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Bancarização Autoria Edineide Maria de Oliveira Administração/UNIFAI Rubens Manoel de Santana Junior ADMINISTRAÇÃO/UNIFAI Terezinha de Jesus Nascimento Guidon Coelho ADMINISTRAÇÃO/UNIFAI Resumo O objetivo deste artigo foi analisar a historia dos bancos e a crescente bancarização das classes mais carentes e pobres do país, enaltecendo os benefícios que a bancarização traz para os clientes, de forma a inclui-los social e financeiramente na sociedade. Também foi abordado a transição do escambo para moeda, o crescimento da economia nacional e o histórico do Sistema Financeiro Nacional, passando por fatos históricos importantes para o crescimento dos bancos e para a atual economia. A questão que este estudo procurará responder é: por que é importante a bancarização na vida dos indivíduos, visto que as pessoas se sintam pertencentes a uma sociedade em que os bancos tem sua participação ativa na inclusão da população de baixa renda. Os procedimentos metodológicos utilizados no estudo incluíram a abordagem qualitativa, para uma pesquisa do tipo exploratória, utilizando bibliografias, artigos, sites e noticiários de jornais

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Bancarização

AutoriaEdineide Maria de Oliveira

Administração/UNIFAI

Rubens Manoel de Santana JuniorADMINISTRAÇÃO/UNIFAI

Terezinha de Jesus Nascimento Guidon CoelhoADMINISTRAÇÃO/UNIFAI

ResumoO objetivo deste artigo foi analisar a historia dos bancos e a crescente bancarização dasclasses mais carentes e pobres do país, enaltecendo os benefícios que a bancarização trazpara os clientes, de forma a inclui-los social e financeiramente na sociedade. Também foiabordado a transição do escambo para moeda, o crescimento da economia nacional e ohistórico do Sistema Financeiro Nacional, passando por fatos históricos importantes para ocrescimento dos bancos e para a atual economia. A questão que este estudo procuraráresponder é: por que é importante a bancarização na vida dos indivíduos, visto que aspessoas se sintam pertencentes a uma sociedade em que os bancos tem sua participação ativana inclusão da população de baixa renda. Os procedimentos metodológicos utilizados noestudo incluíram a abordagem qualitativa, para uma pesquisa do tipo exploratória, utilizandobibliografias, artigos, sites e noticiários de jornais

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FINANÇAS – FIN

BANCARIZAÇÃO

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RESUMO

O objetivo deste artigo foi analisar a historia dos bancos e a crescente bancarização das classes mais carentes e pobres do país, enaltecendo os benefícios que a bancarização traz para os clientes, de forma a inclui-los social e financeiramente na sociedade. Também foi abordado a transição do escambo para moeda, o crescimento da economia nacional e o histórico do Sistema Financeiro Nacional, passando por fatos históricos importantes para o crescimento dos bancos e para a atual economia. A questão que este estudo procurará responder é por que é importante a bancarização na vida dos indivíduos, visto que as pessoas se sintam pertencentes a uma sociedade em que os bancos tem sua participação ativa na inclusão da população de baixa renda. Os procedimentos metodológicos utilizados no estudo incluíram a abordagem qualitativa, para uma pesquisa do tipo exploratória, utilizando bibliografias, artigos, sites e noticiários de jornais

Palavras chave: Bancos; Inclusão Social; Bancarização

ABSTRACT

The purpose of this article was to analyze the history of banks and the increasing bankarization of the poorest and poorest classes in the country, highlighting the benefits that banking brings to clients, in order to include them socially and financially in society. It also addressed the transition from barter to currency, the growth of the national economy and the history of the National Financial System, going through important historical facts for the growth of banks and the current economy. The question that this study will seek to answer is why it is important to bankize the lives of individuals, since people feel that they belong to a society in which the banks have their active participation in the inclusion of the low income population. The methodological procedures used in the study included the qualitative approach for exploratory research using bibliographies, articles, websites and newspaper newsletters

Keywords: Banks; Social inclusion; Banking

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INTRODUÇÃO

No Brasil e no mundo a presença dos bancos no cotidiano das pessoas é muito visível devido à troca econômica e social, comodidade, facilidade e segurança de trabalhar com os mesmos, tornando as pessoas dependentes dos bancos para tudo, seja receber seu salario, pagar uma conta, pagar um fornecedor e até mesmo guardar seu dinheiro sem preocupação.

É notória que a atuação dos bancos é necessária para o andamento da atividade econômica, isto é comprovado pela demonstração de lucros que é divulgado a cada ano, devido ao pequeno número de grandes bancos que atendem a sociedade brasileira, ficando caracterizado um oligopólio, em que pequenos grupos de grandes empresas dominam o mercado.

Para percorrer esse caminho o objetivo geral deste trabalho consiste em apresentar a historia dos bancos no mercado brasileiro e a sua bancarização.

Os objetivos específicos serão: i) apresentar a origem dos bancos e o sistema financeiro; e ii) mostrar o conceito de bancarização. Para tanto a questão que este estudo procurará responder é: Por que é importante a bancarização na vida dos indivíduos?

Este trabalho justifica-se da necessidade de conhecer um pouco sobre administração financeira e orçamentária no âmbito das finanças pessoais e nas organizações, decorrente da inclusão bancaria. Para tanto, houve um levantamento bibliográfico sobre o tema conforme Cervo (2002) por meio de uma metodologia documental e exploratória, utilizando-se livros, artigos, sites e noticiários de jornais.

Para uma organização do trabalho a primeira parte contempla a introdução, a segunda parte apresentará a origem dos bancos no mundo e Brasil destacando o sistema financeiro brasileiro. Em seguida, a bancarização e sucessivamente será demonstrada a importância da bancarizacao na vida do individuo. Finalmente as considerações finais mostrarão os resultados das pesquisas enaltecendo os objetivos almejados e a questão de pesquisa.

2. A ORIGEM DOS BANCOS

Para estudar a origem dos bancos é necessário primeiramente conhecer a historia deles, como surgiram e como se desenvolveram. Essa informação contribuirá para o entendimento da situação atual dos bancos, os serviços prestados e o lucro.

Na coleção “Brasil dos Trabalhadores”, pertencente ao CEDAC1 no livro intitulado “O Dinheiro – A Formação do Capital” (1981) mostra que na antiguidade, com a fixação do homem na terra e o fim do estado nômade, este passou a produzir (plantar e/ou caçar) e a trocar o excedente do que produzia. Desta forma, surgiu o primeiro conceito de comércio: o escambo, o qual consistia na troca direta de mercadorias. 1 CEDAC – Colégio fundado em 1977 pelo Prof. Rafael Soriano. Ministra cursos profissionalizantes e supletivos.

Aulas presenciais e a distancia.

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Santiago (2011), escreve no site InfoEscola que o escambo é a forma mais antiga e original que o ser humano tem de realizar trocas, geralmente realizadas com produtos que sobraram de cada comunidade. Assim, o habitante de uma vila pesqueira, quando obtivesse uma quantidade de peixe, que suprisse a necessidade de sua aldeia, teria o desejo natural de trocar o seu excedente para ter uma variação em seu cardápio. Logo, o pescador procuraria algum agricultor, por exemplo, que tivesse plantado algum gênero alimentício em excesso.

Havia ainda a necessidade dos dois entrarem em acordo, ou seja, de haver a coincidência dos dois personagens desejarem aquilo que o outro participante na troca tivesse para oferecer. Logo, caso os interesses não convergissem, a troca não se concretizava. No entanto, Santiago (2011) mostra outro problema do escambo que é a possibilidade sempre existente de um grande desequilíbrio na operação das trocas. Um comerciante mais esperto, sabendo da necessidade ou do desejo de um indivíduo por certo item, poderia muito bem assegurar uma troca extremamente desigual, explorando obviamente o grande desejo ou interesse de seu interveniente.

CEDAC (1981) complementa dizendo que os elementos mais utilizados na historia do sistema do escambo foram o gado, o sal, açúcar, novelos, meadas e tecidos, bem como peças de metal, em especial peças nos formatos de faca e chave, comuns na Ásia e na África. O gado, por sua vez, era a principal mercadoria de troca, uma mercadoria descrita pelo autor como “mercadoria geral” desejada e trocada de maneira ilimitada, pois além de servir como alimento, também era utilizado para produzir leite, gordura, couro e ser um dos principais e raros meios de transporte. Ainda que as pessoas não necessitassem de meio de transporte, carne, leite, couro e as outras mercadorias que o gado se tornaria, aceitavam-no como pagamento porque ele era uma reserva de valor segura, que poderia ser utilizada a qualquer momento.

Um texto extraído do livro "Dinheiro no Brasil" escrito por Santos Trigueiros (1966) complementa afirmando que, embora houvesse riscos de doenças e de morte para a moeda mercadoria gado, as pessoas ainda assim o preferiam por ser um tipo de mercadoria que todos desejavam e de fácil troca, assim como o sal que era de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, mas era muito utilizado na conservação dos alimentos. O autor elucida a importância desta passagem da seguinte maneira:

Ambas deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados. – (TRIGUEIROS, 1966, sem pag.)

Observa-se que o autor enaltece o impacto que tem até no século XXI as mercadorias negociadas há séculos atrás, mostrando o quanto foi importante na

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nossa historia e formação como pessoas. Em 2015 utilizam-se as mesmas palavras descritas, mas sem saber o real significado e importância que elas trazem consigo.

Conforme CEDAC (1981), no Egito, país onde já existiam cidades importantes e uma população grande, não eram trocados apenas mercadorias excedentes da produção de cada tribo. Havia um verdadeiro comercio no interior da sociedade. Este comércio exigia uma mercadoria que fizesse o papel de equivalente. Este papel foi cumprido pelo gado, no inicio, depois pelo trigo e quando o Egito se desenvolveu ainda mais, pelos metais. Os objetos de metais são fabricados nas cidades pelos artesãos. Com a melhoria da técnica da metalurgia, o metal passou a substituir outros materiais usados até então, como argila, couro, madeira, etc.

CEDAC (1981) afirma que a prata se iguala à mercadoria gado e cereais, como na Babilônia 2.000 a.C, onde havia uma espécie de medida de prata de seis (6) gramas que era usada como dinheiro. Nesta época, o valor de algumas mercadorias medidas em ciclos de prata era dessa forma:

Tabela 1- MERCADORIAS 2000 a.C.

12 litros de óleo de sésamo 1 ciclo de prata

600 litros de sal 1 ciclo de prata

300 litros de trigo 1 ciclo de prata

5 litros de lã 1 ciclo de prata

Fonte: Coleção “Brasil dos Trabalhadores”, pertencente à CEDAC no livro intitulado “O Dinheiro - A Formação do Capital” (1981).

Acredita-se que pelo fato da bibliografia datar de 1981, não foi possível transcrever ou converter os litros enunciados na tabela, visto que antigamente as mercadorias eram medidas de formas diferentes, de acordo com a aldeia e mantendo-se assim, até aparecer a moeda metal.

De acordo com Trigueiros (1966), a moeda surgiu como uma consequência natural deste processo de trocas de bens e serviços. O estabelecimento do uso de moedas foi uma tentativa de organizar e de estabelecer padrões do comércio de produtos, além de substituir a simples troca de mercadorias, a qual era predominante. Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: são pequenas peças de metais com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor. Foram cunhadas na Grécia moedas de prata e, na Lídia, foram utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e prata chamada eletro. Nos primeiros séculos de utilização das moedas, estas tinham um valor real, ou seja, representavam fielmente seus valores de acordo com o metal que era usado na fabricação. Após certo tempo, os valores passaram a ser nominais.

CEDAC (1981) continua afirmando que com o florescimento do comércio no fim da Idade Média, a função de banqueiro se tornou algo muito comum na Europa. Nas feiras da Europa Central, quando as pessoas chegavam com valores em ouro para trocar com outro produto, era o banqueiro quem fazia a pesagem de moedas, avaliação da autenticidade e qualidade dos metais, em troca de uma comissão.

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Na Idade Media, conforme aumentou a economia e o fluxo de uso de metais como item de troca, criou-se as primeiras casas de custodia, como informa a seguir uma cartilha do Banco Central:

“Conforme o crescimento da economia, a dificuldade e o risco de carregar e armazenar o dinheiro aumentou também, resultando na criação de casas de custódia, que armazenavam ouro e prata e, em troca como comprovante, emitiam um certificado que, por serem mais cômodos e seguros, passaram a circular no lugar dos metais monetários. Esses certificados ficaram conhecidos como moeda representativa ou moeda-papel.” – (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2008, sem pag.)

O carregamento da moeda ficou inviável devido a vários acontecimentos, como roubo, peso, meios de transportes difíceis, situação em que favorecia o surgimento das primeiras casas de custódias, de inicio criadas para apenas armazenar o dinheiro e, futuramente, ganhando outras funcionalidades como retirada de empréstimos, administração do dinheiro da cidade, etc. Com o desenvolvimento dos bancos e dos serviços bancários, tornou-se mais fácil para os correntistas o pagamento de suas transações com os recursos depositados nessas instituições, o que deu origem à moeda escritural, contábil ou bancária, movimentada por meio de cheques.

Segundo SMABC2, foi após a percepção de que nem sempre as pessoas retiravam tudo o que haviam depositado, dessa forma tendo sempre dinheiro para circular, que surgiu a ideia de liberar empréstimos mediante o pagamento de juros. Esta foi à base para o enriquecimento dos banqueiros, que deixaram de ser simplesmente “cambistas”. Contudo, a cobrança de juros era algo de total desaprovação da Igreja, aspecto que explica o porquê da existência de muitos judeus no ramo bancário naquela época.

A designação “banco” vem do germânico BANK – Banco de madeira usado por aquelas pessoas cujo oficio era cambiar e emprestar dinheiro. A partir da idade media, passaram a se chamar BANK (Banco) as primeiras casas ou estabelecimentos onde se realizavam essas atividades. – (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2008, sem pag.)

A prática de emprestar dinheiro foi se profissionalizando a ponto de virar uma profissão. Crescendo aos poucos, as trocas aconteciam no meio da rua, depois dentro de salas até que viraram as casas de custodias, armazenando, emprestando e girando o capital da cidade. Com o tempo as casas de custodia evoluíram para bancos e não foi diferente no Brasil. Se mantendo originalmente pelos juros dos empréstimos que faziam aos cidadãos e, aos poucos, aumentando seu leque de produtos como financiamentos para imóveis, veículos ou construções, os bancos foram ganhando espaço na economia brasileira e atualmente, no século XXI são fundamentais para o sistema financeiro do país.

2 SMABC – Sindicato dos Metalúrgicos do ABC

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O primeiro Banco do Brasil, segundo publicação oficial no site da Receita Federal, foi criado em 1808 pelo então Príncipe Regente D. João (posteriormente D. João VI). Era uma sociedade de economia mista, formada por capitais do governo e particulares, tendo centenas de acionistas, em especial os grandes comerciantes da praça do Rio de Janeiro. Na época, para completar seu capital, o governo instituiu uma serie de impostos chamados pelo povo de “Impostos do Banco”, cuja arrecadação era destinada a integralizar as ações que pertenciam à Fazenda Real.

Continua o autor informando que este primeiro Banco do Brasil sobreviveu à Independência, mas foi liquidado em 1829. Logo após alguns anos, em 1835 uma nova tentativa de criação de banco governamental foi um fracasso. Dezessete anos após o fracasso, em 1852, Visconde de Mauá conseguiu fazer funcionar um novo Banco do Brasil, que no ano seguinte fundiu-se com o Banco Comercial do Rio Janeiro (fundado em 1838) e em 1893, fundindo-se também com o Banco da Republica dos Estados Unidos no Brasil, alterando seu nome para Banco da Republica do Brasil (nome que durou pouco tempo até a entrada do seu atual). Em 1907, uma grave crise financeira abalou o país economicamente e forçou o Banco do Brasil a suspender seus pagamentos, entretanto, o Banco suportou e passou pela crise de 1929 com tranquilidade e desde então, vem prestando serviços importantes ao país.

Segundo Honório (2011), apesar da monetização3 da sociedade moderna, o escambo continua fazendo parte do cotidiano, a título de exemplo quando um amigo oferece a outro consertar seu computador em troca de uma carona, ou uma criança na escola oferece uma bolacha de seu lanche em troca de uma bala do seu colega e/ou apresenta algo em forma de crédito, promessa de futuro pagamento. E chega a ser parte importante da economia em regiões menos desenvolvidas ou que aderem a certas tradições ou princípios, a exemplo de comunidades indígenas.

É notório que a modernidade advinda das tecnologias, fez com que houvesse grandes mudanças nas relações de troca e particularmente com relação ao dinheiro. Entretanto é salutar mencionar as mudanças no Brasil, em que havia a Superintendência da Moeda e do Crédito - SUMOC e depois várias etapas até chegar ao Sistema Financeiro Nacional.

Sistema Financeiro

Para escrever sobre Sistema Financeiro Nacional, é necessário entender o que é um sistema financeiro e como ele funciona. Segundo Hillbrecht (1999), um sistema financeiro pode ser descrito como o conjunto de instrumentos, mecanismos e instituições que asseguram a canalização da poupança para o investimento, partindo de setores que possuem recursos financeiros (superavitários) para os que desejam ou necessitam de recursos (deficitários).

Vale lembrar que um sistema financeiro divide-se em quatro grupos de mercado: o monetário, o de crédito, o de capitais e o de câmbio. Tendo em vista que

3 Monetização significa o aproveitamento de algo como fonte de lucro. O termo é derivado do verbo

monetizar que designa o ato de transformar algo em dinheiro.

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esse trabalho se aplica apenas no sistema bancário, as pesquisas estão sendo direcionadas para os normativos e resultados deste grupo.

Os principais e maiores tomadores e poupadores de fundos da economia são o governo, as famílias e as empresas. Hillbrecht (1999) mostra tal situação em forma de gráfico a seguir: Figura 1- Fluxos de fundos por m

FIGURA 1 - Fluxo do sistema financeiro

Fonte: Hillbrecht - Economia Monetária – (1999) p. 19.

Hillbrecht (1999) explica que, ao lado esquerdo da figura estão os poupadores (superavitários), que emprestam seus fundos para os bancos, enquanto do lado direito estão os tomadores (deficitários), que pegam empréstimos, financiamentos, linhas de crédito para financiar seus gastos em geral. E no centro a intermediação que é realizada pelas instituições financeiras.

Verifica-se uma profissionalização e organização dos meios de trocas desde o surgimento da moeda até os tempos atuais, tendo apoio do país e do governo de cada Estado, dando a devida importância para o Sistema Financeiro como um todo.

A figura 1 também mostra que existe dois tipos de financiamento; o financiamento direto e o indireto. Entende-se por direto o mercado de ações de títulos onde a troca acontece por meio de recebimentos de securities, que são promessas de pagamentos futuros baseadas na renda futura dos tomadores de empréstimos. O financiamento indireto acontece quando os tomadores de recursos recebem as transferências dos fundos dos poupadores por meio de instituições financeiras como bancos, fundos mútuos, companhias de seguros, etc., que agem como intermediários, mantendo um portfólio de ativos e emitindo obrigações baseadas nesses ativos aos poupadores.

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“O Sistema Financeiro Nacional (SFN) deve ser estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade.” - Art. 192 da Constituição Federal.

Observa-se que a preocupação com a solidificação do Sistema Financeiro Nacional é a essência do governo em que esta registrado por meio de um documento importante como a Constituição Federal. Na era FHC, a preocupação em ter o SFN sólido era tão grande que foi criado o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional), que tinha como finalidade a recuperação das instituições financeiras que estavam com graves problemas de caixa, o que poderia gerar uma crise econômica sistêmica no país. O programa Brasileiro, o que acarretaria no desaparecimento de grande parte da poupança de vários brasileiros, desencadeando queda na demanda agregada e, consequentemente, uma crise econômica.

O autor Hillbrecht (1999), complementa afirmando que o sistema financeiro nacional é um dos setores mais regulamentados do mundo, sendo existentes três motivos básicos para tal regulamentação:

Aumentar a informação disponível aos investidores;

Garantir o adequado funcionamento do sistema financeiro;

Melhorar o controle sobre a oferta de moeda.

Um sistema financeiro é definido pelo conjunto de mercados financeiros existentes numa dada economia, pelas instituições ali atuantes e suas formas de interação, mas as regras de intervenção é participação do poder público. É a estrutura justamente o que define um sistema financeiro: o modo de interação entre os mercados e suas instituições. (VERAS. 2004. p. 29)

A autora ratifica a importância do Sistema Financeiro Nacional na economia e sua organização e é preciso lembrar que o Brasil tem o Sistema Financeiro mais organizado do mundo, sendo possível compensar um cheque em até 48 horas, enquanto nos EUA pode demorar até cinco dias uteis.

Segundo Ferreira (2013), o Sistema Financeiro Nacional começou a se desenhar em 1920, quando foi criada a inspetoria geral dos bancos, tendo o objetivo de fiscalizar as instituições financeiras, porém ainda era de forma bastante restrita. Somente em 1945, com a criação da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), passou a existir um controle monetário mais amplo, tirando algumas funções que o Banco do Brasil exercia. Segundo Barbosa (sem data), com a criação deste órgão dirigido por um Conselho presidido pelo Ministro da Fazenda, seria o embrião do futuro Banco Central. Em 1953 institui-se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDS), banco de fomento com o objetivo de financiar

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há longo prazo os empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Tudo isso resultou na reforma bancaria Lei nº 4595, de 31/12/19644.

Continua o autor afirmando que esta lei representa a base da atual estrutura do SFN, efetuada após o golpe militar de 1964. A partir de então, foram criadas parte das instituições que compõe o sistema financeiro atual de nosso país, tais como Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central do Brasil, o sistema das cadernetas de poupança, o sistema financeiro da habitação e a comissão de valores mobiliários. Estas instituições, junto aos demais componentes do sistema, se dividem em autoridades monetárias, sistema monetário e sistema não monetário.

Assaf Neto (2006) complementa dizendo que o SFN é constituído por um conjunto de instituições financeiras publicas e privadas que atuam por meio de diversos instrumentos financeiros, na captação de recursos, distribuição e transferências de valores entre os agentes econômicos. O CMN é o órgão máximo deste sistema, tendo como missão básica definir diretrizes de funcionamento do SFN e formular toda a politica de moeda e credito da economia, visando atender a seus interesses econômicos e sociais.

Vinculados a este órgão, segundo Assaf Neto (2006), como órgãos normativos do sistema financeiro encontram-se o Banco Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Estas três grandes instituições compõem o denominado subsistema normativo do SFN, sendo responsáveis pelo funcionamento do mercado e de suas instituições. O BACEN é o principal órgão executivo do CMN, atuando como um organismo fiscalizador do mercado financeiro, gestor do SF e executor da politica monetária do governo. Já a CVM tem como tarefa o controle e o fomento do mercado de valores mobiliários (bolsa de valores). Dessa forma a atuação deste órgão abrange três importantes segmentos financeiros do mercado: Instituições financeiras, Companhias de capital aberto emitentes de títulos e valores mobiliários e investidores.

Um dos principais intermediários de transferências de recursos financeiros entre investidores, agentes capazes de gerar poupança para investimentos e captadores, agentes carentes de capital são os bancos comerciais/múltiplos que, segundo Assaf Neto (2006) são instituições financeiras que atendem de maneira muito ampla a demanda por credito de tomadores de recursos e também as expectativas de aplicações de agentes poupadores.

A grande característica dos bancos, segundo Assaf Neto (2006) é identificada em sua capacidade de interferir nos meios de pagamento da economia pela criação da moeda escritural. Com base no volume de depósitos a vista captados no mercado, uma parte desses recursos depositados nos bancos é retirada sob a forma de reservas financeiras, sendo a parcela disponível devolvida ao mercado sob a forma de empréstimo (cobrando juros sob a transação). Esses recursos não param de girar, voltando ao caixa do sistema bancário, gerando novos empréstimos e captações.

4 A Lei da Reforma Bancária concedeu poderes ao CMN para limitar a taxa de juros a ser praticada

no mercado financeiro, autorizou o CMN a delimitar as taxas de juros e outros encargos, ficando liberados os bancos dos percentuais ordenados pelo Código Civil.

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As principais operações financeiras executadas pelos bancos são identificadas nas concessões de créditos por meio e descontos de títulos, credito rural, cheques especiais, credito pessoal, etc. Os recursos dos bancos são originados de depósitos a vista ou a prazo, operações de cambio, operações de redesconto bancário, captações financeiras no exterior, etc. Por conta do grande numero de transações possíveis em bancos, crescimento da demanda e do lucro, os bancos cada vez mais tentam aumentar seu poder comprando ou se fundindo com outros para ter uma porcentagem maior no mercado, fazendo então negociações milionárias.

A BANCARIZAÇÃO

Segundo Passos (2015) o termo “Bancarização” é novo na historia bancária brasileira, ocorrendo desde a virada do século 20 para o 21 e significa o acesso popular a bancos e, portanto, a linhas de crédito (empréstimos, cartões, financiamentos, etc). O processo tem como objetivo encerrar a fase de distinção entre o “dinheiro de pobre” e o “dinheiro do rico”, que vigorou fortemente entre 1964 e 1998.

Alankardec (2008) diz que a bancarização é uma estratégia na corrida pela liderança e garantia de lucros sempre maiores pelos bancos, onde os mesmos abrem mais uma frente de competição - a conquista de clientes nas chamadas classes C e D, com rendas familiares entre zero e dez salários mínimos. O papel dos bancos no processo de inclusão social e, por consequência, financeira, de uma parcela da população que ainda não possui contas correntes ou serviços bancários a seu alcance, define o conceito de bancarização. Para os clientes sem condições de manter uma conta corrente tarifada (tarifas que variam de R$ 9,00 a R$ 180,00) o Banco Central, em abril de 2008 colocou em vigor uma regulamentação onde os bancos devem disponibilizar uma “conta com serviços essenciais”, em que não é cobrado nenhum tipo de tarifa, devido ser oferecidos serviços básicos mensais como um cartão de movimentação de conta, quatro saques, dois extratos e dez folhas de cheque por mês.

Gonzalez (2013) diz que varias vezes o individuo pode ter acesso a uma conta corrente, porém não tem as linhas de crédito disponíveis ou por não movimentar sua conta efetivamente, ou por restrições, ou por diversos outros motivos, ou seja, é bancarizado, porém não é incluído financeiramente. A inclusão financeira acontece quando o individuo passa a usar o banco a favor da sua qualidade de vida e não apenas como acessório para receber seu salario.

Nogueira (2015) afirma que nos últimos 16 anos o número de contas passou de 75 milhões para 209 milhões, ou seja, 8,38 milhões de contas por ano. Para o Banco Central (BACEN) a vantagem da bancarização é a maior facilidade para obter crédito, poupar e pagar despesas. Com este intuito, a quantidade de contas bancárias, simplificadas ou comuns, vem crescendo a passos mais rápidos do que a população.

O processo de bancarização, segundo Alankardec, (2008) permite que diaristas, perueiros, camelôs, motoristas e cobradores de ônibus, vendedores

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pracistas e milhões de trabalhadores informais paguem contas e até façam empréstimos em farmácias, mercados, casas lotéricas e agencias dos Correios. Existem também a inclusão no sistema de um cliente que pode render as instituições lucros ainda maiores, com margem de risco calculada e absolutamente controlável.

Segundo Alankardec (2008), muitos bancos e instituições financeiras procuram realizar pesquisas detalhadas a respeito de seus clientes para descobrir suas necessidades, analisam seus perfis, o que eles compram etc com o objetivo de descobrir todos os fatores que levam o consumidor a escolher determinada instituição. O autor continua informando que, ao analisar o mercado, pode-se notar que existe uma grande variedade de consumidores de diversos tipos de bens e serviços. Cada um, (ou cada grupo, que são chamados de cluster) apresenta seu próprio perfil, ou seja, suas características como idade, renda, escolaridade e outras qualidades que muitas vezes são as responsáveis pela escolha e decisão da compra por parte do comprador.

“A evolução dos serviços nos bancos e instituições financeiras e a crescente concorrência tem gerado por parte das organizações atenção especial para esta segmentação do mercado, Muitas das grandes redes além de acrescentarem em seu portfolio serviços financeiros, seguros e outros produtos, desenvolvem também ações que acrescentam algo mais apara seus diferentes perfis de clientes.” (ALANKARDEC, Luiz, 2008, p. 13)

O autor deixa claro o interesse dos bancos em suprir as necessidades de todas as suas segmentações, para que então consiga lucro com elas vendendo seus produtos e serviços financeiros. Entre suas segmentações, está a classe social mais pobre e carente, em que o sistema bancário viu que havia possibilidade de ganhos e abriu seu leque de atendimento para conseguir ingressa-los neste mundo, o que pra eles é algo totalmente novo.

Parte do desenvolvimento econômico brasileiro nos últimos anos se deve à inclusão das famílias de baixa renda às instituições bancárias, que aumentou muito entre 2003 e 2010. Segundo balanço de Gilson Bittencourt, secretário-adjunto da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, o número de pessoas físicas com vínculo a um banco ou com algum tipo de linha de crédito passou de 70 milhões para 115 milhões, uma ampliação de 40% para 59% da população com ligação a alguma instituição do Sistema Financeiro Nacional.

A bancarização de famílias de baixa renda ao SFN provocou o aumento dos pontos de atendimento bancário e correspondentes bancários (lotéricas, supermercados, etc) – de 70 mil pontos em 2002 para mais de 180 mil em 2010. De acordo com Bittencourt (2010), os correspondentes bancários já são os principais meios utilizados pela população para efetuar as transações de pagamento de contas, tributos e para transferência de crédito.

Segundo Kotler (1998), segmentação é definida como a ação de identificar e classificar grupos distintos de compradores que podem exigir produtos e/ou compostos de marketing separados. Por segmentação, pode-se compreender como sendo a subdivisão do mercado global de uma empresa em parcelas o mais homogêneas possível com o intento de possibilitar a formulação de estratégias de marketing (COBRA, 1985).

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Os Bancos realizam marketing de diversas maneiras, sendo com os próprios clientes divulgando os serviços com a finalidade de possibilitar a bancarização, ou seja, incluir os clientes que apenas recebem salario e faze-los a contratar outros serviços. O marketing também é realizado com patrocínios, propaganda veiculada nos principais meios de comunicação incentivando a bancarização como inclusão social.

A IMPORTANCIA DA BANCARIZAÇÃO NA VIDA DO INDIVIDUO

Segundo Pacievitch (2013), inclusão social é um termo utilizado para fazer referencia à inserção de pessoas com algum tipo de deficiência às escolas de ensino regular e ao mercado de trabalho, ou ainda a pessoas consideradas excluídas, que não tem as mesmas oportunidades dentro da sociedade, por motivos como condições socioeconômicas, raça, gênero, falta de acesso a tecnologias (chamado de exclusão digital). E é esse o proposito da Bancarização, que busca inserir o individuo na sociedade (em sua grande maioria de origem pobre), pois trazendo as pessoas para o sistema financeiro, sendo cliente de uma agência bancária, fazendo parte deste contexto, podendo conhecer outras modalidades de pagamentos, como por exemplo, o cartão de débito e de crédito, possibilita um avanço na vida do individuo, já que será apresentado outro mundo totalmente novo, com tantas facilidades e conveniências, mexendo até com a autoestima do novo cliente bancário.

“A bancarização deve ter por princípio a inclusão social e promover a percepção do consumidor de ter suas necessidades atendidas de forma simples e transparente, que fortaleça a sua autoestima e promova a sua qualidade de vida e crescimento sustentável.” – (AMORIM, 2010, sem pag.)

A inclusão financeira contribui ainda para uma gestão eficiente das finanças pessoais, reduz o recurso a canais informais de acesso ao crédito e promove práticas seguras e eficientes na prestação de serviços financeiros (SARMA, 2012).

A inclusão desta nova segmentação de cliente, que em sua grande maioria de pouca renda e poucos estudos, traz às instituições financeiras lucros ainda maiores, com margem de risco calculada e controlável. É um cliente que forma a maioria absoluta da população que mesmo ganhando pouco e fazendo poucas movimentações financeiras, paga as contas em dia (a maioria dos clientes) e previne o PDD (provisão para devedores duvidosos), chamado de “calote”. O acesso da população a produtos e serviços financeiros é amplamente reconhecido como fator gerador de desenvolvimento econômico e como componente da inclusão social, propiciando condições para a redução das desigualdades sociais.

O processo de segmentação pressupõe que é impossível para uma empresa satisfazer a todos os consumidores existentes, portanto se faz necessário a escolha de um mercado alvo, no qual esta possa centrar seus esforços de forma mais eficiente. Desta forma, seria necessário identificar categorias de clientes

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homogêneos que sejam suficientemente estreitas para poderem ser satisfeitas e suficientemente largas para serem rentáveis (TEBOUL, 1999)

A segmentação de mercado é um processo de identificação de subgrupos de clientes cujas necessidades, desejos e/ou recursos são diferentes, de maneira que os fazem responder de forma diferente a um dado composto de marketing (SHETH, MITTAL e NEWMAN, 2001).

Segundo Sheth, Mittal e Newman (2001) estabelecer um perfil dos clientes é muito importante para o desenvolvimento de estratégias de diferenciação e segmentação, mas saber como atraí-los, como exercer um impacto sobre suas atitudes e comportamentos, é ainda mais importante quando se trata de garantir que determinada empresa seja a escolha do cliente.

Em 2015, se percebe a importância de se incorporar uma serie de outros serviços financeiros além dos básicos que ajudam as pessoas necessitadas a administrarem seus ganhos e ativos, melhorando o manejo de suas economias e o uso de instrumentos como poupança ou outros produtos para guardar dinheiro (previdências, capitalizações, etc) e seguros de vida ou de assistências residenciais, tornando seu cotidiano mais fácil.

Respondendo a questão do trabalho, Cypriano (2004) mostra que o acesso ao serviço bancário é uma questão de cidadania. Desprovido deste direito, o individuo ou família não pode poupar, não tem acesso a credito, não consegue administrar seus recursos e atender suas necessidades de forma adequada e isso é uma injustiça. Ou seja, os bancos ajudam os seus clientes a se organizarem financeiramente, poupar valores da forma que desejar e ainda leva comodidade na hora de movimentar seu recurso, podendo usar cartão, cadastro biométrico, folhas de cheque e até mesmo seu próprio celular para isto.

“Os serviços de pagamentos e recebimentos pela rede bancária estão entre os mais eficientes e modernos do mundo. Mas a intermediação financeira apresenta barreiras que precisam ser superadas, para evitar que milhões de brasileiros permaneçam à margem dos serviços bancários, ou, o que é pior, tenham de recorrer ao crédito no sistema paralelo – leia-se agiota –, a custo maior e sem as medidas protetoras do sistema formal. Resolver a questão da baixa bancarização significa, portanto, promover o bem-estar e o crescimento da Nação.” (TROSTER, 2006, sem pag.)

Ratificando, Alankardec (2008), acredita que o processo de Bancarização permite que vários trabalhadores informais e até os participantes do MEI – Microempreendedor Individual possam ter contas bancárias e utilizar os produtos que os bancos oferecem, com destaque ao cartão de débito e crédito. Desta forma, o processo veio para encerrar a fase de distinção entre o “dinheiro de pobre” e o “dinheiro do rico”, dando os mesmos serviços bancários para todas as classes sociais. Criar serviços e ofertar crédito para uma parcela da população que vive na informalidade é desafio para os bancos e principalmente para os consumidores, por desconhecerem as condições de empréstimos das instituições financeiras. Essa parcela do público não consegue entender direito como funciona a cobrança de juros

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e costuma ser orientado a observar o valor da prestação que cabe no bolso ou pagar o mínimo da fatura para ter mais limite.

A bancarização da população de baixa renda, segundo Amorim (2010) em sua publicação no site do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) feita em 2010, deve ser conduzida a partir da orientação para um planejamento da receita, administração das despesas mensalmente em uma conta corrente, para que, no fim do mês, as contas possam ser pagas e ainda sobre alguma quantia, então destinada à poupança. Para isso, a conta corrente simplificada e o uso do cartão de crédito devem ser oferecidos a preços acessíveis e sem burocracia. A educação financeira deve possibilitar a esses consumidores a utilização mais segura dos meios alternativos e a redução das ocorrências de golpes, redução do consumo por impulso para aquisição de crédito e produtos, viabilizando o controle das finanças pessoais e estimulando a poupança. São essas as vantagens que a bancarização leva consigo: Comodidade, segurança, apoio nas decisões financeiras, educação financeira e conquistas, sejam elas de bens duráveis ou não duráveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tema abordado, apesar de ser antigo para os bancos é pouco discutido pela população. A Bancarização vem ganhando espaço e promovendo a inclusão social e financeiras de clientes mais pobres e carentes de estudos. O tema consiste em incluir cidadãos que não tem ou não conhecem os bancos e seus serviços, levando comodidade, segurança, educação e apoio nas decisões financeiras e as linhas de créditos (cartões de crédito, empréstimos, financiamentos, etc) para este publico.

Os objetivos do trabalho foram alcançados e mostrados desde a segunda seção, onde fora mostrado a origem e historia dos bancos desde os primórdios e o sistema financeiro nacional, mostrando como funciona este sistema com uma figura com o fluxo do mesmo. Em seguida foi contempla as negociações feitas no Brasil pelos principais bancos, mostrando a oligopolização do setor. Posteriormente foi enaltecido o conceito e objetivos da bancarização, onde foi exposto o conceito de segmentação, benefícios para o cliente bancarizado e o que o tema traz para a economia.

A questão de pesquisa foi respondida mostrando por que é importante a bancarização na vida dos indivíduos, incluindo-os no sistema financeiro do país e apresentando-os as vantagens de usar os bancos para movimentação de seus recursos, viabilizando o controle das finanças pessoais e estimulando a economia de valores. Por ser um tema novo para discussão, não há livros ou cartilhas, o trabalho foi fundamentado em muitos artigos e monografias sobre o tema, tendo muitas de suas referencias retiradas da Web de sites como G1, Folha de São Paulo, Blogs sobre economia, etc.

A contribuição para o meio acadêmico, é propagar as informações diante do ineditismo desta pesquisa, visto que esse olhar de inclusão social por meio dos bancos é uma nova maneira de mostrar a presença e os benefícios que os mesmos proporcionam para a população, não eximindo dos valores monetários. Decorrente dessa contribuição os banco serão contemplados devido à propagação das informações, resultando contribuições no âmbito profissional.

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Como sugestão para futuros trabalhos é recomendado o estudo da bancarização na região do Nordeste, enaltecendo o crescimento da população na região, números de contas correntes ativas e número de pessoas incluídas financeiramente.

REFERÊNCIAS

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