Administração oral de fitoterápicos na fotoproteção e ......

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AVM Faculdade Integrada Pós Graduação em Fitoterapia Gabriella Pedrotti Leite Administração oral de fitoterápicos na fotoproteção e prevenção do fotoenvelhecimento Florianópolis 2015

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AVM Faculdade IntegradaPós Graduação em Fitoterapia

Gabriella Pedrotti Leite

Administração oral de fitoterápicos na fotoproteção eprevenção do fotoenvelhecimento

Florianópolis2015

AVM Faculdade IntegradaPós Graduação em Fitoterapia

Gabriella Pedrotti Leite

Administração oral de fitoterápicos na fotoproteção eprevenção do fotoenvelhecimento

Monografia apresentada a AVM Faculdade

Integrada como requisito para obtenção do

título de especialista em Fitoterapia.

Orientadora: Profa. Juliana Tironi Machado

Florianópolis2015

EPÍGRAFE

“A natureza é o único livro que oferece um conteúdo

valioso em todas as suas folhas”.

(Johann Goethe)

RESUMO

A radiação ultravioleta causa diversos danos à estrutura da pele. A fotoproteção é

uma forma de minimizar a absorção dos raios UV e preservar a pele. Os

fotoprotetores de uso oral visam diminuir o dano causado pela radiação UV

protegendo as células do estresse oxidativo e diminuindo a inflamação e queimadura

causada pelo Sol. Alguns fitoterápicos são mais utilizados em formulações

fotoprotetoras de uso oral e para identificá-los foi realizado um levantamento on-line

utilizando uma ferramenta de busca na internet. Os fitoterápicos encontrados de

acordo com os critérios de seleção foram: Polypodium leucotomos, Citrus sinensis,

Punica granatum, Malus domestica, Theobroma cacao, Pinus pinaster, Camellia

sinensis e Lycium barbarum. Para cada fitoterápico encontrado foi realizada uma

busca em artigos científicos publicados nos últimos 10 anos visando avaliar a sua

eficácia como fotoprotetor. Para todos os fitoterápicos listados foram encontradas

pesquisas comprovando sua eficácia como antioxidante devido ao seu alto teor de

flavonoides, catequinas e polifenóis e todos, com exceção da Malus domestica,

possuem um ou mais estudos comprovando sua eficácia para fotoproteção oral.

Palavras-chave: fotoproteção oral. fitoterápico. filtro solar oral.

ABSTRACT

Ultraviolet radiation causes several damage to skin structure. Photoprotection is a

mean to minimize the UV absortion and preserve skin. Oral photoprotectors aim to

reduce damage caused by UV radiation by protecting cells from oxidative stress

reducing inflammation and sunburn. Some phytotherapics are more used in

photoprotective formulations and in order to identify them an online search was

performed thorugh an internet search tool. The phytotherapics identified according to

criteria were: Polypodium leucotomos, Citrus sinensis, Punica granatum, Malus

domestica, Theobroma cacao, Pinus pinaster, Camellia sinensis e Lycium barbarum.

For each one of them, another search was performed to identify cientific articles

published over the past 10 years in order to evaluate their photoprotective

effectiveness. For all of the listed phytotherapics there have been found studies

proving their effectiveness as antioxidants due to the high concentration of

flavonoids, catechins and polyphenols and all of them, except Malus domestica, have

one or more studies proving effectiveness for oral photoprotection.

Keywords: oral photoprotection. phytotherapic. oral sunscreen.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 6

1.1. TEMA 7

1.2. PROBLEMA 7

1.3. JUSTIFICATIVA 7

2. OBJETIVOS 8

2.1. OBJETIVO GERAL 8

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 8

3. METODOLOGIA 9

4. REVISÃO DA LITERATURA 10

4.1. FOTOENVELHECIMENTO E FOTOPROTEÇÃO 10

4.2. FITOTERÁPICOS E FOTOPROTEÇÃO 10

4.2.1. Polypodium leucotomos 11

4.2.2. Citrus sinensis 12

4.2.3. Punica granatum 12

4.2.4. Malus domestica 13

4.2.5. Camellia sinensis 13

4.2.6. Pinus pinaster 14

4.2.7. Theobroma cacao 14

4.2.8. Lycium barbarum 15

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 17

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19

APÊNDICE 1 24

6

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento da pele é causado por fatores genéticos, cronológicos e por

fatores externos. O fotoenvelhecimento é causado pela ação da luz solar e consiste

em um dos principais agravantes do envelhecimento cronológico acarretando não

apenas um desconforto estético como também problemas à saúde, como canceres

de pele. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (1)

revelou que 70% dos entrevistados não utilizavam fator de proteção solar e entre os

que utilizavam, 36,6% eram mulheres e apenas 20% homens. A relação da

incidência de câncer de pele, possivelmente em consequência da falta do uso de

filtro solar, é maior em homens, sendo de 13,99% enquanto nas mulheres é de

8,99%. Em outra pesquisa, Buller et al(2) entrevistou praticantes de esqui e

snowboard sobre o uso do fator de proteção solar e constatou que apenas 4,4% dos

adultos entrevistados faziam utilização correta aplicando 30 minutos antes da

exposição solar e reaplicando a cada 2 horas.

Além do controle da exposição solar e a utilização de cosméticos e roupas

fotoprotetoras, o uso de suplementos vitamínicos minerais e fitoterápicos com

função antioxidante vem sendo utilizado como complementar no combate ao

fotoenvelhecimento. Alguns fitoterápicos como Polypodium leucotomos,

Pomegranate (Punica granatum L.), Picnogenol (Pinus pinaster), entre outros, são

utilizados em formulações funcionais com objetivo de prevenir o fotoenvelhecimento

e o aparecimento de manchas na pele causadas principalmente pela exposição

solar.

O objetivo desta pesquisa é identificar os principais fitoterápicos envolvidos na

fotoproteção e combate ao fotoenvelhecimento, sua origem e seus efeitos

fisiológicos e avaliar sua eficácia através da análise dos resultados obtidos em

pesquisas científicas. Para tal foi realizada uma pesquisa bibliográfica de abordagem

qualitativa na qual foram pesquisados em bancos de dados on-line artigos científicos

publicados nos últimos 10 anos. Os resultados desta pesquisa servirão de referência

sobre o tema para profissionais e estudantes na área da fitoterapia, estética,

dermatologia e áreas afins.

7

1.1. TEMA

Avaliação da administração oral de fitoterápicos como auxiliar na fotoproteção e

prevenção do fotoenvelhecimento

1.2. PROBLEMA

A ingestão de fitoterápicos como fotoprotetor oral contribui para a prevenção do

fotoenvelhecimento?

1.3. JUSTIFICATIVA

O envelhecimento da pele é causado por fatores genéticos, cronológicos e por

fatores externos. O fotoenvelhecimento é causado pela ação da luz solar e consiste

em um dos principais agravantes do envelhecimento cronológico acarretando não

apenas um desconforto estético como também problemas à saúde, como canceres

de pele. Além do controle da exposição solar e a utilização de cosméticos e roupas

fotoprotetoras, o uso de suplementos vitamínicos, minerais e fitoterápicos com

função antioxidante vem sendo utilizado como complementar no combate ao

fotoenvelhecimento. Alguns fitoterápicos como Polypodium leucotomos,

Pomegranate (Punica granatum L.), Picnogenol (Pinus pinaster), entre outros, são

utilizados em formulações funcionais com objetivo de prevenir o fotoenvelhecimento

e o aparecimento de manchas na pele causadas principalmente pela exposição

solar. O objetivo desta pesquisa é identificar os principais fitoterápicos envolvidos no

combate ao fotoenvelhecimento, sua origem e seus efeitos fisiológicos e avaliar sua

eficácia através da análise dos resultados obtidos em pesquisas científicas. Os

resultados desta pesquisa servirão de referência sobre o tema para profissionais e

estudantes na área da fitoterapia, estética, dermatologia e áreas afins.

8

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar a eficácia do uso de fitoterápicos na prevenção do fotoenvelhecimento

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

.Identificar os principais fitoterápicos utilizados na fotoproteção oral.

.Identificar os efeitos fisiológicos dos fitoterápicos que podem contribuir na

prevenção do fotoenvelhecimento;

.Analisar resultados de pesquisas realizadas utilizando fitoterápicos como prevenção

do fotoenvelhecimento.

9

3. METODOLOGIA

Para realização desta pesquisa foi primeiramente realizado um levantamento

através da internet, utilizando o site de busca Google para identificar quais os

fitoterápicos mais utilizados em formulações para fotoproteção oral utilizando os

seguintes parâmetros: fotoproteção oral. filtro solar oral. fotoprotetor oral. O

levantamento foi feito utilizando os primeiros 50 resultados apresentados pelo site

para cada um dos parâmetros de busca a partir do qual foram selecionadas apenas

formulações disponíveis para venda e excluídas as formulações que não continham

fitoterápicos na composição. Na segunda etapa da pesquisa, foi realizado um

levantamento bibliográfico de abordagem qualitativa no qual foram identificados em

bancos de dados eletrônicos, como google acadêmico, scielo, pubmed entre outros,

artigos científicos relacionados aos fitoterápicos identificados na fase inicial da

pesquisa e sua atividade fotoprotetora publicados nos últimos 10 anos. Os

parâmetros utilizados foram: “fitoterápico, fotoenvelhecimento, fotoproteção,

melasma”.

Para Santos e Candeloro (3) “a pesquisa bibliográfica consiste na busca de

elementos para a sua investigação em materiais impressos ou editados

eletronicamente”.

Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma

pesquisa bibliográfica prévia, quer para levantamento da situação da

questão, quer para fundamentação teórica, ou ainda para justificar os

limites e contribuições da própria pesquisa. (4)

Segundo Santos e Candeloro (3):

(...) a pesquisa qualitativa não tem a pretensão de mensurar

variáveis, mas de analisar, qualitativamente, de modo indutivo, todas

as informações levantadas pelo acadêmico através da aplicação de

um instrumento de coleta de dados adequado.

10

4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1. FOTOENVELHECIMENTO E FOTOPROTEÇÃO

O fotoenvelhecimento é uma consequência da exposição à radiação ultravioleta

(UV), causando deterioração gradual dos componentes dérmicos e epidérmicos

como fibras elásticas, colágenas, vasos sanguíneos, queratinócitos, entre outros. A

pele ganha aspecto de enrugada, seca e amarelada perdendo elasticidade podendo

também surgir vasos superficiais, machas acrômicas ou pigmentadas. Estas

alterações surgem a longo prazo sobrepondo-se ao envelhecimento natural. (5,6)

“O afastamento da exposição ao sol e o uso de filtros solares são estratégias

amplamente aceitas como prevenção primária contra o fotoenvelhecimento.” (7)

A radiação solar induz a formação de espécies reativas de oxigênio (ERO) na pele

tais como o ânion superoxido, hidroxila, oxigênio singlet e peróxido de hidrogênio,

que são agentes que podem influenciar no envelhecimento e doenças como câncer

e esclerose múltipla. Outros efeitos decorrentes da radiação UV podem ser

queimaduras, imunossupressão e alterações de pigmentação. (8,9)

O uso de fitoterápicos na fotoproteção é geralmente associado a sua ação

antioxidante. A produção de antioxidantes em algumas plantas deve-se a sua defesa

à exposição à radiação ultravioleta emitida pelo Sol. Alguns compostos fenólicos são

considerados antioxidantes tais como flavonoides, ácidos fenólicos, taninos e

tocoferóis.(10) Os flavonoides contribuem para a coloração de flores e frutos e

protegem a planta contra patógenos e herbívoros e tem efeito na proteção dos

tecidos vegetais contra a radiação UV.(11) Incluem diferentes compostos como

flavonas, isoflavonas, flavonóis, antocianinas, flavonas e flavonóis.(10)

4.2. FITOTERÁPICOS E FOTOPROTEÇÃO

11

No Brasil, a maior parte das formulações fitoterápicas pesquisadas para

fotoproteção oral são magistrais. Nesta pesquisa foram encontradas duas

formulações não magistrais, sendo uma comercial e outra farmacêutica. Das

formulações selecionadas de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, o

fitoterápico Polypodium Leucotomos (Polypodium leucotomos) foi o mais utilizado

nas formulações aparecendo em 16 das 22 formulações selecionadas (Apêndice 1).

O SunRox (Citrus sinensis) foi o segundo mais utilizado aparecendo em 6

formulações, seguido do Pomegranate (Punica Granatum) em 4 e o Pomactiv

(Malus domestica) em 2. Também foram encontrados nas formulações selecionadas

Chá Branco (Camellia sinensis), Goji Berry (Lycium barbarum L.), Picnogenol (Pinus

pinaster) e Cacau (Theobroma cacao).

4.2.1. Polypodium leucotomos

O extrato de Polypodium leucotomos é extraído das folhas da planta Polypodium

leucotomos que apresenta ação antioxidante e anti-inflamatória na pele em uso

tópico e oral. Estudos realizados com utilização do fitoterápico oral demonstraram

redução do eritema cutâneo após exposição solar prolongada. As propriedades

fotoprotetoras deste extrato podem ser explicadas pela ação dos compostos

antioxidantes e anti-inflamatórios nele presentes como ácido cafeico, ferúlico,

vanílico, p-cumárico e clorogênico. A ação antioxidante permite neutralizar as ERO

induzidas pela radiação solar, principalmente do anion superóxido e o oxigênio

singlet protegendo as fibras estruturais da derme como colágeno e elastina da ação

das metaloproteinases que são inibidas pelo uso do P. Leucotomos. (12,13)

Um estudo realizado por Villa et al (9), demonstrou que doses de 240 mg do extrato

de Polypodium leucotomos administradas 8 e 2 horas antes da exposição UV foi

capaz de diminuir o eritema em 84% em relação ao grupo controle que aumentou

em 217%. Middelkamp-Hup et al (14) realizaram um estudo com 9 voluntários que

foram submetidos a variadas doses de radiação UV após receberem ou não 7,5

mg/kg de Polypodium leucotomos. Após 24 horas os dois grupos foram analisados e

no grupo tratado com o Polypodium leucotomos foi observado redução do eritema

cutâneo, dos dímeros de pirimidina, da proliferação de células epidérmicas e

12

infiltração de mastócitos em relação ao grupo não tratado. Também foi observada

maior preservação das células de Langerhans.

A dosagem diária recomendada para fotoproteção é de 240 mg. (13)

4.2.2. Sun Rox (Citrus sinensis)

SunRox é um complexo comercial que contém extratos de três tipos de laranja

vermelha (Citrus sinensis L. Osbeck), Tarocco, Sangüinello e Moro. Diversos

estudos comprovam seu potencial antioxidante devido à presença de flavonoides(15,16) porém não foram encontrados outros estudos sobre sua utilização como

fotoprotetor oral com exceção de estudos realizados pelo fabricante do composto.

Nestes estudos, o composto foi utilizado via oral e tópica. Em ambas situações, o

composto reduziu o eritema causado pela exposição à radiação UV em relação ao

controle, representando uma redução de 35% na administração oral e 38% na

administração tópica. Entretanto como estas referências foram encontradas apenas

na literatura técnica farmacêutica carecem de mais fontes que possam comprovar

esta utilização. A recomendação de uso é de 100 mg 2 vezes ao dia.(17)

4.2.3. Punica granatum

Conhecida como romã ou pomegranate, é uma planta nativa da Pérsia e cultivada

no Irã desde 2000 a.C. (...) O nome pomegranate deriva do latim pomun (maça) e

granatus (semeado).(18) A romã é rica em compostos fenólicos como antocianinas

(delfinidina, cianina e pelargonidina), flavonoides (quercetina e rutina), taninos

hidrolisáveis (elagio e galotaninos) e ácidos fenólicos (cafeico, catequínico,

clorogênico, orto e paracumárico, quínico, gálico e elágico).(19,20) A romã possui

atividade antioxidante, anticarcinogênica e antifibrótica, estudos demonstraram que

sua atividade antioxidante é mais alta que a do vinho tinto e do chá verde. (21,22)

O ácido elágico é um polifenol que possui alta afinidade com o cobre, atuando na

inibição da enzima tirosinase, responsável pela formação da melanina.. Pesquisas

demonstraram que a aplicação tópica do ácido elágico preveniu a pigmentação da

pele após exposição UV.(22) Um estudo realizado por Kasai et al (22) com

13

administração oral de extrato de romã contendo 200 mg e 100 mg de ácido elágico

verificou efeito protetor contra queimaduras leves provocadas pela radiação UV nas

duas doses. Neste mesmo estudo foi também observado leve clareamento da pele.

Outros estudos indicam que o tratamento da pele com extrato de romã antes da

exposição UV, inibe a formação de dímeros de pirimidina e a oxidação de proteínas.(12)

A indicação terapêutica recomendada para administração oral é 500 mg ao dia de

extrato seco padronizado em 40% de ácido elágico.(23)

4.2.4. Pomactiv hfv - Malus domestica

Nas formulações encontradas nesta pesquisa, o Pomactiv aparece sempre

associado ao Sunrox e ao Pomegranate. É composto pelo extrato de maça (Malus

domestica) padronizado em 40% de polifenóis totais. Os antioxidantes presentes na

sua composição auxiliam na redução de ERO. A indicação de uso do extrato é de

100 a 200 mg diários.(24) Não foram encontradas pesquisas utilizando Malus

domestica como fotoprotetor. Um estudo realizado por Vieira(25) com 9 mulheres

onde foi administrado suco de maçã de dois diferentes tipos e água, como controle,

verificou aumento na capacidade antioxidante, ácido ascórbico e ácido úrico sérico e

redução na oxidação lipídica. Este estudo demonstra o potencial antioxidante da

Malus domestica porém não comprova sua eficácia enquanto protetor solar sendo

necessária realização de outros estudos específicos.

4.2.5. Camellia sinensis

O chá branco foi encontrado em apenas uma formulação pesquisada, porém não

foram encontrados estudos comprovando a sua eficácia para fotoproteção. A planta

que dá origem ao chá branco é a Camellia sinensis, e dela também são derivados os

chás verde, vermelho, preto, oolong entre outros. Para o chá verde foram

encontradas diversas referências a respeito do seu potencial antioxidante e

fotoprotetor. O chá verde possui altas concentrações de polifenóis sendo 4 tipos

principais: epicatequina-3-galato (ECG) epigalocatequina (EGC), epicatequina (EC)

e epigalocatequina-3-galato (EGCG), este último encontrado em maior abundância.

14

(26) Um estudo in vivo conduzido por Morley et al(27) demonstrou que o chá verde

possui ação fotoprotetora contra radiação UV podendo proteger as células de danos

ao DNA. Os voluntários foram avaliados antes e após ingerir infusão de 7,5 mg de

chá verde em 540ml de água e expostos a radiação UVA por 12 minutos. Outro

estudo demonstrou que o consumo de bebida à base de chá verde melhorou a

sensibilidade da pele à radiação UV com diminuição do eritema após a exposição.

Os voluntários consumiram 1 litro do chá ao longo do dia totalizando 1402 mg de

catequinas. A sensibilidade da pele à radiação UV diminuiu em 16% após 6 meses

de tratamento e 25% após 12 meses.(28)

A dose recomendada do seu extrato seco é de 50 a 500mg ao dia(29). Alguns estudos

constataram que doses de até 1600mg foram bem toleradas sem efeitos adversos. A

administração de 800 mg de EGCG produziu efeitos gastrointestinais mínimos.(26)

4.2.6. Pinus pinaster

O Picnogenol é o nome dado ao extrato da casca da planta Pinus pinaster ou Pinus

maritma, que contém flavonoides, catequinas, taxifolinas e ácidos fenólicos. Alguns

estudos justificam o uso do Picnogenol como fotoprotetor devido a seu potencial

antioxidante: 21 voluntários receberam doses diárias de 1,10 mg/kg por 4 semanas e

após 1,66 mg/kg por mais 4 semanas, após este período a dose de UV necessária

para atingir a dose eritematosa mínima foi 2 vezes maior do que anterior à

administração; na redução da pigmentação cutânea e melasma, voluntários

receberam cápsulas de 25 mg 3 vezes ao dia durante 30 dias reduzindo após este

período a intensidade da pigmentação na pele bem como do melasma. (30) Outro

estudo concluiu que o uso do Picnogenol pode também diminuir o

fotoenvelhecimento já causado pela radiação UV melhorando em 71% as manchas

causadas pelo fotoenvelhecimento dos participantes.(31)

A dose diária recomendada é de 25 a 200 mg ao dia.(30)

4.2.7. Theobroma cacao

15

O cacau (Theobroma cacao) é considerado um alimento rico em antioxidantes, suas

sementes são processadas para obtenção do cacau em pó e solúvel. O cacau

possui mais compostos fenólicos do que o chá preto e chá verde e vinho tinto.(32)

Os flavonoides presentes no cacau incluem: antocianinas, flavonas,

flavanóis e flavonóis. Os flavanóis são a classe de flavonoides mais

abundante no cacau e compreende flavanóis monoméricos, as (+)-

catequinas e (-)-epicatequinas, e flavanóis oligoméricos, as procianidinas. (33)

Com objetivo de verificar a ação fotoprotetora do cacau, dois grupos de mulheres

consumiram cacau em pó, dissolvido em 100ml de água todos os dias por 12

semanas. Um grupo recebeu cacau com alto teor de flavonóis (326 mg) e outro

contendo baixo teor (27 mg). Após este período os dois grupos foram submetidos a

radiação UV induzida artificialmente. O grupo que recebeu o cacau com alto teor de

flavonóis obteve redução de 15% e 25% no eritema cutâneo na 6a e 12a semana

respectivamente. Já no grupo que recebeu o cacau com baixo teor de flavonóis não

obteve mudanças significativas. Também foi observado apenas no grupo que

recebeu cacau com alto teor de flavonóis melhoras na densidade e hidratação da

pele.(34) Outro estudo semelhante demonstrou que o consumo de chocolate a base

de cacau com alto índice de flavanóis por 12 semanas aumentou em mais que o

dobro a dose eritematosa mínima após exposição UV ao contrário do grupo que

consumiu chocolate com baixo índice de flavanóis que não teve alterações

significativas.(35)

A quantidade de antioxidantes presentes no cacau influencia diretamente no seu

potencial enquanto fotoprotetor. Um extrato obtido a partir das sementes de cacau,

chamado Oxycoa, possui 80% dos polifenóis do cacau, enquanto no cacau

processado normalmente existe cerca de 30% de polifenóis. A recomendação de

uso para fotoproteção é de 1 g a 3,26 g ao dia para fotoproteção.(36)

4.2.8. Lycium barbarum

Goji berry ou wolfberry (Lycium barbarum) é uma planta encontrada no Mediterrâneo

e na Ásia. É utilizada na Medicina Tradicional Chinesa há mais de 2000 anos. Os

frutos podem ser consumidos crus, em forma de sucos, vinho ou chás ou

16

processados em tinturas, extratos e tabletes. A dose recomendada de frutos secos

varia de 5 g a 12 g. A L. barbarum é rica em polissacarídeos, carotenoides,

flavonoides e aminoácidos.(37)

Em um estudo realizado por Reeve et al(38), um suco contendo 5% de Goji berry

adicionado à água de ratos reduziu o edema inflamatório pela queimadura solar

após a exposição UV. Outro estudo realizado in vitro demonstrou que o L. barbarum

possui efeito protetor em fibroblastos submetidos à radiação UVB. O estudo

demonstrou que os fibroblastos da amostra sem adição de L.barbarum sofreu

diminuição da atividade proliferativa dos fibroblastos e da enzima superoxido

dismutase (SOD) intracelular e aumento do composto malondialdeído (MDA) e da

enzima lactato desidrogenase (LDH) após a exposição à radiação UVB confirmando

o estresse oxidativo. Já as amostras adicionadas de L.barbarum demonstraram

efeito oposto, aumentando a atividade proliferativa e os níveis de SOD e reduzindo

os níveis de MDA e LDH de forma dose dependente.(39)

17

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados encontrados nesta pesquisa demonstram que o uso de fitoterápicos de

uso oral como complemento na fotoproteção é viável e já foi objeto de diversas

pesquisas. A crescente preocupação com os danos causados pela radiação solar

faz com que se faça necessária a utilização de diversos instrumentos de

fotoproteção. O uso de fitoterápicos como fotoprotetores endógenos representa um

adjuvante na fotoproteção potencializando a ação do filtro solar de uso tópico e

minimizando os danos causados pela radiação UV.

Os fitoterápicos abordados nesta pesquisa possuem alto potencial antioxidante

devido ao seu teor de flavonoides, catequinas, compostos fenólicos, entre outros. A

atividade fotoprotetora está relacionada à capacidade de impedir o estresse

oxidativo diminuindo a incidência de radicais livres e assim diminuindo a inflamação

e preservando as células da pele. Dos fitoterápicos pesquisados, o Polypodium

leucotomos apresentou o maior número de pesquisas que comprovam a sua ação e

eficácia como fotoprotetor. Ainda são poucas as pesquisas que comprovam in vivo a

atividade fotoprotetora da maior parte dos fitoterápicos encontrados nesta pesquisa,

alguns são utilizados nas formulações devido ao seu poder antioxidante e

antienvelhecimento como o extrato de Malus domestica, porém sem referências que

o comprovem em pesquisas enquanto fotoprotetor. O chá branco, derivado da planta

Camellia sinensis foi utilizado em uma das formulações encontradas para

fotoproteção porém as pesquisas realizadas utilizando a Camellia sinensis foram

conduzidas utilizando apenas o chá verde, outra variação do uso da planta. Outros

fitoterápicos com potencial antioxidante também podem ser utilizados para esta

finalidade como, por exemplo, o chá mate (Ilex paranaguensis) que possui atividade

fotoprotetora semelhante ao do chá verde através da proteção do DNA e da

peroxidação lipídica.(40)

A fotoproteção oral através de fitoterápicos está crescendo como uma nova opção

complementar à medida que mais pesquisas são realizadas e seus efeitos

comprovados. Porém, são necessárias mais pesquisas uma vez que ainda existem

18

diversos fitoterápicos utilizados sem comprovação científica específica para

fotoproteção.

19

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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21

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