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6 ANEXO D 16/5/2010 CAPA 7 ANEXO D 16/5/2010 Talento empreendedor também ajuda A habilidade manual das artesãs ganha força com o talento empreendedor. E este lado comercial foi desenvolvido quando as artesãs participaram de um curso gratuito de formação, com consultores creden- ciados pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O Sebrae de Joinville fez um levantamento do poten- cial da região Norte, em oito municípios. Após o resultado, criou o Projeto Joinville Autêntico, que contou com sete artesãs da cidade e uma de Itapoá. A proposta era amadurecer o artesanato local, aprenden- do a agregar valor às peças e criar uma identidade com a Cidade das Flores. “O que fizemos foi melhorar a marca, pois essas pessoas já estavam no mercado. A proposta foi criar uma grife, com design, para quando estas pessoas levarem o arte- sanato para fora, consigam deixar Joinville na memória das pessoas e de alguma forma resgatarem a cultura local”, explica Jaime Arcino Dias Júnior, coordenador da Regional Norte do Sebrae, que, há 14 anos, acompanha empreendedores da região. E para o grupo de artesãs do Planeta Retalho, os negócios estão de vento em popa. Todos os sábados, o grupo expõe os trabalhos na feira da Praça Lauro Müller. De 6 a 8 de maio, participaram da 2ª Feira Sustentável de Joinville. E as artesãs tiveram de conciliar os eventos com a confecção de 4 mil bolsas artesa- nais para o 21º Congresso Nacional de Nutrição, que também ocorreu na cidade. No dia 20 de maio, mais um passo será dado. As artesãs inauguraram com festa o ateliê Planeta Retalho, que agora também abre para o público e foi con- quistado com o apoio do Consulado da Mulher e da Campanha Sou Mais Eu Renner – que ajudou na compra de parte das máquinas de costura. O evento contará com representantes do Sebrae, representantes das lojas Renner, além de parceiros do Consulado e convidados. O Consulado da Mulher fica na rua Dona Francisca, 7.173, Zona Industrial Norte, anexo ao Grêmio da Whirlpool Latin America de Joinville. Informações: (47) 3433-3773. O ateliê Planeta Retalho fica na rua João Costa, 2.363, Itaum. Informações: (47) 3429-2576 ou 9147-0532. De aluna a professora De empreendedor e artesão, todo mundo tem um pouco. Até quem não gosta, de repente, acaba descobrindo uma nova habilidade. Foi assim com Gilmara Dias do Rosário. Ela mal sabia passar a linha pela fenda da agulha. Hoje, com 30 anos, ela já troca o conhecimento que adquiriu com quem antes lhe ensinou. “Eu estou contente, porque só trabalhava em casa. Eu me identifiquei com a costura”, diz. Quando o Consulado da Mulher convidou os pais para participarem de uma palestra, Gilmara achou que fosse alguma atividade para ajudar a escola. Depois, descobriu que tratava-se de uma oportuni- dade de trabalho. Dois cursos foram oferecidos para as moradoras: dez vagas para a oficina de culinária e dez para corte e costura. Gilmara ocupou uma delas. Ela não acreditava que fosse conseguir, mas continuou. “Eu percebi que elas viram quem que- ria mesmo trabalhar”, explica. Aos poucos, ela foi aprendendo as técnicas e como agregar valor ao seu artesanato. “Está sendo bastante importante para mim. Fui mãe muito cedo e não tive muitas opor- tunidades profissionais na vida. Aí, apareceu uma coisa que eu nunca achei que ia aparecer. Sempre imaginei que ia trabalhar para os outros.” Na infância, Gilmara brincou pouco de boneca. Ela preferia brincar de taco e jogar bola com o irmão. A brincadeira de menina virou o trabalho de mulher adulta. Agora, o sonho dela é continuar em um negócio próprio e ajudar outras pessoas a darem o primeiro passo, assim como ela fez. Os filhos, Ramon e Renan dos Santos, de 12 e oito anos, dividem as tarefas domésticas para ajudar a mãe, que agora trabalha fora. “Lá em casa, todo mundo está colaborando. Eles não têm a mãe o tempo todo em casa, mas estão se envolvendo e sou mais valorizada por eles e pelo meu marido”, revela Gilmara, sorrindo. O marido, quando pode, também ajuda no Planeta Retalho. Pastoreando artesãs Há 28 anos, a carioca Marinalva Damiana Alves Gil é voluntária. Trabalho que começou no Rio de Janeiro e chegou a Joinville. Uma flor artesanal, fez o elo entre a carioca e o Consulado da Mulher. Ela re- cebeu a lembrancinha, que foi feita na instituição, e, hoje, compõe o quadro de voluntárias do Consulado. Aos 54 anos, Marinalva foi, e ainda é, uma das responsáveis pelo projeto no Parque Guarani. Foi a convite do Consulado, que, em 2009, ensinou as moradoras do bairro a fazerem fuxico, a primeira peça artesanal. Segundo ela, um dos problemas das artesãs geralmente é a falta de persistência. “São poucas as mulheres que conseguem ter visão de futuro e saber que são capazes de produzir algo e aprender”, afirma Marinalva. No entanto, ensinar é uma das coisas que ela mais gosta de fazer. E não quer parar tão cedo. Além de artesã, a carioca é pastora. Quando alguma aluna precisa de conselho ou apenas ser ouvida, Marinalva se dispõe. “Elas só precisam de incentivo. Eu tenho o entendimento que Deus me chamou para isso.” Antes de Joinville, ela morou em Içara, onde ajudou a fundar uma comunidade evangélica. Em 2002, com o marido, Paulo César Gil, e os três filhos mudou-se para o município, de onde não quer mais sair. Paulo e Marinalva, ambos pastores, atuam na Comunidade Batista Luz e Vida, no bair- ro Boehmerwald, zona Sul de Joinville. A artesã divide o tempo entre as diversas ati- vidades. Durante a semana, estuda na Fundação Municipal Albano Schmidt (Fundamas) e auxilia na produção do Planeta Retalho, no ateliê ou em casa. “Estou lá para incentivar. No que eu posso, eu aju- do”, explica ela. Marinalva é capaz de fazer uma lista de suas habilidades. Entre elas, crochê, patchwork, ponto-cruz, confecção de bijuterias, bordados e costura em geral. Ela só não aprendeu pintura em tecido, pois tem alergia a tinta. E tricô, ela não gosta. Criatividade para dar e vender A joinvilense Marivande Mafra dos Santos, 39 anos, era promotora de ven- das. Desempregada, começou uma nova profissão. Aprendeu sozinha, lendo e testanto algumas técnicas. Em casa, fazia peças de biscuit, incluindo imãs de ge- ladeira e porta-recados. Há sete anos ela trabalha como artesã. À procura de novi- dades, ingressou em um novo mercado e a boneca tornou-se de pano. Colorida e sempre sorrindo, a Lela Magrela re- presenta hoje, a maior porcentagem de venda do ateliê Planeta Retalho. A inspiração da criadora veio da pró- pria filha, Gabriela, que já tem 19 anos. Em um ano e meio, aumentou a deman- da e também as pessoas envolvidas na produção. A linha de produtos cresceu. O último deles surgiu dos retalhos que so- braram do uniforme dos Correios, e foram doados ao ateliê. Juntaram a criatividade e o clima de Copa do Mundo, para criar um boneco à la Seleção Canarinho, de cabelo azul e camiseta amarela. “Se não fosse esse apoio, provavelmente, eu estaria em casa. Sozinha não se cresce”, explica. “Tanto a ideia quanto o acabamento são importantes. Eles andam juntos”, diz ela. Para atender aos clientes, Marivande sempre procura novidades do setor. Segun- do ela, sempre é preciso mudar e buscar novos produtos e matéria-prima. Agora, as artesãs do Planeta Retalho querem explorar também o mercado masculino, pensando em artesanatos voltados para este público. Retalhos dos uniformes dos Correios deram vida ao boneco que também vai torcer pelo Brasil na Copa 2010 Gilmara (à esquerda) e Marinalva aprenderam não apenas a confeccionar produtos artesanais, mas a agregar valor ao trabalho e conquistar uma fonte estável de renda Marivande aprendeu técnicas artesanais sozinha, mas sabe que sem a cooperativa não estaria tão realizada com sua produção e as vendas Um moinho estilizado do Pórtico de Joinville vai estar sempre nas peças vendidas pela associação: uma identificação com a cidade FOTOS CLEBER GOMES

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Marivande aprendeu técnicas artesanais sozinha, mas sabe que sem a cooperativa não estaria tão realizada com sua produção e as vendas Um moinho estilizado do Pórtico de Joinville vai estar sempre nas peças vendidas pela associação: uma identificação com a cidade 7ANEXOD 16/5/2010 Retalhos dos uniformes dos Correios deram vida ao boneco que também vai torcer pelo Brasil na Copa 2010 6 ANEXO D 16/5/2010 FOTOS CLEBER GOMES

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6 ANEXO D 16/5/2010

CAPA

7ANEXO D16/5/2010

Talento empreendedor também ajuda

A habilidade manual das artesãs ganha força com o talento empreendedor. E este lado comercial foi desenvolvido quando as artesãs participaram de um curso gratuito de formação, com consultores creden-ciados pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O Sebrae de Joinville fez um levantamento do poten-cial da região Norte, em oito municípios. Após o resultado, criou o Projeto Joinville Autêntico, que contou com sete artesãs da cidade e uma de Itapoá. A proposta era amadurecer o artesanato local, aprenden-do a agregar valor às peças e criar uma identidade com a Cidade das Flores.

“O que fizemos foi melhorar a marca, pois essas pessoas já estavam no mercado. A proposta foi criar uma grife, com design, para quando estas pessoas levarem o arte-sanato para fora, consigam deixar Joinville na memória das pessoas e de alguma forma resgatarem a cultura local”, explica Jaime Arcino Dias Júnior, coordenador da Regional Norte do Sebrae, que, há 14 anos, acompanha empreendedores da região.

E para o grupo de artesãs do Planeta Retalho, os negócios estão de vento em popa. Todos os sábados, o grupo expõe os trabalhos na feira da Praça Lauro Müller. De 6 a 8 de maio, participaram da 2ª Feira Sustentável de Joinville. E as artesãs tiveram de conciliar os eventos com a confecção de 4 mil bolsas artesa-nais para o 21º Congresso Nacional de Nutrição, que também ocorreu na cidade.

No dia 20 de maio, mais um passo será dado. As artesãs inauguraram com festa o ateliê Planeta Retalho, que agora também abre para o público e foi con-quistado com o apoio do Consulado da Mulher e da Campanha Sou Mais Eu Renner – que ajudou na compra de parte das máquinas de costura. O evento contará com representantes do Sebrae, representantes das lojas Renner, além de parceiros do Consulado e convidados.

■ O Consulado da Mulher fica na rua Dona Francisca, 7.173, Zona Industrial Norte, anexo ao Grêmio da Whirlpool Latin America de Joinville. Informações: (47) 3433-3773.

■ O ateliê Planeta Retalho fica na rua João Costa, 2.363, Itaum. Informações: (47) 3429-2576 ou 9147-0532.

De aluna a professora De empreendedor e artesão, todo mundo tem

um pouco. Até quem não gosta, de repente, acaba descobrindo uma nova habilidade. Foi assim com Gilmara Dias do Rosário. Ela mal sabia passar a linha pela fenda da agulha. Hoje, com 30 anos, ela já troca o conhecimento que adquiriu com quem antes lhe ensinou. “Eu estou contente, porque só trabalhava em casa. Eu me identifiquei com a costura”, diz.

Quando o Consulado da Mulher convidou os pais para participarem de uma palestra, Gilmara achou que fosse alguma atividade para ajudar a escola. Depois, descobriu que tratava-se de uma oportuni-dade de trabalho. Dois cursos foram oferecidos para as moradoras: dez vagas para a oficina de culinária e dez para corte e costura. Gilmara ocupou uma delas.

Ela não acreditava que fosse conseguir, mas continuou. “Eu percebi que elas viram quem que-ria mesmo trabalhar”, explica. Aos poucos, ela foi aprendendo as técnicas e como agregar valor ao seu artesanato. “Está sendo bastante importante para mim. Fui mãe muito cedo e não tive muitas opor-tunidades profissionais na vida. Aí, apareceu uma coisa que eu nunca achei que ia aparecer. Sempre imaginei que ia trabalhar para os outros.”

Na infância, Gilmara brincou pouco de boneca. Ela preferia brincar de taco e jogar bola com o irmão. A brincadeira de menina virou o trabalho de mulher adulta. Agora, o sonho dela é continuar em um negócio próprio e ajudar outras pessoas a darem o primeiro passo, assim como ela fez.

Os filhos, Ramon e Renan dos Santos, de 12 e oito anos, dividem as tarefas domésticas para ajudar a mãe, que agora trabalha fora. “Lá em casa, todo mundo está colaborando. Eles não têm a mãe o tempo todo em casa, mas estão se envolvendo e sou mais valorizada por eles e pelo meu marido”, revela Gilmara, sorrindo. O marido, quando pode, também ajuda no Planeta Retalho.

Pastoreando artesãsHá 28 anos, a carioca Marinalva Damiana Alves

Gil é voluntária. Trabalho que começou no Rio de Janeiro e chegou a Joinville. Uma flor artesanal, fez o elo entre a carioca e o Consulado da Mulher. Ela re-cebeu a lembrancinha, que foi feita na instituição, e, hoje, compõe o quadro de voluntárias do Consulado.

Aos 54 anos, Marinalva foi, e ainda é, uma das responsáveis pelo projeto no Parque Guarani. Foi a convite do Consulado, que, em 2009, ensinou as moradoras do bairro a fazerem fuxico, a primeira peça artesanal. Segundo ela, um dos problemas das artesãs geralmente é a falta de persistência. “São poucas as mulheres que conseguem ter visão de futuro e saber que são capazes de produzir algo e aprender”, afirma Marinalva.

No entanto, ensinar é uma das coisas que ela mais gosta de fazer. E não quer parar tão cedo. Além de artesã, a carioca é pastora. Quando alguma aluna precisa de conselho ou apenas ser ouvida, Marinalva se dispõe. “Elas só precisam de incentivo. Eu tenho o entendimento que Deus me chamou para isso.”

Antes de Joinville, ela morou em Içara, onde ajudou a fundar uma comunidade evangélica. Em 2002, com o marido, Paulo César Gil, e os três filhos mudou-se para o município, de onde não quer mais sair. Paulo e Marinalva, ambos pastores, atuam na Comunidade Batista Luz e Vida, no bair-ro Boehmerwald, zona Sul de Joinville.

A artesã divide o tempo entre as diversas ati-vidades. Durante a semana, estuda na Fundação Municipal Albano Schmidt (Fundamas) e auxilia na produção do Planeta Retalho, no ateliê ou em casa. “Estou lá para incentivar. No que eu posso, eu aju-do”, explica ela. Marinalva é capaz de fazer uma lista de suas habilidades. Entre elas, crochê, patchwork, ponto-cruz, confecção de bijuterias, bordados e costura em geral. Ela só não aprendeu pintura em tecido, pois tem alergia a tinta. E tricô, ela não gosta.

Criatividade para dar e vender

A joinvilense Marivande Mafra dos Santos, 39 anos, era promotora de ven-das. Desempregada, começou uma nova profissão. Aprendeu sozinha, lendo e testanto algumas técnicas. Em casa, fazia peças de biscuit, incluindo imãs de ge-ladeira e porta-recados. Há sete anos ela trabalha como artesã. À procura de novi-dades, ingressou em um novo mercado e a boneca tornou-se de pano. Colorida e sempre sorrindo, a Lela Magrela re-presenta hoje, a maior porcentagem de venda do ateliê Planeta Retalho.

A inspiração da criadora veio da pró-pria filha, Gabriela, que já tem 19 anos. Em um ano e meio, aumentou a deman-da e também as pessoas envolvidas na produção. A linha de produtos cresceu. O último deles surgiu dos retalhos que so-braram do uniforme dos Correios, e foram doados ao ateliê. Juntaram a criatividade e o clima de Copa do Mundo, para criar um boneco à la Seleção Canarinho, de cabelo azul e camiseta amarela. “Se não fosse esse apoio, provavelmente, eu estaria em casa. Sozinha não se cresce”, explica.

“Tanto a ideia quanto o acabamento são importantes. Eles andam juntos”, diz ela. Para atender aos clientes, Marivande sempre procura novidades do setor. Segun-do ela, sempre é preciso mudar e buscar novos produtos e matéria-prima. Agora, as artesãs do Planeta Retalho querem explorar também o mercado masculino, pensando em artesanatos voltados para este público.

Retalhos dos uniformes dos Correios deram vida ao boneco que também vai torcer pelo Brasil na Copa 2010

Gilmara (à esquerda) e Marinalva aprenderam não apenas a confeccionar produtos artesanais, mas a agregar valor ao trabalho e conquistar uma fonte estável de renda

Marivande aprendeu

técnicas artesanais

sozinha, mas sabe que sem a cooperativa

não estaria tão realizada

com sua produção e

as vendas

Um moinho estilizado do

Pórtico de Joinville vai estar sempre

nas peças vendidas pela associação:

uma identificação com a cidade

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