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ifpe acontece #50 nov12 1 Educação IFPE se adequa à Lei de Cotas e pensa em ações futuras para garantir a permanência de novos alunos na Instituição - pág. 3 Turismo Projeto aposta no turismo comunitário em área rural como alternativa sustentável para o desenvolvimento local - pág. 5 Acessibilidade Núcleos apoiam estudantes deficientes e propõem melhorias nos Campi - pág. 10 Resgate Grupo mistura poesia, música e teatro para, através da literatura, promover a divulgação da cultura popular - pág. 12 Mulheres Mil Programa social chega a todos os Campi do IFPE Págs. 6 e 7 Informativo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco Edição 50 | Novembro 2012

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Reitora: Cláudia Sansil | Textos: Carol Falcão, Carolina Fonsêca, Cláudia Sansil, Érika Targino, Gil Aciolly, Houldine Nascimento, Hugo Peixoto e Patrícia Yara Rocha | Estagiários de Jornalismo: Carolina Fonsêca e Houldine Nascimento | Diagramação: Fernando Filipine, Hiago Mota e Victor Pires | Ilustrações: Fernando Filipine e Hiago Mota | Revisão: Karla Araujo | Jornalista Responsável: Patrícia Yara (DRT: 2807) | Reprodução: Gráfica São Mateus LTDA | Tiragem: 10 mil exemplares

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EducaçãoIFPE se adequa à Lei de Cotas epensa em ações futuras para garantira permanência de novos alunos naInstituição - pág. 3

TurismoProjeto aposta no turismo comunitárioem área rural como alternativasustentável para o desenvolvimentolocal - pág. 5

AcessibilidadeNúcleos apoiam estudantesdeficientes e propõem melhoriasnos Campi - pág. 10

ResgateGrupo mistura poesia, música e teatropara, através da literatura, promover adivulgação da cultura popular - pág. 12

Mulheres MilPrograma social chega a todos os Campi do IFPE Págs. 6 e 7

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ExpEdiEntE

iFpE | instituto Federal de pernambuco | Reitoria | Assessoria de Comunicação | Av. professor Luiz Freire, 500 - Cidade Universitária | Recife/pE | CEp: 50740-540 | Fone 55 81 2125.1760 | [email protected]

Reitora: Cláudia Sansil | textos: dáfia Lima, Gil Aciolly, Greiciane Souza, Hugo peixoto, Juliana Costa, patrícia Yara Rocha | Estagiários de Jornalismo: patrícia Félix e Houldine nascimento | diagramação: Adriana Oliveira, Hiago Mota e Michael Oliveira | Revisão: Karla Araújo | Jornalista Responsável: patrícia Yara Rocha (dRt: 2807) Reprodução: Gráfica e Editora São Mateus | tiragem: 10 mil exemplares

O programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal, busca enviar mais de 100 mil brasileiras e brasileiros a centros de excelência no mundo até 2015. Nesse ambiente de muitas expectativas, temos o Instituto Federal de Pernambuco buscando a sua internacionalização. Mês passado, aprovamos no Conselho Superior os critérios de excelência estudantil para intercâmbio educacional e as normas que regem a mobilidade internacional no âmbito do Instituto. Encontram-se na fase final de análise para submissão ao Conselho Superior as metas do IFPE internacional. Trata-se de um conjunto de ações, envolvendo todos os campi, com o objetivo de enviarmos, todo ano, estudantes e servidores (administrativos e docentes) a fim de ampliar mais ainda seus conhecimentos no planeta ciência.

O Ciência sem Fronteiras é o maior programa de mobilidade internacional criado pelo Governo. Até 2015, estão programados investimentos da ordem de 3,2 bilhões de dólares. Nessa fase, o Governo busca aplicar mais nas áreas das ciências exatas e das

ciências biológicas. Demos um salto quantiqualitativo em meio século: de 224 (compreendendo graduação e pós-graduação) para 20.603 bolsas sem ainda fecharmos os dados de 2012.

As fronteiras do mundo, desde o advento da globalização, têm propiciado o “rompimento” de algumas barreiras. A tecnologia nos possibilita ainda navegarmos desde o famoso museu do Louvre, em Paris, até as muralhas da China. Mas era preciso mais, havia uma necessidade de se conhecer novas culturas, dialogar com outras metodologias, importar conhecimento e exportar nossas experiências exitosas, ampliar as possibilidades, ganhar o mundo, estimular novos cientistas e, consequentemente, o desenvolvimento do nosso país.

Conviver com pessoas de todo o mundo, adquirir novos conhecimentos científicos e humanos, novas relações interpessoais e maturidade, criar um cotidiano em ambientes que respiram ciência, incentivar a formação de novos cérebros, ampliar o banco de cientistas e talentos brasileiros são ações

que estimularão o crescimento do Brasil e sua consolidação no mundo da ciência.

O Instituto Federal já possui 10 universidades e institutos politécnicos parceiros e outros em negociação para cooperação internacional ou em avaliação pela procuradoria jurídica. Encaminhamos quatro estudantes ao Canadá no primeiro semestre de 2012 e para o semestre de 2013.1 mais três estudantes cursarão pelo Programa Ciência sem Fronteiras cursos de graduação sanduíche no Canadá e na Austrália. Essas ações consolidam a Pesquisa em nosso Instituto. Somos 600 mestres e doutores, 80 grupos de pesquisa cadastrados, ofertamos 5 modalidades de bolsas (BIA, PIBIT, PIBIC, Bpq e PIBEX) incentivamos a pesquisa desde o Ensino Médio.

Fortalecemos e instituímos a Assessoria de Relações Internacionais. Destacamos o trabalho de excelência desenvolvido pelo titular da pasta, professor Erick Viana, responsável pela normatização de documentos, visitas a várias instituições, estabelecimento de parcerias e contatos, além da itinerância pelos

IFPE sem fronteiras

campi explicando o Programa IFPE internacional e buscando a sensibilização dos diretores gerais para a ampliação da oferta de bolsas.

O nosso assessor elaborou um cronograma de viagens iniciadas pelo Cone Sul, onde a barreira do idioma é menor, para estabelecer parcerias com instituições de excelência. Paralelamente, vem estruturando o Centro de Línguas do IFPE, junto com representantes dos campi, com a previsão de oferta de cursos de uma segunda língua em todos os campi do IFPE.

Recentemente, estivemos, eu e o professor Jorge Carvalho, diretor de Barreiros, em Portugal. Visitamos 15 Institutos Politécnicos (Instituições semelhantes aos nossos Ifs), que estão buscando nossas parcerias. Vislumbramos muitas oportunidades, principalmente nas áreas de Música e Enfermagem, mestrados e intercâmbio para nossos estudantes. Trabalhamos na perspectiva de tornar a nossa instituição sem fronteiras, de internacionalizarmos o IFPE e, quem sabe, num futuro, termos um prêmio Nobel oriundo do nosso Instituto!

Cláudia [email protected]

Palavra da Reitora

Internacionalização do Instituto Federal de Pernambuco busca

consolidar sua Pesquisa

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Ensino

forma, fica muito mais justo para que estudantes que, como eu, vieram de escolas públicas, possam ter a chance de crescimento social através da formação técnica ou superior”, conclui.

Patrícia Yara [email protected]

O novo desafio

Reparação social aos pobres, negros e índios. Foi defendendo essa ideia que o Governo Federal sancionou a Lei nº 12.711, através da qual instituiu-se a reserva de 50% das vagas das universidades

públicas e institutos federais para cotas sociais e raciais. E em meio a tantos debates e polêmicas sobre a determinação, o fato é que o novo sistema de Cotas começa a ser adotado por essas instituições já a partir de 2012.

O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) não ficou de fora dessa readequação. Embora o vestibular 2013 já se encontrasse em fase final de inscrições, o IFPE alterou seu edital de seleção, prorrogando não somente o prazo da inscrição, mas também aumentando o número de vagas para se adequar às subdivisões de renda e raça. Com as mudanças, mais 686 vagas foram ofertadas, ampliando de 6.178 para 6.864 as oportunidades para ingresso nos Ensinos Técnico e Superior.

Defensor e vanguardista na implantação de Cotas, o Instituto destina, desde 2006, metade de suas vagas para estudantes oriundos de escolas públicas, tendo, a partir deste ano, criado também uma cota dentro da cota voltada para candidatos oriundos da zona rural. De acordo com a reitora Cláudia Sansil, a nova medida sinaliza que o Governo, mais uma vez, vem contemplando os menos favorecidos. “É uma forma paliativa, mas necessária, já que é um ajuste de contas desse enorme passivo com a sociedade e com as classes marginalizadas”, declara.

Agora a preocupação de gestores de instituições de ensino público superior se volta para a política de permanência de alunos carentes na sala de aula. Segundo eles a educação sozinha não pode reparar as diferenças socioculturais, é preciso também investir na manutenção dos alunos que irão ingressar nas universidades e institutos através do novo sistema.

Ações - A solução para o IFPE, aponta a reitora, seria, a

Com a readequação à nova Lei de Cotas, Instituições de Ensino se voltam para políticas de permanência dos estudantes cotistas nas salas de aula

partir de novos investimentos do Governo, incrementar o Programa de Acesso, Permanência e Êxito, através do qual já é oferecido reforço e acompanhamento para estudantes com dificuldade; preparar os que ingressam, através do curso PROIFPE; e incentivar o crescimento de programas sociais, como o “Aluno Colaborador”, não só aumentando a quantidade de bolsas nos campi que já oferecem, mas também implantando-o nos demais campi. Através dele, os estudantes de baixa renda recebem bolsa para desenvolverem atividades em diversos setores do IFPE. “Essas ações se configuram como uma política institucional afirmativa. São desenvolvidas com muito carinho por monitores, técnicos-adminsitrativos e professores”, ressalta Sansil.

Janett Cibele Vasconcelos, 17 anos, estudante do 6º período Integrado de Saneamento do Campus Recife é um exemplo de que a inclusão e o acolhimento podem, sim, trazer resultados. Ela ingressou no IFPE, em 2010, como aluna cotista oriunda da rede pública. Conta que, no início, foi um pouco difícil acompanhar o ritmo do curso técnico, mas os professores e demais colegas deram bastante força e ela acabou garantindo um bom desempenho. Hoje, é “Aluna Colaboradora” e através do programa vem auxiliando servidores em tarefas administrativas. Com o trabalho de quatro horas diárias, a estudante recebe uma bolsa mensal de um salário mínimo, que ajuda nas despesas de material, transporte e alimentação. “Ainda sobra para ajudar em casa”, afirma.

A estudante entende como oportunidade justa a implantação do novo sistema de cotas. “É preciso dar chance a todos. Dessa

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Houldine [email protected]

Esperança contra deslizamentos

Durante o período de chuvas, uma dura realidade para boa parte da população que vive em encostas é o iminente perigo de desabamento das casas. Não raro surgem notícias sobre catástrofes nessas regiões, resultando em muitas mortes. Pensando nisso, pesquisadores do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) ligados ao Graps (Grupo de Automação e Prototipação de Sistemas) desenvolveram um projeto buscando melhorar a situação dessas pessoas: trata-se de um sistema de monitoramento que prevê o risco de deslizamentos de terra.

O projeto teve início em março de 2010 e faz parte da dissertação de mestrado em Desenvolvimento de Processos Ambientais, do professor Gilmar Brito Gonçalves, a ser defendida na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), sob orientação do professor Sérgio Murilo Maciel. Entretanto, até o momento, todos os testes foram realizados no Laboratório de Construção Civil do IFPE - Campus Recife, graças a uma colaboração entre membros das duas instituições.

O trabalho se baseia em uma rede de sensores que avalia o risco de queda das barreiras. Para a primeira fase do projeto, um simulador pluvial foi construído. Ele é capaz de testar, em tamanho reduzido, um regime de chuvas previamente definido. Numa das experiências feitas, foram testadas 80 horas de chuvas (um protótipo de morro também foi utilizado). Tudo isso é feito com o intuito de avaliar as características do solo.

Ainda nessa etapa, estão sendo elaborados sensores capazes de medir os parâmetros de interesse dos morros, como nível de umidade, intensidade, precipitação e vibração do solo. Vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesq), o professor Paulo Sérgio Brandão é o responsável pela coordenação nessa parte.

Outro passo será a confecção de uma rede sensorial para coleta de sinais. O objetivo é monitorar, em tempo real, o comportamento das encostas. O trabalho dessa

rede é supervisionado pelo docente Meuse Nogueira.

Gilmar Brito descreve a finalidade do sistema: “A ideia é gerenciar o conjunto de encostas, de forma que esses sensores distribuídos ao longo dele percebam a iminência do desabamento e, a partir disso, enviem informações aos órgãos do governo”.

Depois que os resultados forem alcançados, o trabalho será divulgado em publicações científicas. Existe, inclusive, grande possibilidade de transferência tecnológica para órgãos preventivos, como a Defesa Civil. “Isso só acontecerá depois que o trabalho for patenteado”, revela Paulo Sérgio.

Brito aproveitou para ressaltar o pioneirismo desse sistema. “Apesar dessas situações de deslizamentos de terra serem antigas no mundo inteiro, pouco se tem de conhecimento científico concreto do que ocorre no solo durante a queda. Na maioria das vezes, a análise é baseada em suposições”.

Embora a dissertação tenha prazo para ser entregue (março de 2013), o professor Gilmar Brito destaca a continuidade da pesquisa: “O Graps tem dois anos de existência, já o mestrado, só alguns meses para o término. Então, o mestrado se encerra, mas a pesquisa vai continuar porque a ideia é visualizar o que acontece internamente no solo. O grande trunfo do meu projeto é salvar vidas, ao alertar o perigo à população”, conclui.

Sistema desenvolvido por pesquisadores do IFPE promete prever deslizes de terra em áreas de risco

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professor Gilmar Brito apresenta sistema de monitoramento

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Precisa-se de EngenheirosA interiorização dos Ensinos Técnico e Superior leva ao surgimento de cursos que formam profissionais em carência no Estado

dáfia [email protected]

Pernambuco é hoje um cenário dinâmico de desenvolvimento. As instituições de ensino vêm se preparando para atender a essa nova realidade que se delineia a cada dia. Pensando nisso, o Campus Caruaru do Instituto Federal de Pernambuco implantou, há pouco mais de um ano, o Curso de Bacharel em Engenharia Mecânica, que se insere como alternativa viável, de alto valor agregado, na formação de profissional preparado para atender às demandas do mundo do trabalho.

As oportunidades da área são diversas. Um engenheiro mecânico pode trabalhar em projetos, montagem, fabricação, manutenção, programação e operação de sistemas mecânicos, além de automação e robótica industrial. Nas indústrias, os profissionais podem trabalhar na fabricação de equipamentos, peças, produtos de conformação, soldagem, usinagem e fundição. Ainda faz parte do perfil desse profissional trabalhar com sistemas térmicos de produção de energia e climatização; atividades de planejamento, manutenção e gestão de operações; atividades técnico-comerciais; desenvolvimento de processos assistidos por computador; automação de linhas de fabricação e áreas de pesquisa, como desenvolvimento e aplicação de novos materiais e desenvolvimento de tecnologias automatizadas de preservação ambiental.

O parque industrial do Estado é variado, sendo formado por indústrias de cerâmica, granito e gesso, metalúrgicas, mineradoras, beneficiadoras de alimentos, fabricantes de produtos de plástico, indústrias químicas, sucroalcooleiras, alimentícias, dentre outras. Todas essas indústrias necessitam dos conhecimentos da Engenharia Mecânica. Na cidade de Caruaru, com vocação para a indústria têxtil e a perspectiva de desenvolvimento econômico em

vários ramos, a chegada de um curso voltado para a área industrial tecnológica vem a ser um pontapé inicial para valorização da mão de obra local. “Começar um curso de Engenharia Mecânica exige muita dedicação. A remuneração inicial é muito interessante, mas sabemos que quem escolheu não foi somente por essa possibilidade, foi por se identificar de fato com a área”, ressaltou o coordenador do curso, professor Niédson da Silva. Com a abertura de grandes oportunidades de emprego em razão da vinda de uma montadora de caminhões, indústrias metalúrgicas, empresas alimentícias e montadora de motos, entre outras instalações industriais, somente para a região do entorno do Campus Caruaru, já dá para ter ideia do que aguarda os estudantes e futuros engenheiros. Esse foi um dos motivos que levaram o estudante Pedro Natanael a escolher o curso de Engenharia Mecânica: “Sempre tive em mente a escolha do curso de Engenharia Mecânica, nunca pensei em outra opção. Quando descobri o curso em Caruaru foi ótimo, não precisaria sair da minha cidade para estudar o que sempre sonhei”, destacou.

Caio Magalhães, outro estudante do curso, conta que sempre gostou da área de exatas: “Gostava de matemática, química, física, passei em outros vestibulares, mas acabei escolhendo o IFPE, principalmente depois que conheci os laboratórios e os professores, que são rigorosos, exigindo o melhor dos estudantes”, ressaltou.

Carência - O Brasil precisa suprir uma demanda imediata de 7,2 milhões de profissionais técnicos e cerca de 64 mil engenheiros até 2015. Os estudantes estão atentos a todas as necessidades do mercado de trabalho: de um lado, a chegada de grandes empresas que necessitam de mão de obra local especializada e qualificada para trabalhar imediatamente; do outro, a rede de educação pública, como o Campus Caruaru, que ganha destaque qualificando profissionais para o futuro.

Curso

Bacharelado em Engenharia Mecânica Carga horária: 5.598 horas duração: Cinco anosMatriculados atualmente: 30 estudantes (1º turma)

Mercado

Áreas de Atuação dos Engenheiros Mecânicos:indústria alimentícia; indústria têxtil; Usinas e destilarias; Escritórios de projetos (consultores); indústria petroquímica; Empresas de Representações; indústria Aeronáutica; indústria de Soldagem; indústria Metalmecânica; indústria naval; Sistemas de irrigação; indústria de transformação; indústria de Exploração; Empreendimentos próprios; Assistência técnica.

Piso salarial

Fixado pelo Conselho Regional de Agronomia e Engenharia (Crea), varia entre 7,25 e 8,5 salários mínimos (R$ 4.500 e R$ 5.300)

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Ilustração: Michael Oliveira

Aulas em laboratórios garantem atualização com as práticas do mercado

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Cidadania

Gil [email protected]

Profissionalização devolve sonhos a mulheres de baixa renda

“Foi a sala de aula que me tirou de casa”. O depoimento é de Damiana Deisiane da Silva, 28 anos, do município de Carnaíba (PE). Agricultora, ela encontrou no curso de panificação do programa Mulheres Mil, no Campus Afogados da Ingazeira, mais do que uma oportunidade de profissionalização. “Por causa da minha gordura, não saía de casa. Tinha preconceito comigo mesma”, revela. A situação mudou. Damiana agora só quer saber de aprender. Sonha em abrir uma padaria com as colegas e está superando a timidez. Assim como ela, outras 328 mulheres já foram beneficiadas pelo programa, que tem como objetivo oferecer as bases de uma política social de inclusão e gênero.

Tudo começou há quatro anos com o projeto Culinária Solidária, que beneficiava mulheres da comunidade Chico Mendes, na zona periférica do Recife. A iniciativa era também adotada, de forma pioneira, em outros 12 estados do Norte e Nordeste. Tudo fruto de uma parceria com o governo canadense. A experiência deu tão certo que o projeto virou programa de governo e integra o “Brasil sem Miséria”. O acesso ao emprego e à renda, com foco no empreendedorismo, já é realidade para mais de mil mulheres. O programa cresceu e é oferecido em todo o país, através de 112 Campi da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Atualmente, cerca de 10 mil brasileiras são atendidas. A meta é qualificar 100 mil até 2014.

O IFPE acompanha esse crescimento. O projeto foi levado, numa primeira etapa, aos Campi Afogados, Pesqueira e Vitória. Neste ano, voltou a ser ampliado, desta vez para todos os Campi da instituição. Até o final de 2012, serão 428 beneficiadas. No

Conheça o projeto que virou programa de governo e transforma a vida de brasileiras. É o Mulheres Mil, que aposta na qualificação para transformar sonhos em realidade

próximo ano, cada um dos Campi formará mais cem, o que resultará, no mínimo, em 900 mulheres qualificadas. Os cursos são nas mais diversas áreas, sempre oferecidos de acordo com o diagnóstico realizado sobre as comunidades e com os arranjos produtivos locais. As opções vão desde cuidadoras de idoso, processamento de alimentos, panificação, passando por perfumaria e desenho mecânico, até áreas de turismo e estética.

Cada mulher beneficiada, uma história de vida, um exemplo de superação. Com 36 anos e três filhos, Rita Bezerra dos Santos, estudante do curso de panificação, olha para trás e relembra todas as dificuldades. Engravidou e casou cedo. A separação também não tardou. O esposo era alcoólatra e as experiências de violência doméstica, frequentes. Não restou outra escolha, a não ser abandoná-lo. “Tudo depende de mim mesma. Sou separada há dez anos e não conto com a ajuda do pai na criação dos filhos”, desabafa.

A situação de Rita ilustra bem a realidade de algumas das mulheres do Pajeú, que sofrem com o fenômeno chamado Viúvas

da Seca. É quando há o abandono do lar por parte do pai, que sai em busca de trabalho em outras regiões, ficando a mãe como única provedora do lar, numa situação de extrema vulnerabilidade social. Só depois de passar pela terrível experiência, a mulher conseguiu a oportunidade de retornar à escola, através do Mulheres Mil. Além de aprender, ela trabalha como auxiliar de serviços gerais para um empresa terceirizada no Campus Afogados da Ingazeira, local onde ocorrem as aulas. “Estou muito feliz. Quero abrir um comércio, vender salgados e doces”, sonha.

São exatamente os sonhos que movem todos os envolvidos no projeto. “A gente se impressiona com o crescimento dessas mulheres depois que entram no curso. Há uma retribuição por parte delas, uma doação absurda. Não há recurso que pague. A expressão de agradecimento em seus rostos é algo que emociona. E estou fazendo apenas o meu trabalho”, justifica a professora Marta Magalhães, coordenadora do Mulheres do Pajeú, como o projeto é chamado no Campus Afogados. Mais da metade das contempladas são da

damiana: aprendizagem supera a baixa auto-estima

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zona rural, não só de Afogados, mas das cidades vizinhas. A idade delas vai desde os 18 até os 65 anos. “É impressionante como elas desenvolvem a autoestima no projeto. Quando usam farda, sentem-se importantes”, confessa.

“O programa Mulheres Mil permite o resgate da cidadania e a inclusão de mulheres, em situação de vulnerabilidade, no mundo produtivo. Acredito, no entanto, que a maior conquista é fazer com que a integrante se veja como detentora de qualidades e senhora de seu destino. Autônoma, bela, decidida, empoderada e cheia de possibilidades, enfim, se amando e buscando ser feliz!”, orgulha-se a coordenadora estadual do programa, Cláudia Sansil. Mesmo depois de assumir a Reitoria do IFPE, ela fez questão de continuar no cargo do Mulheres Mil.

“Elas agarram a oportunidade. É gratificante. Fui formada em uma universidade pública. Portanto, é uma forma de devolver para a sociedade tudo aquilo que recebi. É bom perceber que elas mudam a forma de ver o mundo, a forma de reagir aos problemas”, orgulha-se a professora do Campus Afogados, Isla Barbosa. Nutricionista, ela dá aula de Higiene e Manipulação de Alimentos e tem razão quando fala que as estudantes agarram a oportunidade.

É o caso das irmãs Severina Juvino da Silva, 43 anos, e Maria de Lourdes da Silva, 48 anos.

Elas moram em uma comunidade quilombola, a 18 km de distância da zona urbana de Carnaíba, na região Sertão do Pajeú. Em dia de aula, acordam na madrugada e se deslocam até a cidade. De lá, pegam um outro transporte até Afogados. O curso de panificação é uma forma de profissionalizar uma atividade que já desenvolvem. As duas fazem pães, panetones e bolos de macaxeira. Os produtos são vendidos na feira da cidade e nas escolas da região. “Apesar de sermos pobres, somos muito teimosas. Nunca paramos de correr atrás”, contam.

Severina mora em uma casa com três filhos e o marido. Todos desempregados. Ela confecciona tudo em casa mesmo. “A despesa é alta. O lucro não é grande. Fazemos os pães de forma manual. É bem diferente das técnicas que estamos aprendendo. Aqui, usamos equipamentos. Lá a massa é feita na força do braço. Tá sendo muito bom o aprendizado”, diz. Já a irmã, Maria de Lourdes, ressalta a perseverança das duas. Elas já passaram por cursos de mandiocultura e cajucultura. Foi através deles que aprenderam a trabalhar com pães e bolos. “No início, eramos um grupo grande. Hoje, somente nós duas continuamos com o serviço. A gente fica tentando ir para frente. As dificuldades são muitas, mas não podemos deixar de sonhar”, desabafam.

A perseverança dessas mulheres pode ser comprovada na frequência, em torno de 98%. As pouquíssimas faltas são justificadas com atestados médicos. Elas recebem uma ajuda de custo, que combate a evasão. O Mulheres Mil ainda dá suporte para que voltem à escola, através de parcerias com prefeituras e Governo do Estado, que executam programas como como ProJovem e trabalham com Educação de Jovens e Adultos (EJA). Até programas institucionais, como o PROIFPE, já beneficiam as estudantes do programa. Tudo para elevar a escolaridade. O curso proporciona um contexto de desenvolvimento. Não só social, mas de sonhos. Após retornarem à sala de aula, mais do que exercer uma profissão, elas vão atuar como cidadãs críticas dentro das perspectivas pessoais, profissionais, sociais e culturais.

Campi Cursos

Afogados da Ingazeira Processamento de Frutos; Panificação.

Barreiros Processamento de Alimentos; Panificação

Belo Jardim Processamento de Frutos; Panificação

Caruaru Corte e Costura.

Garanhuns Corte e Costura; Cabeleireiro.

IpojucaDesenho Mecânico; Turismo Receptivo; Empreendedorismo; Perfumaria e Essências.

PesqueiraCorte e Costura; Cuidadora de idosos e neo natal; Gestão de Produção.

Recife Culinária.

Vitória de Santo Antão Panificação; Beleza e Estética; Secretariado; Culinária.

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Alunas quilombolas percorrem cerca de 18 km para assistirem às aulas

processamento de frutos é um dos cursos ofertados no Campus Afogados

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Participação é a palavra de ordem

Juliana [email protected]

Construção coletiva de planejamento turístico aponta soluções para comunidade

Quem está de férias, num fim de semana ou tem de se deslocar por causa de negócios, viaja. Turistar virou verbo fácil em rodas de amigos e nos planos de quem pretende conhecer novos lugares e culturas. Pensando nisso, e tentando aliar sustentabilidade econômica, social e ambiental numa só iniciativa, um projeto de extensão do Campus Barreiros se propôs a implantar um modelo de planejamento turístico em um dos assentamentos da reforma agrária da cidade, baseando-se nos princípios de Turismo de Base Comunitária. O resultado? Atitude.

“A gente vai, faz as coisas e quer ser ouvido”, diz Paulo Alves da Silva, morador do assentamento Bom Jardim. Empolgado com as consequências do projeto, ele aponta numa agenda improvisada datas para reuniões com representantes de outras organizações enquanto fala sobre medidas que tomou em sua parcela. “O projeto nos dá

apoio, orientação. Envolvimento é importante”, garante ele.

A partir da análise dos 14 assentamentos rurais existentes em Barreiros, o de Bom Jardim foi escolhido para receber o projeto, já que apresentava as melhores condições para a implantação. Foram realizadas reuniões entre moradores do assentamento e equipe do projeto, a fim de torná-lo conhecido e, antes de tudo, saber se os assentados queriam que a iniciativa fosse realizada ali. Depois, mais reuniões – desta vez, com o objetivo de detectar pontos fortes e fracos do local.

Os encontros deram origem a 11 planos de ação elaborados em conjunto com a comunidade, dos quais três foram considerados prioritários para execução: a implantação do Plano de Desenvolvimento do Assentamento (PDA); recuperação de nascentes e olhos d’água localizados na comunidade; e implantação da sede, um local para a hospedagem e para o restaurante.

De acordo com o coordenador do projeto, Plínio Sousa, a proposta era simples: envolver a comunidade

em todas as ações realizadas e, ao mesmo tempo, empoderá-la. “As atividades produtivas, a história do assentamento, a cultura local, enfim, todos estes pontos são atrativos turísticos. Queríamos colocar de uma forma que não fosse impositiva e sem discussões ou envolvimento da comunidade, mas sim que permitisse que todos ganhassem com a experiência”, aponta ele.

No caminho para a realização do objetivo principal do projeto de extensão, as colaborações e parcerias tiveram presença garantida. Um exemplo foi a parceria firmada com o Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, através de projeto para recuperação das nascentes.

“Tenho até que mostrar meus peixes para a professora Hélida”, diz, entusiasmado, Isaías Carneiro Costa, também morador do assentamento. Em sua parcela, Isaías faz de tudo: além dos peixes, cria gado e cultiva milho, macaxeira, inhame e uma diversidade de frutas. Assim como Paulo, citado no início da matéria, ele é amigo de Claudemir Pereira e José Jerônimo

Souza, o Zé Pretinho, que também participaram ativamente das fases da implantação. “A gente quer é que continue, que a gente possa melhorar cada vez mais”, garante Zé.

Com a participação dos assentados em todas as fases do processo, o empreendedorismo marcou a iniciativa. As oficinas ministradas pelas professoras do Campus Barreiros Raiene Fabiciack e Hélida Melo, sobre apicultura e piscicultura, respectivamente, e a assistência técnica prestada pelas docentes em suas respectivas áreas de atuação permitiram aos assentados não só a troca de conhecimentos mas também novas possibilidades e alternativas.

Perguntado sobre a contribuição que o projeto tenha dado à comunidade, Plínio adianta que a iniciativa não é um fim, mas sim um processo de construção. “É um desafio desconstruir uma cultura de dependência de um provedor para construir uma cultura de empreendedorismo. O que tentamos fazer é possibilitar à comunidade a conscientização de que eles podem protagonizar todo o processo”, diz ele.

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projeto de extensão incentiva o turismo de base comunitária em assentamento

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Aliando tecnologia e diversão, jogos eletrônicos educativos podem auxiliar o ensino

um dos principais ensinamentos é que o desenvolvimento dos jogos educativos vai além das questões técnicas. É preciso um programa que conquiste pais, professores e, claro, o jogador.

“O primeiro passo na elaboração do jogo é saber qual o perfil do público, a faixa etária dele, para definir o nível do game”, explica Mailson Santos, estudante do 2º período do curso técnico subsequente em Informática do Campus Garanhuns. Colega de turma, Felipe Guimarães, ressalta a importância da dificuldade como atrativo. “As fases do jogo não podem ser facilmente superadas, o jogador está em busca de desafio”, afirma o aluno, acrescentando que o game precisa ter uma interface esteticamente agradável.

A promoção da interatividade entre usuários, a competição saudável, a inovação constante e a autonomia do jogador são apenas alguns dos pontos positivos dos jogos que facilitam o aprendizado. Mas o jogar não pode ser um ato mecânico, ele precisa despertar a reflexão no estudante. Só assim ele será realmente um auxílio eficaz no processo de aprendizagem. Anderson Alves, também estudante do curso de Informática e participante do curso de Jogos Eletrônicos, é entusiasta com a nova ferramenta, mas pondera o seu uso na educação: “o jogo eletrônico não vai salvar a educação e muito menos substituir o professor, ele vai ajudar na concentração, no raciocínio lógico e nas habilidades do estudante/jogador, sendo uma ajuda a mais no ensino”.

Mas será que as escolas e os

Greiciane [email protected]

Bonecas, carrinhos e quebra-cabeças fizeram parte da infância de muita gente. Hoje, esses brinquedos estão perdendo espaço para brincadeiras mais tecnológicas. Jogos para computador e celular fazem sucesso com a criançada, que chega a ficar várias horas do dia vidrada na tela tentado passar para a próxima fase, “zerar” aquele jogo de sucesso ou conquistar territórios em jogos em rede. Mas, se na disputa com os brinquedos tradicionais, o placar já é mais favorável à tecnologia, o que dizer quando o embate é com os livros? Os pais sabem como é difícil tirar os filhos da frente da TV e fazê-los estudar.

O fascínio que o game provoca é inegável e, diante de uma competição desigual, a melhor solução é fazer da tecnologia uma aliada. Para isso, são cada vez mais comuns os jogos eletrônicos com fins educacionais, um novo filão na área da informática. Atento a essa nova demanda, o Campus Garanhuns do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) ofereceu como atividade de extensão, gratuita e aberta à comunidade, o curso Jogos Eletrônicos para Educação, como forma de incentivar a criação de games como ferramenta lúdica para aprendizagem. Com essa proposta, o sucesso foi garantido nas duas oportunidades em que o curso foi oferecido e nas palestras dadas pelo Prof. Romero Araújo, responsável pelo projeto. No curso,

Um novo jeito de aprender

Tecnologia

professores estão preparados para lidar com o novo recurso tecnológico? A pedagoga Márcia Girlene responde que não.

“A escola precisa se preparar para essa e outras tecnologias tanto em seu espaço físico como em seu recurso humano e no processo de ensino. Não basta adquirir os equipamentos, é fundamental saber usá-los”, explica.

A educadora também afirma que até mesmo um jogo que não tem, a

princípio, fins educativos, pode ser usado ao ministrar um conteúdo, como forma de ilustração.

Nesse novo cenário de educação que se desenha, de um lado estão estudantes ávidos por tecnologia e, do outro, escolas tentando atrair a atenção de seus alunos em meio a tantas ofertas externas tentadoras. Para uni-los, os games eletrônicos podem ser de grande valia. E o aluno ainda aprende brincando.

Ilustração: Michael Oliveira

no Campus Garanhuns, a educação recebe incentivo através de jogos

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O primeiro Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Especiais (Napne) surgiu no Campus Recife – unidade mais antiga do IFPE, e, atualmente, está presente em todos os Campi, tendo sua própria instalação e coordenador.

O Núcleo é um local de amparo a pessoas que possuem algum tipo de necessidade ou limitação. Seus coordenadores são responsáveis por fazer o link entre o Campus e a Reitoria, sendo realizadas reuniões mensais para tratar questões de estruturação e discutir ações.

“O Napne, na realidade, é um ambiente onde as pessoas podem encontrar alguém para apoiar-se e receber orientação, além de ser um local de articulação”, destaca Roberta Silva, coordenadora de Políticas Inclusivas da Reitoria.

Cada Núcleo é independente. Embora hajam atividades conjuntas, os campi têm autonomia para realizar suas próprias ações, como é o caso da Semana da Pessoa com Deficiência, evento promovido pela coordenação do Napne do Campus Pesqueira, que tem como principal função sensibilizar a comunidade para a inclusão.

A última edição da Semana da Pessoa com Deficiência aconteceu no final do mês de setembro. Para Roberta, houve uma evolução no que diz respeito à conscientização. “Percebi um desenvolvimento muito grande. Já existe uma integração do Campus com algumas instituições que trabalham com pessoas limitadas. Senti uma maturidade maior nas apresentações, mesas redondas e nas questões abordadas”, diz. Um coral de libras, uma banda marcial composta por cadeirantes e o lançamento do livro “Os garotos especiais e o super cadeirante”, foram algumas das atividades ligadas à educação inclusiva, presentes nos três dias de evento.

Segundo Alaíde Cavalcanti, que além de coordenadora do Napne de Pesqueira, é chefe da Divisão de Assistência Estudantil e Assistente Social, a promoção de eventos desse tipo é fundamental para que haja uma inclusão eficiente. “Ações como esta são bastante importantes porque geralmente não se pensa nesse público específico. A sensibilização e a divulgação são o primeiro passo para que haja a inclusão de fato”, ressalta.

Para Alaíde, a chegada de Danilo, primeiro estudante surdo, no Campus é fruto de um projeto prévio

de divulgação e conscientização em escolas da comunidade, onde estudavam jovens com necessidades especiais. A partir desse trabalho, no ano em que Danilo entrou, houve um aumento nas inscrições de pessoas com necessidades especiais. A expectativa é de que a procura aumente a cada ano.

Com a temática “Napne na construção dos quatro pilares da Educação”, o Campus Belo Jardim também promoveu, no início de novembro, a primeira edição do Seminário da Pessoa com Deficiência, trazendo a proposta de levar os participantes a aceitarem as diferenças e a respeitarem os deficientes.

Acessibilidade – Em meio a todas essas ações inclusivas, os Núcleos também devem desempenhar um papel fiscalizador da acessibilidade nos campi. O Campus Recife, por exemplo, já passou por diversas obras para tentar garantir mecanismos de acessibilidade, a exemplo de rampas para cadeirantes e disponibilização de elevador, mas ainda é preciso mais.

Para a deficiente visual Ana Wanessa Vasconcelos Dias, 18 anos, estudante desde 2010 do curso de Segurança do Trabalho, o Campus ainda necessita de muitas reformas. “Corredores sem piso tátil, salas sem referenciais em braile, apenas um elevador e a não disponibilização de pessoas especializadas para o assessoramento e acompanhamento em sala de aula são as principais dificuldades encontradas”, relata.

A aluna, que todos os dias vem acompanhada da mãe para assistir às aulas, diz que sempre contou com a boa vontade de muitos professores e servidores. “Tenho em minha caminhada professores excelentes, e que fazem de tudo para me ajudar. Devido a isso venho tendo um ótimo desempenho no meu curso”, afirma.

Outra dificuldade, de acordo com Wanessa, é a inserção dos deficientes na comunidade acadêmica, já que muitos não possuem conhecimento e nem aceitam de forma natural a inclusão social. Os Napnes podem ter papel fundamental nessa ação. “O IFPE é como minha segunda casa e acredito que juntos podemos progredir muito, tornando nossa instituição exemplo de inclusão e aceitação do que muitos ainda julgam como diferente e difícil de lidar”, conclui.

Núcleos de apoio desenvolvem ações para a educação inclusiva e acessibilidade em todos os Campi do IFPE

Em nome da Inclusão SocialPatrícia Fé[email protected]

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Inclusão

Ana Wanessa tem acesso a publicações em braile na biblioteca do Campus Recife

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Já foram apontadas cidades que irão receber as primeiras ações in loco?

Pernambuco tem cinco sertões (Pajeú, Moxotó, Araripe, Petrolina e Central), com mais de 80 municípios. Atuaremos inicialmente em localidades próximas aos Campi Afogados, Pesqueira e Belo Jardim, sempre partindo de demandas e localidades sugeridas pela base (conselhos e sindicatos, por exemplo).

Qual a importância do envolvimento do IFPE em ações e discussões sobre a convivência no semiárido?

É como escreveu Malvezzi: “a convivência com o semiárido precisa começar dentro das escolas”. Identificar demandas locais na área de atuação dos Campus, desenvolver projetos de pesquisa e extensão relacionados ao tema, e incluir a comunidade nestes projetos através de ações de ensino mostram não só a relevância do IFPE nas discussões voltadas à educação e convivência no semiárido, como também representam o comprometimento da instituição com a sociedade.

Entrevista

Várias vozes, uma missão

Fórum se propõe à construção democrática

de propostas relacionadas à educação e convivência

no semiárido

Quem acompanha o noticiário sabe: em 2012, a seca é tema frequente. Nesta entrevista, o professor do Campus Barreiros e presidente do Fórum Permanente do IFPE para a Convivência no Semiárido, Marcelo Rodrigues, fala sobre a atuação, esforços e desafios que serão enfrentados pelo Fórum na promoção de ações que beneficiem o semiárido. “É uma iniciativa motivada não só pelas circunstâncias, mas também pelo comprometimento da instituição com a sociedade”, resume ele.

Por que foi criado o Fórum Permanente do IFPE para a Convivência no Semiárido?

O Fórum é criação da reitora, Cláudia Sansil, realizado através da Pró-reitoria de Extensão, à qual o Fórum está vinculado. Dele participam representantes da Reitoria e de todos os campi do IFPE, além da UFPE, UFRPE e secretarias estaduais da Mulher, do Meio Ambiente, de Agricultura e da Educação. O Fórum foi criado para atuar como espaço democrático de discussão permanente, voltado à construção de propostas que contribuam para a educação e convivência no

semiárido. Por isso, já solicitamos nossa inclusão em outros espaços de discussão, como o Comitê Integrado de Combate à Estiagem na Região do Semiárido Brasileiro no Estado de Pernambuco e Conselho de Desenvolvimento Sustentável.

Existe um plano de metas do Fórum para 2013?

Considerando o caráter permanente do Fórum, visamos a ações contínuas e temos uma série de encaminhamentos e propostas de ação, que serão submetidos para aprovação.

Quais os principais desafios que serão enfrentados?

Sensibilizar os docentes nas diferentes áreas do conhecimento e correlacionar ações de pesquisa e extensão existentes no IFPE com o semiárido representam pontos dos mais estimulantes. A delimitação da área geográfica de nossa ação inicial é das questões mais importantes, bem como a identificação das formas de atuação in loco mais adequadas (minicursos, palestras, iniciativas culturais; se serão semanais ou mensais, por exemplo).

Quais as principais contribuições que o Fórum pode oferecer nas discussões e ações referentes à seca na região?

O semiárido é um ambiente cujo grande problema está no contexto político e social, onde estão a situação de extrema pobreza e o baixo Índice de Desenvolvimento Humano, por exemplo. Várias ONGs atuam lá atualmente, além de ações de infraestrutura do Governo Federal e Estadual. Identificar um só espaço de atuação para o IFPE neste cenário não é fácil – daí a importância de participarmos de outros espaços de discussão. Cursos, palestras e outras ações já vêm sendo realizadas há anos e representam o início de um trabalho, mas, numa perspectiva de continuidade, é muito pouco. Por isso, um dos grandes desafios do Fórum é a sensibilização, de forma organizada e planejada. Temos um corpo docente extre-mamente qualificado. E sendo o Fórum capitaneado pela Proext, a participação dos coordenadores de extensão em seus campi será decisiva para as primeiras ações do Fórum.

Juliana [email protected]

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professor Marcelo Rodrigues e os desafios da seca no semiárido

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Cultura

“De ordem do rei dos Cavaleiros, a cavalhada vai começar! Fitas e fitas... Fitas e fitas... Fitas e fitas... Roxas, verdes, brancas, azuis”. O colorido das festas de interior do Nordeste descrito no trecho do poema A Cavalhada, do pernambucano Ascenso Ferreira, resume a diversidade expressa pelo LiterAtos. O grupo de recital, criado este ano no Campus Vitória de Santo Antão, leva aos palcos uma mistura de poesia, música e teatro para retratar costumes e manifestações culturais da região da Zona da Mata de Pernambuco.

Composto pelos estudantes Michelson Lima, Dayvson Donozor, Érickes Alberto, Diogo Henrique, Caroline França, além do professor de Língua Portuguesa Rafael de Oliveira, o LiterAtos interpreta o universo interiorano representado em textos de poetas como Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e em loas de folguedos populares. “É um grupo de pessoas que gostam de poesia, gostam da arte. Penso que seria também um resgate das cantigas, dos

Poesia, música e teatro para falar de PernambucoGrupo LiterAtos busca resgatar cantigas, folguedos e costumes da Zona da Mata

Hugo Peixoto

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folguedos e da música, pois temos uma pincelada de Literatura de Cordel, Coco, Maracatu e Cavalo Marinho”, explica o professor Rafael, membro da Academia Vitoriense de Letras e que também tem poesias recitadas.

Ele conta que a ideia surgiu a partir da iniciativa dos próprios alunos, que o procuraram após assistirem em sala de aula ao filme Sociedade dos Poetas Mortos (EUA, 1990). “Depois vieram Caroline - que trouxe a experiência do teatro - e Diogo, com a percussão. Assim formou-se o LiterAtos, literatura com teatro”, resume.

Chapéus de palha, sandálias de couro e camisas de botão compõem o figurino, que foi pensado para a primeira apresentação, em uma feira de artesanato, e caiu no gosto do público por utilizar objetos como mamulengos, burrinhas de carnaval, enxada, fitas coloridas e brinquedos populares, como rói-rói, Mané gostoso, boneca, tambor e rato de corda, estes pendurados em uma armação de guarda-chuva. A cada apresentação novos elementos são acrescentados,

assim como novos textos. “A intenção é que eles descubram autores, obras, por isso sempre peço para que eles tragam textos para que possamos interpretá-los”, comenta Rafael.

Essa liberdade de escolha e de criação é destacada pelos demais integrantes, que se encontram todas as quartas-feiras para definir os textos e ajustar as interpretações. “A criatividade é fundamental. Quando Rafael trouxe A Cavalhada, nos deu liberdade total para criar e improvisar. Nós ensaiamos e contamos com a opinião de todo grupo até chegarmos ao formato que apresentamos hoje”, explica Michelson, cuja opinião é reforçada pelo colega Diogo, responsável pela parte musical: “Não há nada que seja muito fechado, padronizado. Na percussão, percebemos o instrumento mais adequado para aquele ato e tocamos.”

Dependendo do tempo disponível e do perfil do público do evento, as apresentações são divididas de cinco a sete atos, os quais são alternados com explicações sobre os poetas e suas

obras ou com passos de Coco - um recital diferente do que os estudantes imaginavam. “Eu achava que seria algo mais formal, decorado, mas tanto nos ensaios quanto no palco, nós vivemos o texto”, afirma Dayvson. “Nós passamos alegria para o público”, completa Erickles.

Além das apresentações, de acordo com o professor Rafael, o LiterAtos planeja ainda pesquisar cantigas populares e montar uma biblioteca de literatura popular. Porém, os resultados da iniciativa já podem ser vistos no próprio grupo: “mudei a maneira de ver a poesia pernambucana” resume Caroline França. “Esperamos crescer ainda mais, não pela fama, mas para propagar ainda mais conhecimento sobre a cultura popular”, conclui Michelson.

na página oficial do iFpE no Facebook você encontra um ensaio fotográfico do LiterAtos. As fotos foram realizadas em uma área de canavial, dentro do Campus Vitória de Santo Antão. Acesse www.facebook.com/ ifpeoficial e confira.

“temos uma pincelada de Literatura de Cordel, Coco, Maracatu e Cavalo Marinho”, diz Rafael

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