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TPG foiltécuico daiGuarda Polytechnie oC (;L1Ira6I RELATÓRIO DE ESTÁGIO Licenciatura em Animação Sociocultural Adriana Alves Pereira novembro 1 2017

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TPG foiltécuicodaiGuarda

PolytechnieoC (;L1Ira6I

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Animação Sociocultural

Adriana Alves Pereira

novembro 1 2017

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Escola Superior de Educação Comunicação e Desporto

Instituto Politécnico da Guarda

Relatório de Estágio

Licenciatura de Animação

Sociocultural

Adriana Alves Pereira

novembro | 2017

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Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Relatório de Estágio

Animação Sociocultural

COOLABORA, CRL

Adriana Alves Pereira

Guarda, novembro de 2017

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Ficha técnica

Estagiária: Adriana Alves Pereira

Número de aluno: 5007958

Estabelecimento de Ensino: Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Docente orientador: Dr.ª Rosário Santana

Instituição de estágio: COOLABORA, CRL

Morada: Rua dos combatentes da Grande Guerra 62, 6200-020 Covilhã PT

E-mail: [email protected]

Tlm: +351 967455775

Site web: http://www.coolabora.pt

Tutor de estágio: Dr.ª Rosa Carreira

Início do estágio: 20 de março de 2017

Termo do estágio: 24 de agosto de 2017

Duração: 400 horas

i

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Agradecimentos

Um agradecimento especial ao Instituto Politécnico da Guarda, à Escola Superior

de Educação, Comunicação e Desporto pela oportunidade e pela ajuda prestada quer por

docentes como auxiliares durante o meu percurso académico; à Professora Dr.ª Rosário

Santana pela sua orientação na elaboração do meu relatório de estágio.

Não faria sentido, nestas entrelinhas de agradecimentos não constar a Profª

Elisabete Brito, foi uma das pessoas mais importantes, com quem sempre pude contar,

fosse para estudar ou para brincar, é um ser humano incrível a quem estou eternamente

grata, pelos valores que me passou e por me ter tornado uma pessoa melhor. Pois nunca

me irei esquecer do momento em que nos cruzamos num dos corredores da escola e a

professora me diz “A Adriana cresceu/mudou bastante, está muito diferente!”. Levo no

coração.

Agradeço também à Coolabora e a todas as técnicas com que trabalhei, à Dr.ª Rosa

Carreira, minha orientadora na Instituição, pela sua disponibilidade, motivação, apoio,

ajuda e hospitalidade.

Também quero agradecer aos meus amigos e amigas mais próximos, à Vani, ao

Gonçalo, à Raquel, à Marica, à Chéu, à Jéssica, ao Manecas, ao Rui, que foram notáveis

na compreensão, no interesse e no acompanhamento durante todo o meu percurso

académico, durante o estágio e posteriormente enquanto terminava o meu relatório,

referindo que nem todos os momentos foram fáceis. Muito obrigada.

Particularmente, e quem me conhece sabe o quanto o admiro e o quanto o amo,

quero agradecer ao meu pai, ao homem da minha vida, que apesar da sua distância no que

diz respeito ao meu percurso académico, caso não fosse ele nada disto seria possível.

Espero que esteja orgulhoso de mim como eu sempre estive dele, por tudo o que

conquistou e por tudo o que me ensinou. É sem sombra de dúvidas a minha maior

inspiração!

Para mim nenhuma frase faz mais sentido que aquela que eu tatuei no meu corpo

este ano, o ano em que fiz Erasmus (das melhores experiências da minha vida, obrigada

a cada pessoa que trouxe comigo dessa aventura), em que terminei a licenciatura, em que

senti que cresci, em que senti que um dos meus objetivos se concretizou - “dream, fight

and win”. ii

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Resumo

O presente relatório tem como objetivo transpor o estágio curricular do final do

curso de ASC, realizado na Coolabora, CRL (cooperativa de intervenção social) sediada

na Covilhã, que teve a duração de três meses.

O mesmo enquadra-se na componente de formação, Estágio curricular, integrado na

licenciatura em Animação Sociocultural (ASC), do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).

Fazendo referência às atividades desenvolvidas durante o mesmo, o relatório pretende

retratar a ligação entre a parte teórica e a parte prática, uma vez que foi possível aplicar e

implementar ao longo do estágio os conhecimentos que adquiri durante o percurso académico,

enriquecendo, não só a nível profissional, como também pessoal.

O estágio foi realizado com crianças de várias faixas etárias desde os mais pequeninos

de seis anos de idade até aos mais velhos de vinte e cinco. O meu estágio teve como principais

objetivos melhorar o dia a dia das crianças/jovens, proporcionar-lhes maior diversidade de

atividades, oferecer-lhes ajuda para uma melhor qualidade de vida, promover um melhor

comportamento, criar ligações de empatia entre os elementos, assim como também valorizar a

autoestima e promover, fundamentalmente, a participação ativa nas atividades propostas.

Palavras-chave: Animação Sociocultural, Intervenção Social, Animação Comunitária.

iii

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Abstract

This report aims to transpose the curricular internship at the end of the ASC course, held

at Coolabora, CRL (social intervention cooperative) based in Covilhã, which lasted three

months.

The same is included in the training component, Curricular Internship, integrated in the

degree in Sociocultural Animation (ASC), from the Polytechnic Institute of Guarda

(IPG).

Referring to the activities developed during the course, the report intends to portray the

connection between the theoretical part and the practical part, since it was possible to

apply and implement during the internship the knowledge that I acquired during the

academic course, enriching not only the professional level as well as personal.

The stage was conducted with children of various age groups from the youngest of six

years old to the oldest of twenty-five. My main objective of my internship was to improve

children's daily activities, to offer them a greater diversity of activities, to offer them help

for a better quality of life, to promote better behavior, to create bonds of empathy between

the elements as well as to value self-esteem and promote, fundamentally, active

participation in the proposed activities.

Key words: Sociocultural Development, Social Intervention, Community Animation.

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Siglas e Abreviaturas

ANIMAR- Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local

APPANC- Associação Portuguesa para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças

ASC- Animação Sociocultural

ASTA- Associação de Teatro e Outras Artes

CESI- Center for Education, Counseling and Reseach (Croácia)

CIDFF- Centre D’Information sur les Droits des Femmes et des Familles de L’Aude

(França)

CNIS- Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade

CPCJC- Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Covilhã

CRI- Centro de Respostas Integradas de Castelo Branco (IDT)

EAVN- European Anti-Violence Network (Grécia)

IEBA- Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais

INE- Instituto Nacional de Estatística

GICC- Companhia de Teatro das Beiras

GNR- Guarda Nacional Republicana

Modatex- Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção

NERCAB- Associação Empresarial do Distrito de Castelo Branco

PPDM- Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres

PSP- Polícia de Segurança Pública

RSO.PT- Rede Nacional de Responsabilidade Social

CID- Centro de Inclusão Digital

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Índice Geral

Índice Geral .................................................................................................................. vi-vii

Índice de Figuras .......................................................................................................... viii-x

Introdução ........................................................................................................................ 1

Capítulo I ........................................................................................................................... 3

Enquadramento Institucional - Coolabora ...................................................................... 3

1.1 Enquadramento Geográfico .................................................................................... 4

1.2 Coolabora, CRL ...................................................................................................... 5

1.2.1 Missão .............................................................................................................. 5

1.2.2 Visão................................................................................................................. 5

1.2.3 Princípios e Valores ......................................................................................... 5

1.2.4 Parcerias/Apoios............................................................................................... 5

1.3 Áreas de Intervenção .............................................................................................. 8

1.3.1 Economia Social ............................................................................................... 8

1.3.2 Violência Doméstica e Igualdade de Género ................................................... 8

1.3.3 Voluntariado ..................................................................................................... 9

1.3.4 Inclusão Social ............................................................................................... 10

1.4. Projetos ................................................................................................................ 11

1.4.1 Projeto Género Coletivo ................................................................................. 11

1.4.2 Idearia ............................................................................................................. 11

1.4.3 Projeto “Violência Zero 2” ............................................................................. 14

1.4.4 Projeto Quero Ser Mais E6G .......................................................................... 14

1.5. Serviços ................................................................................................................ 15

1.5.1 Consultoria ..................................................................................................... 15

1.5.2 Formação ........................................................................................................ 15

1.5.3 Serviços e Organização de Eventos ............................................................... 16

1.6 Recursos Humanos do projeto .............................................................................. 16

Capitulo II ........................................................................................................................ 17

Contextualização Teórica ............................................................................................... 17

2.1 Animação sociocultural em Portugal .................................................................... 18

2.2 Origem e evolução da animação sociocultural em Portugal ................................. 18

2.3 Âmbitos de animação sociocultural ...................................................................... 19 vi

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2.4 Animação sociocultural e conceitos afins ........................................................... 19

2.5 O papel do animador ............................................................................................. 19

2.6 O Futuro da Animação Sociocultural ................................................................... 21

2.7 Código Deontológico do Animador ...................................................................... 23

2.8 Animação Comunitária ......................................................................................... 25

2.9 A Animação Sociocultural desenvolve programas, projetos e atividades orientadas

à transformação ........................................................................................................... 26

2.10 Objetivos gerais de uma intervenção sociocultural ............................................ 27

2.11 A avaliação nas intervenções em Animação Sociocultural ................................ 27

2.12 CIG – Comissão para a Igualdade de Género ..................................................... 27

2.13 Violência Doméstica ........................................................................................... 34

2.13.1 O que é? ........................................................................................................ 34

2.13.2 Tipos de violência ........................................................................................ 34

2.13.3 O ciclo da violência doméstica..................................................................... 35

Capitulo III ....................................................................................................................... 37

Estágio Curricular ........................................................................................................... 37

3.1 Caraterização do público-alvo .............................................................................. 38

3.2 Objetivos Gerais ................................................................................................... 39

3.3 Objetivos Específicos ........................................................................................... 39

3.4 Atividades desenvolvidas – parte prática .............................................................. 40

3.4.1 Sede da Coolabora .......................................................................................... 40

3.4.2 Projeto Quero Ser Mai E6G ........................................................................... 40

3.4.3 Feira das Trocas ............................................................................................. 56

3.4.4 Sessões Ubicool.............................................................................................. 58

3.4.5 Dinamização do grupo de senhoras de Cantar Galo ...................................... 59

3.4.6 Planeamento/participação no fórum jovem (intercâmbio, erasmus+) Chipre,

Turquia, Noruega e Portugal ................................................................................... 61

Reflexão Final ................................................................................................................. 70

Bibliografia ..................................................................................................................... 72

Webgrafia ....................................................................................................................... 73

vii

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Índice de Figuras

Figura 1- Freguesias do Concelho da Covilhã

Figura 2- Localização da Coolabora, CRL

Figura 3- Instalações da Coolabora (Sede)

Figura 4- Logótipo Ubicool

Figura 5- Instalações da Coolabora (Idearia)

Figura 6- Logótipo Género Coletivo

Figura 7- Logótipo Idearia

Figura 8- Instalações Coolabora (Idearia)

Figura 9- Logótipo Violência Zero

Figura 10- Logótipo Quero Ser mais E6G

Figura 11- Grupo de jovens que frequentam o CID

Figura 12- Ciclo da Violência Doméstica

Figura 13- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo.

Figura 14- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo.

Figura 15- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo.

Figura 16- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo.

Figura 17- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo.

Figura 18- Festa do Dia da Criança, no jardim público do Tortosendo.

Figura 19- Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de têxteis)

Figura 20- Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de têxteis)

Figura 21- Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de têxteis)

Figura 22- Distribuição de panfletos informativos acerca de violência nas crianças. viii

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Figura 23- Distribuição de laços numa campanha de sensibilização sobre a SIDA.

Figura 24- Participação no Arraial da EB2/3 do Tortosendo.

Figura 25- Participação no Arraial da EB2/3 do Tortosendo.

Figura 26- Participação no Arraial da EB2/3 do Tortosendo.

Figura 27- Aulas de Karaté

Figura 28- Preparação “Festa Escolhas”

Figura 29- Preparação “Festa Escolhas”

Figura 30- Preparação “Festa Escolhas”

Figura 31- Preparação “Festa Escolhas”

Figura 32- Auscultação dos morados do Bairro Social do Cabeço

Figura 33- Auscultação dos morados do Bairro Social do Cabeço

Figura 34- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 35- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 36- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 37- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 38- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 39- Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Figura 40- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna.

Figura 41- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna.

Figura 42- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna. ix

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Figura 43- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna.

Figura 44- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna.

Figura 45- Ida ao rio/despedida surpresa das estagiárias Adriana e Ariadna.

Figura 46- Avaliação Feira das Trocas

Figura 47- Produtos para venda (Feira das Trocas)

Figura 48- Produtos para venda (Feira das Trocas)

Figura 49- Workshop de yoga (Feira das Trocas)

Figura 50- Produtos para venda (Feira das Trocas)

Figura 51- Sessão UBICOOL

Figura 52- Sessão UBICOOL

Figura 53- Execução de molduras (Senhoras de Cantar Galo)

Figura 54- Dinamização (Senhoras de Cantar Galo)

Figura 55- Intercâmbio na Turquia.

Figura 56- Intercâmbio na Turquia.

Figura 57- Intercâmbio na Turquia.

Figura 58- Intercâmbio na Turquia.

Figura 59- Intercâmbio na Turquia.

Figura 60- Intercâmbio na Turquia.

Figura 61- Intercâmbio na Turquia.

Figura 62- Intercâmbio na Turquia.

x

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1

Introdução

O presente relatório de estágio surge no âmbito do curso de Animação

sociocultural, do Instituto Politécnico da Guarda no sentido de concluir a

licenciatura na área supracitada.

Quando optei pela ASC tive consciência de que estava a iniciar um

caminho que privilegia o relacionamento intergeracional e que aposta no melhor

das pessoas, no desenvolvimento do Ser e do Estar.

De facto, ao longo dos três anos de percurso académico cresci e

adquiri ferramentas teóricas e teórico-práticas essenciais para a prática da

atividade de Animadora Sociocultural.

O estágio curricular é uma etapa onde as competências apreendidas são colocadas

em prática, o que permite um primeiro contato com o ambiente real de

trabalho, com o grupo, com os funcionários e com a instituição.

O presente relatório divide-se por três capítulos. No primeiro capítulo consta o

enquadramento institucional onde abordo a localização geográfica da instituição, os seus

valores, a sua missão, as suas áreas de intervenção, os seus servições e projetos; o segundo

capítulo baseia-se na contextualização teórica onde refiro inúmeros aspetos, como por

exemplo a ASC em Portugal, a sua origem e evolução, os âmbitos da ASC e vários

conceitos, o papel do animador, o futuro da ASC, o código deontológico do animador, a

Animação Comunitária, a Comissão para a Igualdade de Género, Violência Doméstica e

também os recursos humanos; por fim o terceiro capítulo é referente ao estágio

propriamente dito, a parte prática, onde exponho tudo o que realizei, aprendi e vivi. Este

capítulo pretende expor toda a atividade desenvolvida na instituição escolhida

(Coolabora) que se situa mais propriamente na zona histórica da Covilhã.

As atividades realizadas e desenvolvidas foram essencialmente no âmbito das

expressões: expressão plástica, expressão físico-motora, o teatro, a animação

multimédia, o encontro intergeracional.

Para uma melhor aplicação das expressões tendo em conta o grupo, foi feito um

estudo, pesquisa bibliográfica e algum trabalho

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2

de campo de forma a corresponder eficazmente, às necessidades da população em

questão.

É por tudo isto que esta experiência foi também estimulante e enriquecedora

em todas as vertentes e atividades. Mesmo nos momentos e situações

difíceis o ânimo nunca esmoreceu, e fizemos das dificuldades oportunidades, e

seguimos em frente.

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3

Capítulo I

Enquadramento Institucional - Coolabora

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1.1 Enquadramento Geográfico

A Covilhã é uma cidade portuguesa pertencente ao Distrito de Castelo Branco,

à Região Centro, à sub-região da Cova da Beira e à antiga província da Beira Baixa. É

porta da Serra da Estrela e tem 36 356 habitantes no seu perímetro urbano formado por

cinco freguesias: Covilhã e Canhoso, Teixoso e Sarzedo, Cantar-Galo e Vila do

Carvalho, Boidobra e Tortosendo.

É sede de um município com 555,60 km² de área e 51 797 habitantes

(2011), subdividido em 21 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios

de Seia e Manteigas, a nordeste pela Guarda, a leste por Belmonte, a sul pelo Fundão e a

oeste por Pampilhosa da Serra e Arganil.

A cidade da Covilhã está situada na vertente sudeste da Serra da Estrela e é um

dos centros urbanos de maior relevo da região juntamente

com Coimbra, Aveiro, Viseu, Figueira da Foz, Guarda, Castelo Branco, etc. O seu núcleo

urbano estende-se entre os 450 e os 800 m de altitude.

O ponto mais alto de Portugal Continental, a Torre (1 993 m), pertence às

freguesias de Unhais da Serra (Covilhã), São Pedro (Manteigas), Loriga (Seia) e Alvoco

da Serra (Seia), estando incluída em três municípios: Covilhã, Manteigas e Seia, mas dista

cerca de 20 km do núcleo urbano da Covilhã.

Figura 1: Freguesias do Concelho da Covilhã

Fonte:

http://memoriasdacovilha.blogs.sapo.pt/municipio

-da-covilha-16490

Figura 2: Localização da Coolabora, CRL

Fonte: https://www.google.pt

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5

1.2 Coolabora, CRL

1.2.1 Missão

A CooLabora é uma cooperativa de

intervenção social criada em 2008. Tem por

missão contribuir para o desenvolvimento das

pessoas, das organizações e do território,

através de estratégias inovadoras de promoção

da igualdade de oportunidades, da participação

cívica, da educação e formação e da inclusão

social.

1.2.2 Visão

Esta cooperativa tem uma visão muito relacionada com meio social e a sua

melhoria, procurando ser uma organização sustentável, com uma capacidade reconhecida

de promover a inovação social, com intervenções marcadas pela qualidade e pelos

princípios éticos.

1.2.3 Princípios e Valores A CooLabora orienta a sua atuação segundo princípios éticos e socialmente

responsáveis, nomeadamente:

Na promoção da coesão social;

Na defesa da igualdade de oportunidades;

Na democracia e participação;

Na aprendizagem colaborativa.

1.2.4 Parcerias/Apoios

Universidades

Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa;

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra;

Instituto de Educação da Universidade do Minho;

Universidade Católica Portuguesa – Centro Regional do Porto;

Universidade da Beira Interior.

Estabelecimentos de ensino

Agrupamento de Escolas da Sertã;

Figura 3: Instalações da Coolabora

Fonte: https://www.google.pt

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Agrupamento de Escolas do Tortosendo;

Associação de Pais da Escola Secundária Quinta das Palmeiras;

Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa;

Escola Secundária Campos Melo;

Escola Secundária Frei Heitor Pinto;

Escola Secundária Quinta das Palmeiras;

Escola Secundária c/ 3º Ciclo do Fundão;

Infantário Bolinha de Neve.

Autarquias

Junta de Freguesia do Tortosendo;

Município da Covilhã;

Município da Sertã.

Serviços Públicos

Centro de Saúde da Covilhã, UCSP2 do ACeS Cova da Beira;

Centro Hopitalar Cova da Beira;

CRI – Centro de Respostas Integradas de Castelo Branco (IDT);

Direcção Geral de Reinserção Social - Serviços Locais;

Guarda Nacional Republicana;

Polícia de Segurança Pública.

Empresas

CH Consulting;

IEBA – Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais;

Modatex – Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário,

Confecção;

NERCAB – Associação Empresarial do Distrito de Castelo Branco.

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Redes

ANIMAR - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local;

APPANC - Associação Portuguesa para a Prevenção do Abuso e Negligência de

Crianças;

PPDM – Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres;

Rede Social da Covilhã;

RSO.PT – Rede Nacional de Responsabilidade Social.

Outras organizações

40 Instituições Particulares de Solidariedade Social;

ASTA – Associação de Teatro e Outras Artes;

GICC – Companhia de Teatro das Beiras;

CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade;

Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Covilhã;

Grupo de Voluntariado da Unidade de Alcoologia do Centro Hospitalar da Cova

da Beira;

Museu dos Lanifícios.

Parcerias transnacionais

Akropolis (República Checa);

Arakli Public Education Centre (Turquia);

CESI - Center for Education, Counseling and Reseach (Croácia);

CIDFF – Centre D’Information sur les Droits des Femmes et des Familles de

L’Aude (França);

EAVN - European Anti-Violence Network (Grécia);

Estonian Women's Associations Roundtable Foundation (Estónia);

Klub Personalistu Moravskoslezského Kraje, o.s. (República Checa);

Libera Università dell' Autobiografia (Itália);

Provincia di Roma - Istituzione Solidea (Itália);

RoSa Documentation Centre (Bélgica);

Strategie 21 (Alemanha);

Universitá Degli Studi Del Molise (Itália);

University of Iceland (Islândia).

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8

Apoios

Microsoft Portugal no âmbito do Programa de Doação de Software.

1.3 Áreas de Intervenção

1.3.1 Economia Social

A Coolabora desenvolve diversas iniciativas promotoras do empreendedorismo,

como:

Formação para criação de micro-empresas;

Dinamização de redes de empreendedores;

Projetos de promoção do empreendedorismo jovem;

Dinamização de GEPE – Grupos de Entreajuda na Procura de Emprego.

Promove ainda o consumo responsável e solidário:

Plataformas colaborativas de consumo;

Feiras de trocas com moeda social.

1.3.2 Violência Doméstica e Igualdade de Género

A Coolabora desenvolve uma intervenção integrada para a prevenção e combate

à violência doméstica:

Funcionamento do Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica;

Dinamização de Grupos de Ajuda Mútua;

Acompanhamento de agressores;

Realização de atividades pedagógicas sobre o tema em contexto escolar;

Organização de iniciativas de sensibilização.

Promove também a igualdade de género através de:

Ações de formação;

Sessões de sensibilização, debates e campanhas;

Conceção e desenvolvimento de Planos para a Igualdade;

Produção de materiais pedagógicos.

Esta organização tem também em funcionamento o Gabinete de Apoio a Vítimas de

Violência Doméstica onde prestam os seguintes serviços:

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Apoio psicológico;

Encaminhamento Social;

Informação Jurídica;

É importante referir que os serviços do Gabinete de Apoio a Vítimas de Violência

Doméstica da Coolabora são gratuitos e confidenciais.

O seu horário de funcionamento na Covilhã é de Segunda a Sexta-feira das 9h30

às 12h30 e das 14h00 às 18h00 (Rua dos Combatentes da Grande Guerra, 62, R/CH (junto

ao Jardim Público da Covilhã 6200-020 Covilhã); em Belmonte é Terças-feiras das 14h30

às 17h30 no edifício da Santa Casa da Misericórdia (Podendo solicitar atendimento em

horário pós-laboral).

1.3.3 Voluntariado

Visto que o voluntariado é uma ação crucial nos tempos de hoje, a Coolabora

promove o voluntariado através da dinamização de iniciativas locais e da partilha de

conhecimento nesta área, desenvolvendo:

Conceção de programas de voluntariado;

Dinamização de grupos de voluntários;

Promoção de formação;

Animação com voluntariado de seminários, workshops e outros eventos sobre

igualdade de género e não-violência.

UBICOOL - VOLUNTARIADO UNIVERSITÁRIO

Esta iniciativa resulta do âmbito do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania

Ativa e vem estimular os jovens universitários a realizar atividades de promoção de uma

cultura de paz e de não-violência em contextos escolares. A intervenção centra-se na

dinamização de jogos pedagógicos nos recreios das escolas (intervalos), tendo em vista a

prevenção de problemas como o bullying ou a violência no namoro, e fortalecer a

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capacidade dos alunos e alunas de resolução não-violenta de conflitos.

Figura 4: Logotipo Ubicool

Fonte: http://www.coolabora.pt

PROGRAMA DE MENTORES PARA MIGRANTES

O Programa de Mentores para Migrantes é uma

iniciativa promovida pelo Alto Comissariado para as

Migrações e desenvolvida, por todo o país, por um

conjunto de parceiros locais a que a CooLabora e a Câmara

Municipal da Covilhã aderiram.

Este programa tem como objetivo, através do

voluntariado, promover sobretudo experiências de troca,

entreajuda e apoio entre voluntários/as (cidadãos/ãs

portugueses/as) e migrantes (emigrantes e imigrantes) e/ou

refugiados.

1.3.4 Inclusão Social

Nesta organização implementam-se também projetos de intervenção social de

forma a contribuir para uma sociedade mais solidária e coesa.

Promove-se, principalmente, a inclusão social de crianças e jovens oriundos de

contextos sócio-económicos vulneráveis através de:

Promoção do empreendedorismo juvenil;

Educação não-formal;

Dinamização de um Centro de Inclusão Digital;

Organização de workshops de formação parental;

Dinamização de parcerias locais;

Orientação vocacional de jovens.

Figura 5: Instalações da Coolabora

Fonte: http://www.coolabora.pt

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11

1.4. Projetos

1.4.1 PROJETO GÉNERO COLETIVO

A promoção da igualdade de género

enquanto dimensão presente em todos os domínios

societais é o ponto focal do Género Cooletivo, um

projeto cuja abordagem assenta no desenvolvimento

comunitário e se articula com várias coletividades de

cultura e recreio da Covilhã.

O Género Cooletivo dinamiza quatro

Círculos de Mulheres com debates, oficinas criativas

e espaços de formação; criou uma plataforma de

formação tendo em vista a participação das mulheres

na liderança de processos políticos; promoverá em

quatro coletividades oficinas de teatro comunitário

sobre as discriminações de género e a violência contra as mulheres e; dinamizará ainda

redes colaborativas, enquanto oportunidades de intervenção das mulheres na melhoria da

qualidade de vida a nível local.

A parceria formal do Género Cooletivo envolve o Teatro das Beiras,

especialmente responsável pelas oficinas de teatro participativo e a Confederação

Portuguesa das Coletividades cuja intervenção se centra na disseminação dos resultados

do projeto junto da rede de coletividades que representa.

1.4.2 IDEARIA

Este projeto apoia a empregabilidade

e inclusão de jovens em situação de

desemprego ou de vulnerabilidade social,

com idades compreendidas entre os 18 e os

30 anos.

Pretende-se criar um dispositivo de

suporte capaz de facilitar o acesso ao emprego

e ao mercado de trabalho através do

desenvolvimento de competências, transversais ou especificamente ligadas à criação de

negócios; da formação em empreendedorismo; e da participação em atividades

Figura 6: Logotipo Género Coletivo

Fonte: http://www.coolabora.pt

Figura 7: Logotipo Idearia

Fonte: http://www.coolabora.pt

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12

experimentais que conjugam arte, inovação e empreendedorismo social.

Breve descrição:

O projeto desenvolve-se num itinerário com 3 laboratórios que se articulam:

Criativo, Empreendedor e de Experimentação. Cada itinerário completo tem a duração de

7 meses, prevendo-se a realização de 2 itinerários durante o projeto.

Componente 1: Laboratório Criativo.

O laboratório criativo com oficinas artísticas (teatro, vídeo/cinema, expressão

plástica) orientadas para o desenvolvimento de competências transversais que estimulem

também a construção de um sentido crítico e cívico transformador. É constituído por 3

oficinas autónomas mas complementares de teatro, vídeo/cinema e expressão plástica que

decorrerão durante 2 meses cada, em sessões semanais (24 horas por oficina).

Em cada itinerário terá lugar um Festival de Co-criação de Ideias que servirá de

base à Bolsa de Ideias de Empreendedorismo Social, que é também o ponto de partida

para a criação da Bolsa de ideias do projeto.

Estima-se envolver pelo menos 90 jovens e produzir um forte impacto nas suas

competências transversais, empregabilidade e capacidades empreendedoras.

Componente 2: Laboratório Empreendedor.

O laboratório empreendedor com um

itinerário formativo que englobe todo o ciclo do

projeto (da conceção da ideia à elaboração do

projeto/plano de negócios e respetiva testagem)

tendo em vista a capacitação dos/as jovens para a

criação do próprio emprego e o desenvolvimento de

novas áreas de negócio em organizações existentes.

Organiza-se em 3 blocos com a duração total

de 64 horas.

Resultados: estima-se envolver 30 jovens, construir

15 ideias de negócios, 15 propostas de valor e 8 planos

de negócio (de mercado ou de negócios sociais).

Componente 3: Laboratório de Experimentação.

Figura 8: Instalações Coolabora

Fonte: http://www.coolabora.pt

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Foca-se na criação de oportunidades e de ambientes propícios, no suporte ao

desenvolvimento de competências empreendedoras e na testagem de projetos através da

disponibilização de oportunidades de experimentação de ideias inovadoras.

Espaço IDEARIA

Pretende ser o espaço do projeto e também de encontro dos jovens. Terá

aproximadamente 150 m2 em “open space”. É lá que decorrerão os Dias Abertos

IDEARIA.

Estágios e Mentoring

Os jovens participantes no Laboratório Criativo e no Laboratório Empreendedor

terão acesso a um programa de mentoring, com a duração total de 450 horas e de estágios

em ONG com a duração de 2 meses.

Decorrerá uma sessão pública, na qual os participantes apresentarão o seu conceito

de negócio, perante um júri composto por Empresários e Business Angels.

A Câmara Municipal da Covilhã disponibiliza, através da Associação Parkurbis

Incubação, o acesso a um conjunto de recursos físicos para consolidação dos diversos

projetos.

Serão ainda realizados 16 estágios em ONG, com a duração de 2 meses cada (uma

vez por semana), para desenvolvimento de competências organizacionais.

Mercado de Trocas

O Mercado de Trocas é um instrumento de valorização do trabalho, do saber, da

cooperação e da criatividade local, onde se estimula a solidariedade.

Serão realizadas duas iniciativas, ambas no centro da cidade, onde se conta com

25 participantes em cada.

Produtos

- Manual do Empreendedorismo Social destinado a jovens;

- Guia de Boas Práticas para o Emprego Jovem, especialmente para decisores;

Redes

- Fórum de Jovens IDEARIA;

Gestão do projeto transparente, participada pelos/as jovens;

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14

- Rede Territorial para o Emprego;

- Rede articulada de partilha de conhecimentos, de saberes e experiências entre Parceiros

complementares;

Promovido: por CooLabora, crl;

Parceiros: Câmara Municipal da Covilhã, Teatro das Beiras e Universidade da Beira

Interior.

1.4.3 PROJECTO "VIOLÊNCIA ZERO 2"

O projeto Violência Zero_2 vem

assegurar a continuidade das iniciativas de

prevenção e combate à violência de

género. Tem quatro vertentes

complementares: apoiar as vítimas, reeducar

os agressores, incrementar o nível de consciencialização da comunidade e promover a

especialização de competências dos/as profissionais das organizações públicas e privadas

da região, com intervenção nesta temática.

O Projeto Violência Zero 2 é apoiado pela CIG – Comissão para a Cidadania e a

Igualdade de Género, através do eixo 7 do POPH.

1.4.4 PROJETO QUERO SER MAIS E6G

Este projeto é financiado no âmbito da 6ª

Geração do Programa Escolhas e vem dar

continuidade à intervenção para a inclusão social de

crianças e jovens que vem sendo desenvolvida na

freguesia do Tortosendo desde 2010.

Decorrerá até dezembro de 2018 e tem como

objetivo geral contribuir para reforçar as

competências pessoais e sociais das crianças e jovens

do Tortosendo oriundas de famílias socio-

economicamente vulneráveis e para melhorar os contextos desfavorecidos onde vivem,

de forma a proporcionar mais oportunidades para o seu futuro e para a sua realização

como pessoas e cidadãos.

Figura 9: Logotipo Violência Zero

Fonte: http://www.coolabora.pt

Figura 10: Logotipo Quero Ser mais E6G

Fonte: http://www.coolabora.pt

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A CooLabora assume no projeto o papel

de entidade gestora do projeto e o Agrupamento

de Escolas Frei Heitor Pinto as funções de

entidade promotora. São ainda parceiros:

AEBB, ACES Cova da Beira - UCSP do

Tortosendo, Câmara Municipal da Covilhã,

Centro de Convívio e Apoio à Terceira Idade,

CPCJ da Covilhã, Junta de Freguesia de

Tortosendo e Modatex.

1.5. Serviços

1.5.1 Consultoria

A Coolabora dispõe de um serviço de Consultoria baseado em metodologias inovadoras.

Estudos e projetos:

Elaboração de estudos e projetos de intervenção social;

Preparação de candidaturas a programas de financiamento;

Apoio à gestão de projetos;

Acompanhamento e avaliação.

Desenvolvimento organizacional:

Montagem e desenvolvimento de redes e parcerias;

Produção de manuais de acolhimento e de procedimentos;

Consultoria em processos de certificação da qualidade;

Desenvolvimento da Responsabilidade Social de organizações.

1.5.2 Formação

A CooLabora é uma entidade formadora acreditada pela DGERT - Direcção-Geral

do Emprego e das Relações de Trabalho.

Estão abertas as inscrições na Ação de Formação "Planeamento e Sustentabilidade no

Terceiro Sector"

Plano de Formação:

Relacionamento interpessoal;

Figura 11: Grupo de jovens que frequentam

o CID (Centro de Inclusão Digital)

Fonte: http://www.coolabora.pt

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16

Motivação e liderança;

Dinâmica de grupo e trabalho de equipa;

Igualdade de género;

Planeamento e áreas funcionais da organização;

Aplicações informáticas de gestão do pessoal;

Administração das organizações;

Gestão da qualidade - evolução e normas do sistema.

Plano de formação para IPSSs e técnicos/as de intervenção social:

Planeamento estratégico e elaboração de candidaturas;

Relacionamento interpessoal e gestão de conflitos;

Animação em lares e centros de dia;

Participação dos/as encarregados/as de educação e da comunidade.

1.5.3 Serviços e Organização de Eventos

A CooLabora dispõe de serviços de organização de eventos e atividades, nomeadamente:

Organização de seminários, congressos, workshops, etc.;

Dinamização de atividades de animação em instituições de apoio à 3ª idade.

1.6 Recursos Humanos do projeto (CID)

Tânia Araújo: Coordenadora

Antónia Silvestre: Técnica

Patrícia Arrais: Formadora TIC

Diogo Proença: Dinamizador comunitário

Adriana Pereira: Estagiária (Animação Sociocultural)

Ariadna Sierra: Estagiária (Serviço Social)

Fabiana Massano: Estagiária (Psicologia)

Inês Dias: Estagiária (Psicologia)1

1 Texto adaptado de: www.coolabora.pt, acedido em 25 de agosto de 2017

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17

Capítulo II

Contextualização Teórica

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18

2.1 Animação sociocultural em Portugal

A UNESCO define a animação sociocultural como um conjunto de

práticas/condutas sociais que visam estimular e incitar a iniciativa e a participação das

populações no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida

sociopolítica em que estão integradas.

Entende-se por animação qualquer ação com dimensão social, cultural e

educativa que tenha por objetivo dinamizar programas junto das populações, noção que,

em Portugal, encontra algumas ramificações no início do século XX. As Escolas

Móveis, por exemplo, cuja intervenção se articulava já a processos educativos não

formais, consistiam numa modalidade educativa itinerante que procedia a uma ação

alfabetizadora.

A existência de inúmeros prenúncios de animação encontra-se, ainda, em muitas

ações dos âmbitos cultural, social e educativo, durante a permanência da primeira

república portuguesa, nomeadamente através das universidades livres e universidades

populares que visavam promover, essencialmente, uma ação educativa.

Destacam-se também a ação meritória do movimento associativo, as sociedades

de cultura e recreio, o cooperativismo, o sindicalismo, o catolicismo social e o laicismo

educativo.

2.2 Origem e evolução da animação sociocultural em Portugal

Não é possível identificar, de uma forma precisa, a origem da animação em

Portugal, ou atribuir uma cronologia ao que hoje designamos de animação. Sabe-se, que

sempre houve diferentes tempos na vida das pessoas. Um tempo para o trabalho e um

tempo para o lazer.

Devido ao facto de Portugal ter estado sob o domínio de um regime totalitário

entre 1926 e 1974, o Estado Novo, a animação sociocultural entendida como uma

participação comprometida com o processo de transformação da sociedade só emergiu

após o 25 de Abril de 1974. Atualmente, encontramo-nos numa fase de globalização, o

que conduz a animação a intervir num quadro que integra e eleva o ser humano a

participar nos desafios que se lhe deparam, tornando-o protagonista e promotor da sua

própria autonomia.

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19

2.3 Âmbitos de animação sociocultural

A perspetiva tridimensional respeitante às estratégias de intervenção da animação

sociocultural são as seguintes:

Dimensão etária: infantil, juvenil, adultos e idosos;

Espaço de intervenção: animação urbana, animação rural;

Pluralidades de âmbitos ligados a setores de áreas temáticas: educação, saúde,

desporto, cultura, lazer, ação social, património, turismo e ambiente.

A animação sociocultural, através dos diferentes âmbitos e com a realização de

programas que respondam a diagnósticos previamente elaborados e participados,

constitui um método para levar as pessoas a autodesenvolverem-se e,

consequentemente, reforçarem os laços grupais e comunitários.

2.4 Animação sociocultural e conceitos afins

A animação sociocultural relaciona-se a áreas nucleares e complementares que

se afiguram cruciais para a sua intervenção, como é o exemplo da educação, entendida

numa conceção que ultrapassa o espaço da escola e se estende à vida.

Na educação formal, a estratégia da animação sociocultural é operar como um

meio para motivar, complementar, articular saberes e potenciar aprendizagens

envolventes. A educação não formal corresponde à esfera de atuação da animação

sociocultural, entendida como um conjunto de práticas que se realizam fora do espaço

escolar, portanto, associada à ideia de uma educação em sentido permanente e

pertencente com o ciclo da vida da pessoa. A educação informal considera a família e a

comunidade como agentes educativos.

2.5 O papel do animador

A cada dia que passa aumenta o volume de contradições e desafios que se

colocam aos animadores, contradições que resultam dos inúmeros paradoxos atuais,

nomeadamente, elevadas manchas de pobreza num quadro de aparente desenvolvimento

económico, muita comunicação mecânica e pouca comunicação humana, muita cultura

cibernética e pouca cultura literária.

A função do animador é útil nas chamadas sociedades desenvolvidas, no sentido

de responderem ao alto absentismo existente, pois o bem-estar económico não tem

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20

implicação direta com uma evolução educativa, social e cultural. Assim, a intervenção

dos animadores socioculturais é relevante na humanização das relações. Atualmente, há

homens e mulheres que vivem, mas que não convivem; homens que se “atropelam”,

mas que não se olham; homens e mulheres que morrem perante olhares indiferentes.

Animar constituirá agora e sempre um ato de comunicação, de interação e

promoção da vivência a partir da convivência, da ação com reflexão, o que comporta

formas inovadoras nos planos social, cultural, educativo e político.

A animação como método ativo e vivo tem como princípio fundamental animar

as aprendizagens através de fóruns de discussão, tornar os espaços vivos, transformando

os livros armazenados em prateleiras, em histórias vivas com muitas vidas cheias de

expressividade, transformando museus, sem vida, em espaços de cultura viva. Uma

formação para a animação requer um currículo centrado em conteúdos, técnicas e

recursos para a ação da animação.

Relativamente a Animação Sociocultural e conceitos afins importa aqui referir e

analisar as relações da Animação Sociocultural com as áreas que a complementam, com

as quais tem uma afinidade conceptual ou ainda com as áreas nas quais a Animação

Sociocultural ocupa uma função central. Estas relações constituem um fator vital, na

hora de intervir, e compreendem a trilogia educacional formada a partir da educação

formal, educação não formal e educação informal.

Na educação formal, a estratégia da Animação Sociocultural é operar como um

meio para motivar, complementar, articular saberes e potenciar aprendizagens

envolventes.

A educação não formal corresponde à esfera de atuação da Animação

Sociocultural, entendida como um conjunto de práticas que se realizam fora do espaço

escolar, portanto, associada à ideia de uma educação em sentido permanente e atinente

com o ciclo da vida da pessoa.

A educação informal considera a família e a comunidade como agentes

educativos. Há também que ter igualmente presente a estreita ligação fundada numa

relação de filiação entre a Animação Sociocultural e a Educação Popular. De referir,

dada a importância para a história da Animação Sociocultural em Portugal, um conjunto

de ações promovidas em diferentes âmbitos, em que, através dos métodos ativos da

Animação, foi possível promover a educação comunitária, educação para a saúde,

educação intercultural e educação para o ócio e tempo livre.

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21

Além destas, contemplamos ainda áreas ligadas ao código genético da Animação

Sociocultural sem as quais não é possível falar em programas de Animação, como

sejam, a democracia, a participação e o voluntariado. A Animação Sociocultural liga-se

a áreas nucleares e complementares que se afiguram essenciais para a sua intervenção,

como é o exemplo da educação, entendida numa conceção que ultrapassa o espaço

escola e se estende à vida, ao seu pulsar e onde a articulação da educação com programas

de Animação procura um mundo de homens livres, solidários, conscientes, participantes

e comprometidos com o seu/nosso mundo, voluntários de causas nobres e lutadores de

ideias e por ideais assentes nas convicções de uma democracia que cumpra e realize os

desideratos sociais, económicos, culturais, políticos e educativos.

Homens educados e formados de uma forma dialógica com as pessoas e o mundo,

numa valorização permanente da vida vivida em comunhão. Uma educação que projete,

pela via da Animação, homens portadores da boa esperança, seres que possam e devam

assumir a sua voz, a sua opinião, a sua vontade e que vivam no respeito pelas suas

diferenças e semelhanças, sem temerem olhar para o lado, homens que sejam cidadãos

com cidadania e que se exprimam sem temerem os poderes instituídos. Ser livre é

assumir a liberdade de poder dizer o que se pensa de forma responsável.

Uma Animação que, através dos postulados das diferentes áreas afins da

Animação, leve o homem a partilhar saberes, vivências, a interagir e estabelecer

relações interpessoais profícuas, lutando contra a incomunicabilidade, o medo e a

mordaça.

2.6 O Futuro da Animação Sociocultural

Na atualidade a Animação Sociocultural, em Portugal, e em diferentes contextos

do mundo, encontra-se num estádio de evolução cuja complexidade importa refletir

mediante um discurso que revele a validade e a imprescindibilidade sociais da sua

atuação. Este dever imperioso inscreve-se numa cidadania ativa que urge desenvolver

face aos muitos problemas existentes na sociedade portuguesa e que nunca é demais

recordar:

• Desintegração humana: social, cultural, familiar, política, educativa;

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22

• Debilidade dos movimentos sociais, nomeadamente: associações, sindicatos,

organizações populares de base, que num passado recente, respondiam às insuficiências

do poder;

• Democracia calendarizada, ritualizada e desligada do sentido da vida quotidiana

e cada vez mais ligada a um sistema partidocrático fraturante e leitor de uma realidade

parcial;

• Delegação representativa em vez de participação assumida pela via do

compromisso social;

• Gestão cultural do produto em vez da cultura do processo;

• Visão multicultural e intercultural desligada de uma valorização educativa cada

vez mais associada a fenómenos de exclusão;

• Desigualdades sociais geradoras de injustiças gritantes, onde há pensionistas a

auferirem mais de 18.000 euros e outros a viverem com uns míseros 150 euros;

• Ausência de uma cultura da vivência e da convivência, predominando uma

“cultura” virtual alienante, desfasada da vida e assente no virtual, onde as pessoas vivem

a partir da vida dos outros;

• Comunicação mecânica, onde se fala a partir do telemóvel, da Internet,

impedindo a pessoa do diálogo humano;

• Consumismo irracional, revelador de um símbolo assente no primado do ter em

relação ao ser;

•Dependência de fármacos, nomeadamente antidepressivos, geradores de

dependências psicossomáticas, devido à ausência de programas de Animação

Sociocultural fomentadores de convívio e promotores de uma vida com sentido;

• Desintegração do meio rural e grande concentração humana na faixa litoral do

território, provocando desequilíbrios ambientais, culturais, sociais;

• Desagregação do sector primário e debilidade do sector produtivo secundário,

originando uma concentração de recursos humanos na área dos serviços, causadora de

desajustes no tecido social;

• Apologia do passatempo e do “mata tempo” no centro comercial, segundo os

ritmos da “cultura do Shopping”, onde se vai para ver e comprar o que se precisa, mas

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23

também o que se não necessita e, onde se assiste a um movimento de pessoas sem laços

humanos e à exclusão social entre os que veem e os que compram.

Ao refletirmos sobre o futuro da Animação Sociocultural, em Portugal, estranha

e preocupadamente temos a noção do paralelismo entre o que existe na atualidade e o

que esteve na origem da Animação Sociocultural e, então, lembramo-nos das marcas

trazidas pela história e que são, entre outras: o problema do êxodo rural e os respetivos

problemas de integração, os problemas associados à comunicação interpessoal e a

necessidade de promover programas que valorizem a inter-relação humana, o problema

do défice de participação e a necessidade de promover programas de Animação

Sociocultural, tendo em vista o fomento de uma participação comprometida com o

desenvolvimento e a autonomia das pessoas. Não somos defensores das teorias

transmissoras da ideia de que a história se repete, contudo, somos crentes do princípio

que, embora a história seja irrepetível, existem problemas no seio das comunidades que

só podem ser superados pela ação solidária de laços comunitários.

Entendemos que o futuro da Animação Sociocultural exige responder aos

inúmeros desafios da desertificação rural, grande densidade urbana, focos de

marginalidade, grupos com necessidades educativas especiais, animação do tempo livre

e do tempo de ócio de crianças, jovens, adultos, terceira idade; uma animação que

responda, ainda, à articulação dos espaços educativos formais, não formais e informais.

Uma Animação Sociocultural que leve o ser humano a libertar-se e a descobrir o

seu próprio caminho e sem ninguém lhe dizer vem por aqui.

2.7 Código Deontológico do Animador

Segundo Carlos Alexandre Costa na APDASC o Código Deontológico do

animador sociocultural in As fronteiras da animação sociocultural os princípios básicos

são:

1-“Confiança na pessoa” - O animador sociocultural tem confiança na pessoa,

acreditando que qualquer indivíduo pode ser o protagonista no seu próprio processo de

desenvolvimento e no do grupo. Esta confiança na pessoa parte do princípio de que

todos são capazes de dar contributos relevantes para o grupo. Este princípio contribui

para que seja formado um auto conceito positivo, favorecendo o próprio

desenvolvimento da pessoa.

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A Animação Sociocultural parte da base de que todos podem iniciar um

processo de mudança que os torne conscientes da realidade em que vivem e do futuro

que querem para si.

O animador sociocultural, ao promover e mobilizar recursos

humanos mediante um processo participativo, estimula as potencialidades implícitas nos

indivíduos, permitindo descobrir os grupos e comunidades, ou seja, aflorar e fazer

renascer as possibilidades que cada pessoa tem em estado potencial.

2- “Confiança no grupo” - O animador sociocultural tem confiança no grupo, acreditando

na riqueza do grupo, na relação do diálogo que enriquece e potencia a

pessoa. É no grupo que os indivíduos são estimulados a participar nas tomadas de

decisões do próprio grupo. O traço que melhor caracteriza a Animação Sociocultural é a

participação na tomada de decisões, precedida da informação e criação de grupos de

opinião.

A Animação Sociocultural, ao promover e mobilizar recursos humanos mediante

processos participativos, canaliza as potencialidades dos indivíduos para grupos e

comunidades.

3- “Confiança na ação social e política”

A Animação Sociocultural está presente em associações de todo o tipo, nas quais

os cidadãos podem encontrar-se para realizar iniciativas, defender os seus direitos,

expressar as suas opiniões e confrontar ideias. Estas associações atuam como forças

configuradoras e dinamizadoras da vida social, partindo do pressuposto de que nenhuma

pessoa pode alcançar a plenitude humana enquanto não seja capaz de trabalhar na

transformação da sociedade em que vive.

Assim, e tendo em conta os princípios mencionados, a Animação Sociocultural

integra três processos conjuntos:

4 - “Desenvolvimento”: Uma vez que pretende criar os meios e as condições

necessárias para que qualquer pessoa ou grupo social possa resolver os seus problemas.

Provoca a busca e interrogação constantes, bem como a tomada de consciência da sua

própria situação.

Relacionamento do ser humano consegue mesmo, com as obras e seus criadores:

A

Animação Sociocultural visa dinamizar o ser humano por meio do diálogo.

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25

5 –“Criatividade”: A Animação Sociocultural pretende fomentar a criatividade e o

desenvolvimento de iniciativas, tanto individuais como coletivas.

Os princípios mencionados, confiança na pessoa, no grupo e na ação social e

política, são eixos essenciais em torno dos quais se move a Animação Sociocultural. A

pessoa e a sua capacidade de iniciativa constituem o motor fundamental que contribui

para o enriquecimento dos diferentes grupos sociais. O protagonismo que a sociedade

civil vai adquirindo é propício a novas modalidades de mudança e transformação.

A Animação Sociocultural é o conjunto de práticas desenvolvidas a partir do

conhecimento de uma determinada realidade, que visa estimular os indivíduos, para a

sua participação com vista a tornarem-se agentes do seu próprio processo de

desenvolvimento e das comunidades em que se inserem. A Animação Sociocultural é

um instrumento decisivo para um desenvolvimento multidisciplinar integrado dos

indivíduos e dos grupos.”

2.8 Animação Comunitária

Encaramos a Animação Comunitária como uma forma de ação sociopedagógica

que visa a transformação social, o desenvolvimento através da participação, surge-nos

como uma tecnologia social que tem a sua formação nas diferentes Ciências Sociais.

Podemos definir Animação Comunitária como um processo sociopedagógico que

permite criar as condições para alcançar a transformação social e desenvolvimento,

através da participação dos cidadãos na sua comunidade e também como uma educação

não formal centrada nos interesses e necessidades das comunidades.

A Animação Comunitária trabalha no sentido de transformar o tempo desocupado

das pessoas em tempo útil de socialização. Neste contexto, é fundamental falar do

conceito de Comunidade. Define-se Comunidade como:

uma forma de vida antiga que se desenvolveu a partir da agregação de famílias num

mesmo espaço, caracterizando-se por uma coesão social baseada em laços de sangue, de

amizade, de costume e de fé.

Outra definição de Comunidade é aquela que é dada por Ezequiel Ander-Egg, o

qual afirma que:

A Comunidade é um agrupamento organizado de pessoas que se percebem como

a unidade social, cujos membros participam de algum traço, elemento, interesse, objetivo

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26

ou função comum, com consciência de pertença, situados numa certa área geográfica na

qual a pluralidade de pessoas interage mais intensamente entre si do que em outros

contextos.

Assim, a Animação Comunitária visa promover um sistema de auto-

desenvolvimento que a curto prazo permite aos beneficiários melhorar as suas condições

de vida.

Pode-se também dizer que a Animação Comunitária respeita os participantes das

ações, os seus ritmos, os seus conhecimentos, visto que cada ser humano apenas se

realiza em liberdade, sem pressa e sem modelos impostos.

Em suma, a Animação Comunitária consiste em auxiliar a comunidade na

procura da solução para os seus problemas, assegurando que os seus projetos têm

continuidade junto da comunidade.

2.9 A Animação Sociocultural desenvolve programas, projetos e

atividades orientadas à transformação

A animação combina três processos sociais básicos:

Educação integral (educação continua, gerada a partir de experiências e relações

comunicativas entre os indivíduos);

Participação do cidadão (participação direta do indivíduo em grupos sociais,

redes, comunidades onde vivem. A participação permite a cada indivíduo aceder

à gestão, organização e decisão).

Criação cultural (é uma expressão coletiva de respostas práticas para o indivíduo

se adaptar e inovar nas relações da vida coletiva. Desenvolvendo o espírito

participativo e comunicativo a fim de melhorar a qualidade de vida do indivíduo.

A ASC desenvolve programas, projetos e atividades focando-se em 3 âmbitos:

O âmbito socioeducativo que abrange todas as práticas relacionadas com a

educação e as atividades extracurriculares. Uma animação entendida como ação

educativa não formal de pessoas: crianças, jovens adultos, de modo a que eles

amadureçam a partir de um projeto educativo integral. A educação integral consiste

numa aprendizagem experiencial, participativa ativa e comunicação interpessoal e

grupal.

O âmbito sociocultural e cultural que coloca a sua ênfase no desenvolvimento de

programas sociais e culturais de intervenção.

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27

O âmbito do bem-estar social e do desenvolvimento comunitário que envolve a

prática da participação solidária social, de promoção dos mais desfavorecidos, bem como

um meio de prevenir as desigualdades socias.

2.10 Objetivos gerais de uma intervenção sociocultural

A intervenção de um projeto só será válida se seguir os seguintes passos compatíveis

com o objetivo de ASC. Neste sentido a intervenção sociocultural pretende atingir três

grandes objetivos:

Melhorar a qualidade de vida de uma comunidade ou coletivo, através do

desenvolvimento do lazer, comunicação e a expressão pessoal ou coletiva.

Promover a participação e a organização da comunidade a fim de fortalecer o

tecido social “cimentando” uma sociedade democrática.

Aumentar e otimizar os recursos existentes no ambiente com vista ao

desenvolvimento da sua população.

2.11 A avaliação nas intervenções em Animação Sociocultural

A parte mais complexa de um projeto é de facto a sua avaliação, pelo critério da

efetividade. Esse critério definido pela capacidade que os resultados do projeto têm de

produzir mudanças significativas e duradouras no público beneficiário, através da

avaliação podemos perceber se o(s) problema(s), necessidade(s) po público-alvo foram

realmente resolvidas.

É importante analisar como as coisas eram antes do projetos ser executado e

depois de ser executado, quais foram as alterações ou não.

No fundo a avaliação é a atribuição de um valor que mede o grau de eficácia,

eficiência e efetividade do projeto. Assim compreendida, compara dados de

desempenho, identifica processos e resultados.

A avaliação deve ser vista como um procedimento que permite aprimorar as

ações e sobretudo manter uma relação de transparência como o público-alvo e sociedade

em geral no que se refere aos seus processos e resultados.

2.12 Comissão para a Igualdade de Género

Após a I Conferência sobre as Mulheres, em 1975, verificou-se uma tomada de

consciência, a nível internacional, da necessidade de mecanismos institucionais para o

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28

progresso da situação das mulheres e começou a esboçar-se uma primeira definição do

papel e funções que devem desempenhar. Em alguns casos, porém, a sua existência era

anterior. Foi o caso de Portugal.

Remonta a 1970 a criação de um Grupo de trabalho para a Participação da Mulher

na Vida Económica e Social, o qual foi seguido em 1973 pela criação da Comissão para

a Política Social relativa à Mulher. Tinha um carácter consultivo e o seu principal trabalho

consistiu no levantamento das discriminações legais contra as mulheres e elaboração das

primeiras propostas de alteração no direito da família e legislação de trabalho.

Após a Revolução de 1974 a Comissão permaneceu, até que em Janeiro 1975 foi

substituída pela Comissão da Condição Feminina, uma iniciativa de Maria de Lourdes

Pintassilgo, que presidira aos grupos anteriores e era então Ministra dos Assuntos Sociais.

Foi neste âmbito que a Comissão foi estabelecida em regime de instalação O ano seguinte

– 1975 – foi uma data marcante, a nível internacional, na evolução das questões relativas

à condição feminina e à igualdade. Foi proclamado Ano Internacional da Mulher das

Nações Unidas, realizou-se a I Conferência Mundial sobre as Mulheres na Cidade do

México, aí se instituiu a Década das Nações Unidas para as Mulheres (1976-1985) e se

aprovou o respetivo Plano de Ação Mundial.

As mesmas orientações foram retomadas em 1980 na II Conferência Mundial, que

se realizou em Copenhaga e, de novo em 1985 na III Conferência, que teve lugar em

Nairobi. O documento de Nairobi – Estratégias para o Progresso das Mulheres até ao

ano 2000 – fala da criação de mecanismos para a igualdade com a finalidade de avaliar a

situação das mulheres e contribuir para a formulação de políticas contra a discriminação,

um mandato que é ainda vago e difuso.

Mandato que será muito mais claro e incisivo 10 anos mais tarde, em 1995 quando

se faz a avaliação da década. Há um claro reforço da sua importância na Plataforma de

Acção de Pequim, o texto adotado na IV Conferência Mundial sobre as Mulheres.

O mesmo acontece, posteriormente, em 2000, por altura da Sessão Especial da

Assembleia Geral, habitualmente conhecida por Pequim+5, em que se atualizam e

reforçam as orientações programáticas nesta matéria. Aí se considera que a existência de

mecanismos nacionais é um aspeto prioritário das políticas para a igualdade, um

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29

instrumento sine qua non para se avançar no caminho da igualdade. Por isso esta é uma

das chamadas “áreas críticas” ou prioritárias da Plataforma.

Verifica-se, por outro lado, neste percurso uma mudança significativa de

perspetiva no que se refere à igualdade e aos mecanismos necessários para a alcançar. De

uma perspetiva de “eliminação da discriminação” passa-se para uma outra que é a de

“avançar no caminho da igualdade”.

A situação nacional acompanha algumas destas diretrizes internacionais. Após a

época da Revolução de Abril, regista-se, em primeiro lugar, uma coincidência feliz entre

o nacional e internacional. Vive-se entre nós uma época de agitação e perturbação, de

rutura com o passado, mas também de novas perspetivas, de idealismos e até utopias, o

que abriu a possibilidade de se avançar mais depressa nesta, como em outras áreas. Para

isso contribuiu de modo decisivo a nova Constituição de 1976, que estabelece a igualdade

para homens e mulheres numa multiplicidade de domínios e possibilita a criação de um

quadro jurídico novo no que às mulheres e à igualdade se refere.

A Comissão da Condição Feminina, em regime de instalação desde 1975, é

institucionalizada em Novembro de 1977, o diploma orgânico da Comissão, que

estabelece os seus objetivos, bem como as suas atribuições e competências.

O grande objetivo é formulado em termos próprios do momento que se vivia, isto

é, apoiar todas as formas de consciencialização das mulheres portuguesas e a eliminação

das discriminações contra elas praticadas, em ordem à sua inserção no processo de

transformação da sociedade portuguesa, de acordo com os princípios consignados na

Constituição.

Naturalmente que este grande objetivo se desdobrava em 3 outros ainda teóricos, mas

um pouco mais específicos:

1. Contribuir para a transformação da maneira de ser e de pensar dos homens e das

mulheres, de modo a que toda a pessoa humana – homem ou mulher – goze de

plena dignidade;

2. Alcançar a co-responsabilidade efetiva das mulheres e dos homens em todos os

níveis da vida social portuguesa;

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30

3. Trabalhar para que toda a sociedade encare a maternidade como função social e

assuma as responsabilidades que daí decorrem;

O diploma continha aspetos que hoje podem considerar-se francamente pioneiros e

inovadores. Em particular a criação de um Conselho Consultivo com duas vertentes: a

Secção Interministerial e a Secção de Organizações Não Governamentais, a qual parece

traduzir a perceção da importância de dois conceitos que, mais tarde, viriam a ser

formulados em termos de:

– mainstreaming – integração da dimensão de género em todas as políticas – necessidade

de articular com sectores responsáveis pela elaboração de políticas setoriais

– partnership – parceria com sociedade civil, designadamente com organizações não

governamentais

Há uma mudança de enfoque, de uma mera questão de justiça social – a desigualdade

é uma injustiça – para uma questão de democracia e direitos humanos. Evolução que

segue a linha entretanto defendida no âmbito do Conselho da Europa, em que em 1989

surge um conceito novo – o conceito de democracia paritária – que também faz o seu

caminho entre nós.

É um conceito que assenta no reconhecimento da dualidade da humanidade, que é

composta de homens e de mulheres, iguais em direitos e em dignidade, para além das

diferenças que lhes são próprias.

Um conceito que reconhece e valoriza a diferença, combatendo a discriminação e a

desigualdade que são noções totalmente opostas à primeira. Um conceito que exige a

plena e igual participação de homens e de mulheres a todos os níveis da vida social e

política, incluindo os níveis de decisão e de poder. Esta visão tem ecos significativos entre

nós.

Entretanto, está-se no princípio dos anos 90 e depois de um longo processo de

negociação é aprovado o novo diploma orgânico da Comissão, mais consentâneo com

uma nova filosofia e com melhores possibilidades de intervenção, em meios, estrutura,

competências, etc. É o Decreto-Lei 161/91, de 9 de Maio, que cria a Comissão para a

Igualdade e para os Direitos das Mulheres.

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31

Passa-se da formulação condição feminina – isto é, algo específico, que só às

mulheres diz respeito, portanto algo separado, marginal e até com um tom um tanto

fatalista – para as noções de Igualdade e Direitos das Mulheres. Igualdade, enquanto

direito fundamental para mulheres e homens e objetivo a atingir; e por outro lado, a

vertente dos direitos das mulheres, ainda particularmente relevante no nosso país, porque

na situação de facto subsistia a discriminação e a menoridade em muitos aspetos.

A construção da igualdade de género torna-se, assim, uma questão de sociedade, de

caráter global e multissectorial, uma questão eminentemente política, essencial ao

progresso e ao desenvolvimento, sempre na linha de uma legitimação política cada vez

maior destas questões a nível internacional.

De facto, os anos 90 são uma década de reflexão sobre grandes problemas do mundo.

Recordo as grandes Conferências mundiais promovidas pelas Nações Unidas:

1992 Ambiente e desenvolvimento (Rio)

1993 Direitos Humanos (Viena)

1994 População e desenvolvimento (Cairo)

1995 Desenvolvimento Social (Copenhaga) e também Pequim – IV Conferência

Mundial sobre as Mulheres

1996 Habitat

Em todas há a noção expressa, nas respetivas Declarações e Programas de Ação,

de que a questão da situação das mulheres e da igualdade de género está no centro de

muitos dos problemas do mundo contemporâneo e de que as soluções a encontrar para

esses problemas passam necessariamente pela consideração desta dimensão – a dimensão

de género. De novo, porque a Humanidade não é neutra, é constituída por homens e

mulheres, as políticas que se adotam têm efeitos diferentes sobre uns e outras.

Há necessidade de ação e de cooperação a todos os níveis, o que encontra formulação

em conceitos novos, que na linguagem internacional foram formulados como:

Gender mainstreaming – (referido anteriormente)

Partnership – (referido anteriormente)

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32

Empowerment das mulheres – empoderamento, isto é, acesso ao poder e à decisão,

significando que elas são cidadãs de parte inteira, contribuintes de todos os

processos de desenvolvimento e decisoras do seu próprio destino, tal como os

homens.

São conceitos que estão ligados a uma nova perspetiva de ação global, que se traduz

ainda nos requisitos, quer de mecanismos nacionais para a igualdade, eficazes e com

capacidade de intervenção, quer de Planos Nacionais para a Igualdade, uma

recomendação dirigida aos governos que consta da Plataforma de Ação de Pequim.

Noções agora claramente adquiridas a nível mundial mas que, para nós, pareciam já

estar presentes desde há muito de forma intuitiva.

Esteve presente desde o início a convicção de que as questões da igualdade, sendo

questões de natureza global, não deveriam estar confinadas a um ministério sectorial.

Assim, desde a sua instituição, a Comissão foi integrada na Presidência do Conselho

de Ministros, na dependência do Primeiro Ministro, o que, em princípio, possibilitava

uma horizontalidade no tratamento das questões e uma possibilidade de diálogo e

articulação com todas as áreas da Administração.

Em Março de 1997, foi aprovado em Conselho de Ministros um Plano Global para a

Igualdade de Oportunidades, que integra uma ótica de “mainstreaming”, isto é, de

integração desta perspetiva em todas as áreas, a par de ações específicas em áreas como

violência, trabalho e emprego, conciliação de vida privada e profissional, proteção social

da família, da maternidade e da paternidade, saúde, educação, ciência e cultura.

Mas aqui estamos já numa nova fase da vida da Comissão, uma 3ª fase, que abrange

a segunda metade da década de 90 até aos nossos dias.

Nesta 3ª fase há que registar a mudança política ocorrida em 1996, que tem

consequências a nível dos mecanismos institucionais para a igualdade; de registar

também a revisão constitucional de 1997, que dá nova legitimidade política às questões

relativas à igualdade, respetivamente consagrando que:

A promoção da igualdade entre homens e mulheres é tarefa do Estado;

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33

A lei deve promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a

não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.

Foi uma 3ª fase em que a ação da Comissão se tornou mais sectorial, aprofundando

determinadas vertentes e áreas de trabalho e privilegiando aspetos específicos de

intervenção. Mencionaria como áreas prioritárias que, em muitos casos, se traduziram

num trabalho intenso:

A Violência, particularmente violência doméstica, com a criação da linha verde e

do apoio à criação de casas abrigo, conjuntamente com o Plano Nacional contra a

Violência Doméstica adotado pelo Governo e com novas disposições legais,

designadamente a possibilidade de afastamento do agressor e o estatuto de crime

público conferido aos crimes de violência doméstica, etc.

O Tráfico de mulheres, uma forma de violência em crescendo, forma moderna de

escravatura, particularmente considerada em projetos da Delegação Norte no

âmbito de Programas comunitários;

A Descentralização, nomeadamente através do trabalho com autarquias, que

prosseguiu com apoio de fundos comunitários, possibilitando a criação de espaços

de informação a nível local, a formação de agentes a nível autárquico na área da

igualdade, a elaboração de materiais, e ainda o apoio à criação de mecanismos

para a Igualdade nas Regiões Autónomas, atividades estas desenvolvidas no

âmbito do Projeto Trampolim/Reda;

A Educação, com ações de sensibilização e formação de professores e agentes do

sistema educativo para a necessidade de uma educação isenta de estereótipos e

motivadora da igualdade de género. Também aqui no âmbito de um projeto

transnacional projeto “Coeducação” – com múltiplas vertentes – investigação /

formação/ elaboração de materiais pedagógicos, etc.

Muito há ainda a fazer. No seu todo, uma missão que pode ser perturbadora e até

incómoda para todo o sistema em que vivemos. Porque se trata de contribuir para a

mudança social em dimensões onde a mudança é particularmente difícil. Mas é este o

desafio mais forte dos mecanismos institucionais.

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34

2.13 Violência Doméstica

A violência doméstica abarca comportamentos utilizados num relacionamento,

por uma das partes, sobretudo para controlar a outra.

As pessoas envolvidas podem ser casada ou não, ser do mesmo sexo ou não, viver

juntas, separadas ou namorar.

Todos podemos ser vítimas de violência doméstica. As vítimas podem ser ricas

ou pobres, de qualquer idade, sexo, religião, cultura, grupo étnico, orientação sexual,

formação ou estado civil.

2.13.1 O que é?

Para a APAV o Crime de Violência Doméstica deve abranger todos os atos que

sejam crime e que sejam praticados neste âmbito.

Qualquer ação ou omissão de natureza criminal, entre pessoas que residam no

mesmo espaço doméstico ou, não residindo, sejam ex-cônjuges, ex-companheiro/a, ex-

namorado/a, progenitor de descendente comum, ascendente ou descendente, e que inflija

sofrimentos:

Físicos;

Sexuais;

Psicológicos;

Económicos;

2.13.2 Tipos de violência

Violência emocional: qualquer comportamento do(a) companheiro(a) que visa fazer o

outro sentir medo ou inútil. Usualmente inclui comportamentos como: ameaçar os filhos;

magoar os animais de estimação; humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou

em público, entre outros.

Violência social: qualquer comportamento que intenta controlar a vida social do(a)

companheiro(a), através de, por exemplo, impedir que este(a) visite familiares ou amigos,

cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefónicas, trancar o outro em casa.

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Violência física: qualquer forma de violência física que um agressor(a) inflige ao

companheiro(a). Pode traduzir-se em comportamentos como: esmurrar, pontapear,

estrangular, queimar, induzir ou impedir que o(a) companheiro(a) obtenha medicação ou

tratamentos.

Violência sexual: qualquer comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a

protagonizar atos sexuais que não deseja. Alguns exemplos: pressionar ou forçar o

companheiro para ter relações sexuais quando este não quer; pressionar, forçar ou tentar

que o(a) companheiro(a) mantenha relações sexuais desprotegidas; forçar o outro a ter

relações com outras pessoas.

Violência financeira: qualquer comportamento que intente controlar o dinheiro do(a)

companheiro(a) sem que este o deseje. Alguns destes comportamentos podem ser:

controlar o ordenado do outro; recusar dar dinheiro ao outro ou forçá-lo a justificar

qualquer gasto; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controlo.

Perseguição: qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar o outro. Por

exemplo: seguir o(a) companheiro(a) para o seu local de trabalho ou quando este(a) sai

sozinho(a); controlar constantemente os movimentos do outro, quer esteja ou não em

casa.

2.13.3 O ciclo da violência doméstica

A violência doméstica funciona como um sistema circular – o chamado Ciclo da

Violência Doméstica – que apresenta, regra geral, três fases:

1. Aumento de tensão: as tensões acumuladas no quotidiano, as injúrias e as ameaças

tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo eminente.

2. Ataque violento: o agressor maltrata física e psicológicamente a vítima; estes maus-

tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade.

3. Lua-de-mel: o agressor envolve agora a vítima de carinho e atenções, desculpando-se

pelas agressões e prometendo mudar (nunca mais voltará a exercer violência).

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36

Este ciclo caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição

sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e

de apaziguamento e cada vez mais intensa a fase do ataque violento. Usualmente este

padrão de interação termina onde antes começou. Em situações limite, o culminar destes

episódios poderá ser o homicídio.

Figura 12: Ciclo da violência doméstica

Fonte: www.apav.pt

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Capítulo III

Estágio Curricular

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3. O estágio

No presente capítulo irei descrever todas as atividades realizadas ao longo do meu

estágio, irei referir também os objetivos gerais e específicos que a instituição pretende

alcançar, enquadrando os públicos existentes e as diferentes áreas onde trabalhei.

3.1 Caraterização do público-alvo

Relativamente à caraterização do público-alvo, no meu estágio curricular trabalhei

com diferentes faixas etárias, trabalhei com crianças e jovens com idades compreendidas

entre os 10 e os 25 anos, mas também com senhoras na faixa dos 60-70 anos (reformadas).

As crianças/jovens possuíam algumas caraterísticas específicas, tais como:

• Crianças/jovens sujeitos a medidas de promoção e proteção

• Insucesso escolar

• Comportamentos desviantes (indisciplina, pequenos delitos e consumo de substâncias

psicoativas)

• Vazio ocupacional

• Ausência de projetos de vida

• Défice de competências pessoais e sociais

• Insucesso escolar

• Sistema de ensino formal, rígido e desadequado às necessidades e expetativas das

crianças e jovens

• Vítimas do preconceito ao nível das potencialidades das crianças e jovens oriundas

destes contextos

• Absentismo escolar, especialmente na etnia cigana • Sistema de ensino formal,

discriminação étnica, Auto estigmatização

• Baixa valorização do ensino pela família e pela própria criança e jovem

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• Instituição Escola pouco próxima da comunidade e cultura cigana

• Iniciação aos consumos de substâncias psicoativas

• Adição de psicoativos pelos familiares

• Rede de apoio familiar débil

• Meios familiares multiproblemáticos

• Meio familiar disfuncional

• Baixos níveis de escolaridade

• Desemprego

• Baixa condição socioeconómica do agregado

• Violência doméstica;

• Consumo de substâncias psicoativas

3.2 Objetivos Gerais do Projeto Quero Ser+E6G

A educação e formação de jovens;

A organização e ajuda na realização de tarefas em contexto escolar, organizar

atividades de tempos livres e atividades de campos de férias, bem como o apoio a

crianças e jovens, nomeadamente aos mais carenciados, na obtenção de subsídios

escolares ou de alimentação e na orientação profissional;

A colaboração com as famílias na educação integral das crianças, adolescentes e

jovens, sensibilizando-os para os problemas e exigências do seu normal

desenvolvimento e suprindo, quando necessário, as limitações e as incapacidades

das famílias.

3.3 Objetivos Específicos do Projeto Quero Ser+E6G

A promoção, educação e proteção da saúde;

A educação e formação profissional dos cidadãos, nomeadamente a formação de

agentes educativos, sociais, pastorais e técnico-profissionais;

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A promoção dos direitos de crianças e jovens em risco e a sua proteção, tendo em

vista o seu bem-estar pessoal e social;

O apoio à integração social e comunitária dos carenciados, marginalizados e

imigrantes, através da ajuda material, bem como o aconselhamento e prestação de

outros serviços que se considerem relevantes;

A integração e promoção social em geral, nomeadamente através da resolução dos

problemas habitacionais das populações.

3.4 Atividades desenvolvidas – parte prática

3.4.1 Sede da Coolabora

O meu estágio teve início na sede da instituição, onde fazia algum trabalho de

secretariado, como inserir dados de questionários no excel, preparar algumas atividades

de Ubicool (que explicarei mais à frente), que eram realizadas em escolas primárias da

região. Devo dizer que fui durante as primeiras semanas a “estagiária dos recados”, fazia

isto ou aquilo sempre que era necessário.

Após este primeiro período, viu-se como melhor opção eu “alterar” o meu local de

estágio, então passei a desenvolver as minhas funções no Centro de Inclusão Digital –

CID (no Tortosendo, uma vila perto da Covilhã), sendo a Coolabora a entidade gestora

deste projeto, onde fazia todo o sentido a minha intervenção, visto que era um espaço

onde existiam crianças e jovens e o meu estágio era como animadora sociocultural e não

como administrativa.

Com esta troca para o CID, pude explorar muito melhor as minhas capacidades e

aprendizagens.

3.4.2 Projeto Quero Ser Mais E6G

Centro de Inclusão Digital – CID

O projeto Quero Ser + E6G pretende aprofundar a intervenção realizada no

Tortosendo através dos projetos Quero Saber e Quero Saber + E5G.

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O projeto tem como objetivo geral contribuir para reforçar as competências

pessoais e sociais das crianças/jovens do Tortosendo, nativos de famílias

socioeconomicamente vulneráveis e para melhorar os contextos desfavorecidos onde

vivem de forma a proporcionar mais oportunidades para o seu futuro e para a sua

realização como pessoas e cidadãos/ãs.

O mesmo tem uma extensão temporal de janeiro de 2016 a dezembro de 2018,

sendo financiado pelo programa “Escolhas” tendo a Coolabora o papel de entidade

gestora do projeto e o agrupamento de escolas Frei Heitor Pinto as funções de entidade

promotora. Também são organizações associadas: ACES Cova da Beira – UCSP do

Tortosendo, Centro de Convívio e Apoio a Terceira Idade, CPCJ, Câmara Municipal da

Covilhã, Junta de Freguesia do Tortosendo, Modatex e AEBB

Atividades principais do Centro de Inclusão Digital

Primeiramente irei descrever por tópicos e de forma abreviada as atividades que

são desenvolvidas no CID e posteriormente irei falar das mesmas de forma mais

específica e detalhada.

- Apoio escolar diário: explicações (desenvolvidas por jovens voluntários universitários)

e escola virtual, no CID;

- Mediação familiar;

- Formação parental;

- Atividades de (in)formação e lúdicas para a comunidade, famílias, jovens e criança,

(palestras/aulas/dinâmicas);

- Iniciativas de voluntariado jovem e voluntariado comunitário (campanhas de angariação

de alimentos quer para pessoas como para animais), no Tortosendo ou na Covilhã;

- Centro Comunitário do Cabeço e Bolsa Comunitária “Com Pés e Cabeço” (esta bolsa

comunitária pode ser adquirida pela população desempregada, com poucos rendimentos.

Esta população necessitada, em troca dos seus serviços (limpar as escolas do Tortosendo,

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42

dar aulas/workshops, etc.), recebe alimentação, consultas no dentista, no oftalmologista,

advogado, ajuda para pagar uma fatura em atraso, entre outras.

Atividades secundárias do Centro de Inclusão Digital:

- Planeamento e execução da “Festa da Criança” no jardim público do Tortosendo. Esta

foi uma festa que deu muito trabalho, foi preciso muito método, organização, empenho

para conseguirmos concretiza-la. Tivemos ajuda de voluntários e os jovens do projeto

também ajudaram bastante. Planeamos os jogos que queríamos desenvolver, distribuímos

instrutores/responsáveis para cada jogo, elaboramos a lista de todos os materiais que eram

necessários, colocamos tudo em caixas devidamente identificadas para ser mais fácil no

dia da festa, pensámos e executamos os elementos decorativos, como: duas torres à

entrada do jardim (à semelhança de um castelo), uma moldura gigante para serem tiradas

fotografias, faixas nas grades do jardim com os direitos das crianças escritos.

Figura 13: Festa do Dia da Criança, no

jardim público do Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 14: Festa do Dia da Criança, no

jardim público do Tortosendo.

Fonte Própria

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43

Figura 15: Festa do Dia da Criança, no

jardim público do Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 16: Festa do Dia da Criança, no

jardim público do Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 18: Festa do Dia da Criança, no jardim

público do Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 17: Festa do Dia da

Criança, no jardim público do

Tortosendo.

Fonte Própria

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- Visita a uma fábrica numa vila vizinha;

Figura 19: Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de

têxteis)

Fonte Própria

Figura 20: Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de

têxteis)

Fonte Própria

Figura 21: Visita à fábrica “Jomafil” (reciclagem de

têxteis)

Fonte Própria

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45

- Distribuição de flayrs informativos/laço sida/cartazes de divulgação de atividades a

realizar no Tortosendo. Diversas vezes assinalávamos os dias internacionais que

achávamos relevantes que iam aparecendo, elaborávamos panfletos com informação útil

e distribuíamos pela vila. Outras vezes afixávamos também cartazes de festas ou

atividades que fossemos realizar;

Figura 22: Distribuição de panfletos

informativos acerca de violência nas

crianças.

Fonte Própria

Figura 23: Distribuição de laços numa

campanha de sensibilização sobre a

SIDA.

Fonte Própria

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- Planeamento e participação no “Arraial da E.B2/3 do Tortosendo”. Esta festa também

deu bastante trabalho, pois tivemos que organizar tudo para o arraial, desde as rifas (cortar

papeis, colocar números, dobrar, assim sucessivamente), angariar e numerar

objetos/prémios para saírem nas rifas, fazer lista dos materiais necessários, montar a nossa

“barraquinha” e decora-la, cedi a minha crepeira para podermos vender crepes, tínhamos

limonada também e um vídeo acerca do “Projeto Quero Ser +E6G” a passar numa tela

gigante, de forma a cativar mais jovens a inscreverem-se no projeto e dá-lo a conhecer

um pouco mais à comunidade em geral;

Figura 24: Participação no Arraial da

EB2/3 do Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 25: Participação no

Arraial da EB2/3 do Tortosendo.

Fonte Própria

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47

- Karaté (desenvolvido por um senhor de étnia cigana que outrora já havia sido campeão

na modalidade), num espaço cedido pela junta de freguesia do Tortosendo;

- Aulas de música (desenvolvidas por um senhor de étnia cigana), no CID, todos os

sábados;

- Planeamento e execução da “Festa Escolhas” no Parque de S.Miguel no Tortosendo.

Esta festa também contou com muitas horas, muitos dias de trabalho, de esforço para

conseguirmos concretiza-la. Na festa haviam jogos tradicionais (que tivemos que pensar,

planear, pesquisar, construir, montar, etc.), foram distribuídos instrutores/responsáveis

por cada jogo, existia também um insuflável, rancho, um grupo de jovens dançarinas,

houve também um lanche, pinturas faciais, workshop de fantoches, muita música e

Figura 26: Participação no Arraial

da EB2/3 do Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 27: Aulas de Karaté

Fonte Própria

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48

animação. Esta festa teve todas as responsabilidades que as anteriores tiveram mas com

um pequeno detalhe diferente, esta festa conteve a visita de elementos do Programa

Escolhas, o financiador do projeto, por isso tudo tinha que estar exemplar e correr nas

melhores condições;

Figura 28: Preparação “Festa Escolhas”

Fonte Própria

Figura 29: Preparação “Festa Escolhas”

Fonte Própria

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49

Figura 30: Preparação “Festa Escolhas”

Fonte Própria

Figura 31: Preparação “Festa Escolhas”

Fonte Própria

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50

- Auscultação no Bairro Social do Cabeço, no Tortosendo. Esta foi uma atividade

desenvolvida e muito bem pensada. Os moradores do Bairro Social do Cabeço tem-se

vindo a queixar de algumas situações que gostariam de ver alteradas no seu bairro. Então

decidimos pôr mãos à obra e começar pelo princípio: ouvir os moradores. Desenhei em

folhas enormes a planta do bairro social todo e no dia da auscultação existiam mesas em

todos os prédios com a dita planta para que os moradores pudessem dizer, manifestar,

assinalar na folha o que gostariam de ver modificado no bairro. Tivemos muitos pedidos,

muitas queixas, desde um campo de futebol, um parque infantil, uma

mercearia/café/padaria, uns assadores, mas houve três coisas que foram as mais faladas e

acordadas entre os moradores que foram: árvores para fazer sombra, bancos de jardim e

sobretudo lombas (diversos condutores passam no bairro com velocidade excessiva e

muitas crianças brincam na rua), no final da auscultação houve um lanche convívio muito

agradável. Estes pedidos, com alguma persistência vão sendo alcançados, a própria

comunidade já fez bancos de jardim, já plantaram árvores de fruto para mais tarde

poderem colher, já tem autocarro a passar no bairro (o que antes também não acontecia).

No fundo, têm sido conseguidas algumas vitórias, o que deixa a comunidade e o projeto

muito felizes e orgulhosos;

Figura 32: Auscultação dos morados do

Bairro Social do Cabeço

Fonte Própria

Figura 33: Auscultação dos morados do

Bairro Social do Cabeço

Fonte Própria

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- Planeamento e participação no projeto “Fórum Jovem – Erasmus +”. Esta foi a atividade

que mais exigiu de mim.

Na primeira etapa quando fomos nós o país acolhedor, tivemos que planear cada dia (dos

nove dias que durou o fórum), de manhã à noite, com refeições, com horas, com

transportes, com limitações, com coerência, com responsabilidade, entre outras coisas.

Escolhemos as atividades a desenvolver, locais para dormir, restaurantes para almoçar e

jantar, lanches para dar, arranjar professor para os workshops, foi muita pressão sobre

três estagiários, muita coisa para orientar. Três estagiários tiveram a responsabilidade

sobre 35 pessoas durante nove dias, posso dizer que não foi mesmo nada fácil lidar com

tudo, com os contratempos, com as dificuldades, com tudo o que surgiu, mas também

posso dizer que foi uma experiência muito boa a nível profissional e que no final me

deixou orgulhosa do trabalho desenvolvido. Na segunda etapa quando fomos nós à

Turquia, já não tive tantas responsabilidades porque era a Turquia o país acolhedor, mas

foi também uma experiência incrível;

- Decoração da carrinha e participação no cortejo da “Festa Nossa Senhora dos

Remédios”. Esta foi uma atividade um pouco decidida à última da hora. Uma senhora

responsável pela organização do cortejo dirigiu-se ao CID para perguntar que não

estaríamos interessados em participar no cortejo. Como nunca dizemos que não a nada,

abraçamos de imediato esta atividade. Começamos logo a imaginar como íamos fazer,

não tínhamos nada, apenas ideias. Não tínhamos materiais, não tínhamos carrinha…mas

lá nos orientamos.

A carrinha foi-nos emprestada por uma pessoa amiga, arranjamos algum tecido branco,

com tintas e pinceis escrevemos nele todas as atividades que o CID desenvolve. Fizemos

flores e flores e mais flores para decorar a carrinha, fizemos dois arcos festivos (um para

a frente e outro para a traseira da carrinha), com tubo que o meu pai tinha cá por casa.

Com cartões e fio fizemos letras de forma a escrevermos o nome do projeto na frente da

carrinha para que fosse facilmente identificada. Ficou realmente bonita e alegre! Esta

atividade foi basicamente à minha responsabilidade e da minha colega estagiária também.

O cortejo foi a um domingo mas nós abdicamos do nosso dia de folga e em família para

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participar no cortejo e mostrar à população do Tortosendo que o projeto existe, ajuda,

ensina, motiva, apoia muita gente. E está aberto a novas inscrições;

Figura 34: Preparação/decoração da

carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios,

no Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 37: Preparação/decoração da

carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios,

no Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 36: Preparação/decoração da

carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios,

no Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 35: Preparação/decoração da

carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios,

no Tortosendo.

Fonte Própria

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Figura 38: Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Fonte Própria

Figura 39: Preparação/decoração da carrinha para o cortejo Nª Sr. Remédios, no

Tortosendo.

Fonte Própria

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54

- Ida ao rio numa vila próxima. Esta foi a última atividade que realizei, no entanto já não

a considero como estágio. Esta foi uma atividade/convívio muito especial, pois foi uma

despedida surpresa para mim e para a Ariadna, a minha colega e amiga de estágio,

organizada pelas técnicas do CID, a Antónia e a Tânia, e também pelos jovens. Passamos

o dia no rio, com brincadeiras, mergulhos, almoço piquenique, e no final fomos

surpreendidas com um vídeo maravilhoso, cheio de momentos que passamos todos juntos

durante os meses de estágio. Momentos felizes, com sorrisos, com criticas, com

gargalhadas, com repreensões, com atividades, com jogos, com diversas coisas que me

encheram o coração. Ainda depois do vídeo foi-nos oferecida a cada uma, uma pequena

caixa, onde os jovens nos escreveram um pequeno bilhete ou uma carta, como forma de

lembrança;

Figura 40: Ida ao rio/despedida surpresa

das estagiárias Adriana e Ariadna.

Fonte Própria

Figura 41: Ida ao rio/despedida surpresa

das estagiárias Adriana e Ariadna.

Fonte Própria

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Figura 43: Ida ao rio/despedida surpresa

das estagiárias Adriana e Ariadna.

Fonte Própria

Figura 42: Ida ao rio/despedida surpresa

das estagiárias Adriana e Ariadna.

Fonte Própria

Figura 44: Ida ao rio/despedida surpresa

das estagiárias Adriana e Ariadna.

Fonte Própria

Figura 45: Ida ao rio/despedida surpresa

das estagiárias Adriana e Ariadna.

Fonte Própria

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56

3.4.3 Feira das Trocas

Enquanto estagiária acompanhei a programação e realização das feiras de trocas,

(Promoção da Economia Solidária e do Emprego) onde se pretende apelar a

consciencialização para hábitos de consumo responsável e sustentável e contribuir para

estimular a economia local e também são realizados diversos workshops.

Esta feira realiza-se não com dinheiro verdadeiro mas sim com uma moeda fictícia

chamada de “tear” (pela história da Covilhã e das suas fábricas de lanifícios). Um tear

equivale a 1 euro, existe um “banco de teares” na feira onde as pessoas se podem dirigir

e trocar o seu dinheiro real pelos teares e fazerem as suas compras ou trocas na feira.

Desde fazer a lista de todos os materiais que eram necessários, deixa-los todos

organizados para o dia, montar e desmontar a feira, planear um tipo de avaliação novo e

dinâmico, executa-lo utilizando diversos materiais como, cartolinas, marcadores, lãs,

madeira, efetuar a avaliação global da mesma junto dos participantes e visitantes, fiz de

tudo um pouco. Não só trabalhei como também participei também em workshops como

por exemplo o de yoga, que foi muito relaxante e divertido ao mesmo tempo.

Figura 46: Avaliação Feira das

Trocas

Fonte: Própria

Figura 47: Produtos para venda

(Feira das Trocas)

Fonte: Própria

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Figura 48: Produtos para venda (Feira das Trocas)

Fonte: Própria

Figura 49: Workshop de yoga (Feira das

Trocas)

Fonte: Própria

Figura 50: Produtos para venda (Feira das

Trocas)

Fonte: Própria

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58

3.4.4 Sessões Ubiccol

Para a promoção da igualdade de género e combate a violência doméstica, integra a

equipa de UBICOOL – Programa de Voluntariado Universitário para a promoção de uma

cultura de paz e de não violência em contextos escolares.

A iniciativa do UBICOOL é no fundo uma promoção de boas práticas incidente

nas crianças/jovens das escolas do Conselho da Covilhã, todavia posteriormente referido

em que consistem estas sessões e todo o seu desenvolvimento.

Esta ação veio desafiar os jovens universitários a realizar atividades de promoção

de uma cultura de paz e de não-violência em contextos educativos. A intervenção centra-

se na dinamização de jogos pedagógicos nos recreios escolares, tendo em vista prevenir

problemas como o bullying ou a violência no namoro e reforçar a capacidade dos alunos

e alunas de resolução não-violenta de conflitos.

Com este projeto pretende-se promover a igualdade de género, a não

discriminação, a inclusão social, a não-violência como referido acima, entre muitos outros

temas que tem de ser trabalhados urgentemente não só nas crianças/jovens como também

nos mais adultos, no entanto o UBICOOL funciona apenas em escolas

básicas/secundárias com a ajuda de voluntários da Universidade da Beira Interior (em

parceria com a Coolabora) que estejam disponíveis a ajudar e participar para uma melhor

formação da população mais jovem, transmitindo valores como o respeito pelo outro, a

cooperação, a entreajuda, a amizade, o companheirismo, entre outros.

Enquanto estagiária da Coolabora, participei em diversas sessões UBICOOL, em

diversas escolas da Covilhã em diferentes anos (5º, 6º, 7º), conseguindo desta forma

comprovar que todas as turmas/grupos tem as suas mais diversas caraterísticas tornando-

se este processo muito interessante para mim, visto ser uma prática crucial no contexto

em que se insere, o contexto escolar.

Como futura Animadora Sociocultural faz parte da minha função estar atenta a

todas estas problemáticas que estão visíveis a todos nós e que nos damos conta quase

diariamente nos media, nas redes sociais, na socialização com os outros, embora em

alguns casos se mantenham de tal forma escondidas que se torna muitas vezes difícil

solucionar o/s problema/s subjacentes.

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Esta experiencia foi de facto gratificante para mim enquanto profissional, passei

a estar mais atenta aos comportamentos humanos - ou desumanos?

Desde jogos, a dinâmicas que foram desenvolvidas, tudo foi sempre aceite pelas

crianças/jovens com total interesse e disposição para que a realização da sessão corresse

bem e da forma mais adequada ao que se esperava. Embora uns mais faladores que outros

(no tempo dispensado para o debate e troca de ideias acerca do jogo acabado de realizar,

ou do tema refente à sessão, ou até mesmo acerca da sessão no geral), o que acaba por ser

normal visto que o ser humano é todo ele diferente, sendo uns mais extrovertidos e

desinibidos que outros.

Figura 51: Sessão UBICOOL

Fonte Própria

Figura 52: Sessão de

UBICOOL

Fonte Própria

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3.4.5 Dinamização do grupo de senhoras de Cantar Galo

Existe em Cantar Galo (esta é uma pequena e vizinha vila da Covilhã) um grupo

de senhoras que por diversos motivos têm o seu tempo desocupado, ou porque já se

encontram na reforma ou porque nunca trabalharam e nada têm para fazer, mas

maioritariamente são reformadas, encontram-se todas as quartas feiras à tarde na junta de

freguesia da sua vila, onde têm uma pequena sala apenas cedida para elas e para os seus

convívios. Normalmente nesses convívios as senhoras costumam bordar visto ser o

passatempo mais conhecido das senhoras já um pouco mais antigas, todavia elas cansam-

se de fazer sempre o mesmo, quem é que não se cansa?

Tendo conhecimento desse convívio, eu como estagiária ia todas as quartas feiras

ao encontro delas para assim desenvolver atividades diversas, quer de expressão plástica,

onde cada uma criou a sua própria moldura e que por sinal ficaram todas muito bonitas,

quer jogos estimulantes da memória, capacidade de raciocínio, rapidez, criatividade, etc.,

dando conta de que as senhoras são totalmente ativas e muito ágeis e portanto precisam

de novas rotinas que sejam desafiantes e que sobretudo as mantenham felizes e vivas!

Inicialmente eu expliquei a minha ideia, dei várias sugestões do que podíamos

fazer, mas chegamos ao acordo de se fazer a moldura, foi o que lhes agradou mais!

Eu fiz uma lista de materiais que necessitava, muitos comprei mas outros reciclei,

como revistas, pinhas, rolos de papel higiénico, entre outras coisas que tinha por casa

Depois da pesquisa feita e de tudo estudado, foi só colocar mãos à obra!

Correu tudo muito bem, o ambiente era sempre muito agradável, de risos e

gargalhadas, de conversa e piadas, eram duas horas que passavam muito rápido e ninguém

dava por elas. Com esta atividade pude constatar que nem todas tinham o mesmo espírito,

a mesma criatividade, a mesma rapidez (foram necessárias várias quartas feiras para

ficarem as molduras concluídas), mas no entanto, foi um processo do qual me orgulho

muito. No final já pensavam em oferecer as molduras aos netinhos/as!

Como percebi que apesar de terem gostado do resultado final da moldura o seu

processo deixou-as um pouco desanimadas porque às vezes, “isto não cola” “aquilo não

segura aqui”, ouvia assim um desânimo ou outro… por isso entendi que talvez fosse

melhor fazer coisas mais práticas, como dinâmicas. E aí as gargalhadas ouviam-se quase

pela vila toda! Foi mesmo muito bom, muito enriquecedor, muito motivador, muito

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especial para mim. Às vezes estávamos todas a rir sem conseguir parar, com a corrida que

a Dª Isabel deu ou com a careta que a Dª Isaura fez! Ou até mesmo de olharmos umas

para as outras. Que bom!

Figura 53: Execução de molduras (Senhoras de Cantar Galo)

Fonte Própria

Figura 54: Dinamização (Senhoras de Cantar Galo)

Fonte: Própria

3.4.6 Planeamento/participação no Fórum Jovem (Intercâmbio, Erasmus+) Chipre,

Turquia, Noruega, Portugal

Esta foi a última atividade que desenvolvi enquanto estagiária da Coolabora e sem

dúvida alguma a mais trabalhosa e que mais responsabilidade acarretou. Já com alguns

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meses de trabalho antecipado, onde se planeou tudo ao mais ínfimo pormenor, como as

atividades a desenvolver, as refeições e os locais onde estas iam ocorrer, os transportes a

utilizar, os locais a visitar, os inúmeros contactos que eram necessários realizar com

algumas das parcerias, a escolha e reserva do alojamento, entre muitos outros detalhes,

chegou entretanto o mês de junho, o mês em que chegaram à Covilhã cerca de 40 jovens

vindos do Chipre, Turquia e Noruega.

Todos os portugueses, cipriotas, noruegueses e turcos discutiram entre si o que é ser

jovem nos seus países. Foi este o tema deste ano do Fórum Jovem Altamente.

Para além de uma caminhada na serra da Estrela com direito a piquenique e

mergulhos, uma visita a zona histórica da Covilhã, ensaios e dinâmicas, também houve

tempo para uma noite intercultural no Parque de S. Miguel no Tortosendo.

Todos os jovens tiveram a oportunidade de criar dois curtos espetáculos de teatro,

onde eu também participei e foi realmente divertido, que mostravam o resultado de uma

reflexão que os fez viajar pelas várias dimensões das suas vidas e encontrar as diferenças

e semelhanças entre os 4 países. Os espetáculos preparados ao longo da semana foram

apresentados à comunidade no último dia do fórum, no auditório da junta de freguesia do

Tortosendo.

Juntando jovens com idades compreendidas entre os 17 e os 22 anos, este projeto quis

mostrar que a interculturalidade pode ser cultivada através de partilha de experiências e

da troca de ideias. Neste mundo em que a intolerância é excessiva, em que a discriminação

é frequente, este tipo de projetos revela-se da maior importância.

Este encontro decorreu durante nove dias, de 22 de junho a 30 de junho onde ficamos

todos alojados no Seminário do Verbo Divino no Tortosendo (inclusive eu e outros

estagiários, pois eramos nós que estávamos encarregues de todo o processo).

O Fórum Jovem Altamente é organizado pela CooLabora, através do projeto Quero

Ser Mais E6G (Programa Escolhas) e, este ano com o apoio do Programa Erasmus+.

Contou ainda com o apoio da Junta de Freguesia do Tortosendo, Câmara Municipal

da Covilhã, Teatro das Beiras, Padaria Dias, Seminário do Verbo Divino, Pousada da

Juventude da Serra da Estrela, entre outras entidades locais.

Entretanto em Agosto, o país de acolhimento foi a Turquia, planeamos tudo mas desta

vez com menos responsabilidade, de certa forma. Menos responsabilidade no que diz

respeito a alojamentos, refeições e atividades (visto que isso competia aos elementos da

Turquia) mas por outro lado tivemos a enorme responsabilidade de levar ao nosso encargo

(de quatro estagiários) cinco jovens com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos.

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Turquia, um país tão diferente, tão estereotipado, tão falado…que por tudo isso levou

os pais dos jovens portugueses à hesitação relativamente à sua viagem a um local “tão

perigoso”, mas tudo correu bem.

Por lá a estadia foi também de nove dias, de 16 a 24 de agosto. Ficamos numa

pequenina aldeia chamada Godënce, onde toda a gente se conhecia e as cabras diziam-

nos olá dos quintais, ficamos divididos por casas de pessoas que se voluntariaram para

nos acolher, ali nem internet havia, só no café onde passávamos os serões, a tomar o

famoso chá turco que custava uns trocos.

O tema lá era o cinema, tivemos workshops, palestras sobre essa temática e o

subtema era a natureza e a importância da sua preservação, posteriormente em grupos

passámos à ação e gravamos o nosso próprio filme. Até fizemos os cartazes

publicitários, parecidos aqueles que vemos nos cinemas dos shoppings! Trabalhamos

bastante, mas foi muito divertido e muito enriquecedor para cada um, tenho a certeza.

Trocas de ideias, de palavras, de sorrisos, de críticas, de opiniões, de

gargalhadas…tudo fez parte, tudo foi único.

Embora tenha exigido algum trabalho também houve tempo para uns passeios

pelas localidades mais próximas.

Na última noite da nossa estadia na Turquia, preparam uma enorme festa de

despedida para nós (visitantes) e para toda a população da aldeia, foi no centro, na

praça, junto ao tal café onde bebíamos o chá aos serões. Inúmeras cadeiras, uma

enorme tela onde passaram os filmes que todos os grupos realizaram, comida típica e

até uma banda havia! Foi uma festa e uma animação incrível, um espírito magnífico.

Às 5h da manhã chegou o autocarro para nos levar ao aeroporto e só nos restou

agradecer e dizer um até breve!

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Figura 55: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

Figura 58: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

Figura 57: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

Figura 56: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

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Figura 61: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

Figura 60: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

Figura 62: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

Figura 59: Intercâmbio na Turquia.

Fonte Própria

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No próximo ano prevê-se que sejam o Chipre e a Noruega os palcos de mais

aventuras interculturais.

3.4.7 Atividades planeadas (não executadas)

1. Plano de Sessão no Estabelecimento Prisional

“Tela de emoções”

Exercício 1: “Os nomes”

Descrição: Os elementos começam por fazer um círculo e um deles começa por se virar

para o colega do lado, olhando-o nos olhos, dando-lhe um aperto de mão e dizendo-lhe o

seu nome e assim sucessivamente.

Objetivos do exercício:

Conhecer os colegas;

Estimular a memória;

Promover o contato visual.

Exercício 2: “Folhas no chão”

Descrição: Neste exercício, com os elementos todos em círculo, sentados no chão, um

começa por virar uma das folhas que estão no centro voltadas para baixo, as folhas podem

ter diversas coisas escritas, como por exemplo comida preferida, filme preferido, bebida

preferida, animal preferido, cor preferida, momento mais feliz, melhor qualidade, pior

defeito, o que gostam mais/menos nos outros, hobbie preferido etc.,

cada elemento terá que partilhar com o restante grupo um pouco de si respondendo ao

que diz a folha.

Objetivos do exercício:

Desenvolver a capacidade de interação com o grupo;

Promover as relações interpessoais;

Promover/estimular o auto-conhecimento;

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Exercício 3: “Tela de EMOÇÕES”

Material necessário:

Tela branca;

Tintas;

Pincéis;

Recipientes (para colocar a tinta);

Descrição: Esta atividade consiste na pintura de uma tela/quadro em que os reclusos

expõem todas as suas emoções e sentimentos na mesma, tentando sobrepor na tela todos

os medos, alegrias, angustias, sonhos, objetivos, arrependimentos que possam ter dentro

de si.

No final, a atividade termina com a observação de cada pintura (uma a uma) de modo a

refletir individualmente ou em grupo o que conseguimos visualizar na tela.

Locais de exposição:

Centro Hospitalar Cova da Beira;

GICC – Companhia de Teatro das Beiras;

Município da Covilhã;

2. Plano de Sessão: “Vem viajar pelo mundo!”

Autora: Adriana Pereira, 22 anos, licenciatura de Animação Sociocultural.

Público-alvo: Crianças de 5º/6º Ano, (ATL’s Covilhã, ESCOLHAS ).

Procedimentos metodológicos: A metodologia utilizada será uma metodologia

ativa/participativa, de forma a que este projeto/atividade se torne o mais dinâmico e

interessante possível. É importante dar ênfase ao tema deste projeto, visto que é crucial e

necessária a sensibilização de boas práticas nos dias de hoje (inclusão social/não

descriminação), desenvolvendo também diversas competências e habilidades. Esta

metodologia assenta-se sobre a aprendizagem colaborativa e a interdisciplinaridade.

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Temas que serão trabalhados: Este projeto incide sobretudo em dois temas distintos

mas que no fundo se relacionam e bastante. Falo da Discriminação e da Exclusão/Inclusão

Social, visto que nos dias de hoje existe muita discriminação, racismo, preconceito, etc.,

a nível social, profissional, em contexto escolar, familiar, entre outros meios. O que acaba

consequentemente por se transmitir em Exclusão Social.

A Discriminação entende-se como o ato de considerar que certas características

que uma pessoa tem são motivos para que sejam vedados direitos que os outros têm.

Numa palavra, é considerar que a diferença implica diferentes direitos.

Para facilitar a explicação tomemos um exemplo de discriminação: o racismo.

Este é a perspetiva que afirma que uma pessoa por ser de determinada cor, preto, branco,

etc., deve ter direitos diferentes daqueles que são de outra cor.

A inclusão social é o termo utilizado para designar toda e qualquer política de

inserção de pessoas ou grupos excluídos na sociedade. Portanto, falar de inclusão social

é remeter ao seu inverso, a exclusão social.

Nesse sentido, para estabelecer uma ação de inclusão social, primeiramente é necessário

observar e identificar quais seriam aqueles que estariam sistematicamente excluídos da

sociedade, ou seja, que não gozam dos seus benefícios e direitos básicos, como saúde,

educação, emprego, renda, lazer, cultura, entre outros.

Introdução: Neste meu projeto, tenho como intuito principal dar a conhecer um pouco

do mundo, para que dessa forma possa interligar esse conhecimento, de outros países,

línguas, culturas, tradições, alimentação, vestuário (sendo estes elementos super

diversificados da “ nossa zona de conforto”) com a inclusão social e não descriminação.

Porque no fundo, somos todos diferentes mas todos iguais!

Os princípios que orientam o meu projeto são os que referi anteriormente, de

valorizar o que é/quem é diferente de nós, transmitindo a ideia de que todos devemos ter

as mesmas oportunidades e os mesmos direitos, que todos somos seres humanos e que

ninguém deve ser excluído, tornando-se inativo no seu meio social.

Penso que é realmente um assunto importante e urgente a abordar, visto que cada

vez mais nos damos conta de que nas escolas sobretudo, existem inúmeras crianças

vítimas de discriminação, bullying, racismo. Desta forma acho de facto pertinente que

estes temas sejam refletidos pelos mais novos, que estão numa faixa etária propícia a que

situações destas aconteçam com mais frequência, alertando-os assim para o futuro e para

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os valores pelos quais se devem reger. O local que idealizei para colocar em prática o

meu projeto seria na Coolabora, (idearia) visto ter um espaço amplo e agradável para tal.

Objetivo Geral:

- Sensibilizar/promover a Inclusão Social e a Não Descriminação.

Objetivos Específicos:

- Promover/dar a conhecer vários países;

- Sensibilizar para diferentes culturas;

- Promover a Inclusão Social;

- Prevenir a discriminação;

- Desenvolver relações interpessoais.

Procedimentos Metodológicos:

Este projeto consiste em “visitar” (ficticiamente, por isso estar entre aspas)

diferentes países. Na Idearia dispondo a sala de modo a que fique organizada e explicito

o local de cada país, as crianças têm a oportunidade de conhecer os mesmos através de

fotografias, da sua alimentação, da sua cultura, da sua música, da sua raça, do seu

vestuário, entre muitos outros aspetos que caraterizam cada sítio distinto.

Como recursos materiais serão utilizadas mesas, cadeiras, retroprojetor,

computador e a sala.

Basicamente a ideia está no titulo do projeto “Vem viajar pelo mundo!”,

colocando por exemplo,

Cronograma

Escolha do tema p/

projeto

Elaboração do

plano/projeto

Execução do

plano/projeto

Avaliação do

plano/projeto

1-25 março 25março – 1 junho 16 junho 16 junho

Avaliação

No que concerne a avaliação, esta será feita através de inquéritos por questionário,

com perguntas fechadas. De modo a que não seja um questionário aborrecido e extenso,

com o intuito de este ser respondido com toda a sinceridade possível a fim de

perceber/analisar como decorreu a atividade, se gostaram, se não gostaram, o que poderia

ter corrido melhor, etc.

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Reflexão Final

O início desta etapa foi o mais difícil, escolher a instituição. Quando se faz um

estágio curricular, o objetivo é que este corra pelo melhor e prepare o individuo para mais

tarde poder e conseguir da melhor forma exercer as suas funções. Por isso, penso que é

com algum receio que escolhemos o local que nos vai acolher durante aproximadamente

três meses. Esperamos que sejam simpáticos connosco, que nos recebam bem, que nos

integrem, que nos apoiem quando surge alguma dúvida ou dificuldade…acho que

basicamente são estes os aspetos principais e que mais vezes nos passam pela cabeça,

antes do primeiro dia de estágio chegar.

Primeiramente pensei em realizar o meu estágio na Psiquiatria da Covilhã, foi com

algumas reticências que pensei em estagiar ali, apesar de ser

uma população que sempre me cativou, não só para conhecer como também para

trabalhar. Tinha alguns medos no que se refere à minha capacidade psicológica, medo de

não saber lidar da melhor forma

com este público.

No entanto por motivos alheios não foi possível realizar lá o meu estágio mas

também não foi isso que me desmotivou. Pelo contrário, eu pensei noutras instituições

onde pudesse estagiar e lembrei-me da Coolabora, que já tinha ouvido falar quando

andava no secundário e iam lá à escola dar palestras. E-mails para aqui e para ali e

consegui!

Comecei o meu estágio, das minhas últimas etapas para concluir a licenciatura.

De início talvez não tenha sido o melhor, tornava-se muito aborrecido estar das

09:30h às 18:00h a inserir dados no excel. Entrava na Coolabora desmotivada e saía

desanimada. As próprias técnicas tinham noção que não estava a ser muito produtivo para

mim, estava a ser produtivo para a instituição visto que eu estava a trabalhar, o problema

é que não era na minha área, logo, não estava a ser enriquecedor para mim

profissionalmente. Todavia, a situação alterou-se quando eu mudei o local de estágio e

passei da Coolabora para o CID.

Posso dizer que os dias se tornaram mais curtos, os sorrisos mais constantes, as

gargalhadas mais altas, as conversas mais entusiasmantes, os olhares mais profundos, eu

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tornei-me mais viva! Todo o tempo que ali passei serviu para conhecer alguma coisa em

mim, ou para conhecer melhor os meus limites, ou a minha sensibilidade, ou a minha

criatividade…tantas coisas que conheci em mim, que não consigo enumera-las. Coisas

que não são descritíveis sequer.

Aquelas crianças e aqueles jovens são especiais. E para mim vão ser sempre.

Todos os dias saía de casa com vontade de chegar lá, de lhes dizer bom dia, de olhar para

eles, de brincar com os mais pequenos e conversar com os mais velhos, de trabalhar para

eles, por eles.

A maior reflexão que eu retiro de 400 horas de estágio, de entrega, de

disponibilidade, de carinho, é sem dúvida alguma o sentimento de entreajuda e

solidariedade que cresceu dentro de mim, sinto-me uma pessoa mais humilde, mais

atenta, mais altruísta!

É com enorme pena minha que a instituição não tem possibilidades financeiras

para eu continuar lá e fazer oficialmente parte da equipa. No entanto só me restam as

visitas aos meus meninos e meninas!

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72

Bibliografia

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CIG, consultado a 17 de agosto de 2017. Disponível em: https://www.cig.gov.pt/.

Assunto: Igualdade de Género;

Animação Comunitária, consultado a 18 de agosto de 2017. Disponível em:

http://btrindade.blogspot.pt/2009/07/animacao-comunitaria.html,. Assunto:

Animação Comunitária

Consultado a 20 de agosto de 2017, disponível em:

https://www.unescoportugal.mne.pt/.

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74

Anexos

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Lista de anexos

Anexo I – Planeamento/guião de Ubiccol

Anexo II – Objetivos/ Metas/ Indicadores 2017 – Projeto Quero

Ser Mais E6G

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Anexo I –

Planeamento/guião Ubicool

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UBICOOL – Escola de Alpedrinha (7º Ano)

Alternativas ao “BULLYING”

Tema: Bullying

Objectivos: Facilitar a compreensão de causas e consequências do bullying. Explorar

vias que facilitem o controlo do fenómeno.

Idade preferencial: A partir dos 13 anos Nº de participantes: 10 a 25

Duração: 90 minutos

Materiais: Cenas de bullying, impressas uma em cada folha, Implementação passo-a-

passo, Introduzir o tema com uma “chuva de ideias” em torno da identificação de actos

de bullying.

Dividir os alunos e alunas em 4 grupos e entregar a cada grupo uma das cenas sobre

bullying (Jogo 3, Documento de apoio n.º1).

Cada grupo disporá de 15 minutos para analisar o texto e preparar a representação da

cena que lhe foi atribuída. Após a apresentação das 4 dramatizações, promover o debate.

CENAS (REPRESENTAR)

Cena 1

Duas alunas encontram-se na casa de banho da escola e uma delas goza com a colega por

ser muito alta, humilhando-a até a vítima fugir da casa de banho muito receosa.

Cena 2

Na fila para almoço, do refeitório da escola, um aluno do 7º ano passa à frente de um

aluno do 5º ano, chamando-lhe fraco e ficando vitorioso porque lhe ocupou o lugar.

Colegas que estão também na fila assistem a esta situação sem nada dizerem, apenas

observando.

Cena 3

Um grupo de alunos e alunas tenta falar com o colega que está a praticar bullying sobre

um colega mais novo.

Cena 4

Vários/as estudantes reúnem-se para falar acerca de um amigo que está a ser vítima de

bullying por parte de um grupo de estudantes mais velhos. Querem ajudar o seu amigo

e tentam analisar as várias possibilidades.

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Proposta de tópicos para o debate:

• O que é que gostaram mais e o que é que gostaram menos? Porquê?

• As cenas são realistas? Em que é que se basearam para as representar?

• Na cena 1, o que fariam se fossem vocês a estar no papel da vítima?

• Na cena 2, o que é que foi feito para melhorar a situação? O que é que a piorou?

• Na cena 3, como se sentiram a falar com um/a agressor/a de bullying? Que técnicas

poderão ter um efeito mais positivo? E mais negativo?

• Em relação à cena 4, como se deverá falar com uma pessoa que está a ser vítima de

bullying? Como se poderão encontrar soluções que sejam aceitáveis para a vítima?

Mais questões:

• Como é que as vítimas de bullying se sentem?

• A vítima de bullying é responsável pela violência de que está a ser alvo?

• Os/as agressores/as de bullying estarão a tentar provar alguma coisa?

• O bullying é uma questão de poder?

• O que é que um amigo ou amiga de uma vítima de bullying poderá fazer?

• Quais são os preconceitos mais frequentes em relação às vítimas?

• Quem pode ser responsável por controlar um problema de bullying?

• De que forma é que cada um de nós pode contribuir para ajudar a resolver este

problema?

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Anexo II – Objetivos,

Metas, Indicadores de 2017

Projeto Quero Ser Mais

E6G

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Objetivos/ Metas/ Indicadores de 2017 – Projeto Quero Ser Mais E6G

Objetivos Específicos Metas para 2017 Indicadores

-Promover o

desenvolvimento de

competências sociais e

pessoais de 80 crianças e

jovens do município do

Tortosendo e capacitar 30

encarregados de educação

para uma intervenção mais

assertiva na vida dos seus

filhos.

-Promover um processo de

mudança social no Bairro

Social do Cabeço com vista

a diminuir a estigmatização

social a que está

submetido. É liderado por

30 jovens e exercício da

sua cidadania e envolvendo

150 habitantes (crianças,

jovens, familiares e outros)

em ações comunitárias de

melhoria do bairro.

-Capacitar 100 jovens e 50

adultos para a utilização de

TIC para a melhoria das

suas oportunidades de

inserção social e

profissional e para

-Melhoria de competências

pessoais e conhecimentos

por parte de 65 alunos entre

os 11 e os 18 anos que

facilitam o seu sucesso

escolar

- Melhoria dos resultados

escolares de 40 alunos

entre os 11 e os 18 anos do

Tortosendo que no ano

letivo anterior não

conseguiram passar de ano

ou que tivessem tido

negativas em algum dos

períodos letivos - 25 pais

em acompanhamento

através da mediação e

formação parental.

- 25 Jovens do Tortosendo

participam ativamente no

processo de melhoria do

Bairro Social do Cabeço,

durante os 3 anos do

projeto - 120 habitantes do

Bairro Social do Cabeço

envolvidos em ações de

sensibilização e de

melhoria do bairro - 30

jovens do Tortosendo e 50

habitantes do Bairro Social

-Nº de crianças e jovens

que desenvolvem

competências que facilitem

o êxito/sucesso escolar – 5

de 9 competências no 1º

ano de intervenção; 6 de 9

competências no 2º ano; e 7

de 9 competências no 3º

ano de intervenção.

-Nº de crianças e jovens

que progressão nos

resultados escolares e

participam em pelo menos

20 sessões/ano de

atividades promotoras de

êxito escolar.

-Nº de

responsáveis/encarregados

de educação ou os seus

substitutos que participam

em pelo menos 10 sessões

ou ações/ano relacionadas

com o processo educativo

dos seus alunos

(participação em reuniões;

resposta a solicitações da

escola; apoio em tarefas

escolares; etc.);

-Nº de jovens que

participam em pelo menos

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intervenção na sua

comunidade.

do Cabeço envolvidos em

ações de voluntariado em

benefício da comunidade

- 75 Jovens e adultos

participantes do projeto

com certificação em TIC

-Promover o

desenvolvimento de

competências na área de

TIC por parte de 120

jovens e adultos.

5 sessões/ano de

planificação, organização e

realização de atividades

promotoras de participação

cívica e/ou social e/ou

comunitária.

-Nº de participantes que

participam em pelo menos

5 sessões/ano de atividades

promotoras para a

diminuição de estereótipos

relacionados com o

território e/ou a etnia

cigana e/ou o género e/ou a

religião e/ou a ordem

sexual.

-Nº de participantes que

diminuam atitudes e

comportamentos

estereotipados

relacionados com o

território e a etnia cigana.

-Nº de jovens que

estiveram envolvidos na

organização e

implementação de pelo

menos 3 atividades/ano de

voluntariado.

-Nº de participantes que

participaram em pelo

menos 3 sessões/ano de

atividades de voluntariado.

-Percentagem de pessoas

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que destacam

positivamente as

intervenções do projeto no

Bairro Social do Cabeço

-Nº de certificações em

TIC.

-Nº de crianças, jovens e

adultos que desenvolvem

competências na área de

TIC – 2 de 5 competências

no 1º ano de intervenção; 3

de 5 competências no 2º

ano; e 4 de 5 competências

no 3º ano de intervenção.