Adição de Ácido Clorídrico No Meio Reacional
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Vol. 3 Fase. 4 Junho de 1948
Departamento de Indstria, Inspeo e Conservao de Produtos Alimentciosde Origem Animal
Diretor: Prof. Pnschoal Mucciolo
Departamento de Qumica Orgnica e BiolgicaDiretor: Prol'. Fonseca Ribeiro
DETERMINAO IODOMTRICA DO NDICE
DE PERXIDOS EM LEO DE CAROO DE ALGODO,
BANHA E MANTEIGA *(IODOM ETRIC DETERMINATION OF PEROXIDE VALUES IN COTTON
SEED OIL, LARD AND BUTTER)
P. Mucciolo P. Assis Ribeiro V. BonoldiAssistente Livre Docente
A determ inao iodomtrica do valor ou ndice de perxidos nos
leos e gorduras comestveis tem sido preferentemente u tilizada nos
mais recentes trabalhos referentes rancificao, como medida do
desenvolvimento do processo oxidativo.
l)a lite ratura existente respeito, pode-se concluir que at o
presente no h mtodo qum ico cujos resultados capacitem o analista
a afianar estar ou no ranosa um a gordura, chegando muitos auto
res a a firm ar que a prova fina l (e inconteste?) da rancidez dada
pela observao organo ltica; este respeito, no acreditamos ser
necessrio ressaltar o fraco apio que deve ser dispensado s provas
que se estribem em meros conceitos pessoais, merc das falhas que
stes podem apresentar.
Dessa maneira, a im portncia de um a determ inao segura por
intermdio da qual a rancidez possa ser medida quantitativam ente, no
precisa ser ressaltada e jus tif ica plenamente a procura a que se dedi
cam dentro dsse objetivo, numerosos experimentadores.
Sem dvida, um dos trabalhos interessantes a ste propsito
o de S tan sby referente especialmente ao estudo comparativo entre
alguns processos de determinao do ndice de perxidos em leo de
peixe; sbre o mesmo assunto versa igualmente o presente, tendo os
autores trabalhado com manteiga, banha e leo de caroo de algodo
todos de procedncia nacional, suje itando os resultados anlise esta
tstica o que deixou de ser feito por STANSBY.
(#) Apresentado ao IV Congresso Brasileiro de Medicina Veterinria Rio de Janeiro, 22-28/1/1948.
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272 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 3, fase. 4, 1948
Do trabalho do referido autor S ta n s b y retiramos o qua
dro abaixo, no qual, aps a aplicao de alguns processos iodomtricos
preconizados para as determinaes do ndice perxido, aquele autor estabelece as
VANTAGENS COMPARATIVAS DOS PROCESSOS
Processosde
Vantagens Desvantagens Aplicao
W heeler Extrema simplicidade. Falta d
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P. Mucciolo, P. Assis Ribeiro e V. Bonoldi ndice de perxidos 273
b) adicionar logo depois de efetuada a dissoluo acima, 1 cm'* de soluo saturada de iodeto de potssio. Homogenizar a dis
tribuio do iodeto ccm ligeira agitao, deixando ento que a mis
tura reaja no escuro pelo espao de um minuto;
c) juntar imediatamente aps esgotado o minuto, 50 cm3 de cido clordrico N/10, sob viva agitao;
d) proceder determinao do iodo libertado, com a soluo
0,01 N de tiosulfato de sdio, usando como indicador, 1 cm3 da soluo
de amido a 1 % ; ste dever ser adicionado tanto quanto possvel nas
proximidades do ponto final leve colorao amarelo-palha de iodo ainda em liberdade;
e) efetuar prova em branco.
PRECAUES E AI.GUMAS CONSIDERAES ATINENTES AO
PRESENTE PROCESSO
Alm das recomendaes que cabem a todos os processos e das
quais ser feita referncia adiante, em pargrafo especial, ste pro
cesso, como diz S ta n s b y , apresenta grande percentagem de variabili
dade quando aplicado sbre pesos diversos da amostra; segundo nossas observaes, mesmo sbre pesos muito prximos da mesma amos
tra, a percentagem de variabilidade grande. A homogenizao, a mistura com os diversos reagentes, o tempo de permanncia de con
tato do iodeto de potssio e a adio da soluo de amido, tudo deve
ser cuidadosamente respeitado tal como explicitamente estatudo.
PROCESSO DO ACIDO CLORDRICOReagentes:
1 Clorofrmio ou tetracloreto de carbno.
2 Anidrido carbnico produzido em aparelho de Kipp ou de torpedo.
3 cido actico glacial purssimo, contendo 4 por mil de cido clordrico concentrado.
4 Soluo saturada de iodeto de potssio, de recente preparao.
5 Soluo de tiosulfato de sdio N/100.6 Soluo de amido a 1%.
Tcnico-:
a) pesar de 3 a 10 g da amostra fundida e filtrada em fras
co Erlenmeyer de 250-500 cm3, preferivelmente de boca esmerilhada;
b) dissolver em 20 cm:i de clorofrmio ou tetracloreto de
carbno, humogenizando com ligeiro movimento de rotao; no caso de gordura, fundir em banho-maria;
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c) na soluo, passar corrente vigorosa de anidrido carbnico ;
d) adicionar 30 cm:( de cido actico contendo 4 cm:t de
cido clordrico concentrado por litro e continuar a borbulhar o ani
drido carbnico pelo espao de um minuto, findo o qual diminuir para cerca de uma blha por segundo;
e) juntar 1 cm:! da soluo saturada de iodeto de potssio
e aps decorridos 5 minutos, adicionar 100 cm3 de gua distilada (250 cm:i caso o leo seja escuro) ;
f) dosar o iodo livre por soluo de tiosulfato de sdio
N/100 usando como indicador a soluo de amido a 1% devendo ste
ser adicionado tanto quanto possvel prximo ao ponto final leve
colorao amarelo-palha de iodo ainda em liberdade;
g) prova em branco.
PRECAUES E ALGUMAS CONSIDERAES ATINENTES AO
PRESENTE PROCESSO
No que se refere homogenizao e mistura com os diversos
graus de agitao, os tempos de permanncia sob corrente de anidrido
carbnico, contato com o iodeto de potssio e a adio da soluo de amido, as recomendaes devem ser rigorosamente observadas para
que os resultados se enquadrem dentro do que objetiva o processo, ou
seja, exatido dentro de amostras de pesos muito prximos.
Alm disto o contato com o ar, alm da exposio luz, acelera
a reao pelo que, iniciada a determinao, deve esta prosseguir sem
interrupes at a fase final da valorizao do iodo. Mais: o alonga
mento do perodo de contato dos reagentes, antes da adio do iodeto
de potssio, d lugar a valores mais baixos de perxido, recomendan
do-se por isso que as operaes que precedem a referida adio, realizem-se tanto quanto possvel dentro de espaos de tempo iguais.
Outra causa de baixos valores perxido o uso de cido actico de concentrao inferior recomendada.
PROCESSO DO CIDO SULFRICOReagentes:
1 Soluo aquosa saturada e de recente preparao, de iode
to de potssio.2 gua distilada.
3 Anidrido carbnico, produzido em aparelho de Kipp ou de
torpedo.4 Tiosulfato de sdio N/200.
5 Soluo aquosa a 1% de amido.
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P. Mucciolo, P. Assis Ribeiro e V. Bonoldi ndice de perxidos 275
6 Soluto solvente recentemente preparado:
cido actico glacial................... 30 cm3
C lo ro f rm io .............................20 cm3
cido sulfrico concentrado . . 0,5 cm3
7 Clorofrmio.
Tcnica:
Inicialmente, o solvente e reagentes (exceto o tiosulfato de
sdio) devem ser resfriados a crca de 1C (banho de glo em fuso)
e saturados com corrente de anidrido carbnico, ou nitrognio.
a) pesar aproximadamente 5 g da amostra num bequer de
50 cm:i de capacidade; dissolver com clorofrmio, completando o vo
lume a 50 cm:i em matraz aferido; lavar o bequer, o basto e o funil
com clorofrmio, at completar os 50 cm3; agitar bem e filtrar;
b) a um Erlenmeyer de 500 cm3 no qual esto 50 cm3 do
solvente resfriado, juntar 1 cm3 da soluo saturada de iodeto de po
tssio e imediatamente 2 cm3 exatos da dissoluo de leo ou gordura;
c) o anidrido carbnico ou nitrognio levado a passar em
corrente lenta atravs a soluo, que permanece mergulhada no banho
de glo em fuso;
d) decorridos exatamente 5 minutos, adicionar 250 cm3 de
gua distilada, resfriada e saturada de gaz inerte;
e) proceder a determinao do iodo libertado com soluo de
tiosulfato de sdio N/200 juntando o indicador soluo de amido
a \cfo bem prximo ao ponto final, indicado por uma leve colora
o amarelo palha de iodo ainda em liberdade;
f) efetuar prova em branco.
PRECAUES E ALGUMAS CONSIDERAES ATINENTES AO
PRESENTE PROCESSO
Especial ateno deve ser dispensada a todos os pormenores,
a fim de que sejam obtidos resultados verdadeiros. Stansby no
observou influncia da luz em ausncia de ar, mas chama a ateno
para a necessidade de se juntar imediatamente aps a soluo de
iodeto de potssio, a amostra do lpido j dissolvido, sem o que so obtidos baixos valores perxido.
CONSIDERAES GERAIS E CUIDADOS A PROPSITO DOS
PROCESSOS DESCRITOS
No caso de gordura, fundir rapidamente em banho maria, antes de adicionar qualquer reagente.
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Quanto a stes, cie especial importncia o uso de cido ac
tico purissimo, e antes da realizao das determinaes, deve o mesmo
ser submetido a provas no sentido de averiguar sua capacidade de dar
branco excessivamente alto ou negativo, fatos que comprovam ou a
capacidade de libertar iodo do iodeto de potssio ou a de combinar-se
com o iodo libertado.
O iodeto de potssio deve dar, em solues saturadas de prepa
rao recente, provas negativas de iodo livre com soluo de amido.
Esta soluo de iodeto de potssio liberta iodo rapidamente, es
pecialmente sob a ao da luz. Recomendam alguns autores, Stansby
inclusive, para prevenir esta oxidao, a juntada de carbonato de sdio
( 0,3%) com o que a soluo se conservaria indefinidamente.
Os solventes e as misturas solventes devem ser, no que diz res
peito capacidade de libertar o iodo da soluo saturada de iodelo de
potssio, submetidos a provas de perodo a perodo, especialmente
quando fr usado o processo do cido sulfrico.
A soluo de tiosulato de sdio pode ser estabilizada por uma
semana segundo S ta n s b y pela adio de carbonato de sdio
0,01%. O ponto final da reao cuja importncia no necessrio
encarecer, nos processos propostos tem a soluo de amido como indi
cador. Ora, sabido que ste absorve o iodo de acrdo com a concen
trao dste no meio. Da diluir-se a soluo e cuidar-se de juntar o
indicador quando o iodo livi'e estiver em mnima quantidade. Casos
h em que no se tem indicao certa da oportunidade dessa juntada
pois muitos leos atribuem ao meio colorao semelhante leve araa- relo-palha.
A emulso que se forma, pois a determinao deve ser feita
com agitao constante, mais uma causa que concorre para pertur
bar a indicao apropriada do momento de juntar-se o indicador. Por esta razo recomendam os autores do presente trabalho a execuo
sistemtica de provas em triplicata em determinaes por processos
como os presentemente examinados. Acresa-se ainda que no processo
do cido sulfrico desenvolve-se em alguns leos, ao invs da colora
o azul do complexo amido-iodo, uma colorao prpura que se atri
bui existncia da vitamina A no leo ou gordura. ste inconve
niente perturbador pode ser obviado pela manuteno constante da soluo reagente em banho de glo fundente.
Finalmente, qualquer que seja o processo cuide-se sempre de
juntar imediatamente ao lpido dissolvido a soluo de iodeto de po
tssio saturada, bem como usar cido actico de comprovada pureza
276 Rev. Fac. Mcd. Vet. S. Paulo Vol. 3, fase. 4, 1948
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alm de realizar sempre prova em branco para tdas as determina
es feitas.
As amostras devem ser prviamente muito bem homogeniza-
das, pois as camadas externas, principalmente na manteiga, geralmente
apresentam-se ranosas dias antes desta deteriorao manifestar-se
nas partes internas.
CLCULOS
Para qualquer dos processos aplicados, os resultados expri
mem-se em moles de perxido por g de lpido, e so calculados de acor
do com a seguinte frmula, originariamente proposta por W heeler:
. , , . . 0,5 x cm;l x Nmoles de perxidos:------------
?cm:t = centmetros cbicos de tiosulfato de sdio gastos.
N = normalidade do tiosulfato de sdio.
g = gramas do lpido.
Costuma-se tambm exprimir os resultados por 1.000 g do lpi
do, para o que, aps aplicar a frmula acima, multiplica-se o resultado por 1.000.
PARTE EXPERIM ENTAL
Para evidenciarmos, dentro do intuito do presente trabalho,
qual dos trs processos mais sensvel quando aplicado banha,
manteiga e ao leo de caroo de algodo, determinmos o ndice de
Perxidos nessas substncias; ste ndice foi determinado doze vezes
pelos trs processos no mesmo material. Os pesos utilizados de cada
amostra, foram os seguintes, em gramas:
P. Mucciolo, P. Assis Ribeiro e V. Bonoldi ndice de perxidos 277
leo
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LEO DE CAROO DE ALGODO
27.8 Rev. Fac. Med. Vet. S. Paulo Vol. 3, fase. 4, 1948
Moles de perxido por 1.000 g de lipido
Processo de Processo
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COMPARAO DE PROCESSOS DE DETERMINAO DO VALOR PERXIDO
Material leo de caroo de algodo Banha Manteiga
Processos Wheelcr HiSO< Wheelcr HCl H-SO' Wheelcr HCl H2SO