Adolescentes Quem Ama Educa Icami Tiba

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  • ADOLESCENTES: QUEM AMA. EDUCA!IAMI TIBA

    "Pais e educadores constantemente se perguntam como agir frente agressividade, intolerncia, ao preconceito, sexualidade precoce das novas geraes, s suas relaes com drogas lcitas e ilcitas, rebeldia muitas vezes sem causa, ao seu descaso em relao aos estudos, escolha da profisso, ao culto exagerado ao corpo... So muitas as dvidas. E todas mereceram a ateno e a anlise minuciosa do autor de Quem Ama, Educa!"

    Gabriel ChalitaSecretrio de Educao do Estado de So Paulo

    Os adolescentes so os primeiros a consumir as novidades, a absorver a tecnologia, a ousar fazer mesmo sem ler manuais, a se enfadar com a rotina, a arriscar a segurana do conhecido pela aventura, a devanear com prmios sem ter apostado, a se apaixonar sem ter conhecido.. Eles so verdadeiros tumultos relacionais, mas podem alcanar bom xito se tiverem boa educao.So temas deste livro: Etapas do desenvolvimento do adolescente Adolescncia precoce e tardia O crebro do adolescente Sexo, drogas e msica eletrnica Famlia de cita performance Construindo um cidado progressivo Administrao empresarial no lar Amor e trocas entre pais e filhos Pais que no tm tempo Pit stop e sua competncia

  • Estudo e trabalho, estgio e emprego Educao financeira, tica do dinheiro Desvio de verbas comea em casaAcredito que este livro Adolescentes: Quem Ama, Educa! vai promover grandes diferenas educacionais nas famlias, como comprovam as mais de 700 mil famlias que j leram o seu irmo mais velho: Quem Ama, Educa!Esta obra vai ajud-los na arte de se tornarem des-necessrios materialmente, mas afetivamente importantes para os filhos.

    Iami Tiba

    O comportamento humano no predeterminado como nos animais. Temos o poder de mudar o futuro, de mudar nosso comportamento j no prximo momento. Poderamos mudar por amor, por querer bem a uma pessoa amada, a um filho, humanidade.

    Iami Tiba

    IAMI TIBA Psiquiatra e psicodramatista h 37 anos com mais de 74 mil atendimentos feitos, conferencista com mais de 3.200 palestras proferidas, e escritor com mais de 1,5 milho de exemplares vendidos em quinze ttulos j publicados.

    Outros ttulos de destaque do autor: Disciplina, Limite na Medida Certa; Anjos Cados - Como Prevenir e Eliminar as Drogas na Vida do Adolescente;

    Homem-Cobra, Mulher-Polvo;

  • Quem Ama, Educa! - best-seller de 2003 e 2004, segundo a revista Veja. Publicado tambm em Portugal, Espanha e Itlia.

    Tem 12 vdeos educativos produzidos em 2001, em parceria com a Loyola Multimdia, com mais de 13.000 cpias vendidas.

    Sumrio

    Agradecimentos................................................Mensagem de Viviane Senna.............................Prefcio de Gabriel Chalita................................Introduo.........................................................Parte 1Adolescentes hoje

    Captulo 1Adolescncia: o segundo parto..........................1. 0 pbere est para o beb..........................2. ... assim como o adolescente est para a criana3. Adolescentes de hoje...................................4. Apego familiar dos jovens, apesar dos amigos 5. Adolescncia antecipada: gerao tween. . .6. Adolescncia expandida: gerao carona. . .

    Captulo 2Adolescncia: resumo dodesenvolvimento biopsicossocial ......................1. Etapas do desenvolvimento da adolescncia

  • 2. Confuso pubertria ...................................3. Sndrome da quinta srie............................4. Onipotncia pubertria................................5. Sndrome da stima srie............................6. Estiro ........................................................7. Menarca da mocinha / Mutao da voz do mocinho 8. Onipotncia juvenil .....................................

    Captulo 3O crebro do adolescente ......................1. Aprendendo uma segunda lngua ...............2. Onipotente, mas imaturo............................3. 0 crebro feminino amadurece antes do masculino

    Captulo 4O equilbrio humano...............................1. Mundo interno e mundo externo.................2. Equilbrio no movimento do caminhante ....3. Caminhando com uma perna s..................4. Aqui e agora expandidos ............................5. Valores superiores ......................................6. 0 teto que nos protege................................

    Captulo sAtropelando a idade biolgica ................1. Imitando os maiores....................................2. Poder sem competncia..............................3. Filhos realizando os sonhos dos pais..........4. Pais nivelando as idades dos filhos.............

    Captulo 6De garotinha a me num s pulo ............1. Da "ficada" para a gravidez precoce...........2. Gravidez na adolescncia...........................3. Garota se transformando em me .............4. Garoto virando pai ......................................

  • Captulo 7O quarto do adolescente ........................1. "Folgados" vivendo na baguna .................2. Isolado no quarto e conectado ao mundo . .3. Formando um cidado ................................4. Dicas para a organizao............................

    Captulo 8Adolescente, um deus com frgeis ps.. . .1. Personalidade como a palma da mo .........2. Vestibular aumentando a onipotncia juvenil3. Um deus sobre quatro rodas.......................4. Bebida embriagando o superego.................5. Onipotncia provocada pelas drogas .........6. Onipotncia alimentada pela paixo...........

    Captulo 9Sexualidade feliz....................................1. Idades sexuais.............................................2. 0 despertar do sexo ...................................3. Namorado(a) dormindo em casa.................4. Preocupaes dos pais dos namorados que "dormem" juntos................................................................5. Usar camisinha um gesto de amor..........6. Camisinha feminina....................................7. Homossexualismo masculino.....................8. Homossexualismo feminino........................

    Captulo 10Drogas ...........................................................1. Alguns tipos de reaes do pai...................2. Alguns tipos de reaes da me ................3. Qual a melhor reao dos pais?.................4. Na casa do amigo ......................................

  • 5. Contra ou a favor........................................6. Exemplo dentro de casa ............................7. Educados para o prazer..............................

    Parte 2Famlia de alta performance

    Captulo Pedra filosofal dos relacionamentos pais e filhos 1. Pedra filosofal dos relacionamentos humanos globais2. Classificao dos relacionamentos humanos globais3. Pais e filhos progressivos e retrgrados....4. Relacionamentos progressivos e retrgrados5. Construindo um "progressivo"...................6. Profissional brilhante, pai... nem tanto! ....7. Relacionamentosverticaisehorizontais ......8. Lidando com as pessoas desconhecidas e/ou diferentes 9. Preconceito, o veneno mortal dos relacionamentos 10..................................................................Harmonia e sinergia entre os conhecidos.........................11...................................................................A linguagem do amor.........................................................

    Captulo 2Caminhos para uma famlia de alta performance1. Nasce uma famlia de alta performance....2. Grandes transformaes no comportamento humano 3. Administrao empresarial aplicada em casa4. Diferentes constituies familiares............5. Projeto de Educao Quem Ama, Educa! . .6. Na prtica, o Quem Ama, Educa! ..............7. Como os pais podem preparar um filho para ter sucesso?8. Transformando sonho em projeto de vida .9. De filho "esperador" a empreendedor........10...................................................................Pais: lderes educadores....................................................

  • 11...................................................................Pais fazem o que patres no fazem..................................12...................................................................Famlia, uma grande equipe................................................

    Captulo 3Amor e negociaes entre pais e filhos............1. Amor, alma dos relacionamentos humanos2. Amor dadivoso, entre pais e filho beb......3. Amor que ensina, entre pais e filho criana4. Amor que exige, entre pais e crianas crescidas5. Negociao entre pais e gerao tween ....6. Negociaes e proibies ..........................7. Amor que exige e negociaes entre pais e filho adolescente....................................................8. Negociao doentia, assdio moral familiar9. Negociao interrompida ..........................10...................................................................Negociao entre pais e gerao carona...........................11...................................................................Amor maduro entre pais e filho adulto ................................12...................................................................Amor de retribuio entre pais senis e filho adulto

    Captulo 4Pais que no tm tempo..................................1. Pai sem tempo para brincar ......................2. Me sem direito de ser mulher .................3. Me trabalhando atende telefonema do filho 4. Pai trabalhando atende telefonema do filho5. Tempo virtual ............................................6. Filhe acompanhando um dia de trabalho do pai e/ou da me...............................................................7. Pit stop e sua competncia........................

    Parte 3Estudo e trabalho

  • Captulo 1Estudar essencial .....................................1. Transformando informaes em conhecimentos2. Apreendemos para aprender ....................3. Aprendemos para conhecer ......................4. De aluno medocre a Prmio Nobel de Fsica5. Estudar construir o corpo do conhecimento6. Pais, aprendizes dos filhos.........................1. Entrosamento entre o "velho" e o "novo" .8. No se aprende com quem no se respeita

    Captulo 2De olho no boletim.......................................1. Boletim no se negligencia .......................2. Vida de estudante moleza!... E a do trabalhador?3. "Deixa tudo para a ltima hora" ...............4. Delegar e cobrar........................................

    Captulo 3Educao financeira.....................................1. Novos paradigmas financeiros ..................2. Ignorncia levando pobreza e ao estresse3. Intimidade com o dinheiro ........................4. Valor do dinheiro........................................5. Mesada ......................................................6. Dez grandes lies aprendidas com mesadas (receitas) curtas....7. Gastos impulsivos e imediatistas...............8. Combinaese contratos ...........................

    Captulo 4Desenvolvendo a performance profissional1. Relao custo-beneficio ............................2. Estgio e emprego ....................................

  • 3. Estagirios progressivose estagirios retrgrados4. Competncia .............................................5. Comprometimento ....................................6. Informaoeconhecimento ........................7. Empreendedorismo ...................................8. Pit stops .....................................................

    Captulo 5Primeiro emprego ........................................1. A cigarra e a formiga: verso ps-moderna2. Sem preparo para o trabalho ....................3. Falhas escolares e familiares.....................4. Pai-patro ..................................................5. Largando os estudos para trabalhar ..........6. Dilemas entre trabalho e estudo................7. Crise de trabalho? Sada empreendedora...

    Captulo 6O terceiro parto............................................1. Gerao carona .........................................2. "Paitrocnio" no trabalho............................3. Gerao carona com sucesso....................4. "Saindo pela porta da frente".....................5. Preparando filhos para o negcio dos pais6. Processo de sucesso: workshop familiar. .

    Captulo 7Necessidades especiais..................................1. 0 desvio de verbas comea em casa ........2. tica do dinheiro........................................3. Adolescente desviando verba ...................4. Pequenos furtos em casa...........................5. Pirataria na Internet ..................................6. Ciber-bullying ............................................

    Concluso................................................

  • Chega de "engolir sapos"!...................................Glossrio remissivo .................................Bibliografia .............................................Sobre o autor...........................................

    AgradecimentosLivros so sementes que o destino leva por caminhos que o prprio autor desconhece.Em terrenos frteis, elas germinam, gerando novos frutos.So frutos que sofrero transformaes evolutivas conforme o terreno, o clima e o cultivador.Assim, cada fruto pode ser diferente do outro e gerar sementes diferentes das originais.Esta a magia dos livros: cada leitor pode colher o fruto do seu interesse.Agradeo humanidade esta oportunidade de ser um semeador do bem, forma que encontrei para retribuir tantos benefcios que recebi de incontveis pessoas que me ajudaram.Sou grato a todos os meus mestres, professores e alunos que diretamente compuseram o meu saber;aos familiares, parentes e agregados que tanto me estimularam e carregam com orgulho as minhas obras; aos amigos e colegas, terapeutas e pacientes, palestrantes e palestrados que, ao trocarem idias comigo, enriqueceram nossas sementes;aos autores, no s os que constam da bibliografia deste livro, mas tambm a tantos outros que se transformaram em verdadeiras sementeiras; e aos ntimos-estranhos leitores e telespectadores que me abordaram em aeroportos, festas, lojas e ruas, dizendo o quanto minhas obras os ajudaram.

  • Residem no meu corao a minha esposa, M. Natrcia; nossos queridssimos filhos Andr Luiz, Natrcia e Luciana, a nossa caula; Juliana, minha nora preferida; Maurcio, meu genro preferido; e nossos preciosssimos netos, Eduardo e Ricardo, frutos da unio de Maurcio com Natrcia.Atendendo pacientes de sol a sol, proferindo palestras em todos os cantos, apresentando programas de televiso, vivendo mais a famlia que o social, eu j "no tinha tempo para mais nada". Como poderia eu escrever mais este que ser o meu 16- livro?Aqui entra minha amada M. Natrcia, que orquestrou toda a gestao e o parto deste livro. Encontramos uma expresso gostosa para informar a toda a famlia que eu estava escrevendo, portanto, no deveria ser perturbado: "Vou me encontrar com o meu leitor". At meu neto Dudu, no auge da inteligncia e criatividade dos seus 3 anos, passava por mim, e, me vendo teclar o computador, me olhava e balanava a cabea com a expresso de quem estava entendendo tudo. Eu at escutava seu crebro pensando: "Vov 't' conversando com o leitor? 'T'?"

    DedicatriaPegou-me de surpresa o resultado da pesquisa feita em maro de 2004, pelo IBOPE, entre os psiclogos do Conselho Federal de Psicologia. Os entrevistados escolheram livremente os profissionais que mais admiram e/ou usam como referncia:]- lugar: Sigmund Freud; 2Q lugar: GustavJung;

  • 3 lugar: Iami Tiba.Seguem C. Rogers; Lacan; M. Klein; Winnicott e outros.Esses dados foram publicados no Jornal de Psicologia n- 141, edio julho/setembro de 2004, do CRP-SP.

    Eu acreditava que meu pblico leitor eram pais e educadores. com imenso prazer que recebo esta notcia e no quero me furtar responsabilidade de ajudar tambm os multiplicadores do bem na promoo da sade e qualidade de vida do ser humano na famlia, no trabalho e na sociedade.

    Dedico este livro queles que lidam com adolescentes e suas famlias: pais, educadores, psiclogos, psiquiatras, psico-pedagogos e outros psico-afins.

    Este meu profundo "Muito obrigado!" vem do mago do meu ser para um imenso e forte abrao a todos vocs.

    Com carinho IAMI TIBA

    Jovens: de problema a soluoQuando Iami Tiba nos procurou para estabelecer uma parceria por meio desta sua nova obra, fiquei emocionada com sua disponibilidade em doar parte das vendas dos livros s aes do Instituto Ayrton Senna pelo Brasil. Senti-me honrada pela sua escolha. E fiquei muito feliz ao constatar que Iami, um escritor ampla-mente reconhecido, est focado num tema que a raiz de nosso trabalho junto juventude: viabilizar no jovem o que ele tem de melhor como fora propulsora de grandes transformaes na realidade brasileira.

  • E como realizar isso, como tocar nesse diamante bruto para ajud-lo a se transformar em uma jia rara? A resposta clara: por meio da educao. Defendo que osjovens deste pas merecem educao de qualidade que promova a descoberta e o desenvolvimento de seus potenciais.No me refiro apenas educao escolar, mas tambm familiar. A viso de juventude que predomina entre muitos pais a de que seu filho adolescente um problema.Para muitos pais, ter um adolescente em casa sinal de "encrenca" vista. No entanto, os que souberem relacionar-se com seu filho de um jeito novo, entendendo suas necessidades e reconhecendo o potencial que trazem consigo, descobriro que tm em seus lares um ser humano mpar, fonte de iniciativas, repleto de uma energia transformadora, capaz de encontrar solues criativas para situaes de impasse.0 caminho para esse reencontro de adultos e adolescentes no dos mais simples, mas dos mais urgentes no mundo em que vivemos. Ver o jovem pelo seu potencial, apostar na sua capacidade e dar a ele as oportunidades educativas para que se desenvolva plenamente so os primeiros passos a serem dados e que esto ao alcance de todos ns, adultos.0 jovem, com certeza, saber retribuir essa nova forma de acolh-lo e se sentir mais seguro para agarrar as boas oportunidades que surgiro em sua vida. Saber, principalmente, fazer as melhores escolhas. No as que s trazem benefcios para si mesmo, mas para o bem comum, porque o jovem necessrio sociedade de hoje precisa ser autnomo e solidrio.Ao Iami, o meu muito obrigada e os votos de pleno sucesso com mais essa grande contribuio aos pais e

  • educadores que tm no seu cotidiano o prazer de conviver e aprender com o jovem.Aos leitores desta obra, desejo sabedoria para apreender destas pginas mensagens otimistas que levem construo de um novo jeito de olhar para a nossa juventude, pronta a deixar sua marca renovadora na histria deste imenso pas.

    Viviane Senna Presidente do Instituto Ayrton Senna

    Ao mestre, com carinhoMuitos so os educadores, escritores e intelectuais que se debruam sobre questes relativas educao de crianas e jovens. Poucos conseguem tocar todos os pontos que permeiam esse tema abrangente com a competncia e a seriedade necessrias. So mentores que detm um modo singular de transmitir informaes e conhecimentos. Um modo capaz de unir prtica e teoria na medida exata. Iami Tiba - mestre que sempre compreendeu a grandeza de ensinar e, ao mesmo tempo, de aprender - um desses homens cuja trajetria exemplo e cujo trabalho nos serve como guia para que possamos experienciar a vida de maneira mais bela e nobre.Prova disso esta obra que voc, leitor, agora tem em mos. Um texto cuja principal qualidade a sua preocupao em abordar a complexidade de situaes, dramas, conflitos, sonhos e desejos comuns vida de

  • pais e filhos. Geraes diferentes que devem descobrir, juntas, as melhores maneiras de estabelecer uma convivncia saudvel e feliz neste incio do sculo 21.Psiquiatra de formao e profissional renomado na rea de terapia familiar, o autor compartilha com os leitores todos os resultados de seu processo de aprendizagem ao longo dos anos, tempo em que se mostrou profundo observador das relaes familiares. Relaes marcadas por atitudes, frustraes, ansiedades, vitrias e derrotas de pais e de filhos que procuram seu auxlio no sentido de conseguir melhoras significativas na convivncia familiar, na harmonia do lar, no seu processo de interao cotidiana.Neste livro, as orientaes de Iami Tiba compem um caminho mais seguro para inmeros personagens que atravessam um perodo mpar da histria da humanidade. Um tempo cuja rapidez dos processos de comunicao, tecnolgicos e cientficos tem influenciado de forma substancial o comportamento das pessoas.Trata-se de um contexto em que, cada vez mais, possvel perceber a inverso de valores sociais e a confuso de sentimentos e sensaes que se estabelecem no apenas entre as famlias, mas nas instituies de um modo geral. Pais e educadores constantemente se perguntam como agir frente agressividade, intolerncia, ao preconceito, sexualidade precoce das novas geraes, ssuas rela-es com drogas lcitas e ilcitas, rebeldia muitas vezes sem causa, ao seu descaso em relao aos estudos, escolha da profisso, ao culto exagerado ao corpo... So muitas as dvidas. E todas mereceram a ateno e a anlise minuciosa do autor de Quem Ama, Educa!Assim, nesta nova obra, Tiba revela as vrias faces do processo educativo, na medida em que nos mostra a importncia de olhar para o ncleo familiar de forma verdadeiramente ponderada, de maneira que

  • possamos enxergar com preciso a importncia do dilogo, da presena qualitativa dos pais dentro de casa, do carinho, do respeito e da tolerncia mtuas - conquistas edificadas por meio de um processo lento, mas necessrio. Uma via de mo dupla que visa ao crescimento contnuo dos membros da famlia como seres humanos dotados de razo e sensibilidade.0 autor nos mostra, tambm, que a autonomia dos filhos deriva, justamente, da sabedoria dos pais como educadores que depositam em seus aprendizes a confiana necessria para empreender novos desafios e jornadas. Tiba alerta para o quo pre-judiciaisso os paissuperprotetores, inca pazes de deixar seus filhos alarem os vos essenciais construo de uma personalidade autnoma e independente.A adolescncia como um segundo parto, o desenvolvimento biopsicossocial, a maternidade precoce, que uma realidade concreta na vida de milhares de meninas, a ausncia de ordem, a propensa onipotncia desses jovens, os caminhos que levam a uma famlia de "alta performance", o amor e a negociao entre pais e filhos e a importncia da educao financeira so apenas alguns dos temas abordados por Tiba neste trabalho, que exigiu, certa-mente, flego de gigante e pacincia oriental.A grande virtude do autor neste texto traduzir os anseios e as inquietaes de todos os pais e educadores, como se estivesse escrevendo no para um grande nmero de leitores, mas para cada um de modo especfico. como se Tiba fosse o portador de uma chave nica, capaz de abrir as portas do particular e do universal, analisando situaes diversas com habilidade rara e linguagem acessvel. Para ser preciso, uma linguagem que lembra tom de conversa, de debate com grandes amigos.Seria clich dizer que este livro uma leitura obrigatria. Ela , na verdade, no uma obrigao, mas um prazer. Um passaporte para uma viagem cuja rota

  • o aprendizado, e o destino, certamente, um porto que atende pelo nome de felicidade. A felicidade to sonhada e que simboliza, a bem da verdade, o bem-estar, o sucesso e a sintonia perfeita entre ns e todos aqueles a quem mais amamos.

    Gabriel Chalita Secretrio de Educao do Estado de So Paulo

    INTRODUO O objetivo deste livro levar ao grande pblico o poder do conhecimento e a capacidade de melhorar a sua qualidade de vida. a cincia chegando de modo compreensvel e aplicvel ao cotidiano das famlias. Os pais encontraro recursos para lidarem com seus filhos de qualquer idade e os profissionais da rea, as bases tericas e os princpios fundamentais para o sucesso no relacionamento com eles.Este livro est dividido em trs partes: Adolescentes hoje, Famlia de alta performance, e Estudo e trabalho.Para simplificar a localizao dos temas neste livro, coloquei entre parnteses trs nmeros, indicando em seqncia: o primeiro se refere a uma das trs partes; o segundo, ao captulo; e o terceiro, ao item.Trabalhando com adolescentes e suas famlias h mais de 37 anos, elaborei as etapas do desenvolvimento biopsieossocial da adolescncia (1,2,1), cuja base biolgica tem se mantido por milnios, mas com uma enorme evoluo psicossocial, principalmente nas ltimas geraes. Essas etapas facilitam muito a compreenso biolgica (hormonal) dos seus inusitados comportamentos e reaes.

  • H mais de 50 anos, jamais algum cientista do comportamento previu que os pais se achariam perdidos perante filhos que, alm de no respeit-los, abusam e fazem-nos de marionetes dos seus desejos. Os adolescentes podem at entender o amor, a proteo, a fora da educao e a preocupao que os pais sentem por eles, mas no compartilham esses valores. Os pais sero verdadeiramente compreendidos e valorizados quando seus filhos forem pais.Os pais tm que clicar o teclado da vida e atualizar seus relacionamentos e propostas com este novo filho, no importa a idade dele. Os pais j viveram as suas adolescncias, e os filhos esto vivendo pela primeira vez as suas, porm asduasadolescnciasso muito diferentes entre si.A famlia vive um segundo parto (1,1,1), que representado pelos pais parturientes e pelo adolescente, que nasce para a autonomia comportamental. Pode ser um parto antecipado, como no caso dos tweens (1,1,5), crianas com comportamentos juvenis, ou prolongado, como no caso da gerao carona (1,1,6), adultos-jovens que continuam morando com os pais. (Hoje entendemos melhoro crebro do adolescente, 3,2) e, na formao do seu equilbrio (1, 4,2), deveriam ser includos os valores superiores (1 4,5).Os adolescentes atropelam a idade biolgica (1, 5,1), imitando os maiores. Eles querem fazer coisas para as quais ainda no tm competncia (1, 5,2), ou so atropelados pela gravidez precoce (1, 6,2), porque ainda no entenderam que usar camisinha um gesto de amor, e no colocaram esse gesto em prtica (1, 9,5), ou se envolveram com drogas (1 10,7). Mesmo sendo "deuses", tm os ps frgeis (1, 8,1), pois querem somente o prazer e fazem os pais assumirem as responsabilidades e as conseqncias que so deles, filhos.

  • A adolescncia de hoje vive e assume os avanos tecnolgicos at dentro de casa. Basta constatar o quanto mudou o quarto do adolescente (1, 7,2) nos ltimos 15 anos. 0 que era recluso passou a ser conexo com o mundo, pois o adolescente freqenta esquinas virtuais jogando e conversando com amigoseestranhosdo mundo inteiro. Os pais nem tm como identificar as "ms companhias". "Coleiras virtuais" pouco funcionam com os jovens.Se Freud estivesse vivo, empreendedor que foi provavelmente ele teria clicado o atualizar na sua teoria e na sua prtica. Hoje a famlia j no mais exclusivamente consangunea e pais podem casar com filhas, enquanto os filhos podem realizar o Complexo de dipo, irmos "postios" podem se casar entre si. J no se tratam mais incestos e/ou absurdas inadequaes pelas diferentes constituies familiares (2, 2,4) existentes.Busquei a pedra filosofal dos relacionamentos humanos globais (2, 1,1) para promovera equilibrada, progressiva e feliz convivncia familiar, pois um excelente exerccio de vida cidad, que deve comear dentro de casa. A convivncia relacional com os dife-rentes e desconhecidos (2, 1,9) e com os conhecidos em relacionamentos verticais e horizontais (2, 1,7) tem que ser baseada na linguagem do amor (2, 1,11) e no no preconceito, o veneno mortal dos relacionamentos (2 1,9).Longe das estruturas piramidais de autoridade e autoritarismo patriarcal, as famlias, como equipes, buscam a alta performance (2, 2,12) para alcanar a felicidade e o sucesso pessoal e profissional. A educao passa a ser um projeto de vida (2, 2,5), com estratgias de ao. Os pais no deveriam ficar reinventando a roda caseira cada vez que tivessem que interferir na vida dos filhos, a cada problema que surgisse. Se essas interferncias no derem bons resultados, no a roda quadrada que se colhe, mas a

  • infelicidade familiar, gerada pela falta de educao tica que vai imperar.Para ser feliz nos relacionamentos, s o amor no suficiente, por maior que ele seja. importante ter maturidade no amor (2 3,11). No relacionamento entre pais e filhos, o amor passa por diversas etapas (2 3,1): amor dadivoso; que ensina; que exige; que troca; e que retribui. 0 assdio moral uma distoro do amor (2 3,8).Sem tempo (2,4,1) para nada, os pais tm que achar um tempo para se dedicar aos filhos. 0 momento sagrado do atendimento eficiente aos filhos quando estes fazem seus pit stops (2, 4,7) e no quando os pais tm disponibilidade. Nada como um pai, ou me, levar o filho para acompanhar um dia do seu trabalho (2,4,6) com o propsito de recuperar e melhorar o vnculo entre eles.Na parte 3, enfoco o estudo e o trabalho, reas em que surgem os resultados de uma boa educao e formao e colhe-se o sucesso profissional, um dos ingredientes da felicidade. Os pais e os educadores no preparam os filhos e alunos para a vida profissio-nal, como aponto em falhasescolaresefamiliares[3,b,3). Demonstro como o estudar importante e o aprender essencial (3,1,1), portanto, os pais tm que ficar de olho no boletim (3,2,1).0 dinheiro um dos valores que movem o mundo, por isso preciso aprender a lidar com ele; da a importncia da educao financeira (3,3,1), da qual fazem parte as dez lies aprendidas com mesadas (receitas) curtas (3,3,6).Para se desenvolver uma boa performance profissional(3,4,1) preciso que os pais insistam com seus filhos para que eles tenham competncia (3,4,4), sejam comprometidos (3,4,5), empreendedores (3,4,7) e progressivos (3,4,3). Os estgios e primeiro emprego (3,4,2), pai-patro (3,5,4), pais que fazem o que os patres no fazem (2,2,11), os critrios de escolha dos trabalhos juvenis (3,5,7), os estudos e/ou trabalhos dos

  • jovens (3,5,6) so temas instigan tes e importantes para todas as famlias com filhos jovens. A gerao carona (3,6,1) um fenmeno atual de adultos-jovens com diploma universitrio, mas sem trabalho, e que ainda vivem como adolescentes na casa dos pais, propiciando um novo estilo de vida.Preparar os filhos para os negcios dos po/s(3,6,5) uma arte que necessita um cuidado especial. Existem filhos cigarras que viveriam bem com o respaldo administrativo de eficientes formigas contratadas. No obrigatrio que pais ricos tenham filhos nobres e muito menos netos pobres. Para tanto, existem os workshops familiares (3,6,6).0 mundo seria melhor se houvesse menos corrupo e bom saber que o desvio de verbas comea em casa (3,7,1). Os pais no deveriam "engolir sapos" (Concluso) dos filhos nem vice-versa. Sapos domsticos podem resultar em pirataria na Internet {3,7,5), e violncia em casa, em bullying na escola, que pode evoluir para o ciber-bullying (3,7,6).Acredito piamente que aps a leitura deste livro nenhum pai, nenhuma me, nenhum educador sero os mesmos. Conseqentemente, tampouco os filhos e os alunos permanecero como esto hoje. Eles podero melhorar, e muito...

    Boa leitura!

    Parte1Adolescentes hoje

  • Adolescente

    Adolescente adrenalina que agita a juventude,

    tumultua os pais eos que lidam com ele.

    Adrenalina que d taquicardia nos pais, depresso nas mes,

    raiva nos irmos,

    que provoca fidelidade aos amigos,desperta paixo no sexo oposto,

    cansa os professores,curte um barulhento som,experimenta novidades,

    desafia os perigos,revolta os vizinhos...

    0 adolescente pequeno demais para grandes coisas, grande demais para pequenas coisas.

    IAMI Tl BA

    CAPTULO 1

  • Adolescncia: o segundo partoUma ordem do crebro d a largada. A partir dela, os testculos e os ovrios iniciam a produo de hormnios que vo transformar meninos e meninas em homens e mulheres. 0 processo biolgico dos cromossomos o mesmo h milhares de anos.Mas s a carga gentica no basta para transformar crianas em adultos. Ela complementada pelo processo psicolgico, regido pela lei do "como somos". Desde os primeiros dias de vida, a criana absorve tudo o que acontece ao seu redor. 0 relacio-namento com os pais (ou substitutos) fundamental na construo dessa bagagem.Os 34 milhes de jovens que vivem atualmente no Brasil so muito diferentes dos seus pais quando eram adolescentes.

    Pelo "como somos" a criana chega maturidade passando por mais dois partos. Na adolescncia, o segundo parto leva autonomia comportamental. Pelo terceiro parto, o adulto-jovem conquista a independncia financeira.

    Pelo segundo parto, a criana se transforma em pbere e adolescente.1. O PBERE EST PARA O BEB...0 beb representa o perodo de desenvolvimento que parte da dependncia total ata independncia parcial. Aos2anosde idade, teoricamente, a criancinha j se reconhece, comunica suas necessidades instintivas e se recusa a fazer o que no tem vontade.A puberdade marca o fim da infncia e o comeo da adolescncia, assim como o beb, o fim da gestao e o comeo da infncia. A puberdade, j pertencendo adolescncia, est muito bem definida no

  • desenvolvimento biolgico pelo aparecimento dos plos pubianos, resultado da produo dos hormnios sexuais. Ela marcadamente um processo biolgico.0 beb teve que aprender quase tudo sobre o que lhe acontecia e como as outras pessoas se relacionavam com ele. 0 pbere tem que apreender o que est acontecendo com o seu corpo, pois os hormnios provocam mudanas nas sensaes, nos sentimentos, na capacidade de entender e reagir s outras pessoas, independentemente da sua vontade. Essa percepo e esse entendimento de si mesmo, ele tem que fazer por si prprio.Os pais do beb tm que fazer tudo por ele pelo amor dadivoso, at ele comear a fazer sozinho o que quer e/ou precisa. muito importante que a criancinha comece a fazer as coisas conforme sua capacidade. Se algum for "ajudar" a criancinha a fazer algo, ela pode at brigar para querer fazer sozinha. Ela quer crescer, sentir-se capaz de realizar pequenas aes. Est na hora de os pas acrescentarem ao relacionamento o amor que ensina. Quanto mais ela aprender, tanto mais a sua auto-estima melhora e mais segura ela se tornar.

    Vi na rea de alimentao de um shopping uma criancinha, sentada no seu cadeiro, que brincava com seus brinquedinhos enquanto sua me lhe punha a comida na boca. Ela queria pegar a colherzinha. A me no lhe entregava e ainda ficava brava quando ela insistia. Essa me queria continuar dadivosa quando j estava na hora de ensinar.Que bom seria se aquela me desse uma colher pequenina que a criancinha pudesse pegar e deixasse que ela pegasse sua comidinha, mesmo que ela derramasse, sujasse a boca, usasse a colher como brinquedo. Bastaria uma complementao da me

  • com outra colher e assim todas, criancinha e me, estariam compartilhando a refeio.

    H mes que no admitem interferncias nos seus relacionamentos com osfilhos. So mes onipotentes que acreditam que se foram capazes de gestar, parir e criar um filho, saberiam tambm educ-lo. A realidade atual tem comprovado que elas se enganam.

    Mais tarde, mesmo tendo condies de comer sozinha, a criana pedir me que lhe sirva as coisas, que lhe amarre o cadaro do tnis mesmo j sabendo escrever. A habilidade de escrever e a de amarraros cadaros so praticamente as mesmas. Essa me poder vir a ser a servial do filho adolescente, pois est castrando a possibilidade de ele se arranjar sozinho.0 pbere j no quer que seus pais interfiram nassuasdes-cobertas sexuais. 0 que os pais fazem de melhor dar-lhe esse tempo, respeitar sua privacidade at que se comprove que no a merece.Caso os pais insistam querendo dar o amor dadivoso e o amor que ensina para quem no est, naquele momento, querendo receb-los, estarosendo inadequados. Correm os pais riscos de serem rechaados pelo pbere. Esse rechao funciona como uma espcie de frceps s avessas para arrancar momentaneamente os pais de sua vida. Este cordo umbilical parece que funciona s avessas, como se os pais que precisassem ser teis ao filho.Aqui que os atendimentos pit stops ganham muita fora. Significa que os pais poderiam aguardar o momento de serem procurados.

    2.... ASSIM COMO O ADOLESCENTE

  • EST PARA A CRIANAA infncia funciona como uma socializao familiar e comunitria, em que a criana apreende os valores, sendo alfabetizada e praticando noes de convivncia com as pessoasda famlia e os conhe-cidos. Sua ida escola fundamental para a sua socializao, um novo ambiente escolhido pelos pais no qual a criana se expande.Crianas imitam comportamentos dos colegas, da televiso, dos prprios pais... Enquanto se ensina criana comportamentos adequados, os pais tm acesso s origens dos inadequados. A interferncia dos pais nestes ambientes pode ajudar todas as crianas. A no tomada de atitudes pode ser vista como negligncia.Uma criana pode ver uma colega agredindo outra colega e nada lhe acontecer. Ela volta para casa e agride sua irmzinha. Os pais dela podem no aceitar essa agressividade gratuita, mas ser muito melhor ainda tomarem providncias para que a escola tam-bm trabalhe essa situao de maneira mais adequada.A adolescncia um perodo de desenvolvimento psicossocial, no qual se afasta da prpria famlia para se adentrar nos grupos sociais. Agora chegou a vez dos amigos de sua prpria escolha. Eles adoram andar com seus semelhantes e ir para os locais de sua prpria escolha.No raro o adolescente querer escolher at a prpria escola e tambm querer acompanhar os amigos que mudam de escola. Mesmo que os pais mudem de bairro, bem capaz de ele permanecer voltando ao bairro onde ficaram seus amigos.Com amigos enfrenta o mundo, mas quando sozinho o adolescente pode perder a coragem de abordar um estranho. Em casa freqentemente se indispe com os pais, mas na rua tolera amigos inconvenientes.

  • Se a puberdade pode ser comparada fase do beb, a adolescncia corresponde infncia. um perodo de desenvolvimento constante at se atingir a fase de um adulto-jovem. Se na infncia a escola fundamental, na adolescncia acrescenta-se a importncia da amizade, desenvolvem-se outros tipos de relacionamentos, e o interesse afetivo-sexual cresce muito.Os pais agora tm que adotar um novo posicionamento educativo. No se pode mais ser como pais de beb com o amor dadivoso, como pais de crianas com o amor que ensina, pois agora o que o adolescente mais precisa se preparar para a vida futura, fazendo o que sabe, ajudado pelo amor que exige.Por mais que queiram e possam, os pais devem se abster de tomar uma atitude pelo filho adolescente, a no ser que ele esteja comprovadamente impossibilitado de faz-lo. Mesmo assim, melhor ele mesmo enfrentar a situao na escola por no poder fazer as lies do que os pais fazerem por ele.

    E na adolescncia que o filho lana-se ao mundo, e aos pais cabe torcer por ele e socorr-lo quando preciso. Tambm da responsabilidade educativa dos pais interferir quando algo no vai bem, sob pena de estar negligenciando a educao.

    Sofrem os pais cujos filhos adolescentes pertencem ao grupo de risco de serem vtimas da violncia social, do abuso de drogas. Pouco resultado d ficar vigiando, controlando seus passos, laando-os com o cordo umbilical para traz-los de volta para casa, ou usarem a coleira virtual (telefone celular, GPS, etc.) preciso que os pais preparem seus filhos internamente, seja por liberdade progressiva, seja por terapia, para que eles aprendam a se proteger

  • sozinhos, a no se exporem tanto aos perigos nem s drogas. No h como proteg-los fisicamente seelesmesmos ficam buscando o perigo.

    3.ADOLESCENTES DE HOJE

    Os adolescentes de hoje comearam a ir para a escola praticamente com 2 anos de idade.Com suas mes trabalhando fora de casa, e o pai trabalhando mais ainda, eles passaram sua infncia na escola, com pessoas cuidando deles, num mundo informatizado. As ruasforam trocadas pelos shoppings, a vida passou a ser condominial, e asesqunasdas padarias transformaram-se em esquinas virtuais e lojas de convenincia.As famlias, alm de ficarem menores, se isolaram. Convivem mais com amigos que com familiares. No visitam tios e primos, s vezes nem os avs. Essa convivncia familiar menor que a social pode estar fazendo falta para a formao de vnculos familiares e valores na formao dos jovens. So valores como gratido, religiosidade, disciplina, cidadania e tica.So tantas as variveis que aconteceram para a gerao de adolescentes de hoje que podemos comentar mais a simultaneidade que a causalidade dos seus comportamentos.

    Hoje os adolescentes so muito apegados ao seu social, seus amigos, seus programas, suas viagens, a ponto de os seus pais sentirem-se meros provedores.

    4.APEGO FAMILIAR DOS JOVENS, APESAR DOS AMIGOS

  • 0 apego familiar continua existindo, principalmente quando os pais so afetivos, mostrando que, mesmo que tenham ido muito cedo para a escola, os jovens carregam dentro de si o esprito de famlia.Tenho ouvido aqui e acol que a famlia est acabando. No creio. 0 que realmente prejudica a famlia so os maus casamentos. As pessoas que se separam costumam casar-se outra vez, ou seja, querem outra oportunidade para constituir famlia. Todos que se casam gostariam de viver bem com seus respectivos cnjuges, ter filhos e constituir uma "famlia feliz".0 que se percebe a separao conjugal cada vez mais freqente, menos traumatizante e mais fcil, com os filhos aceitando bem a nova situao dos pais. Somente os maus casamentos que acabam em ms separaes que continuam prejudicando os filhos. Portanto, no a separao em si que prejudica os filhos, mas a m separao.Uma grande mudana que casais separados querem conti-nuarcom os filhos. Isso pode noser novidade para a maternagem, mas uma grande mudana para a paternagem. Era quase uma constantequeosfilhosdocasal ficassem com a me. Hoje um bom nmero de pais masculinos reivindica permanecer com seus filhos.E bastante comum os filhos pequenos ficarem com a me, e medida que se tornam adolescentes, eles mesmos reivindicarem morar com o pai. Alguns desses filhos acabam preferindo morar com o pai para escapar da maternagem e seus controles.0 que os adolescentes querem no mais ser tratados como crianas. Quando os pais assim fazem, esto desperdiando a ajuda e o companheirismo que os adolescentes podem lhes oferecer.0 adolescente precisa dos amigos e dos pais de diferentes maneiras, e uns no eliminam nem so

  • melhores que os outros. Cada um preenche a seu modo as necessidades juvenis.

    5. ADOLESCNCIA ANTECI PADA: GERAO TWEEN

    H 37 anos trabalho com adolescentes. Quando me perguntavam at que idade eu atendia, eu brincava, respondendo: "Adolescentes de qualquer idade!", eas pessoassorriam. Hoje,dou a mesma resposta, e logo vem um pensamento comum. " mesmo, existem adultos que so adolescentes" ou: " mesmo, existem crianas metidas a adolescentezinhos!"Essas expanses para menos idade, ostweens, e para mais idade, a gerao carona, so novidades psicolgicas, familiares e sociais que a mdia dos pais nunca viu e nem tinha idia que assim aconteceria.0 termo tween, na linguagem cifrada da informtica, vem do corte da palavra inglesa between, e significa uma etapa entre a infncia e a adolescncia. Em nada altera o desenvolvimento biolgico, pois so crianas crescidas, de 8 a 12 anos, que na sua grande maioria ainda nem entrou na puberdade.

    Os tweens so crianas que comearam a ir para a escola com menos de 2 anos de idade. So muito independentes para a idade e querem consumir produtos copiando os adolescentes. Os pais no limitam os seus desejos de consumo.

    Funcionando como pequeninos adolescentes, os tweensso inteligentes, gostam de desafios, conversam "como gente grande", acham outras crianas muito chatas, j formam, dentro do que podem, pequenos grupos de semelhantes, com quem se comunicam intensamente via Internet e celular,

  • superespecialis-tas que so em teclados. Argumentam com boa propriedade com os seus pais, que, se descuidarem um pouco, acabam sendo domi-nados por eles.Nem sempre a convivncia com os tweens tranqila, principalmente quando esto atacados pelo desejo por um objeto de consumo. preciso que os pais aprendam a negociar com eles, caso contrrio, no h consumo que chegue, ou dinheiro que agente.H situaes com as quais os pais podem arcar, como o consumismo, mas em termos de comportamentos preciso muito cuidado, pois o corpo pode no estar ainda preparado para os programas que o tween quer fazer.Fica difcil para pais, sem tanta folga financeira e no consumistas, satisfazerem os seus filhos que vivem em companhia daqueles tweens que acabam tendo tudo o que querem, pois seus pais consumistas fazem questo de dar-lhes tudo o que vem. comum outras crianas quererem ter o que os tweens tm. Mas se os pais negociarem bem os desejos dos filhos com suas reais possibilidades, esses filhos tero uma boa educao administrativa e financeira, que vai ajudar toda a famlia. Leia mais no captulo Negociao entre pais e gerao tween.

    6. ADOLESCNCIA EXPANDIDA: GERAO CARONA

    Aps a adolescncia vem a maioridade civil, aos 18 anos de idade, segundo o Cdigo Civil Brasileiro de 2002.Mesmo tendo os 18 anos completos, o filho continua dependendo financeiramente dos pais e assim vai continuar at ter completado os estudos e desse modo poder conquistar a sua independncia financeira.

  • Existe uma etapa, na qual eu situo o adulto-jovem, que vai desde os 18 anos at a conquista da independncia financeira, que eu considero um terceiro parto.Mas no raro encontrar adultos-jovens na faixa entre 25 e 30 anos de idade morando "ainda" com seus pais. "Ainda" porque tendo j concludo o terceiro grau esto aptos ao trabalho, mas 70% deles no conseguem emprego. Essa gerao carona composta por adultos-jovens com vida social independente, mas ainda vivendo custa de mesada e morando como adolescentes na casa dos seus pais. a adolescncia invadindo a vida adulta.

    Desde os dois anos de idade, estudando bastante, sem nunca ter repetido de ano, e agora, formado, tem um diploma universitrio na mo e est sem emprego. Mas ele no est s. Ele engrossa a gerao carona.

    Uma gerao que concentra 50/o dos 7 milhes de desempregados totais do pas. Essa gerao vive transitoriamente de carona na casa dos pais, at conseguir emprego e partir para a independncia financeira. Esse perodo de carona quanto dura o "terceiro parto".Segundo a ONG Via de Acesso, apenas 30% dos adultos-jovens trabalham em sua rea de formao. Uma porcentagem menor infiltra-se nos negcios dos pais e a grande maioria obrigada a continuar estudando, qualificando-se mais para enfrentar a competio cada vez mais acirrada por uma vaga de trabalho e por um salrio indigno de um universitrio graduado. revoltante! Mas tem que ser enfrentado. Leia os seguintes captulos: Amor e negociaes entre pais e filhos e 0 terceiro parto.No passado, era corrente esta idia que os pais tinham: "Enfim, a nossa parte acabou. At agora

  • demos tudo o que voc precisou. Agora com voc. Com seu diploma na mo, voc tem um futuro pela frente!"Hoje, com a difcil situao socioeconmica do pas, a gerao carona e os seus pais vivem apreensivos, preocupados e angustiados com um futuro que lhes bate porta, bem diferente do que eles tanto almejaram. Alguns mais desanimados se questionam: "Ser que valeu a pena ter estudado tanto?"Valeu, sim, porque est mais difcil o emprego para quem pouco preparado, isto , que fez somente at o colegial, e muito mais difcil ainda para quem analfabeto. Valeu porque o estudo no serve somente para o trabalho, mas tambm melhora muito a qualidade de vida e qualifica a cidadania.A maior dificuldade da gerao carona a de ultrapassar a etapa das entrevistas iniciais. Uma vez dentro das empresas, o estudo pode fazer a diferena. Um empreendedor sem estudo tem seu valor, mas seria melhor se tivesse estudo. Chegam aos melhores cargos as pessoas mais bem preparadas, que no so obrigatoriamente as que tiravam as maiores notas nas provas escolares. A vida mais ampla e exige mais do que se exigia nas provas.Uma pessoa, para se preparar para a vida, tem que desenvolver simultaneamente outras reas e cursos complementares de preparo administrativo, financeiro, relacional, de empreendedo-rismo e outros tantos que podem oferecer as diferenas que esti-mulam a particular ascenso profissional.Leia mais no item Gerao carona e no Gerao carona com sucesso, no captulo 6: 0 terceiro parto.

  • CAPTULO 2Adolescncia: resumo do

    desenvolvimento biopsicossocialUma inundao hormonal, um terremoto corporal e uma confuso mental. Dessa forma tem incio a adolescncia. A entrada em cena dos hormnios sexuais ocasiona a puberdade, um despertar sexual em meio a um tumulto vital.Com a puberdade, tem incio o amadurecimento sexual biopsicossocial. 0 adolescente muda aos poucos o seu modo de ser, num movimento "de dentro para fora", em busca de independncia e autonomia. Adora e precisa ficar sozinho em casa e estar entre outros da mesma idade.

    Adolescentes adoram a escola, o que os atrapalha so as aulas. Escola lugar de reunir, fazer tumultos na porta, e no ficarem sentadinhos, como "mmias", isolados nas suas carteiras...A adolescncia envolve tanto os pais como parturientes quanto os filhos como nascentes.Aborrescncia a adolescncia tumultuada, que incomoda os pais. Acostumados a lidar com filhos crianas, os pais agora tm quese reorganzarperanteosadolescentes. Os pais tambm podem ser os "aborrecentes" dos filhos. necessrio que os paisadolesam (rejuvenesam) juntos com seus filhos adolescentes (crescentes).Puberdade um amadurecimento muito mais biolgico e a adolescncia, um desenvolvimento biopsicossocial. A adolescncia envolve a puberdade.A puberdade comea nas meninas em torno dos 8-10 anos e nos meninos, entre 9 e 11 anos.Biologicamente as garotas terminam a puberdade quando surge a menarca, em mdia por volta dos 11-

  • 12 anos. Os rapazes, com a mudana de voz, que se d entre 13 e 17 anos. Mas a adolescncia continua.

    1.ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DA ADOLESCNCIAAssim como a infncia tem suasetapasde desenvolvimento, a adolescncia tambm tem as suas, e elas foram inicialmente apresentadas no meu livro Puberdade e Adolescncia - Desenvolvimento Biopsicossocial, publicado em 1985.Por ordem seqencial cronolgica, apresento as seguintes etapas do desenvolvimento psicossocial da adolescncia, determinadas geneticamente: confuso pubertria; onipotncia pubert-ria; estiro; menarca; mudana de voz; e onipotncia juvenil.As caractersticas psicossociais no so como as biolgicas, que inexoravelmente evoluem. Elas tm pocas para surgir, mas vo desaparecendo medida que os conflitos vo sendo resolvidos. Os no resolvidos vo se acumulando s etapas seguintes. Assim que um onipotente juvenil pode apresentar ainda comportamentos de etapas anteriores e mesmo infantis.Apresento a seguir, muito resumidamente, essas etapas.

    2. CONFUSO PUBERTARIACom o surgimento do pensamento abstrato, todo o esquema funcional anterior do crebro, que era praticamente concreto, vai sofrer uma adequao. 0 raciocnio hipottico, as piadas de malcia, os subentendidos vo se acrescentando aos concretos, que no desaparecem imediatamente. uma espcie de novo-rico, com muito dinheiro, mas ainda simplrio.

  • Os confusos pubertrios j entendem algumas idias abstratas, mas podem trat-las concretamente.

    Essa etapa precede as modificaes corporais. Nas garotinhas, acontece por volta dos 9 anos [3a. srie do ensinofundamental); nos garotinhos, em torno dos 11 anos (55srie). a mente que organiza o esquema corporal.

    0 garotinho comea a ficar desastrado e derruba copos e comidas quando come e a garotinha pisa nos ps dos pais quando osabraa. Eles perdem a noo de esquema corporal, que a representao mental do prprio corpo. Na cabea desse garotinho, sua mo ainda pequena, e a garotinha no aprendeu que seu p chega antes dela...As garotinhas do muita importncia aos relacionamentos; os garotinhos, para o desempenho. como se a auto-estima feminina dependesse do nmero de amigas que ela tem e a auto-estima masculina, do que o garotinho capaz de fazer.Nessa fase, as garotinhas comeam a desmontar o armrio para sair. Quanto mais roupas tiverem, maior a indeciso. As roupas so para mostrar como elas gostariam de ser, crescidas, mas tambm escondem o que elas no gostam em si.Os garotinhos ganham naturalmente mais fora fsica, resultante da ao da testosterona nos msculos. Assim, vivem querendo experiment-la por meio de competies, busca de lideranas, brigas territoriais.Nessa fase, garotinhos e garotinhas ainda aceitam e freqentemente pedem a ajuda dos pais. No entanto, em geral, eles so mais desobedientes do que elas. Se um garotinho transgredir as regras e no acontecer nada com ele, passar a agir como se ele

  • fosse o lder, o que significa que ele pode fazer o que quiser.

    3.SNDROME DA QUINTA SRIE

    Ao entrarem na 5" srie, as garotinhas j esto saindo da confuso pubertria.Seu pensamento abstrato est mais desenvolvido que o dos garotinhos, que ainda esto em plena confuso mental. Vem no horrio escolar a programao para quinta-feira e levam o material de sexta-feira. Estudam Geografia para a prova de amanh, que de Histria. s vezes, os garotinhos nem entendem a pergunta que o professor faz. Eles apresentam uma incapacidade biolgica de acompanhar a 5" srie e sofrem em funo desse descompasso. No de estranhar, portanto, o alto ndice de repetncia dos garotinhos nessa fase.Ao conjunto dos sofrimentos apresentados pelos meninos/garotinhos na quinta srie do primeiro grau, dei o nome de sndrome da quinta srie.E o pior que as garotinhas da 5 srie ainda desprezam os garotinhos da sua prpria classe, o que fere a auto-estima masculina e prejudica ainda mais seus desempenhos e capacitaes.Os meninos/garotinhos de 11 anos no esto prontos para acompanhar as exigncias curriculares da 5? srie. Ao contrrio das garotinhas. Quando elas comeam a ser solicitadas, j esto preparadas para atender a demanda. Tm a casa psquica pronta e arrumada. Com os meninos/garotinhos acontece o equivalente a ter a casa assaltada no momento da mudana, quando as jias estavam em cima da cama.Os garotinhos precisam receber uma educao diferente, no por machismo, apenas porque funcionam de outro modo. Exigir deles o que ainda

  • so incapazes de fazer complica muito a vida de todos, principalmente a deles, meninos/garotinhos. 0 maissensato seria exigir de cada um o que fosse capaz de produzir.Como sugesto, proponho que essa diferena seja levada em conta pela Psicologia e pela Pedagogia e que os educadores encontrem uma sada adequada para esse problema real, de razes biolgicas. Os meninos no tm culpa nem responsabilidade de no terem o desenvolvimento necessrio para acompanhar a quinta srie. 0 erro est mais no sistema, o qual exige do menino/garotinho o que ele no tem condies de produzir. As garotinhas de 11 anos de idade j esto muito mais amadurecidas, algumas j at menstruam...

    Uma das possibilidades que os meninos entrem na 1 ?srie um ano depois das meninas, como j propus no livro Puberdade e Adolescncia -Desenvolvimento Biopsicossocial.

    Enquanto isso no se resolve, os pais podem ajudar os meninos/garotinhos na sua dificuldade de organizao. Estabelecer a programao do dia escolar, conferir com eles os materiais e as datas das provas, e no se incomodar com as atrapalhaes que eles vivem.

    4.ONIPOTNCIA PUBERTRIA

    Os onipotentes pubertrios esto na etapa do Deus Rebelde (para os garotos), em torno dos 13 anos (7

  • srie) e do Viver em Funo da Turma (para as garotas), em torno dos 10 anos (4- srie).Agarotinhaquerterseugrupodeamigas. Viverem grupoviver alvoroado, falando muito sobre as garotas e mal, se forem de outras turmas. Telefonemas, bilhetinhos, torpedos fazem parte desua rotina. Mal chega em casa ej voa para o telefone ou para a Internet.A garota que no se enturma geralmente no est bem. Como esto na onipotncia pubertria, essas garotas jamais aceitaro que sobraram ou que foram rejeitadas. Preferem dizer que so elas que no querem se enturmar e que acham muito bobinhas e fteis asenturmadas. Isso dura at conseguir se enturmar, quando considera ridcula aquela garota isolada.J os garotos vivem a fase da onipotncia pubertria a pleno vapor. Tm "muito hormnio para pouco crebro". Cheio de testos-terona, o garoto comea a apresentar modificaes corporais (poucas) e comportamentais (muitas).

    Quando engrossam os primeiros plos pubianos,inicia-se tambm a formao de espermatozides

    (semenarca).Do ponto de vista da reproduo, j podem ser

    frteis,apesar de serem ainda to garotinhos.

    0 que os diferencia muito das garotas o interesse pelo desempenho sexual. Enquanto no chega o grande dia do encontro sexual com uma mulher (seja ela qual ou quem for), ele se masturba diariamente.O "testosternico" garoto quer fazer valer o seu ponto de vista, mesmo que ainda no o tenha. Sua onipotncia uma reao convicta contra a solicitao e a imposio que o atingem. Ele ainda no se sente forte, mas tem que mostrar que forte

  • para a sua auto-afirmao a pedido da sua testosterona. a rebeldia hormonal.A oposio uma forma de organizao mental. Mau humor freqente nessa etapa e a raiva se transforma em dio. Esta a etapa em que o garoto mais briga na rua.Tem sempre um olho roxo, e/ou um esparadrapo na pele, e/ou a camiseta rasgada...Comea a enfrentar fisicamente os pais. Se a me lhe der um belisco, mesmo com lgrimas nos olhos, afirma: "No doeu!!!" Agora quanto mais agentar o sofrimento e a dor, mais macho ele sente que .

    5. SNDROME DA STIMA SRIE

    Em geral, a onipotncia pubertria se manifesta na escola da seguinte forma: o garoto no consegue estudar Matemtica, ento diz que "decidiu repetir de ano". Na verdade, ele encontra dificuldade na matria, mas proclama que no quer passar. Essa postura garante a ele a sensao de vantagem, j que no suporta a sensao de falncia. Oposio e agresso so outros mecanismos de defesa.Aos 13 anos, em plena onipotncia pubertria e desprezados pelo sexo oposto, os garotos j so reprodutores. S pensam em sexo. a idade da pornografia. Para eles, qualquer carnia fil mignon. Assim, o corpo da professora mais interessante que a aula.A garota da mesma idade est duas fases adiante, na menarca. Vive a onipotncia pubertria antes dos garotos, e de um modo mais suave, j que os hormnios femininos estimulam o estabelecimento de relacionamentos, primeiro entre elas e depois com o sexo oposto.

  • Os garotos onipotentes exigem dos pais uma mudana

    radical de comportamento. Afinal, o filho no quer receber

    ajuda de nenhum adulto, muito menos dos prprios pais.

    Aceitar ajuda, na viso dele, ser tratado como criana.

    0 que os pais podem (e devem!) fazer ajudar na organizao das tarefas, desenvolvendo priorizaes nas atividades bsicas do dia-a-dia familiar e escolar. importante que eles escolham os procedimentos a serem tomados para realizar o que foi estipulado.Convm lembrar que qualquer combinao deve ter um prazo de execuo e deixar claro quais sero as conseqncias, caso no cumpra a parte dele no acordo. 0 que combinado barato. No d para simplesmente aplicar alguma conseqncia sem antes ter combinado.

    6. ESTIRO

    E quando se operam as maiores modificaes corporais. 0 estiro se caracteriza por um grande desenvolvimento fsico, dirigido sobretudo pelo crescimento dos ossos da coxa (fmur) e da perna (tbia e pernio). Geralmente o mocinho cresce para cima e a mocinha para todos os lados: para a frente (seios), para trs (ndegas), para os lados (quadris), mas muito pouco para cima.Na mocinha, geralmente o estiro termina com a chegada da primeira menstruao (menarca), portanto, ocorre em torno dos

  • 11-12 anos de idade. uma etapa curta, que leva em mdia de um a dois anos.No mocinho, comea depois dos 12 ou 13 anos. Ele cresce por dois ou trs anos e pra quando muda a voz (mutao).De 1967 a 2000, houve um crescimento de 8 cm na estatura dos jovens, conforme estudo da Faculdade de Cincias Mdicas da Unicamp, causado pela melhoria das condies de vida.O interessante que, at para crescer, os mocinhos fazem uma coisa de cada vez. Primeiro o fsico, depois a parte mental. Por isso, comum um mocinho de 14 anos, com 1,90 m de estatura, ouvir o pai com bastante ateno e quando o pai lhe perguntar: "Voc entendeu?" e ele responder com aquele olhar distante: "H?" como se nem tivesse escutado. A mocinha da mesma idade j entende tudo e capta inclusive a mensagem no dita.Nem sempre o estiro to visvel para os mocinhos que no ganham tanta estatura. Parece que o corpo fica parado enquanto o crebro vai amadurecendo aos poucos.As filhas j comeam a funcionar como polvos: so polivalentes nas aes e fazem pouco dos mocinhos da mesma idade, geralmente mais imaturos, embora j funcionem como cobras.Quanto menor for a auto-estima, mais defeitos o(a) mocinho(a) enxerga nessas mudanas fsicas. As mocinhas ficam muito preocupadas com o desenvolvimento dos seios. Ficam constantemente examinando os seios para verse so simtricos, desiguais ou tortos, imensos ou ausentes.

    So fases de angstia e timidez de se expor em pblico. Nessa idade bastante comum as mocinhas

  • quererem fazer cirurgia plstica esttica. No se opera o que estiverem pleno desenvolvimento.

    Os mocinhos ficam muito preocupados com o tamanho do seu pnis. Ganhando estatura, ou peso, a impresso que o mocinho tem de que seu pnis encolheu. 0 pnis somente vai adquirir as propores e a forma de adulto aps a mutao da voz.0 estiro do mocinho geralmente uma fase de muita timidez, com ataques de isolamento. Prefere ficar diante do computador, encontrando amigos sem se mostrar pessoalmente.J as mocinhas falam muito mais entre si, e se cotizam nas dificuldades, formando estratgias grupais de ao para "caar" um mocinho. Elas escolhem quem vai escolh-las.Cabe aos pais no forarem os filhos tmidos a se exporem publicamente, mas devem exigir o cumprimento de seus deveres, sejam quais forem as etapas.

    7. MENARCA DA MOCINHA / MUTAO DA VOZ DO MOCINHO

    Teoricamente mais uma passagem ritualstica que etapa, pois muito importante e dura pouco tempo, quando a mocinha vira moa, passando pela menarca, e o mocinho vira moo passando pela mudana de voz.A mutao de voz marca o fim do estiro dos mocinhos, por volta dos 15 aos 17 anos. Mesmo que pare o crescimento sseo, as cartilagens continuam crescendo, entre elas, o pomo de Ado (gog). Esse gog a parte da laringe que vem para a frente.

  • dentroda laringequeseencontramascordasvocais, responsveis pelo timbre da voz. Com o crescimento da laringe, as cordas vocais tambm crescem e tornam-se mais grossas. A passagem do ar por elas faz com que elas vibrem, criando sons que, modulados, se transformam em voz.Com as alteraes das cordas vocais, preciso que tambm se regule a quantidade e a velocidade do ar a passar por elas. Todas essas mudanas tero que ser absorvidas para depois serem automatizadas.Se as cordas vocais ficam se alterando, dificilmente se consegue adequar a passagem do ar por elas e por isso que a vozs e torna irregular e s vezes incontrolvel. Assim a voz pode ficar esquisita, parecendo um coaxar acompanhado de falsetes e grunhidos, ora bem mais finos ora muito mais grossos. A laringe pra de crescer quando o gog fica pontudo.

    O rapaz fica com a pele cheia de espinhas, que formam verdadeiros vulces e crateras. Sua fala, um coaxar, e seu nariz gigante fazem-no sentir-se um horror. At a prpria me pode ach-lo feio... a idade do sapo.

    Pode estar feio do jeito que for, mas o moo fica intimamente feliz porque junto com a orelha e o gog, o pnis se desenvolve -justamente o que ele tanto queria. Achava que havia um defeito nessa parte. Afinal, vivia se comparando aos atletas sexuais dos filmes pornogrficos.

  • Menarca a primeira menstruao da mulher. Ela pode chegar entre 10 anos e meio e 13 anos, em mdia. Ela culmina o estiro da mocinha, quando praticamente a estatura e as caractersticas sexuais secundrias se estabilizam.Nessa fase, o corpo da menina comea a ganhar contornos de mulher. Aumenta seu interesse por rapazes e ela tomada por paixes eternas que duram semanas, dias ou horas, at se apaixonar platonicamente por outro prncipe encantado do Ensino Mdio.Com a mutao, o corpo do rapaz ganha contornos msculos, firmes, exuberantes, favorecendo comportar a onipotncia juvenil que est para chegar com toda a sua fora.

    8.ONIPOTNCIAJUVENIL

    a mania de Deus dos moos.Essa uma das fases mais complicadas no relacionamento entre pais e filhos. Atinge as moas por volta dos 14-15 anos e os moosem tornodos 11-18 anos. Afora biolgica da reproduo est no auge, com uma inundao de hormnios na corrente sangnea.A iluso onipotente de que jamais vo engravidar paira sobre eles... Num carro e eis os moos sentindo-se poderosos e protegidos contra acidentes... Maisque pelosmotoresecombustvel.seus impulsos e vontades na busca de sensaes adrenrgicas so ali-mentados pela invulnerabilidade produzida pela onipotncia testosternica.Nesta fase, muitosquerem terautonomia para escolherseus programas, vida sexual, experimentar drogas, beber muito, correr com seus carros, abusar de esportes radicais, viajar sem destino na certeza absoluta de que nada de ruim ir acontecer

  • justamente com eles, etc. Mas ainda dependem dos seus pais para financiarem seus programas.

    CAPTULO 3

    O crebro do adolescenteUma exploso emocional diante de uma pergunta inocente dos pais no provocada apenas pelas alteraes hormonais. As estruturas mentais que inibem respostas intempestivas ainda no se consolidaram. Estudos tm mostrado que o crebro dos adolescentes diferente do crebro dos adultos e jogam por terra o velho consenso cientfico segundo o qual este rgo nobre completa seu crescimento na infncia.Durante a puberdade ocorre uma verdadeira reconstruo do crebro. Metade das conexes eletroqumicas que ocorrem ali desfeita para ser refeita de modo diferente. Os investigadores che-garam a essa concluso depois de analisar ao microscpio eletrnico crebros de adolescentes mortos em acidentes.0 critrio usado para essa reenergizao do crebro est na movimentao das sinapses. As vitais para a vida adulta vo ser reforadas e as inteis ou prejudiciais ao comportamento maduro so simplesmente cortadas.

    A vida do crebro no representada somente

  • pelos neurnios, mas passa muito mais pelas suas sinapses.

    Os neurnios no se tocam. Eles soltam e recebem os impulsos-

    mensagens atravs dos neurotransmissores.

    Os neurnios se comunicam, portanto, atravs dos seus neurotransmissores, que so mensageiros bioqumicos que carregam as mensagens do neurnio transmissor para entregar ao neurnio receptor. Os neurotransmissores funcionam somente nas sinapses. A inteligncia depende muito mais do nmero de sinapses do quedo nmero de neurnios.

    1.APRENDENDO UMA SEGUNDA LNGUA

    Da puberdade at por volta dos 15 anos, desenvolvem-se sobretudo as regies cerebrais ligadas linguagem. quando podem ser notados grandes progressos no uso da escrita. ainda uma boa etapa para se aprender novas lnguas. Mas o melhor seria se pudesse ser includa a segunda linguaja no incio da alfabetizao.Quando uma pessoa j domina uma lngua, a primeira tendncia ao aprender outra lngua traduzi-la mentalmente para a lngua me, s vezes, "ao p da letra". Como pode no fazer sentido, o aprendiz tende a usar mais a lngua me.As criancinhas, que nem bem falam a lngua me, tm mais facilidade para aprender uma segunda lngua, pois elas aprendem sem fazer muita diferena entre uma e outra. Simplesmente ouvem com ateno e tentam repetir o que ouvem, associando com o que estejam fazendo ou brincando.

  • Elas armazenam um conjunto de novidades, inclusive a linguagem. Na ao, vem automaticamente a palavra. Na msica, a sonoridade da palavra includa, seja em que lngua for. Ao visual da cor, inclui-se a palavra; ao ver a cor, vem memria o nome da cor, como se fosse num pacote de memria.Com o tempo, as criancinhas aprendem a administrar a memria, organizando-a como se a salvassem, num carto de memria. Para falar a lngua me, usa um carto. Para outra lngua, um outro carto. Quando a criancinha fala em ingls com algum que lhe res-ponde em portugus, ela troca o carto e fala em portugus.

    Se uma pessoa aprende uma segunda lngua antes da puberdade, ela conseguir pronunci-la sem sotaque. Entretanto, se aprende depois da puberdade, no deixar De carregar o sotaque da lngua me.

    Na puberdade, quando o nmero de sinapses neuronais est aumentando muito, tambm oportuno comear a aprender uma segunda lngua. Enquanto estimularmos o aprendizado, estaremos estimulando a formao de novas sinapses, um exerccio "fsico" de rejuvenescimento dos neurnios.

    2.ONIPOTENTE,MAS IMATURO

    A maior parte das alteraes pelas quais passa o crebro na adolescncia ocorre no crtex pr-frontal, rea responsvel pelo planejamento de longo prazo, pelo controle das emoes e pelo senso de

  • responsabilidade. Essa rea se desenvolve at os 20-25 anos.Portanto, antes disso, o adolescente nem sempre est apto para processar todas as informaes que precisa considerar na hora de tomar uma deciso - esse achado revela que no se trata meramente de oposio aos pais, mas de uma limitao biolgica. No lugar de avaliar os vrios ngulos de uma questo, ele toma decises por blocos. como se fosse uma empresa com departamentos estanques, sem um presidente.Os pais teriam mais condies de entender os filhos do que o caminho inverso, pois no se pode exigir daquele que no tem ou no amadureceu ainda. Faz parte daquele que maduro ter um leque de opes para agir. Portanto, os pais que escutem os seus filhos adolescentes, mas aguardem um pouco mais antes de cobrar algo deles, como se lhes faltasse a responsabilidade.

    3.OCREBRO FEMININO AMADURECE ANTES DO MASCULINO

    Nas meninas, o crebro amadurece cerca de dois anos mais cedo. 0 hormnio sexual feminino, o estrognio, tem papel importante na remodelao desse rgo. Detalhe: tanto nas garotas como nos rapazes. Eles sintetizam o estrognio a partir da testos-terona. Sendo assim, os mesmos hormnios que provocam o terremoto corporal e a confuso mental, com o passar do tempo se incumbem de colocar ordem na casa.Durante a maturao cerebral, a sntese de mielina, substncia gordurosa e isolante que envolve os neurnios como o plstico de um fio eltrico, torna

  • seu funcionamento mais eficiente. Mas enquanto as reas cerebrais de processamento emocional no estiverem maduras, o adolescente tende a revelar um humor instvel. Encarar situaes novas ou pessoas com opinies diferentes podem lev-lo ao tpico curto-circuito emocional, inexplicvel durante tantasdca-das, que agora, finalmente, est sendo mais bem compreendido.Os crebros amadurecidos de pais deveriam tratar com especial carinho aqueles em amadurecimento, usando pacincia para ouvi-los at o fim, procurando realmente entend-los. No lugar de qualific-los pejorativamente, e assim diminuir a auto-estima, melhorseria perguntar-lhes como iro resolver eventuais dificuldades, obstculos e problemas que surgirem pela frente. Focalizando cada hiptese e raciocinando sobre ela que o(a) adolescente vai exercitando a prudncia, a previdncia, alternativas resolutivas e responsabilidades. uma maneira de exercitar o amadurecimento.

    CAPTULO 4

    O equilbrio humanoTodo ser humano quer ser equilibrado e feliz.Felicidade um estado biopsicossocial bastante subjetivo. Istosignifica que cada ser humano podeterseu prprio critrio de avaliao sobre o ser feliz.Sendo psicoterapeuta h mais de 37 anos e tendo vivido (e sobrevivido) a mais de 74.000 atendimentos psicoterpicos, estou agora tentando e ousando

  • organizar didaticamente as buscas do ser humano para ser equilibrado e feliz.Para tanto, o ser humano precisa ter um bom conhecimento do seu prprio funcionamento.Comeo pelo entendimento de como o ser humano funciona, tendo como base a Teoria Psicodramtica, criada por Jacob Levy Moreno, psiquiatra romeno que viveu nos Estados Unidos; a Teoria do Ncleo do Eu, criada pelo psicodramatista argentino Jayme Rojas-ESermdez; e a Teoria do Desenvolvimento da Matriz de Identidade, criada pelo psiquiatra psicodramatista brasileiro Jos de Souza Fonseca Filho.Depois de tanto tempo percorrendo as estradas da vida, sou um produto de vrias influncias externas mais as minhas prprias indagaes, criaes, prticas e vivncias que, agora ouso dizer, se trata da minha linha de pensamento.

    1.MUNDO INTERNO E MUNDO EXTERNO

    0 ser humano vive em dois mundos em constante interao: mundo interno e mundo externo.0 mundo interno tudo o que est dentro dele e constitudo por um trip formado pelo que ele pensa (rea mente), sente (rea corpo) e percebe do ambiente ao seu redor (rea percepo do ambiente).0 mundo externo tudo o que ele percebe e com que se relaciona, mas est fora dele, formado por outro trip, que so os relacionamentos (familiares e sociais), atividades (escola e trabalho) e seu ecossistema (territrio e pertences).

    "Penso, logo existo", do grande filsofo francs Ren Descartes, soa para mim como uma afirmao incompleta, pois posso sentir, pensar, fantasiar, sonhar acordado que sou um nadador, e no saber

  • nadar. Para ser nadador, tenho que saber nadar. 0 que me qualifica como nadador nadar.Pensar precede o fazer, mas no adianta s pensar e no fazer. E a ao de nadar que me torna um nadador. Portanto, para eu existir, eu preciso agir. no agir integrado com o pensar que o ser humano existe.

    Pensar precede o fazer, mas no adianta s pensar

    e no fazer. a ao de nadar que me faz um nadador.

    Conhecimento informao em ao. Para existir preciso agir.

    "Penso, sinto e ajo, logo existo" como eu existo.

    Um pensamento pode criar uma ao, assim tambm uma ao pode gerar um pensamento. Toda ao busca o mundo externo. Portanto, pensamento e ao so uma interao dos mundos interno e externo.Um pensamento, uma fantasia, um sonho, um devaneio podem gerar uma sensao fsica, um sentimento, uma emoo, e vice-versa. Portanto, existe tambm uma interao entre os mundos externo e interno.Se um filho (mundo externo) agride (ao) a me, seria natural ela sentir-se mal (rea corpo), mas to logo pensasse nos motivos da agresso (rea mente), reagiria (ao para fora) respondendo a ela.Mas se a me nada manifesta (no reao), a fora que seria gasta para a reao acaba sendo gasta para se calar (reao que se volta para dentro). A agressividade engolida pode ser transformada em depresso.Fica bem claro que no o ser agredida que deixa a me deprimida, mas a no reao dela agresso recebida. Nem sempre uma reao agresso precisa

  • ser uma contra-agresso. A me pode encontrar outros caminhos para no mais "engolir sapos".Todos os estmulos (aes) podem chegar tanto de fora para dentro como de dentro de si para si. Com uma reao, uma pessoa tem a possibilidade de mudar o mundo externo e interno. Essa capacidade de alterar o rumo dos acontecimentos para melhorar a vida uma das principais capacidades do ser humano.

    A capacidade da nossa mente incomensurvel, muito maior que a concretude percebida pelos nossos cinco rgos dos sentidos.

    Uma das imensas diferenas entre o ser humano e o resto dos animais est na rea mente. Somos os nicos seres vivos capazes de ter valores superiores, de espiritualizar as nossas crenas, e possumos essa incrvel propriedade do pensamento abstrato. Este nos destaca dos outros seres vivos, mas podemos pagar um alto preo quando essa rea mente no funciona bem.A maioria dos nossos conflitos, traumas, problemasde relacionamentos interpessoais tem origem na rea mente. Educao, aprendizado, espiritualizao, comprometimento, disciplina, tica, gratido e cidadania fazem parte tambm da nossa rea mente.

    2. EQUILBRIO NO MOVIMENTO DO CAMINHANTE

  • como se cada um desses mundos (interno e externo) fosse uma perna: para caminhar pela vida em equilbrio preciso usar as duas. Cada perna deve estar apoiada em um trip que integra trs reas (trs dedos).De pouco adianta caminhar, se no houver uma direo. 0 ser humano sempre busca atingir um objetivo, dividindo-o estrategicamente em metas.Para o ser humano integral, o atingir os objetivos materiais pode trazer no final uma insatisfao, pois ele pode necessitar do significado no material de tudo o que foi feito. o que busca a espiritualizao ou os valores maiores que realizaes materiais.0 sentido pode estar presente em tudo, desde os primeiros-passos de uma longa corrida para se chegar ao pdio, o lugar mais prximo de Deus. 0 pdio nosso de cada dia pode estar na caminhada, no obrigatoriamente na vitria. Cada passo dado, cada gesto feito, cada pensamento elaborado devem trazer em si uma realizao tica, uma proximidade com Deus.A rea mente pode nos elevar a Deus, mas no sairemos do lugar, se no pusermos em ao a rea corpo. A ao corporal sozinha pode ser vazia, caso no esteja integrada busca do pdio, espiritualizada pela tica.Uma pessoa pode julgar-se muito tica no seu pensamento, mas na ao que a tica se revela. A tica deveria ser como o oxignio do nosso comportamento, para a sade integral da nossa vida: essencial, porm quase invisvel. A tica discreta por princpio.

    3. CAMINHANDO COM UMA PERNA S

  • Se uma pessoa se baseia apenas no mundo interno para agir, considera s os prprios interesses e referenciais, egocentrada. Vou cham-la de eusta.Na hiptese contrria, se ela leva em conta apenas o mundo externo, faz tudo em benefcio do outro sem se preservar, altrusta. Vou usar o termo outrosta. No uso o termo egosta pela sua conotao pejorativa; tampouco uso altrusta pela conotao benevolente dada pela sociedade. Nem melhor, nem pior, eusta e outrosta so caractersticas inadequadas de personalidade.0 eusta no se acanha de usar seja qual mtodo for para atingir seus objetivos usando o outro. 0 outrosta no se leva em considerao e sacrifica-se em benefcio dos outros sem focar seus prprios objetivos. Ambos no so ticos, o primeiro por usar os outros e o segundo, por deixar-se usar pelos outros.No est integrada uma pessoa que usa ou um ou outro mundo para a sua ao. como se andasse com uma das pernas e no com as duas.Uma pessoa saudvel tem o interativo equilbrio entre os mundos interno e relacional. E essas duas "pernas" no esto soltas no tempo e no espao, e sim apoiadas no aqui e agora.

    4.AQUI E AGORA EXPANDIDOS

    Um ser humano no est isolado do resto do mundo, da geografia, nem excludo do seu tempo, da histria. Ele traz dentro de si toda a histria da humanidade, incluindo raa (herana biolgica) e etnia (herana comportamental).Graas inteligncia e criatividade, resultados do nosso pensamento abstrato, o ser humano consegue trazer o mundo geogrfico para o aquie. todo o tempo do universo para o agora.

  • Portanto, para os humanos, expandem-se o aqui e agora para o aqui e agora expandidos.0 aqui humano ficou to expandido que hoje o ser humano pode reunir todo o planeta ao seu redor. 0 mundo ficou pequeno. Os rigorosos invernos e os abrasadores veres j no o atingem mais, porque ele se esquenta no frio e se esfria no calor.Mudou tambm a concepo de distncia, a qual no se mede mais s por quilmetros, mas tambm por horas de viagem. 0 ser humano pode atsaborear uma iguaria que no pertence naturalmente ao seu ecossistema.

    O agora humano no se limita ao momento presente. Ele agrega as lembranas do passado e

    as previses para o futuro. Assim, o ser humano tem

    a capacidade de ser um viajante do tempo.

    Pessoas traumatizadas levam o agora para o agora expandido ao trazer para o presente uma experincia difcil do passado. Quem tem medo de cachorro, por exemplo, no v o animal do agora. Seu olhar condicionado a encontrar sempre o cachorro traumatizante do passado e nem notar as caractersticas do cachorro atual sua frente. Este serve somente de tnel para o passado traumatizante.Mas ainda falta uma pea na organizao do ser humano para ter o aqui e agora expandidos integrados ao seu comportamento. o seu incrvel poder de abstrao, que o leva para outras dimenses que os animais so incapazes de atingir. Refiro-me

  • espiritualizao. 0 ser humano se eleva, busca o alto, o acima dele, o "superior".

    5. VALORES SUPERIORESH momentos em que as pernas dobram, isto , falham os mundos interno e relacional, o cho falta, a noo do tempo se esvai, mas a pessoa no tomba e sobrevive porque seu equilbrio mantido como se estivesse pendurado por um fio invisvel no seu mundo acima, nos seus valores superiores.Esses valores superiores fazem parte atualmente da grande evoluo da Psicologia, historicamente pouco dedicada aos valores espirituais.

    Os valores superiores transcendem os instintosanimais, a matria, o aqui e agora. AH esto os

    grandes valores da humanidade: amor (afetivo e afetivo-sexual), gratido, cidadania, religiosidade,

    religio, disciplina, solidariedade, tica.

    Para as religies de um modo geral, o valor superior acima de todos Deus. Para os ateus, o valor superior mximo o amor, uma forma de religiosidade.No h povo, primitivo ou no, que no tenha suas crenas divinas. A religio foi construda pelos homens, ento o homem que fez Deusa sua imagem e semelhana - no o inverso. Ela supre a necessidade de ter algo acima de ns que nos equilibra nos momentos em que tudo parece perdido.Vou apresentar, sem grandes pretenses filosficas, mas focalizado na vida prtica diria, os meus pensamentos sumrios acerca dos mais importantes valores superiores necessrios humanidade:

  • Amor: 0 amor um terceiro elemento que se forma a partir do encontro de duas pessoas. Ele no est pronto antes do contato das pessoas. por isso que cada amor tem sua histria prpria, tem sua identidade, que traz dentro de si os DNAs de cada um. No verdadeiro amor, o vnculo desenvolvido entre as pessoas maior que as prprias pessoas. Em nome do amor, um no trai o outro, mesmo na sua ausncia. 0 amor tambm explica por que um homem, h dois milnios, aceitou e suportou ser crucificado para salvar a humanidade. Seu corpo faleceu, mas sua presena continua viva at hoje no meio dos cristos. 0 amor de me para com seus filhos demonstra o quanto para a me o filho importante, at mais importante que sua prpria existncia. 0 amor existe em todas as formas de relacionamentos humanos progressivos.

    Gratido: Sensao de bem-estar por reconhecer um benefcio recebido. E uma sensao prazerosa que pode ser transformada em sentimento que dificilmente se esquece. Para reconhecer, preciso primeiro identificar. Muitas crianas no so gratas aos seus pais, pois nem identificam o benefcio recebido. Para que elas sejam gratas, importante que os pais ensinem as crianas a identificar o que outras pessoas fazem por e para elas, e como foi gostoso receber. E de boa educao que se agradea o que se recebe. Agradea em voz alta, clara e para fora, olhando nos fundos dos olhos da outra pessoa. Assim a gratido passa a ter um significado de retri-buio do bom sentimento que a pessoa teve quando fez ou trouxe o benefcio para ela. 0 princpio fundamental que no se maltrata a quem sentimos gratido. Portanto, a gratido gera bons sentimentos. Temos que ensinar as crianas a serem gratas e a manifestarem a sua gratido.

  • Cidadania: Pode-se aprender em casa desde pequeno, cuidando do brinquedo e guardando-o de volta depois que acabar de brincar. a cidadania familiar. Quem no cuida do que tem pode perd-lo. Quem cuida, aprende o sentido de propriedade, de respeito a ela, de preservar e melhorar o ambiente ocupado, de cuidar da casa, da escola, da sociedade, para sair do local e pessoas (mundo) deixando-os melhores do que quando chegou.Entrou, acendeu a luz, usou o banheiro? Aperte a descarga, lave as mos, limpe a pia e apague a luz antes de sair. o mnimo que se espera que um cidado faa. No preciso que haja algum olhando. Faa assim por ser esse um valor internalizado seu, de cuidar da sua