Açoriano oriental nº15

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Tiragem: 4630 País: Portugal Period.: Diária Âmbito: Regional Pág: 15 Cores: Preto e Branco Área: 23,00 x 30,90 cm² Corte: 1 de 1 ID: 64170440 26-04-2016 II I IIP4 ih PAGINA DELEGAÇ I\ Ã E O N R S A E G L I D O AN A L DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS f'd PORTUGUESES ORDEM DOS PSICOLOGOS Nota de Abertura Liberdade: um conceito, um ideal ou mais que isso? Num mês, e num país, em que se celebra de forma intensa e séria a liberdade da pátria e de cada um, é impossível não se refletir sobre ela. O conceito e sua definição conferem a qual- quer pessoa o direito a agir se- gundo a sua vontade, com uma tomada de decisão autó- noma, responsável e respeito- sa não apenas pela liberdade do próprio mas também pela liberdade do outro, estando condicionada a um tempo e espaço em que os mesmos se inserem, não sendo, por isso, uma liberdade absoluta. Sava- ter afirmava não poder fazer- se tudo o que se pretendia mas que ninguém era obrigado a aspirar à concretização de apenas um interesse. Referia ainda que cada pessoa não era livre para escolher o que lhe ocorria mas era livre para agir de determinada forma ao que lhe ocorria. Recorde-se que, e tendo por base uma das pre- missas da psicologia, se com- portamento gera comporta- mento também a liberdade do outro condiciona e é condicio- nada pela liberdade do pró- prio. E se o todo é mais que a soma das suas partes, também às partes individualizadas de- verá ser dado o seu valor pois sem estas o todo deixa de fazer (o mesmo) sentido. Valorize- mo-nos e responsabilizemo- nos pela importância que te- mos e assumimos. • PATRICIA ALEXANDRA SANTOS Afirmar os Psicólogos Afinal o que é e para que serve? A Neuropsicologia constitui-se como uma especialidade dentro da vasta panóplia de áreas abran- gidas pela Psicologia. Pode ser re- sumidamente definida como a ciência que relaciona cérebro, a sua função e estrutura com o com- portamento humano. Apesar de ser uma área relativamente re- cente, como ciência estabelecida, poderá ser interessante saber, a ti- tulo de curiosidade, que as suas origens remontam à terceira di- nastia do Antigo Egipto quando Imhotep passou a ter uma abor- dagem mais científica dos fenó- menos comportamentais. Feito um longo caminho, cheio de períodos de grande "escuridão científica e metodológica" de mais de 5500 anos, a neuropsi- cologia é hoje uma área da saú- de em franca expansão muito graças, também, ao avanço da tecnologia que permite a utiliza- ção de instrumentos de medida neurofisiológica e de neuro ima- gem cada vez mais precisos, fa- cilitando a relação entre afunção do cérebro e as suas manifesta- ções cognitivas, emocionais e/ou comportamentais. Em termos de áreas de inter- venção, pelo mundo, é comum en- contrar neuropsicólogos em cen- tros de investigação, centros clínicos ou forenses. Para sumariar o que se torna- ria, de outro modo, uma descri- ção demasiado longa, a neurop- sicologia tem um papel relevante na avaliação e diagnóstico dos problemas que decorram da dis- função por lesão (desenvolvi- mental ou adquirida) do cére- bro, em qualquer idade, desde os problemas de desenvolvi- mento neuronal peri natais, pas- sando por traumatismos, AVC's, o envelhecimento cerebral pa- tológico que pode dar origem às tristemente afamadas demên- cias e muitas outras patologias e fatores. São também avaliadas dificul- dades específicas de aprendiza- gem que se relacionem comfalhas em funções cognitivas específicas como a atenção, a concentração ou a capacidade de acesso à in- formação memorizada. Uma outra função importante que o neuropsicólogo acaba por ter é a do diagnóstico diferencial. É frequentemente pedido ao neu- ropsicólogo que ajude a clarificar um diagnóstico de hiperativida- de com défice de atenção, tantas vezes mal atribuído, que distinga sintomatologia depressiva e/ou ansiosa de perda cognitiva quan- do se manifestam esquecimentos mais frequentes que o habitual a partir da chamada "meia idade", que ajude a distinguir entre de- mência tipo Alzheimer, demên- cia fronto temporal, demência vascular ou qualquer outra destas síndromes. O trabalho do neuropsicólogo não se limita, no entanto, à mera avaliação e diagnóstico. A esti- mulação e a reabilitação das fun- ções cognitivas alteradas é uma parte absolutamente fulcral do nosso trabalho. Usando diversos tipos de instrumentos e metodo- logias de intervenção é-nos possí- vel acelerar grandemente o pro- cesso de recuperação cognitiva em caso de AVC, por exemplo, ou de melhorar significativamente o ren- dimento académico de umjovem em idade escolar, ou ainda de po- tenciar as funções cognitivas e, por conseguinte, a disponibilidade e o nível de performance cerebral de um adulto com uma vida profis- sional particularmente exigente. Uma nota final para um aspeto muitas vezes negligenciado - a in- tervenção do neuropsicólogo não se limita a pessoas que tenham pa- tologia. Existe muito afazer no que diz respeito ao neuro fitness, con- ceito que remete para um estado de máxima funcionalidade cere- bral (um cérebro em forma, por as- sim dizer). Neste âmbito a inter- venção psicológica tornar-se num verdadeiro ginásio para o cérebro, mantendo e potenciando as suas funções o que se torna de enorme relevância, por exemplo, na pre- venção dos processos demenciais. E importante que a sociedade se vá familiarizando com esta vertente da psicologia uma vez que ela constitui cada vez mais uma ferramenta importante na melhoria da saúde mental e na promoção do bem-estar das pes- soas. • JOÃO RIBEIRA COORDENAÇÃO MARIA DA LUZ MELO 1 EQUIPA EDITORIAL: PATRÍCIA SANTOS, RAQUEL VAZ DE MEDEIROS, NUNO NUNES E RICARDO BRASIL 1 EMAIL [email protected] A Neuropsicologia DIRETOS RESERVADOS Eventos/Iniciativas em abril e maio DRA com diferentes Neste mês de Abril a DRA esteve, acompanhada pela Direção Na- cional, na ilha Terceira. Decor- reram sessões sobre estágios pro- fissionais, processo de especialidades, "Sentir a Psico- logia", Riscos Psicossociais e a en- trega dos KIT's de formação "1000 Psicólogos para interven- ção em situação de catástrofe". Ainda na Terceira, reuniram com a Direção Regional da Saúde, com a Inspeção Regional do Trabalho e com o Serviço Regional de Pro- teção Civil e Bombeiros dos Aço- res. Numa ronda pela RAA, a DRA deslocou-se ainda à ilha de iniciativas S. Jorge cumprindo os mesmos objetivos delineados para a ilha Terceira no que ao processo de es- pecialidades e sessão "Sentira Psi- cologia" disse respeito. Reuniram, ainda, com alguns colegas e suas entidades profissionais, a saber: Unidade de Saúde de Ilha de S. Jorge, Escola Básica e Secundá- ria das Velas e Escola Profissional de S. Jorge. Já em S. Miguel, e também numa ação conjunta, DRA e DN reuniram os colegas na sessão "Sentir a Psicologia", como Instituto de Segurança So- cial dos Açores e com a Univer- sidade dos Açores onde decorre- ram as sessões da "Academia OPP", destinadas aos alunos de psicologia do12 e 30 anos e aos do- centes e investigadores de psico- logia. Decorreu ainda, no segun- do fim de semana do mês, o 30 programa na Rádio Atlântidafo- cando a especialidade da Psicolo- gia Clínica - Intervenção sisté- mica e da Saúde. Finalmente, deu-se início, nas instalações da DRA, ao curso em formato b- learning "Avaliar, Diagnosticar e Intervir" levado a cabo pela Dr.a Maria João Silva e às sessões do Espaço OPP - Desenvolvimento Pessoal. • Em abril a DRA estará presente nas comemorações do "Dia Mun- dial de Segurança e Saúde no Trabalho: Prevenção de riscos profissionais" a realizar na Hor- ta, em Angra do Heroísmo e em Ponta Delgada nos dias 27, 28 e 29, respetivamente. Em Maio decorrerão as últi- mas sessões do Espaço OPP - Desenvolvimento Pessoal (Coa- ching para a Carreira) e irá ini- ciar-se o curso em formato b- leaming "Dilemas na Prática, o que Fazer? - Os dilemas éticos na prática profissional Clíni- ca e da Saúde". No dia14 decor- rerá o 4-0 programa na Rádio Atlântida sob o mote da especia- lidade de Psicologia da Educação. No dia 18 estará em Ponta Del- gada, a convite da DRA, o Dr. Pe- dro Almeida, psicólogo e coorde- nador do departamento de psicologia do desporto do Sport Lisboa e Benfica, numa sessão aberta técnicos de diferentes áreas (das 14h às 17h) e num workshop para psicólogos (das 18h às 21h). •

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Tiragem: 4630

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Regional

Pág: 15

Cores: Preto e Branco

Área: 23,00 x 30,90 cm²

Corte: 1 de 1ID: 64170440 26-04-2016

II IIIP4 ih

PAGINADELEGAÇI\Ã EON RS AE GL I DOAN A L

DA ORDEM DOS PSICÓLOGOS f'd PORTUGUESES

ORDEM DOS PSICOLOGOS

Nota de Abertura

Liberdade: um conceito, um ideal ou mais que isso? Num mês, e num país, em que se celebra de forma intensa e séria a liberdade da pátria e de cada um, é impossível não se refletir sobre ela. O conceito e sua definição conferem a qual-quer pessoa o direito a agir se-gundo a sua vontade, com uma tomada de decisão autó-noma, responsável e respeito-sa não apenas pela liberdade do próprio mas também pela liberdade do outro, estando condicionada a um tempo e espaço em que os mesmos se inserem, não sendo, por isso, uma liberdade absoluta. Sava-ter afirmava não poder fazer-se tudo o que se pretendia mas que ninguém era obrigado a aspirar à concretização de apenas um interesse. Referia ainda que cada pessoa não era livre para escolher o que lhe ocorria mas era livre para agir de determinada forma ao que lhe ocorria. Recorde-se que, e tendo por base uma das pre-missas da psicologia, se com-portamento gera comporta-mento também a liberdade do outro condiciona e é condicio-nada pela liberdade do pró-prio. E se o todo é mais que a soma das suas partes, também às partes individualizadas de-verá ser dado o seu valor pois sem estas o todo deixa de fazer (o mesmo) sentido. Valorize-mo-nos e responsabilizemo-nos pela importância que te-mos e assumimos. • PATRICIA ALEXANDRA SANTOS

Afirmar os Psicólogos

Afinal o que é e para que serve?

A Neuropsicologia constitui-se como uma especialidade dentro da vasta panóplia de áreas abran-gidas pela Psicologia. Pode ser re-sumidamente definida como a ciência que relaciona cérebro, a sua função e estrutura com o com-portamento humano. Apesar de ser uma área relativamente re-cente, como ciência estabelecida, poderá ser interessante saber, a ti-tulo de curiosidade, que as suas origens remontam à terceira di-nastia do Antigo Egipto quando Imhotep passou a ter uma abor-dagem mais científica dos fenó-menos comportamentais.

Feito um longo caminho, cheio de períodos de grande "escuridão científica e metodológica" de mais de 5500 anos, a neuropsi-cologia é hoje uma área da saú-de em franca expansão muito graças, também, ao avanço da tecnologia que permite a utiliza-ção de instrumentos de medida neurofisiológica e de neuro ima-gem cada vez mais precisos, fa-cilitando a relação entre afunção do cérebro e as suas manifesta-ções cognitivas, emocionais e/ou comportamentais.

Em termos de áreas de inter-venção, pelo mundo, é comum en-contrar neuropsicólogos em cen-tros de investigação, centros clínicos ou forenses.

Para sumariar o que se torna-ria, de outro modo, uma descri-ção demasiado longa, a neurop-sicologia tem um papel relevante na avaliação e diagnóstico dos problemas que decorram da dis-função por lesão (desenvolvi-mental ou adquirida) do cére-bro, em qualquer idade, desde os problemas de desenvolvi-mento neuronal peri natais, pas-

sando por traumatismos, AVC's, o envelhecimento cerebral pa-tológico que pode dar origem às tristemente afamadas demên-cias e muitas outras patologias e fatores.

São também avaliadas dificul-dades específicas de aprendiza-gem que se relacionem comfalhas em funções cognitivas específicas como a atenção, a concentração ou a capacidade de acesso à in-formação memorizada.

Uma outra função importante que o neuropsicólogo acaba por ter é a do diagnóstico diferencial. É frequentemente pedido ao neu-ropsicólogo que ajude a clarificar um diagnóstico de hiperativida-de com défice de atenção, tantas vezes mal atribuído, que distinga sintomatologia depressiva e/ou ansiosa de perda cognitiva quan-do se manifestam esquecimentos mais frequentes que o habitual a

partir da chamada "meia idade", que ajude a distinguir entre de-mência tipo Alzheimer, demên-cia fronto temporal, demência vascular ou qualquer outra destas síndromes.

O trabalho do neuropsicólogo não se limita, no entanto, à mera avaliação e diagnóstico. A esti-mulação e a reabilitação das fun-ções cognitivas alteradas é uma parte absolutamente fulcral do nosso trabalho. Usando diversos tipos de instrumentos e metodo-logias de intervenção é-nos possí-vel acelerar grandemente o pro-cesso de recuperação cognitiva em caso de AVC, por exemplo, ou de melhorar significativamente o ren-dimento académico de umjovem em idade escolar, ou ainda de po-tenciar as funções cognitivas e, por conseguinte, a disponibilidade e o nível de performance cerebral de um adulto com uma vida profis-

sional particularmente exigente. Uma nota final para um aspeto

muitas vezes negligenciado - a in-tervenção do neuropsicólogo não se limita a pessoas que tenham pa-tologia. Existe muito afazer no que diz respeito ao neuro fitness, con-ceito que remete para um estado de máxima funcionalidade cere-bral (um cérebro em forma, por as-sim dizer). Neste âmbito a inter-venção psicológica tornar-se num verdadeiro ginásio para o cérebro, mantendo e potenciando as suas funções o que se torna de enorme relevância, por exemplo, na pre-venção dos processos demenciais.

E importante que a sociedade se vá familiarizando com esta vertente da psicologia uma vez que ela constitui cada vez mais uma ferramenta importante na melhoria da saúde mental e na promoção do bem-estar das pes-soas. • JOÃO RIBEIRA

COORDENAÇÃO MARIA DA LUZ MELO 1 EQUIPA EDITORIAL: PATRÍCIA SANTOS, RAQUEL VAZ DE MEDEIROS, NUNO NUNES E RICARDO BRASIL 1 EMAIL [email protected]

A Neuropsicologia DIRETOS RESERVADOS

Eventos/Iniciativas em abril e maio DRA com diferentes Neste mês de Abril a DRA esteve, acompanhada pela Direção Na-cional, na ilha Terceira. Decor-reram sessões sobre estágios pro- fissionais, processo de especialidades, "Sentir a Psico-logia", Riscos Psicossociais e a en-trega dos KIT's de formação "1000 Psicólogos para interven-ção em situação de catástrofe". Ainda na Terceira, reuniram com a Direção Regional da Saúde, com a Inspeção Regional do Trabalho e com o Serviço Regional de Pro-teção Civil e Bombeiros dos Aço-res. Numa ronda pela RAA, a DRA deslocou-se ainda à ilha de

iniciativas S. Jorge cumprindo os mesmos objetivos delineados para a ilha Terceira no que ao processo de es-pecialidades e sessão "Sentira Psi-cologia" disse respeito. Reuniram, ainda, com alguns colegas e suas entidades profissionais, a saber: Unidade de Saúde de Ilha de S. Jorge, Escola Básica e Secundá-ria das Velas e Escola Profissional de S. Jorge. Já em S. Miguel, e também numa ação conjunta, DRA e DN reuniram os colegas na sessão "Sentir a Psicologia", como Instituto de Segurança So-cial dos Açores e com a Univer-sidade dos Açores onde decorre-

ram as sessões da "Academia OPP", destinadas aos alunos de psicologia do12 e 30 anos e aos do-centes e investigadores de psico-logia. Decorreu ainda, no segun-do fim de semana do mês, o 30 programa na Rádio Atlântidafo-cando a especialidade da Psicolo-gia Clínica - Intervenção sisté-mica e da Saúde. Finalmente, deu-se início, nas instalações da DRA, ao curso em formato b-learning "Avaliar, Diagnosticar e Intervir" levado a cabo pela Dr.a Maria João Silva e às sessões do Espaço OPP - Desenvolvimento Pessoal. •

Em abril a DRA estará presente nas comemorações do "Dia Mun-dial de Segurança e Saúde no Trabalho: Prevenção de riscos profissionais" a realizar na Hor-ta, em Angra do Heroísmo e em Ponta Delgada nos dias 27, 28 e 29, respetivamente.

Em Maio decorrerão as últi-mas sessões do Espaço OPP - Desenvolvimento Pessoal (Coa-ching para a Carreira) e irá ini-ciar-se o curso em formato b-leaming "Dilemas na Prática, o que Fazer? - Os dilemas éticos na prática profissional Clíni-ca e da Saúde". No dia14 decor-

rerá o 4-0 programa na Rádio Atlântida sob o mote da especia-lidade de Psicologia da Educação. No dia 18 estará em Ponta Del-gada, a convite da DRA, o Dr. Pe-dro Almeida, psicólogo e coorde-nador do departamento de psicologia do desporto do Sport Lisboa e Benfica, numa sessão aberta técnicos de diferentes áreas (das 14h às 17h) e num workshop para psicólogos (das 18h às 21h). •