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Fundao Centro de Cincias e Educao Superior a Distncia do Estado do Rio de JaneiroCentro de Educao Superior a Distncia do Estado do Rio de Janeiro

Objeto OLE Universidade Federal Do Estado Do Rio De JaneiroCentro de Cincias Humanas e Sociais CCH

Licenciatura em Histria - EADUnirio/Cederj

AD 2012.1Disciplina: Teoria da Histria

PRISCILA FERNANDES PEREIRA.

Relao entre memria e Histria

Miguel Pereira2012

De acordo com Phillip, memria e Histria fazem uma representao do passado, onde a memria possui relao direta com ele podendo ser representada como lembranas de acontecimentos vividos individualmente, sendo ela um mecanismo seletivo onde armazena-se somente aquilo que achamos que tem importncia e deve ser lembrado, ela tambm pode apresentar aspecto modificador no que diz respeito aos fatos sociais, alterando causas e consequncias. Outro fato que qualifica a memria sua coletividade que pode ser observada em relatos orais por diferentes pessoas.J o historiador cria um distanciamento do passado por no ter vivenciado a poca, ao contrrio da memria, ele no deve alterar fatos importantes, esquec-los ou negligenci-los, utilizando todas as fontes disponveis. Houve uma poca em que o material documental escrito era tido como nica e verdadeira fonte da verdade, e a crtica em relao aos relatos orais teria tornado a disciplina cientfica, fato este que leva o historiador a desconfiana sobre esta fonte documental. Podemos afirmar ento que, histria e memria so vias de acesso ao passado, paralelas e obediente a duas lgicas distintas.O antagonismo entre memria e histria se expressa entre as divergentes opinies de historiadores e relatos orais, que podem ser contestveis. Mesmo aps a nova concepo de histria a partir da Escola dos Annales, alguns historiadores acreditavam que os relatos orais eram infiis e os documentos que poderiam afirmar a verdade eram os escritos, por outro lado haviam tambm os que confiassem piamente nos depoimentos orais, em um momento em que a memria suplantou a histria.Durante os sculos XIX e XX a histria triunfante ocupou o espao da relao com o passado, abrangendo a memria histrica. Grandes historiadores como Michelet e Ricoeur viam a histria como ressurreio do passado, como um reconhecimento daquilo que foi, onde seu principal objetivo era o reforo do sentimento nacional, onde havia muitas caractersticas da memria, como o esquecimento e a deformao utilizada para relatar por exemplo, a histria das origens francesas, onde apenas os grandes personagens so destacados.Com a inicializao da Escola dos Annales por Marc Bloch e Lucien Febvre, a histria oral desenvolveu-se por relatos de pessoas que vivenciaram a sociedade da poca como operrios de revolta, camponeses e etc, ou seja, foi incentivada a histria dos excludos, dos que no faziam parte dela, baseada na memria e dos testemunhos, por possurem pouco acesso a escrita. Os documentos tradicionais no suprem mais as perguntas dos historiadores e eles passam a utilizar os relatos como complemento.Ao utilizarmos testemunhas como fonte de pesquisa, analisamos seu carater e no nos resignamos ao antagonismo entre histria e memria. No entanto podemos observar em uma entrevista a presena de influncias do aprendizado escolar, da mdia, da fotografia, etc, ao encontrar essas variaes no relato oral, o trabalho do historiador fazer da memria um objeto da histria.No devemos nos deixar levar pela subjetividade dos documentos, pois todos so criaes humanas que podem conter traos da sociedade que os produziu, no sendo totalmente confiveis ao historiador, mas criticados e analisados da melhor maneira possvel por ele, por isso em histria tudo documento e deve ser interpretado: h uma verdade nos erros e nas deformaes da realidade. (JOUTARD, p. 231).Na comemorao do tricentenrio da Revolta dos Camisards, Phillip afirma sobre os relatos orais recolhidos por ele :

Ela me forneceu algumas informaes precisas, mas tambm muitas histrias rearranjadas, misturadas a contos e lendas, alimentadas por toda uma srie de tradies folclricas. E, entretanto, posso assegurar que esta tradio oral, mesmo com suas deformaes e seus erros no sentido literal do termo, ensinou-me mais sobre o funcionamento da guerrilha Camisard e sobre a mentalidade dos camponeses protestantes do que a maior parte das narrativas escritas, consideradas mais confiveis.

Podemos observar ento que tanto a memria quanto a histria possui seus limites em relao a reconstruo do passado, sendo suas observaes parciais, a memria se submete ao olhar histrico, a histria vai alm das particularidades. A memria auxilia a histria a no ser determinista, e ela no representao integral do passado, mas a memria pode auxili-la a ser inteligvel.

Atualmente, os brasileiros debatem sobre o golpe militar de 64, pelo fato do governo federal instalar uma Comisso da Verdade, que foi sancionada em novembro de 2011, ela foi criada para apurar violaes aos direitos humanos entre 1946 e 1988, perodo que inclui a ditadura militar (1964-1988), para denunciar os militares que cometeram crimes de tortura, assassinato, sequestro, entre outros, para que esses paguem pelo que fizeram.No entanto, a Lei da Anistia no condena os atos polticos ou eleitoras, promulgada pelo presidente Figueredo durante a ditadura militar, ainda persiste em relao aos criminosos ainda vivos que sero condenados pena, apenas nos casos de sequestro, o que gera revolta por parte dos militantes e familiares atingidos por tais atos de barbaridade.

Uma comemorao pela passagem dos 48 anos do golpe militar de 1964, organizada por militares da reserva, terminou em confuso e pancadaria no Centro do Rio de Janeiro. Cerca de 350 manifestantes bloquearam o acesso ao Clube Militar, e tentaram impedir a sada dos participantes do evento - um painel intitulado "1964 - A Verdade". A Polcia Militar foi chamada para garantir a segurana dos convidados. Empunhando cartazes que denunciavam perseguies, tortura e mortes ocorridas durante o regime militar, os militantes xingavam os militares de "porcos", "assassinos", covardes". A PM usou gs de pimenta e bombas de efeito moral, e os manifestantes revidaram com ovos. Foi organizado um corredor para permitir que os militares deixassem o evento em segurana. Miriam Caetano, de 33 anos, foi ferida na barriga. Trs pessoas foram detidas. A manifestao foi convocada atravs do Facebook, por um autointitulado "Grupo Organizador do Ato Contra a Comemorao do Golpe de 64", que defende a "instaurao imediata da Comisso da Verdade com o nico propsito de se tornarem pblicas as violaes de Direitos Humanos que foram cometidas na ditadura militar". O panfleto que circulou pelas redes sociais defende que "os torturadores da ditadura militar sejam desmascarados de uma vez por todas", e convoca para o ato "em memria dos torturados e desaparecidos de outrora homenageando nica e exclusivamente a verdade",trs mil pessoas haviam confirmado presena. (VEJA, 29/03/2012).

Podemos observar ento que a Comisso da Verdade promove uma reflexo terica em torno da ditadura militar, de modo que a relao entre histria e memria permanece presente entre os brasileiros, principalmente aos que sofreram agresses e seus descendentes.Durante a ditadura militar, muitos documentos histricos foram apreendidos pelo regime, alm disso, as represses diretamente ligadas a msica, teatro, novelas, imprensa, fotos, vdeos, enfim uma indeterminvel variedade de fontes que foram denominadas como sendo do arquivo secreto, j podem ser encontradas no Arquivo Nacional em Braslia, para acesso de todos os interessados sobre o tema. Porm no podemos deixar de lembrar que muitos desses documentos podem ter sido alterados pelos integrantes do regime, pois os militares e militantes trocavam papis freneticamente. A utilizao dos relatos orais coletados pelos historiadores atuais, revelam uma dimenso bem mais ampla do fato, do que os prprios documentos escritos.Atravs da atividade realizada, podemos concluir que resgatamos o passado a partir das imperfeies do presente, isto , a partir das falhas de nossas memrias e a partir dos limites impostos por estruturas coletivas j dadas, onde os indivduos reconstroem o passado a partir de interesses do presente, mas tambm de percepes mais profundas e constantes que fazem o elo entre passado e presente.Naturalmente que, medida que a Histria Oral comeou a se projetar como modalidade reconhecida nos meios acadmicos, revitalizaram-se algumas das antigas crticas que sempre foram dirigidas contra a apropriao das memrias individuais como fontes para a compreenso da Histria. Tal como assinala Alistair Thomson em sua interveno nos Debates sobre Memria e Histria (1997), o principal alvo dessas crticas apontava para o fato de que a memria no seria confivel [...] porque era distorcida pela deteriorao fsica e pela nostalgia da velhice, por preconceitos do entrevistador e do entrevistado e pela influncia de verses coletivas e retrospectivas do passado. Fato que pode ser observado na Comisso da Verdade.

Priscila Fernandes Pereira.Graduanda do curso de Histria pela UNIRIO.Referencia bibliogrfica:

Comemorao do golpe de 64 termina em tumultoDisponvel em: Acesso em: 01/ 05/ 2012.

Comisso da Verdade no tem nada a ver com 'revanchismo', diz ministroDisponvel em: Acesso em:01/05/2012.

Supremo deve julgar aplicao da Lei da Anistia para casos de torturaDisponvel em:Acesso em:02/05/2012.

Golpe militar ganha exposio no RioDisponvel em:Acesso em: 02/05/2012.

Eu tremia de v-lo passar", diz pastor Dlio sobre Cludio GuerraDisponvel em:Acesso em: 05/05/2012.

Militantes de esquerda foram incinerados em usina de acarDisponvel em:Acesso em: 05/05/2012.