ + bi + tj + eij + ck + eijk, em que: Yijk = variável independente; µ = média geral; bi

= efeito do bloco i; i (i = 1, 2, 3, 4); tj = efeito do tratamento j; j (j = 1, 2); eij = erro da

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parcela principal; c = efeito do corte k; (k = 1, 2, 3, 4); tcjk = efeito de interação

tratamento x corte e eijk = erro experimental.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores de altura de rebrota, acréscimos em diâmetro de caule, número de

folhas e de ramos da pornunça que foram observados sob efeito dos estercos bovino e

ovino e cortes encontram-se na tabela 4.

Tabela 4. Altura de rebrota média, acréscimos em diâmetro de caule, número médio de folhas e ramos da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimataú paraibano.

Estercos Cortes C1* C2 C3 C4 MD C1 C2 C3 C4 MD Altura de Rebrota (cm)1 Acréscimos em Diâmetro de Caule (mm)2

Bovino 65,75 64,29 37,56 19,98 46,90A3 1,65 1,69 1,08 1,02 1,36 A Ovino 78,39 63,32 35,36 19,79 49,22A 1,54 1,47 1,04 1,00 1,26 A Média 72,07a3 63,81a 36,46b 19,89c 1,60a 1,58a 1,06b 1,01b

CV1 = 55,57%4 CV2 = 14,42%5 CV1 = 42,44%4 CV2 = 25,75%5 Número de Folhas Número de Ramos Bovino 103,65 68,22 114,00 23,90 77,44A 16,57 12,25 14,37 5,86 12,26A Ovino 117,59 60,94 100,61 22,91 75,51A 18,98 12,62 14,21 6,13 12,63A Média 110,62a3 64,58b 107,31a 23,41c 17,78a 12,44b 14,29a 6,00c

CV1 = 130,00%4 CV2 = 31,00%5 CV1 = 12,64%4 CV2= 24,20%5 *C1 = Corte efetuado em fevereiro de 2011; C2 = Corte efetuado em junho 2011; C3 = Corte efetuado em outubro de 2011; C4 = Corte efetuado em fevereiro de 2012; MD=Média. 1Valores transformados para √x+1, para análises de variância, e depois, pela transformação inversa obtendo os dados originais para facilitar a compreensão dos resultados. 2Valores transformados para √x, para análises de variância, e depois, pela transformação inversa obtendo os dados originais para facilitar a compreensão dos resultados. 3 Médias seguidas pela mesma letra maiúscula (na coluna) e mesma letra minúscula (na linha) dentro de cada variável não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 4 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 5 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes).

A adubação orgânica com esterco bovino e ovino não afetou (P>0,05) a altura de

rebrota, acréscimos do diâmetro de caule, número de folhas e de ramos da pornunça,

entretanto, diferenças (P<0,05) foram verificadas entre os cortes. Não ocorreu diferença

entre a altura de rebrota do corte um e dois com diferenças entre o três e quatro. Para os

acréscimos em diâmetro os cortes um e dois diferiram do três e quatro, que não

diferiram entre si.

A altura de rebrota e acréscimos diâmetro de caule não diferiram sob efeito dos

dois estercos, provavelmente devido à mineralização dos estercos durante o período

experimental ter sido insuficiente devido à irregularidade da precipitação após a

aplicação dos mesmos (maio de 2010 e março de 2011), como também, ao

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desenvolvimento de mecanismos de defesa das plantas ao estresse hídrico, pois, os

valores decrescem com maior ênfase nos cortes três e quatro, período de maior escassez

hídrica.

Ferreira et al. (2009) avaliando o crescimento da mandioca, maniçoba e pornunça

sob dois sistemas de cortes verificaram que a pornunça atingiu altura média final de

116,4 cm aos dez meses após o plantio, resultado superior ao observado neste estudo

que foi de 88,06 cm com quatro cortes em um intervalo de vinte e três meses,

evidenciando uma elasticidade da espécie a diferentes condições experimentais.

Silva (2010) não observou efeito (P>0,05) no diâmetro de caule da maniçoba

(Manihot pseudoglaziowii) sob efeito de 10 Mg ha-1 de esterco ovino em período de

rebrota com 63 dias, bem como, Vasconcelos et al. (2010) verificaram a ausência de

efeito da adubação com esterco bovino no diâmetro de caule da pornunça com cinco

meses de idade.

O número de folhas e ramos da pornunça adubada com esterco bovino e ovino

por épocas de corte são apresentadas na tabela 4. Não se verificou efeito (P>0,05) com

relação ao número de folhas e ramos da pornunça em relação aos estercos bovino e

ovino, contudo diferenças foram observadas quanto aos cortes.

O número de folhas e ramos foram maiores nos cortes um e três e menores nos

cortes dois e de forma mais acentuada no corte quatro. É provável que isto se deva a

maior disponibilidade dos recursos hídricos às plantas presentes nestes respectivos

cortes e a menor disponibilidade no corte quatro, devido escassez hídrica neste período

(Figura 4). Os maiores valores no corte um pode ser resultado do maior período de

desenvolvimento das plantas (dez meses) conjunto a precipitação de 142 mm nos

sessenta dias anteriores ao corte que ocorreu de forma regular em seis eventos de chuva

(Tabela 3).

A escassez hídrica do período conjuntamente a baixa retenção de umidade do solo

em função da sua constituição física (Tabela 2) resultou em menor número de folhas e

ramos no corte quatro em relação aos demais cortes com provável translocamento de

fotoassimilados (carboidratos) para as raízes ao invés de formar uma nova arquitetura

aérea.

A soma do número de folhas nos cortes dois, três e quatro, plantas com três

cortes, foi maior do que no corte um, plantas com um corte, em ambos os estercos,

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permitindo inserir que a pornunça responde de forma positiva a diferentes cortes,

mesmo com distribuição irregular de precipitação, pois, no corte quatro praticamente

não ocorreu evento de chuva, sete mm em 122 dias e no corte três 86,5% da

precipitação foi concentrada em 10 dias do mês de julho de 2011 em um intervalo de

corte com 133 dias, já o corte um teve um período de 310 dias com maior volume

hídrico.

Provavelmente a diferença ao nível de significância de 5% no corte um, para o

número de ramos, se deva ao fato do intervalo de tempo deste período, 310 dias após o

plantio, enquanto que nos cortes dois, três e quatro foram: 123, 133 e 122 dias após o

corte, permitindo que as plantas com este intervalo de tempo maior emitissem um maior

número de ramos.

A produção de matéria verde (kg ha-1) da pornunça nos diferentes componentes

estruturais limbo foliar, pecíolo, ramo e completa (limbo foliar mais pecíolo e ramo)

não apresentou diferença (P>0,05) entre o esterco bovino e ovino, contudo, diferenças

foram verificadas entre os períodos de cortes (Tabela 5).

Tabela 5. Produção da matéria verde (kg ha-1) de limbo foliar, pecíolo, ramo e completa da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau paraibano.

Estercos 1° Corte 01/02/11

310 DAP1

2° Corte 03/06/11

123 DAC2

3° Corte 14/10/11 133 DAC

4° Corte 13/02/12 122 DAC

Média

Limbo Foliar Bovino 4385,50 4863,50 2079,50 2544,00 3468,12 A Ovino 5316,50 6069,50 1888,00 2768,00 4010,50 A Média 4851,00a 5466,50a 1983,75b 2656,00b

CV1 = 38,55%3 CV2 = 36,82%4 Pecíolo

Bovino 1581,00 1806,50 658,00 965,50 1252,75 A Ovino 1945,00 2289,00 673,50 1122,00 1507,37 A Média 1763,00a 2047,75a 665,75b 1043,75b

CV1 = 36,28%3 CV2 = 37,46%4 Ramo

Bovino 1903,50 1884,00 2060,00 1723,50 1892,75 A Ovino 2415,50 2362,00 2001,00 1935,00 2153,37 A Média 2159,50a 2073,00a 2030,50a 1829,25a CV1 = 55,443 CV2 = 37,884

Completa5

Bovino 7870,00 8554,00 4797,50 5233,00 6613,62 A Ovino 9677,00 10620,50 4562,50 5825,00 7671,25 A Média 8773,50a 9587,25a 4680,06b 5529,00b

CV1 = 42,76%3 CV2 = 35,81%4 Médias seguidas por letras iguais nas colunas e linhas de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 Dias após o plantio.

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2 Dias após o corte. 3 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 4 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes). 5 Limbo foliar mais pecíolo e ramo.

A adubação orgânica com esterco bovino e ovino não afetou (P>0,05) a

produção de matéria verde dos componentes estruturais (limbo foliar, pecíolo e ramo) e

seu somatório ao longo do período experimental, abril de 2010 a abril de 2012, devido

provavelmente a irregularidade temporal e espacial das precipitações (Figura 3) que

ocasionou baixa mineralização dos adubos, já que, a presença constante de umidade no

solo é um dos principais fatores para a disponibilidade dos nutrientes oriundos de

estercos em condições semiáridas (Souto et al., 2005). Quanto às diferenças verificadas

entre os períodos de cortes foi devido à concentração de precipitação nos períodos de

cortes um e dois e menor presença no período três e ausência no quarto corte.

O limbo foliar apresentou maiores produções do que pecíolo e ramo ao longo

dos cortes, independente da maior ou menor presença de precipitação.

Alencar et al. (2012b) pesquisando proporção da parte aérea da pornunça no

Cariri cearense sob efeito de cortes sucessivos, sete em quatorze meses, verificaram

que em média 50,40% da parte aérea é constituída de limbo foliar, resultados com

similaridade a este estudo, no que se refere a maior presença desta fração na

constituição da parte aérea da planta.

A produção de pecíolo não apresentou diferença entre estercos sendo menor no

período de escassez hídrica (cortes três e quatro), pois ao reduzirem de tamanho

(adaptação fisiológica) ocorreu reflexo na menor produção.

A produção de ramo (menor ou igual a 1,0 cm de diâmetro) da pornunça não

apresentou diferença entre estercos e cortes, provavelmente devidos os ramos serem

menos sensíveis a deficiência hídrica que caracterizou os cortes três e quatro.

Na produção da fração completa (limbo foliar mais pecíolo e ramo) de matéria

verde em kg ha-1 da pornunça não houve diferença (P>0,05) entre os estercos e quanto

aos períodos de cortes à produção do primeiro e segundo foram maiores do que o

terceiro e quarto.

Na presença de eventos de precipitação ocorreu mineralização dos estercos para

os cortes um e dois com maior produção de matéria verde da pornunça, sob efeito do

esterco ovino, provavelmente devido disponibilidade de nutrientes uniforme ao longo

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do tempo, o esterco em forma de “cíbalas” proporcionou liberação gradual, enquanto no

esterco bovino a liberação de nutrientes foi mais rápida, faltando nutrientes em

determinado período com reflexo em uma menor produção nos cortes três e quatro.

Na restrição de precipitação para os cortes três e quatro ocorreu pouca

mineralização dos estercos, com menor disponibilidade de nutrientes, refletindo na

menor produção em relação aos cortes anteriores.

Nas duas situações evidencia-se uma relação direta entre produção vegetal e

presença de água no solo (Andrade et al., 2006).

É importante frisar que o corte dois com 123 DAC produziu maior biomassa na

fração completa, limbo foliar e pecíolo do que o corte um com 310 DAP, período mais

longo destinado a formação plena do sistema radicular das plantas, evidenciando que a

pornunça responde de forma significativa ao primeiro corte, inclusive com aumento da

produção, desde que exista presença de umidade no solo e sistema radicular

desenvolvido. Este comportamento pode ser explicado pela maior transferência de

assimilados do sistema radicular para a parte aérea, com os componentes estruturais

apresentando menores teores de MS do que o corte um.

Com restrição hídrica a planta lança mecanismos fisiológicos de adaptação. Fica

evidente quando ocorre menor produção no corte três, quando este apresenta maior

número de folhas tanto para o esterco bovino quanto ovino comparado aos cortes um e

dois, pois, os limbos foliares e pecíolos ficaram menores (observação in loco) com

reflexo na produção.

A adubação orgânica com esterco bovino e ovino não afetou (P>0,05) a

composição químico-bromatológica da pornunça quanto aos componentes estruturais,

limbo foliar, pecíolo, ramo e completa (limbo foliar mais pecíolo e ramo), contudo,

diferenças foram verificadas entre os períodos de cortes, exceto para amostras do limbo

foliar da MS (Tabela 6) e amostras completas de FDN, FDA, HC e estrato etéreo,

(Tabelas 8 e 10).

Os valores médios de MS dos componentes estruturais (limbo foliar, pecíolo,

ramo e completa) estão na tabela 6.

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Tabela 6. Teores médios (g/kg) de matéria seca (MS) nos diferentes componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau paraibano.

Estercos Cortes C1* C2 C3 C4 MD C1 C2 C3 C4 MD

MS (g/kg) Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg) Bovino 357,5 355,0 337,5 337,5 346,9A 260,0 202,5 187,5 230,0 220,0A Ovino 337,5 297,5 305,0 335,0 318,8A 270,0 187,5 192,5 235,0 221,2A Média 347,5a 326,3a 321,3a 336,3a 265,0a 195,0b 190,0b 232,5ab CV1 = 14,55%1 CV2 = 14,19%2 CV1 = 18,76%1 CV2 = 14,81%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 347,5 240,0 370,0 272,5 307,5A 325,0 262,5 320,0 292,5 300,0A Ovino 320,0 220,0 275,0 262,5 269,4A 300,0 237,5 275,0 292,5 276,2A Média 333,8a 230,0b 322,5ab 267,5ab 312,5a 250,0b 297,5ab 292,5ab

CV1 = 20,81%1 CV2 = 25,13%2 CV1 = 17,99%1 CV2 = 14,96%2 *C1 = Corte efetuado em fevereiro de 2011; C2 = Corte efetuado em junho 2011; C3 = Corte efetuado em outubro de 2011; C4 = Corte efetuado em fevereiro de 2012; MD = Média. Médias seguidas por letras iguais nas colunas e linhas de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 2 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes). 3 Limbo foliar mais pecíolo e ramo.

As frações pecíolo e ramo apresentaram menores valores de MS nos cortes dois,

três e quatro do que no corte um, enquanto o limbo foliar não apresentou diferenças ao

longo dos cortes, evidenciando adaptação da cultura a situações de déficit hídrico.

Os valores de MS na fração completa da pornunça não diferiram (P>0,05) nos

períodos de cortes um, três e quatro, sabendo-se que, nos cortes três e quatro ocorreu

déficit hídrico em relação ao corte um, evidencia-se que a planta mesmo acionando

mecanismos de adaptação à seca, como diminuição do tamanho do limbo foliar e

pecíolo com reflexo na menor produção de biomassa, a quantidade de água é mantida

constante devido ao seu armazenamento no sistema radicular.

Os valores médios de MS encontrados neste trabalho de 288,1 g/kg quanto à

estrutura completa (limbo foliar mais pecíolo e ramo) são similares aos encontrados por

Vasconcelos et al. (2010) de 292,4 g/kg e Ferreira et al. (2009) de 287,5 g/kg.

Quanto aos teores médios de proteína bruta, as frações pecíolo e ramo nos

diferentes cortes (Tabela 7), apresentaram valores inferiores ao mínimo de 70 g/kg na

dieta (Van Soest, 1994), contudo, a fração limbo com valores em torno de 224,4 g/kg e

a fração completa com média de 152,2 g/kg equilibra os valores protéicos da parte aérea

da pornunça.

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Tabela 7. Teores médios (g/kg) de proteína bruta (PB) nos diferentes componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau paraibano.

Estercos Cortes C1* C2 C3 C4 MD C1 C2 C3 C4 MD

PB (g/kg) Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg) Bovino 215,0 240,0 225,0 167,5 211,9A 60,0 72,5 65,0 47,5 61,2A Ovino 232,5 290,0 245,0 180,0 236,9A 57,5 65,0 67,5 50,0 60,0A Média 223,7ab 265,0a 235,0a 173,7b 58,7ab 68,7a 66,2a 48,7b

CV1 = 21,95%1 CV2 = 16,58%2 CV1 = 7,53%1 CV2 = 14,93%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 52,5 75,0 42,5 45,0 53,7A 147,5 202,5 135,0 115,0 150,0A Ovino 62,5 72,5 52,5 40,0 56,9A 152,5 205,0 142,5 117,5 154,4A Média 57,5ab 73,7a 47,5b 42,5b 150,0b 203,7a 138,7bc 116,2c

CV1 = 28,76%1 CV2 = 21,86%2 CV1 = 11,75%1 CV2 = 10,51%2 *C1 = Corte efetuado em fevereiro de 2011; C2 = Corte efetuado em junho 2011; C3 = Corte efetuado em outubro de 2011; C4 = Corte efetuado em fevereiro de 2012; MD = Média. Médias seguidas por letras iguais nas colunas e linhas de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 2 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes). 3 Limbo foliar mais pecíolo e ramo.

Os menores teores de proteína bruta nas frações pecíolo e ramo devem-se

provavelmente aos maiores teores de lignina das paredes celulares constituintes dos

tecidos destas frações.

Os valores médios 152,2 g/kg de PB da estrutura completa da pornunça deste

estudo estão compatíveis com valores encontrados na literatura: 139,1 g/kg

(Vasconcelos et al., 2010) e 140,0 g/kg (Voltolini et al., 2010) e inferiores a 190,7 g/kg

(Moraes et al., 2012) e 275,8 g/kg (Ferreira et al., 2009).

Os teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente

ácido (FDA) e hemicelulose (HC) dos componentes estruturais (limbo foliar, pecíolo,

ramo e completa) estão na tabela 8.

Tabela 8. Teores médios (g/kg) de fibra em detergente neutro (FDN), detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HC) nos diferentes componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau paraibano.

Estercos Cortes C 1* C 2 C 3 C 4 MD C 1 C 2 C 3 C 4 MD

FDN (g/kg) Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg)

Bovino 382,5 355,0 335,0 370,0 360,6A 505,0 515,0 472,5 437,5 482,5A Ovino 420,0 365,0 315,0 387,5 371,9A 472,5 542,5 477,5 467,5 490,0A Média 401,2a 360,0ab 325,0b 378,7ab 488,7ab 528,7a 475,0b 452,5b

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CV1 = 11,08%1 CV2 = 11,35%2 CV1 = 3,31%1 CV2 = 7,04%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 560,0 597,5 605,0 515,0 569,4A 422,5 447,5 455,0 405,0 432,5A Ovino 565,0 630,0 582,5 505,0 570,6A 437,5 445,0 447,5 425,5 434,4A Média 562,5ab 613,7a 593,7a 510,0b 430,0a 446,2a 441,2a 416,2a

CV1 = 5,67%1 CV2 = 6,71%2 CV1 = 5,93%1 CV2 = 7,97%2 FDA (g/kg)

Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg) Bovino 332,5 330,0 300,0 340,0 325,6A 425,0 457,5 410,0 375,0 416,9A Ovino 350,0 340,0 282,5 352,5 331,2A 427,5 472,5 420,0 400,0 430,0A Média 341,2ab 335,0ab 291,2b 346,2a 426,2b 465,0a 415,0bc 387,5c

CV1 = 11,10%1 CV2 = 11,39%2 CV1 = 7,23%1 CV2 = 5,69%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 440,0 527,5 505,0 397,5 467,5A 347,5 372,5 390,0 340,0 362,5A Ovino 452,5 560,0 497,5 455,0 478,5A 367,5 380,0 370,0 365,0 371,9A Média 446,2b 543,7a 501,2a 401,2b 357,5a 376,2a 382,5a 352,5a

CV1 = 6,50%1 CV2 = 6,98%2 CV1 = 11,10%1 CV2 = 8,15%2 HC (g/kg)

Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg) Bovino 50,0 25,0 32,5 32,5 35,0A 80,0 57,5 65,0 65,0 66,9 A Ovino 47,5 27,5 35,0 32,5 35,6A 75,0 70,0 60,0 67,5 68,1A Média 48,7a 26,2b 33,7b 32,5b 77,5a 63,7b 62,5b 66,2ab

CV1 = 25,03%1 CV2 = 24,12%2 CV1 = 17,89%1 CV2 = 13,12%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 120,0 65,0 102,5 117,5 101,2A 75,0 77,5 65,0 62,5 70,0A Ovino 117,5 72,5 82,5 100,0 93,1A 72,5 65,0 57,5 62,5 64,4A Média 118,7a 68,7c 92,5b 108,7ab 73,7a 71,2a 61,2a 62,5a

CV1 = 12,02%1 CV2 = 15,68%2 CV1 = 28,62%1 CV2 = 22,89%2 *C1 = Corte efetuado em fevereiro de 2011; C2 = Corte efetuado em junho 2011; C3 = Corte efetuado em outubro de 2011; C4 = Corte efetuado em fevereiro de 2012; MD = Média. Médias seguidas por letras iguais nas colunas e linhas de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 2 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes). 3 Limbo foliar mais pecíolo e ramo.

A adubação orgânica com esterco bovino e ovino e diferentes cortes não

afetaram (P>0,05) os teores médios de FDN, FDA e HC na fração completa.

Os teores de FDN, FDA e HC foram maiores nos ramos do que nos limbos

foliares e pecíolos, provavelmente devido à fração ramo conter mais fibras e tecidos de

condução com parede secundária mais lignificada. No que se refere ao FDN, França et

al. (2010) observaram resultados semelhantes ao estudar a composição química do feno

de maniçoba no semiárido pernambucano.

Silva (2010) observou teores médios de FDN de 537,8 g/kg; 517,2 g/kg; 413,8

g/kg, respectivamente para folhas e ramos ≥ 1,0 cm, folhas e ramos < 1,0 cm e folhas de

maniçoba (Manihot pseudoglaziowii) sob efeito de adubação orgânica e mineral no

Curimatau paraibano. Para os teores de FDA valores de 441,5 g/kg; 422,1 g/kg e 321,6

g/kg e para HC teores de 97,4 g/kg; 127,9 g/kg e 108,3 g/kg.

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Os valores médios encontrados de 433,5g/kg e 367,2 g/kg para FDN e FDA da

estrutura completa da pornunça deste estudo estão comparáveis com valores

encontrados na literatura: 395,1 g/kg e 284,0 g/kg (Moraes et al., 2012); 448,5 g/kg e

282,2 g/kg (Vasconcelos et al., 2010); 330,0 g/kg e 220,0 g/kg (Voltolini et al., 2010) e

336,6 g/kg e 202,3 g/kg (Ferreira et al., 2009), exceto para os valores de FDA que estão

superiores.

Os teores médios de matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO) dos

componentes estruturais (limbo foliar, pecíolo, ramo e completa) estão na tabela 9.

Tabela 9. Teores médios (g/kg) de matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO) nos diferentes componentes estruturais da pornunça sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau paraibano.

Estercos Cortes C1* C2 C3 C4 MD C1 C2 C3 C4 MD

MM (g/kg) Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg)

Bovino 67,5 47,5 67,5 72,5 63,7A 80,0 67,5 85,0 92,5 80,6A Ovino 70,0 50,0 57,5 70,0 61,9A 80,0 60,0 72,5 90,0 75,6A Média 68,7a 48,7b 62,5a 71,2a 80,0ab 63,7b 75,0ab 91,2a

CV1 = 10,65%1 CV2 = 11,14%2 CV1 = 17,83%1 CV2 = 18,38%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 52,5 60,0 52,5 70,0 58,7A 75,0 55,0 70,0 80,0 70,0A Ovino 52,5 47,5 62,5 90,0 63,1A 80,0 77,5 65,0 77,5 67,5A Média 52,5b 53,7b 57,5b 80,0a 77,5a 51,2b 67,5a 78,7a CV1 = 20,31%1 CV2 = 23,63%2 CV1 = 9,39%1 CV2 = 12,83%2

MO (g/kg) Limbo Foliar (g/kg) Pecíolo (g/kg) Bovino 932,5 952,5 932,5 927,5 936,2A 920,0 932,5 917,5 907,5 919,4A Ovino 930,0 950,0 942,5 930,0 938,1A 920,0 942,5 927,5 915,0 926,2A Média 931,2b 951,2a 937,5b 928,7b 920,0ab 937,5a 922,5ab 911,2b

CV1 = 0,71%1 CV2 = 0,75%2 CV1 = 1,67%1 CV2 = 1,57%2 Ramo (g/kg) Completa (g/kg)3 Bovino 947,5 940,0 947,5 930,0 941,2A 925,0 945,0 930,0 920,0 930,0A Ovino 947,5 952,5 937,5 910,0 936,9A 920,0 952,5 935,0 922,5 932,5A Média 947,5a 946,2a 942,5a 920,0b 922,5b 948,7a 932,5b 921,2b CV1 = 1,32%1 CV2 = 1,53%2 CV1 = 0,69%1 CV2 = 0,95%2 *C1 = Corte efetuado em fevereiro de 2011; C2 = Corte efetuado em junho 2011; C3 = Corte efetuado em outubro de 2011; C4 = Corte efetuado em fevereiro de 2012; MD = Média. Médias seguidas por letras iguais nas colunas e linhas de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 2 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes). 3 Limbo foliar mais pecíolo e ramo.

A MM e MO dos componentes estruturais, limbo foliar, pecíolo, ramo e

completa (limbo foliar mais pecíolo e ramo) não apresentaram diferença (P>0,05)

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quanto à aplicação de esterco bovino e ovino, contudo, diferenças foram encontradas

entre os cortes.

O corte quatro apresentou os maiores valores de MM e menores de MO, na

fração completa e demais frações, provavelmente devido o material deste corte ter sido

originado durante um período de escassez hídrica, implicando em que menores valores

de MO resultaram em maiores valores de MM.

Os teores de matéria mineral e orgânica na fração completa apresentaram

significância (P<0,05) no corte dois e sem efeito (P>0,05) para os cortes um, três e

quatro. Os valores obtidos neste trabalho são semelhantes aos valores verificados por

Vasconcelos et al. (2010), 62,9 e 937,1 g/kg, respectivamente.

Os teores de extrato etéreo, lignina, carboidratos não fibrosos, carboidratos totais

e da digestibilidade in vitro da matéria seca da parte aérea da pornunça foram analisados

como amostras completas e estão na tabela 10.

Tabela 10. Teores médios (g/kg) do extrato etéreo (EE), lignina (LIG), carboidratos não fibrosos (CNF), carboidratos totais (CHOT) e da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) da parte aérea da pornunça (limbo foliar mais pecíolo e ramo) sob efeito de adubos orgânicos e cortes no Curimatau paraibano.

Estercos Cortes C1* C2 C3 C4 MD C1 C2 C3 C4 MD

EE (g/kg) LIG(g/kg) Bovino 41,0 28,0 36,0 49,5 38,6 A 213,8 254,4 261,1 205,9 233,8A Ovino 42,9 30,6 41,8 47,7 40,8 A 220,1 259,1 263,8 218,7 240,4A Média 42,0a 29,3a 38,9a 48,6a 217,0b 256,8a 262,5a 212,3b CV1 = 23,63%1 CV2 = 35,75%2 CV1 = 8,29%1 CV2 = 7,65%2 CNF (g/kg) CHOT (g/kg) Bovino 314,4 270,6 308,1 350,1 310,8A 737,3 717,4 762,1 754,0 742,7A Ovino 286,9 278,9 333,1 332,9 308,0A 732,0 717,4 762,4 758,7 740,4A Média 300,7ab 274,8b 320,6a 341,5a 734,7bc 717,4c 762,3a 756 ab CV1 = 4,83%1 CV2 = 8,93%2 CV1 = 2,41%1 CV2 = 2,88%2 DIVMS (g/kg)

C1 C2 C3 C4 MD Bovino 582,5 518,3 527,5 512,3 535,2A Ovino 625,7 492,6 501,3 481,2 525,2A Média 604,1a 505,5b 514,4b 496,8b CV1 = 5,71%1 CV2 = 9,85%2 *C1 = Corte efetuado em fevereiro de 2011; C2 = Corte efetuado em junho 2011; C3 = Corte efetuado em outubro de 2011; C4 = Corte efetuado em fevereiro de 2012; MD = Média. Médias seguidas de letras iguais nas colunas e linhas de cada variável não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 Coeficiente de variação dos tratamentos da parcela principal (Esterco bovino e ovino). 2 Coeficiente de variação da subparcela (Efeito cortes).

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Não houve efeito (P>0,05) dos estercos bovino e ovino quanto aos teores de

extrato etéreo, lignina, carboidratos não fibrosos, carboidratos totais e digestibilidade in

vitro da matéria seca da parte aérea da pornunça.

Nos teores de extrato etéreo a variação de 29,3 a 48,6 g/kg, corte dois e quatro

respectivamente, são valores normais, visto que as forrageiras apresentam baixos teores

de lipídios na sua composição.

Para carboidratos não fibrosos houve efeito significativo (P<0,05) no corte dois

e não efeito (P>0,05) para os cortes um, dois e três. Quanto a carboidratos totais ocorreu

efeito (P<0,05) no corte dois comparados aos cortes três e quatro e não efeito em

relação ao corte um (Tabela 10).

Os maiores teores de carboidrato totais e não fibrosos para os cortes três e quatro

podem ser explicados pelas menores alturas de rebrota destes cortes (Tabela 4) devido a

escassez hídrica do período (Figura 4), uma vez que, não foram requeridas grandes

estruturas para sustentação da biomassa.

Houve efeito (P<0,05) para digestibilidade da pornunça nos diferentes cortes,

onde o corte um apresentou maior digestibilidade em relação aos demais cortes, fato

explicado pelo menor teor de lignina deste corte (Tabela 10).

Voltolini et al. (2010) e Ferreira et al. (2009) estudando a composição química

da parte aérea da pornunça no semiárido pernambucano encontraram valores de

digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) de 490,0 e 493,2 g/kg, valores

menores do que os encontrados neste trabalho.

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CONCLUSÕES

Os estercos bovino e ovino não influenciam as variáveis morfométricas e a

composição químico-bromatológica da pornunça nas condições edafoclimáticas deste

experimento;

A altura de rebrota e número de ramos da pornunça diminui com diferentes

cortes e ausência de precipitação pluvial;

O limbo foliar apresenta valores superiores em proteína bruta do que os demais

componentes estruturais da parte aérea da pornunça;

A pornunça apresenta produção de biomassa em períodos com ausência de

eventos de chuva.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O semiárido brasileiro como gerador de oportunidades e não fonte de problemas

passa necessariamente, pela geração de valor de mercado para as lavouras xerófilas

nativas e/ou exóticas, recaindo sobre suas diversas características botânicas e valendo-se

da xerofilia, como diferencial competitivo, pois, aumentando sua produtividade melhora

a qualidade dos seus derivados, absorvendo nichos de mercado inexplorados gerando

renda para o homem do semiárido.

O gargalo da produção pecuária no semiárido é a escassez com baixa qualidade

da forragem nos períodos de estiagem. Para se estabelecer um equilíbrio na oferta

alimentar ao longo do ano é importante considerar a tecnologia da lavoura xerófila

regular, isto é, o cultivo de plantas que dispõem de mecanismos adaptativos as

condições de déficit hídrico do semiárido.

A palma forrageira (Nopalea cochenillifera Salm-Dyck), cactácea adaptada

plenamente as condições edafoclimáticas do semiárido brasileiro e a pornunça (Manihot

sp.) euforbiácea nativa que apresenta adaptações singelas a escassez e irregularidade na

distribuição hídrica, através do cultivo associado na forma de lavoura xerófila regular,

tem muito a contribuir no equilíbrio forrageiro ao longo do ano, principalmente no

período de seca, que é a maior parte do tempo, tornando a exploração pecuária atividade

econômica de menor risco e fonte de renda promissora aos produtores do semiárido.

Mesmo sob forte estiagem que caracterizou o período deste estudo a palma

forrageira e a pornunça apresentaram crescimento com disponibilidade de fitomassa ao

longo do ano, porém, a adubação orgânica quanto ao uso de estercos, bovino e ovino,

sem a presença uniforme e constante de umidade no solo na forma de precipitação

pluvial não apresenta efeito sobre as variáveis morfométricas e qualitativas das espécies

palma forrageira clone Baiana e da pornunça avaliadas neste trabalho.