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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS - CEFID MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO ESTUDOS BIOCOMPORTAMENTAIS DO MOVIMENTO HUMANO ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL DE CRIANÇAS DE ALTO RISCO NEUROLÓGICO GIANE CAON FLORIANÓPOLIS – SC 2005

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS - CEFID

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

ESTUDOS BIOCOMPORTAMENTAIS DO MOVIMENTO HUMANO

ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL

DE CRIANÇAS DE ALTO RISCO NEUROLÓGICO

GIANE CAON

FLORIANÓPOLIS – SC

2005

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GIANE CAON

ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL

DE CRIANÇAS DE ALTO RISCO NEUROLÓGICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano, do Centro de Educação Física, Fisioterapia e Desportos, da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Ciências do Movimento Humano, área de concentração em Estudos Biocomportamentais do Movimento Humano, linha de pesquisa em Desenvolvimento e Aprendizagem Motora.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Rosa Neto.

FLORIANÓPOLIS – SC

2005

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DESPORTOS - CEFID

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

ESTUDOS BIOCOMPORTAMENTAIS DO MOVIMENTO HUMANO

A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova a dissertação:

ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL

DE CRIANÇAS DE ALTO RISCO NEUROLÓGICO

Elaborada por:

GIANE CAON

Como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências do Movimento Humano.

Comissão Examinadora:

__________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco Rosa Neto (Orientador/UDESC)

___________________________________________________________ Profa. Dra. Clarice Bissani (UFSC)

_____________________________________________________________ Profa. Dra. Eloisa Tudella (UFScar)

_____________________________________________________________ Profa. Dra. Enira Terezinha Braghirolli Damin (UDESC)

Florianópolis - SC, 20 de dezembro de 2005.

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AGRADECIMENTOS

“Parece infinito o limite do mundo, mas está perto para nós, se vamos juntos.”

Canto coreano

Transmissão singela, mas sincera, de grande consideração e reconhecimento...

Deus, grande Consciência Cósmica, meu criador, guia e companheiro eterno,

onipotente, onipresente, onisciente.

Meus amados pais, Geny e Nestor, razão de minha existência, luz de meus passos

e motivos de dedicada admiração. Meus mestres, meu tudo.

Meu irmão, Gianor, companheiro e paciente, o “cara” do computer.

Tios, tias, primos, primas, avô, que me ensinam a cada dia a grandeza da palavra

FAMÍLIA.

Amigas (de outras vidas?), Geo, Clau, Sandra, Nega, Elis, Elizabete, por me

fazerem compreender e vivenciar a melhor forma da Amizade. Você, Clau, que

acompanhou tão de perto os passos derradeiros...

Teo, luz intensa que me acompanhou, me acalentou, me espera.

Altruísta senhora, D. Selmira, que me acolheu no Ensino Médio, e que já foi acolhida

pela Inteligência Divina.

Irmãos não-sanguíneos, mas de coração, Gê e Caetano, pela motivação diária, e

acréscimo humano constante. Obrigada pelo apoio incondicional, e por nunca desistirem de

tornar o mundo um lugar melhor!

Ah, sem esquecer do melhor pizzaiolo que conheço, Marcelo, que tive o prazer de

conhecer por ser o marido da Gê, casal que admiro muito por sempre somarem esforços

para um mundo melhor, desde as coisas mais simples.

Professores de minha vida acadêmica, pela importante e contínua contribuição em

minha formação humana.

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Professores membros da banca examinadora da dissertação, Prof. Dr. Francisco

Rosa Neto, Profa. Dra. Clarice Bissani, Profa. Dra. Eloisa Tudella (vinda, gentilmente, de

terra longínqua), Profa. Dra. Enira Damin, pela disponibilidade em contribuir para o meu

crescimento acadêmico e humano. Profa. Clarice, pela acolhida no HU. Profa. Enira, pelo

apoio no LADEHU.

Estimado professor orientador, Chico, ser HUMANO a quem dedico grande

admiração e genuíno agradecimento pela acolhida, perseverança, ensinamentos teóricos,

lições pessoais, oportunidades; acima de tudo, um grande amigo!

Família do LADEHU, professores, colaboradores, voluntários, bolsistas: vocês

fortalecem a cada dia nossa eminente unidade temática. Carinho especial à Aline, Ana

Teresa, Andressa, Cris, Elaine, Joyce, Sheila, Tais, do NAINPI (Núcleo de Avaliação e

Intervenção Neuropsicomotora na Primeira Infância), Carla, Rudney, Profa. Giovana,

Débora, Mauren, Dani, Adilson, Miriam, por estimularem meu crescimento enquanto

eterna estudante.

Jana e Lisi, grande exemplos de competência e dedicação, pelas “pessoinhas” que

são!

Meus queridos “anjos” da Coordenação de Pós-Graduação, Solange (Sol Anjo!) e

Nivaldo (o “bom e velho” Niva), cuja boa vontade e altruísmo são dignos de grande

admiração. Mais recentemente, Daniel e S. Elpídio acrescentaram ao grupo.

Professores do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Ciências do

Movimento Humano da UDESC, em especial ao Prof. Sebastião, Prof. Ruy, Prof. João,

Profa. Susana, Profa. Thais, Profa. Márcia¸ pelo apoio sempre presente durante a

trajetória, administrativo, acadêmico e humano.

Meus queridos colegas de mestrado...Atagy e Ciro, a quem muito admiro!

Jairo, meu companheiro de cantoria das reuniões sociais (ainda aprendo a cantar,

pode deixar!).

À Direção do CEFID/UDESC, bem como a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-

Graduação, pela oportunidade da Monitoria de Pós-Graduação.

Ao “Sr. Prontidão”, Leôncio, sempre disposto a melhorar o mundo, assim como

Fabiula e Edson, da Informática, os “meninos” da Fotocopiadora e o pessoal da FITEF.

Por fim, à sensacional equipe do Ambulatório de Pediatria do HU, Profa. Anelise, as

“meninas” da residência, Sandra (minha grande “quebra-galhos”, sem ser macaco

gordo!), Raquel, Ausinete...

...E cada criança e família que por lá passa, em especial as que aceitaram participar

do trabalho, que muito me acrescentam enquanto pessoa, profissional e ser humano!

(Desculpas sinceras se esqueci de fazer referência a alguém...)

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“Sempre fica um pouco de perfume nas mãos que oferecem flores!”

(Provérbio Chinês)

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LISTA DE ABREVIATURAS

UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

G.A.T. – Grupo de Atención Temprana.

NMI – Neonatal Medical Index (Índice Médico Neonatal).

IC – Idade Cronológica.

ICC – Idade Cronológica Corrigida.

IDP e QDP – Idade de Desenvolvimento Postural e Quociente de

Desenvolvimento Postural.

IDC e QDC – Idade de Desenvolvimento de Coordenação Óculo-Motriz e

Quociente de Desenvolvimento de Coordenação Óculo-Motriz.

IDL e QDL – Idade de Desenvolvimento de Linguagem e Quociente de

Desenvolvimento de Linguagem.

IDS e QDS – Idade de Desenvolvimento Social e Quociente de

Desenvolvimento Social.

IDG e QDG – Idade de Desenvolvimento Global e Quociente de

Desenvolvimento Global.

IN – Idade Negativa.

IPo – Idade Positiva.

OMS – Organização Mundial da Saúde.

SUS – Sistema Único de Saúde.

NOAS – Normas Operacionais de Assistência à Saúde.

SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria.

IP – Índice de Prematuridade.

PC – Paralisia Cerebral.

DCM – Disfunção Cerebral Mínima.

PIG – Pequeno para a Idade Gestacional.

AIG – Adequado para a Idade Gestacional.

GIG – Grande para a Idade Gestacional.

RCIU – Restrição do Crescimento Intra-Uterino

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1. Indicadores de risco para distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor.........................................................................................................39 QUADRO 2. Critérios de inclusão para seqüelas neurológicas.................................40 QUADRO 3. Sinais de alerta de disfunção neurológica segundo diferentes idades....................................................................................................................69-70 QUADRO 4. Definição de Baixo Peso de Nascimento...............................................78 QUADRO 5. Graus de Hemorragia Peri-intraventricular............................................86 QUADRO 6. Compilação de estudos sobre impacto de fatores de risco neurológico sobre o desenvolvimento infantil...........................................................................89-91 QUADRO 7. Critérios do Índice Médico Neonatal (Neonatal Medical Index-NMI) e respectiva graduação do risco para complicações neurocomportamentais de crianças pré-termo ....................................................................................................99 QUADRO 8. Materiais constituintes do kit de avaliação da Escala de Brunet-Lézine (1981).......................................................................................................................101 QUADRO 9. Escala de Classificação do Desenvolvimento ....................................103 QUADRO 10. Caracterização do controle postural: aparecimento e inibição (SILVA, 1998. p. 324-326).....................................................................................................121

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Distribuição do grupo de estudo segundo número de avaliações.........126 TABELA 2. Distribuição do grupo de estudo quanto à indicação principal do acompanhamento ambulatorial................................................................................127 TABELA 3. Medidas descritivas de Massa ao Nascer, em gramas, de lactentes do grupo de estudo com história de nascimento pré-termo..........................................131 TABELA 4. Distribuição do grupo de estudo segundo aspectos pré-natais.............132 TABELA 5. Distribuição do grupo de estudo segundo aspectos peri-natais............133 TABELA 6. Distribuição do grupo de estudo segundo aspectos pós-natais............133

TABELA 7.Distribuição do grupo de estudo segundo fatores de risco neurológico.134 TABELA 8. Distribuição dos lactentes pré-termo em referência ao risco neurocomportamental, segundo grau de prematuridade.........................................137 TABELA 9. Medidas descritivas de Idade Cronológica (IC), Idade Cronológica Corrigida (ICC) e Idades de Desenvolvimento (em meses), e Quocientes de Desenvolvimento de crianças com histórico de prematuridade........................141-142 TABELA 10. Medidas descritivas de Idade Cronológica (IC) e Idades de Desenvolvimento (em meses), e Quocientes de Desenvolvimento de crianças nascidas a termo.....................................................................................................150 TABELA 11. Relação entre Classificação do Desenvolvimento Global e risco neurocomportamental..............................................................................................157 TABELA 12. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, em relação à prematuridade...............159 TABELA 13. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, segundo faixa etária............................164 TABELA 14. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, faixa etária 1º ano de vida, em relação ao sexo..........................................................................................................................165 TABELA 15. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, faixa etária 2º ano de vida, em relação ao sexo..........................................................................................................................167

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Organograma da estrutura geral do atendimento no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia – HU/UFSC......................................................................................................................95 FIGURA 2. Vista fronto-superior do kit de avaliação da Escala de Brunet-Lézine (1981, versão adpatada por Souza, 2003).................................................................................................................102 FIGURA 3. Organograma da estrutura geral do atendimento no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia – HU/UFSC, com a inclusão do Acompanhamento Neuropsicomotor..........................110 FIGURA 4. Fluxograma do Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial..................................111 FIGURA 5. Cabeçalho do Formulário de Dados Biopsicossociais......................................................114 FIGURA 6. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Dados de Identificação..........................114 FIGURA 7. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Antecedentes Gestacionais..................115 FIGURA 8. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – História Perinatal...................................116 FIGURA 9. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Período Neonatal..................................116 FIGURA 10. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Amamentação e Marcos do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM).......................................................................................117 FIGURA 11. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – História Familiar de risco / Distúrbios Neurológicos........................................................................................................................................118 FIGURA 12. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Cuidados com a criança......................118 FIGURA 13. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Estado de sono e vigília......................119 FIGURA 14. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Tônus Muscular..................................120 FIGURA 15. Distribuição do grupo de estudo quanto à Idade Gestacional (IG).................................129 FIGURA 16. Distribuição do grupo de estudo quanto à massa ao nascer..........................................130 FIGURA 17. Distribuição do Risco Neurocomportamental no grupo de estudo com história de nascimento pré-termo..........................................................................................................................137 FIGURA 18. Distribuição dos lactentes em relação à alteração do tônus muscular, nas sucessivas avaliações............................................................................................................................................138 FIGURA 19. Distribuição dos lactentes em relação à evolução do controle postural, nas sucessivas avaliações............................................................................................................................................140 FIGURA 20. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento Global, nas sucessivas avaliações......................................................................................................144

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FIGURA 21. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento Postural, nas sucessivas avaliações...................................................................................................145 FIGURA 22. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento de Coordenação Óculo-Motriz, nas sucessivas avaliações.....................................................................145 FIGURA 23. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento da Linguagem, nas sucessivas avaliações...............................................................................................146 FIGURA 24. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento Social, nas sucessivas avaliações.......................................................................................................147 FIGURA 25. Perfil do Quociente de Desenvolvimento nas áreas, nas sucessivas avaliações – análise individual (lactente pré-termo).............................................................................................................148 FIGURA 26. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento Global, nas sucessivas avaliações.....................................................................................................151 FIGURA 27. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento Postural, nas sucessivas avaliações..................................................................................................152 FIGURA 28. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento de Coordenação Óculo-Motriz, nas sucessivas avaliações....................................................................153 FIGURA 29. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento da Linguagem, nas sucessivas avaliações..............................................................................................153 FIGURA 30. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento Social, nas sucessivas avaliações.......................................................................................................154 FIGURA 31. Perfil do Quociente de Desenvolvimento nas áreas, nas sucessivas avaliações – análise individual (lactente a termo).................................................................................................................155 FIGURA 32. Quociente de Desenvolvimento Postural e de Coordenação Óculo-Motriz em relação ao grau de prematuridade........................................................................................................................161 FIGURA 33. Quociente de Desenvolvimento de Linguagem e Social em relação ao grau de prematuridade.....................................................................................................................................161 FIGURA 34. Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao grau de prematuridade.............162 FIGURA 35. Média do Quociente de Desenvolvimento Global, em relação à faixa etária, segundo condição e grau de prematuridade......................................................................................................163 FIGURA 36. Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, durante o primeiro ano de vida......................................................................................................................................................166 FIGURA 37. Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, durante o segundo ano de vida......................................................................................................................................................168 FIGURA 38.Média do Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, por faixa etária..168 FIGURA 39. Distribuição dos lactentes ao término da coleta de dados..............................................170 FIGURA 40. Sugestão de incremento no fluxograma de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial.........................................................................................................................................177

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16

1.1 PROBLEMA.................................................................................................................................................. 16

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................................................. 19 1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................................19 1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................................20

1.3 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................................................... 21

1.4 DELIMITAÇÃO ........................................................................................................................................... 26

1.5 LIMITAÇÕES ............................................................................................................................................... 27

1.6 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS .................................................................................................................... 27

1.7 DEFINIÇÃO DE TERMOS ......................................................................................................................... 29

2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................31

2.1 ATENÇÃO PRIMÁRIA AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL.......................................................... 31 2.1.1 Acompanhamento da criança de risco ....................................................................................................35

2.2 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM SITUAÇÃO DE RISCO ................................... 68 2.2.1 Sinais de Alerta para atraso neuropsicomotor.........................................................................................68 2.2.2 Modalidades de alterações neuromotoras ...............................................................................................70 2.2.3 Critérios de risco neurológico e seu impacto sobre o Desenvolvimento Neuropsicomotor....................74

3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................92

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA....................................................................................................... 92

3.2 GRUPO DE ESTUDO................................................................................................................................... 92 3.2.1 Universo da Pesquisa..............................................................................................................................92 3.2.2 Caracterização do Grupo de Estudo........................................................................................................95

3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA ............................................................................................................. 96 3.3.1 Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais.........................................................................................97 3.3.2 Neonatal Medical Index (NMI) ..............................................................................................................98 3.3.3 Escala de Desenvolvimento Psicológico da Primeira Infância (versão adaptada por SOUZA, 2003)....99

3.4 ESTUDO PILOTO ...................................................................................................................................... 103

3.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS ............................................................................ 104

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3.6 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................................. 106 3.6.1 Estatística Descritiva ............................................................................................................................107 3.6.2 Estatística Inferencial............................................................................................................................107

IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................109

4.1 PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL DE LACTENTES DE RISCO NEUROLÓGICO ................................................................................................. 109

4.2 CARACTERIZAÇÃO BIOPSICOSSOCIAL DO GRUPO DE ESTUDO – INDICADORES DE RISCO NEUROLÓGICO E NEUROCOMPORTAMENTAL..................................................................... 125

4.3 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR .................................................. 138 4.3.1 Determinação da Idade Cronológica, Idades de Desenvolvimento e Quocientes de Desenvolvimento

Neuropsicomotor do grupo de estudo.................................................................................................................141 4.3.2 Relação entre Quocientes de Desenvolvimento e Risco Neurocomportamental de lactentes pré-termo156 4.3.3 Análise comparativa entre variáveis neuropsicomotoras de crianças com história de prematuridade

moderada e extrema............................................................................................................................................158 4.3.4 Análise das Idades e Quocientes de Desenvolvimento em relação a Faixa Etária e Sexo ....................163

4.4 ANÁLISE GERAL SOBRE A PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL DE CRIANÇAS DE RISCO NEUROLÓGICO ........................................................... 169

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................172

6 SUGESTÕES.......................................................................................................176

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................179

ANEXOS .................................................................................................................199

ANEXO A – VISÃO DA PLANILHA OPERACIONALIZADA DO NEONATAL MEDICAL INDEX (KORNER et al. 1993, em versão traduzida – ÍNDICE MÉDICO NEONATAL) ...................................... 200

ANEXO B – APROVAÇÃO DO CEP/UDESC............................................................................................... 201

APÊNDICES ...........................................................................................................203

APÊNDICE A – FICHA DE REGISTRO DE DADOS BIOPSICOSSOCIAIS........................................... 204

APÊNDICE B – FOLHA DE REGISTRO (ESCALA DE BRUNET-LÈZINE, 1981, versão adaptada por SOUZA, 2003).................................................................................................................................................... 212

APÊNDICE C – ESTUDO PILOTO ............................................................................................................... 217

APÊNDICE D – FICHA DE REGISTRO DE REFLEXOS E REAÇÕES NEUROMOTORAS .............. 224

APÊNDICE E – FICHA DE REGISTRO DE RESULTADOS NEUROPSICOMOTORES PARA PRONTUÁRIO HOSPITALAR ...................................................................................................................... 226

APÊNDICE F – QUADRO SOBRE PANORAMA GERAL DAS IDADES DOS LACTENTES NAS AVALIAÇÕES NEUROPSICOMOTORAS .................................................................................................. 228

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RESUMO

Título: Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de Crianças de Alto Risco Neurológico. Autor: CAON, Giane. Orientador: ROSA NETO, Francisco. Enfatizar a prevenção de distúrbios neuropsicomotores torna-se fundamental à medida que os avanços em obstetrícia e neonatologia promovem maior sobrevivência de bebês de risco. Ambulatórios de Alto Risco em Neonatologia têm sido implementados para proporcionar o acompanhamento dessas crianças, em que geralmente há predomínio de fatores de risco neurológico. Promovendo a atenção ao Desenvolvimento Neuropsicomotor de tal população, este estudo busca apresentar uma proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de Crianças de Alto Risco Neurológico, que está em implantação junto ao Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia do Hospital Universitário, Universidade Federal de Santa Catarina. No protocolo de avaliação foram utilizados: Ficha de Registro de Dados Biopsicossocias (verificação de fatores de risco e registro de avaliações realizadas nas consultas), Neonatal Medical Index (Índice Médico Neonatal, para categorização do risco neurocomportamental em prematuros), e Escala de Brunet-Lèzine (na adaptação de SOUZA, 2003, para determinação de dados neuropsicomotores – Idades e Quocientes de Desenvolvimento/ID e QD – nas áreas Postural, Coordenação Óculo-Motriz, Linguagem, Social e Global). De setembro/04 a setembro/05 foram realizadas 87 avaliações, distribuídas entre 40 lactentes. Nascimento pré-termo foi o fator de risco mais freqüente (85%), com grau Moderado (44,1%) e Extremo (55,9%), sendo que a categoria III no NMI foi de maior manifestação (44,1%) e houve relação linear significativa entre risco neurocomportamental e QD na área Social/QDS (p=0,026). Em análise longitudinal, os QDs tenderam a decrescer, com menores escores na Coordenação Óculo-Motriz, e significância estatística em relação ao grau de prematuridade (p=0,025) nesta área. O desempenho do QDS apresentou diferença significativa entre avaliações de primeiro e segundo ano de vida (p=0,019). Foi observado melhor desempenho neuropsicomotor no sexo feminino, tanto no primeiro (Postura e Coordenação Óculo-Motriz, p=0,025 e p=0,008) como no segundo ano de vida (Postura, Linguagem e Global, p=0,017, p=0,047 e p=0,036). A proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de crianças de risco parece ter conseguido promover a veiculação da assistência à saúde da criança com a pesquisa sobre o desenvolvimento infantil. Sua continuidade prossegue em termos do fortalecimento do programa de intervenção neuropsicomotora, a fim de promover de forma mais global e efetiva saúde e qualidade de vida das crianças e suas famílias. Palavras-Chave: desenvolvimento neuropsicomotor, risco neurológico, acompanhamento ambulatorial, Escala de Brunet-Lézine.

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ABSTRACT

Title: Clinical Neuropsychomotor Follow up of High Neurological Risk Children. Author: CAON, Giane. Orientated by: ROSA NETO, Francisco. Neuropsychomotor impairment prevention becomes essential when progresses in obstetrics and neonatology áreas promote larger survival of risk babies. Neonatology High Risk Clinics have been implemented to provide attendance for these children, that usually have prevalence of neurological risk factors. Promoting the attention for their Neuropsychomotor Development, this study aimed to present a proposal of High Neurological Risk Children Clinical Neuropsychomotor Follow up, what is in implantation in Clinic of Neonatolgy High Risk from Academical Hospital at Santa Catarina Federal University. In the evaluation protocol were used: File of Biopsychossocial Data Register (risk factors verification and notes of assessments accomplished in consultations), Neonatal Medical Índex (for preterm neurobehavioral risk categorization), and Brunet-Lèzine Test (in adaptation by SOUZA, 2003, for determination of neuropsychomotors data – Developmental Ages and Quotients/ DA and DQ - in Postural, Eye-Hand Coordination, Language, Social and Global areas,). From setember/04 to setember/05, 87 evaluations were accomplished, distributed among 40 infants. Preterm birth was the more frequent risk factor (85%), with Moderate (44,1%) and Extreme (55,9%) degree; NMI III was the more commom manifestation (44,1%) and there was significant lineal relationship between neurobehavioral risk and DQ in Social area /DQS (P=0,026). In follow up analysis, DQs tended to decrease, with smaller scores in Eye-Hand Coordination area, and statistical significance in prematuridade degree (P=0,025) in this area. DQS performance presented significant difference among evaluations of first and second year of life (P=0,019). Females have better neuropsychomotor performance either in the first (Posture and Eye-Hand Coordination, P=0,025 and P=0,008) and second year of life (Posture, Language and Global, P=0,017, P=0,047 and P=0,036). High Neurological Risk Children Clinical Neuropsychomotor Follow up proposal seems to linked child attendance and neurpsychomotor research. Its continuity aim to reinforce the neuropsychomotor intervention program, in order to promote health and quality of life for chidren and their families, with an approach more global and efficient. Key-Words: neuropsychomotor development, neurologic risk, clinical follow up, Brunet-Lèzine test.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMA

Nos últimos anos foram muitos os avanços relacionados ao conhecimento

sobre o processo de desenvolvimento da criança e concomitante subsídio à

intervenção. Desde o surgimento das primeiras escalas de avaliação, datadas do

início do século XX, até o atual enfoque multiprofissional sobre o desenvolvimento

das habilidades psicomotoras da criança, a abordagem sobre tal processo vem

sendo acrescida substancialmente, promovendo melhor subsídio à intervenção

preventiva de alterações.

Culminando em sensíveis diferenças a partir da década de 80, a melhoria na

assistência dos períodos pré-natal, parto e neonatal, motivada pelos recentes

avanços nas condutas obstétricas e nos cuidados intensivos neonatais, em

associação com a especialização e atuação conjunta de profissionais em contínua

capacitação, resultou em um sensível aumento da sobrevivência de crianças com

risco potencial de alterações no seu desenvolvimento (AYOUBI et al. 2002; LENKE,

2003; WARD; BEACHY, 2003; YU; DOYLE, 2004).

A mortalidade neonatal de crianças de risco diminuiu cerca de 15 a 30%

desde a década de 90 (RAMOS SÁNCHEZ; MÁRQUEZ LUQUE, 1999),

especialmente nos casos de nascimento pré-termo e baixo peso ao nascer. Na

América Latina e no Caribe a taxa de mortalidade das crianças de menos de cinco

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anos é a mais baixa do mundo em desenvolvimento, passando de 51/1000

nascimentos em 1990 para 39/1000 em 1998 (PEARSON, 2001).

Os índices de morbidade, no entanto, permanecem inalterados, ou

aumentados, especialmente se considerados a médio e longo prazo. Assim, Ramos

Sánchez e Márquez Luque (2000) destacam, por exemplo, a manutenção da

incidência de encefalopatia crônica não progressiva aos cinco anos de vida em

2/1000 nascidos vivos, à revelia dos avanços nas condutas de diagnóstico e

intervenção precoce.

Segundo Gregório et al (2002), a manutenção dos índices de morbidez pós-

natal tem originado o que a literatura passa a designar como “novas morbidades”,

termo que caracteriza risco eminente para desvios de desenvolvimento e seqüelas

sensório-motoras; fatores estes considerados etiogênicos de ulteriores distúrbios de

aprendizagem e comportamento (AMARAL; EMMEL, 2004).

Segundo Ramos Sánchez e Márquez Luque (2000), a Organização Mundial

de Saúde aponta que a condição de alto risco tem incidência de 3 a 5% de todas as

gestações; nessa perspectiva, aproximadamente 12% tende ao risco moderado, o

que perfaz situação de risco em cerca de 15 a 17% da população geral. Arizcun-

Pineda (2002) destaca uma incidência de 2 a 4%, relatando achados de 3,2% em

estudos realizados na Espanha durante o qüinqüênio 1994-1998.

No Brasil, entre o triênio 1998-2000, nascimentos de risco relacionados à

Idade Gestacional e Peso de Nascimento alcançaram percentual de 7% e 6,2%,

respectivamente (DATASUS, 2003).

Considerando a condição de risco neurológico, vários estudos têm sido

desenvolvidos no sentido de analisar seu impacto sobre o desenvolvimento infantil,

sendo freqüentes os achados de alterações de tônus muscular, retardo motor e no

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desenvolvimento da linguagem em tenra idade, com ulteriores impactos no

comportamento e aprendizagem escolar (RAMOS SÁNCHEZ; MÁRQUEZ LUQUE;

LLUCH FERNÁNDEZ, 1991; SANSAVINI et al. 1996; LUCIANA et al. 1999; SAIGAL,

2000; SAIGAL et al. 2000; TORRIOLI et al. 2000; RUIZ-EXTREMERA et al. 2001;

AYOUBI et al. 2002; MAGALHÃES et al. 2003; GRUNAU et al. 2004; RUGOLO,

2005).

Devido à representativa e crescente produção científica que aborda a

morbidade em crianças de risco, o acompanhamento da saúde dessas crianças tem

sido realizado com a organização de serviços de Follow-up ou de Acompanhamento,

cujos reflexos são vistos desde a humanização do atendimento em Unidades de

Terapia Intensiva Neonatais (UTIN) até a detecção de anormalidades e devido

encaminhamento terapêutico durante a infância (SILVA, 1995; PÓO-ARGUELLES et

al. 2000; REGALADO; HALFON, 2001), atuando preventivamente em relação a

déficits futuros.

Lopes (1999) afirma que o acompanhamento de crianças de risco,

especialmente durante o primeiro ano de vida, configura uma tendência atual na

maioria dos países desenvolvidos, aonde tal especialidade vem sendo estabelecida

desde os anos 80. Para Ramos Sánchez e Márquez Luque (2000), apresentando

conceito eminentemente utilizado na Espanha, o acompanhamento de crianças de

risco deve ser realizado por meio de unidades de maturação que ofereçam o serviço

de intervenção precoce, formando o serviço de Atenção Primária, caracterizado por

um conjunto de atividades organizadas e coordenadas no sentido de promover o

máximo bem-estar psicossocial e capacidade funcional à criança.

Com base na proposta de Atenção Primária, e numa abordagem inicial

eminentemente clínica voltada ao acompanhamento de funções nutricionais (LEMOS

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et al. 2004), os serviços de acompanhamento de crianças de risco foram edificados

junto às Unidades de Neonatologia de hospitais gerais.

O que fica evidente, ainda, é a necessidade de reforçar o acompanhamento

neuropsicomotor especificamente, não apenas baseando-se em marcos grosseiros.

Além da semiologia neurológica, que permite a avaliação da situação

anatômico-funcional do Sistema Nervoso Central da criança, tão particular durante o

neurodesenvolvimento (ARAÚJO, 2002), uma visão atualizada da puericultura

(BLANK, 2003) revela que os principais protocolos de monitoramento do

desenvolvimento infantil preconizam avaliação objetiva de habilidades motoras, de

comunicação, de interação social e cognitiva em todas as consultas, representada

pelo uso de escalas específicas.

Face ao exposto, este trabalho investiga a proposição e resultados que

podem ser obtidos com a implantação de um programa de acompanhamento

ambulatorial sistemático do desenvolvimento infantil, iniciado deste a lactência, em

um Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

• Avaliar uma proposta de acompanhamento ambulatorial do

desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes de risco neurológico.

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1.2.2 Objetivos Específicos

• Descrever características estruturais e organizacionais de uma

proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de lactentes de risco

neurológico atendidos no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia, do Hospital

Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC);

• Verificar características biopsicossociais e a prevalência de indicadores

de risco neurológico de lactentes em acompanhamento no Ambulatório durante o

período de setembro de 2004 e setembro de 2005 (grupo de estudo);

• Determinar o risco de complicações neurocomportamentais do grupo

de estudo com história de nascimento pré-termo pelo Índice Médico Neonatal

(Neonatal Medical Index – NMI);

• Determinar Idades e Quocientes de Desenvolvimento Neuropsicomotor

nas áreas Postural, Óculo-Motriz, da Linguagem, Social e Global das crianças

participantes do estudo;

• Verificar se existe relação entre Quocientes de Desenvolvimento nas

áreas específicas e risco determinado pelo NMI, no grupo de estudo com história de

nascimento pré-termo;

• Verificar se existe diferença significativa entre idades e quocientes de

desenvolvimento nas áreas avaliadas, em relação ao nascimento pré-termo

moderado e extremado;

• Verificar se existe diferença significativa entre Idades e Quocientes de

Desenvolvimento nas áreas específicas, faixa etária (1º ano de vida - 04 a 12 meses,

2º ano de vida - 13 a 24 meses) e sexo;

• Identificar vantagens e desvantagens da proposta de acompanhamento

sugerida para a atenção ao neurodesenvolvimento realizada em ambulatório de

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seguimento de crianças de risco.

1.3 JUSTIFICATIVA

Atuar na promoção da saúde infantil remonta uma abordagem ontogenética

ao desenvolvimento humano, quando se está cuidando da pessoa em tenra idade de

forma a promover sua ulterior qualidade de vida. Cuidar da criança, em especial,

constitui grande afinidade prática da autora do trabalho, cuja formação profissional

desde o nível de graduação permeia pelos laços da Fisioterapia aplicada à Pediatria,

com grande afinidade pela neurologia e psicologia do desenvolvimento.

Considerar o panorama atual no referente a alterações do desenvolvimento

consiste importante tarefa de profissionais da área da saúde. Dados da Organização

Mundial de Saúde estimavam que 10% da população infantil de qualquer país

apresentaria algum tipo de alteração no seu desenvolvimento ou está submetida a

presença de fatores de risco para tal (OMS, 1982 apud MIRANDA et al. 2003),

requerendo procedimentos de intervenção, desde o nível de prevenção primária até

a terapêutica propriamente dita.

À revelia deste dado, a detecção e intervenção sobre problemas relacionados

ao desenvolvimento e possíveis deficiências revela-se ainda tímida, considerando

que as políticas públicas ainda têm que se voltar a problemas básicos enfrentados

em várias regiões do país, tais como elevados coeficientes de mortalidade infantil

promovidos por causas básicas como diarréia, desidratação e infecção respiratória

aguda (FIGUEIRAS et al. 2000). Esses fatos justificam a realização de eventos que

contribuam para o aprimoramento da vigilância ao desenvolvimento da criança.

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Tubio (1999) destaca que o mecanismo fundamental de prevenção de

alterações sensório-motoras é a detecção precoce mediante sério acompanhamento

neuroevolutivo de população de alto risco para as mesmas.

Considerar o risco para alterações no desenvolvimento é de grande

importância, justificando a inclusão de instrumentos que permitam avaliá-lo. A

investigação sobre novos marcadores que permitam identificar precocemente a

lesão cerebral também consiste uma importante função providenciada pela

existência de programas de acompanhamento neuroevolutivo (PÓO-ARGÜELLES et

al. 2000).

Quanto à determinação de critérios de risco para o neurodesenvolvimento,

consideramos importante a sistematização da classificação das crianças atendidas,

afim de melhor direcionar as condutas preventivas. Dessa forma, a inclusão de um

instrumento “marcador” do risco potencial ao neurocomportamento de neonatos pré-

termo (índice Médico Neonatal) consiste em uma tentativa de tal sistematização.

Alguns serviços têm utilizado tal índice para a triagem do alto risco. No trabalho de

Samsom e Groot (2000), realizado em hospital universitário holandês, por exemplo,

foram consideradas crianças de alto risco aquelas com categorização NMI III a V.

Neste sentido, Sobolewski et al (1999) reforçam a necessidade de

diagnosticar precocemente anormalidades no desenvolvimento neuropsicomotor de

crianças pré-termo, diferenciando alterações neurológicas transitórias e lesões

estruturais permanentes, como casos de encefalopatia crônica não progressiva.

Na prática da Fisioterapia aplicada à Neuropediatria em clínica ou centros

especializados, muitas vezes a criança é encaminhada para a primeira intervenção

neuromotora só no segundo ou terceiro ano de vida, o que é motivado na maioria

das vezes pelo diagnóstico tardio da lesão cerebral subjacente. Assim, um período

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importantíssimo de grande plasticidade nervosa, caracterizado pelo primeiro ano de

vida, não é “aproveitado”, restringindo os efeitos da reabilitação, inclusive pela

possibilidade aumentada de instalação de vícios posturais com conseqüentes

deformidades músculo-esqueléticas.

É importante observar que muitas crianças que apresentam risco para

alterações neurológicas podem não revelá-las no período neonatal, durante sua

permanência na Unidade de Tratamento Intensivo, onde são cuidadosamente

monitoradas (GÓMEZ, 2000; ARIZCUN-PINEDA, 2002), em parte devido à pouca

expressividade de seu cérebro imaturo (PÓO-ARGÜELLES et al., 2000; DIOS et al.,

2001), potencializando ainda mais a importância do acompanhamento especializado

para tal população após a alta hospitalar (LENKE, 2003).

Exemplificando tal situação, Magalhães et al (2003) afirmam que um número

significativo de crianças com história de prematuridade, na ausência de sinais

severos como encefalopatia crônica não progressiva e retardo mental, poderão

apresentar sinais de dificuldades de aprendizagem, distúrbios de linguagem,

alterações comportamentais e déficits na coordenação motora em idade escolar. A

intervenção oportuna sobre o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças de risco

pode, inclusive, ter impacto no aprimoramento do desempenho escolar das crianças

atendidas, reduzindo a necessidade de serviços de educação especial (REYNOLDS,

1998; ANDERSON et al. 2003).

Amiel-Tison e Grenier (1988) salientaram um aspecto inusitado na justificativa

para o acompanhamento de crianças de risco: a influência dos resultados das

avaliações neurológicas dessas crianças a médio e longo prazo na tomada de

decisão da conduta obstétrica; isto é, pode-se inferir que o aumento dos índices de

prematuridade tenha sido reflexo de condutas obstétricas precoces tomadas em

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casos de gestações com risco de morte materno-fetal, condutas essas baseadas em

estudos posteriores de acompanhamento dos indicadores de saúde das crianças

submetidas a tal precocidade.

Barbosa et al (1993), Formiga (2003) e Canotilho (2005) destacam outro

aspecto importante do monitoramento do desenvolvimento infantil em populações de

alto risco: o impacto familiar. Por vezes, o vínculo entre a mãe e o filho

extremamente prematuro, por exemplo, se estabelece de forma precária,

considerando as incertezas da mãe quanto aos cuidados com seu bebê, assim como

certa frustração e sentimento de culpa diante da condição da prematuridade. Dessa

forma, a presença da mãe ou do cuidador mais próximo à criança nas consultas de

acompanhamento revela-se importante para desmistificar medos e culpas, e

aprimorar a interação e conseqüentes oportunidades de estimulação da criança, o

que pode inclusive, promover a qualidade de vida familiar (MEDIANO, 1993).

Concordamos com Pallás et al (2002), da Associação Espanhola de Pediatria,

em sua afirmação de que um programa de acompanhamento estruturado e com uma

coleta sistemática de dados permite o conhecimento da história natural de muitas

enfermidades neonatais, além da descrição da evolução das crianças considerando

suas variações de normalidade.

Há que ser considerado que programas de acompanhamento de crianças de

risco têm ganhado espaço no panorama atual da assistência à saúde infantil, sendo

preconizados inclusive como parte da Atenção Humanizada ao recém-nascido de

baixo peso (BRASIL, 2002). No entanto, de forma geral, nos países em

desenvolvimento tais programas têm enfoque eminentemente voltados à progressão

nutricional, geralmente utilizando de empirismo para o acompanhamento do

desenvolvimento neuropsicomotor. Nem por isso tais programas deixam de ser

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eficazes, mas sua efetividade pode ser questionada no referente à contribuição à

produção científica nesta área, por exemplo. Dessa forma, o fortalecimento de

programas de acompanhamento neuropsicomotor representa um “catch up” para os

serviços de Neonatologia.

Há que se destacar a carência de serviços desse porte na região da Grande

Florianópolis, o que, infelizmente, também reflete a realidade do Estado de Santa

Catarina.

Considerando a crescente perspectiva de atuação da Fisioterapia em

programas de acompanhamento de bebês egressos de UTIN (CANOTILHO, 2005),

Lekskulchai e Cole (2001) fornecem outra justificativa para este trabalho ao

destacarem que programas de intervenção realizados por fisioterapeutas não tem

sido relatados e estudados em profundidade, tratando-se esta de uma área de

estudos ainda incipientes.

Assim, a proposição de rotina para o Acompanhamento Neuropsicomotor

Ambulatorial de crianças de risco neurológico, com a descrição de sua estrutura

funcional, a qual consta nos objetivos deste trabalho, pode facilitar o processo de

organização de outros serviços voltados à atenção sobre o desenvolvimento infantil,

com a inclusão profissional da Fisioterapia, agilizando a efetivação do atendimento e

a resolutividade requerida, prevenindo primariamente alterações neste âmbito.

Por conseguinte, destacamos a importância da investigação acerca das

contribuições de uma proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial

de crianças de alto risco neurológico, de forma a possibilitar um meio efetivo de

suporte ao desenvolvimento global de tal população.

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1.4 DELIMITAÇÃO

Este estudo será delimitado em avaliar uma proposta de acompanhamento

neuropsicomotor ambulatorial de lactentes de 4 a 24 meses com critérios de risco

neurológico atendidos no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia da Divisão de

Pediatria do Hospital Universitário, Universidade Federal de Santa Catarina (HU-

UFSC), como meio de promoção à atenção ao neurodesenvolvimento em tenra

idade.

O protocolo de Acompanhamento Neuropsicomotor proposto encontra-se em

processo de implantação desde março de 2004. Os dados que subsidiaram esta

pesquisa foram coletados de setembro de 2004 a setembro de 2005, com pausa nos

meses de janeiro e fevereiro de 2005 em virtude de férias acadêmicas.

Os critérios de risco neurológico considerados foram baseados nas

determinações da Seção de Neonatologia da Associação Espanhola de Pediatria

apresentadas por Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999) e G.A.T.(2000). Sua

investigação foi substanciada no preenchimento de uma ficha específica.

A categorização quanto ao risco de complicações neurocomportamentais,

aplicada para crianças com histórico de prematuridade, foi feita com o uso de

planilha operacionalizada (SVIRBELY; SRIRAM, 1999) do Índice Médico Neonatal

(Neonatal Medical Index-NMI, KORNER et al. 1993).

A avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor até a idade cronológica de

24 meses (com correção da idade de acordo com o Índice de Prematuridade, em

casos de nascimento pré-termo) foi realizada com a Escala de Desenvolvimento

Psicológico da Primeira Infância (BRUNET; LÈZINE, 1981), em versão adaptada por

Souza (2003).

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1.5 LIMITAÇÕES

Constituíram fatores limitantes do estudo, de maneira a influenciar nos

resultados do mesmo:

• Não comparecimento da criança na data marcada para a consulta de

acompanhamento, espaçando a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor;

• Não marcação de consulta com os intervalos indicados em função de

disponibilidade restrita dos horários de atendimento do Ambulatório de Pediatria;

• Estado convalescente, prostrado ou irritadiço da criança na ocasião da

consulta, interferindo nos resultados de sua avaliação neuropsicomotora;

• Indisponibilidade ou desconhecimento de questões específicas no

respondimento das inquirições voltadas ao responsável pela criança, bem como a

incerteza da veracidade das informações repassadas.

1.6 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS

• Critérios de alto risco neurológico: fatores que sugerem a condição em

que a criança apresenta grande suscetibilidade para apresentar déficit neurológico,

nos aspectos de motricidade, cognição e sensorial, que possa interferir na

progressão de seu desenvolvimento (PÓO-ARGÜELLES et al. 2000).

Operacionalmente, foram verificados pela consulta ao prontuário hospitalar da

criança, questionamentos direcionados ao acompanhante da criança na consulta e

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observação direta do lactente, definidos com base em publicação do Grupo de

Atención Temprana da Espanha (G.A.T., 2000), concordante com a determinação da

Seção de Neonatologia da Associação Espanhola de Pediatria (citados por RAMOS

SÀNCHEZ; MARQUEZ LUQUE, 1999), sendo armazenados na Ficha de Registro de

Dados Biopsicossociais.

• Risco Neurocomportamental: representa disponibilidade para

alterações neurocomportamentais; foi obtido neste estudo pelo uso de um algoritmo

em planilha operacionalizada (desenvolvida por SVIRBELY; SRIRAM, 1999 no

Microsoft® Office Excel 2003) de levantamento de condições clínicas neonatais de

crianças nascidas pré-termo (Neonatal Medical Index-NMI), o qual permite

estratificação destas quanto ao risco para complicações neurocomportamentais em

grau crescente de I a V (KORNER et al. 1993).

• Parâmetros Neuropsicomotores: denota indicadores do

Desenvolvimento Neuropsicomotor, o qual pode ser definido como um processo

contínuo caracterizado pela maturação neurológica e funcional dos sistemas

orgânicos, envolvendo a diferenciação e a integração do sistema Sensório-Motor

(CHAZAUD, 1976). Operacionalmente, foram observados a partir dos escores de

Idades e Quocientes de Desenvolvimento nas áreas Postural, Óculo-Motriz,

Linguagem, Social e seu equivalente Global, determinados pela avaliação a ser

realizada com a Escala de Desenvolvimento Psicológico da Primeira Infância

(BRUNET; LÈZINE, 1981), na versão de Souza (2003), relacionada à Idade

Cronológica ou Idade Cronológica Corrigida;

o Idade Cronológica: intervalo dado em anos, meses e dias, entre

o dia atual e a data de nascimento do indivíduo; obtida operacionalmente com o

cálculo da diferença entre a data de avaliação e a data de nascimento da criança

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(obtida pelo registro no prontuário hospitalar), dada em meses (ROSA NETO, 2002);

o Idade Cronológica Corrigida (ICC): também designada Idade

Pós-Concepção, traduz o ajuste da Idade Cronológica em função do grau de

prematuridade, relacionada à Idade Gestacional (RUGOLO, 2005);

operacionalmente, foi calculada pela subtração do índice de prematuridade da idade

cronológica da criança na data da avaliação;

o Idade de Desenvolvimento: idade em que a criança testada ou

observada realiza tarefas desenvolvidas de modo similar a outras da mesma idade,

independente de sua idade cronológica (RATLIFFE, 2000). Também definida como a

idade biológica do indivíduo (ROSA NETO, 1996). Operacionalmente, a idade de

desenvolvimento foi definida a partir de um sistema de escore de pontos, que

mensura a idade em meses e dias, segundo sistema de conversão de pontos da

Escala de Desenvolvimento de Brunet e Lézine (1981, p. 41);

o Quociente de Desenvolvimento: definido conceitualmente como

a relação entre a idade cronológica e a idade biológica do indivíduo (ROSA NETO,

2002). Operacionalmente, foi mensurado pela divisão matemática entre Idade de

Desenvolvimento (ID) e Idade Cronológica (IC, corrigida quando houver

prematuridade), multiplicado por 100.

1.7 DEFINIÇÃO DE TERMOS

• Lactente: criança na faixa etária de 29 dias a 24 meses de vida;

período caracterizado pela aquisição de funções neurológicas superiores

(SCHLACK, 2002).

• Nascimento Pré-termo: caracteriza o nascimento que ocorre com

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menos de 37 semanas de Idade Gestacional (PITREZ; PITREZ, 1998); em casos

extremados, nascimento ocorre com idade gestacional menor que 32 semanas

(BARACHO, 2002).

• Índice de Prematuridade: traduz o grau de prematuridade de um

nascimento, representando o tempo que faltou para a criança ficar em ventre

materno até completar 40 semanas gestacionais; é calculado descontando-se a

Idade Gestacional real de 40 semanas (RESTIFFE, 2004).

• Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia: local de atendimento à

saúde da criança com história de risco neonatal após sua alta hospitalar.

• Atenção Primária: serviço de saúde que congrega unidades de

maturação e programas de intervenção precoce, cuja finalidade é intervir em etapas

precoces da vida da criança em situação de risco ou com lesões estabelecidas de

forma a promover seu bem-estar psicossocial pleno (RAMOS SÁNCHEZ;

MÁRQUEZ LUQUE, 1999).

• Acompanhamento Neuroevolutivo/Neuropsicomotor: processo de

controle contínuo e avaliação individual preventiva de crianças que podem

manifestar problemas em seu desenvolvimento (Blackman, 1987 apud RAMOS

SÁNCHEZ; MÁRQUEZ LUQUE, 1999).

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Como forma de proporcionar embasamento teórico para a fundamentação

da problemática pesquisada, bem como para a ulterior discussão de dados e

exposição de conclusões, providenciando a familiarização do tema abordado, será

descrito a seguir referencial teórico pertinente ao tema em estudo.

Este é apresentado em duas partes principais, enfocando, respectivamente,

características da Atenção Primária ao Desenvolvimento Infantil em relação a

programas de acompanhamento de crianças de risco, e Desenvolvimento

Neuropsicomotor em situação de risco, salientando critérios de risco neurológico,

com abordagem sobre sinais de alerta e modalidades de alterações neuromotoras,

assim como peculiaridades neuropsicomotoras de crianças de risco

predominantemente neurológico.

2.1 ATENÇÃO PRIMÁRIA AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

O aspecto da prevenção tem ganhado, progressiva e lentamente, maior

espaço na área da saúde, com crescente enfoque nos âmbitos primário e

secundário. Embora no Brasil a assistência à saúde ainda tenha forte embasamento

na prevenção dita “terciária”, onde há reabilitação de incapacidades instaladas, os

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níveis “primário” e “secundário”, em que o desenvolvimento global é oportunizado

beneficiando o acompanhamento sistemático de populações de risco, bem como a

identificação precoce e o tratamento dos fatores negativos à sua progressão, vêm

tornando-se mais expressivos.

De fato, a atenção continuada à saúde infantil deve se dar por meio dos três

níveis de prevenção, a fim de maximizar a qualidade dos serviços oferecidos.

Oliveira, Lima e Gonçalves (2003) revelam que a prevenção tem sido o enfoque

recente da atenção da maioria dos profissionais envolvidos no processo de

desenvolvimento e busca de qualidade de vida da criança.

A Atenção Primária ao Desenvolvimento Infantil no Brasil situa-se na

descrição da Atenção Básica à Saúde. Esta agrega um conjunto de ações, de

caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de

saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e

a reabilitação, na busca de um sistema de saúde centrado na qualidade de vida das

pessoas e de seu meio ambiente (FERREIRA, 2003).

Considerando que a assistência à saúde pública no Brasil embasa-se no

Sistema Único de Saúde (SUS), normatizado na Constituição Federal de 1988

(BRASIL, CONSTITUIÇÃO, 1988), e gerenciado pelas Leis Orgânicas 8.080/90 e

8.142/90, a atenção primária à criança tem sido realizada junto à rede salutar básica,

geralmente na consulta de puericultura, e ampliada pela atuação das equipes do

Programa de Saúde da Família, o qual fortalece a função de vigilância.

A Norma Operacional de Assistência à Saúde NOAS/SUS 01/2001 define as

responsabilidades e ações estratégicas mínimas que todos os municípios brasileiros

devem desenvolver no âmbito da Atenção Básica, onde são incluídas ações de

Saúde da Criança, dentre as quais o acompanhamento do crescimento e

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33

desenvolvimento, definindo serviços de baixa, média e alta complexidade

(DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA, 2003).

Para Rodriguez et al (2001), o modelo de vigilância à saúde tem sido

apontado como uma estratégia para necessária reforma sanitária; em tal modelo são

enfocadas mais intensamente ações coletivas e de promoção de saúde, priorizando

o acesso diferenciado às populações de maior risco, o que se contrapõem ao

Modelo Médico Assistencial vigente. Há que se destacar a proposta da educação e

do cuidado infantil como meio de promover a saúde e o desenvolvimento da criança,

e da sociedade como um todo, em conseqüência (ROSSETTI-FERREIRA et al.

2002).

É fato consensual que a realização de um programa de acompanhamento

neuroevolutivo estruturado em uma população com maior potencialidade a

apresentar desvios no desenvolvimento, exemplificada por crianças de alto risco

neurológico, contribui para fortalecer setores básicos de prevenção (PÉREZ-

RAMOS; PÉREZ-RAMOS, 1996).

García-Sánchez (2002) destaca um importante papel da pesquisa em

Atenção Primária ao Desenvolvimento Infantil, no que tange à melhoria dos

conhecimentos dos profissionais de saúde sobre a etiologia das alterações

manifestadas nas crianças e suas características iniciais, facilitando sua detecção e

intervenção precoce, assim aprimorando a eficácia da prevenção em nível primário e

secundário.

Oliveira, Lima e Gonçalves (2003) enlevam a importância do

acompanhamento longitudinal de lactentes com risco para alterações sensório-

motoras, destacando a grande incidência de combinação de fatores de risco

característica dessa população, incluindo a situação social e ambiental que pode

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34

potencializar seus efeitos.

Considerando o impacto das aquisições motoras do primeiro ano de vida no

prognóstico do desenvolvimento global da criança (MANCINI et al, 2002, a;

OLHWEILER, SILVA, ROTTA, 2002), o acompanhamento de tais aquisições nessa

faixa etária é de grande importância em termos preventivos, assim como a

intensidade do desenvolvimento lingüístico característico do segundo ano de vida

justifica o acompanhamento evolutivo nesta faixa etária.

Em publicação normativa do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), como

referência à vigilância em saúde, há orientação ao acompanhamento do

desenvolvimento infantil nas consultas pediátricas da rede de atenção básica, tendo

como base os critérios de observação de marcos do desenvolvimento constantes no

Cartão da Criança. Tal orientação promove maior enfoque ao desenvolvimento na

consulta de atenção primária, o que em orientações pregressas tinha pouco

destaque, à revelia de maior importância dada à monitorização do crescimento

(BRASIL, 2001; SBP, 2004).

Na Espanha, desde 1977, a rede de atenção primária ao desenvolvimento

infantil conta com Unidades de Acompanhamento Maturativo, criadas pelo Plano

Nacional de Prevenção da Subnormalidade, com o objetivo de realizar controle

neuroevolutivo de crianças de risco neurológico e, assim, detectar e intervir

oportunamente sobre eventuais distúrbios psicomotores (RAMOS SÁNCHEZ;

MÁRQUEZ LUQUE; LLUCH FERNÁNDEZ, 1991; RAMOS SÁNCHEZ; MÁRQUEZ

LUQUE, 2000). Segundo Bugié (2002), tais programas estão presentes em quase

todo o território espanhol, representados pelos “Centros de Desarrollo Infantil y

Atención Temprana/CDIAT”, e apresentam importante prospecto no

acompanhamento de crianças de alto risco.

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35

No Uruguay, o atendimento à criança inclui subprogramas de atenção

programada envolvendo o acompanhamento até um ano de vida com posterior

controle de crescimento e desenvolvimento realizados em policlínicas

especializadas, públicas ou conveniadas aos municípios (FOREN et al. 2002).

De acordo com o Manual de Normas para Saúde da Criança na Atenção

Primária da Secretaria Estadual da Saúde do Ceará (CEARÁ; 2002), a melhoria na

assistência às famílias e às crianças poderia ser fator de modificação do atual

padrão epidemiológico da saúde infantil, com facilitação do diagnóstico precoce e

encaminhamentos apropriados a partir do uso de protocolos de avaliação e normas

de atendimento, proporcionando ao profissional de saúde diretrizes a seguir para

promover melhores oportunidades ao desenvolvimento saudável dos infantes.

Percebe-se que o acompanhamento do desenvolvimento infantil na rede de

atenção básica brasileira ainda requer considerável incremento, incluindo a

constante sensibilização e capacitação dos profissionais envolvidos (FIGUEIRAS et

al. 2003).

2.1.1 Acompanhamento da criança de risco

2.1.1.1 Objetivos de um programa de acompanhamento

Lemos et al (2004) destacam que, com o desenvolvimento dos programas de

acompanhamento neuroevolutivo, os objetivos do acompanhamento de crianças de

risco têm sido ampliados, promovendo a detecção e intervenção sobre alterações

neuropsicomotoras da criança, suporte à família e realização de pesquisas com

grupos específicos.

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36

Para Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999; 2000), as Unidades de

Acompanhamento têm três objetivos principais, quais sejam: assistencial,

investigativo e docente.

Dentre os objetivos assistenciais, são destacados o diagnóstico precoce de

sinais de alerta do desenvolvimento neuropsicomotor nos primeiros anos de vida e o

encaminhamento imediato de crianças com suspeita de lesão cerebral a programa

de intervenção neuropsicomotora individualizada, bem como prevenção e orientação

sobre alterações de conduta e comportamento proporcionando atenção integral à

criança e à família (RAMOS SÀNCHEZ; MÁRQUEZ LUQUE, 1999; 2000;

ETCHEPAREBORDA et al. 2003; LENKE, 2003). Segundo Póo-Argüelles et al.

(2000), os objetivos de um programa de acompanhamento embasam-se

fundamentalmente na detecção precoce de transtornos do desenvolvimento.

O acompanhamento torna possível o acompanhamento da evolução de

algumas alterações neurológicas presentes durante os primeiros meses de vida e

que são aparentemente transitórias; a longo prazo, possibilita a detecção de

seqüelas de aparecimento tardio, principalmente de aprendizagem e de conduta,

proporcionando chance de intervenção imediata e apoio familiar (LOPES, 1999;

G.A.T., 2000; PÓO-ARGÜELLES et al. 2000), podendo a longo prazo reduzir a taxa

de população neonatal de alto risco (ETCHEPAREBORDA et al. 2003; MARTÍNEZ-

BERMEJO, 2003).

Sweeney e Swanson (1994) e Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999;

2000) destacam a importância da atenção à família, considerando a comum

dificuldade de aceitação e manejo do nascimento de um filho com problemas ou com

risco elevado para tal. Os autores salientam a necessidade de que os pais recebam

orientações sobre a condição de seu filho de forma veraz e adaptada a sua situação

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emocional e cultural, proporcionando estabelecimento de uma relação terapêutica

baseada na confiança e cooperação.

Considerando a função investigativa, o acompanhamento permite maior

conhecimento do desenvolvimento neuromotor de crianças com determinados

fatores de risco, a partir da observação de mudanças neurológicas advindas nas

distintas etapas do desenvolvimento (PÓO-ARGÜELLES et al. 2000).

Nesta função, Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999; 2000) abordam a

possibilidade de estudo do valor preditivo dos fatores de risco psiconeurosensoriais,

conhecimento sobre a epidemiologia de deficiência mental, paralisia cerebral e

déficits sensoriais em relação aos fatores de risco, permitindo melhor planejamento

de sua prevenção e assistência, além da avaliação e controle de qualidade sobre a

assistência obstétrica e neonatal prestada a crianças de risco. Para Lopes (1999) e

Póo-Argüelles et al. (2000), são os acompanhamentos a longo prazo que permitem a

definição da qualidade de atenção dispensada ao neonato, a partir da epidemiologia

de sua morbidade.

Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999; 2000) e Póo-Argüelles et al. (2000)

complementam-se na descrição do objetivo docente de uma Unidade de

Acompanhamento, caracterizando-o pela sua importância na ampliação e divulgação

do conhecimento sobre diferentes aspectos do desenvolvimento neuropsicomotor de

crianças de risco, proporcionado por programas de docência e formação de

profissionais contíguo ao programa de acompanhamento, de forma a possibilitar

medidas adequadas para o aprimoramento da atenção primária à saúde da criança.

2.1.1.2 Critérios de inclusão

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Por definição, a condição de risco engloba a presença de fatores biológicos

e/ou sociais que, incidentes no período pré, peri e/ou pós-natal, proporcionam maior

probabilidade à criança de manifestar déficits em seu desenvolvimento, podendo

resultar em atraso neuropsicomotor, com anormalidades na aquisição de habilidades

motoras, cognitivas e psicossociais (PÓO-ARGÜELLES et. al, 2000).

A definição de critérios de risco, bem como sua graduação em complexidade,

tem sido embasada na experiência de Unidades Neonatais e em bibliografia

específica. Didaticamente, em uma visão geral, Trapero (1992) considera os fatores

de risco biológicos, psicológicos, familiares e ambientais, os quais podem

apresentar-se de forma isolada ou em co-existência. Dentre os fatores biológicos,

Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999; 2000) e publicação do Grupo de Atención

Temprana de Madri, Espanha (G.A.T, 2000) distinguem o risco neurológico e

sensorial, englobando fatores psicológicos, familiares e ambientais sob o codinome

social.

Alguns serviços têm utilizado algoritmos médicos na definição de crianças de

risco. Um desses algoritmos é o Indice Médico Neonatal (Neonatal Medical Index -

NMI, no original em inglês), desenvolvido por Korner et al (1993) o qual permite a

categorização (NMI I a V) de crianças nascidas pré-termo quanto ao risco para

complicações neurocomportamentais, baseado em condições clínicas do período

neonatal. No trabalho de Samsom e Groot (2000), realizado em hospital universitário

holandês, por exemplo, foram consideradas crianças de alto risco aquelas com

categorização NMI III a V. Posteriormente, Samsom et al (2002) encontraram

correlação negativa entre categorização do NMI e função neuromotora aos 7 anos.

Segundo McGrath et al (2000), as condições clínicas neonatais constituem

importantes variáveis preditivas de posteriores resultados neurocognitivos e

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desempenho escolar, devendo ser criteriosamente consideradas na elegibilidade ao

acompanhamento.

Doménech et al (2002) indicam que prematuros e crianças com baixo peso

de nascimento, assim como aqueles que tiveram prolongada hospitalização

neonatal, devem ser incluídos impreterivelmente em programas de

acompanhamento. Nascimento pré-termo e de baixo peso de nascimento, aliás,

constituem consenso na descrição de critérios de inclusão em programas de

acompanhamento ambulatorial.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), representada pelo Comitê de

Follow Up do recém-nascido de risco (1994, apud BRASIL, 2002) apresenta

indicadores de risco para distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor, os quais

devem nortear a elegibilidade de crianças ao acompanhamento. Alguns destes

podem ser visualizados no Quadro 1.

INDICADOR DESCRIÇÃO Prematuridade Idade gestacional calculada pelos métodos

New Ballard ou Capurro Somático: menor ou igual a 33 semanas e 6 dias; peso de nascimento menor ou igual a 1500g.

PIG (Pequeno para a Idade Gestacional) Peso inferior a 2 desvios-padrão para sua idade gestacional

Asfixia Perinatal grave Índice de Apgar menor ou igual a 6 no quinto minuto, e/ou manifestações clínicas de asfixia: acidose metabólica nas primeiras duas horas de vida, taquipnéia, alteração de freqüência

cardíaca, (...). Alterações neurológicas Alterações de tônus muscular, síndrome de

hiperexcitabilidade. Crises convulsivas Ou equivalente convulsivo, geral ou focal,

necessitando ou não de anticonvulsivantes. HIPV (Hemorragia Peri-Intra Ventricular) Hemorragia de matriz germinal peri-ventricular,

comprovada por ultrassonografia transfontanelar.

Crescimento anormal do perímetro cefálico - Hipoglicemia persistente por mais de 3 dias -

Hiperbilirrubinemia Elevado nível de bilirrubina sérica, necessitando exsanguineotransfusão

QUADRO 1. Indicadores de risco para distúrbios do desenvolvimento neuropsicomotor (adaptado de BRASIL, 2002.)

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A Sessão de Neonatologia da Associação Espanhola de Pediatria (citada por

TRAPERO, 1992; RAMOS SÁNCHEZ; MARQUES LUQUE, 1999) listou critérios peri

e neonatais que poderiam determinar maior risco de lesões neurológicas,

visualizáveis no Quadro 2:

Peso ao nascer menor de 1500g; Peso inferior a 2 desvios-padrão para a idade gestacional;

Persistência de exame neurológico anormal por 7 dias ou mais; Perímetro cefálico superior ou inferior a 2 desvios-padrão para a idade;

Hiperbilirrubinemia (superior a 25 mg/dl no recém-nascido a termo) Necessidade de Ventilação Mecânica

Convulsões Apgar igual ou inferior a 3 no quinto minuto

Sepse ou Infecção do Sistema Nervoso Central no período neonatal Patologia cerebral detectada em exame complementar

Recém-nascido de mãe alcoolista ou drogadicta Recém-nascido com irmão afetado por patologia neurológica não esclarecida ou com risco de

recorrência Irmão gêmeo, se o outro reúne algum dos critérios de inclusão

Enfermidades congênitas do metabolismo QUADRO 2. Critérios de inclusão para seqüelas neurológicas. (adaptada de TRAPERO, 1992; RAMOS SÁNCHEZ; MARQUES LUQUE, 1999).

Em publicação normativa da Atenção Básica à saúde da criança na Espanha

(G.A.T., 2000) são apresentados fatores de risco neurológicos concordantes com a

determinação acima transcrita, com sugestão de modificação dos critérios

relacionados ao peso de nascimento e idade gestacional, considerando crianças

nascidas com menos de 2000g e de gestações menores que 35 semanas.

2.1.1.3 Estrutura e Organização de programas de acompanhamento

Serão revistos tópicos relacionados à equipe constituinte de programas de

acompanhamento de crianças de risco, bem como fluxograma e rotinas de

atendimento, as quais podem fundamentar a instalação de tais programas, com

enfoque ao neurodesenvolvimento.

A – Equipe

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Dado à multiplicidade do desenvolvimento infantil, a fim de possibilitar ampla

assistência à criança e a sua família, uma Unidade de Acompanhamento deve

contar, primordialmente, com profissionais de quatro áreas fundamentais: de saúde,

educação, psicológica e social (GARCIA-SÁNCHEZ, 2002; GRACIA, 2002), que

permitam a identificação etiológica dos problemas desenvolvimentais em suas

vertentes biológica, psicológica e social, e suas correlações (MILLÁ-ROMERO;

MULAS, 2002).

Sherman et al. (2004) afirmam que o acompanhamento clínico de crianças de

alto risco deve incluir uma equipe multidisciplinar constituída basicamente por

médico (pediatra, neuropediatra, neonatologista, por exemplo), psicólogo,

enfermeiro, assistente social, além de fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.

Definindo o papel do fisioterapeuta, Pérez-Ramos e Pérez-Ramos (1996) citam sua

função na avaliação do desenvolvimento, observando transtornos no equilíbrio,

postura e mobilidade, e aconselhamento aos familiares quanto à estimulação em

ambiente doméstico.

Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999) destacam que os recursos

humanos mínimos integrantes de uma unidade devem estar constituídos por um

neuropediatra e um psicólogo clínico infantil, além de uma equipe preparada para

atuar sobre os fatores de risco sócio-familiares. Tal estrutura também é citada por

Gracia (2002) e Arce Casas et al. (2003).

Dentre os profissionais citados por Sherman et al. (2004) e Ramos Sánchez e

Márquez Luque (1999), Sweeney e Swanson (1994, p. 211) haviam acrescentado o

fonoaudiólogo e o otorrinolaringologista, sugerindo inclusive um plano de

acompanhamento com a discriminação de exames e profissionais responsáveis por

realizá-los, relacionados em uma tabela. Lopes (1999) afirma que as especialidades

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de neurologia, otorrinolaringologia, oftalmologia e cirurgia pediátrica seriam serviços

de suporte ao programa ambulatorial de acompanhamento da criança de risco.

De forma geral, a atuação conjunta da equipe multiprofissional tem como

objetivo principal a identificação do recém-nascido de risco e a implementação de

medidas que reduzam os efeitos de condições adversas sobre o desenvolvimento

infantil (STOPIGLIA, 1997), propiciando incremento qualitativo aos sobreviventes de

situações de alto risco.

B – Organização e Rotinas de Atendimento

Segundo Lopes (1999), o programa de acompanhamento de crianças de risco

deve estar integrado com a UTI neonatal e berçário intermediário, de forma que os

primeiros contatos da equipe responsável pelo acompanhamento com a família da

criança ocorram ainda quando da sua internação hospitalar neonatal. Assim, pode-

se estimular a aderência familiar ao programa, considerando que os objetivos do

acompanhamento ficam prejudicados quando se considera a taxa de evasão dos

ambulatórios de acompanhamento de crianças de risco, a qual chegou a cerca de

30% no serviço apresentado por Lopes (1999). López Maestro et al (2002) revelaram

20% de abandono do acompanhamento antes dos dois anos de vida, dos quais 23%

dos que tiveram o acompanhamento retomado apresentaram freqüência de

encefalopatia crônica não progressiva de graduação moderada a grave três vezes

maior que os acompanhados sem interrrupção.

A partir de sua alta hospitalar, o acompanhamento neuroevolutivo

programado tem duração mínima preconizada até a idade escolar (MORSCH, 1999;

RAMOS SÁNCHEZ; MARQUEZ LUQUE, 1999; PÓO ARGUELLES et al. 2000).

Millá-Romero e Mulas (2002) recomendam o acompanhamento até os 6 anos de

idade, a fim de observar repercussões da condição de alto risco na aprendizagem

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43

escolar. No trabalho de Portellano Pérez et al (1997), as avaliações de

acompanhamento prosseguiram até 5 anos de idade.

São percebidas variações no fluxo de pacientes dependendo do serviço,

geralmente relacionadas com a escolha de idades-chave para a marcação das

consultas. No Hospital de Servidores do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o

ambulatório de acompanhamento de crianças de risco funcionava quatro dias por

semana, com marcação de consultas mensais até a idade de 12 meses, trimestrais

até os 24 meses e semestrais até os quatro anos de idade, passando a freqüência

anual até os 12 anos (LOPES, 1999). No serviço da Unidade de Neonatologia do

Hospital de Tigre, província de Buenos Aires/Argentina, o acompanhamento mensal

era feito até a idade de 9 meses, passando a bi ou trimestral a seguir (MAURO et al.

2001).

As idades significativas eleitas para avaliação do processo evolutivo sofrem

pequenas variações nos diferentes programas. Para Sweeney e Swanson (1994), o

desenvolvimento infantil deve ser monitorado nas idades de 4 meses, 12 meses, 2

anos, 3 anos, 4 anos e meio, 6 anos e 8 anos. Morsch (1999), por sua vez, indica os

períodos entre 8 e 9 meses, 18 meses, 24 meses, entre 4 e 5 anos e aos 7 anos.

Gallego (1996) e Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999) mantêm controle etário

similar, apenas variando o início, com indicação das idades-chave de 3 meses, 6

meses e 12 meses. Portellano Pérez et al (1997) realizaram avaliações de

acompanhamento nas idades de 3, 6, 10, 18, 36 meses e 5 anos.

Em todas essas indicações de idades-chave, quando na primeira infância, é

indicado o uso da Idade Cronológica Corrigida em casos de nascimento pré-termo,

embora este tópico seja uma questão corrente (SWEENEY; SWANSON, 1994;

RESTIFFE; GHERPELLI, 2004; RUGOLO, 2005).

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Embora não consensual, o uso da Idade Cronológica Corrigida (ICC), também

chamada Idade Pós-Concepcional, é preconizado para casos em que houve

nascimento pré-termo, de forma a minimizar a subestimação do desenvolvimento e

crescimento da criança (RESTIFFE; GHERPELLI, 2004; RUGOLO, 2005), bem

como a uniformização da idade gestacional para a comparação entre prematuros e

bebês a termo (AMIEL-TISON; GRENIER, 1988).

Em recente revisão bibliográfica, Wilson e Cracdock (2004) afirmam que a

opção pela correção da idade leva em consideração uma perspectiva biológica,

defendida desde os idos dos anos 40 por Gesell e Amatruda, partindo do princípio

que a maturação neurológica sofre maior influência do tempo de concepção do que

dos estímulos ambientais; tais estímulos, em contrapartida, embasam a preferência

pela não correção da idade de pré-termos. De qualquer forma, as autoras destacam

que este campo requer ainda muitos estudos (muitas pesquisas datam de mais de

10 anos, não sendo mais representativas da população atual de prematuros) para

investigar a necessidade ou não, e qual a melhor metodologia, da correção etária

para prematuros.

Sweeney e Swanson (1994), por sua vez, afirmaram que o uso da idade sem

correção pode levar o bebê prematuro sem alterações neuromotoras a apresentar

um quociente de desenvolvimento mais baixo, com freqüente retardo na aquisição

de etapas neuroevolutivas com relação aos equivalentes a termo. No entanto, o

ajuste para a prematuridade utilizado na avaliação feita antes do primeiro ano de

vida tenderia a resultar em correção excessiva, especialmente em bebês com idade

gestacional menor de 33 semanas, o que levaria bebês com alterações

neuromotoras a apresentar quocientes de desenvolvimento dentro da normalidade

nas testagens convencionais (SWEENEY; SWANSON, 1994).

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Rugolo (2005), por sua vez, afirma que para um prematuro de 28 semanas

não utilizar a idade corrigida aos dois anos implicaria em 12% de diferença em seu

desempenho nos testes de desenvolvimento, o que erroneamente o classificaria em

anormalidade.

Sweeney e Swanson (1994) e Wilson e Cradock (2004) comentam que a

decisão quanto ao ajuste etário para a prematuridade depende de fatores

relacionados às competências avaliadas pelos instrumentos de testagem utilizados

no programa e ao propósito da avaliação. Segundo as autoras, quando o objetivo é

detectar bebês que possam estar neurologicamente comprometidos, a correção

etária não seria recomendada por camuflar sensível indicação de anormalidade;

sendo o objetivo a documentação do progresso no desenvolvimento de bebês pré-

termo com relação à população a termo, a ICC seria mais apropriada. No entanto,

percebe-se que condutas mais recentes preconizam a utilização da ICC (LOPES,

1999; MILLÁ-ROMERO; MULAS, 2002; RUGOLO, 2005).

Para Lopes (1999) e Restiffe (2004), o cálculo da idade corrigida é feito pela

subtração do número de semanas que faltou para a idade gestacional da criança

completar 40 semanas de sua idade pós-natal. Restiffe (2004) aborda tal número

sob a denominação “Índice de Prematuridade” (IP), calculado pela sentença [40 –

Idade Gestacional real], de onde pode ser referenciada uma fórmula facilitada de

cálculo da ICC: ICC = IC – IP, onde IC: Idade Cronológica.

Lopes (1999) e Millá-Romero e Mulas (2002) preconizam que a idade da

criança pré-termo deve ser corrigida no acompanhamento de seu desenvolvimento e

crescimento até os 18 meses de idade, esperando-se que a partir daí ocorra o

chamado cath up ou recuperação do desenvolvimento com acompanhamento da

respectiva idade cronológica. Restiffe e Gherpelli (2004) demonstraram que a

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correção da idade para fins de avaliação motora deva ocorrer durante o primeiro ano

de vida. Em recente revisão bibliográfica sobre o tema, Rugolo (2005) destaca que o

ajuste etário deva ocorrer até a idade de 24 meses, prolongado até os 36 meses em

casos de prematuridade extrema.

A rotina de atendimento dos ambulatórios de acompanhamento de crianças

de risco, basicamente, é constituída pelo exame clínico, medições antropométricas,

avaliação visual e auditiva e avaliação neurológica sistemática (LOPES, 1999).

Sherman et al. (2004) consideram que tal rotina deva incluir, ainda, a avaliação do

desenvolvimento neuropsicomotor e de características psicossociais e ambientais a

que a criança está submetida, sobre os quais se pode determinar necessidade de

encaminhamento a serviços especializados, incluindo intervenção.

No serviço de acompanhamento maturativo de crianças de risco em um

hospital universitário de Sevilla, Espanha, a rotina de cada consulta envolve a

Anamnese e histórico sócio-familiar, exploração neuro-pediátrica, avaliação do

desenvolvimento neuropsicomotor instrumentalizado (Escala de Brunet-Lèzine),

avaliação comportamental, realização de exames complementares pertinentes, bem

como indicações e encaminhamentos que se fizerem necessários e apoio familiar

(RAMOS SÁNCHEZ; MARQUEZ LUQUE, 1999; 2000).

Póo-Argüelles et al. (2000) afirmam que o estabelecimento de um prognóstico

definitivo sobre a evolução neuromotora da criança de risco, independente dos

procedimentos realizados, ainda requer investigação. A semiologia neurológica do

exame clínico tem valor preditivo corroborado por numerosos estudos, porém não é

definitivo; sua habilidade de predição tem aumentado ao ser associado com exames

de neuroimagem (PÓO-ARGÜELLES et al. 2000; MILLÁ-ROMERO; MULAS, 2002).

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A técnica de neuroimagem mais comumente descrita na apresentação de

programas de acompanhamento de crianças de risco refere-se à ultra-sonografia

transfontanelar (LOPES, 1999; PÓO-ARGÜELLES et al. 2000). Segundo Stopiglia

(1997), a introdução da ultra-sonografia nas unidades de terapia intensiva neonatal

facilitou o diagnóstico de patologias cerebrais, por ser um método não invasivo e não

interferir nas medidas de suporte terapêutico, garantindo a sua realização de

maneira seriada e à beira do leito, mesmo em recém-nascidos gravemente

enfermos.

No Serviço de Neonatologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher

(CAISM) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desde 1990, o

programa de diagnóstico precoce de alterações cerebrais de recém-nascidos de

risco utiliza de forma rotineira o ultrassom transfontanelar em todos os prematuros

nascidos vivos, tendo como protocolo seu exame nas primeiras 72 horas de vida,

com uma semana e um mês de vida (STOPIGLIA, 1997).

A incorporação de novos instrumentos como tomografia axial

computadorizada (TAC), e ressonância magnética cranial (RM), além de avaliações

neurofisiológicas (eletroencefalografia, potenciais evocados) e de marcadores

hemodinâmicos, como medida de fluxo sanguíneo cerebral vem sendo sugerida

(PÓO-ARGÜELLES et al. 2000). Cabe ressaltar o custo elevado de tais

procedimentos, que por vezes limitam ou inviabilizam sua utilização.

Dentre os procedimentos descritos, foram transcritos abaixo maiores

especificações sobre alguns que constituíram importante embasamento do presente

trabalho, pela sua relação direta com a atuação fisioterapêutica no

acompanhamento neuroevolutivo de crianças de risco.

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Rotinas de Avaliação: Anamnese

A Anamnese, termo derivado do grego com tradução de “recordação”,

representa um levantamento detalhado de antecedentes fisiológicos e patológicos,

fomentando a investigação e elaboração de diagnóstico (MALTESE, 1994, a), assim

constituindo importante “ferramenta” no conhecimento do desenvolvimento da

criança.

Para Diament e Cypel (1996), o recolhimento de informações junto aos pais

ou responsáveis tem veracidade relativamente duvidosa em virtude de baixo nível

cultural, cuidados da criança realizados por terceiros, superestimação das funções

exercidas pela criança de forma a, intuitivamente, melhorar o prognóstico da mesma,

ou o contrário, com agravamento de sintomas como forma de obter

encaminhamentos imediatos que permitam a transferência de responsabilidade

pelos cuidados com a criança à equipe de assistência à saúde; no entanto, tal

procedimento é parte indissociada da consulta pediátrica.

Os autores destacam os tópicos classicamente descritos constituintes da

Anamnese, perfazendo: Queixa e Duração (QD), História da Moléstia Atual (HMA),

interrogatório sobre diversos aparelhos e Antecedentes Pessoais e Familiares,

enfocando aspectos inerentes ao Sistema Nervoso e aquisições neuromotoras

(DIAMENT, CYPEL; 1996).

Caracterizando as inquirições sobre Antecedentes Pessoais (AP), Diament e

Cypel (1996) destacam sua importância na identificação de fatores gestacionais,

peri-natais e pós-concepcionais que possam constituir etiologia para alterações do

desenvolvimento, sejam elas imediatas ou tardias.

Na história gestacional é importante verificar a ocorrência de traumatismos

(principalmente abdominais), infecções (especialmente as que podem chegar ao

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feto, via transplacentária, como rubéola, toxoplasmose, sífilis, citomegalovirose,

AIDS, incluindo o contato da gestante com pessoas acometidas), hemorragias

(descritas como “ameaças de aborto”), hipertensão arterial (atentando para sinais de

pré-eclâmpsia ou eclampsia), uso de medicamentos e drogas (lícitas ou não)

(DIAMENT; CYPEL, 1996; BOYLE, 2002).

Bartilotti et al (1996) destacam os aspectos psicológicos da gravidez como

importante item a ser investigado. Segundo os autores, crianças não planejadas,

não desejadas ou aquelas que foram concebidas acidentalmente, seriam pouco

protegidas, pouco estimuladas e não atendidas em suas necessidades, o que se

tornaria um entrave a sua capacidade de atingir um desenvolvimento pleno.

Local, tipo de parto e sua indicação são importantes indicadores a serem

observados na história peri-natal, incluindo o registro de intercorrências relacionadas

ao feto no período, tal como asfixia, circular de cordão umbilical, liberação e

aspiração meconial (MARTINS et al. 2001).

Rotinas de Avaliação: Exame Físico em Semiologia Neurológica

Para Diament (1996, a), a semiologia neurológica infantil caracteriza-se

principalmente pelo acompanhamento das surpreendentes manifestações corpóreas

relacionadas ao dinamismo evolutivo intenso das estruturas neurológicas,

especialmente no primeiro ano de vida, o qual permite grande transição filo e

ontogenética, com a passagem do decúbito dorsal passivo à posição ortostática

ativa e funcional.

Scrutton e Gilbertson (1977) já citavam a avaliação da habilidade postural e

de movimento como parte imprescindível da consulta pediátrica, destacando a

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observação de quais funções são realizadas e, especialmente, como estas

acontecem.

Segundo Diament (1996, a), no Brasil a avaliação em semiologia neurológica

neonatal é baseada no exame neurológico proposto por Lefevre, 1950, o qual avalia

a vitalidade, grau de maturidade e prognóstico tardio do sofrimento perinatal.

Stopiglia (1997) cita que o exame neurológico do lactente no primeiro ano de vida

proposto por Diament em 1976 tem sido bastante utilizado; este enfoca o

desenvolvimento neurológico, propondo manobras e procedimentos para

observação comportamental.

Amiel-Tison e Grenier (1988) apresentam um modelo de exame neuromotor

clássico a ser aplicado no primeiro ano de vida, considerando os importantes ganhos

psicomotores desta fase. Segundo os autores, sua aplicação é simples, rápida e fácil

de integrar na consulta pediátrica. Diament (1996, b) considera que tal exame

permite verificar a evolução neurológica da criança, incluindo a observação de

manifestações permanentes, reflexas transitórias e evolutivas.

Destacamos a observação da Atitude, verificada na evolução temporal em

Assimetria, Simetria, Deitada Espontânea e Ativa Espontânea. No trabalho

apresentado por Diament (1996, b), a observação de tal item permitiu a verificação

de três pontos-chave evolutivos, quais sejam: passagem do segundo para o terceiro

mês (mudança de atitude assimétrica para simétrica), transição do quarto para o

quinto mês (passagem de simetria passiva em decúbito dorsal para atitude mais

espontânea, com tendência à mudança de decúbito), e período entre 11º e 12º mês,

com adoção de posturas anti-gravitacionais (ortostatismo).

A avaliação da motricidade, equilíbrio, coordenação e desenvolvimento da

fala da criança é realizada com a proposição de atividades, sendo observadas

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aquisições de sustento cefálico, postura ortostática com e sem apoio, deslocamentos

(rolar, engatinhar, marcha com e sem apoio), características de manipulação de

objetos, tipos de preensão manual, atos práxicos (como mudanças de decúbitos e

interação entre objetos, como encaixes), sinais de expressão e compreensão de

linguagem, com a verificação de sincinesias (movimentos desnecessários à

realização da tarefa, realizados concomitante à mesma) (DIAMENT; 1996, b).

Outro aspecto que permite o acompanhamento da maturação neurológica é a

avaliação do Tônus Muscular, passível de análise de forma passiva e ativa. Segundo

Coriat (2001), o estudo semiológico do tônus começa com a inspeção da criança

despida, o que permite observar sua condição nutricional geral e seu volume

muscular, passando à análise da consistência das massas musculares pela

palpação, a qual depende da experiência do examinador.

Pode-se verificar o tônus passivo pela movimentação passiva de articulações,

sendo observada a amplitude dos ângulos formados (AMIEL-TISON, GRENIER;

1988). Nesta análise, é possível observar a passividade direta e indireta (resistência

à mobilização do segmento em estudo ou dos adjacentes), e extensibilidade

muscular (CORIAT, 2001).

O tônus muscular ativo ocupa lugar preponderante no exame neuromotor,

podendo ser observado a partir da análise da postura assumida pela criança através

de sua cabeça e segmentos corporais (ARAÚJO, 2002). Em Amiel-Tison e Grenier

(1988, p. 39-79) e Diament (1996, b, p. 33-62) está disposta metodologia de

execução do exame tônico no lactente, junto à descrição do exame neurológico

geral.

A verificação e acompanhamento evolutivo de reflexos primitivos e reações

posturais constitui importante parâmetro para a suspeita de alterações neuromotoras

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(GUIMARÃES; TUDELLA, 2003). Amiel-Tison e Grenier (1988), Diament (1996, b) e

Flehmig (2000) são algumas referências em que podem ser encontradas descrições

de testagem de tais parâmetros.

Junto à avaliação física dos aspectos neurológicos, é importante haver a

pesquisa do histórico de desenvolvimento da criança, isto é, o levantamento do

período em que ocorreram ganhos neuropsicomotores a fim de verificar a cronologia

das aquisições e possíveis regressões, as quais podem ser indicativas de lesões

neurológicas (LEFÈVRE, 1980).

Rotinas de Avaliação: Uso de Escalas de Desenvolvimento

A avaliação é um processo contínuo de coleta e organização de informações

relevantes, para planejar e implementar um tratamento efetivo, onde o aspecto mais

importante é uma ampla visão das dificuldades da criança e seu significado

funcional. O desafio é avaliar e compreender precisamente o significado de qualquer

atraso que saia dos limites normais de variabilidade, sendo o conhecimento da

seqüência normal e regular das aquisições do desenvolvimento e dos padrões de

integração, a base na qual um desafio significativo na maturação é estimado

(TECKLIN, 2002).

O uso de testes de desenvolvimento como instrumentos seletivos promovem

uma intervenção precoce para os desvios do crescimento e do desenvolvimento

normal em crianças jovens Esses testes podem ajudar na determinação do

diagnóstico, facilitar o planejamento do tratamento e dão valiosas informações sobre

o nível de operação da criança, ou sobre os marcos alcançados. Os resultados dos

testes podem revelar áreas especificas de déficit que necessitam de avaliação

adicional, a fim de se descobrir a causa fundamental do atraso (BERTOTI, 1999).

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É crescente o interesse de pesquisadores pelo estudo do desenvolvimento de

crianças normais ou expostas a fatores de risco. Segundo Gagliardo (2004),

merecem destaque em pesquisas desse tipo os estudos envolvendo lactentes

durante o primeiro ano de vida, trabalhos de acompanhamento clínico longitudinal e

a utilização de instrumentos padronizados de avaliação do desenvolvimento.

Campistol (2000) afirma que a neurologia expandiu consideravelmente sua

área de atuação, voltando-se ao acompanhamento do recém-nascido de risco e à

busca de instrumentos para identificar precocemente o dano cerebral, citando a

aplicação de questionários de desenvolvimento em nível ambulatorial ou mesmo

doméstico.

Para Póo-Argüelles et al. (2000) o uso de instrumentos adequados para a

detecção precoce de transtornos do desenvolvimento é um importante fator

constituinte das explorações sistemáticas de um programa de acompanhamento.

Quando utilizado junto ao exame neurológico clássico, a identificação precoce de

anormalidades torna-se ainda mais fidedigna; Knobloch e Pasamanick (1960, apud

DIAMENT; 1996, b) compararam resultados do exame neurológico clássico e testes

de desenvolvimento de Gesell obtidos com crianças com problemas psicomotores,

verificando significância estatística entre os dois tipos de análise, entitulada por eles

como continuum de lesão.

Lopes (1999) reitera que a utilização de testes de avaliação do

desenvolvimento motor e cognitivo é fundamental para a normatização e

comparação dos estágios do desenvolvimento entre crianças examinadas,

constituindo um requisito básico à realização de estudos dirigidos. A autora destaca,

no entanto, que tal testagem tem sido prejudicada pela carência de profissionais

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treinados para sua aplicação e falta de normatização desses instrumentos para a

população brasileira.

Porto e Genta (1996) apresentam algumas escalas de desenvolvimento que

podem ser usadas em programas de acompanhamento, destacando sua função

avaliadora do potencial adaptativo da criança. Para Gesell (1989), o diagnóstico do

desenvolvimento requer um exame de qualidade e integração considerando os cinco

campos de comportamento que representam a integralidade do crescimento e

desenvolvimento da criança: comportamento adaptativo (ajustes sensório-motores

na solução de problemas práticos), motor-grosseiro (reações posturais), motor

manual (coordenação óculo-motriz), de linguagem (formas de comunicação, sejam

expressivas ou compreensivas), e pessoal-social (interação com o meio,

autodependência).

Nesta perspectiva, a avaliação do desenvolvimento por meio de escalas

específicas tem como função principal a identificação da presença de qualquer

déficit neuromotor ou sensorial, com a devida determinação do estágio maturacional

neurológico, além de permitir o conhecimento em perfil longitudinal, pelo registro

específico (PORTO; GENTA, 1996).

Há que se destacar as considerações de Diament (1996, b), delatando ser

necessário associar o uso de escalas de avaliação do desenvolvimento com a

avaliação neurológica do lactente, especialmente no primeiro ano de vida (em

virtude da complexificação neuropsicomotora ocorrida no período), visto que tais

escalas geralmente falham na identificação de fatores neurológicos propriamente

ditos.

O arsenal de escalas de desenvolvimento é numeroso, e a escolha do

instrumento a ser utilizado em um programa de acompanhamento depende das

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características do programa e da capacitação da equipe. Sherman et al. (2004)

sugerem a avaliação de Dubowitz e a Escala de Alberta (Alberta Infant Motor Scale –

AIMS, também preconizada por FORMIGA et al. 2004), embora Theuer e Flores-

Mendoza (2003) afirmem que o instrumento mais utilizado mundialmente seja o

conjunto de Escalas Bayley (Bayley Scales of Infant Development - BSID).

No Brasil, as Escalas Bayley vêm sendo utilizadas, especialmente em

programas de avaliação de crianças de risco da Universidade Estadual de

Campinas, dentro do Grupo Interdisciplinar de Acompanhamento do

Desenvolvimento Infantil – GIADI, cuja proposta de atuação envolve programas de

detecção de deficiências neuromotoras e sensoriais em lactentes (OLIVEIRA et al.

2003; GAGLIARDO, 2004; CAMPOS et al. 2005; CASTRO et al. 2005).

Na Universidade Federal de Minas Gerais, junto aos Departamentos de

Fisioterapia e Terapia Ocupacional, vem sendo desenvolvido importante trabalho de

acompanhamento de crianças de alto risco, especialmente pré-termos, em que são

utilizados outros instrumentos, como o MAI (Moviment Assessment of the Infant,

MAGALHÃES et al. 2004).

Nos serviços espanhóis de acompanhamento maturativo de crianças de risco

é utilizada a Escala de Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância (Escala de

Brunet-Lèzine), a mesma a nortear a presente pesquisa. Percebe-se, no entanto,

que a maioria dos ambulatórios brasileiros de acompanhamento que usam escalas

de desenvolvimento utiliza instrumentos amplos de triagem, tal como o Teste de

Denver II - Denver Development Screening Test (CUNHA, 2000).

Em referências como Ratliffe (2000, p. 56-57) e Tecklin (2002, p. 35-68), entre

muitas outras, pode-se verificar textos e quadros comparativos entre escalas de

desenvolvimento utilizadas na primeira infância, onde são expostas suas

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características-chave como áreas avaliadas, tipo de resultado obtido, faixa etária

avaliada, e índices de confiabilidade.

Para Brenneman (2002), testes do desenvolvimento podem auxiliar na

determinação do diagnóstico e facilitar o planejamento de um programa de

intervenção terapêutica. A autora cita, inclusive, a importância de escalas

abrangentes como a de Gesell na especificação de áreas alteradas, o que permite

intervenção peculiar.

Sweeney e Swanson (1994) abordam a questão do valor preditivo dos

instrumentos de avaliação de bebês, relacionando sua precisão em termos de

sensibilidade e especificidade. A sensibilidade denotaria a habilidade do teste de

identificar como alterado o que realmente está alterado, enquanto a especificidade

seria sua habilidade para identificar o normal como normal. As autoras apresentam

fórmulas de cálculo para tais indicadores, assim como uma tabela em que consta a

validade de previsão de alguns instrumentos de avaliação de bebês (SWEENEY;

SWANSON, 1994, p. 215).

Embora haja discussão sobre o valor preditivo das escalas, é fato eminente

que o uso de testes de desenvolvimento como instrumentos seletivos proporciona

intervenção precoce para desvios desenvolvimentais específicos, prevenindo

incapacidades maiores (BRENNEMAN; 2002). No trabalho de Rosa Neto (1993), em

que foram avaliadas 100 crianças espanholas em idade escolar, divididas em grupo

controle e grupos com história de alto risco neurológico, foi constatada boa

correlação entre a escala utilizada na primeira infância (Escala de Brunet-Lèzine) e

os resultados em idade escolar para inteligência (Escala de McCarthy) e

desenvolvimento psicomotor (Escala de Picq e Vayer).

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No estudo de Salvatierra Cuenca (2000), a Escala de Brunet-Lézine foi

descrita como pouco sensível para detectar patologia, porém bastante específica

para evidenciar o desenvolvimento normal, o que a torna justificável como meio de

avaliação de crianças de alto risco. A autora recomenda que a criança que havia

obtido baixas pontuações na Escala na primeira infância deve ser avaliada por áreas

específicas e receber intervenção especializada ao menos até sua integração

escolar.

Theuer e Flores-Mendoza (2003) revisam a validade preditiva de alguns

testes de bebês numa correlação entre medidas psicomotoras e Quocientes de

Inteligência (QI) posteriores, demonstrando que o desempenho sensório-motor na

primeira infância pode apresentar correlações de até 0,7 a 0,8 com o QI a longo

prazo, isso quando são consideradas populações de risco. Tal afirmação é

instantaneamente contextualizada pelas autoras, a partir da afirmação de que o

índice de resultados falsos positivos é expressivo e de que em populações sem

fatores de risco para alterações neurológicas praticamente não são encontradas

correlações entre medidas de desenvolvimento mental na lactância e em anos

posteriores.

Para Sweeney e Swanson (1994), características próprias originárias de

determinados fatores de risco dificultam a habilidade de previsão do resultado

neuromotor de escalas infantis. Assim, tal valor preditivo em bebês de baixo peso ao

nascimento pode ser prejudicado por sua condição clínica ou efeito de

medicamentos na avaliação. Variações comportamentais peculiares de crianças

prematuras proporcionadas pela imaturidade neurológica ou posicionamento

predominante durante a hospitalização também podem ser entraves à predição,

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assim como certa indefinição de critérios padronizados para o diagnóstico precoce

da lesão cerebral.

A respeito, Theuer e Flores-Mendoza (2003) sugerem que a avaliação da

inteligência nos primeiros anos de vida apresenta maior correlação com o QI

posterior quando são usadas medidas de processamento da informação (habituação

e preferência pelo novo) do que com o uso de testes do desenvolvimento

psicomotor. No entanto, o valor preditivo de escalas do desenvolvimento aumenta

quando estas são utilizadas longitudinalmente e associadas ao acompanhamento de

sinais neurológicos, muito embora a maioria dos bebês com sinais neurológicos

iniciais anormais desenvolva-se normalmente (SWEENEY; SWANSON, 1994).

A seguir, é apresentada uma breve revisão de alguns testes e escalas

utilizados na avaliação neuropsicomotora, destacando-se suas medidas e formato,

população-alvo e índices de fidegnidade, e demais comentários gerais.

- Teste de Triagem de Denver II (TSDD)

O Teste de Triagem de Desenvolvimento de Denver (TSDD) foi desenvolvido

por Frankerburg e Dodds em 1967, e tem sido usado para selecionar atrasos de

desenvolvimento.

Medidas do Teste e População-alvo - seleciona o desenvolvimento geral em quatro

áreas:

1. Pessoal-social: dar-se bem com as pessoas e preocupar-se com

necessidades pessoais.

2. Adaptação motora fina: coordenação olho-mão, manipulação de

pequenos objetos e solução de problemas.

3. Linguagem: audição, compreensão e uso de linguagem.

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4. Motricidade ampla: sentar, andar, pular e movimentos musculares

amplos e gerais.

Também inclui cinco itens para ser completado depois da administração do

teste. A população apropriada para o teste são crianças entre o nascimento e os 6

anos de idade que estão aparentemente bem (TECKLIN, 2002).

Construção e Padronização do Teste

Foi desenvolvido pela administração de 326 itens em potencial, para mais de

2 mil crianças consideradas representativas de variáveis demográficas na

população. Cada item foi administrado 540 vezes em média (TECKLIN, 2002).

Formato do Teste

a) Tipo: referente às normas, com dados apresentados como padrões de

idade, similares à curva de crescimento físico;

b) Conteúdo: tem 125 itens organizados em forma de teste em quatro

sessões: pessoal-social, adaptação motora fina, linguagem e

motricidade ampla. A escala de idade nas partes superior e inferior no

teste descreve as idades, expressas em meses e anos, do nascimento

até os 6 anos;

c) Administração: depende da observação do examinador sobre a criança.

A interpretação correta dos resultados do teste depende da precisão da

idade. O examinador deve começar pela administração de cada item

interceptado pela linha da idade e por pelo menos três itens mais

próximos e totalmente à esquerda da idade. A continuação do teste

depende de o objetivo ser o de identificar atrasos de desenvolvimento

ou a potência relativa da criança;

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d) Pontuação: cada item dado deve ser pontuado na barra em 50% da

marca sombreada. Os itens são pontuados como aprovado, falho, não-

oportuno/aplicável ou recusado;

e) Interpretação: identifica se o desenvolvimento parece ser atrasado em

comparação a outras crianças e identifica as mudanças de

desenvolvimento de uma criança ao longo do tempo.

Confiabilidade e Validade

Segundo Tecklin (2002), a confiabilidade média foi de 0,99 com uma variação

de 0,95 a 1,00 e um desvio-padrão de 0,016, e a do teste-reteste de 7 a 10 dias

para os mesmos itens foi de 0,90. A validade fundamenta-se em sua padronização e

não em sua correlação com outros testes, uma vez que todos os testes são

construídos de modo ligeiramente diferente.

Vantagens

O teste é aceitável tanto para os pais, quanto pela criança, devido à

administração e a pontuação serem feitos rapidamente. Esse teste é excelente para

identificar crianças que estão sob o risco de problemas de desenvolvimento e para a

monitorização longitudinal da criança. É mais apropriadamente usado como um

primeiro passo no ataque aos problemas de detecção e diagnóstico precoces e no

tratamento dos desvios do desenvolvimento em criança (TECKLIN, 2002).

- Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS)

Escala da avaliação observativa, foi construída por Píper e colaboradores

para medir a maturação motora ampla em bebês desde o nascimento até a

locomoção independente. Os objetivos são: Identificar bebês cujo desempenho

motor esteja atrasado ou anormal em relação ao grupo normativo; dar informações

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para médico e para pais sobre atividades motoras do bebê que já estão maduras,

que estão se desenvolvendo e que não fazem parte do repertório do bebê, medir o

desempenho motor ao longo do tempo, ou antes e depois da intervenção; medir

mudanças no desempenho motor que, por serem bastante pequenas,

provavelmente não são detectadas usando medidas motoras mais tradicionais; agir

como um instrumento de pesquisa adequado para avaliar a eficácia do programa de

reabilitação para bebês com distúrbios motores (TECKLIN, 2002).

Medidas do Teste e População-alvo

É a avaliação do desempenho motor amplo. E a avaliação do

desenvolvimento seqüencial do controle postural referente a quatro posições

posturais: supina, prona, sentada e em pé. A população é constituída a partir do

nascimento (40 semanas pós-concepção) até a idade de locomoção independente

(0 a18 meses de idade) (BERTOTI, 1999).

Construção e Padronização do Teste

A obtenção dos itens foi por meio de exaustiva revisão dos instrumentos

existentes e das narrativas descritivas do desenvolvimento motor inicial. O

estabelecimento de normas para a AIMS envolveu a coleta de dados de 2.200 bebês

do estado Alberta, estratificados pela idade e pelo sexo (BERTOTI, 1999).

Formato do Teste

a) Tipo: critério de referência, com classificação percentual normatizada,

para permitir a determinação de onde o indivíduo se encontra em uma

medida de habilidade ou traço comparado com aqueles do grupo

referente;

b) Conteúdo: inclui 58 itens, organizados em quatro posições: supina,

prona, sentada e em pé. A distribuição dos itens é a seguinte: 21 em

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prona, 9 em supina, l2 na posição sentada e l6 em pé. Cada item

descreve três aspectos do desempenho motor – sustentação de peso,

postura e movimentos antigravitacionais;

c) Administração/Pontuação: envolve uma avaliação de observação com o

mínimo de manuseio. A pontuação é passou/falhou e os pontos em

cada área, são somados em uma pontuação total de itens passados;

d) Interpretação: os percentis derivados da amostra normativa fornecem

uma comparação para a monitorização de maturação da criança ao

longo do tempo.

Confiabilidade e Validade

Segundo Bertoti (1999), a confiabilidade é de 0,99 e, no teste-reteste, a

confiabilidade foi de 0,99.

Vantagens e Desvantagens

Para detectar, qualquer desvio do normal, o mais cedo possível, permitindo,

assim uma intervenção precoce para remediar ou minimizar os efeitos da disfunção

(TECKLIN, 2002).

- Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley (EDIB)

Medidas do Teste e População-alvo

Para avaliar o atual estado de desenvolvimento da criança em uma idade

particular, as escalas são compostas de três partes, onde cada uma delas é

designada a avaliar apenas um componente do desenvolvimento total da criança

(TECKLIN, 2002).

A escala mental serve para avaliar as acuidades de percepção sensorial, de

descriminação e as habilidades de respostas, a escala motora tem o objetivo de

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fornecer uma medida do grau de controle do corpo, da coordenação de grandes

músculos e das habilidades finas das mãos e dos dedos e o registro de

comportamento infantil avalia as orientações objetivas da criança ante ao ambiente,

expressa em atitudes, interesses, emoções, energia, atividades e tendências para

aproximar-se ou afastar-se dos estímulos.

A população inclui bebês e crianças que estão aprendendo a andar, idade

entre 1 e 30 meses (TECKLIN, 2002).

Construção e Padronização do Teste

A padronização foi feita através de uma amostra de 1.262 crianças,

distribuídas em números aproximadamente iguais entre 14 grupos de idade variando

de 2 aos 30 meses (TECKLIN, 2002).

Formato do Teste

a) Tipo: as informações são obtidas pela observação direta e pela

interação com a criança;

b) Conteúdo: os materiais necessários estão incluídos no kit, sendo

selecionados cuidadosamente;

c) Administração: a média de tempo para as escalas mental e motora é de

aproximadamente 45 minutos, e com algumas crianças chegando há 75

minutos ou mais e a escala mental é administrada antes da escala

motora porque a mudança no ritmo/velocidade da posição sentada para

locomoção é a seqüência preferencial;

d) Pontuação e Interpretação: os formulários são usados para registrar

uma resposta, cada item da criança é graduada da seguinte maneira:

passou, falhou, omitiu, recusou ou declarado pela mãe, apenas os itens

anotados como passados são creditados na pontuação do teste porem

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os outros resultados são úteis na revisão da adequação do teste. As

pontuações brutas são mudadas para o índice de desenvolvimento

mental (IDM) e para o índice de desenvolvimento psicomotor (IDP)

mediante consulta aos padrões para uma idade particular da criança.

Confiabilidade e Validade

Segundo Tecklin (2002), a confiabilidade para as escalas mental e motora foi

de 89,4 e 93,4% respectivamente, a de teste-reteste foi de 76,4% para escala

mental e 75,3% para escala motora.

Vantagens e Desvantagens

Representa a melhor técnica padronizada disponível para avaliação do

comportamento de crianças, porem o examinador deve submeter-se a seções de

tratamento e ser reconhecido como examinador para aplicá-lo (TECKLIN, 2002).

- Escalas de Desenvolvimento Infantil de Bayley ll (EDIB)

Reflete os modelos atuais e permite a avaliação em idades mais precoces. Os

fundamentos do teste permanecem inalterados, tratando-se de uma avaliação de

três partes que são: a escala mental, a escala motora e a escala de classificação de

comportamento (TECKLIN, 2002).

Padronização

Segundo Tecklin (2002), foi repadronizado com uma amostra de 1700

crianças onde 850 eram meninos e 850 meninas, com idade entre 1 e 42 meses,

agrupadas em intervalos de um mês.

Validação Clínica

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Originalmente criada para avaliar o desenvolvimento normal de bebês e

crianças pequenas, contendo dados para crianças que nasceram prematuramente,

que tenham anticorpo HIV, que foram expostas à droga no período pré-natal, que

foram asfixiadas no nascimento, que tem atraso no desenvolvimento, que tem otite

media freqüente, que são autistas e/ou síndrome de down (TECKLIN, 2002).

Administração e Pontuação

Foi desenvolvido um segundo nível de pontuação, para adequar-se ao

conteúdo das áreas de cognição, linguagem, pessoal/social e do desenvolvimento

motor, onde uma idade de desenvolvimento pode ser obtida em cada um desses

aspectos completando a pontuação tradicional da escala mental/motora (TECKLIN,

2002).

- Escala de Desenvolvimento de Brunet e Lézine

Logo que foi inaugurada, a medida de inteligência através de testes por Binet

e Simon, tem suscitado um vasto movimento de pesquisas, cujo alcance tem sido

considerável mesmo que os resultados possam ser criticados negativamente em

relação às hipóteses, aos postulados ou ás definições envolvidas pelo método. A

idade que se superpõe à idade real é com freqüência a soma das respostas obtidas

com ajuda de testes que se distribui nas diferentes idades (BRUNET; LÉZINE,

1981).

Inspirando-se nos trabalhos de Gesell e de Ch. Bühler, elas tem, por outro

lado, sublinhado advertência dado por estes autores de não conceder as provas

próprias a cada idade como níveis de uma escala que poderia medir o

desenvolvimento psíquico. Brunet e Lézine, têm se esforçado na escolha,

modificando, segundo as necessidades, as provas mais significativas para cada

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série funcional, entre as idades indicadas para a mesma prova para essas duas

autoras, existia às vezes ate três meses de diferença, por outro lado, Gesell da um

número extremamente variável segundo as idades. Tratava-se, pois, de verificar a

escala e de calibrar melhor o instrumento, de tal forma que se apresente o mesmo

número de respostas a obter, quer dizer, um número igual de chances para as

capacidades a detectar (BRUNET; LÉZINE, 1981).

Elas têm conservado a divisão de Gesell, em quatro áreas, mas fusionaram

as quatro notas obtidas em uma nota global.

Em suma as autoras tentaram tornar o instrumento mais rigoroso e mais

manejável. Pensam tornar mais fácil a forma de perceber as oscilações do

desenvolvimento (BRUNET; LÉZINE, 1981).

O alvo foi à organização de escala de testes rigorosos, mas ao mesmo tempo

muito fácil de aplicar, mesmo quando as condições do exame sejam favoráveis, quer

dizer, caracterizados por provas muito nítidas, de uma técnica fácil, com o material

mais simples possível e suscitando um comportamento imediato e não equívoco, e

por perguntas destinadas a mãe em relação aos comportamentos impossíveis de

desencadear artificialmente. Indicam que uma criança tem o desenvolvimento

intelectual e o respondente à idade da qual alcança os principais ou a maioria dos

testes.

Segundo Brunet e Lézine (1981), sua principal preocupação tem sido alcançar

a criança na sua espontaneidade, no desenvolver de sua vida no meio familiar, ao

qual está estreitamente unida nesta idade. A escala é um instrumento francês

quanto sua apresentação adaptada a nossas condições de exames.

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Caracterização da Escala

A escala de desenvolvimento de 0 a 2 anos caracteriza-se por sua aplicação

simples e rápida; sua correção imediata, alcançando no cálculo um quociente de

desenvolvimento global; seu material pouco custoso e fácil de reproduzir e redução

ao máximo da influência do examinador, graças a apresentação dos testes bem

ordenados.

Esse trabalho alcança uma primeira escala de dez itens para cada nível, onde

seis são considerados como testes propriamente falando e quatro se referem a

comportamentos fáceis de observar na vida quotidiana da criança, que servem de

referência para situar o desenvolvimento da criança no domínio das relações sociais

e dos jogos (BRUNET e LÉZINE, 1981).

As questões são interessantes para determinar a influência do meio sobre a

criança; nossas primeiras constatações nos levaram a pensar que uma correlação

se estabelece muito cedo entre o Q. I. dos pais e Q. D. das crianças.

Considerações da mesma ordem, tem levado a conservar a repartição dos

testes em 4 áreas: motora ou postural, verbal, de adaptação ou comportamento com

os objetos, relações sociais, relações com o outro, a adaptação as situações sociais,

os jogos, segundo o esquema de Gesell. É importante estudar separadamente o

desenvolvimento relativo da motricidade e das suas aquisições verbais (BRUNET e

LÉZINE, 1981).

Quatro rubricas são usadas: P (controle postural e motricidade); C

(coordenação óculo-motriz ou conduta de adaptação na visão); L (linguagem) e S

(relações sociais e pessoais), dividindo os 10 itens por níveis.

A duração do exame é, em média, de 20 minutos desde os 4 aos 12 meses e

30 minutos desde 12 meses a 4 anos. Depois de certo treinamento, os resultados

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podem vir a ser coletados de maneira mais rápida e segura. A escala de 0 a 2 anos,

apresentada, é aquela usada desde 1954, o nível de 30 meses servindo de nível

complementar (BRUNET; LÉZINE, 1981).

2.2 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM SITUAÇÃO DE RISCO

2.2.1 Sinais de Alerta para atraso neuropsicomotor

Sinal de alerta é definido como a expressão clínica de uma função

neuromotora alterada, sem que isto pressuponha atraso consolidado, mas um

alarme para instalação de atrasos definitivos, sendo dividido em sinais funcionais e

morfológicos por sua expressão no comportamento e presença de sinais

neurológicos e na constituição crânio-encefálica, respectivamente (MEDIANO,

1993).

Gonçalves (2002) enfoca o extremo valor de se elucidar os sinais precoces de

lesões cerebrais, de forma a possibilitar oportuno programa de intervenção sensório-

motora como forma de minimizar impactos no desenvolvimento da criança. A autora

transcreve alguns sinais de alerta gerais de lesão neurológica, os quais podem levar

a atraso neuropsicomotor:

• Exagerada extensão cervical, com resistência à movimentação passiva

da cabeça;

• Elevação exagerada de ombros, com resistência à movimentação

passiva (manobra do cachecol incompleta);

• Mãos constantemente fechadas, com inclusão de polegar e resistência

ao movimento passivo de abertura;

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• Movimentação curta e estereotipada em flexo-extensão de membros

superiores e inferiores, com resistência à movimentação passiva;

• Pouca movimentação podálica, com fixação mais comum em planti-

flexão;

• Ausência de movimento antigravitacional de membros superiores e

inferiores, e de elevação da cabeça em prono.

Sinais de alerta mais específicos são descritos em relação a idades

cronológicas específicas (ROSA NETO, 1993, p. 47-48; SWEENEY; SWANSON,

1994, p. 219; TUBIO, 1999, p. 59-60; SBP, 2004, p.10-12), incluindo a observação

de habilidades psicomotoras. O Quadro 3 apresenta uma síntese destas

publicações.

Período/Idade Sinais de Alerta

Recém-nascido

Choro fraco Movimentação diminuída

Transtornos do tônus muscular Transtornos do estado de vigília

Irritabilidade Convulsões

Paralisia facial

Três meses

Ausência do “sorriso social”, denotando atraso na aquisição psico-afetiva

Olhar vago, pouco interessado, demonstrando atraso na coordenação óculo-motriz

Irritabilidade persistente (grande sobressalto ao menor ruído)

Nenhuma reação a ruídos fortes (suspeita de hipoacusia)

Ausência do início da reação labiríntica, com incapacidade para manter a cabeça erguida

(por poucos segundos) Forte hipertonia muscular

Mãos permanentemente fechadas

Seis meses

Excessiva passividade Falta da inversão fisiológica do tônus muscular

(hipertonia apendicular, hipotonia axial) Persistência de reflexos primitivos,

especialmente o Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA)

Ausência do sentar com apoio e de preensão voluntária

Alteração importante do ritmo sono-vigília Ausência de busca por fonte sonora

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Nove meses

Espasticidade em membros inferiores Hipotonia de tronco, impedindo controle do

sentar sem apoio Mãos permanentemente fechadas, com ausência de manipulação de objetos e

preensão em pinça Ausência de reações posturais (reflexo de pára-

quedas) Pobre produção de sons

Incapacidade de localizar um som

Doze meses

Hipomobilidade Ausência de sinergia pés-mãos

Ausência de bipedestação Presença de reflexos anormais (Babinski)

Ausência de interesse na exploração do meio Pobre produção de sons

Dezoito meses

Ausência de deambulação sem apoio Pobre produção silábica, com ausência de

palavras com função comunicativa Deficitária capacidade de concentração em

uma atividade

Vinte e quatro meses Pobre ou ausente participação em atos

cotidianos (alimentação, higiene) Estereotipias verbais

Incapacidade em utilizar palavras-frases e executar ordens simples

Qualquer idade

Macrocefalia Microcefalia

Perímetro cefálico estacionário QUADRO 3. Sinais de alerta de disfunção neurológica segundo diferentes idades (adaptado de ROSA NETO, 1993, p. 47-48; SWEENEY; SWANSON, 1994, p. 219; TUBIO, 1999, p. 59-60; SBP, 2004, p.10-12).

2.2.2 Modalidades de alterações neuromotoras

No acompanhamento neuroevolutivo da criança é necessário a

observação de sinais e sintomas que denotam a progressão de seu

desenvolvimento neuropsicomotor, diferenciando-o de alterações que possam

evidenciar lesões cerebrais e/ou distúrbios psicológicos e funcionais. São

destacadas abaixo três modalidades de possível observação e necessária

diferenciação em idade precoce para melhor efetividade de intervenção.

A – Alterações transitórias

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Oliveira et al (2003) destacam a extrema importância da detecção em tempo

de anomalias transitórias que poderiam se tornar persistentes caso a família não

seja orientada oportunamente quanto à intervenção adequada.

Segundo Pallás Alonso et al (2000, a), a hipertonia transitória é definida como

aquela de progressão céfalo-caudal, não associada a outras alterações neurológicas

e que se resolve antes dos 18 meses de idade.

A hipertonia transitória extensora pode aparecer em prematuros e bebês de

baixo peso ao nascimento como conseqüência da perda precoce da flexão

fisiológica do feto e das posições de extensão em que as crianças são colocadas

nas incubadoras (NARLOCH et al. 1999; PALLÁS ALONSO et al. 2000, b; LENKE,

2003), manifestando-se inicialmente por retração escapular nos primeiros 6 meses

de vida da criança.

Araújo (2002) verificou que 56,67% de sua casuística de crianças de baixo

peso ao nascer tiveram hipertonia muscular em sua fase neonatal, e percentual de

33,33% de hipotonia transitória. Apenas 10% dos casos avaliados não tiveram

qualquer alteração tônica, percentual que havia sido de 92,5% nas crianças de peso

adequado ao nascimento.

O estudo de Narloch et al (1999) demonstrou que o predomínio da hipertonia

antes do 6º mês de vida, no prematuro, é fator determinante do prognóstico

neuromotor aos 12 meses, com maior persistência de alteração tônica no sexo

feminino e pior prognóstico para aqueles que haviam apresentado predomínio de

hipertonia nos membros inferiores ou em um hemicorpo.

Segundo Rotta et al (2005), o retardo transitório do desenvolvimento

neuropsicomotor pode estar relacionado com estimulação ambiental inadequada,

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bem como pela ocorrência crônica de doenças, hospitalismo ou desestruturação

familiar.

Sweeney e Swanson (1994, p. 218) apresentam um resumo de características

clínicas de distonias e anormalidade de movimento transitórios em bebês

prematuros, destacando a hipertonia extensora do pescoço no período neonatal, a

hipotonia de tronco e hipertonia de membros inferiores aos 4 meses, além de retardo

nas reações posturais no período de 6 a 8 meses. As autoras afirmam que a

ocorrência de tais transtornos de caráter transitório no primeiro ano de vida tem

maior relação com dificuldades escolares posteriores.

B – Disfunção Cerebral Mínima (DCM)

A expressão “DCM”, oficializada em 1963 (LEFÉVRE et al. 1980), pode ser

considerada como um tipo brando de encefalopatia não progressiva, de intensidade

diversa e quadros clínicos mal definidos, em que há alteração do mecanismo de

transmissão sináptica.

Segundo Amiel-Tison e Grenier (1988), a definição da DCM engloba a

descrição de déficit de atenção associado a transtornos motores ou da percepção

motora, com diagnóstico geralmente estabelecido na idade escolar.

Para Rotta e Freire (2005), o termo “disfunção cerebral mínima” já foi utilizado

para se referir à criança com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade,

síndrome neurocomportamental com sintomas de desatenção, hiperatividade e

impulsividade que podem levar ao comprometimento funcional nas áreas social,

acadêmica e profissional motivado por distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e

comportamentais e taxas crescentes de co-morbidade psiquiátrica.

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Nos casos de DCM, a identificação oportuna de populações de risco permite

intervenção precoce, a qual pode minimizar a sintomatologia em idade escolar.

Lefévre et al (1980) já preconizavam a intervenção psicomotora nesses casos.

C – Encefalopatia Crônica Não Progressiva

Com incidência variando entre 2% dos nascidos vivos de países

desenvolvidos e de 2,5 a 5 casos por 1000 nascidos em países em

desenvolvimento, a Encefalopatia Crônica Não Progressiva da Infância

(popularmente referida como Paralisia Cerebral-PC) é diagnosticada em casos de

distúrbios persistentes do tônus muscular e do controle do movimento secundários à

lesão não progressiva em um cérebro imaturo (GARCÍA-NAVARRO et al. 2000;

BRINGAS-GRANDE et al. 2002; GONÇALVES, 2002; BARCLAY, 2004).

Mancini et al (2002, b) revela que, em países desenvolvidos, observou-se um

aumento nos casos de PC nas duas últimas décadas, o que tem sido atribuído à

melhoria dos cuidados médicos perinatais, contribuindo para aumento da

sobrevivência de crianças com idade gestacional e baixo peso ao nascimento cada

vez mais extremos. Entre os recém-nascidos pré-termo com muito baixo peso a

presença de disfunções neurológicas é observada com maior freqüência do que em

crianças nascidas a termo com peso adequado, podendo a PC ter freqüência 25 a

30 vezes maior no grupo de crianças consideradas de risco perinatal (DIAMENT,

1996).

Segundo Lenke (2003), a prematuridade pode ser considerada o fator de risco

número um na gênese da Paralisia Cerebral, sendo o tipo espástico o mais

comumente diagnosticado nesta população, especialmente em topografia do tipo

diplégica, onde há maior acometimento de membros inferiores.

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A identificação em tenra idade da PC é fator de bom prognóstico, visto que

permite a intervenção psicomotora e de suporte sensorial (visão e audição) em

período de intensa neuroplasticidade (GARCÍA-NAVARRO et al. 2000).

2.2.3 Critérios de risco neurológico e seu impacto sobre o Desenvolvimento

Neuropsicomotor

No primeiro ano de vida, há estreita relação entre o aparecimento e

desaparecimento de funções neuropsicomotoras e a evolução estrutural do Sistema

Nervoso Central (DIAMENT; 1996). Tal evolução está relacionada diretamente ao

processo de mielinização, o qual media a inter-relação entre função e estrutura.

O desenvolvimento neuropsicomotor é resultado dinâmico da recíproca

interação e influência de processos genéticos e ambientais, incluindo

transformações biológicas e psicossociais. Na presença de fatores adversos em

quaisquer aspectos, sua evolução pode ser prejudicada; mesmo com histórico de

ótimas condições biológicas, o desenvolvimento infantil pode estar em risco por

insidiosos fatores sociais (ANDRACA et al. 1998). No trabalho de Mancini et al

(2004), o desempenho funcional na idade de 3 anos foi influenciado pela interação

entre fatores de risco biológico e social.

Vários estudos têm sido desenvolvidos no sentido de analisar o impacto da

condição de risco neurológico sobre o desenvolvimento infantil. Ainda em 1991,

Ramos Sánchez, Márquez Luque e Lluch Fernández destacaram a grande

incidência de anormalidades neuromotoras em crianças de alto risco, representadas

por alterações de tônus muscular, retardo motor e no desenvolvimento da

linguagem, além de alterações comportamentais. Em 2003, Magalhães et al.

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corroboraram tais resultados, em uma amostra de crianças nascidas pré-termo, na

idade de 7 anos.

Nelson e Ellenberg (1998) encontraram uma incidência de encefalopatia

crônica não progressiva em 12% das 99 crianças acompanhadas por eles até a

idade de 7 anos. No estudo de D’Angio et al, (2002), tal incidência alcançou 15% da

população estudada, com outros 32% das crianças necessitando educação especial.

Abordando lactentes de baixo risco para seqüela neurológica durante os seis

primeiros meses de vida, os resultados da pesquisa de Restiffe (2004) sugerem que

o desenvolvimento da motricidade ampla dessa população apresenta variabilidade

temporal, motora e estratégica distinta de crianças a termo, também devendo

constituir área de atuação.

Estão reunidos abaixo alguns dos critérios de risco neurológico mais

considerados em programas de acompanhamento, com descrição de resultados

sobre o desenvolvimento infantil: prematuridade, baixo peso de nascimento, relação

peso/idade gestacional, asfixia perinatal, hemorragia peri-intra ventricular, entre

outros (hiperbilirrubinemia, convulsão neonatal, necessidade de ventilação

mecânica, resultado do índice de Apgar), numa abordagem conceitual inicial seguida

pela descrição de estudos investigativos sobre o neurodesenvolvimento de crianças

com tais critérios.

A – Prematuridade

Historicamente ocorreram modificações importantes na conceituação da

Prematuridade. Até o início da década de 1960, o critério era ponderal e classificava

como prematuro todo RN com peso inferior a 2.500g; considerando a escassa

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confiabilidade diante da pratica clínica adotou-se o critério temporal (BARACHO,

2002).

Conforme Martins et al (2001) e Wen et al (2004), a Organização Mundial de

Saúde define prematuridade como a condição em que a idade gestacional for menor

de 37 semanas, cuja etiologia é variada.

Na descrição de Baracho (2002), prematuridade extrema é caracterizada pelo

nascimento ocorrido com 24 a 30 semanas gestacionais completas. Já em

definições de critérios de alto risco neurológico, tal classificação enquadra idade

gestacional menor de 32 semanas, com prematuridade moderada situada entre 32 e

37 semanas de gestação (BARBOSA, 1993; G.A.T, 2000; RAMOS SANCHEZ;

MÁRQUEZ LUQUE, 2000).

Pesquisas envolvendo coortes de crianças prematuras mostram

especificidades nessa população. Estas, entretanto, devem ser analisadas

criteriosamente para que não sejam formulados rótulos ou que se passe a entender

o nascimento prematuro como o único risco para esses bebês ao nível cognitivo ou

mesmo relacional (BAKER MEIO et al. 2004).

Segundo Pena-Feliz et al (2000), a maioria das alterações encontradas em

prematuros está relacionada com a imaturidade funcional de seus sistemas

orgânicos, associada à qualidade da assistência médica recebida e de fatores

sociais (HALPERN et al. 2002). Quanto à imaturidade funcional, Lenke (2003)

destaca a dificuldade na regulação do fluxo sanguíneo e da oferta de oxigênio ao

cérebro. Há que se destacar que crianças prematuras estão mais sujeitas a várias

intercorrências, incluindo Hemorragia Peri-Intra Ventricular, displasia

broncopulmonar, leucomalácia periventricular, asfixia perinatal, bradicardia, doença

da membrana hialina, os quais podem ser potencialmente lesivos ao seu sistema

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nervoso, bem como ao seu processamento sensorial, incluindo casos de retinopatia

da prematuridade e redução da acuidade auditiva (GONÇALVES, 2002).

Stopiglia (1997) e Mancini et al (2002) relacionam o aumento da incidência de

paralisia cerebral no início da década de 80 com o aumento do índice de sobrevida

dos pequenos prematuros. Silva et al (2002) referem que pesquisas americanas

haviam encontrado incidência de disfunções neuromotoras nos primeiros meses de

vida em 25 a 30 % de crianças de alto risco por prematuridade.

Pedromônico et al (1998) observaram que o desenvolvimento da conduta

interativa de crianças pré-termo pode sofrer atraso na medida em que aumenta o

período de internação hospitalar neonatal, em especial devido à precária interação

com o ambiente e imaturidade nervosa. Neste estudo, crianças diagnosticadas com

lesão encefálica mostraram atraso em comportamento de apego (“protesta à saída

da mãe”), de internalização (“gesto de apontar”) e de auto-reconhecimento (“brinca

de esconder”), os quais tornam-se indicadores de risco ao desenvolvimento de sua

conduta social.

No estudo de Halpern et al (2002), crianças prematuras tiveram chance 60%

maior de apresentar teste de Denver II sugestivo de atraso do que crianças a termo,

denotando a relação entre prematuridade e desenvolvimento neurológico, o que

também foi evidenciado por Pinheiro et al (2004) quanto ao desenvolvimento

auditivo.

Sansavini et al (1996), em um estudo realizado na Itália, revelaram que

crianças com histórico de prematuridade demonstraram atraso motor, cognitivo e

social no primeiro ano de vida, déficit na linguagem aos 24 meses e escores

cognitivos mais baixos que crianças a termo na idade de 5 anos.

Observando o desenvolvimento da linguagem em crianças de risco, Le

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Normand e Cohen (1999) relataram que crianças com história de nascimento pré-

termo apresentavam pobre produção verbal aos 5 anos de idade, fato que

independia de seu peso de nascimento. Para Wolke; Meyer (1999), déficits na

articulação de palavras e habilidade de pré-leitura foram 3 a 5 vezes mais freqüentes

em crianças pré-termo, na idade de 6 anos.

Alterações em habilidades visuo-motoras, visuo-espaciais e de destreza

manual foram observadas por Luciana et al (1999) em escolares com história de

prematuridade. Outros estudos que relacionam a prematuridade e aspectos do

desenvolvimento infantil são descritos no Quadro 6, ao final deste capítulo.

B - Baixo Peso de Nascimento

Goto et al (2004) apresentam atuais definições sobre o peso ao nascer,

baseadas no que passara a ser adotado na Assembléia Mundial da Saúde em 1993.

Tais definições podem ser observadas no quadro abaixo (Quadro 4).

Baixo Peso ao nascer < 2500g (até 2499g, inclusive)

Muito Baixo Peso ao nascer < 1500 (até 1499g, inclusive)

Extremo Baixo Peso ao nascer ou

Muito Muito Baixo Peso ao nascer

< 1000g (até 999g, inclusive)

QUADRO 4. Definição de Baixo Peso de Nascimento Fonte: adaptação de Goto et al (2004, p. 28)

Consoante McGrath et al (2000), o peso de nascimento proporciona

importante índice de risco global. Halpern et al (2002) revelaram que crianças de

baixo peso ao nascer apresentaram 4 vezes mais chance de suspeita de atraso no

desenvolvimento, quando comparadas a crianças sem alteração no peso de

nascimento.

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Kuban e Leviton (1994 apud STOPIGLIA, 1997) relataram em seus estudos

que o índice de paralisia cerebral é 25 a 31 vezes mais alto em recém-nascidos com

peso de nascimento menor ou igual a 1.500g quando comparados a recém-nascidos

de peso normal; na pesquisa, os bebês cujo peso de nascimento era menor que

2.500g refletiram 1/3 das crianças que apresentam sinais de paralisia cerebral.

No estudo de revisão apresentado por Yu e Doyle (2004), 8% das crianças

australianas nascidas com Muito Baixo Peso de nascimento (menor que 1500g)

avaliadas aos 14 anos em programa de acompanhamento apresentaram diagnóstico

de encefalopatia crônica não progressiva.

Segundo Pallás Alonso et al (2000, b), quase metade das crianças com peso

de nascimento menor que 1500g apresentam hipertonia transitória dos 3 aos 18

meses de idade cronológica, sendo que a maioria não apresenta problemas motores

maiores. Na pesquisa de Lichtig et al (2001), 5% dos lactentes de baixo peso ao

nascer avaliados próximo à idade de 24 meses apresentaram atraso na localização

auditiva da fonte sonora; 15% do total de crianças avaliadas revelaram atraso no

desenvolvimento neuropsicomotor.

Utilizando a escala de Brunet-Lézine, Fernández Martinez et al (1995)

encontraram Quociente de Desenvolvimento Global (QDG) patológico (QDG<70) em

12% da amostra de lactentes avaliados aos 24 meses, nascidos com peso inferior a

1201g; 10% dessas crianças apresentaram QDG moderadamente anormal

(classificação “normal baixo” e “inferior”). Dentre os fatores associados, os autores

encontraram convulsões, hemorragia peri-intra ventricular, hidrocefalia e

eletroencefalograma neonatal patológico.

Portellano Pérez et al (1997) também indicaram menor desenvolvimento

maturativo em crianças de muito baixo peso a nascer, na idade pré-escolar. Tapia

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Collados et al (1997) encontraram incidência de 25,8% de seqüelas

neurossensoriais graves aos 5 anos em crianças nascidas com menos de 1000g,

percentual que passou a 13,9% para os nascidos entre 1000g e 1249g, e 1,6% para

os maiores de 1250g, o que indica grande influência do peso ao nascimento em tal

prognóstico. Neste estudo, a ocorrência de hemorragia peri-intra ventricular,

hiperbilirrubinemia, ventilação mecânica e persistência de ducto arterial obteve nível

de significância junto à incidência de seqüelas neurossensoriais.

Baker Meio et al (2003) e Baker Meio et al (2004) depararam-se com média

de quociente de inteligência na idade pré-escolar abaixo da faixa de normalidade em

crianças de muito baixo peso de nascimento, relatando probabilidade elevada de

comprometimento cognitivo nessa população. Na análise multivariada, os fatores

sociais foram considerados mais determinantes que as condições neonatais no

prognóstico cognitivo.

No estudo de Horwood et al (1998), meninos de 7 a 8 anos de idade tiveram

maior proporção de problemas cognitivos e comportamentais que meninas da

mesma idade, embora o risco relativo tivesse se revelado semelhante para ambos.

Num acompanhamento realizado até a adolescência, Saigal (2000) e Saigal

et al (2000) encontraram maiores e significativas dificuldades comportamentais e

maior necessidade de assistência educacional especial nos sujeitos do estudo que

tinham histórico de peso de nascimento extremamente baixo.

Na Itália, Torrioli et al (2000) encontraram maiores desordens de

comportamento em pré-escolares com história de muito baixo peso ao nascimento,

especialmente em relação à imaturidade emocional e ocorrência de sintomas de

hiperatividade, o que também foi observado no Reino Unido por Foulder-Hughes e

Cooke (2003).

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No estudo de Sobolewski et al (1996), realizado com crianças de baixo peso

ao nascimento aos 2 anos de idade, a incidência de alteração no desenvolvimento

neuropsicomotor foi de 34,6%, com valor significativo nos casos de muito baixo

peso, onde a alteração neuropsicomotora foi revelada em 66%. Vohr et al (2000),

Ruiz-Extremera et al (2001), Ayoubi et al (2002) e Grunau et al (2004) também

descrevem que crianças com história de muito baixo peso ao nascimento

apresentam significante risco para anormalidades neurológicas com atraso no

desenvolvimento e déficits funcionais importantes ao final da primeira infância.

Demais estudos podem ser visualizados no Quadro 6, disposto no final do

capítulo.

C – Relação Peso/Idade Gestacional

A classificação do recém-nascido segundo peso e idade gestacional é

realizada para efeito de relatório-padrão de estatísticas de saúde da reprodução

(segundo a Academia Americana de Pediatria e o Colégio Americano de Obstetrícia

e Ginecologia, conforme afirmam GOTO et al 2004) e identificação oportuna do que

é conhecida como uma forma fetal de desnutrição, o nascimento em que a criança

sofreu restrição no crescimento intra-uterino (RCIU), sendo pequena para a idade

gestacional.

Segundo Goto et al (2004), uma das classificações mais usadas é a proposta

em 1967, por Battaglia e Lubchenco, em que são categorizados três grupos:

Pequeno para a Idade Gestacional (PIG), Adequado para a Idade Gestacional (AIG)

e Grande para a Idade Gestacional (GIG). O critério mais comumente usado na

definição da linha divisória entre as três categorias tem se baseado nos percentis de

distribuição do peso para uma determinada idade gestacional derivada de uma

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população de referência, com o percentil 10 sendo o ponto de corte entre PIG e AIG

e o percentil 90 entre o AIG e o GIG; definições considerando desvios-padrão (z-

scores, <-2 para PIG e >+2 para AIG) da média da referência também têm sido

utilizadas (GOTO et al. 2004).

Dentro da categoria dos recém-nascidos que sofreram RCIU, PIGs, há a

classificação em simetria, assimetria ou intermediário dos efeitos de tal restrição

(SANTOS; THOMAZ; ROCHA, 2005). O PIG simétrico, também denominado

hipoplásico, intrínseco ou proporcional, é decorrente da ação de fatores etiológicos

que atuam no início da gravidez, isto é, na fase de “hiperplasia celular”, reduzindo o

número de células de todos os órgãos. Esses RN têm pior prognóstico em relação

aos assimétricos, são mais suscetíveis às ações mórbidas no decorrer da gestação

e durante o parto. Os principais fatores etiológicos desse tipo de RCIU são as

infecções pelo vírus da rubéola, citomegalovírus, HIV, herpes, etc., toxoplasmose

materna aguda, sífilis recente, tuberculose e romossomopatias (SANTOS; THOMAZ;

ROCHA, 2005).

Por sua vez, o assimétrico ou desproporcional tem como agente etiológico

fatores que atingem a gravidez no início do 3º trimestre, com déficit no crescimento

celular (hipotrofia celular), fato que origina a desproporção observada entre o

tamanho da cabeça (que permanece com o volume das células normais) e do corpo

(que sofre redução no volume celular), representado principalmente pela redução da

circunferência abdominal, visto que o fígado é um dos órgãos mais afetados,

caracterizando os RN magros com estatura normal e pólo cefálico

proporcionalmente grande (SANTOS; THOMAZ; ROCHA, 2005).

O PIG intermediário ou misto sofre ação dos agentes causadores nas duas

fases de crescimento celular, a de hiperplasia e a de hipertrofia. Para Santos,

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Thomaz e Rocha (2005), os principais agentes são representados pela desnutrição

da grávida, bem como o consumo de substâncias como drogas ilícitas, álcool,

tabaco, cafeína, etc.

Segundo Santos, Thomaz e Rocha (2005), o padrão de crescimento intra-

uterino pode ser diagnosticado utilizando-se apenas o peso ao nascer ou, mais

freqüentemente, associando peso e estatura que, utilizado pela primeira vez por

Rohrer, recebeu a denominação de Índice Ponderal de Rohrer representado pela

fórmula: IP = peso/estatura3 x 10021 (LEÃO FILHO; LIRA, 2003). A utilização de tal

índice permite diagnosticar as diferentes modalidades de restrição do crescimento

intra-uterino, que não seria possível se a variável utilizada fosse apenas o peso ao

nascer.

Gagliardo (2004) apresenta um estudo em que foi comparado o

desenvolvimento mental e motor e as funções visuomotoras em lactentes nascidos a

termo, com peso pequeno para a idade gestacional (PIG) e adequado para a idade

gestacional (AIG), no primeiro semestre de vida. Os resultados mostraram que, a

partir do segundo mês de vida, houve significativa queda no desempenho mental e

motor de lactentes PIG, com maior freqüência de comportamentos visuomotores

típicos no grupo AIG. Os lactentes PIG apresentaram comportamento visual

dispersivo no sexto mês de vida, menor freqüência de respostas para provas

exigindo integração de atenção visual e habilidades de coordenação apendicular e

visuomotora. O estudo aponta diferenças entre os grupos e reforça a necessidade

de acompanhamento longitudinal, com maior número de sujeitos e novas técnicas de

avaliação, de modo a fornecer subsídios para uma melhor compreensão do

desenvolvimento de lactentes nascidos PIG.

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Crianças PIGs tiveram escores médios em testes de habilidades visuo-

motoras, visuo-espaciais e de destreza manual significativamente menores que os

sujeitos-controle (AIG) na idade de 5 anos (SOMMERFELT et al. 2002).

No estudo de Campos et al (2005), a marcha lateral aos 12 meses de vida foi

executada em proporção significativamente menor por lactentes PIGs, quando

comparados a AIGs. Outros estudos estão dispostos no Quadro 6, ao final deste

capítulo.

D - Asfixia Perinatal

Insuficiência de oxigênio nos tecidos orgânicos da criança durante o parto

(MALTESE, 1994, b), cuja incidência alcança 1,5 a 3/1000 nascidos vivos

(SHEVELL, 2004). Seu impacto no encéfalo de um neonato pode caracterizar a

encefalopatia hipóxico-isquêmica (GOULART, 1998), causa mais comum de

alterações neurológicas graves não-progressivas preditoras de possível retardo

mental, distúrbios convulsivos, e síndromes piramidais e extra-piramidais do controle

motor (espasticidade, coreoatetose).

Na avaliação ambulatorial de crianças que apresentam história de Asfixia

Perinatal, é importante verificar a graduação da mesma, visto que os sobreviventes

de encefalopatia hipóxico-isquêmica grave tem alta incidência de deficiências

neurológicas significativas, risco potencialmente diminuído em casos moderados e

leves, estes com risco mínimo (SHEAHAN, BROCKWAY, TECKLIN; 2002). O

boletim de Apgar menor de 3 aos 5 minutos foi recomendado pelo Colégio

Americano de Ginecologia e Obstetrícia, em 2002, como marcador da morbidade

neurológica de crianças asfixiadas no período perinatal, além da ocorrência de

acidose respiratória e modificações em neuro-imagem (SHEVELL, 2004).

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Segundo Stopiglia (1997), a asfixia perinatal não tem sido relacionada às

seqüelas neuromotoras tardias e à paralisia cerebral em pré-termos; porém, ela

poderia produzir alterações transitórias, resultando em uma encefalopatia manifesta

como hipotonia proximal dos membros inferiores em recém-nascidos prematuros,

convulsões e tremores 72 horas após o nascimento. Estes, por sua vez, poderiam

originar outras seqüelas neurológicas.

Quando há associação de prematuridade com alterações no crescimento

intra-uterino originário de crianças PIG, os efeitos adversos da Asfixia Perinatal são

maiores, com maior morbidade cognitiva e neurológica (GONÇALVES, 2002).

E - Hemorragia Peri-Intra Ventricular (HPIV)

Lesão encefálica mais comum em bebês com idade gestacional menor de 32

semanas, incidindo em cerca de 40% de todos os bebês prematuros (SHEAHAN,

BROCKWAY, TECKLIN; 2002), a hemorragia originada nos perímetros e interior dos

ventrículos laterais do cérebro é considerada a mais importante patologia

neurológica do período neonatal (STOPIGLIA, 1997). Sua ocorrência em recém-

nascidos a termo é ocasional (GOULART, 1998).

O extravasamento sanguíneo geralmente se origina na matriz germinal

subependimal da região peri-ventricular, em arteríolas próximas ao núcleo caudado,

podendo estender-se por 4 graus conforme classificação de Papile, et al. (1983,

apud STOPIGLIA, 1997), exposta no Quadro 5:

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GRAU EXTENSÃO DA HEMORRAGIA

I Matriz Germinal Isolada, com aumento da ecogenicidade da matriz germinativa

II Intraventricular, com presença de imagem densa dentro da cavidade ventricular,

acompanhada de hemorragia subependimária. Manutenção do tamanho ventricular.

III Intraventricular, com dilatação ventricular. Diferenciada do grau II por uma imagem

ecogênica que ocupava mais de 50% do sistema ventricular.

IV Grande dilatação ventricular com hemorragia subependimária e ventricular, causando

aumento da ecogenicidade do parênquima cerebral

QUADRO 5. Graus de Hemorragia Peri-intraventricular.

Resultados neurológicos têm sido correlacionados com a gravidade da HPIV,

em termos de sua extensão e grau de dilatação ventricular (GOULART, 1998), o que

permitiu a graduação do risco para o desenvolvimento de déficits neurológicos a

longo prazo (SHEAHAN, BROCKWAY, TECKLIN; 2002). No estudo citado pelos

autores, hemorragias graus I e II promovem mínimo risco para alterações

neurológicas, enquanto graus III e IV estão associados com alta incidência de

déficits neurológicos, incluindo paralisia cerebral e retardo mental.

Segundo Goulart (1998), a evolução neurológica de crianças com

hemorragias graus I e II assemelha-se à de crianças com histórico clínico similar,

mas que não tiveram hemorragia. Conforme a autora, cerca de 10% das crianças

demonstram seqüelas maiores, sendo a diplegia espástica o achado mais freqüente.

Já entre os 80% das crianças com hemorragia grave que apresentam seqüelas

importantes, a mais comum é a hemiparesia no lado contralateral à hemorragia

(GOULART, 1998).

Na pesquisa de Stopiglia (1997) foi encontrado um maior número de sinais

anormais nos exames neurológicos de recém-nascidos com HPIV, quando

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comparados aos sem HPIV, com manifestação de adução persistente do polegar,

assimetria posturais e pobre orientação visuo-espacial.

A presença de HPIV é relacionada significativamente à presença de seqüelas

em populações que agregam outros fatores de risco, tal como muito baixo peso de

nascimento e a própria prematuridade (FERNÁNDEZ MARTINEZ et al. 1995; TAPIA

COLLADOS et al. 1997; GOULART, 1998).

F – Hiperbilirrubinemia, Convulsões neonatais, necessidade de Ventilação

Mecânica, Infecções Congênitas

A Hiperbilirrubinemia é causada pela alteração ou interrupção do metabolismo

fisiológico e excreção da bilirrubina circulante; esta, por sua vez, é formada em 75 a

80% pelo catabolismo da hemoglobina (POLAND; OSTREA, 1993). Sua etiologia é

variada, sendo importante a descoberta de que sua concentração é tóxica para

tecidos orgânicos humanos, com manifestações clínicas mais importantes no

Sistema Nervoso. Tapia Collados et al (1997) descrevem a hiperbilirrubinemia como

fator significativo na incidência de seqüelas neurossensoriais severas em crianças

com muito baixo peso ao nascer.

Segundo Poland e Ostrea (1993), a neurotoxicidade da bilirrubina foi

reconhecida no início do século passado, identificada com o nome kernicterus, o

qual representa a impregnação amarela macroscópica dos gânglios basais,

hipocampo e outros núcleos do tronco cerebral, além de cerebelo (GOULART,

1998), associados a alterações histológicas associadas a manifestações iniciais de

letargia, dificuldade de sucção, choro estridente e hipotonia, com possível evolução

para atraso psicomotor importante, com irritabilidade, hipertonia, opistótono e

convulsões.

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Segundo Goulart (1998), a presença de convulsões neonatais aumenta a

possibilidade de seqüelas neurológicas tardias. Tal informação é corroborada por

Stopiglia (1997), na afirmação de que crises convulsivas neonatais recorrentes são

um dos sinais perinatais que melhor se correlacionam com as anormalidades

neurológicas tardias. Esta autora relata, ainda, que as crises convulsivas podem ser

conseqüência e não causa de processos que levam ao dano cerebral, cosniderando

que as crianças que apresentaram crises convulsivas neonatais, as que tiveram

crises de maior duração não apresentaram maior risco para seqüelas tardias do que

aquelas cujas crises foram de menor duração (LEGIDO et al., apud STOPIGLIA,

1997).

A necessidade de ventilação mecânica revela, por si só, dificuldades de

adaptação extra-uterina do recém-nascido, com ocorrência de episódio de apnéia.

Carlo (1993) relata que a ventilação assistida é fator etiogênico de alta taxa de

complicações, tais como pneumotórax, enfisema intersticial pulmonar e displasia

broncopulmonar, os quais aumentam o estado mórbido da criança.

Stopiglia (1997), citando trabalho de Graziani et al (1992), revelou que a

necessidade de ventilação assistida foi positivamente associada à paralisia cerebral

em recém-nascidos pré-termo, embora não podendo ser utilizada como variável

isolada, pois está intimamente relacionada à prematuridade, síndrome do

desconforto respiratório, hemorragia periventricular-intraventricular graus III e IV e

lesões da substância branca periventricular, que também são considerados fatores

de risco.

Várias infecções congênitas podem comprometer o Sistema Nervoso Central

do feto, constituindo fator etiogênico de alterações neurológicas e do

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desenvolvimento. Dentre elas, a toxoplasmose, rubéola e citomegalovirose têm sido

descritas (GOULART, 1998).

O Quadro 6 agrega outros estudos em relação aos fatores abordados acima,

apresentando alguns resultados encontrados na relação entre condições de risco e

impacto sobre o desenvolvimento. Obviamente, não conseguimos esgotar o assunto;

todavia, os trabalhos apresentados permitem a formação de uma idéia geral sobre o

rumo das pesquisas na área.

AUTORES CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

LOCAL PROCEDIMENTOS RESULTADOS

Linhares et al. (2005)

40 crianças de 8 a 10 anos, subdivididas em 2 grupos: 20 Pré-termo (PT), e 20 A Termo (AT).

Brasil (Porto Alegre/RS)

Aplicação do Teste de Raven, Desenho da

Figura Humana e Escala Comportamental,

comparativamente entre os grupos

PT apresentaram nível intelectual inferior à média e

problemas comportamentais; não

houve diferença entre os grupos quanto aos aspectos

emocionais. Burns et al.

(2004) 198 crianças com peso ao nascer menor que

1000g

Austrália (Queensland)

Avaliação do Desenvolvimento Motor,

Cognição (a 1 ano, Escala Griffith, aos 4

anos, Escala McCarthy)

Associação significante entre classificação do

desenvolvimento motor e cognição aos 4 anos.

Castro et al. (2004)

Coorte de 1.483 crianças de muito baixo peso ao nascer acompanhadas

por 18 a 22 meses.

Estados Unidos (Cincinnati/Ohio)

Aplicação das Escalas Bayley; percepção de ocorrência de Paralisia

Cerebral.

Escores classificados como inferiores em 37% (para o Índice Mental) e 29% (para

o Índice Psicomotor); paralisia cerebral em 17%, com risco aumentado pra crianças com morbidades

pulmonares. Crespo-

Eguílaz e Narbona (2004)

15 crianças (6 a 16 anos) com leucomalácia

periventricular, com diplegia espástica, sem atraso mental; histórico

de prematuridade e baixo peso de nascimento.

Espanha (Granada)

Avaliação de gnoso-práxica visual, de

memória verbal e visual.

Freqüentes perturbações de integração visuo-espacial e

de memória construtiva; perturbação da

aprendizagem não-verbal.

Arce Casas et al. (2003)

136 recém-nascidos abaixo de 1500g

Espanha (Barcelona)

Acompanhamento (pediatria, maturação,

neurologia, psicologia e oftalmologia) até 2 anos

de idade.

83,9% completaram o acompanhamento até 2

anos. Seqüelas em 20,2% (9% graves, 1,1%

moderadas e 10,1% leves). Baker-Méio et al. (2003)

79 crianças de 4 a 5 anos de idade, com

história de prematuridade e muito baixo peso ao nascer

Brasil (Rio de Janeiro/RJ)

Avaliação do desenvolvimento

cognitivo com o teste WPPSI-R (Wechsler

Preschool and Primary Intelligence Scales).

Escore total anormal em 77,2% (1 desvio-padrão) e 32,9% (2 desvio-padrão)

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Magalhães et al. (2003)

Idades entre 5 e 7 anos: Grupo I: 35 crianças,

baixa renda, prematuros. Grupo II: 35 crianças a

termo.

Brasil (Belo Horizonte/MG)

Avaliação da coordenação visuo-

motora (Bender), acuidade motora, equilíbrio e tônus

postural.

Crianças pré-termo obtiveram escores

significativamente menores em todos os testes.

Mello et al. (2003)

20 lactentes a termo, distribuídos em grupo

PIG e AIG.

Brasil (Campinas/SP)

Aplicação das Escalas Bayley (ênfase à Escala

de Classificação do Comportamento) no 1º, 2º

e 3º mês de vida.

Diferença significativa no 2º mês (maior número de PIGs

alterados). Qualidade motora alterada no grupo PIG (itens de Motricidade

Axial, Controle de Movimentos e Hipertonia

Muscular). Peterson et

al (2003) 10 crianças pré-termo e

14 crianças a termo. Estados Unidos

(Nova York) Avaliação do volume cerebral por neuro-

imagem; mensuração de resultados

neurcomportamentais aos 18 e 20 meses de idade

corrigida.

Redução de volume cerebral no córtex parieto-occipital em pré-termos. Volume de substância

branca na região sensório-motora e médio-temporal teve forte correlação com

resultados neurocomportamentais.

Saigal et al. (2003)

532 crianças de extremo baixo peso ao nascer, de 4 regiões distintas (Nova

Jersey/EUA, Ontário/CAN,

Bavária/ALE, Holanda)

Estados Unidos (Philadelphia/ Pennsylvania)

Desempenho escolar aos 8 e 11 anos; observação

de necessidade de educação especial.

Acompanhamento de 84% (n=436). Dificuldades escolares importantes foram encontradas nas crianças dos 4 países.

Stoelhorst et al. (2003)

235 crianças com idade gestacional menor que

32 semanas.

Holanda (Amsterdam)

Aplicação das Escalas Bayley aos 18 e 24

meses de idade corrigida.

Incidência de 40% de moderado a severo atraso mental e/ou psicomotor em

ambas as idades. Vaivre-

Douret et al. (2003)

60 crianças de 31 a 36 semanas de idade

gestacional

França (Paris) Exame sensório-motor em crianças mantidas por

bastante tempo em prono, comparadas com

crianças em que a posição deitada foi

variada (supino, prono, de lado).

Crianças mantidas sem variação de postura deitada

apresentaram anormalidades

significantes, com atraso motor.

Gaetan e Moura-Ribeiro (2002)

10 crianças pré-termo e 10 crianças a termo.

Brasil (Campinas/SP)

Avaliação do controle postural, no 15º dia, 1º, 2º

e 3º mês de vida, por meio de fotometria e

videometria.

A evolução seqüencial é similar entre pré-termos e

crianças a termo; em crianças pré-termo, o início

da aquisição do padrão extensor e flexor ocorreu de

forma mais lenta, com descarga de peso menos

madura. Goyen e Lui

(2002) 58 crianças com idade gestacional menor que

29 semanas, sem alterações neuromotoras evidenciadas até o 12º

mês de vida.

Austrália (Westmead/ New

South Wales)

Avaliação do desenvolvimento motor

com Escalas de Peabody, nas idades de 18 meses,

3 e 5 anos.

64% das crianças permaneceram com déficit em motricidade fina aos 5

anos; déficits de motricidade ampla

aumentaram significativamente no

decorrer do acompanhamento (de 14% no 18º mês para 81% aos 5

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91

anos), especialmente nos nascidos com peso abaixo

de 750g. Kleberg et al. (2002)

20 pré-termos (IG< 30 semanas)

Suécia Avaliação com Escalas Bayley aos 12 meses,

grupo de estudo (submetido ao Programa

Individualizado de Avaliação e Cuidado do

Desenvolvimento de recém-nascido) e grupo

controle

Melhor desenvolvimento cognitivo no grupo de

estudo.

McCowan et al. (2002)

220 crianças PIG aos 18 meses de idade

corrigida.

Nova Zelândia Aplicação das Escalas Bayley.

Escore Mental mais baixo para filhos de mães que

tiveram hipertensão gestacional. Escore

Psicomotor mais baixo associado com

amamentação menor que 3 meses.

Silva et al. (2002)

69 pré-termos (IG<36 semanas) com sinais de

lesão do Sistema Nervoso Central, com história de síndrome hipóxico-isquêmica.

Brasil (São Paulo/SP)

Intervenção psicomotora imediata (desde a UTI

intermediária até cerca de 13 meses)

Avaliação com Escala de Denver e exame neurológico, em

acompanhamento até 5 anos.

Normalidade Motriz em 95,6% dos casos.

Em 4,4%, persistência de sinais de dano neurológico

Ruiz-Extremera et

al (2001)

492 neonatos que estiveram internados na UTI do serviço descrito.

Espanha (Granada)

Avaliação do desenvolvimento com

Escala de Brunet-Lézine aos 6, 12, 18 e 24 meses

de idade corrigida.

Menores escores observados aos 2 anos

para neonatos com peso de nascimento abaixo de

1500g; paralisia cerebral em 6,8%.

Haan et al (2000)

48 crianças de 19 meses de idade corrigida,

divididas em prematuros e a termo.

Inglaterra (Londres) Avaliação da memória recente em prematuros e

a termo.

Crianças com idade gestacional entre 34 e 27

semanas tiveram pior desempenho.

Hindmarsh et al. (2000)

336 crianças de muito baixo peso ao nascer aos 2 anos de idade

corrigida.

Austrália (Queensland)

Avaliação de habilidades cognitivas em relação ao sexo, com a Escala de

Griffiths.

Sexo feminino teve Quociente Geral superior ao

sexo masculino, independente das

características peri-natais. Saigal (2000)

Revisão de estudos sobre acompanhamento de bebês de baixo peso

ao nascer até a adolescência.

Canadá (Ontário) - Maior freqüência de alterações comportamentais

e dificuldades de aprendizagem na

adolescência. Sexo masculino apresenta

maiores áreas de atraso (60% contra 32% no sexo

feminino) Tideman (2000)

39 pré-termos e 23 crianças a termo.

Suécia (Lund) Avaliação cognitiva aos 4, 9 e 19 anos de idade.

Crianças a termo tiveram melhor desempenho no período pré-escolar, não

havendo diferença significativa aos 19 anos.

QUADRO 6. Compilação de estudos sobre impacto de fatores de risco neurológico sobre o desenvolvimento infantil.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

Neste capítulo serão abordados aspectos relativos à caracterização da

pesquisa, do grupo de estudo, além da definição dos instrumentos e procedimentos

de coleta e análise de dados para a realização da mesma.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Este estudo pode ser tipificado dentro da caracterização geral de pesquisa

descritiva longitudinal, considerando seu caráter expositivo e explicativo diante das

características de determinado fenômeno ou população em um dado período de

tempo (GIL; 1995).

3.2 GRUPO DE ESTUDO

3.2.1 Universo da Pesquisa

A proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de Crianças

de Alto Risco Neurológico está em processo de implantação junto ao Ambulatório de

Acompanhamento de Alto Risco em Neonatologia, da Divisão de Pediatria do

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93

Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de

Santa Catarina. De forma a embasar empiricamente a análise sobre tal proposta, o

universo populacional da pesquisa será constituído por crianças de 04 a 24 meses de

idade, de ambos os sexos, que estão em acompanhamento no referido Ambulatório.

O Hospital Universitário da UFSC foi fundado em 1980 pelo professor que lhe

nomeia, tendo recebido o título de Hospital Amigo da Criança a partir de novembro de

1997 (UNICEF, 2005). Situa-se na cidade de Florianópolis/SC.

Florianópolis é a capital do Estado de Santa Catarina, contando com área

territorial de 433 Km2. Localizada no litoral da região sul do Brasil, com

aproximadamente 396.778 habitantes (estimativa para 2005), caracteriza-se pela

economia calcada no funcionalismo público, comércio e reparação de veículos,

atividades imobiliárias e turismo (IBGE, 2005). Contando com uma importante rede

de atendimento médico-assistencial, a cidade é referência estadual no suporte de

serviços especializados de saúde.

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde

de Santa Catarina, em contato estabelecido em julho de 2005, a atenção à saúde da

população infantil é de responsabilidade das secretarias municipais, com

disponibilidade de serviços de alta complexidade feita pela rede estadual, geralmente

vinculada à unidades-referência, todas atendendo às normas, princípios e diretrizes

do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Santa Catarina, tais unidades são

representadas principalmente pelo Hospital Infantil Joana de Gusmão e Hospital

Universitário Polydoro Hernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa

Catarina/UFSC, localizados na capital do estado, bem como de hospitais com serviço

especializado distribuídos nas Secretarias Regionais.

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94

O atendimento municipalizado à saúde é constituído basicamente pela rede de

Unidades Básicas de Saúde (UBS), os chamados Postos de Saúde, os quais, no

caso da assistência à criança, dispõem de serviço de Pediatria Geral.

Conforme a Assessoria de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de

Florianópolis/SC, lócus desta pesquisa, o grupo materno-infantil tem prioridade nas

funções de proteção, promoção e recuperação da saúde, tendo como uma de suas

principais ações a vigilância e o acompanhamento da criança de risco

(ASSESSORIA, 2005). A assistência à criança tem início no período pré-natal, com

oferecimento de acompanhamento obstétrico, composto por: mínimo de 6 consultas,

ultrassonografia em torno da vigésima semana gestacional, sorologias para infecções

congênitas e estímulo a grupos de casais grávidos.

Tal assistência prossegue ao e após o nascimento, com a garantia do direito à

consulta pediátrica periódica nas UBS, com acompanhamento do crescimento e

desenvolvimento. No caso de crianças de alto risco biológico, como grandes

prematuros, é preconizado o encaminhamento para serviços especializados, com

concomitante assistência da UBS permeada pela visita domiciliar do agente

comunitário de saúde (SECRETARIA, 2004).

Assim, a assistência pós-alta hospitalar de crianças de alto risco, no período

da primeira infância, é efetuada prioritariamente pelos Ambulatórios de Alto Risco em

Neonatologia, cuja referência no município de Florianópolis e região é o serviço

oferecido pela Divisão de Pediatria do Hospital Universitário da UFSC.

Na Figura 1 é apresentado um organograma com a estrutura geral do

atendimento de crianças de risco deste serviço, incluindo profissionais envolvidos e

fluxo de encaminhamento de paciente, indicados por setas (construído com base na

vivência junto ao serviço).

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95

FIGURA 1. Organograma da estrutura geral do atendimento no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia – HU/UFSC.

3.2.2 Caracterização do Grupo de Estudo

Foram incluídos no estudo lactentes de 04 a 24 meses, de ambos os sexos,

com histórico de alto risco neurológico, que compareceram às consultas de

acompanhamento agendadas no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia, do

HU/UFSC, no período de setembro de 2004 a setembro de 2005, com intervalo de

coleta em janeiro e fevereiro de 2005 em virtude de férias acadêmicas.

Os participantes do estudo foram selecionados de forma intencional, com base

na análise de seu prontuário para identificação de critérios de risco neurológico, e

pela possibilidade de avaliação segundo os procedimentos da proposta de

Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial.

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96

Foram considerados os seguintes critérios de exclusão: diagnóstico

confirmado de distúrbios sensoriais profundos (visuais ou auditivos), neurológicos ou

ortopédicos, fatores que desprestigiariam a identificação de alterações com a

aplicação do instrumento de avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor.

Segundo o agendamento do Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia, as

consultas são realizadas mensalmente até a criança completar 6 meses de vida,

passando a ser bimensal na faixa etária de 6 a 12 meses e trimestral dos 12 aos 24

meses de idade cronológica. A fim de proporcionar maior praticidade à família, pela

unificação do deslocamento ao hospital, os lactentes participantes do presente

estudo foram avaliados no mesmo dia de sua consulta médica no Ambulatório.

Tal consulta é realizada por três médicas residentes em Pediatria (variante a

dois, em virtude das férias individuais das mesmas), supervisionados por uma médica

neonatologista, colaboradora do Serviço de Neonatologia e docente do

Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina, mestre em

Pediatria. A consulta acontece no período vespertino das quartas-feiras, das 16:00h

às 18:00h, no Ambulatório de Pediatria do HU/UFSC, sendo que cada médica

residente acompanha de dois a três pacientes em cada dia, perfazendo cerca de 4 a

9 atendimentos ao todo/dia.

3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

As medidas a serem obtidas referem-se ao levantamento de fatores de risco

neurológico e determinação do risco de complicações neurocomportamentais (este

do grupo de estudo com história de nascimento pré-termo), além de Parâmetros

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97

Neuropsicomotores, com Idades e Quocientes nas áreas Postural, Óculo-Motriz, de

Linguagem, Social e seu equivalente Global.

3.3.1 Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais

Para a identificação de fatores de risco neurológico do grupo de estudo, tendo

como base os critérios descritos em publicação normativa da Atenção Básica à saúde

da criança na Espanha (G. A. T., 2000), concordante com a definição da Seção de

Neonatologia da Associação Espanhola de Pediatria (citados por TRAPERO, 1992; e

RAMOS SÁNCHEZ; MARQUEZ LUQUE, 1999), foi utilizado uma Ficha específica

preenchida pela pesquisadora por meio de consulta ao prontuário hospitalar da

criança, questionamentos direcionados ao acompanhante da criança na consulta e

observação direta do lactente (APÊNDICE A).

Tal Ficha foi construída para o estudo com base em revisão bibliográfica

especializada e observação dos registros disponíveis no prontuário hospitalar das

crianças.

O instrumento contém 10 sub-áreas envolvendo: Dados de Identificação,

Antecedentes Gestacionais, História Perinatal, Período Neonatal, Amamentação,

Marcos do Desenvolvimento Neuropsicomotor, História Familiar de Risco/Distúrbios

Neurológicos, Cuidados com a criança, Estado de Sono e Vigília, e Exame Físico,

este subdividido em Tônus Muscular, Manifestações Posturais e Atitudes, e

Antropometria. Cada sub-área possui pergunta(s) específicas, com registro

individualizado a ser descrito nos resultados, como resposta ao primeiro objetivo

específico.

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98

Em acréscimo, apresenta campos para coleta de dados relativos a Aspectos

Sócios-Econômicos, e Critério de Classificação Sócio-Econômica, os quais não foram

enfatizados neste estudo.

A Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais é apresentada formalmente na

parte inicial dos resultados.

3.3.2 Neonatal Medical Index (NMI)

Para a graduação do risco de complicações neurocomportamentais de crianças

nascidas pré-termo, foi utilizado o Índice Médico Neonatal (Neonatal Medical Index-

NMI, KORNER et al. 1993).

O NMI consiste em um protocolo de identificação de fatores clínicos observados

na hospitalização neonatal de crianças pré-termo utilizado em forma de algoritmo

para o cálculo da graduação da seriedade das complicações. Recentemente, foi

tabulado para versão em planilha operacionalizada do Microsoft® Office Excel

(LARKIN, 2002) por Svirbely e Sriram (1999), o qual foi utilizado no presente estudo.

Foram realizadas tradução e tradução reversa do instrumento (inglês-português,

português-inglês), tendo sido observada equivalência semântica (ANEXO A). A

tradução é concordante com a exposta em Canotilho (2005).

O risco de complicações neurocomportamentais de pré-termos pode ser

graduado de I a V, em ordem crescente de gravidade. Os itens considerados, bem

como sua relação com a graduação, são expostos no Quadro 7 (tradução ainda não

publicada do original, THE MEDICAL ALGORITHMS PROJECT, 2005):

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99

Condições clínicas Grau

Meningite, confirmada ou suspeita. Ocorrência de Crises convulsivas.

Necessidade de Ventilação Mecânica por 29 dias ou mais.

V

(Altíssimo Risco)

Necessidade de Ressuscitação ou tratamento medicamentoso de Apnéia ou Bradicardia.

Grandes cirurgias. Persistência de Canal Arterial requerendo

tratamento cirúrgico. Ventilação Mecânica por 15 a 28 dias.

IV (Alto Risco)

Peso de nascimento menor que 1.000g. Hemorragia Peri-Intra Ventricular graus I e II. Apnéia ou Bradicardia requerendo tratamento

medicamentoso. Persistência de Canal Arterial requerendo

tratamento medicamentoso. Hiperbilirrubinemia requerendo ex-sanguíneo

transfusão. Ventilação Mecânica por 03 a 14 dias

III (Risco Intermediário)

Peso de nascimento maior que 1.000g. Persistência de Canal Arterial não requerendo

tratamento medicamentoso Suporte de oxigênio necessário por 1 dia ou

mais. Episódios ocasionais de Apnéia ou Bradicardia,

sem necessidade de tratamento medicamentoso

Ventilação Mecânica por 48 horas ou menos.

II

(Risco Baixo-Intermediário)

Peso de nascimento maior que 1.000g. Ausência de Angústia Respiratória.

Ausência de complicações médicas maiores, podendo haver ausculta cardíaca alterada

(mas benigna) ou necessidade de fototerapia.

Ausência de necessidade de suporte de oxigênio.

Ausência de Apnéia ou Bradicardia.

I

(Baixo Risco)

QUADRO 7. Critérios do Índice Médico Neonatal (Neonatal Medical Index-NMI) e respectiva graduação do risco para complicações neurocomportamentais de crianças pré-termo (com base na tradução do original - The Medical Algorithms Project, 2005).

3.3.3 Escala de Desenvolvimento Psicológico da Primeira Infância (versão adaptada

por SOUZA, 2003)

Instrumento utilizado na rotina de trabalho do Núcleo de Avaliação e

Intervenção Neuropsicomotora na Primeira Infância/NAINPI, do Laboratório de

Desenvolvimento Humano/LADEHU, Centro de Educação Física, Fisioterapia e

Desportos/CEFID, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC, de onde parte

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100

este trabalho, a Escala de Desenvolvimento Psicológico da Primeira Infância,

padronizada e validada pelas autoras Brunet e Lézine (1981) e adaptada no estudo

de Souza (2003), foi utilizada para a avaliação do desenvolvimento das crianças do

presente estudo.

A escolha deste instrumento pode ser justificada pelo fato de ser ferramenta

de uso rotineiro nas pesquisas desenvolvidas no núcleo de onde parte este trabalho,

e por este fato ser de domínio técnico da pesquisadora.

A Escala de Brunet-Lézine, como é popularmente referenciada, é composta

por 150 itens, que dividem a avaliação em quatro áreas:

a) Postural – avalia os movimentos amplos da criança, como rolar, sentar,

andar;

b) Oculomotriz ou de conduta da adaptação ao objeto – avalia coordenação

olho-mão, manipulação de objetos e solução de problemas;

c) Linguagem – avalia a recepção, percepção e expressão no uso da

linguagem;

d) Social – que avalia as reações pessoais e sociais.

Ela possui níveis que compreendem a faixa etária de 01 a 30 meses.

Apresenta 10 itens de testagem para cada mês, sendo 6 destes itens referentes à

testagem propriamente dita e 4 referentes a questões, que devem ser perguntadas

aos pais ou professores (BRUNET , LÉZINE; 1981). Segundo Porto e Genta (1996),

estas questões facilitam o contato com os pais da criança, possibilitando uma visão

das condições sociais e afetivas do desenvolvimento da mesma.

Segundo Souza (2003), este instrumento apresenta como índices de

confiabilidade: 0,68 de validade de critério (validade concorrente com as escalas de

Stanford-Binet, de Terman-Merril, de Cattel, de Charlotte Bühler e de Arnold Gesell) e

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101

0,85 de fidedignidade (coeficiente de correlação de 0,85, obtido pelo método teste-

reteste).

O kit de avaliação utilizado segue as adaptações realizadas no estudo de

Souza (2003), as quais preservaram as dimensões e tipos de materiais utilizados

descritos na versão original. O Quadro 8 apresenta a constituição do kit, ilustrado na

Figura 1 seguinte ao mesmo.

Quantidade Item Descrição

10 Cubos Em madeira, na cor vermelho vivo, 2,5cm de aresta 01 Xícara Em alumínio, com asa 01 Colher Em alumínio 01 Campainha Metálica, em forma de sino, 12cm de altura 01 Chocalho Pequeno, modelo infantil 01 Pano Em formato quadrado, não transparente. 01 Anel Em madeira, na cor vermelha, 13cm de diâmetro, amarrado a uma

fita de 25cm 01 Espelho Dimensões: 30cmX25cm 01 Lápis de cor Nas cores vermelho, azul ou verde, 14 cm 01 Bloco de papel Dimensões: 24cmX16cm 01 Frasco Em plástico, 13cm de altura, e 2cm de diâmetro no gargalo 01 Botão (pastilha) 8mm de diâmetro, em cor contrastante com a superfície de avaliação 01 Bola Em plástico, de cor viva, tamanho médio 01 Tabuleiro de

encaixe Em madeira, na cor verde, de 36cm x 16cm, com 1cm de espessura, contendo buracos: circular (de 9,5cm de diâmetro), quadrangular (de 8cm de lado) e triangular (de 9cm de base). As peças para encaixar correspondentes (redonda, quadrada e triangular) são pintadas de

preto e têm 1,5cm de espessura. 01 Livro de contos Com imagens atraentes, dimensões: 24cmX23cm 01 Folha com

imagem de boneca

25cm de altura

01 Jogo de imagens com

fichas individuais

Plastificadas, com desenhos representativos de: um cachorro, um sapato, um carro, um trem, uma colher, uma casa, um relógio, uma

faca, uma boneca.

QUADRO 8. Materiais constituintes do kit de avaliação da Escala de Brunet-Lézine (1981).

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102

FIGURA 2. Vista fronto-superior do kit de avaliação da Escala de Brunet-Lézine (1981).

Toda a metodologia referente às formas de aplicação prática dos testes, ao

sistema de registro e de conversão dos pontos, obtidos a partir da realização de itens

da escala, em idades de desenvolvimento, aos cálculos dos quocientes de

desenvolvimento e aos demais procedimentos da Escala de Brunet-Lézine seguiu as

recomendações de seu manual, associada às adaptações de Souza (2003).

Há que se destacar que as idades cronológicas das crianças prematuras foram

corrigidas, descontando o período que faltara para a condição a termo, com base no

Índice de Prematuridade (RESTIFFE, 2004).

A escala permite a obtenção de dez variáveis psicomotoras, quais sejam as

idades e quocientes de desenvolvimento nas quatro áreas citadas, somadas ao

aspecto global. O software SIMODE (Sistema de Monitorização do Desenvolvimento

Infantil), elaborado por Rosa Neto e Souza (SOUZA, 2003), é normalmente utilizado

para facilitar e agilizar o cálculo das variáveis. Como no período deste estudo o

referido software passava por atualizações de programação, tal cálculo foi realizado

manualmente.

Dentre as adaptações realizadas por Souza (2003), ao avaliar o

desenvolvimento neuropsicomotor de 221 lactentes matriculados em creches

públicas de Florianópolis/SC, houve a instituição de algo inusitado à escala original

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103

de Brunet-Lèzine: a classificação do desenvolvimento em níveis transeuntes do Muito

Inferior ao Muito Superior, tendo como base a distribuição de média e desvio-padrão

na variável Quociente de Desenvolvimento Global (QDG).

Nesta análise, Souza (2003) encontrou valores de média e desvio-padrão do

QDG muito próximos aos de estudos realizados com a Escala de Desenvolvimento

Motor (ROSA NETO, 1996), sugerindo que se opte por esta classificação em níveis

motores. A comparação entre os dois achados está no Quadro 9, o qual define a

escala de classificação do desenvolvimento.

QD Global (SOUZA, 2003) QM Geral (ROSA NETO, 1996) CLASSIFICAÇÃO

129 ou mais 130 ou mais MUITO SUPERIOR

119 - 128 120 - 129 SUPERIOR

109 - 118 110 – 119 NORMAL ALTO

89 - 108 90 – 109 NORMAL MÉDIO

79 - 88 80 – 89 NORMAL BAIXO

69 - 78 70 – 79 INFERIOR

68 ou menos 69 ou menos MUITO INFERIOR

QUADRO 9. Escala de Classificação do Desenvolvimento Fonte: Souza (2003)

Das modificações outrora realizadas por Souza (2003), foi novamente alterada

a folha de registro das respostas aos itens de testagem, inserindo-se colunas que

permitem o registro de avaliações sucessivas de uma criança no mesmo documento

(APÊNDICE B).

3.4 ESTUDO PILOTO

O estudo piloto foi realizado com 18 lactentes em acompanhamento no

Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia no período de setembro a dezembro de

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104

2004. Os lactentes foram avaliados segundo a proposta da Unidade de

Acompanhamento Neuroevolutivo, na faixa etária de 03 a 16 meses com o objetivo

de familiarizar-se com os instrumentos de pesquisa e conhecer as principais variáveis

que poderiam atuar no momento da coleta propriamente.

Considerações metodológicas e resultados obtidos com a realização do estudo

piloto estão dispostos no Apêndice C.

3.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados foram realizados procedimentos descritos abaixo.

1) Na primeira semana de março de 2004, foi realizada uma reunião com a

então chefia do Serviço de Neonatologia do HU/UFSC, quando foi apresentado o

escopo do projeto e seu plano de ação, sendo o mesmo bem recebido no serviço

oferecido no Ambulatório de Pediatria;

2) No início de abril de 2004, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê

de Ética para Pesquisa envolvendo Seres Humanos da UDESC, obtendo-se parecer

favorável (ANEXO B);

3) Na primeira quinzena do mês de maio de 2004, foi realizada reunião com a

presença da chefe do Serviço de Neonatologia do HU e a supervisora do Ambulatório

de Alto Risco em Neonatologia, de forma a dar início aos trabalhos do projeto;

4) Nos meses de maio, junho e agosto de 2004 foi iniciado o

acompanhamento sistemático à UTI Neonatal e Ambulatório de Alto Risco em

Neonatologia, de forma a conhecer a rotina dos locais, bem como a história clínica

dos pacientes em acompanhamento no período;

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105

5) Realização do Estudo Piloto, de setembro a dezembro de 2004, conforme

descrito anteriormente;

6) Assim, desde setembro de 2004, o acompanhamento neuropsicomotor vem

acontecendo junto às crianças atendidas no Ambulatório de Alto Risco em

Neonatologia, no período vespertino das quartas-feiras, respeitando o

calendário/agenda do referido serviço, sendo que em setembro de 2005 foram

encerradas as coletas de dados para o presente estudo. A pesquisadora,

fisioterapeuta, acompanhada na maioria das vezes por uma acadêmica de

Fisioterapia, tem realizado as avaliações;

7) Os testes neuropsicomotores foram realizados em consultório fechado,

num ambiente calmo, com a presença mínima de ruídos e estímulos visuais (e

demais interferências externas), com exceção dos que são propositalmente causados

pelos itens constituintes da escala;

8) As crianças foram avaliadas individualmente, à exceção de gemelares;

neste caso, embora as provas tivessem sido realizadas em conjunto, as anotações

foram registradas em fichas individuais, observando-se isoladamente o desempenho

de cada criança.

9) De acordo com as orientações de aplicação da Escala de Brunet-Lèzine, a

avaliação foi iniciada pelas provas de controle postural para a criança que têm entre

04 e 12 meses de idade, passando-se em seguida para as provas de coordenação

óculo-motriz, as quais envolvem manipulação de objeto, linguagem e sociabilidade; e

para as crianças com idade a partir de 12 meses, a aplicação das provas foi feita na

ordem inversa. As provas posturais foram realizadas em solo ou colchonete e as

demais provas, com a criança colocada no colo da examinadora ou de seu

acompanhante, ou ainda sentada sobre o colchonete.

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106

10) Na primeira consulta da criança no Acompanhamento Neuropsicomotor

Ambulatorial, especificamente nos momentos que antecederam sua chamada ao

consultório, seu prontuário hospitalar foi verificado, sendo transferidas ao Formulário

informações relativas à história clínica da criança, com a identificação dos fatores de

risco neurológico. A seguir, a criança foi chamada à consulta; demais itens do

formulário que não estavam descritos no prontuário hospitalar foram, então,

preenchidos por meio de indagações verbais ao seu acompanhante. Os itens

relacionados ao exame físico da criança foram percebidos durante a avaliação

motora e anotados no Formulário após cada consulta.

11) Após o término das consultas no dia, os dados de cada criança foram

repassados à base de dados no software Epi Info® 2000 (CDC, 2004) e SPSS® 13.0

(APACHE, 2004), com cálculo do Neonatal Medical Index para crianças prematuras

na planilha específica (SVIRBELY; SRIRAM, 1999) do Microsoft® Office Excel 2003.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados referentes às variáveis: idade cronológica (corrigida em caso de

nascimento pré-termo), idades de desenvolvimento e quocientes de desenvolvimento

para cada uma das áreas foram calculados manualmente e armazenados no

programa informático Epi Info 2000®, versão 3.2.2 (CDC, 2004), bem como planilha

do SPSS 13.0® (APACHE, 2004), mesmo destino dos dados biopsicocossociais e

resultado do cálculo do NMI.

A proposta do Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial é analisada de

forma descritiva.

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107

3.6.1 Estatística Descritiva

Os fatores de risco neurológico identificados no grupo de estudo foram

apresentados de forma descritiva, com cálculo de média, mediana, desvio-padrão,

valores mínimo e máximo, para variáveis quantitativas. Variáveis qualitativas foram

apresentadas descritivamente quanto à sua freqüência e proporção.

Parâmetros neuropsicomotores tiveram descrição semelhante, sendo

posteriormente submetidos à análise inferencial.

3.6.2 Estatística Inferencial

O nível de significância fixado para a análise inferencial foi de 0,05, com

intervalos de confiança de 95%.

O Teste Qui-Quadrado para tendência foi aplicado na relação entre risco

neurocomportamental e grau de prematuridade, bem como na relação desse com o

Quociente de Desenvolvimento em cada área.

A normalidade de dados quantitativos foi testada através do Teste Shapiro-

Wilk, indicado quando o conjunto de observações a ser testado é menor ou igual a

50. O Teste de Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para verificação da normalidade dos

dados no caso da avaliação por faixa etária (1º ano, em que houve mais de 50

casos).

Na verificação da existência diferença significativa entre parâmetros

neuropsicomotores e grau de permaturidade, a comparação de medidas de tendência

central foi realizada através do Teste t de Student, quando verificado normalidade

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108

dos dados, e do Teste U de Mann-Whitney, quando a distribuição dos dados não

seguia a curva normal.

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109

IV APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo será apresentada a estrutura da proposta de acompanhamento

neuropsicomotor em nível ambulatorial, com ressalvas a respeito do que foi vivenciado

durante a realização do presente estudo.

Os dados relativos a aspectos biopsicossociais e resultados da avaliação

neuropsicomotora serão descritos e analisados a seguir, buscando permitir ao leitor

visualizar possibilidades de análise e tratamento dos dados obtidos a partir do protocolo

proposto, de forma que além do importante aspecto assistencialista do programa, possa

emergir a produção científica.

Os resultados do estudo serão apresentados de acordo com os objetivos

específicos previamente estabelecidos, buscando atingir, em conjunto, a resposta ao

objetivo geral.

4.1 PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL DE

LACTENTES DE RISCO NEUROLÓGICO

Atendendo ao objetivo “Descrever características estruturais e organizacionais de

uma proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de lactentes de risco

neurológico atendidos no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia, do Hospital

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110

Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC)”; são expostos

descritivamente tais aspectos.

Na Figura 3 foi reproduzido o organograma disposto na página 84 deste trabalho,

onde é destacado modelo de unidade de acompanhamento a crianças de alto risco, com

a inclusão da abordagem específica sobre o desenvolvimento neuropsicomotor.

FIGURA 3. Organograma da estrutura geral do atendimento no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia – HU/UFSC, com a inclusão do Acompanhamento Neuropsicomotor a ser realizado pela Fisioterapia.

Conforme Lopes (1999), o programa de acompanhamento da criança de alto risco

deve estar integrado com a UTI Neonatal e o berçário de cuidados intermediários,

havendo o envolvimento familiar no processo. Crianças de outros serviços, obviamente,

também devem ter espaço no fluxo de pacientes.

A estrutura básica do acompanhamento neuropsicomotor realizado neste trabalho

está apresentada na Figura 4, em que são expostos aspectos da organização do

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111

atendimento, fluxo de pacientes e rotinas de avaliação. A coleta de dados

biopsicossociais permeia todas as consultas.

FIGURA 4. Fluxograma do Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial.

Dentro do que foi observado nas descrições de propostas de acompanhamento

neuropsicomotor encontradas no referencial teórico consultado, a duração preconizada

alcança a idade escolar (MORSCH, 1999; RAMOS SÁNCHEZ; MARQUEZ LUQUE, 1999;

PÓO ARGUELLES et al. 2000; MILLÁ-ROMERO; MULAS, 2002), o que consiste em

intenção deste trabalho.

São percebidas variações no fluxo de pacientes dependendo do serviço,

geralmente relacionadas com a escolha de idades-chave para a marcação das consultas.

As idades significativas eleitas para avaliação do processo evolutivo sofrem pequenas

variações nos diferentes programas. Para Sweeney e Swanson (1994), o

desenvolvimento infantil deve ser monitorado nas idades de 4 meses, 12 meses, 2 anos,

3 anos, 4 anos e meio, 6 anos e 8 anos. Morsch (1999), por sua vez, indica os períodos

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112

entre 8 e 9 meses, 18 meses, 24 meses, entre 4 e 5 anos e aos 7 anos. Gallego (1996) e

Ramos Sánchez e Márquez Luque (1999) mantêm controle etário similar, apenas

variando o início, com indicação das idades-chave de 3 meses, 6 meses e 12 meses.

Portellano Pérez et al (1997) realizaram avaliações de acompanhamento nas idades de 3,

6, 10, 18, 36 meses e 5 anos.

Na proposta apresentada neste trabalho, optou-se por seguir esquema similar ao

do agendamento já vigente no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia, o qual orienta

consultas mensais até 6 meses de vida, a cada 2 meses de 7 a 12 meses e trimestrais de

13 a 24 meses, com pequena variação motivada pelas características da escala de

avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor utilizada.

Em fase ulterior, é proposta de implantação o seguimento em consulta anual após

os 24 meses, e até a idade escolar.

Na proposta aqui apresentada opta-se pelo uso da Idade Cronológica Corrigida

(ICC) nos casos em que houver nascimento pré-termo. Tal conduta, embora não

consensual entre os referencias teóricos utilizados, é preconizada a fim de minimizar a

subestimação do desenvolvimento e crescimento da criança (RESTIFFE; GHERPELLI,

2004; RUGOLO, 2005), bem como a uniformização da idade gestacional para a

comparação entre prematuros e bebês a termo (AMIEL-TISON; GRENIER, 1988).

Em recente revisão bibliográfica, Wilson e Cracdock (2004) destacam que o uso ou

não da ICC exige ainda estudos; porém, em recente revisão bibliográfica sobre o tema,

Rugolo (2005) destaca que o ajuste etário deva ocorrer até a idade de 24 meses,

prolongado até os 36 meses em casos de prematuridade extrema.

Considerando a conduta da consulta, o que está aqui sendo proposto baseia-se,

em grande parte, nas condutas do serviço de acompanhamento maturativo de crianças de

risco em um hospital universitário de Sevilla, na Espanha. Neste serviço, a rotina de cada

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113

consulta envolve a Anamnese e histórico sócio-familiar, exploração neuro-pediátrica,

avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor instrumentalizado (Escala de Brunet-

Lèzine), avaliação comportamental, realização de exames complementares pertinentes,

bem como indicações e encaminhamentos que se fizerem necessários e apoio familiar

(RAMOS SÁNCHEZ; MARQUEZ LUQUE, 1999; 2000)

Segue, então, a apresentação da proposta, com a descrição das avaliações

realizadas.

Registro de Dados Biopsicossociais

A Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais consiste em uma proposta de

unificação de coleta de dados pré, peri e pós-natais da criança, inclusive com espaço para

a continuidade de seu preenchimento no decorrer das consultas em campos específicos.

A proposta é que o mesmo faça parte do prontuário hospitalar da criança desde sua

primeira internação, isto é, na abertura de seu prontuário, seja em seguida ao seu

nascimento (em crianças nascidas no próprio hospital em que for realizado o

acompanhamento pós-natal), ou na entrada ao serviço (para crianças encaminhadas ao

acompanhamento neuropsicomotor por outras instituições).

Uma versão da Ficha de Registro criada no software Epi Info 2000, a qual se

sugere que seja instalada na rede de computadores do Serviço de Neonatologia, desde a

UTI até o atendimento ambulatorial, promove a organização do banco de dados digital do

serviço, facilitando análises específicas posteriores, tanto da evolução do próprio

paciente, quanto do grupo em interesse no estudo.

A apresentação da Ficha será feita em partes, destacando cuidados específicos em

seu preenchimento, como um guia instrucional. A Ficha completa encontra-se no

Apêndice A.

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114

Na Figura 5 é destacado o cabeçalho da Ficha. Devida atenção deve ser dada ao

preenchimento do item “Data 1ª avaliação”, o qual permitirá o controle da idade

cronológica de início no programa.

FIGURA 5. Cabeçalho da Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais

Em seguida, tem espaço a sub-área de Dados de Identificação (Figura 6), com

respectivo comentários.

FIGURA 6. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Dados de Identificação

Ao iniciar o levantamento de dados pré e perinatais, é importante observar a

interação com o registro obstétrico da então parturiente, o qual é preenchido no serviço de

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115

obstetrícia do hospital, e geralmente acompanha o recém-nascido em seu

encaminhamento à UTI neonatal. Quando o paciente adentra ao programa de

acompanhamento oriundo de outros serviços, isto é, não tendo nascido no próprio

hospital, especial atenção precisa ser dada ao resumo de alta do mesmo, em busca de

tais informações, assim como de dados do período neonatal.

Os campos específicos da Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais para

anotação de “Antecedentes Gestacionais”, “História Perinatal” e “Período Neonatal”,

acompanhados de considerações peculiares, estão expostos nas Figuras 7, 8 e 9,

respectivamente.

FIGURA 7. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Antecedentes Gestacionais

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116

FIGURA 8. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – História Perinatal

FIGURA 9. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Período Neonatal

Logo a seguir ao registro de dados neonatais há espaço para apontamentos de

“Intervenções Cirúrgicas” que o paciente tenha sido submetido, válido para cirurgias no

próprio período neonatal ou posterior a ele. Há que se destacar a importância de registrar

a data em que ocorreu o procedimento, o tipo e objetivo do mesmo, além de eventuais

intercorrências.

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117

Na Figura 10 estão relacionadas outras duas sub-áreas da Ficha, destacando seus

comentários específicos, especificamente a de registro da duração do aleitamento

materno exclusivo, bem como do histórico de aquisição de marcos do desenvolvimento

neuropsicomotor da criança.

Lefévre (1980) já destacava que, junto à avaliação física dos aspectos

neurológicos, é importante haver a pesquisa do histórico de desenvolvimento da criança,

isto é, o levantamento do período em que ocorreram ganhos neuropsicomotores a fim de

verificar a cronologia das aquisições e possíveis regressões, as quais podem ser

indicativas de lesões neurológicas.

FIGURA 10. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Amamentação e Marcos do Desenvolvimento Neuropsicomotor (DNPM)

Destacando o que Diament e Cypel (1996) salientam como parte da anamnese na

semiologia neurológica, a Figura 11 permite observar o campo de registro de

Antecedentes Pessoais de distúrbios desenvolvimentais na criança. Sugere-se a

construção de Heredograma Familiar conduzido à investigação de casos de alterações

neurológicas e/ou atrasos em aquisições neuropsicomotoras em outros membros da

família. Aqui também é registrada a história obstétrica da mãe, com indicação do número

de gestações prévias, suas características gerais (indicando risco ou não), ocorrência de

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118

abortos e/ou natimortos, e resultado de eventuais estudos citogenéticos realizados.

Na coleta de dados da presente pesquisa, percebemos maior freqüência de relato

de atrasos do desenvolvimento em irmãos das crianças do grupo de estudo.

FIGURA 11. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – História Familiar de risco / Distúrbios Neurológicos.

Outro aspecto bastante pertinente a ser observado no acompanhamento de

crianças de risco é a identificação do cuidador principal da criança (Figura 12). Este item

tem relação com o tipo de estimulação ambiental a que a criança pode ser mais exposta,

bem como com o enfoque a ser dado nas orientações do programa à estimulação

ambiental, visto que é necessário identificar quem permanece mais tempo prestando

cuidados à criança para poder instrumentalizá-lo na promoção do desenvolvimento da

mesma.

No trabalho de Foren et al (2002), crianças cujas mães eram os cuidadores

principais e haviam participado de grupos de promoção à saúde desde o período

gestacional tiveram desenvolvimento neuropsíquico normal em 98% dos casos.

FIGURA 12. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Cuidados com a criança

A sub-área “Estado de sono e vigília”, com base em Precthl,1960, apud Silva

(1995), foi incluída na Ficha para caracterizar o estado de consciência da criança no

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119

momento da consulta, de forma a contextualizar eventuais desempenhos aquém dos

esperados (Figura 13). Destaca-se que, para uma análise de dados em coletividade, será

preciso que em todas as avaliações neuropsicomotoras a serem incluídas o estado

comportamental da criança tenha sido classificado no nível 4. Este critério foi respeitado

fielmente no presente estudo.

FIGURA 13. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Estado de sono e vigília

A sub-área relativa ao “Exame Físico e Neurológico” está subdividida em três

tópicos, relacionados, respectivamente, à avaliação do tônus muscular, controle postural e

registro de dados antropométricos.

Amiel-Tison e Grenier (1988) apresentam um modelo de exame neuromotor

clássico a ser aplicado no primeiro ano de vida, considerando os importantes ganhos

psicomotores desta fase. Segundo os autores, sua aplicação é simples, rápida e fácil de

integrar na consulta pediátrica. Diament (1996, b) considera que tal exame permite

verificar a evolução neurológica da criança, incluindo a observação de manifestações

permanentes, reflexas transitórias e evolutivas.

Outro aspecto que permite o acompanhamento da maturação neurológica é a

avaliação do Tônus Muscular, a ser analisado de forma passiva e ativa. Segundo Coriat

(2001), o estudo semiológico do tônus começa com a inspeção da criança despida, o que

permite observar sua condição nutricional geral e seu volume muscular, passando à

análise da consistência das massas musculares pela palpação, a qual depende da

experiência do examinador.

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120

Pode-se verificar o tônus passivo pela movimentação passiva de articulações,

sendo observada a amplitude dos ângulos formados (AMIEL-TISON, GRENIER; 1988).

Nesta análise, é possível observar a passividade direta e indireta (resistência à

mobilização do segmento em estudo ou dos adjacentes), e extensibilidade muscular

(CORIAT, 2001).

O tônus muscular ativo ocupa lugar preponderante no exame neuromotor, podendo

ser observado a partir da análise da postura assumida pela criança através de sua cabeça

e segmentos corporais (ARAÚJO, 2002). Em Amiel-Tison e Grenier (1988, p. 39-79) e

Diament (1996, b, p. 33-62) está disposta metodologia de execução do exame tônico no

lactente, junto à descrição do exame neurológico geral.

Na Figura 14 podem ser visualizadas as características específicas do campo

“Tônus Muscular”, destacando-se a metodologia do exame neuromotor clássico, o qual

inclui inspeção e palpação de massas musculares, além da avaliação de passividade e

extensibilidade dos grupos musculares (AMIEL-TISON; GRENIER, 1988; CORIAT, 2001).

FIGURA 14. Ficha de Registro de Dados Biopsicossociais – Tônus Muscular

Na avaliação do tônus podem ser verificados os reflexos arcaicos (ou

primitivos), tomando-se nota de sua persistência ou assimetrias. A verificação e

acompanhamento evolutivo de reflexos primitivos e reações posturais constitui importante

parâmetro para a suspeita de alterações neuromotoras (GUIMARÃES; TUDELLA, 2003).

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121

Amiel-Tison e Grenier (1988), Diament (1996, b) e Flehmig (2000) são algumas

referências em que podem ser encontradas descrições de testagem de tais parâmetros.

O campo “Manifestações Posturais e Atitudes” busca registrar a evolução do

controle postural da criança, sendo anotada a presença (P) ou ausência (A) de cada item,

no local específico de acordo com a data da consulta.

Neste item, verifica-se a evolução temporal de Atitudes em Assimetria, Simetria,

Deitada Espontânea e Ativa Espontânea. No trabalho apresentado por Diament (1996, b),

a observação de tal item permitiu a verificação de três pontos-chave evolutivos, quais

sejam: passagem do segundo para o terceiro mês (mudança de atitude assimétrica para

simétrica), transição do quarto para o quinto mês (passagem de simetria passiva em

decúbito dorsal para atitude mais espontânea, com tendência à mudança de decúbito), e

período entre 11º e 12º mês, com adoção de posturas anti-gravitacionais (ortostatismo).

No Quadro 10, retirado de Silva (1998, p. 324-326) e que tem base no Exame

Neurológico proposto por Diament (1996, b), tais manifestações posturais e atitudes são

caracterizadas quanto ao período normal de aparecimento e inibição. A persistência de

alguma delas além da idade cronológica prevista (idade cronológica corrigida, no caso de

pré-termos) caracteriza o que definimos como Controle Postural Alterado.

CONTROLE POSTURAL CARACTERÍSTICAS APARECIMENTO INIBIÇÃO Decúbito dorsal, atitude em semiflexão generalizada Mãos geralmente fechadas e cabeça lateralizada Fragmentos de RTCA* (MMSS**)

Atitude Assimétrica

Movimentos bruscos de pedalagem (MMII***)

Recém-nascido ao 1º mês

2º ao 3º mês

Cabeça na posição mediana Cabeça lateralizada (às vezes) Não há fragmentos de RTCA

Atitude Simétrica

Mãos semi-abertas

3º ao 4º mês

4º ao 5º mês

Atitude em decúbito dorsal, espontânea e ativa Movimentos mais coordenados, menos bruscos e arrítmicos Tendência a mudar de decúbito

Atitude Deitada Espontânea

Tendência a lateralizar-se ou sentar-se

5º ao 6º mês

6º ao 12º mês

Sustento nítido da cabeça Senta-se com ou sem apoio Mudança da posição deitada para a sentada

Atitude Ativa Espontânea

Atitude ativa e de pé

11º ao 12º mês

-

QUADRO 10. Caracterização do controle postural: aparecimento e inibição (SILVA, 1998. p. 324-326)

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122

Embora não tenha sido objeto do presente estudo, no quesito “Antropometria” há

campos para registro das variáveis Peso, Comprimento e Perímetro Cefálico, bem como

para a Classificação do Estado Nutricional, a qual, para lactentes, geralmente segue os

Critérios de Gómez - 1956, a partir da relação Peso/Idade (SIGULEM; DEVICENZI;

LESSA, 2000), para cada consulta.

Permeando a Ficha, há campos para transcrição de Resultados de Neuro-imagem,

os quais devem incluir o trinômio “Data em que foi realizado”, “tipo de exame” e “laudo”.

Póo-Arguelles (2000) e Martinez-Bermejo (2003) enlevam a importância de utilizar os

resultados de neuro-imagem como forma de reforçar o diagnóstico de incapacidades

neurológicas.

Há ainda campo para registro do estado dos órgãos sensoriais da criança, cabendo

aí comentários à cerca de suspeitas, exames específicos e resultados de investigação da

função sensorial, especialmente relacionada à Audição e Visão, áreas cuja alteração pode

ser freqüente em crianças de risco.

A caracterização sócio-econômica foi um fator alheio aos objetivos da presente

pesquisa. No entanto, de forma a proporcionar o conhecimento e registro de fatores sócio-

econômicos familiares de programas de acompanhamento de crianças de risco que

venham adotar a metodologia aqui exposta, foram incluídas ao final do Formulário

questões específicas sobre os pais ou responsáveis pela criança, abordando faixa etária,

escolaridade, profissão, situação conjugal, contexto familiar e condições de saneamento

básico, com a possibilidade de classificação familiar no Critério de Classificação

Econômica Brasil – CCEB (2000).

O CCEB tem sido utilizado para a classificação econômica de uma população, útil

na verificação entre fatores econômicos e desenvolvimento infantil (no caso de pesquisas

nesta área), desenvolvido pela Associação Nacional de Empresas de Pesquisa. Segundo

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123

este critério, as pessoas são classificadas em estratos de A a E, de acordo com a posse

de bens e o nível de escolaridade do chefe da família (ANEP, 2004).

Verificação do risco para alterações neurocomportamentais

Para a inclusão do Índice Médico Neonatal, sugere-se a instalação da planilha

operacionalizada no software Microsoft Excel, na versão traduzida apresentada por este

estudo, junto ao (s) computador (es) da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

Dessa forma, no dia da alta hospitalar da criança pré-termo, seu risco

neurocomportamental pode ser determinado, sendo arquivado no banco de dados, e uma

versão impressa e incluída no prontuário da criança.

No presente estudo, tal rotina não foi realizada, pois o instrumento foi incluído já

em nível ambulatorial, sendo necessária minuciosa revisão dos dados clínicos neonatais

das crianças constantes em seus prontuários, a fim de determinar o risco

neurocomportamental.

O resultado da aplicação do NMI deve ser registrado na Ficha de Registro de

Dados Biopsicossociais, no campo específico disposto na sub-área 1 (vide Figura 6, p.

101).

Avaliação e intervenção sobre o Desenvolvimento Neuropsicomotor

Conforme já exposto na parte metodológica, o instrumento eleito para a avaliação

neuropsicomotora dos lactentes incluídos no acompanhamento ambulatorial foi a Escala

de Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância, na versão adaptada por Souza

(2003).

A Folha de Registro da escala, exposta no Apêndice B, permite a marcação do

desempenho da criança diante das atividades propostas por 5 consultas, devendo-se

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124

incluir outra cópia da mesma quando o acompanhamento ultrapassar tal número. Para o

registro dos resultados neuropsicomotores no prontuário hospitalar, é proposta a ficha que

consta no Apêndice E, a qual deve ser preenchida a cada consulta, com assinatura do

responsável pela avaliação na margem direita, e anexada ao prontuário.

Segundo orientações de aplicação da referida escala, sua utilização pode ser

menos fidedigna nos primeiros quatro meses de vida da criança, em virtude da

predominância de reflexos primitivos nesta fase.

Dessa forma, até a criança completar 4 meses de idade (corrigida em caso de

nascimento pré-termo), é sugerida a verificação de reflexos primitivos, para o que se

dispõe a Ficha de Reflexos e Reações Neuromotoras (organizada para este estudo, com

base em FLEHMIG, 2000 e AMIEL-TISON; GRENIER, 1988), vide Apêndice D.

Destaca-se, na referida ficha, a anotação de apresentação completa (C) do reflexo,

ausente (A) ou incompleta (I), devendo ser relacionada à idade cronológica da criança

para observar sua normalidade ou alteração. Oportunamente, ela pode continuar a ser

usada por todo o primeiro ano de vida da criança, a fim de verificar sua evolução

neuromotora.

A inclusão de instrumentos como a escala Movement Assessment of Infants – MAI,

e o Teste of Infant Motor Performance-TIMP poderiam melhor sistematizar a coleta de

dados neste período etário, mas há de se realizar devido estudo de adaptação e

validação para a população local.

No presente estudo, por critério de inclusão, não foram avaliadas crianças com

idade cronológica inferior a 4 meses, não sendo realizada análise específica sobre a

verificação de reflexos primitivos.

Para o uso da Escala de Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância (versão

SOUZA, 2003), é necessário que seja feito um curso de formação específico, o qual é

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125

oferecido pelo Laboratório de Desenvolvimento Humano/LADEHU, da Universidade do

Estado de Santa Catarina. Tal curso tem duração de 40 horas/aula, sendo 20 horas/aula

de formação teórica e a outra metade de prática em estágio supervisionado.

Quanto à intervenção sobre o desenvolvimento, optou-se, nesta fase de

implantação do programa, pelo que foi denominado “Educação em estimulação

neuropsicomotora domiciliar”, com a efetiva orientação aos pais ou responsáveis pela

criança, diante do quadro neuropsicomotor observado na consulta, considerando

metodologia similar à da “Consulta Terapêutica” proposta pelo psicanalista e pediatra

inglês D.W. Winnicott, na década de 60. Tal intervenção, no entanto, não constituiu

variável deste estudo, sendo um aspecto revelador das potencialidades do programa de

Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial de Crianças de Alto Risco Neurológico,

o qual merece ampliação com o amadurecimento do referido programa.

A bem da verdade, numa fase inicial foi criado um programa de estimulação

essencial baseado em efetivas sessões de intervenção; porém, sua localização distante

do ambulatório hospitalar dificultou muito a adesão das famílias, havendo abandono em

massa. Está em vias a liberação de um espaço específico dentro do hospital universitário,

para que a estimulação essencial possa ser reavivada.

4.2 CARACTERIZAÇÃO BIOPSICOSSOCIAL DO GRUPO DE ESTUDO –

INDICADORES DE RISCO NEUROLÓGICO E NEUROCOMPORTAMENTAL

No período de setembro de 2004 a setembro de 2005, nas consultas semanais,

foram incluídas no estudo 40 crianças, das quais 60% (n=24) puderam ser avaliadas em

mais de uma oportunidade. Na Tabela 1 é possível visualizar panorama descritivo do

acompanhamento dos lactentes do grupo de estudo.

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126

O panorama geral das avaliações encontra-se descrito no Apêndice F.

TABELA 1. Distribuição do grupo de estudo segundo número de avaliações. NÚMERO DE AVALIAÇÕES f %

01 16 40 02 10 25 03 07 17,5 04 07 17,5

TOTAL 40 100

Houve dois casos em que foram realizadas 5 consultas de acompanhamento

neuropsicomotor. Estes serão descritos posteriormente, de forma isolada, a fim de se

observar sua evolução psicomotora, assim demonstrando possibilidades de análise

individual dos dados obtidos a partir da aplicação do protocolo proposto. Na Tabela 1,

esses dois casos estão incluídos no grupo que foi avaliado por 4 vezes.

A idade cronológica média na avaliação inicial foi de 10,3 meses (med=9,1, desvio-

padrão=4,6, moda=9,1), com valores extremos em 4,0 e 23 meses. Se corrigida no caso

de lactentes nascidos pré-termo, tais indicadores descritivos decrescem cerca de 2

meses, alcançando média de 8,5 meses (med=7,0, desvio-padrão=4,7, moda=5,8), com

extremo inferior em 4,0 meses e extremo superior em 21,1 meses).

Percebe-se que, em se tratando de um programa preventivo, as idades médias de

avaliação inicial podem ser consideradas tardias. Isto se deve ao fato de não foi feita

distinção entre as crianças a serem incluídas no estudo quanto ao tempo em que já

estavam em acompanhamento no Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia. Isto é,

muitas das crianças tiveram sua primeira avaliação neuropsicomotora quando já estavam

há mais de um ano em acompanhamento nas consultas pediátricas do referido

ambulatório. Com o andamento do programa, incluindo seu início na UTI neonatal, tal

média de idade tenderá a ser menor, visto que as crianças poderão ser acompanhadas

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127

desde sua internação hospitalar, ou nos primórdios de seu encaminhamento ao

ambulatório.

Quanto à indicação principal do acompanhamento ambulatorial, pode-se verificar

na Tabela 2 que o nascimento pré-termo foi, definitivamente, o mais freqüente,

perfazendo 85% dos casos.

TABELA 2. Distribuição do grupo de estudo quanto à indicação principal do acompanhamento ambulatorial INDICAÇÃO f %

Nascimento Pré-termo 34 85 Infecções neonatais do

Sistema Nervoso Central 03 7,5

Infecções congênitas 01 2,5 Hiperbilirrubinemia 01 2,5

Alteração tônica muscular, associada à hipoatividade

neonatal

01

2,5

TOTAL 40 100

Houve distribuição ligeiramente assimétrica quanto ao sexo, sendo 52,5% (n=21)

masculino, com 19 do sexo feminino (47,5%). Maior prevalência do sexo masculino

também foi característica do trabalho de Ramos Sánchez e Marques Luque (1999), com o

percentual de 64%, em um tradicional programa de acompanhamento neuroevolutivo

espanhol.

Há que se destacar a procedência dos sujeitos do estudo. A maioria (24 lactentes,

60%) provinha da cidade de Florianópolis, o que pode ser facilmente contextualizado em

virtude da localização geográfica do Hospital Universitário da Universidade Federal de

Santa Catarina (HU-UFSC).

Em se tratando de um serviço de referência estadual, o atendimento ambulatorial

em alto risco em neonatologia do HU-UFSC recebe clientela de todo o estado.

Especificamente na coorte analisada, dos 40% (n=16) não originários da cidade de

Florianópolis, 2 (12,5%) provinham de municípios da região metropolitana (Palhoça e São

José), enquanto 7 (43,7%) procediam de municípios da região sul de Santa Catarina

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128

(Braço do Norte, Criciúma, Imaruí, Laguna, Orleans, Siderópolis), e 4 (25%) da região

norte catarinense (Irineópolis, Mafra, Papanduva, São Bento do Sul), havendo um

representante oriundo das regiões do Vale do Itajaí (Trombudo Central), Planalto Serrano

(Fraiburgo) e Oeste (Tangará).

A seguir, são apresentados os resultados que buscam “Verificar características

biopsicossociais e a prevalência de indicadores de risco neurológico de lactentes em

acompanhamento no Ambulatório durante o período de setembro de 2004 e outubro de

2005”.

Para fins didáticos, o grupo de estudo foi caracterizado, inicialmente, quanto à

idade gestacional (IG) e massa ao nascer (Figuras 15 e 16, Tabela 3). Destaca-se,

conforme já citado, que 85% (n=34) do grupo de estudo apresentavam histórico de

nascimento pré-termo, os quais foram divididos, para fins de análise neste trabalho por

relação com menor ou maior risco neurológico, em Prematuridade Moderada (IG menor

que 37 semanas, maior que 32 semanas) e Prematuridade Extremada (IG menor que 32

semanas).

Na Figura 15 é exposta a distribuição do grupo de estudo quanto a IG, sendo

destacados em tons hachurados os casos de nascimento pré-termo. Extrema

Prematuridade perfez 47% do grupo de estudo, dos quais 3 casos tiveram idade

gestacional menor que 28 semanas, os quais são referenciados na literatura de grande

vulnerabilidade neurológica (TRAN; GRAY; O’CALLAGHAN, 2005).

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129

15%( 6)

47%( 19)

38%( 15)

< 32semanas 32s - 36,9semanas > 37 semanas

FIGURA 15. Distribuição do grupo de estudo quanto à Idade Gestacional (IG)

Considerando os valores descritivos de IG dos lactentes do grupo de estudo com

história de prematuridade, a média no caso de Prematuridade Extremada foi de

206,9±13,1 dias (o equivalente a 29semanas e 4dias, com valor mínimo em 24s, 5d, e

máximo em 31s, 5d), enquanto em Prematuridade Moderada foi igual a 234,0±10,8 dias

(perfazendo 33s, 3d, mínimo de 32s e máximo de 36s, 4d).

Percebe-se, no valor extremo inferior do Grupo de Prematuridade Extremada, um

caso de prematuridade muito intensa (24 semanas e 5 dias), próximo aos limites de

viabilidade. Shepherd (1995), afirma que o recém-nascido pré-termo é capaz de

sobreviver a partir da idade gestacional de 25 semanas, desde que a temperatura e a

alimentação sejam adequadas. Em recente revisão teórica, Rugolo (2005) decresce a 23

semanas o limite de viabilidade, com progressivo pior prognóstico neuropsicomotor.

Considerando o Índice de Prematuridade, obviamente maiores valores foram

encontrados nas crianças de Extrema Prematuridade, haja vista sua condição de menor

Idade Gestacional. Assim, a média do Índice de Prematuridade (IP) dos Prematuros

Moderados foi de 46 dias (DP=10,8dias, mín= 24 dias, máx.=56 dias), enquanto o grupo

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130

dos Extremos Prematuros indicou média de 73 dias (DP=13,1 dias, mín.=58 dias,

máx.=107 dias).

A Figura 16 expõe a distribuição descritiva geral da massa ao nascer,

considerando indicadores apresentados por Goto et al. (2004) de Muito Baixo Peso (<

1.500 gramas), Baixo Peso (entre 1.500 e 2.500 gramas, exclusive) e Peso normal (igual

ou acima de 2.500 gramas).

74%( 30)

13%( 5)

13%( 5)

< 1.500 gramas 1.500g - 2.499 gramas > 2.500 gramas

FIGURA 16. Distribuição do grupo de estudo quanto à massa ao nascer

É claramente perceptível a prevalência de casos de Muito Baixo Peso de

nascimento (74%, n=30), dos quais 5 (12% em freqüência absoluta, 16,7% em percentual

relativo) apresentaram massa ao nascer menor que 1.000 gramas, o que revela risco

extremo para o neurdesenvolvimento (BURNS et al. 2004).

Todos os casos em que não houve condição muito inferior de massa ao nascer as

crianças eram do grupo a termo, sendo que uma delas apresentou Baixo Peso. Todos os

demais representantes de Baixo e Muito Baixo Peso ao nascer tinham história de

prematuridade.

Na Tabela 3 são apresentados dados descritivos da Massa ao nascimento dos

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131

lactentes com história de prematuridade, considerando o grau da mesma.

TABELA 3. Medidas descritivas de Massa ao Nascer, em gramas, de lactentes do grupo de estudo com história de nascimento pré-termo.

Prematuros moderados (n=15) Extremo-Prematuros (n=19)

X Med DP Mín. Máx. X Med DP Mín. Máx. 1,431,7 1,415 461,9 940,0 2,895,0 1.168,9 1,170,0 227,1 640,0 1,540,0

Como seria esperado, o grupo de Prematuridade Extremada apresentou menores

valores de Massa ao Nascer, o que está intimamente relacionado com sua menor Idade

Gestacional.

Considerando o critério de alto risco neurológico relacionado à massa de

nascimento - menor de 1.500g (GAT, 2000), 18 das 19 crianças (94,7%) do grupo de

Extrema Prematuridade foram classificadas em tal critério, percentual acima do

encontrado no grupo de Prematuridade Moderada, em que 12 das 15 crianças (80%)

tiveram peso ao nascer menor de 1.500g.

Na observação da adequação do peso para a idade gestacional, a classificação de

Pequeno para a Idade Gestacional (PIG) só foi encontrada em crianças com histórico de

prematuridade, perfazendo 9 casos (22,5% em freqüência absoluta, 26,5% em freqüência

relativa). Em análise pelo grau de prematuridade, 21,1% (n=4) dos extremos prematuros e

33,3% (n=5) dos casos de Prematuridade Moderada tiveram classificação PIG. Os

demais, incluindo todos os casos de nascimento a termo, foram classificados como

Adequados para a Idade Gestacional (AIG).

A seguir, o grupo de estudo será caracterizado quanto aos aspectos

biopsicossociais relacionados aos períodos pré, peri e pós-natais, apresentados

respectivamente nas Tabelas 4, 5 e 6. A discussão de tais dados será condesada na

Tabela 7.

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132

TABELA 4. Distribuição do grupo de estudo segundo aspectos pré-natais

Prematuros Extremo-Prematuros

A Termo

Classe n (%) n (%) n (%) Período Pré-natal Intercorrências

Sim Não

10 (66,7) 5 (33,3)

13 (68,4) 6 (31,6)

2 (33,3) 4 (66,7)

Tipo de Intercorrência

Hipertensão Pré-Eclâmpsia Placenta Prévia Sofrimento Fetal Crônico, com RCIU* Neoplasia materna Hipotireoidismo materno Diabetes gestacional Ameaça de aborto espontâneo/hemorragias Incompetência Istmo-cervical Infecção

2 (20) 4 (40) 1 (10)

2 (20)

- 1 (10)

- - - -

1 (7,7) 3 (23,1) 2 (15,4)

-

1 (7,7)

1 (7,7)

2 (15,4)

3 (23,1) -

1 (50) - - - - - - - -

1 (50) Fumo Materno

Sim Não

2 (13,3) 13 (86,7)

5 (26,3) 14 (73,7)

- 6 (100)

Planejamento da Gravidez

Sim Não

8 (53,3) 7 (46,7)

4 (21,1) 15 (78,9)

1 (16,7) 5 (83,3)

Criança desejada

Sim Não

13 (86,7) 2 (13,3)

17 (89,5) 2 (10,5)

4 (66.7) 2 (33,3)

Gemelaridade Sim Não

- 15 (100)

4 (21,1) 15 (78,9)

- 6 (100)

Assistência Pré-Natal

Não realizou Até 5 consultas 6 ou mais consultas

- 10 (67,7) 5 (33,3)

2 (10,5) 13 (68,4) 4 (21,1)

- 1 (16,7) 5 (83,3)

Idade Materna < 20 anos 20-30 anos > 30 anos

3 (20) 9 (60) 3 (20)

6 (31,6) 8 (42,1) 3 (15,8)

1 (16,7) 4 (66,6) 1 (16,7)

*RCIU: Restrição do Crescimento Intra-Uterino.

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133

TABELA 5. Distribuição do grupo de estudo segundo aspectos perinatais

Prematuros Moderados n = 15

Extremo- Prematuros n = 19

A Termo n = 6

Classe n (%) n (%) n (%) Período Peri-Natal Ordem de nascimento

1º 2º 3º 4º

10 (66,6) 1 (6,7) 3 (20

1 (6,7)

11 (57,9) 5 (26,3) 2 (10,5) 1 (5,3)

1(16,6) 2(33,3) 2(33,3)

- Tipo de parto

Normal Horizontal Normal de Cócoras Cesáreo

5 (33,3)

-

10 (67,7)

8 (42,1)

2 (10,5) 9 (47,4)

2(33,3)

1(16,7) 3 (50)

Intercorrências Sim Não

6 (40) 9 (60)

8 (42,1) 11 (57,9)

4(66,7) 2(13,3)

Tipo de Intercorrências

Asfixia Circular de cordão Sofrimento Fetal Eclampsia Infecção Parto gemelar Rupreme

2 (33,3)

1 (16,7) 1 (16,7) 1 (16,7) 1 (16,7)

- -

1 (12,5) - -

1 (12,5) 1 (12,5) 4 (50)

1 (12,5)

1(25)

1(25) 2 (50)

- - - -

Índice de Apgar < 3 a 1 min 1 (6,7) 2 (10,5) 1(16,7) < 7 a 5 min 1 (6,7) 2 (10,5) 1(16,7) Necessidade de Ventilação Mecânica

Sim Não

4 (26,7) 11 (73,3)

7 (36,8) 12 (63,2)

- 6(100)

TABELA 6. Distribuição do grupo de estudo segundo aspectos pós-natais

Prematuros Extremo-Prematuros

A Termo

Classe n (%) n (%) Período Neonatal Intercorrências Sim

Não 13 (86,7) 2 (13,3)

14 (73,7) 5 (26,3)

6(100) -

Tipo de Intercorrências

Convulsão Sepse Meningite SDR** HPIV*** Meromelia Infecções Hiperbilirrubinemia (Apnéias Alterações metabólicas)

1 (6,7) 2 (13,3) 1 (6,7) 8 (53,3) 1 (6,7)

- -

(5, 38,5)

(6, 46,1)

- 2 (14,3)

- 12 (85,7)

- - -

- 2(33,3)

- - -

1(16,7) 1(16,7)

2(33,3) Amamentação Não

Até 3 meses De 3 a 6 meses Mais de 6 meses

2 (13,3) 3 (20)

8 (53,4) 2 (13,3)

10 (52,7) 4 (21,0) 4 (21,0) 1 (5,3)

- -

3 (50) 3 (50)

Cuidador principal

Mãe Avó Outro

10 (66,7) 3 (20)

2 (13,3)

13 (68,4) 5 (26,3) 1 (5,3)

6 (100) - -

** SDR: Síndrome do Desconforto Respiratório. *** Hemorragia Peri-Intra Ventricular.

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134

Didaticamente, o grupo de estudo é apresentado, em relação à condição de

nascimento pré-termo e a termo (Tabela 7); considerando critérios estipulados pelo

Grupo de Atención Temprana espanhol (G.A.T., 2000), sendo apenas descritos os

que tiveram representantes. Os percentis apresentados extrapolam a unidade

centesimal por haver, geralmente, associações de fatores de risco em cada caso.

TABELA 7. Distribuição do grupo de estudo segundo fatores de risco neurológico Nascimento Pré-termo (n=34, 85%) Nascimento a Termo (n=6, 15%)

Indicador f % Indicador f %

Prematuridade Extrema* 19 55,9 Prematuridade Moderada 15 44,1 Sepse, Meningite ou Encefalite

Neonatal* 03

50

Extremo Baixo Peso ao Nascer* 05 14,7 Muito Baixo Peso ao Nascer* 25 73,5 Baixo Peso ao Nascer 03 8,8 Disfunção neurológica persistente* 01 16,7 PIG* 09 26,5 APGAR < 3 (1’)* ou < 7 (5’)* 03 8,8 APGAR < 3 (1’)* ou < 7 (5’)* 01 16,7 Ventilação Mecânica por mais de 24 horas*

10 29,4

Cromossomopatia* 01 16,7Gemelar, com o irmão apresentando risco*

04

11,8

Convulsões neonatais*

01

2,9

Hiperbilirrubinemia com exsangüíneotransfusão*

01

16,7

* Alto Risco

Alto risco neurológico foi constatado em 95% (n=38) das crianças que fizeram

parte do estudo. Nos dois casos em que o risco foi considerado moderado, não

houvera extrema prematuridade, nem extremo ou muito baixo peso ao nascer, o que

melhorou o prognóstico de risco. Como se tratavam de apenas dois casos, optou-se

por não excluí-los da análise.

Dentre os integrantes do grupo de estudo, 05 (12,5%) crianças foram

encaminhadas a exames mais específicos buscando investigar possíveis alterações

sensoriais. Alterações auditivas estão em investigação em três desses casos,

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135

enquanto os dois restantes recebem atenção devido à ocorrência de estrabismo

ocular. A prevalência de 5% de estrabismo ocular do presente estudo foi semelhante

ao descrito na pesquisa de Tapia Collados et al (1997), que ficara em 4,3%.

As alterações auditivas foram evidenciadas a partir de falhas sucessivas na

avaliação de Emissões Oto-Acústicas (Teste da Orelhinha), com prejuízos na

avaliação comportamental (respostas a sons de diferentes intensidades). Dos três

casos, dois apresentavam história de nascimento pré-termo e um, toxoplasmose

congênita, com posterior triagem sindrômica positiva para Polissomia do

Cromossomo X. Tal alteração cromossômica pode levar ao hipogonadismo

hipergonadotrófico, azoospermia e hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais

secundários, sendo uma intensificação da Síndrome de Klinefelter, com maior

probabilidade de ocorrência de déficit cognitivo (MAIA et al. 2002).

O percentual de suspeita de alterações auditivas no presente estudo (7,5%)

ficou próximo ao encontrado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, 6,3%, em

recém nascidos de muito baixo peso ao nascer (UCHÔA et al. 2003). No entanto,

como já citado, o percentual aqui descrito abrangeu um caso de nascimento a termo

sem alterações no peso. Retirando este caso da análise, o percentual alcança 5%, o

mesmo relatado por Lichtig et al. (2001). Em ressalva, destaca-se o termo “suspeita”

de alterações auditivas pelo fato da mesma estar ainda em investigação.

Nos dois casos de estrabismo ocular havia história de nascimento pré-termo,

sendo que um dos mesmos encontra-se em investigação por suspeita não específica

de alteração sindrômica, apresentando hipertelorismo, aumento das dimensões

hepáticas à palpação, ultra-som de crânio neonatal sugestivo de lesão hipóxico-

isquêmica com assimetria ventricular, e hipertonia muscular passiva e ativa

predominante em membro superior direito. Neste caso, especificamente, há

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136

importante suspeita de Paralisia Cerebral, tendo sido encaminhado para intervenção

neuropsicomotora específica.

Suspeita de alterações sindrômicas, além dos casos já citados, foram

investigadas em outros dois casos, relacionados à hipotonia muscular e

hipoatividade. No exame de cariótipo não foi evidenciada alteração.

Considerando a história familiar de incidência e/ou risco neuropsicomotor, 06

(15%) crianças tiveram relatos positivos registrados em seu Formulário de Dados

Biopsicossociais. Descritivamente, tal indicador foi representado por alterações com

irmão (em um caso, microcefalia; em outro, irmã com história de atraso na aquisição

de marcos psicomotores, a começar pelo “sentar sem apoio” desenvolvido aos 12

meses de idade cronológica; e, por fim, houve um caso de gestação materna

durante o acompanhamento, resultando em nascimento extremamente prematuro e

óbito neonatal), primo (relato de alterações de conduta, com suspeita de Transtorno

do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH), e gestação anterior (gemelares

natimortos, num dos casos de gemelares incluídos no presente estudo; neste caso,

a própria gestação atual já potencializava riscos, pois havia sido trigemelar, com um

natimorto).

A partir dos dados expostos, é possível perceber que a Ficha de Registro de

Dados Biopsicossociais possibilitou análise da prevalência de inidcadores de risco

no grupo em estudo.

Em prosseguimento, atendendo ao objetivo “Determinar o risco de

complicações neurocomportamentais do grupo de estudo com história de

nascimento pré-termo pelo Índice Médico Neonatal (Neonatal Medical Index – NMI)”,

a Figura 17 e Tabela 8 apresentam a distribuição dos lactentes pré-termos quanto à

aplicação desse instrumento; na Tabela 8, a análise destaca o grau de

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137

prematuridade.

( 15)44,1%

14,7%( 5)

20,6%( 7)11,8%( 4)

8,8%( 3)

I - Baixo Risco II - Risco Baixo-Intermediário

III - Risco Intermediário IV - Alto Risco

V - Altíssimo Risco

FIGURA 17. Distribuição do Risco Neurocomportamental no grupo de estudo com história de nascimento pré-termo

TABELA 8. Distribuição dos lactentes pré-termo em referência ao risco neurocomportamental, segundo grau de prematuridade.

VARIÁVEL Prematuros (n=15)

Extremo-Prematuros (n=19)

NMI / Categoria n % n % I / Baixo risco 4 26,7 3 15,8

II / Risco baixo-intermediário

2 13,3 3 15,8

III / Risco Intermediário 7 46,7 9 47,4

IV / Alto risco 0 0 3 15,8

V / Altíssimo risco 2 13,3 1 5,2

TOTAL 15 100 19 100

Na análise estatística inferencial (Qui-quadrado para tabelas de contingência

complexas), relacionando grau de prematuridade e risco neurocomportamental, o

valor de p encontrado foi de 0,561 para associação e de 0,489 para tendência. Tais

resultados indicam não haver significância estatística entre essas variáveis, ao

menos neste grupo de estudo, muito embora seja observada maior distribuição de

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138

NMI em nível IV e V, representado Alto e Altíssimo risco para complicações

neurocomportamentais, no grupo de extrema prematuridade (4 casos, 21%) em

relação ao de prematuridade moderada (2 casos, 13,3%).

4.3 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

Foram realizadas, ao todo, 87 consultas de acompanhamento do

desenvolvimento neuropsicomotor, distribuídas entre os 40 sujeitos representantes

do grupo de estudos.

No decorrer das avaliações, foi importante observar a evolução do tônus

muscular dos lactentes. Eutonia foi constatada em valor mediano de 84,3% dos

casos, passando de 82,5% na primeira avaliação a 85,7% na última. Na Figura 18, é

possível visualizar a distribuição do grupo de estudo que apresentou alteração tônica

no período do acompanhamento.

2,5

(1)

7,5

(3)

5 (2

) 2,5

(1)

4,2

(1)

4,2

(1)

4,2

(1)

4,2

(1)

7,1

(1)

7,1

(1)

0 0 0

14,3

(1)

0 002468

10121416

Distribuição dos

lactentes % (f)

Av. 01(n=40)

Av. 02(n=24)

Av. 03(n=14)

Av. 04 (n=7)

Hipotonia Generalizada Hipotonia Localizada

Hipertonia Generalizada Hipertonia Localizada

FIGURA 18. Distribuição dos lactentes em relação à alteração do tônus muscular, nas sucessivas avaliações.

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139

De forma geral, a alteração tônica de maior persistência foi a Hipotonia

Localizada, havendo um caso com tal classificação até a quarta consulta de

acompanhamento, num período de idade corrigida compreendido entre 4,5 e 16,7

meses, com implicações no desempenho neuropsicomotor da área Postural,

verificada na avaliação específica. Dois outros casos que tiveram tal classificação na

Avaliação 01, com idades corrigidas de 4,9 e 5,8 meses, não tiveram outra consulta

a tempo de serem incluídos nesta análise, desconhecendo-se assim sua evolução

tônica.

Hipotonia Generalizada persistiu em um caso, manifestada na faixa etária

corrigida de 5,8 a 9,9 meses, não sendo evidenciados déficits significativos no

desenvolvimento; maior evolução deste caso não é conhecida, pois houve abandono

do programa por parte da família.

Os dois casos de Hipertonia Generalizada, evidenciados na Avaliação 01,

eram de nascimento a termo, e contavam com 4 e 4,3 meses de idade cronológica

na referida consulta. A normalização tônica aconteceu para ambos, mas em

diferentes faixas etárias: um já aos 7 meses (Avaliação 02) enquanto o outro na

idade de 12,4 meses (Avaliação 03). O primeiro caso realizava acompanhamento

devido à ocorrência de hiperbilirrubinemia neonatal com exsangüíneotransfusão;

toxoplasmose congênita era o diagnóstico inicial do outro caso, somado à triagem

positiva para alteração cromossômica (Polissomia do Cromossomo X) no decorrer

do acompanhamento.

Na observação evolutiva do controle postural, foi constatada alteração em

percentual variando de 25% a 42,9%, distribuídos do decorrer das avaliações (Figura

19).

Na Avaliação 01, a alteração do controle postural estava mais relacionada à

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140

persistência de incoordenação de movimentos e de manifestação do Reflexo Tônico

Cervical Assimétrico (RTCA), o que pode estar relacionado ao fato de que 40% das

crianças avaliadas tinham menos de 6 meses de idade (corrigida para os pré-

termos) na data de sua primeira consulta.

57,5

(23

)

42,5

(17

)

79,2

(19

)

20,8

(5)

64,3

(9)

35,7

(5)

57,1

(4)

42,9

(3)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Distribuição dos lactentes

% (f)

Av. 01 (n=40) Av. 02 (n=24) Av. 03(n=14)

Av. 04 (n=7)

Normal Alterado

FIGURA 19. Distribuição dos lactentes em relação à evolução do controle postural, nas sucessivas avaliações.

As alterações de controle postural persistentes nas Avaliações 02 e 03

(Figura 19), em que a média de idade cronológica foi de 11,8 e 13,7 meses,

respectivamente, estavam relacionadas ao atraso na aquisição do sentar, além da

persistência de incoordenação de movimentos, especialmente na manipulação de

objetos.

Nos três casos de persistência de alteração postural na Avaliação 04, a faixa

etária variou de 15,6 a 18,8 meses, havendo retardamento na habilidade de trocas

de posturas que não em decúbito, bem como na aquisição da postura bípede sem

apoio.

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141

4.3.1 Determinação da Idade Cronológica, Idades de Desenvolvimento e Quocientes

de Desenvolvimento Neuropsicomotor do grupo de estudo

A fim de “Determinar Idades e Quocientes de Desenvolvimento

Neuropsicomotor nas áreas Postural, Óculo-Motriz, da Linguagem, Social e Global

das crianças participantes do estudo”, são apresentadas neste tópico análises

descritivas dessas variáveis.

Considerando o grande marco de motivação para o acompanhamento

ambulatorial, qual seja a ocorrência de nascimento pré-termo, os dados

neuropsicomotores foram analisados em dois grupos, separadamente, respeitando

tal condição.

A Tabela 9 apresenta as medidas descritivas (média/X, mediana/med, desvio-

padrão/DP, valor mínimo/Mín e valor máximo/Máx) das variáveis Idade Cronológica

(IC), Idade Cronológica Corrigida (ICC), Idades de Desenvolvimento (ID) e

Quocientes de Desenvolvimento (QD) do grupo de crianças de nascimento pré-

termo, considerando as sucessivas avaliações.

TABELA 9. Medidas descritivas de Idade Cronológica (IC), Idade Cronológica Corrigida (ICC) e Idades de Desenvolvimento (em meses), e Quocientes de Desenvolvimento de crianças com histórico de prematuridade. Av. 01

(n=34) Av. 02 (n=19)

Av. 03 (n=10)

Av. 04 (n=06)

VARIÁVEIS

X Med DP Min Máx

X Med DP Min Máx

X Med DP Min Máx

X Med DP Min Máx

IC 10,2 9,1 4,3 5,6 23,0

14,0 12,7 5,0 7,4-23,5

15,7 14,0 5,5 10,0 26,2

18,1 17,7 4,4 12,0 23,5

ICC 8,1 6,7 4,3 4,0 21,1

11,8 10,6 5,1 5,8 22,5

13,8 12,3 5,4 8,1 23,8

16,2 15,9 4,2 10,1 22,4

IDP 8,7 7,3 5,0 3,6 22,6

11,5 9,0 5,5 5,3 22,5

13,2 10,2 5,6 8,3 22,5

14,5 12,7 5,2 10,0 24,0

IDC 7,6 6,5 4,1 3,0 21,0

10,5 8,5 5,1 5,2 22,5

11,5 9,5 4,8 6,3 20,0

13,1 12,4 4,0 9,4 20,0

IDL 7,9 6,0 4,4 4,0 20,0

10,9 9,0 5,4 5,0 24,0

11,5 11,0 4,2 6,0 19,0

13,6 13,5 3,9 9,0 19,0

IDS 7,9 6,3 4,3 3,5 18,0

11,3 11,0 5,0 6,0 24,0

12,6 12,0 3,8 8,0 18,0

14,4 13,5 3,6 10,0 21,0

IDG 7,9 6,7 4,3 3,5 19,9

10,9 9,4 5,0 5,5 23,1

12,0 10,1 4,3 7,8 18,6

13,7 12,6 3,9 10,0 20,7

QDP 105,8 105,3 15,0 78,8 136,4

96,4 95,9 13,0 75,5 120,4

96,0 96,5 16,3 66,6 117,9

90,9 102,1 23,0 59,8 108,9

QDC 92,9 93,7 12,5 69,0 115,5

88,4 91,3 14,5 56,0 105,2

84,8 90,5 16,9 58,1 106,7

82,6 86,3 17,5 50,0 98,7

QDL 95,9 94,5 14,9 68,9 90,6 86,2 17,1 53,6 85,9 87,0 19,9 48,4 86,0 88,0 20,7 47,8

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142

142,8 113,2 121,2 108,5 QDS 96,1 94,9 14,4 68,9

136,4 96,2 98,5 11,3 72,5

116,0 94,0 97,1 11,3 75,6

113,6 90,2 95,4 11,3 71,8

99,0 QDG 96,9 95,9 11,2 73,9

115,1 92,6 95,6 11,5 65,7

106,6 88,8 93,9 12,6 63,6

102,8 86,1 90,8 16,9 56,9

102,6

Percebe-se que todas as áreas apresentaram maior freqüência de valor das

Idades de Desenvolvimento inferior à IC e ICC. A área de Coordenação Óculo-Motriz

foi a que apresentou menor valor numérico no decorrer das 4 avaliações, revelando

a maior média de Idade Negativa (diferença entre Idade de Desenvolvimento e Idade

Cronológica/Idade Cronológica Corrigida, quando a primeira é de menor valor que a

segunda).

Em se tratando de nascidos pré-termo, foi utilizada a ICC para os cálculos. A

Idade Negativa (IN) da área de Coordenação Óculo-Motriz alcançou valor médio 15

dias, 1 mês e 9 dias, 2 meses e 9 dias, e 3 meses e 3 dias, respectivamente, nas 4

consultas. Na Avaliação 03, a área da Linguagem apresentou escore idêntico.

Idade Positiva (IPo, diferença entre Idade de Desenvolvimento e Idade

Cronológica/Idade Cronológica Corrigida, quando a primeira é de maior valor que a

segunda) só foi verificada, em valor médio, no Desenvolvimento Postural da

Avaliação 01, alcançando valor de 18 dias.

Analisando os valores de QD, percebe-se tendência decrescente dos dados,

com maior implicação da Coordenação Óculo-Motriz. Baseando-se no escore médio

do QDC, a classificação do desenvolvimento na área passa de Normal Médio

(Avaliação 01) para quadro de “Sinal de Alerta” (Normal Baixo, nas demais

avaliações). QDL e QDG repetem esta tendência nas duas últimas avaliações.

No decorrer das avaliações, ficou claramente perceptível a maior dificuldade

das crianças na realização de atividades manuais finas, como o empilhamento de

cubos e sua interação com outros objetos da escala de desenvolvimento. Os

lactentes demonstravam certa incoordenação de movimentos, bem como forte

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143

tendência em dispersar sua atenção, não concluindo as tarefas ou jogando os cubos

ao chão, repetidamente.

No estudo de Fernández Martinez et al. (1995), utilizando a Escala de Brunet-

Lézine, a média do QDC foi a menor entre todas as áreas, corroborando os achados

do presente estudo. Para Fernández Martinez et al. (1995), o valor médio do QDC foi

de 88,o (Med=91,0, DP=18,0), perfazendo classificação em nível Normal Baixo,

caracterizado como Sinal de Alerta.

Mancini et al (2000), utilizando o teste de Denver II, verificaram exatamente o

contrário do observado no presente estudo. O desenvolvimento motor fino-

adaptativo de crianças pré-termo nas idades corrigidas de 12, 18 e 24 meses

apresentou constante e progressivamente melhor desempenho quando comparado

a crianças a termo sendo sugerida uma superestimação do desenvolvimento

(MANCINI et al, 2000). Destaca-se uma diferença primordial nesses dois estudos:

Mancini et al (2000) fizeram uso de um instrumento de triagem, enquanto o presente

estudo participou de uma ferramenta de maior cunho diagnóstico, o que poderia

explicar em parte as gritantes diferenças encontradas.

Na seqüência de figuras abaixo (20 a 24) são apresentadas distribuições

percentuais dos lactentes pré-termo em referência à classificação do

desenvolvimento nas áreas específicas, destacando a condição de normalidade

(“Normalidade ou Acima”, o que inclui classificação de Normalidade Média e Alta,

Superior e Muito Superior), Sinal de Alerta ou padrão de inferioridade (classificação

em Inferior e Muito Inferior) nas sucessivas avaliações, tendo como base o

Quociente de Desenvolvimento. A apresentação em distribuição de percentil foi

escolhida para minimizar a diferença no tamanho do número de indivíduos avaliados

entre os sub-grupos. Mesmo assim, há de ser considerado que os indicadores

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144

obtidos podem refletir o reduzido número de crianças que tiveram quatro avaliações.

Na Figura 20 está exposta a distribuição dos lactentes em relação ao

Desenvolvimento Global. Numa análise meramente descritiva, é perceptível que o

percentual de lactentes dentro da Normalidade se mantém constante (± 70%), à

exceção da Avaliação 04, em que este se reduz a cerca de 50%, com a metade

restante distribuída igualitariamente em classificação de Sinal de Alerta, Inferior e

Muito Inferior.

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03 Av.04

QDG

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 20. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento Global, nas sucessivas avaliações

È importante observar a precocidade na detecção de atrasos no

desenvolvimento, a qual permite intervenção oportuna e, possivelmente, mais

eficiente. Percebe-se que a escala utilizada permite a identificação progressiva de

suspeita de atraso e indicadores de atraso propriamente dito.

A Figura 21 trata da classificação do Desenvolvimento Postural. Normalidade

foi evidenciada em cerca de 80%, nas sucessivas avaliações, com ligeira queda na

Avaliação 04, em que a classificação Muito Inferior perfez cerca de 40% do grupo.

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145

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03 Av.04

QDP

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 21. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento Postural, nas sucessivas avaliações

Revelando-se como a área de menor desempenho na avaliação

neurospicomotora, a distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação

do Desenvolvimento da Coordenação Óculo-Motriz, apresentado na Figura 22,

revela um decréscimo sucessivo no percentual de Normalidade, no decorrer das

avaliações, com aumento de casos de Sinal de Alerta e de inferioridade.

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03 Av.04

QDC

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 22. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento de Coordenação Óculo-Motriz, nas sucessivas avaliações

No Desenvolvimento da Linguagem há considerével variabilidade da escala

classificatória no decorrer das avaliações (Figura 23). Classificação em Sinal de

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146

Alerta alcança o percentual de 60% das crianças que tiveram 4 avaliações, montante

que ficara em cerca de 20% na avaliação inicial. É importante observar, neste

contexto, que das 6 crianças pré-termo que tiveram 4 consultas de

acompanhamento neuropsicomotor, 2 estavam em investigação para déficit auditivo,

o que por si só pode ser fator etiogênico de atraso no desenvolvimento da

linguagem.

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03 Av.04

QDL

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 23. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento da Linguagem, nas sucessivas avaliações

O Desenvolvimento da área Social (Figura 24), por sua vez, teve distribuição

de classificação em Normalidade similar ao do constatado na área Global,

estendendo-se de 60 a 80%, com freqüência de classificação Muito Inferior presente

apenas na avaliação inicial, e mesmo assim e, baixo percentil (menos de 5%).

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147

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03 Av.04

QDS

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 24. Distribuição dos lactentes pré-termo em relação à classificação do Desenvolvimento Social, nas sucessivas avaliações

Do grupo de crianças com história de nascimento pré-termo, houve um caso

em que o acompanhamento neuropsicomotor pôde ser realizado em 5 consultas. Em

virtude desta diferenciação em relação aos demais, e já utilizando o exemplo para

demonstrar como poderia ser representada a configuração gráfica de um relatório

individual, é apresentada abaixo uma breve análise do caso.

Trata-se de um menino nascido de parto normal horizontal, o mais extremo

pré-termo atendido no Ambulatório, com Idade Gestacional de 24 semanas e 5 dias,

peso ao nascer de 640 gramas (microprematuro, segundo GOYEN; LUI, 2002),

APGAR de 1º minuto igual a 3 e de 5º minuto igual a 6, que permanecera 1 mês em

ventilação mecânica na UTIN/HU-UFSC. Além de apresentar alterações metabólicas

no período neonatal, teve infecção perinatal e hemorragia peri-intraventricular grau I,

permanecendo em internação intensiva neonatal por cerca de 5 meses.

Durante o acompanhamento, não foi percebida alteração tônica muscular

patológica, mas um considerável atraso na aquisição do controle postural (controle

cefálico aos 9 meses, sentar sem apoio aos 12 e engatinhar aos 13 meses, todos de

idade cronológica corrigida).

A Figura 25 apresenta os resultados de Quociente de Desenvolvimento nas

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148

áreas avaliadas obtidos na avaliação neuropsicomotora, proporcionado o

conhecimento do perfil desenvolvimental da criança, no período etário corrigido

compreendido entre 8 e 20,6 meses (11,6 a 24,2 meses, em idade cronológica).

0102030405060708090

100

Postura Coord.Óculo-motriz

Linguagem Social Global

Qu

oci

ente

de

Des

envo

lvim

ento

- Q

D

Av. 01 Av. 02 Av. 03 Av. 04 Av. 05

FIGURA 25. Perfil do Quociente de Desenvolvimento nas áreas, nas sucessivas avaliações – análise individual (lactente pré-termo)

Percebe-se que, à exceção do perfil apresentado na Avaliação 01, em que a

área de maior déficit era a Coordenação Óculo-Motriz, a Linguagem passa a ser a

mais prejudicada. Para contextualizar este “achado”, é importante destacar que a

criança estava em investigação para déficit auditivo, com alteração na resposta ao

exame comportamental. Destaque-se, também, a queda gradativa nos valores do

Quociente de Desenvolvimento da Coordenação Óculo-Motriz, o que promoveu

como constante a classificação em nível Muito Inferior, o mesmo valendo para a

Linguagem. Tal classificação também passou a ser apregoada para as áreas Social

(Avaliações 04 e 05) e Global (da Avaliação 03 à 05), denotando atraso progressivo

do desenvolvimento neuropsicomotor.

Na área Postural também pode ser observada tendência à queda de valores

do Quociente de Desenvolvimento. No entanto, há uma pequena recuperação na

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149

Avaliação 05, passando de nível Muito Inferior para Inferior. Nesta consulta, havia

cerca de 15 dias que a criança iniciara marcha independente, marco

neuropsicomotor alcançado aos 20 meses de idade corrigida (cerca de 23,7 meses

sem a correção).

Considerando o perfil evolutivo de idade negativa, percebe-se aumento

gradativo da mesma, com valor inicial médio de 1 mês e 21 dias e na Avaliação 05

atingindo alarmantes 8 meses e 27 dias. A Linguagem foi a área do desenvolvimento

com maior valor médio de idade negativa (7 meses e 6 dias), atingindo como valor

máximo 11 meses e 18 dias na última avaliação realizada, caracterizando importante

atraso.

Prossegue a descrição de resultados neuropsicomotores do grupo de

crianças de nascimento a termo. Considerando as sucessivas avaliações realizadas,

na Tabela 10 são apresentadas as medidas descritivas (média, mediana, desvio-

padrão, valor mínimo e valor máximo) das variáveis Idade Cronológica, Idade

Cronológica Corrigida, Idades de Desenvolvimento e Quocientes de

Desenvolvimento do referido grupo. Destaca-se que, à exceção de um caso em que

puderam ser realizadas cinco consultas de acompanhamento neuropsicomotor, três

foi o maior número de consultas realizadas.

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150

TABELA 10. Medidas descritivas de Idade Cronológica (IC) e Idades de Desenvolvimento (em meses), e Quocientes de Desenvolvimento de crianças nascidas a termo. Av. 01

(n=06) Av. 02 (n=05)

Av. 03 (n=04)

VARIÁVEIS

X Med DP Min Máx

X Med DP Min Máx

X Med DP Min Máx

IC 10,7 9,2 6,8 4,0 20,6

11,7 8,8 7,2 5,9 23,6

13,3 13,0 1,8 11,4 15,7

IDP 9,8 9,3 7,2 2,0 19,5

13,0 10,0 10,1 4,3 30,0

12,7 12,5 3,5 9,5 16,5

IDC 9,7 8,6 6,9 2,3 19,0

10,9 10,4 7,5 4,0 23,2

11,7 11,5 1,7 10,0 13,8

IDL 10,8 10,0 7,5 2,0 20,0

11,6 12,0 7,9 3,0 24,0

13,0 13,5 2,4 10,0 15,0

IDS 10,1 9,7 6,3 3,0 18,0

11,3 12,0 6,6 4,0 21,5

12,7 12,7 0,9 12,0 13,5

IDG 10,0 9,1 6,9 2,6 18,9

11,5 10,5 7,9 4,0 24,6

12,2 12,2 1,8 10,3 14,0

QDP 82,7 92,3 28,4 46,5 117,8

103,2 102,3 20,0 72,9 127,1

94,7 96,3 15,3 76,6 109,4

QDC 84,8 89,3 18,0 57,5 105,4

90,3 95,7 18,9 67,8 118,1

88,6 87,6 10,8 78,3 100,7

QDL 95,8 104,0 25,7 46,5 118,3

95,8 100,0 30,6 50,8 136,3

97,8 100,3 12,8 80,6 109,4

QDS 92,9 92,5 15,5 69,8 116,4

97,0 91,1 24,9 67,8 136,3

96,6 97,6 8,0 85,9 105,2

QDG 88,2 91,3 18,9 60,5 112,3

95,6 97,1 19,0 67,8 119,3

91,9 91,1 8,9 83,1 102,1

Na Avaliação 01 os valores médios dos QDs tiveram a menor expressão, com

as áreas Postural e Coordenação Óculo-Motriz em classificação média de Sinal de

Alerta (Normal Baixo). Para esta, tal classificação alcança transição com

Normalidade Média na Avaliação 02, e retorna à Sinal de Alerta na Avaliação 03,

revelando-se como a mais crítica, a exemplo do grupo de nascimento pré-termo,

embora aqueles tivessem escores médios ainda menores.

Maior valor médio de Idade Negativa foi manifestada na área de Coordenação

Óculo-Motriz (Avaliação 03), com 1 mês e 18 dias. A área da Postura, na Avaliação

02, foi a que apresentou maior Idade Positiva (1 mês e 9 dias), seguida pela única

outra área em que houve tal ocorrência, a Linguagem, com o pequeno montante de

3 dias.

Conforme apresentação descrita no caso de crianças pré-termo, passa-se a

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151

analisar a distribuição dos lactentes a termo em referência à classificação do

desenvolvimento nas áreas específicas, com base no Quociente de

Desenvolvimento (Figuras 26 a 30).

Na Figura 26 está descrita a distribuição percentual dos lactentes quanto ao

Desenvolvimento Global, havendo um indicativo de decréscimo da Normalidade

acompanhada de diminuição progressiva de casos classificados em inferioridade

(Inferior e Muito Inferior). Das 4 crianças que tiveram três consultas, 2 tiveram

Desenvolvimento Global em Normalidade, e o mesmo tanto em Sinal de Alerta,

destacando a importância de intensificar a prevenção de anormalidades.

010

2030

40

5060

70

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03

QDG

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 26. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento Global, nas sucessivas avaliações

No âmbito do Desenvolvimento Postural (Figura 27), a manifestação de

classificação Muito Inferior em dois casos na primeira consulta foi adquirindo escore

suficiente para categorização em Sinal de Alerta e Inferior na terceira consulta; este,

inclusive, já vinha com inferioridade desde a segunda avaliação, tendo melhorado

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152

seu escore da primeira para a segunda consulta, porém não tendo ganhos da

segunda para a terceira, o que revela a importância de intensificar a intervenção.

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03

QDP

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 27. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento Postural, nas sucessivas avaliações

Observando a progressão semi-longitudinal da Coordenação Óculo-Motriz

(Figura 28), a distribuição dos lactentes seguiu configuração similar ao do

Desenvolvimento Postural na terceira avaliação, com dois casos em Normalidade e

dois, respectivamente, em Sinal de Alerta e Inferior. Neste caso de classificação em

Sinal de Alerta, percebe-se uma evolução em relação aos escores obtidos na

primeira e segunda avaliação, quando a criança apresentou classificação Muito

Inferior. No exemplo de classificação Inferior na terceira consulta, parece haver uma

instabilidade desenvolvimental, visto que, em evolução, o Desenvolvimento da

Coordenação Óculo-Motriz partiu do nível Muito Inferior para Normal Baixo (1ª e 2ª

avaliação), retornando à categorização Inferior.

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153

0

10

20

30

40

50

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03

QDC

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 28. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento de Coordenação Óculo-Motriz, nas sucessivas avaliações

Desenvolvimento da Linguagem e da Sociabilidade (Figuras 29 e 30) tiveram

configuração similar na segunda e terceira consultas, com um caso (que estava em

investigação de déficit auditivo) persistindo em classificação Muito Inferior e Sinal de

Alerta, respectivamente. É interessante perceber menor distribuição de casos em

Normalidade (em maior de Sinal de Alerta) na área Social na primeira avaliação, o

que pode estar refletindo algum estranhamento da criança para com o examinador,

considerando ser este o primeiro contato entre os mesmos.

0

20

40

60

80

100

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03

QDL

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 29. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento da Linguagem, nas sucessivas avaliações

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154

0

20

40

60

80

Distribuição dos lactentes

(%)

Av.01 Av.02 Av.03

QDS

Normalidade ou Acima Sinal de Alerta (Normalidade Baixa)

Inferior Muito Inferior

FIGURA 30. Distribuição dos lactentes a termo em relação à classificação do Desenvolvimento Social, nas sucessivas avaliações

Como já citado acima, houve um caso em que foram realizadas cinco

consultas de acompanhamento neuropsicomotor, o qual será descrito

individualmente.

Este caso também se trata de um menino, com história de Toxoplasmose

congênita, apresentando peso de nascimento de 2.335 gramas, sem outros critérios

de risco neurológico evidentes. No decorrer do acompanhamento ambulatorial,

incluindo a consulta pediátrica, foram percebidas algumas alterações físicas (fascies,

microgenitália, concentração axial de gordura, entre outras) que instigaram ao

encaminhamento para consulta com geneticista, tendo sido diagnosticada alteração

cromossômica condizente com Polissomia do Cromossomo X.

O acompanhamento neuropsicomotor foi iniciado na idade de 4,3 meses,

prosseguindo aos 18,6 meses. Na Figura 31 é possível visualizar o perfil do

Quociente de Desenvolvimento nas áreas, no decorrer das avaliações.

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155

0

20

40

60

80

100

120

Postura Coord.Óculo-motriz

Linguagem Social Global

Qu

oci

ente

de

Des

envo

lvim

ento

- Q

D

Av. 01 Av. 02 Av. 03 Av. 04 Av. 05

FIGURA 31. Perfil do Quociente de Desenvolvimento nas áreas, nas sucessivas avaliações – análise individual (lactente a termo)

De forma geral, é perceptível o melhor desempenho obtido na Avaliação 03,

quando o lactente alcançara 12,4 meses de idade. Embora a Postura permaneça em

classificação Inferior, as áreas de Coordenação Óculo-Motriz, Linguagem e Global

são classificadas na transição Inferior – Normalidade Baixa, e a Social apresenta-se

em Normalidade Média.

O perfil do desenvolvimento Postural descreve ascendência inicial (Avaliação

02 e 03), alcançando classificação em nível Inferior; nas duas avaliações finais, no

entanto, os valores do QDP descrescem consideravelmente, voltando ao escore

Muito Inferior que havia caracterizado a Avaliação 01. Aos 18,6 meses (Avaliação

05), a criança senta sem apoio (adquiriu a função aos 7 meses de idade) e arrasta-

se na posição sentada, sem constituir o engatinhar.

A área da Linguagem pode ser descrita como a de menor desempenho. Neste

caso, também há respaldo a este atraso pela suspeita de déficit auditivo, em

investigação clínica. Coordenação Óculo-Motriz, Social e Global apresentam,

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156

majoritariamente, valores de QD condizentes com classificação em transição Inferior

– Muito Inferior.

Calculando a idade negativa, a Linguagem foi a de maior valor médio, com 5

meses e 6 dias, atingindo 10 meses e 18 dias na última avaliação. Isto equivale a

dizer que a Idade de Desenvolvimento da Linguagem, aos 18,6 meses de idade

cronológica, era de apenas 8 meses. A área Postural obteve o segundo maior valor

médio de idade negativa, com 4 meses e 12 dias, chegando a 8 meses e 18 dias na

Avaliação 05.

De forma geral, houve aumento gradativo da idade negativa, com valor inicial

médio de 1 mês e 24 dias e de 6 meses e 9 dias na Avaliação 05, denotando atraso

neuropsicomotor progressivo.

4.3.2 Relação entre Quocientes de Desenvolvimento e Risco Neurocomportamental

de lactentes pré-termo

Atendendo ao objetivo específico “Verificar se existe relação entre Quocientes

de Desenvolvimento nas áreas específicas e risco determinado pelo NMI, no grupo

de estudo com história de nascimento pré-termo”, foram eleitos, arbitrariamente, os

resultados da primeira avaliação, em virtude do maior número de casos,

configurando estudo transversal dos dados.

Não foi observada significância estatística na relação linear dos Quocientes

de Desenvolvimento das áreas Postural, de Coordenação Óculo-Motriz, Linguagem

e Global com o NMI (Qui-quadrado para tendência, com valores de p= 0,274; 0,073;

0,701; 0,84, respectivamente). No entanto, para a área Social, o valor de p= 0,026

(Qui-quadrado para tendência) demonstrou relação linear estatisticamente

significante entre a distribuição do Quociente de Desenvolvimento Social (QDS) e o

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157

risco neurocomportamental.

A falta de relação significativa entre risco neurocomportamental e os QDs na

maioria das áreas pode ter relação com o fato de o NMI ter sido validado numa

população de 3 anos de idade, embora os autores não estabeleçam este limite para

a investigação de repercussões (KORNER et al, 1993). Nessa linha, Samsom et al

(2002) encontraram correlação entre categoria do NMI e déficit no controle motor em

crianças de 7 anos.

No estudo de Samsom e Groot (2000), foi encontrado deficiência no controle

motor aos 12 meses, com proporções decrescentes em relação ao NMI, da seguinte

forma: 15% em crianças com NMI V, 8% naquelas com NMI IV, e 4,5% no caso de

NMI III.

É importante destacar que, embora não tenha sido evidenciada significância

estatística, é uma constante a relação visual entre ocorrência de inferioridade na

classificação do desenvolvimento e maior risco neurocomportamental, conforme

ilustrado na Tabela 11, relacionada ao Desenvolvimento Global, a título de

exemplificação.

TABELA 11. Relação entre Classificação do Desenvolvimento Global e risco neurocomportamental

Escala de Desenvolvimento Global

NMI Muito Inferior

Inferior Normal Baixo

Normal Médio

Normal Alto

Superior Muito Superior

I (n=7,

20,6%)

- - 1 4 2 - -

II (n=5,

14,7%)

- - - 5 - - -

III (n=15, 44,1%)

- - 4 9 3 - -

IV (n=3, 8,8%)

- 1 1 1 - - -

V (n=4, 11,8%)

- 1 1 2 - - -

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158

Numa análise da relação linear entre os Quocientes de Desenvolvimento nas

áreas específicas e risco neurocomportamental, considerando o grau de

prematuridade (moderada ou extrema), foi observada significância estatística (Qui-

quadrado para tendência) para o grupo de prematuros extremados nas áreas de

Postura (p=0,038), Coordenação Óculo-Motriz (p=0,010), Social (p=0,018) e Global

(p=0,013), excetuando-se a área da Linguagem (p=0,332). No grupo de prematuros

moderados não foi evidenciada significância estatística na testagem da relação

linear entre QD e NMI.

4.3.3 Análise comparativa entre variáveis neuropsicomotoras de crianças com

história de prematuridade moderada e extrema

A fim de “Verificar se existe diferença significativa entre idades e quocientes

de desenvolvimento nas áreas avaliadas, em relação ao nascimento pré-termo

moderado e extremado”, também foram eleitos, de forma arbitrária, os resultados da

primeira avaliação, em virtude do maior número de casos, caracterizando o estudo

dos dados como transversal.

A Tabela 12 apresenta os valores de média, mediana, desvio-padrão, valor

mínimo e máximo, e resultados de testes de normalidade e comparativo das

variáveis neuropsicomotoras do estudo, em relação ao grau de prematuridade, do

grupo de estudo com história de nascimento pré-termo (n=34).

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159

TABELA 12. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, em relação à prematuridade.

Prematuros Moderados n=15

Extremo-Prematuros n=19

Teste Normalidade

Teste Comparativo

Medidas

X Med. DP Min. Max. X Med. DP Min. Max.

ICC 9,2 7,3 5,3 4,0 21,1 7,3 6,7 3,2 4,1 17,0 p= 0,000 + p= 0,455

IDP 10,1 7,3 6,3 4,0 22,5 7,7 7,3 3,5 3,6 15,0 p= 0,000 + p= 0,434

IDC 9,0 7,5 5,1 3,7 21,0 6,5 6,3 2,8 3,0 12,2 p= 0,001 + p= 0,160

IDL 9,4 8,0 5,7 4,0 20,0 6,7 6,0 2,7 4,0 12,0 p= 0,000 + p= 0,259

IDS 9,0 7,0 5,2 3,5 18,0 7,0 5,5 3,2 3,5 13,5 p= 0,000 + p= 0,338

IDG 9,2 7,1 5,4 4,0 19,9 6,9 6,4 2,9 3,5 12,6 p= 0,000 + p= 0,267

QDP 107,5 108,6 15,1 78,8 131,1 104,5 103,8 15,1 80,0 136,4 p= 0,550 p= 0,575

QDC 98,1 98,1 9,8 82,3 115,5 88,9 89,5 13,2 69,0 111,7 p= 0,342 p= 0,025*

QDL 100,1 99,2 12,5 68,9 116,5 92,7 90,0 16,2 69,0 142,8 p= 0,128 p= 0,136

QDS 97,6 102,7 12,7 68,9 118,9 95,0 88,8 15,4 78,8 136,4 p=0,204 p= 0,602

QDG 100,2 99,1 9,8 82,3 113,8 94,3 94,8 11,8 73,9 115,1 p=0,246 p=0,125

+ Significância estatística no Teste de Normalidade de Shapiro-Wilk * Significância estatística no Teste t

Analisando os valores absolutos médios, o grupo de extremo prematuros

apresenta menor expressividade em todas as áreas do desenvolvimento.

De forma geral, a Coordenação Óculo-Motriz foi a área que apresentou os

menores escores nas sucessivas avaliações. Nesta análise, a significância

estatística encontrada na comparação entre grau de prematuridade e QDC parece

revelar que, no grupo de estudo, os lactentes com nascimento extremo pré-termo

apresentaram significativos menores escores nesta variável.

Rugolo (2005) destaca que alterações nas habilidades motoras finas de

crianças pré-termo podem ser evidenciadas em 40-80% dos casos, sendo

normalmente transitórias (desaparecem no segundo ano de vida). Essa informação

tem relação com os achados do presente estudo, visto que a média da idade

cronológica das crianças avaliadas situavam-nas no primeiro ano de vida. Seria

necessária outra análise, com o mesmo grupo de estudo, para verificar se a

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160

significância permaneceria quando a média de idade fosse indicativa do segundo

ano de vida. Isso, no entanto foi impossibilitado pela descontinuação do

acompanhamento de 16 crianças.

No estudo de Goyen e Lui (2002), abordando crianças com idade gestacional

menor que 29 semanas e/ou peso ao nascer de 1.000g que não tiveram detecção de

disabilidades até os 12 meses, foi observado déficit nas habilidade motoras finas

persistentes dos 18 meses (quando foi feita sua avaliação inicial) aos 5 anos de

idade.

A área de motricidade fina não pode ser considerada de muita relevância para

a detecção precoce de atrasos no desenvolvimento, ao menos quando se considera

a literatura concernente. Por ser uma área de ganho mais tardio na ontogênese

neuropsicomotora normal, mantê-la como indicador precoce de atraso é paradoxal;

neste sentido, a área de motricidade ampla desempenha papel mais decisivo. No

entanto, o que se percebeu nas crianças do grupo de estudo com história de

nascimento pré-termo é um importante e persistente déficit na motricidade fina,

desde marcos mais primitivos, tal como controle ocular.

As Figuras 32, 33 e 34 apresentam gráficos em BoxPlot do Quociente de

Desenvolvimento nas áreas específicas, em relação ao grau de prematuridade.

Através destas figuras são ilustradas as diferenças encontradas nas áreas do

desenvolvimento em relação ao grau de prematuridade, prevalecendo menores

escores no grupo de extrema prematuridade.

Nos eixos horizontais encontram-se os subgrupos de prematuridade

Moderada (Boxes em laranja) e Extrema (Boxes em vermelho), enquanto nos eixos

verticais estão dispostos os valores do Quociente (em valor absoluto) e a definição

da área de Desenvolvimento.

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161

Quanto à composição dos gráficos, a linha horizontal que cruza cada Box

representa a mediana (dentro da caixa estão 50% dos valores da massa de dados,

que são divididos pela mediana); a linha vertical que se estende de uma marca

horizontal (–) à outra de cada Box representa a extensão dos valores de dados (25%

superiores e 25% inferiores) e os pequenos círculos, os valores e posição no banco

de dados dos valores extremos.

FIGURA 32. Quociente de Desenvolvimento Postural e de Coordenação Óculo-Motriz em relação ao grau de prematuridade

FIGURA 33. Quociente de Desenvolvimento de Linguagem e Social em relação ao grau de prematuridade

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162

ExtremaModerada

GrauPrematuridade

120,0

110,0

100,0

90,0

80,0

70,0

QD

G

FIGURA 34. Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao grau de prematuridade

Mesmo não sendo objetivo específico da presente pesquisa, foi realizada

análise do perfil do valor médio do Quociente de Desenvolvimento Global em relação

à condição e grau de nascimento pré-termo, por faixa etária de acompanhamento.

Em tal análise, o QDG de casos de prematuridade extremada revelou tendência

decrescente, enquanto a condição de tal valor nos casos a termo e de

prematuridade moderada mantiveram a linearidade constante (Figura 35). Em

análise de correlação (Correlação Parcial), tal evidência visual revelou-se

estatisticamente significativa, com p=0,027, reforçando a caracterização da extrema

prematuridade como fator de risco neuropsicomotor evolutivo.

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163

0

20

40

60

80

100

120

1º ano 2º ano

Faixa Etária

Méd

ia d

o Q

DG

Pré-Termo Moderado Extremo Pré-termo A Termo

FIGURA 35. Média do Quociente de Desenvolvimento Global, em relação à faixa etária, segundo condição e grau de prematuridade

4.3.4 Análise das Idades e Quocientes de Desenvolvimento em relação a Faixa

Etária e Sexo

Atendendo ao objetivo específico “Verificar se existe diferença significativa

entre Idades e Quocientes de Desenvolvimento nas áreas específicas, faixa etária

(1º ano de vida - 04 a 12 meses, 2º ano de vida - 13 a 24 meses) e sexo”, passa a

ser transcrita tal análise.

A análise comparativa entre as faixas etárias, independente da variável sexo,

foi realizada primeiramente, a fim de verificar a existência de diferença no

desenvolvimento entre as idades.

São apresentados na Tabela 13 dados descritivos (média, mediana, desvio-

padrão, valor mínimo e máximo) das variáveis Idade Cronológica Corrigida (em

meses), Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quociente de Desenvolvimento

(em valor absoluto) em relação às faixas etárias pré-definidas, bem como resultados

de teste de normalidade e comparativo.

Não foram realizados testes estatísticos para comparação dos subgrupos

quanto às variáveis de idade, visto que a diferença estatística que obviamente seria

encontrada não teria significado real, apenas expressaria a distinção induzida das

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164

faixas etárias.

TABELA 13. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, segundo faixa etária. 1º ano

(55 avaliações) 2º ano

(32 avaliações) Teste de Normalidade

Teste Comparativo

Medidas

X Med. DP Min. Max. X Med. DP Min. Max. - -

IC 7,5 7,3 2,4 4,0 11,4 17,3 16,9 3,3 12,2 - -

IDP 7,5 7,3 2,7 2,0 13,5 16,6 16,5 4,9 9,0 30,0 - -

IDC 6,8 6,7 2,4 2,3 10,8 14,7 14,1 4,0 9,2 23,2 - -

IDL 7,1 6,0 2,8 2,0 12,0 15,0 15,0 4,4 8,0 24,0 - -

IDS 7,4 7,0 2,8 3,0 13,5 15,5 15,0 3,0 12,0 24,0 - -

IDG 7,1 7,0 2,5 2,6 11,4 15,2 14,5 3,8 9,8 24,6 - -

QDP 99,0 100,0 17,2 46,5 136,4 96,3 99,7 21,2 53,8 131,1 p= 0,200 p= 0,544

QDC 90,3 92,4 13,6 57,5 118,1 85,1 88,9 17,6 47,6 106,7 p= 0,035 + p= 0,439

QDL 93,9 94,3 18,2 46,5 142,8 87,0 89,9 21,8 43,0 118,3 p= 0,012 + p= 0,247

QDS 97,1 96,7 14,6 67,8 136,4 90,3 92,4 11,6 65,5 108,6 p= 0,200 p= 0,019*

QDG 94,6 95,5 12,2 60,5 119,3 88,3 92,7 16,2 55,8 110,1 p= 0,001 + p= 0,190

+ Significância estatística no Teste de Normalidade de Kolmogorov-Smirnov * Significância estatística no Teste t

A variável Quociente de Desenvolvimento Social – QDS revelou significância

estatística na comparação entre avaliações neuropsicomotoras realizadas no

primeiro e no segundo ano de vida, com decréscimo de escores no período de 13 a

24 meses.

A seguir, é realizada análise considerando a variável sexo, em relação às

faixas etárias. Na Tabela 14 e Figura 36 há análise em relação às avaliações

realizadas no primeiro ano de vida, enquanto tal análise relacionada ao segundo ano

de vida encontra-se na Tabela 15 e Figura 37. A composição das Figuras 36 e 37,

enquanto gráficos em BoxPlot, já foi elucidada anteriomente, na apresentação das

Figuras 32 a 34.

Corroborando com a literatura (RAMOS SÁNCHEZ; MARQUEZ LUQUE,

1999; HINDMARSH et al. 2000; HALPERN et al. 2002; MAGALHÃES et al. 2004), o

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165

desempenho médio das meninas revelou-se maior, tanto no primeiro como no

segundo ano de vida, em todas as áreas.

TABELA 14. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, faixa etária 1º ano de vida, em relação ao sexo. Feminino

(n=25) Masculino

(n=30) Teste de Normalidade

Teste Comparativo

Medidas

X Med. DP Min. Max. X Med. DP Min. Max. - -

IC 7,7 7,7 2,3 4,1 11,1 7,2 6,8 2,4 4,0 11,4 p= 0,048 + p= 0,479

IDP 8,1 8,0 2,8 4,0 13,5 6,9 7,0 2,6 2,0 12,0 p= 0,200 p= 0,092

IDC 7,5 7,5 2,5 3,0 10,8 6,2 6,1 2,2 2,3 10,8 p= 0,200 p= 0,067

IDL 7,8 7,0 3,1 4,0 12,0 6,6 6,0 2,5 2,0 12,0 p= 0,001 + p= 0,210

IDS 7,9 7,5 2,9 3,5 13,5 6,9 6,3 2,7 3,0 12,0 p= 0,016 + p= 0,264

IDG 7,7 7,4 2,5 3,5 11,4 6,6 6,6 2,3 2,6 11,0 p= 0,200 p= 0,126

QDP 104,2 104,8 13,2 86,2 136,4 94,7 98,2 19,1 46,5 124,4 p= 0,200 p= 0,025*

QDC 95,3 94,9 11,1 69,0 118,1 86,1 87,8 14,2 57,5 115,5 p= 0,073 p= 0,008*

QDL 97,8 99,0 16,1 68,9 136,3 90,6 93,2 19,4 46,5 142,8 p= 0,200 p= 0,158

QDS 100,5 99,0 16,2 68,9 136,4 94,3 95,4 12,6 67,8 119,0 p= 0,200 p= 0,205

QDG 98,5 97,0 10,1 82,7 119,3 91,4 94,9 13,1 60,5 114,3 p= 0,021 + p= 0,092

+ Significância estatística no Teste de Normalidade de Kolmogorov-Smirnov * Significância estatística no Teste t

No primeiro ano de vida, as diferenças encontradas revelaram significância

estatística nas áreas de Postura e Coordenação Óculo-Motriz, o que denota menor

percentual – 0% e 4%, respectivamente em cada área - de classificação em

inferioridade para as meninas, percentuais de 16,7% e 30% para os meninos.

O sexo feminino demonstrou melhor desempenho especialmente nas

atividades de sentar sem apoio, tirar o pano colocado em sua cabeça estando em

decúbito ventral e sentado, e passar objetos de uma mão para outra. Nas

habilidades finas, meninas tiveram maior eficiência em atividades que exigiam

coordenação olho-mão, manipulação de objetos de diferentes texturas e tamanhos e

brincadeiras de encaixe (manipulação dos cubos).

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166

Estes achados contrastam com o que foi encontrado por Andraca et al (1998)

em crianças acompanhadas dos 6 aos 12 meses de idade, ao menos no que se

refere ao desenvolvimento postural. Utilizando as Escalas de Bayley, os autores

observaram uma associação positiva entre o sexo masculino e o índice de

desenvolvimento motor, que tem correpondência aproximada com o QDP da Escala

de Brunet-Lèzine. Já em relação à diferença estatisticamente significante na área da

Coordenação Óculo-Motriz em prol das meninas, o estudo de Andraca et al. (1998)

verificou associação negativa entre sexo masculino e o índice de desenvolvimento

mental, o qual corresponde em aproximação às variáveis QDC e QDL da Escala de

Brunet-Lèzine.

A diferença entre os sexos, embora não estatisticamente significativa no

primeiro ano para esta área, pode ser visualizada na distribuição gráfica dos valores

absolutos do Desenvolvimento Global (Figura 36). Percebe-se que 50% dos valores

da massa de dados relativa às meninas encontram-se entre 91,3 e 106,9

(Med=97,0), e entre 81,7 e 98,5 (Med=94,9) para os meninos, denotando melhor

desempenho global do sexo feminino.

FemininoMasculino

Sexo

120,0

110,0

100,0

90,0

80,0

70,0

60,0

QD

G

FIGURA 36. Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, durante o primeiro ano de vida

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167

No segundo ano (Tabela 15), embora a diferença no Quociente de

Coordenação Óculo-Motriz tenha perdido significância estatística, esta permaneceu

na Postura e agregou a Linguagem, com impacto na área Global, em favor das

meninas. A distribuição de classificação em inferioridade para o sexo feminino foi de

6,7% para cada uma das áreas (Postural, Linguagem e Global), e de 29,4% para

cada uma destas no sexo masculino.

TABELA 15. Análise descritiva e comparativa de Idades de Desenvolvimento (em meses) e Quocientes de Desenvolvimento, faixa etária 2º ano de vida, em relação ao sexo.

Feminino (n=15)

Masculino (n=17)

Teste de Normalidade

Teste Comparativo

Medidas

X Med. DP Min. Max. X Med. DP Min. Max. - -

IC 16,6 16,0 3,4 12,2 23,8 17,9 17,2 3,3 12,4 23,6 p= 0,199 p= 0,281

IDP 17,3 16,5 2,8 13,5 22,5 16,1 15,0 6,2 9,0 30,0 p= 0,280 p= 0,475

IDC 14,8 15,0 3,2 10,8 22,5 14,5 13,2 4,8 9,2 23,2 p= 0,091 p= 0,864

IDL 15,7 15,0 3,3 12,0 24,0 14,2 15,0 5,2 8,0 24,0 p= 0,138 p= 0,357

IDS 15,5 15,0 3,0 12,0 24,0 15,5 15,0 3,0 12,0 21,5 p= 0,004 + p= 0,954

IDG 15,5 15,6 3,0 11,7 23,1 15,0 13,3 4,6 9,8 24,6 p= 0,152 p= 0,713

QDP 105,5 108,5 12,1 79,7 123,3 88,3 93,7 24,4 53,8 131,1 p= 0,120 p= 0,017*

QDC 90,5 98,7 16,4 56,0 106,7 80,5 80,6 17,8 47,6 105,2 p= 0,011 + p= 0,086

QDL 95,8 98,3 16,3 69,3 118,3 79,3 85,2 23,5 43,0 116,5 p= 0,026 + p= 0,047**

QDS 94,1 98,5 10,8 72,5 106,6 86,9 87,4 11,6 65,5 108,6 p= 0,219 p= 0,081

QDG 94,3 102,1 13,5 65,7 106,8 82,9 85,2 16,8 55,8 110,1 p= 0,010 + p= 0,036**

+ Significância estatística no Teste de Normalidade de Shapiro-Wilk * Significância estatística no Teste t ** Significância estatística no Teste U de Mann-Whitney

Na distribuição de 50% massa de valores do Quociente de Desenvolvimento

Global, as meninas tiveram variação de 85,9 a 102, 9 (Med=102,1), enquanto os

meninos apresentaram tal indicador entre 64,8 e 95,3 (Med=85,2), reiterando o

melhor desempenho feminino (Figura 37).

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168

FemininoMasculino

Sexo

120,0

100,0

80,0

60,0

40,0

QD

G

FIGURA 37. Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, durante o segundo ano de vida

Na Figura 38 pode ser visualizada a tendência do valor médio do Quociente

de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, considerando a faixa etária da

criança em que foi realizada a consulta neuropsicomotora. Pode-se perceber

tendência decrescente para os dois grupos no segundo ano de vida, porém com

maior inclinação da reta para o sexo masculino, isto é, maior diferença dos valores

de QDG do primeiro ao segundo ano para os meninos.

75

80

85

90

95

100

1º ano 2º ano

Faixa Etária

Méd

ia d

o Q

DG

Feminino Masculino

FIGURA 38. Média do Quociente de Desenvolvimento Global em relação ao sexo, por faixa etária

No estudo de Souza (2003), com lactentes de creches públicas de

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169

Florianópolis, em que foram excluídas crianças que apresentassem fatores de risco

biológico evidentes, tal como nascimento pré-termo, o panorama dos resultados

neuropsicomotores foi diferenciado, sendo a linguagem a área de maior impacto

negativo. De qualquer forma, seu estudo corroborou os resultados da presente

pesquisa em relação ao melhor desempenho do sexo feminino, à exceção da área

de Postura, em que os meninos haviam se sobressaído.

Salienta-se um importante aspecto que não foi considerado empiricamente na

análise dos dados obtidos: características sócio-econômicas e culturais das famílias,

bem como seu macro-sistema de inserção. Obviamente, tais fatores têm relação

direta com os resultados neuropsicomotores dos lactentes do estudo, e até com as

características biológicas dos mesmos, embora não tenham sido explorados nesta

pesquisa.

4.4 ANÁLISE GERAL SOBRE A PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO

NEUROPSICOMOTOR AMBULATORIAL DE CRIANÇAS DE RISCO

NEUROLÓGICO

Procurar-se-á “Identificar vantagens e desvantagens da proposta de

acompanhamento sugerida para a atenção ao neurodesenvolvimento realizada em

ambulatório de acompanhamento de crianças de risco”.

Primeiramente será destacada a condição das crianças que participaram do

estudo, quanto à alta ambulatorial, abandono ou continuidade do acompanhamento

neuropsicomotor, ao término da coleta de dados.

É perceptível, na Figura 39, que a maioria das crianças (64%) permaneceu no

acompanhamento ambulatorial do Hospital Universitário (HU-UFSC). Das crianças

que tiveram alta ambulatorial, três eram nascidas a termo (perfazendo metade dos

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170

lactentes nesta condição), 4 tinham história de nascimento moderadamente

prematuro, enquanto as outras duas eram de prematuridade extremada.

23%( 9)

13%( 5)64%( 26)

Alta ambulatorial Abandono Continuidade

FIGURA 39. Distribuição dos lactentes ao término da coleta de dados

Dos casos em houve desistência do acompanhamento (13%), todos tinham

história de prematuridade moderada, estando com média de idade corrigida de 8,8

meses (med=7,3; DP=5,5 na última consulta, valores que alcançaram 10,4 meses

(Med=9,1; Dp=5,5).

López-Maestro et al (2002) tiveram um percentual de abandono de 20% antes

dos dois anos de idade, havendo neste uma incidência três vezes maior de paralisia

cerebral, quando comparados com os acompanhados devidamente.

No presente estudo, fica perceptível que o abandono ao acompanhamento

ambulatorial ocorreu em tenra idade, ainda no primeiro ano de vida, à exceção de

um caso. Além de possíveis condições sociais que possam ter motivado tal índice e

condições de abandono, inerentes a cada contexto familiar envolvido, conjetura-se a

respeito do nascimento próximo ao termo não proporcionar tanta preocupação à

família, em comparação com a extrema prematuridade.

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171

Alta ambulatorial foi verificada em três casos de nascimento a termo, 4 de

prematuridade moderada e dois de prematuridade extremada, um destes justamente

por se tratar de lactente oriundo de cidade longínqua à Florianópolis e apresentar

boa progressão geral. A média de idade em que os lactentes obtiveram alta foi de

18,4 meses de idade (med=17,5 meses, DP=4,6 meses), corrigida no caso de pré-

termos, e de 19,4 meses (med=19,0 meses, DP=4,8 meses) quando a correção

etária não é feita.

Das 26 crianças que permaneceram em acompanhamento no ambulatório, 23

(88,5%) tinham história de extrema prematuridade, e as restantes (3, 11,5%) haviam

nascido a termo, e realizavam acompanhamento em virtude de hiperbilirrubinemia e

encefalite neonatal (2 casos), e um caso de toxoplasmose congênita com posterior

identificação de alteração cromossômica (Polissomia do Cromossomo X).

No decorrer do trabalho, foi possível verificar praticidade do uso da Escala de

Desenvolvimento Psicomotor da Primeira Infância (versão adaptada por SOUZA,

2003) no atendimento ambulatorial. Há apenas a necessidade de adequações

ambientais mais propícias, incluindo a determinação de um consultório específico

para o acompanhamento neuropsicomotor, o qual suportaria inclusive um programa

de estimulação essencial, cujo funcionamento pudesse transcender o dia semanal

do Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia.

Em relação às análises realizadas, obviamente, não foram esgotadas as

possibilidades, mas foi possível perceber a possibilidade da veiculação da pesquisa

junto ao atendimento assistencial.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As considerações a seguir foram elaboradas em conformidade com os

objetivos específicos deste estudo, apresentando-se os principais aspectos

referentes à proposição e avaliação dos resultados obtidos com o Acompanhamento

Neuropsicomotor Ambulatorial, no grupo de estudo.

• A prática de cerca de um ano (total de 10 meses, descontando-se o

período de férias) junto ao Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia do HU/UFSC

possibilitou experiência ímpar no que se refere ao acompanhamento clínico de

lactentes de risco, o que proporcionou embasamento para a construção e

implantação da proposta de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial

discutida neste trabalho. A relação direta com as residentes em Pediatria, professora

supervisora e demais membros da equipe do Ambulatório de Pediatria

(Enfermagem, Fonoaudiologia, setor administrativo), bem como do Serviço de

Arquivo Médico – SAME do Hospital, estabeleceu-se gradativamente mais

cooperativa, num entendimento conjunto da importância do trabalho para a

promoção de saúde da população atendida.

• A contínua avaliação do protocolo sugerido permitirá estabelecer sua

efetividade enquanto serviço de suporte desde o nível preventivo primário ao

neurodesenvolvimento de crianças de risco. A proposta permanece aberta a

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173

sugestões para melhoria de seu funcionamento e efetividade; neste patamar,

algumas modificações passam a ser sugeridas neste trabalho (adiante).

• Os instrumentos de coleta até agora incluídos revelaram-se adaptáveis à

realidade ambulatorial hospitalar, podendo ser considerados adequados à adoção

em outros serviços de acompanhamento já estruturados, mas que não concedem

enfoque específico ao desenvolvimento neuropsicomotor. O Índice Médico Neonatal

requer, por sua vez, continuidade de estudos para verificar a adaptação dos serviços

a sua utilização, devendo constituir um meio de identificação de crianças de risco, e

não um motivo de rotulação social.

• A parte do Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial destinada à

intervenção propriamente dita precisa ser incrementada, constituindo objetivo

primordial para o segundo ano de efetivação da proposta, prosseguindo enquanto

projeto institucional de pesquisa e extensão. Este fator poderia ser o diferencial para

a diminuição do abandono ao seguimento, promovendo a adesão da família ao

programa, a partir da observação da melhora do desenvolvimento da criança.

• Corroborando com a literatura, o fator de risco mais freqüente foi o

nascimento pré-termo, acompanhado obviamente de suas variantes biológicas e

sociais pré, peri e pós-natais. Alto risco neurológico foi constatado em 95% (n=38)

das crianças que fizeram parte do estudo.

• O grupo de estudo com história de nascimento pré-termo obteve

classificação de risco neurocomportamental mais freqüente em categoria III (risco

intermediário), seguida da junção dos escores IV e V, os de maior risco, sem haver

significância estatística na comparação entre grau de prematuridade.

• Na avaliação neuropsicomotora, foi observado que os Quocientes de

Desenvolvimento em cada área tenderam a diminuir no decorrer das consultas,

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174

revelando um desempenho insuficientemente progressivo no transcorrer do tempo. A

área da Coordenação Óculo-Motriz foi a que apresentou maiores percentuais de

classificação em nível inferior, revelando-se como risco iminente ao desenvolvimento

das crianças do grupo de estudo.

• Na análise transversal entre risco neurocomportamental e áreas do

desenvolvimento, a área Social apresentou relação linear para tendência

estatisticamente significativa, o que pode indicar maior tendência do grupo de estudo

apresentar menores escores de QDS na medida que aumenta o risco

neurocomportamental.

• Na análise relativa ao grau de prematuridade, caracterizada como

transversal, o grupo de prematuros extremos apresentou desempenho

significativamente pior na Coordenação Óculo-Motriz, revelando crescente alteração

em habilidades finas. Conjetura-se sobre as repercussões deste achado nas

atividades de vida diária da criança, e em sua relação com risco escolar.

• O desenvolvimento neuropsicomotor do grupo de estudo apresentou

pior desempenho proporcional no segundo ano de vida, comparado com avaliações

realizadas no primeiro. A área Social apresentou diferença estatisticamente

significante (QDS).

• Corroborando com a literatura, o desempenho neuropsicomotor do

sexo feminino foi significativamente melhor, tanto no primeiro ano de vida (Postura e

Coordenação Óculo-Motriz) como no segundo (Postura, Linguagem e Global),

reforçando o sexo masculino como importante fator de alerta para o

desenvolvimento.

Em análise final, a veiculação da pesquisa à prática assistencial sobre o

desenvolvimento infantil é importante ponto de partida para entender este complexo

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175

processo. Nesse contexto, o acompanhamento neuropsicomotor é quesito

fundamental ao estudo de populações de risco, e direta e indiretamente pode

aprimorar a promoção da saúde e qualidade de vida na infância, desde tenra idade,

incluindo trabalho multiprofissional em ação com constructo interdisciplinar.

Destaca-se ainda a importância da inclusão da Fisioterapia neste contexto,

como o profissional responsável pela avaliação direta e estimulação do

desenvolvimento neuropsicomotor, integrando as ações de outros profissionais para

maior entendimento da complexidade do ser humano e, especificamente, da criança

em desenvolvimento.

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6 SUGESTÕES

À medida que o protocolo de acompanhamento neuropsicomotor se fortaleça,

sugere-se seu agendamento via sistema hospitalar, devendo continuar a coincidir

com a data da consulta médica do Ambulatório de Alto Risco em Neonatologia (para

minimizar eventuais desconfortos provocados por freqüentes idas ao hospital,

inclusive pelos gastos com transporte), porém em período oposto (para pacientes de

outras cidades, que normalmente dirigem-se à Florianópolis por meio de ambulância

cedida pela administração pública municipal, estando na cidade desde as primeiras

horas da manhã), ou em horário anterior ao início das consultas médicas.

Destaca-se a importância do incremento ao protocolo com o oferecimento de

intervenção neuropsicomotora essencial por equipe interdisciplinar, agregando

profissionais de Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Psicologia,

Pedagogia, Educação Física, e da área médica, de forma a proporcionar maior

possibilidade de incremento qualitativo ao acompanhamento e estimulação do

desenvolvimento infantil.

Neste sentido, sugere-se a ampliação do programa até, no mínimo, idade

escolar (a Figura 40 explicita tal sugestão, alterando o fluxograma anteriormente

proposto). Para tanto, é sugerida a inserção da Escala de Desenvolvimento Motor –

EDM (ROSA NETO, 2002), instrumento utilizado na rotina do Laboratório de

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177

Desenvolvimento Humano-LADEHU/CEFID/UDESC. A EDM permite a avaliação das

áreas da motricidade fina e global, equilíbrio, esquema corporal, organização

espacial e temporal, e lateralidade, identificando o perfil motor geral do sujeito

avaliado.

FIGURA 40. Sugestão de incremento no fluxograma de Acompanhamento Neuropsicomotor Ambulatorial.

Revela-se interessante o cruzamento de dados obtidos no acompanhamento

neuropsicomotor com avaliações realizadas por especialidades de outras áreas, tais

como Neurologia, Cardiologia, Fonoaudiologia, entre outras, o que permitiria não

apenas maior conhecimento sobre o processo de crescimento e desenvolvimento,

mas também maior integração profissional em prol da qualidade de vida da criança e

sua família.

Em acréscimo, outros incrementos ao formato atual do Acompanhamento

Neuropsicomotor Ambulatorial são sugeridos. Por exemplo, o início do

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178

acompanhamento neuropsicomotor ainda na UTIN, com a devida inclusão de

instrumentos específicos.

No decorrer do trabalho, foi conhecida parte da metodologia do

acompanhamento da criança de risco do serviço público de saúde da cidade de

Curitiba/PR (Programa Nascer em Curitiba). Tal metodologia parece bastante

interessante, por considerar a elegibilidade ao acompanhamento ambulatorial

interdisciplinar a partir da consulta à Declaração de Nascido Vivo, documento de

preenchimento obrigatório em locais de ocorrência de nascimentos, implantado no

Brasil a partir de 1990. Para Carniel et al. (2003), a Declaração de Nascido Vivo

possibilita conhecimento da díade materno-infantil, revelando-se como um

instrumento adequado de monitoramento de diferentes realidades, possibilitando

planejamento de ações públicas de saúde.

Outra “descoberta” feita durante o andamento do trabalho foi uma planilha

operacionalizada no software Microsoft® Office Excel 2003, pelo mesmo grupo que

operacionalizou o NMI. Trata-se do Perinatal Risk Inventory, utilizado para avaliar o

risco de a criança apresentar anormalidades no desenvolvimento tendo como base

dados do período perinatal. Parece interessante prosseguir em estudos com a

inclusão deste instrumento, após devida tradução lingüística, associando-o ao NMI,

por exemplo.

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ANEXOS

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ANEXO A – VISÃO DA PLANILHA OPERACIONALIZADA DO NEONATAL MEDICAL

INDEX (KORNER ET AL. 1993, EM VERSÃO TRADUZIDA – ÍNDICE MÉDICO NEONATAL)

Propósito: Usar o Índice Médico Neonatal (NMI) para classificar uma criança pré-termo em grupo de risco

baseado em condições observadas durante a hospitalização inicial.

Citações com documentação.

44.01.13

Sriram & Svirbely

1999

dados entrada Você está avaliando o procedimento do hospital para uma criança pré-termo? (S ou N) :-):-):-)

Peso em gramas gramas 1

A criança precisou de ventilação assistida? (S ou N) :-):-):-) 3

Duração do de tempo de ventilação assistida, em dias dias

:-):-):-) :-):-):-)

A criança?

• precisou de cirurgia ? (S ou N) :-):-):-) 1

• tem suspeita ou comprovação de meningite ? (S ou N) :-):-):-) 1

• tem ataques? (S ou N) :-):-):-) 1

• mostra leucomalácia periventricular (S ou N) :-):-):-) 1

Assinale um "x" na coluna apropriada para cada descoberta (dê somente 1 resposta por linha)

nenhum suave Necessidade de fototerapia

Necessidade de transfusão

hiperbilirrubinemia Sim 1

nenhum ocasional

Necessidade de terapia

medicamentosa

Necessidade de

ressuscitação

apnea ou bradicardia Sim 3

nenhum

Sem necessidade de

terapia medicamentosa

Tratado com terapia

medicamentosa Tratado com

cirurgia

Persistência do canal arterial Sim 3

Hemorragia periventricular-intraventricular nenhum Grau I Grau II Grau III Grau IV

Sim 3

calcular resultado

dados completos?

avaliação apropriada? :-):-):-)

Índice Médico Neonatal

Risco de sérias complicações neurocomportamentais

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ANEXO B – APROVAÇÃO DO CEP/UDESC

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – FICHA DE REGISTRO DE DADOS BIOPSICOSSOCIAIS

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FICHA DE REGISTRO DE DADOS BIOPSICOSSOCIAIS Identificação de fatores de risco neurológico

Data 1ª avaliação: _________________

Registro / HU

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

NOME DA CRIANÇA

DATA DE NASCIMENTO

CLASSIF. RNT AIG PIG GIG RNPT MBPN BPN

NMI GENERO Ordem de nascimento

TELEFONE Nº pessoas residentes na mesma casa que a

criança

NOME DA MÃE PROCEDÊNCIA

2 ANTECEDENTES GESTACIONAIS

IDADE GESTACIONAL ( ) < 32 semanas ( ) 37 sem, 6 dias a 32 sem ( ) 38 a 42 sem

INTERCORRÊNCIAS ( ) Hipertensão ( ) Infecções ( ) Diabetes ( ) Outra _______________

( ) Hemorragia ( ) Ameaça de aborto ( ) Pré-Eclâmpsia ( ) Outra __________________

PLANEJAMENTO DA GRAVIDEZ ( ) Sim ( ) Não CRIANÇA DESEJADA ( ) Sim ( ) Não

USO DE DROGA/FUMO PELA MÃE

( ) Sim ______ maços/dia

( ) Não

IDADE DA MÃE NO PARTO ( ) < 20 anos ( ) 20 a 29 anos ( ) 30 a 39 anos

( ) 40 a 49 anos ( ) > 49 anos

ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL ( ) Não realizou ( ) 1 a 5 consultas ( )6 ou mais consultas

RESULTADOS DE NEURO-IMAGEM. _______________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________

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3 HISTÓRIA PERINATAL LOCAL DO PARTO ( ) Hospital ( ) Domicílio

TIPO DE PARTO ( ) Normal Horizontal ( )Normal Assistido(fórceps) ( ) De cócoras ( ) Na água

( ) Cesáreo Motivo: ___________

Amniorrexe

( ) Espontânea ( ) Provocada

PARTO GEMELAR ( ) Sim ( ) Não INTERCORRÊNCIAS ( ) Circular de cordão

( ) Asfixia ( ) Liberação de Mecônio ( ) Outra _____________

OBS. ____________________________________________________________________

4 PERÍODO NEONATAL MASSA AO NASCER

_____________g

( ) < 1500g ( ) 1500 a 2500g

( ) 2501 a 3500g ( ) > 3500g

COMPRIMENTO AO NASCER

________________cm

( ) </= 45cm

( ) 46 a 51cm ( ) > 51cm

PERÍMETRO CEFÁLICO AO NASCER

_________ (em cm)

INDICE DE APGAR No 1º min ______ No 5º min ______ No 10º min _____

NECESSIDADE DE REANIMAÇÃO

( ) Sim ( ) Ventilação Mecânica Tempo: ___________ ( ) Medicação_________ _____________________

( ) Não

INTERNAÇÃO EM UTI NEONATAL

( ) Sim Tempo:____________ Motivo:______________ _____________________

( ) Não

INTERCORRÊNCIAS ( ) Convulsões ( ) Hemorragia Peri-intraventricular. GRAU:______ ( ) Infecções Congênitas ( ) Sífilis ( ) Toxoplasmose ( ) Rubéola ( ) CMV ( ) Hiperbilirrubinemia

( ) Sepse ( ) Infecções no Sistema Nervoso (meningites, encefalites) ( ) Alterações Metabólicas Quais___________________ ________________________ ________________________ ________________________ ( ) Outras _____________________

Transfusão sangüínea ( ) Sim ( ) Não TEMPO TOTAL DE

INTERNAÇÃO HOSPITALAR

( ) Até 3 dias

( ) 4 dias ou mais Motivo ______________

MÃE CANGURU ( ) Sim ( ) Não INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS_____________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________

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5 AMAMENTAÇÃO Em meses DURAÇÃO DO

ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

____________________

6 MARCOS DO DNPM Em meses

CONTROLE CEFÁLICO SENTAR SEM APOIO

ENGATINHAR Tipo:

PASSAR PARA EM PÉ COM APOIO (ATIVAMENTE)

MARCHA SEM APOIO PRIMEIRAS PALAVRAS

OBS. ____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ AUDIÇÃO / VISÃO:________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7 HISTÓRIA FAMILIAR DE RISCO/DISTÚRBIOS

NEUROLÓGICOS

8 CUIDADOS COM A

CRIANÇA* * Quem permanece mais tempo diariamente cuidando da criança (Pessoa(s))

Data

Pessoa (s) 9 ESTADO DE SONO e VIGÍLIA (PRECTHL,

1960)

1.1. Olhos fechados, respiração regular, sem movimentos, (sono quieto); 2.Olhos fechados, respiração irregular, sem movimentos grosseiros, (sono ativo); 3. Olhos abertos sem movimentos grosseiros, (despertar quieto); 4.Olhos abertos com movimentos grosseiros e sem choro,(despertar ativo); 5. Olhos abertos ou fechados e chorando; 6. Outros estados, ex. coma.

Data

Classificação

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OBS.:___________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Data

10.2 MANIFESTAÇÕES POSTURAIS E

ATITUDES

CARACTERÍSTICAS P = Presente / A = Ausente

Decúbito dorsal, atitude em semiflexão generalizada

Mãos geralmente fechadas e cabeça lateralizada

Fragmentos de RTCA (MMSS) Atitude Assimétrica

Movimentos bruscos de pedalagem (MMII)

Cabeça na posição mediana Cabeça lateralizada (às vezes) Não há fragmentos de RTCA

Atitude Simétrica

Mãos semi-abertas Atitude em decúbito dorsal, espontânea e ativa

Movimentos mais coordenados, menos bruscos e arrítmicos

Tendência a mudar de decúbito

Atitude Deitada Espontânea

Tendência a lateralizar-se ou sentar-se Sustento nítido da cabeça Senta-se com ou sem apoio Mudança da posição deitada para a sentada

Atitude Ativa Espontânea

Atitude ativa e de pé

10 EXAME FÍSICO E NEUROLÓGICO

10.1 TÔNUS MUSCULAR 1. Eutonia; 2. Hipotonia generalizada; 3. Hipotonia localizada; 4. Hipertonia generalizada; 5. Hipertonia localizada; 6. Flutuação

Data Classificação

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(colar gráfico pondo-estatural)

10.3 ANTROPOMETRIA Data

PESO (em gramas) COMPRIMENTO (em cm) PERÍMETRO CEFÁLICO (em cm)

CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL (GOMEZ, 1956)

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ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

DADOS DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

1) Nome do pai: ___________________________________________ Idade:_____ Profissão: ______________________________________________________________ Escolaridade: ( ) nunca estudou ( ) 1ª-4ª série ( ) 5ª-8ª série ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) Faculdade ( ) Pós-graduação 2) Nome da mãe: _____________________________________________Idade: _____ Profissão: ______________________________________________________________ Escolaridade: ( ) nunca estudou ( ) 1ª-4ª série ( ) 5ª-8ª série ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) faculdade ( ) pós-graduação 3) Situação Conjugal: ( ) não casaram ( ) casados ( ) vivem juntos ( ) separados 4) Número de irmãos: _________

5) Idades dos irmãos:

________________________________________________________________

6) Nome do responsável (caso não seja pai/mãe): _______________________________ ___________ Idade: _____ Profissão: _______________________________________________________ Escolaridade: ( ) nunca estudou ( ) 1ª-4ª série ( ) 5ª-8ª série ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) faculdade ( ) pós-graduação

CONDIÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS

1) Qual a renda familiar mensal? (..) menos de 1 salário mínimo (..) de 1 a 5 salários mínimos (..) de 5 a 10 salários mínimos (..) mais de 10 salários mínimos (..) outro 2) Qual o tipo de Moradia? ( ) material (cimento) ( ) madeira ( ) barro ( ) mista (vários tipos de materiais)

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3) A casa em que a criança e sua família moram é: ( ) própria ( ) alugada ( ) cedida por alguém 4) Na casa em que a criança mora, a água é: ( )encanada ( ) de poço ( ) de rio ou córrego 5) Para o esgoto e depósito de excreta (urina e fezes) há: ( ) fossa ( ) encanamento da rua ( ) despejamento a céu aberto

CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL – CCEB (2000)

1 POSSE DE ITENS NÃO TEM TEM - QUANTIDADE Televisão em cores

Rádio Banheiro

Automóvel Empregada mensalista

Aspirador de pó Máquina de lavar

Videocassete e/ou DVD Geladeira

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex)

2 GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DE FAMÍLIA* Analfabeto / Primário incompleto Primário completo / Ginasial incompleto Ginasial completo / Colegial incompleto Colegial completo / Superior incompleto Superior completo

* Identificar __________________ (de acordo com o grau de parentesco

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APÊNDICE B – FOLHA DE REGISTRO (ESCALA DE BRUNET-LÈZINE, 1981, versão adaptada por SOUZA, 2003)

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DESENVOLVIMENTO INFANTIL - ESCALA BRUNET / LEZINE

REGISTRO: ________________

Data de Nascimento: ___/___/_____ IG:__________ Peso ao Nascer: ______________ NOME: CONTATO: ( )

DataAv. 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª IC(C): 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª IC: 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª

ord 1 MÊS 1 P1 Levanta a cabeça de tempo em tempo, na posição sentada 2 P2 Deitado em DV levanta a cabeça de vez em quando, vacilando. 3 P3 Deitado em DV, faz movimentos de reptação 4 C4 Reage ao barulho da campainha 5 C5 Segue espontaneamente com o olhar o anel num angulo de 90º. 6 S6 Fixa o olhar no rosto do examinador

QUESTÕES 7 P7 Aperta fortemente o dedo que se lhe introduz na mão. 8 L8 Emite sons guturais. 9 S9 Para de chorar quando se lhe aproxima ou quando se lhe fala. 10 S10 Começa uma reação de sucção antecipada no momento da mamada.

2 MESES

11 P1 Sentado, mantém a cabeça erguida durante um momento.

12 P2 Deitado em DV levanta a cabeça e os ombros.

13 P3 Deitado em DD mantém a cabeça enquanto é levado à posição sentada, por tração dos antebraços

14 C4 Segue com o olhar uma pessoa que se desloca no quarto

15 C5 Segue com o olhar o anel num ângulo de 180º.

16 S6 Reage com uma mímica quando se aproxima o rosto do examinador

QUESTÕES

17 P7 Vira-se de lado sobre as costas.

18 L8 Emite algumas vocalizações.

19 S9 Imobiliza-se ou fica quieto quando se he fala. 20 S10 Sorri aos rostos familiares.

3 MESES

21 P1 Mantém a cabeça bem firme em posição sentada

22 P2 Deitado em DV, apóia-se sobre os antebraços

23 C3 Olha um cubo colocado sobre a mesa

24 C4 Mantém firmemente o chocalho, sacode-o com um movimento brusco, involuntário

25 C5 Vira a cabeça para seguir com o olhar um objeto que desaparece lentamente

26 S6 Sorri, respondendo ao sorriso do examinador

QUESTÕES

27 P7 Agarra seu lençol, leva-o em direção a si.

28 L8 Tagarela: vocalização prolongada

29 S9 Anima-se à vista da mamadeira ou aos preparativos da mamada

30 S10 Brinca com as mãos, examina-as

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4 MESES

31 P1 Deitado em DV, mantém suas pernas em extensão.

32 P2 Deitado em DD, levanta a cabeça e os ombros quando se exerce uma leve tração dos antebraços

33 C3 Sentado na frente de uma mesa apalpa a borda da mesa

34 C4 Olha uma moeda colocada em cima da mesa

35 C5 Deitado em DD, começa o movimento de preensão em direção ao anel

36 C6 Deitado em DD sacode o chocalho colocado em sua mão, olhando-o

QUESTÕES

37 P7 Cobre o seu rosto com o lençol

38 L8 Vocaliza quando se lhe fala

39 S9 Ri à gargalhadas

40 S10 Vira a cabeça imediatamente para olhar a pessoa que o chama

5 MESES

41 P1 Mantém-se sentado com um leve apoio.

42 P2 Deitado em DD, faz mvtos no sentido de livrar-se do pano colocado sobre sua cabeça

43 C3 Agarra um cubo ao contato

44 C4 Mantém o primeiro cubo na mão e olha o segundo apresentado

45 C5 Estende a mão para um objeto que lhe oferece

46 S6 Sorri no espelho

QUESTÕES

47 P7 Apanha o chocalho caído ao alcance de sua mão 48 L8 Dá gritos de alegria

49 S9 Destapa-se com movimentos de pedalar, agarra sua coxa ou seu joelho.

50 S10 Ri e vocaliza, manipulando seus brinquedos

6 MESES

51 P1 Mantido verticalmente suporta uma parte de seu corpo

52 P2 Deitado em DD, desfaz-se do pano colocado em sua cabeça

53 C3 Levanta o cubo colocado na mesa

54 C4 Mantém dois cubos um em cada mão e olha o terceiro

55 C5 Sentado, pega com uma mão o anel que se movimenta diante dele

56 C6 Bate sobre a mesa ou a esfrega com a colher

QUESTÕES

57 P7 Pode ficar sentado com apoio durante um longo período

58 L8 Faz sons vocálicos - engroladas

59 S9 Pega os pés com as mãos

60 S10 Faz distinção entre rostos familiares e estranhos

7 MESES

61 P1 Mantém-se sentado sem apoio durante um período curto

62 P2 Sentado com apoio, tira o pano colocado na sua cabeça

63 C3 Agarra dois cubos, um em cada mão

64 C4 Agarra a pastilha com movimento de rastilho

65 C5 Levanta a xícara virada usando a asa.

66 S6 Frente ao espelho, estende a mão e acaricia a sua imagem

QUESTÕES

67 P7 Passa seus brinquedos de uma mão a outra.

68 L8 Vocaliza várias sílabas bem definidas.

69 S9 Leva os pés a boca

70 S10 Pode comer uma papinha com a colher

8 MESES

71 P1 Levanta até a posição sentada, quando se exerce uma leve tração dos antebraços.

72 P2 Deitado em DV, desfaz-se do pano colocado na sua cabeça

73 C3 Aceita um terceiro cubo, deixando um dos que já tinha.

74 C4 Agarra a pastilha com a participação do polegar

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75 C5 Busca a colher caída

76 C6 Examina a campainha com interesse

QUESTÕES

77 P7 Vira de costas (estando em DV, vira para a posição dorsal).

78 L8 Participa da brincadeira de esconde-esconde (cadê o nenê)

79 S9 Brinca de atirar brinquedos no chão

80 S10 Fica contente quando bate dois objetos um contra o outro.

9 MESES

81 P1 Mantém-se de pé com apoio.

82 P2 Sentado, sem apoio, desfaz-se do pano colocado em sua cabeça

83 C3 Levanta a xícara virada e pega o cubo escondido

84 C4 Pega a pastilha entre o polegar e o indicador

85 C5 Atrai o anel em sua direção, usando a fita.

86 C6 Faz soar a campainha

QUESTÕES

87 P7 Mantido sobre os braços faz movimentos de marcha

88 L8 Verbaliza uma palavra de duas sílabas

89 S9 Reage a certas palavras familiares

90 S10 Faz gestos com significação: dá ordens.

10 MESES

91 P1 Levanta e abaixo um pé, estando de pé com apoio.

92 C2 Encontra um brinquedo embaixo de um pano

93 C3 Coloca um cubo na xícara sem soltá-lo, depois da demonstração (ou retira o cubo da xícara)

94 C4 Busca a pastilha com o dedo, através do frasco.

95 C5 Retira a forma redonda do tabuleiro

96 C6 Busca o chocalho da campainha

QUESTÕES

97 P7 Coloca-se de pé sozinho

98 L8 Repete um som ouvido

99 S9 Compreende uma proibição, detém um ato sob ordem.

100 S10 Bebe na xícara.

12 MESES

101 P1 Caminha com ajuda quando se lhe dá a mão.

102 C2 Pega o terceiro cubo, mantendo os dois que já tinha

103 C3 Solta um cubo dentro da xícara

104 C4 Imita o barulho da colher na xícara

105 C5 Recoloca a forma redonda no buraco do tabuleiro

106 C6 Faz um rabisco débil depois da demonstração.

QUESTÕES

107 P7 Parado, abaixa-se para pegar um brinquedo

108 L8 Fala três palavras

109 S9 Entrega objeto sob ordem ou gesto

110 S10 Repete atos que provocaram risos

15 MESES

111 P1 Caminha só.

112 C2 Constroi uma torre de dois cubos.

113 C3 Enche a xícara com cubos

114 C4 Introsuz a pastilha no frasco

115 C5 Coloca sob comando a forma redonda no buraco do tabuleiro.

116 C6 Faz um rabisco sob comando

QUESTÕES

117 P7 Sobe uma escada de quatro (de gatinhas)

118 L8 Fala cinco palavras

119 S9 Aponta com o dedo o que deseja, pedindo-o.

120 S10 Bebe sozinho com eficiência

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18 MESES

121 P1 Chuta com o pé uma bola.

112 C2 Constrói uma torre de três cubos.

113 C3 Vira as páginas de um livro

114 C4 Retira imediatamente a pastilha de um frasco

115 C5 Adapta-se ao giro da prancha para o bloco redondo.

116 L6 Nomeia uma imagem ou mostra duas imagens.

QUESTÕES

117 P7 Sobe a escada de pé, seguro pela mão

118 L8 Fala pelo menos oito palavras.

119 S9 Serve-se com a colher.

120 S10 Pede seu penico, pode conter-se

21 MESES

121 P1 Chuta uma bola, sob demonstração

122 C2 Constrói uma torre de 5 cubos. 123 C3 Alinha os cubos para imitar o trem 124 S4 Coloca sob comando os cubos em 3 lugares diferentes 125 C5 Coloca a forma quadrada no buraco correspondente do tabuleiro 126 L6 Mostra 5 partes do corpo na imagem da boneca.

QUESTÕES 127 P7 Desce a escada, seguro pela mão 128 L8 Associa duas palavras 129 L9 Pede p/ beber e p/ comer 130 S10 Imita ações simples do adulto

24 MESES 131 P1 Chuta a bola sob comando 132 C2 Constrói uma torre de 6 cubos, no mínimo 133 C3 Tenta dobrar uma vez uma folha de papel. 134 C4 Imita um traço 135 C5 Coloca as 3 formas no tabuleiro

136 L6 Nomeia 2 ou mostra 4 imagens.

QUESTÕES

137 P7 Sobe e desce escada sem ajuda

138 L8 Forma frases de várias palavras.

139 L9 Nomeia-se a si mesmo pelo prenome

140 S10 Ajuda a arrumar suas coisas

30 MESES

141 P1 Trata de ficar sobre um pé só

142 C2 Constrói uma torre de 8 cubos

143 C3 Constrói uma ponte, a partir de um modelo, com três cubos.

144 C4 Imita um traço vertical e horizontal

145 C5 Adapta-se ao giro do tabuleiro para as 3 formas

146 L6 Nomeia 5 ou mostra 7 imagens

QUESTÕES

147 P7 Pode levar um copo cheio de água sem derrubá-lo.

148 L8 Emprega o pronome "eu"

149 S9 Coloca seus sapatos

150 S10 Permanece seco durante a noite

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APÊNDICE C – ESTUDO PILOTO

O estudo piloto foi realizado no período de setembro a dezembro de 2004,

quando foram avaliadas 18 crianças.

As considerações metodológicas durante sua realização incluíram:

• O tempo de aplicação do teste, estipulado inicialmente como de 30 minutos,

é variável de acordo com o interesse, capacidade de concentração e estado

emocional e físico do lactente, situando-se entre 30 e 40 minutos;

• É necessário um tempo de adaptação no inicio da consulta, para a

familiarização da criança com a examinadora, na presença da mãe ou outro

acompanhante, minimizando estranhamento e excessiva desconfiança por parte do

lactente;

• Deve ser preconizada a realização da avaliação do desenvolvimento antes

da consulta médica, evitando que a criança fique cansada e assim irritadiça ou

sonolenta durante a avaliação; tal procedimento também agiliza o processo, pois o

tempo de espera pela consulta médica é “preenchido” pela avaliação

neuropsicomotora, permitindo o acompanhamento de maior número de crianças/dia;

• No momento da avaliação, a criança deve estar com uma roupa confortável,

que lhe permita os movimentos, além de ter sido alimentada e estar com as fraldas

limpas (ausência de urina e fezes), de modo a evitar choro, irritação e desconforto,

variáveis que também podem influenciar nos resultados dos testes. A criança que,

segundo o acompanhante, não estiver bem em suas funções fisiológicas (casos de

prostração por febre, gripe, diarréias e outras doenças, período agudo de

convalescença), ou sonolenta não será avaliada naquela consulta.

Quanto aos resultados empíricos, das 18 crianças avaliadas, houve

prevalência do sexo feminino, perfazendo 61,1% (n=11) da amostra. A Idade

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Cronológica (IC) teve amplitude de 3 meses e 1 dia a 16 meses e 27 dias. Para

crianças com história de prematuridade, foi utilizado o conceito de Idade Cronológica

Corrigida, descontando de sua idade o tempo que faltara para completar 40 semanas

gestacionais.

Na Tabela A, a seguir, são apresentados os dados referentes à Idade

Cronológica (IC), Idade de Desenvolvimento (ID) e Quociente de Desenvolvimento

(QD) para cada área avaliada, junto a sua variáveis descritivas representadas por

média, desvio-padrão, valores mínimo e máximo, e quartis (1,2,3).

TABELA A. Medidas descritivas de Idade Cronológica (IC, em meses), Idades de Desenvolvimento (ID, em meses) e Quocientes de Desenvolvimento (QD, em valor absoluto)

VARIÁVEIS X DP Min 25% Med 75% Máx IC 7,4 4,1 3,03 4,1 5,6 10,3 16,9

IDP 8,1 5,1 2,0 3,9 5,8 12,0 18,0 IDC 7,4 4,2 2,3 3,8 5,4 10,6 16,5 IDL 7,6 4,9 2,0 4,0 5,5 10,0 20,0 IDS 7,7 4,6 3,0 3,5 6,3 11,0 16,5 IDG 7,6 4,5 2,6 3,8 5,7 11,0 17,1 QDP 106,7 25,0 46,5 99,7 111,1 122,2 136,4 QDC 99,7 16,0 57,5 95,5 100,0 109,0 122,1 QDL 101,3 21,9 46,5 95,5 101,9 114,9 132,0 QDS 102,9 18,1 68,9 94,8 103,3 114,4 136,4 QDG 102,2 16,3 60,5 99,2 105,3 112,2 124,2

De acordo com a Tabela A, observa-se que a média das Idades de

Desenvolvimento ficaram acima (áreas Postural, Linguagem, Social e Global) ou

equivaleram seu valor (área de Coordenação Óculo-Motriz) a da Idade Cronológica

(IC), sendo que a Idade de Desenvolvimento Postural (Média de IDP=8,1 meses)

obteve o maior valor médio de idade positiva, com 21 dias. Quando observados os

valores mínimos das Idades de Desenvolvimento, as áreas Postural e de Linguagem

são as que revelam maior idade negativa (1 mês e 1 dia); em contrapartida, são

essas duas áreas que apresentam os maiores valores máximos, perfazendo idades

positivas de 1 mês e 10 dias e 3 meses e 10 dias, respectivamente.

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Nos estudos de Souza (2003) e Mansur (2004), realizados com crianças de

creches municipais de Florianópolis/SC, a média da IDP foi a única que obteve valor

acima da média da IC, diferindo dos achados em nossa casuística.

Comparando a media das outras áreas de desenvolvimento, os trabalhos de

Souza (2003) e Mansur (2004) revelaram a manifestação de idades negativas, com

maior impacto na área da Linguagem, chegando às marcas de 1mês e 12 dias e 2

meses, respectivamente. Já em nosso estudo, a área da linguagem apresentou

média de 6 dias de idade positiva, sendo a área de maior manifestação de idade

positiva, contrastando com os estudos supra-citados.

Há que se destacar que os trabalhos de Souza (2003) e Mansur (2004)

abordaram o desenvolvimento de crianças frequentadoras de creches, algo que nao

acontece com as crianças do presente estudo, as quais permanecem em ambiente

doméstico aos cuidados de suas mães. No referente aos resultados para o

desenvolvimento lingüístico, tal fato torna-se relevante. Com base nos conhecimentos

atuais sobre o apego mútuo entre mãe-bebê, na perspectiva da Teoria do Vínculo ou

da Ligação Afetiva de Bowlby, sabe-se que o desenvolvimento infantil inicial está

estreitamente ligado ao vínculo estabelecido entre mãe e filho, o qual é prejudicado

com a inserção cada vez mais precoce de crianças em variados contextos de criação;

nesse contexto, a superioridade na área da linguagem das crianças do presente

estudo pode ser inferida.

No aspecto da Coordenação Óculo-Motriz, o qual inclui a integração funcional

dos componentes objeto-olho-mão, há equivalência exata entre a Idade de

Desenvolvimento e a Idade Cronológica, com 21 dias de maior idade negativa, valor

manifestado em 18 e 30 dias, respectivamente, nos estudos de Souza (2003) e

Mansur (2004). A pesquisa de Goyen e Lui (2002), por sua vez, revelou que uma

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grande proporção de crianças de alto risco neurológico apresentaram déficit de

motricidade fina e ampla.

Ë relevante destacar que déficit na evolução do desenvolvimento da preensão

pode ser fator etiológico de problemas na escolaridade, devendo servir de alerta para

pais e profissionais de saúde, considerando que o valor máximo da IDC esteve 18

dias abaixo do maior valor da IC, maior valor quando comparadas todas as idades de

desenvolvimento.

Tal desempenho também foi observado na área Social, porém com média de

IDS revelando sutil idade positiva de 9 dias. No aspecto Global, a diferença entre as

médias da IDG e da IC foi de 6 dias, com escala “Normal Médio”, achados similares

aos resultados de Souza (2003) e Mansur (2004).

No referente ao Perfil de Desenvolvimento Global, a Figura A demonstra a

classificação baseada no Quociente de Desenvolvimento Global, numa escala

transeunte entre categorização de Muito Inferior a Muito Superior.

11,1%

22,2%

50%

5,5%

5,5%5,5%

0

10

20

30

40

50

60

Escala de Desenvolvimento - Área Global

Superior

Normal Alto

Normal Médio

Normal Baixo

Inferior

Muito Inferior

FIGURA A. Classificação do Perfil de Desenvolvimento Global Em relação ao perfil de desenvolvimento global, a metade apresenta-se em

normalidade média, com 33,3% das crianças indicando superioridade no

desenvolvimento, enquanto 16,5% delas direcionam-se a perfis abaixo da

normalidade.

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As Figuras B e C apresentam as freqüências dos perfis de desenvolvimento

para cada área, onde é perceptível a prevalência do perfil de normalidade média.

21

5 5

1

32

13

3

1

0

2

4

6

8

10

12

14

MuitoInferior

NormalBaixo

NormalMédio

Normal Alto Superior MuitoSuperior

Escala de Desenvolvimento - Áreas Postural e Coordenação Óculo-Motriz

Postura Coord. Óculo-Motriz

FIGURA B. Classificação do Perfil de Desenvolvimento – Postura e Coordenação Óculo-Motriz

21 1

7

4

122 2

8

32

1

0123456789

MuitoInferior

Inferior NormalBaixo

NormalMédio

NormalAlto

Superior MuitoSuperior

Escala de Desenvolvimento - Áreas Linguagem e Social

Linguagem Social

FIGURA C. Classificação do Perfil de Desenvolvimento – Linguagem e Social

Quando considerados os Quocientes de Desenvolvimento (QDs) em seu valor

médio (Tabela A), para todas as áreas o escore desenvolvimentista permaneceu em

“Normal Médio”, o que difere dos achados de Mansur (2004), onde o valor médio dos

QDs de Linguagem e Sociabilidade permitiu classificação em nível “Normal Baixo”.

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Obviamente, a característica de desnutriçao leve da casuística de Mansur (2004)

pode ter interferido nesse resultado.

A fim de caracterizar os sujeitos do estudo, sob aspectos biopsicossociais,

verificamos na Tabela B valores descritivos para Idade Gestacional e Peso ao

Nascimento, assim como, na Tabela C, a prevalência de fatores de risco pré, peri e

pós-natais, baseados em critérios de risco neurológico (G.A.T., 2000).

TABELA B. Idade Gestacional e Peso ao Nascimento do grupo de estudo: médias, desvio-padrão, valores mínimo e máximo

VARIÁVEIS X/Mediana DP Min Máx Idade

Gestacional (semanas)

35,3 / 35,1

3,2

31,1

40

Peso ao Nascimento

(g)

1.932,6 /

1.435

828,6

940

3.525

Do grupo avaliado, apenas 04 sujeitos nasceram a termo, apresentando como

fator de risco a presença de infecção congênita (toxoplasmose, n=02), anóxia

neonatal (n=01) e hiperbillirrubinemia (n=01). Nos demais casos, a prematuridade foi

prevalente, com decorrentes associações.

TABELA C. Prevalência de Fatores de Risco

Classe N % Não apresentou 04 26,6

Hipertensão Arterial 05 33,3 Incompetência Istmo-

Cervical 02 13,3

Infecções 02 13,3 Pré-Eclâmpsia 04 26,6

Intercorrências Gestacionais

(n=15)

Oligomenorréia 01 6,6

Não realizou - - 1 a 5 consultas 04 30,7

Acompanhamento

Pré-Natal (n=13)

6 ou mais consultas 09 69,3

< 20 anos 04 33,3

20 a 29 anos 06 50 30 a 39 anos 02 16,7

Idade Materna ao

Parto (n=12)

Tipo de Parto (n=13)

Vaginal 04 30,7

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Cesáreo 09 69,3

Não 16 88,9 Parto Gemelar (n=18) Sim 02 11,2

Indice de APGAR

(n=14) < 3, no 1º min, < 7, no 5º min

02 14,3

Não apresentou 03 21,4

Asfixia 03 21,4 Icterícia 04 28,6

Hiperbilirrubinemia 02 14,3 HPIV* 02 14,3

Intercorrências Neonatais (n=14)

Infecções (Toxoplasmose,

Meningite)

03 21,4

* Hemorragia Peri-Intraventricular

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APÊNDICE D – FICHA DE REGISTRO DE REFLEXOS E REAÇÕES

NEUROMOTORAS

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FICHA DE REGISTRO DE REFLEXOS E REAÇÕES NEUROMOTORAS

NOME: REG. HU

DATA DE NASCIMENTO: CLASSIF.

DATA DA

AVALIAÇÃO

26 28 30 32 35 37 38 40 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Reação

Automática

Glabelar Ptos Cardeais Sucção Olhos de Boneca

Corneano Preensão Palmar

Moro Extensão Cruzada

Magnético Sustentação(+)

Marcha Colocação MMII

Galant Labir. de Retif. R. Anfíbia

Tônico-Labir. Preensão Plantar

Babinski RTCA RTCS

Cervical Retif. Corporal Retif.

Landau Proteção Frente Proteção Lados Proteção Trás A=Ausente I= Incompleta C= Completa

IGC ICC

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APÊNDICE E – FICHA DE REGISTRO DE RESULTADOS NEUROPSICOMOTORES PARA

PRONTUÁRIO HOSPITALAR

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NOME:________________________________________ REGISTRO:_______________ DATA NASCIMENTO:____/____/_________ IG: _________________ DATA EXAME: ____/____/________ IDADE CRONOLÓGICA:_________________ IDADE CRON. CORRIGIDA: ______________

ÁREAS

IDADE DESENVOLVIMENTO

(meses)

QUOCIENTE DESENVOLVIMENTO

ESCALA

POSTURAL ÓCULOMOTRIZ

LINGUAGEM SOCIAL GLOBAL

DATA EXAME: ____/____/________ IDADE CRONOLÓGICA:_________________ IDADE CRON. CORRIGIDA: ______________

ÁREAS

IDADE DESENVOLVIMENTO

(meses)

QUOCIENTE DESENVOLVIMENTO

ESCALA

POSTURAL ÓCULOMOTRIZ

LINGUAGEM SOCIAL GLOBAL

DATA EXAME: ____/____/________ IDADE CRONOLÓGICA:_________________ IDADE CRON. CORRIGIDA: ______________

ÁREAS

IDADE DESENVOLVIMENTO

(meses)

QUOCIENTE DESENVOLVIMENTO

ESCALA

POSTURAL ÓCULOMOTRIZ

LINGUAGEM SOCIAL GLOBAL

DATA EXAME: ____/____/________ IDADE CRONOLÓGICA:_________________ IDADE CRON. CORRIGIDA: ______________

ÁREAS

IDADE DESENVOLVIMENTO

(meses)

QUOCIENTE DESENVOLVIMENTO

ESCALA

POSTURAL ÓCULOMOTRIZ

LINGUAGEM SOCIAL GLOBAL

DATA EXAME: ____/____/________ IDADE CRONOLÓGICA:_________________ IDADE CRON. CORRIGIDA: ______________

ÁREAS

IDADE DESENVOLVIMENTO

(meses)

QUOCIENTE DESENVOLVIMENTO

ESCALA

POSTURAL ÓCULOMOTRIZ

LINGUAGEM SOCIAL GLOBAL

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APÊNDICE F – QUADRO SOBRE PANORAMA GERAL DAS IDADES DOS

LACTENTES NAS AVALIAÇÕES NEUROPSICOMOTORAS

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