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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PATO BRANCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA EMILIO BIEZUS ADUBAÇÃO NITROGENADA E REDUTOR DE CRESCIMENTO TRINEXAPAQUE-ETÍLICO NA CULTURA DO TRIGO DISSERTAÇÃO PATO BRANCO 2010
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PATO BRANCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
EMILIO BIEZUS
ADUBAÇÃO NITROGENADA E REDUTOR DE CRESCIMENTO TRINEXAPAQUE-ETÍLICO NA CULTURA DO TRIGO
DISSERTAÇÃO
PATO BRANCO
2010
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EMILIO BIEZUS
ADUBAÇÃO NITROGENADA E REDUTOR DE CRESCIMENTO TRINEXAPAQUE-ETÍLICO NA CULTURA DO TRIGO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Agronomia - Área de Concentração: Sistemas de Produção Vegetal. Orientador: Prof. Dr. Giovani Benin
PATO BRANCO
2010
B589a Biezus, Emilio Adubação nitrogenada e redutor de crescimento trinexapaque-etílico na cultura do trigo/ Emilio Biezus. Pato Branco. UTFPR, 2010 44 folhas f. : il. ; 30 cm Orientador: Prof. Dr. Giovani Benin Co-orientador: Prof. Dr. José Abramo Marchese Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. Pato Branco, 2010. Bibliografia: f. 39 - 44 1. Estatura de planta. 2. Rendimento de grãos I. Benin, Giovani, orient. II. Marchese, José Abramo; Martin, Thomas Newton, co-orient. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Agronomia. IV. Título.
CDD: 630
Ficha catalográfica elaborada por Elda Lopes Lira CRB/1295
Biblioteca da UTFPR Campus Pato Branco
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Pato Branco Gerência de Ensino e Pesquisa
Programa de Pós-Graduação em Agronomia
TERMO DE APROVAÇÃO
Título da Dissertação n° XXX
ADUBAÇÃO NITROGENADA E REDUTOR DE CRESCIMENTO TRINEXAPAQUE-ETÍLICO NA CULTURA DO TRIGO
por
EMILIO BIEZUS
Dissertação apresentada às . . . horas . . . min. do dia . . . de . . . . . . . . . de 2010 como requisito parcial para obtenção do título de MESTRE EM AGRONOMIA, Linha de Pesquisa – . . . . . . . . . . . . . ., Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Área de Concentração: Produção vegetal) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco. O candidato foi argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Banca examinadora: Prof. Dr. Thomas Newton Martin
UTFPR Prof. Dr. José Abramo Marchese
UTFPR
Prof. Dr. Alceu Luiz Assmann IAPAR
Prof. Dr. Giovani Benin UTFPR
Orientador
Visto da Coordenação: Prof. Dr. Idemir Citadin
Coordenador do PPGA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que torcem pelo meu
sucesso, em especial a meus pais Mauri e Ivete Biezus e a minha irmã
Juliana Biezus.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, pela oportunidade de traçar mais um rumo
para minha vida.
A minha família, pelo apoio, carinho e amor, o que me dá força de
sempre seguir em frente.
A meus amigos, por me passarem entusiasmo para alcançar meus
objetivos.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pela disponibilização
de estrutura para minha melhor formação.
A todos os estagiários que se envolveram para realização do trabalho,
e ao Sr. Otávio, pela disposição em ajudar.
Aos co-orientadores José Abramo Marchese e Thomas Newton Martin,
pela ajuda prestada no desenvolvimento do trabalho.
E em especial, ao professor orientador Giovani Benin, por tudo, pelo
companheirismo, pela compreensão e pela dedicação em ensinar e orientar de
maneira eficiente para melhor elaboração do projeto.
"Se não puder se destacar pelo talento vença pelo esforço."
(Dave Weinbaum)
RESUMO
BIEZUS, Emilio. Adubação nitrogenada e redutor de crescimento trinexapaque-etílico na cultura do trigo. 2010. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2010. O uso do redutor de crescimento trinexapaque-etílico é uma técnica de manejo com principal finalidade de diminuir a estatura de plantas e aumentar a resistência ao acamamento de genótipos de trigo, possibilitando aumento do uso de nitrogênio e consequentemente aumento de produtividade. Assim, objetivou-se no presente trabalho avaliar o efeito de quatro doses do redutor de crescimento trinexapaque-etílico, em dois níveis de adubação nitrogenada, sobre o desempenho de características agronômicas e na produtividade de três cultivares de trigo, em duas safras agrícolas. O experimento foi conduzido na área experimental do Curso de Agronomia, pertencente à Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Pato Branco. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com os tratamentos dispostos em esquema fatorial 2x2x3x4, sendo dois anos (2008 e 2009), dois níveis de adubação nitrogenada (60 e 120 kg ha-1), três cultivares de trigo (BRS Guamirim, BRS 220 e BRS 208) e quatro doses de trinexapaque-etílico (0, 70, 140 e 210 g.i.a ha-1), correspondente a 0, 280, 560 e 840 mL ha-1 do produto comercial Moddus, respectivamente. Foram avaliados sete caracteres agronômicos: 1) número de afilhos férteis (NAF), 2) estatura de planta (EP), 3) comprimento de folha bandeira (CFB), 4) número de grãos por espiga (NGE), 5) massa de mil sementes (MMS), 6) peso de hectolitro (PH) e 7) rendimento de grãos (RG). Os dados foram submetidos à análise de variância, onde os caracteres que apresentaram interação significativa foram testados na análise de regressão polinomial conjunta até o grau de polinômio cúbico. Concluiu-se que a dose de adubação nitrogenada deve ser compatível ao potencial produtivo e responsividade da cultivar, sendo que a menor dose (60 kg ha-1 de N) foi suficiente para as cultivares BRS Guamirim e BRS 208, entretanto, a cultivar BRS 220 apresentou resposta significativa para a maior dose (120 kg ha-1 de N). Para todos os tratamentos, não se observou acamamento. Em ambas às safras agrícolas, a aplicação do trinexapaque-etílico reduziu a estatura das plantas dos cultivares avaliados, entretanto, com redução mais acentuada na safra agrícola de 2008, onde observou menor precipitação pluvial. Nesta safra agrícola, as cultivares BRS 208 e BRS 220 apresentaram a máxima eficiência técnica às subdoses de 54 e 77 g.i.a ha-1 do trinexapaque-etílico, respectivamente, entretanto, com drástica redução no RG a partir destas, justificando cautela quanto a sua utilização. Na safra agrícola de 2009, onde se observou elevados índices de precipitação pluvial e baixa radiação solar incidente, as respostas do RG às doses de redutor de crescimento foram não significativas, para todos as cultivares avaliadas. Palavras-chave: Trigo, estatura de planta, acamamento, rendimento de grãos, redutor de crescimento.
ABSTRACT
BIEZUS, Emilio. Nitrogen fertilizer and growth reductor trinexapac-ethyl in the wheat cultivation. 2010. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2010. The usage of the growth reductor trinexapac-ethyl is a managing technique with the main objective of reducing the size of plants and increase the resistance to lodging in wheat genotype, making it possible to increase the nitrogen usage and consequently the production increase. Thus, in this work we aimed to evaluate the effect of four doses of the growth regulator trinexapac-ethyl, in two levels of nitrogen fertilization about the performance of agronomic characteristics and in the productivity of three cultivar groups of wheat, in two harvest period. The experiment was conducted in the experimental field of the Agronomy Course in the Federal Technological University of Paraná, Campus Pato Branco. The experimental design was about blocks at random with the treatments disposed in a factorial scheme (2x2x3x4),being two years (2008 and 2009); two levels of nitrogen (60 and 120 kg ha-1), three cultivar groups (BRS Guamirim, BRS 220 and BRS 208); and four doses of trinexapac-ethyl (0, 70, 140 and 210 g.i. to ha-1), corresponding to 0, 280, 560 and 840 mL ha-1 of Moddus, respectively. We evaluated seven agronomic characters: 1) number of fertile tillers (NAF), 2) the size of the plant (EP), 3) length of the wheat leaf flag (CFB), 4) number of grains per cob (NGE), 5) mass of a thousand seeds (MMS), 6) weight of hectoliter (PH) and 7) efficiency of grains. The data were submitted to the variable analysis where the characters which presented significant interaction were tested in the regressive polinominal combined analysis until the cubic polinominal level. We concluded that the dose of nitrogen fertilizer must be compatible to the productive potential and the cultivar answer, even though the smaller dose (60 kg ha-1 de N) was enough to the cultivars BRS Guamirim and BRS 208, although, the cultivar BRS 220 presented a significant answer to the bigger dose (120 kg ha-1 de N). For all the treatments it was not observed lodging. In both harvest periods, the application of trinexapac-ethyl reducted the size of the plants in the evaluated cultivars, however with the reduction more noticeable in the harvest in 2008, where it was observed less rain. In this harvest period, the cultivars BRS 208 and BRS 220 presented the maximum technical efficiency to subdoses of 54 e 77 g.i.a ha-1 trinexapac-ethyl, respectively, however with drastic reduction in RG from these, justifying caution for that usage. In the harvest period in 2009, where it was observed elevated levels of raining and low sun radiation incidency, the answers of RG to the growth reductor doses were not significant for all the cultivars evaluated. Keywords: Wheat, size of the plant, lodging, efficiency of grains, growth reductor.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 - Tranformação de GA20 em GA1 através da enzima Giberelina 3β-
hidroxilase. Adaptado de Yamaguchi et al. (1998). .................................. 21
Figura 02 - Dados de Precipitação, radiação e temperatura do ano de 2008 e 2009, no intervalo de três em três dias. Fonte IAPAR-PB. ................................. 29
Figura 03 - Regressão para massa de mil sementes (MMS) e comprimento de folha bandeira (CFB) nas quatro doses de redutor de crescimento. Número de grãos por espiga (NGE) e peso do hectolitro (PH) em três cultivares para as quatro doses de redutor de crescimento. E número de afilhos férteis (NAF) e estatura de planta (EP) em duas safras agrícolas (2008 e 2009) para as quatro doses de redutor de crescimento (0, 70, 140 e 210 g.i.a. ha-1). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010 .................................................... 35
Figura 04 - Regressão do número de grãos por espiga (NGE) em duas safras agrícolas (2008 e 2009), duas doses de nitrogênio (60 e 120 kg ha-1) e quatro doses de redutor de crescimento (0, 70, 140 e 210 g.i.a.ha-1). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010. ............................................................ 36
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Resultados de análise(1) química do solo antes da instalação do experimento para os anos de 2008 e 2009. Pato Branco, 2010. .............. 23
Tabela 02. Análise de variância com as respectivas fontes de variação, graus de liberdade (GL), médias e coeficientes de variação (C.V.), para as variáveis massa de mil sementes (MMS), comprimento da folha bandeira (CFB), peso do hectolitro (PH), número de afilhos férteis (NAF), número de grãos por espiga (NGE), rendimento de grãos (RG) e estatura de planta (EP) em três genótipos de trigo (Triticum aestivum L.), em função de anos de avaliação, cultivares, doses de adubação nitrogenada e doses de redutor de crescimento. UTFPR, Pato Branco, PR. .............................................. 27
Tabela 03. Comprimento da folha bandeira de três cultivares de trigo (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim) em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010. .......................................................................... 30
Tabela 04. Peso do hectolitro (PH) em duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1) em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010. .................................................................................. 31
Tabela 05. Número de afilhos férteis (NAF) e estatura de planta (EP) na média de de três genótipos de trigo, em duas safras agrícolas (2008 e 2009) e duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010................................................................................................ 31
Tabela 06. Número de afilhos férteis (NAF) e estatura de planta (EP) de três cultivares (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010................................................................................................... 32
Tabela 07. Rendimento de grãos (RG) de três cultivares de trigo (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim) em duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1) em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010. ........................................................................................................ 33
LISTA DE SIGLAS NAF Número de Afilhos Férteis EP Estatura de Planta CFB Comprimento de Folha Bandeira NGE Número de Grãos por Espiga MMS Massa de Mil Sementes PH Peso de Hectolitro RG Rendimento de Grãos g.i.a Gramas de Ingrediente Ativo N Nitrogênio A Ano C Cultivar R Redutor Mm Milímetros MJ Mega Joules Há Hectare
LISTA DE ABREVIATURAS BRS EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária CD COODETEC - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola CEP FUNDACEP - Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa –
FECOTRIGO OR Otonni Rosa Sementes IAPAR Instituto Agronômico do Paraná CONAB Companhia Nacional de Abastecimento UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 16
2.1 Adubação nitrogenada ........................................................................................ 17
2.2 Acamamento em trigo ......................................................................................... 19 2.3 Redutores de crescimento ................................................................................... 20 3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 23
3.1 LocaL de implantação dos experimentos ............................................................ 23
3.2 Delineamento experimental ................................................................................. 23 3.3 Instalação e condução do experimento ............................................................... 24
3.4 Caracteres avaliados ........................................................................................... 24
3.5 Análises dos dados ............................................................................................. 25 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 26
4.1 Análise da variância conjunta .............................................................................. 26
4.2 Condições climáticas em 2008 e 2009 ................................................................ 27 4.3 Caracteres agronômicos, componentes da produção e produtividade ................ 30 5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 38 6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 39
15
1 INTRODUÇÃO
O trigo comum (Triticum aestivum L.), pertencente à família Poaceae, é
um cultivo anual de grande importância alimentar, tanto para humanos quanto
animais. No Brasil, segundo dados da Conab (2009), entre 2006 a 2009, o consumo
anual deste cereal, em média, foi de 10,5 milhões de toneladas, sendo a produção
nacional situada em torno de 4,3 milhões de toneladas. Deste total, a região Sul se
destaca, sendo responsável por aproximadamente 90% da produção nacional,
sendo o estado do Paraná o maior produtor, com aproximadamente 49%.
A produção de trigo é definida em função da cultivar, da quantidade de
insumos utilizada e das técnicas de manejo empregadas (ZAGONEL et al., 2002).
Segundo Carraro (2002), o Brasil possui capacidade física e técnica para atingir
auto-suficiência no setor, com o incremento da área cultivada e utilização de
tecnologias que aumentem a produtividade.
O nitrogênio é o elemento mais absorvido e exportado pelas culturas
(SILVA et al., 2000) e também o nutriente que mais onera o custo de produção no
cultivo do trigo. O uso de elevados níveis de adubação nitrogenada, de maneira
geral, é indicado para cultivares com elevado potencial produtivo, contudo, pode
acarretar problemas, como aumento excessivo da estatura de plantas, provocando
acamamento, dificultando a colheita e prejudicando a qualidade dos grãos. Assim, a
utilização de técnicas de manejo que possibilitem o aumento da resistência ao
acamamento passou a ser extremamente importante, pois permite a utilização de
maiores níveis adubação nitrogenada sem que ocorra o acamamento (RODRIGUES
et al., 2002).
A utilização de reguladores de crescimento possibilita o uso de maiores
doses de nitrogênio, mesmo em cultivares de porte alto. Esses atuam como
sinalizadores químicos na regulação do crescimento e desenvolvimento de plantas,
podendo agir como antagonistas de promotores como auxinas, giberelinas e
citocininas, ao impedir o alongamento de raízes e caules, a germinação de
sementes e o brotamento de gemas, de acordo com o estádio fenológico de
aplicação e a dose empregada (SAMPAIO, 1998).
Assim, objetivou-se no presente trabalho avaliar o efeito de quatro
doses do regulador de crescimento trinexapaque-etílico, em dois níveis de adubação
16
nitrogenada, sobre o desempenho de características agronômicas e rendimento de
grãos de três cultivares de trigo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
O aumento da produtividade da cultura do trigo ocorre, basicamente,
em função do genótipo e do ambiente em que a cultura se desenvolve. Com relação
ao fator genótipo, anualmente ocorre o lançamento de cultivares com características
agronômicas diversas. As principais características buscadas são arquitetura de
porte baixo, mas com elevado potencial de rendimento de grãos, resistência e/ou
tolerância às principais doenças da cultura (ferrugem da folha e do colmo, oídio e
giberela), elevado índice de colheita, boa adaptação a estresses abióticos ou
climáticos e possibilidade de selecionar a tipificação da farinha de acordo com o uso
final (SANTI et al., 2008).
No Brasil, atualmente, há disponibilidade de cultivares de trigo com
potencial de rendimento elevado e que já atingem níveis da ordem de 6.000 a 7.000
kg ha-1 (100 a 117 sacos ha-1) no Sul do Brasil e chegam a valores superiores a
8.000 kg ha-1 (133 sacos ha-1) no Brasil Central, em condições de cultivo irrigado
(PIRES et al., 2005). Como a produtividade também é dependente do ambiente, os
tratos culturais, o uso adequado da tecnologia, merecem atenção especial, pois o
manejo correto possibilita a maximização do potencial genético da cultura.
Ao realizar um planejamento de produção, o agricultor deve estar
atento para a escolha criteriosa das cultivares, levando em conta o clima e o solo de
cada região, além do manejo a ser empregado. A crescente utilização de cultivares
de alto potencial produtivo tem implicado no uso mais frequente de insumos, entre
os quais, a adubação nitrogenada mostra-se importante na definição da
produtividade (ZAGONEL et al., 2002).
Uma tecnologia ainda pouco difundida no Brasil é o uso de redutor de
crescimento, que tem como principais objetivos reduzir a estatura de planta,
aumentar a resistência ao acamamento e maximizar a produtividade. Segundo Berti
et al. (2007), a utilização de redutor de crescimento possibilita a utilização de
maiores doses de adubação nitrogenada, maiores densidades de plantio, mesmo
com a utilização de cultivares de maior estatura, sem que ocorra acamamento.
17
2.1 ADUBAÇÃO NITROGENADA
O nitrogênio é o elemento mais absorvido e exportado pelas culturas
(SILVA et al., 2000). Em trigo, segundo a CQFS (2004), são exportados 22 kg ha-1
de N por tonelada de grãos retirados da lavoura.
Todos os componentes do rendimento do trigo podem beneficiar-se em
maior ou menor grau do nitrogênio (ZAGONEL et al., 2002). Segundo Rodrigues et
al. (2003), doses elevadas de nitrogênio proporcionam aumento do número de
espigas por área, da produtividade e da estatura da planta. Trindade et al. (2006),
reavaliam essa afirmação, descrevendo que para aumentar os componentes de
rendimento a dose a ser aplicada deve ser estudada em condições específicas de
ambiente, pelo fato desses componentes receberem influência dos diversos fatores
climáticos. Afirmam que embora se possam incrementar cada um dos componentes,
individualmente, fenômenos compensatórios fazem com que, frequentemente, os
componentes se relacionem de forma negativa, tendendo a propiciar o incremento
de uns e o decréscimo de outros. Por isso, o manejo adequado da adubação
nitrogenada é um dos mais difíceis, e a única alternativa para se fazer a
recomendação desta adubação é pela determinação da curva de resposta em
relação a várias doses deste nutriente (SANTOS & SILVA, 2002).
A deficiência de nitrogênio afeta a interceptação da radiação,
diminuindo a eficiência do uso da radiação (TRINDADE et al., 2006). Resultados
encontrados por Heinemann et al. (2006), indicam que a resposta da produção de
grãos de trigo ao nitrogênio foi devida a influência deste nutriente no índice de área
foliar que, por sua vez, afetou a eficiência de uso da radiação solar e a biomassa,
que se correlacionaram positivamente com a produção. Também pode alterar
características tais como peso do hectolítrico, teor de proteína, número de queda
(caracteriza as farinhas de trigo quanto à atividade das amilases) e força geral do
glúten (CAZETTA et al., 2008).
Zagonel et al. (2002), verificaram incrementos de produtividade de
grãos em trigo com aplicações de até 90 kg ha-1 de nitrogênio, em função do
aumento do número de espigas m-2, uma vez que o número de espiguetas por
espiga e o massa de 1000 grãos não foram afetados. Freitas et al. (1995), também
observaram respostas em produtividade até a dose de 120 kg ha-1 de N. Também,
Trindade et al. (2006), avaliando o efeito de doses de adubação nitrogenada em
18
duas cultivares de trigo no cerrado, com irrigação, observaram incrementos no
rendimento de grãos em função do aumento do número de grãos m-2 com máxima
resposta na dose de 185,9 kg ha-1 de N. Da mesma forma Frizzone et al. (1996),
constataram que o incremento na dose de nitrogênio aplicada reduziu o abortamento
de perfilhos e aumentou o número de grãos por unidade de área. Entretanto, quanto
à eficiência econômica, constatou que melhor dose para o trigo irrigado, cultivado
em sucessão à soja, foi de 73 kg ha-1 de N. Independente da produtividade, o
agricultor deverá optar pela dose de adubação nitrogenada que possibilite a maior
eficiência econômica. Sendo o trigo uma cultura de risco, na média, a adubação
nitrogenada é sempre inferior ao nível ideal. Em média, na região Sul do Brasil, é
utilizado de 30 a 60 kg ha-1 de nitrogênio (COSTA & OLIVEIRA, 1998).
Além da dose, a época correta de aplicação do nitrogênio em cobertura
é fundamental para incrementar o rendimento de grãos, pois aplicações muito
precoces ou muito tardias podem ser pouco aproveitadas pelas plantas (SILVA et
al., 2005). Sangoi et al. (2007), avaliaram quatro épocas de aplicação de nitrogênio
em cobertura: estádio 3,5 (três folhas totalmente expandidas e a quarta com 50% do
tamanho da terceira), 5,5 e 7,5 e emborrachamento da escala proposta por Haun
(1973) em três cultivares, e chegaram a conclusões que a aplicação precoce de
nitrogênio em cobertura, nos estádios 3,5 e 5,5 da escala Haun, propicia a obtenção
de maior produtividade e maior participação dos afilhos no rendimento de grãos,
independentemente das características genéticas, morfológicas e fenológicas da
cultivar.
Segundo a XXVII RCSBPT (2005), a aplicação de nitrogênio em
cobertura deve ser realizada entre os estádios de afilhamento e alongamento,
correspondendo, em geral, ao período entre 30 e 45 dias após a emergência. Em
algumas situações, como em doses mais altas, o parcelamento da aplicação de N
pode resultar em rendimentos superiores aos de aplicação única. Nestes casos, os
melhores resultados têm sido obtidos com aplicações combinadas no início do
perfilhamento e na fase em que a planta tem de seis a sete folhas. Bredemeier &
Mundstock (2001), caracterizaram que o tratamento no qual o nitrogênio foi aplicado
no início do ciclo (emissão da terceira folha) estimulou as plantas a aumentarem o
número de espiguetas e conseqüentemente o número de grãos por espigas. O
tratamento no qual o nitrogênio foi aplicado mais tardiamente (emissão da sétima
19
folha) estimulou a sobrevivência de maior número de colmos, proporcionando o
aumento de grãos por unidade área.
Segundo Braz et al. (2006) a eficiência no uso de N em trigo, além do
momento correto da aplicação, é influenciada pela cultura anterior. Esse
comportamento é explicado pela liberação de nitrogênio por restos de leguminosas e
pela diferença da velocidade de decomposição e liberação de N entre gramíneas e
leguminosas. Geralmente, após gramíneas, tem-se uma melhor resposta a doses de
N, pois estas promovem a imobilização de nitrogênio para sua decomposição.
2.2 ACAMAMENTO EM TRIGO
Quando métodos modernos de produção são usados em genótipos de
trigo de elevada estatura, os resultados podem ser desastrosos. A aplicação de
elevados níveis de adubos, especialmente de nitrogênio, faz com que esses
genótipos evidenciem alta estatura, determinando o acamamento das plantas
(CRUZ et al., 2000). Tal fenômeno é decorrente principalmente do desbalanço de
nutrientes (suplemento excessivo de nitrogênio) e pode promover decréscimo na
fotossíntese, redução na assimilação e translocação de carboidratos e minerais,
aumento na intensidade de doenças e redução na eficiência da colheita
(RODRIGUES et al., 2003). Cruz et al. (2003) constataram que o acamamento
induzido afetou negativamente o rendimento dos grãos, o peso do hectolitro e a
massa média do grão em 50, 19 e 20%, respectivamente.
Segundo Silva et al. (2006), quando os colmos apenas inclinam e não
se dobram os grãos não sofrem prejuízos, possibilitando assim o processo regular
de enchimento de grãos e amadurecimento. Entretanto, se os colmos dobram e
quebram, há evidentemente interrupção no movimento dos fotoassimilados, que não
podem mais chegar à espiga, resultando em prejuízo não só na qualidade, mas,
sobretudo, na massa média do grão. Os prejuízos do acamamento são agravados
conforme a época que ocorre (ZANATTA & OERLECKE, 1991), sendo maiores as
perdas quando ocorre durante a fase reprodutiva (antese) (FEDERIZZI et al., 1994).
Segundo Souza (1992), entre os possíveis fatores associados à melhor
resistência ao acamamento está à estatura mais baixa e a melhor estruturação
vegetal da planta, que são características buscadas nas cultivares, principalmente
20
em regiões onde esse problema é comum. Cruz et al. (2001), estudando caracteres
relacionados com a resistência ao acamamento em trigo, evidenciaram relação entre
estatura e resistência ao acamamento, onde maiores estaturas promoveram
menores resistências ao acamamento.
Para diminuir perdas com acamamento, de modo geral, restringe-se a
aplicação de fertilizantes nitrogenados e utilizam-se cultivares de trigo de porte
baixo. Também, um método eficaz no controle do acamamento, mesmo com a
aplicação de doses elevadas de adubação nitrogenada, é o uso de redutores de
crescimento, como o trinexapaque-etílico.
2.3 REDUTORES DE CRESCIMENTO
Os redutores de crescimento reduzem a estatura das plantas e
aumentam a resistência ao acamamento. São substâncias químicas naturais ou
sintéticas que podem ser aplicados diretamente nos vegetais para alterar os
processos vitais ou estruturais, por meio de modificações no balanço hormonal das
plantas. São normalmente antagonistas às giberelinas e agem modificando o
metabolismo destas (RODRIGUES et al., 2003).
As giberelinas são uma grande família de compostos tetracíclicos
diterpenóides e, atualmente, são conhecidas cerca de 136 tipos. Algumas são
reguladores de crescimento bioativos que controlam o desenvolvimento de diversos
processos, como a germinação das sementes, o alongamento do caule, expansão
foliar, desenvolvimento de tricomas e o desenvolvimento de flores e frutos
(OLSZEWSKI et al., 2002).
Dentre o grupo de redutores de crescimento, que tendem a agir de
forma contraria as giberelinas, e que têm sido usados em cereais, destacam-se o
cloreto de 2-cloroetil-trimetil amônio, conhecido como Cycocel ou "CCC",
recomendado para a cultura de trigo na década de 1960, e Ethephon (2-cloro-etil
ácido fosfônico), recomendado para a cultura de cevada na década de 1970. Em
2002 foi lançado no mercado o Moddus (Trinexapaque-etílico), um regulador com
forte ação na inibição do alongamento dos entrenós.
A aplicação de Trinexapaque-etílico no estádio correto (entre os
estádios de primeiro e o segundo nó visível da escala de Feeks-Large) ocasiona
21
encurtamento do colmo e engrossamento da base do colmo, o que é extremamente
desejável em sistemas de manejo com intensivo uso de insumos (principalmente
adubação nitrogenada), em ambientes que estimulam o acamamento e quando é
utilizado cultivares com tendência ao acamamento (PIRES et al., 2004).
O Trinexapaque-etílico age em uma enzima importante na biossíntese
de geberilina, a Giberelina 3β-hidroxilase, responsável pela transformação de GA20,
uma giberelina inativa na célula, em GA1 (Figura 01) que é a giberelina ativa. Tal
transformação é responsável pela promoção do alongamento do caule.
Figura 01 - Tranformação de GA20 em GA1 através da enzima Giberelina 3β-hidroxilase. Adaptado de Yamaguchi et al. (1998).
A dose recomendada pelo fabricante do Trinexaque-etílico em trigo é
de 100 a 125 g i a ha-1, aplicada no estádio entre o primeiro e o segundo nó visível
(RODRIGUES et al., 2003). Como o Moddus possui 25% de ingrediente ativo em
sua constituição, a dose recomendada é de 0,4 a 0,5 L ha-1.
Muitos autores trabalhando com o redutor obtiveram resultados
diferenciados quanto à dose recomendada. Berti et al. (2007), encontraram a maior
produtividade (ponto de máxima) para as doses de trinexapaque-etílico de 76,3;
132,5; 63,8 e 81,3 g.i.a ha-1 para Supera, CEP 24, Vanguarda e CD 104,
respectivamente. Zagonel et al. (2007), testando diferentes épocas de aplicação:
entre primeiro e segundo nó (época 1) e entre segundo e terceiro nó (época 2),
concluíram que as melhores doses em g.i.a ha-1 foram: 65,0 (OR 1 época 1), 110,0
(CD 104 época 1), 81,3 (CD 104 época 2), 87,5 (CD 105 época 1), 82,5 (CD 105
época 2), 87,5 (Alcover época 2), 78,8 (Ônix época 2), 82,5 (Vanguarda época 1),
63,8 (Vanguarda época 2), 76,3 (Supera época 2) e 132,5 (CEP 24 época 1). Nota-
se que estas doses, com exceção para a cultivar de maior estatura (CEP 24), foram
COCOOH
OH
CH 3
H
CH 2
OH
G A20
COCOOH
OH
CH 3
H
CH 2
OH
HO
G A1
+ OH
GA 3B-hidroxilase
22
abaixo da recomendada, principalmente quando aplicadas em épocas mais tardias.
Entretanto, a segunda época é contra indicada por causar problemas de retenção de
espiga (ZAGONEL et al., 2007).
23
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DOS EXPERIMENTOS
Os experimentos foram conduzidos nas safras agrícolas de 2008 e
2009 na área experimental do Curso de Agronomia, pertencente à Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco, situada a 26° de latitude Sul
e 52° de longitude Oeste, apresentando uma altitude média de 700 metros acima do
nível do mar e encontrando-se na zona tritícola F (IAPAR, 2007).
A área utilizada foi cultivada com soja (verão) e trigo (inverno), nos
últimos três anos. O solo é classificado como Latossolo Vermelho distrófico, com
textura argilosa. A análise química do solo, nas duas safras agrícolas, foi
determinada na camada de 0 a 20 cm, apresentando os valores visualizados na
Tabela 01.
Tabela 01. Resultados de análise(1) química do solo antes da instalação do experimento para as safras agrícolas de 2008 e 2009. UTFPR, Pato Branco, PR. 2010. Cátions trocáveis Anos pH(CaCl2) H + Al* Al3+ Ca2+ Mg2+ K+ P M.O. V M -------------- cmol.dm-3 ------------ mg.dm-3 g.dm-3 ----- % ---- 2008 5,10 4,28 0,00 4,37 2,54 0,35 1,19 58,8 62,9 0,0 2009 5,10 5,76 0,00 4,76 2,65 0,33 2,84 60,31 57,3 0,0 *H + Al: Acidez potencial; Al3+: Alumínio; Ca2+: Cálcio; Mg2+: Magnésio; K+: Potássio; P: Fósforo (Melich); M.O.: Matéria orgânica; V: Saturação de bases; M: Saturação de Alumínio. (1) Efetuadas no Laboratório de Analises de Solos UTFPR / IAPAR.
3.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso,
com os tratamentos dispostos em esquema fatorial 2x2x3x4, em três repetições. Os
tratamentos constaram das combinações dos fatores: a) dois anos: safras agrícolas
de 2008 e 2009; b) duas doses de adubação nitrogenada: 60 e 120 kg ha-1 de N; c)
três cultivares: BRS Guamirim (ciclo precoce, baixa estatura e elevado potencial
produtivo), BRS 220 (ciclo médio, média estatura e elevado potencial produtivo) e
BRS 208 (ciclo médio, alta estatura e médio potencial produtivo) e d) quatro doses
24
do redutor do crescimento trinexapaque-etílico (0, 70, 140 e 210 g.i.a ha-1,
correspondentes a 0, 280, 560 e 840 mL ha-1 de Moddus, respectivamente).
3.3 INSTALAÇÃO E CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO
As parcelas foram compostas de seis linhas de trigo de 5,0 m de
comprimento, espaçadas em 0,17 m, sendo a área útil formada pelas quatro fileiras
centrais. A adubação de base, em ambos os anos, consistiu da aplicação de 24 kg
ha-1 de nitrogênio, 90 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O. A densidade de
semeadura foi de 350 sementes aptas por m2.
A semeadura foi realizada, em sistema de plantio direto, com auxílio de
uma semeadora própria para parcelas experimentais. As datas de semeadura foram
em 05 e 08 de julho de 2008 e 2009, respectivamente, respeitando o zoneamento
agrícola estabelecida pela recomendação de pesquisa (IAPAR, 2007). No
surgimento dos primeiros sintomas de patógenos, procedeu-se o controle de
doenças através da aplicação de fungicidas a base de triazol + estrobirulina,
evitando-se assim qualquer interferência sobre os tratamentos. O controle de pragas
e plantas daninhas foi executado de acordo com as recomendações de pesquisa
para a cultura.
A adubação nitrogenada (uréia) foi aplicada em cobertura no início do
perfilhamento para a dose de 60 kg ha-1 de N e parcelado em duas aplicações para
a dose de 120 kg ha-1 de N, com aplicações no início e final do perfilhamento.
O redutor de crescimento (trinexapaque-etílico) foi aplicado com
pulverizador costal com CO2 comprimido à pressão constante de 30 lb pol-2, com
bicos de jato plano “leque” XR 110-02, entre o primeiro e segundo nó visível (14 e 16
de setembro de 2008 e 2009, respectivamente), correspondente aos estádios 31 a
32 da escala de Zadoks et al. (1974). Aplicou-se o equivalente a 200 L ha-1 de calda.
3.4 CARACTERES AVALIADOS
Foram avaliados oito caracteres, segundo os procedimentos
apresentados por Scheeren (1984), sendo quatro aferidos a campo: número de
afilhos férteis (NAF, m linear); estatura de planta (EP, cm); comprimento da folha
25
bandeira (CFB, cm); índice de acamamento (IA); e quatro aferidos em laboratório:
número de grãos por espiga (NGE); massa de mil sementes (MMS, g); peso do
hectolitro (PH, kg hL-1) e rendimento de grãos (RG, kg ha-1).
3.5 ANÁLISES DOS DADOS
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância conjunta,
considerando os fatores genótipo (cultivares), doses de N e de redutor de
crescimento como fixos e o fator ano (safras agrícolas) como aleatório. Quando
significativas, as diferenças entre as médias de anos, doses de adubação
nitrogenada e cultivares foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade de erro. O efeito das doses de trinexapaque-etílico foram analisadas
por regressão polinomial.
O aplicativo computacional “R” (R DEVELOPMENT CORE TEAM,
2010) foi utilizado para realizar a análise de variância conjunta e com o aplicativo
Genes (CRUZ, 2001) procedeu-se a comparação de médias, sendo os gráficos
gerados com o aplicativo SigmaPlot versão 8.0.
26
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ANÁLISE DA VARIÂNCIA CONJUNTA
Devido não ter ocorrido acamamento nos tratamentos avaliados, o
índice de acamamento (IA) foi desconsiderado das análises.
De acordo com a tabela da análise da variância (Tabela 02), nenhum
caractere revelou interação quádrupla significativa (P<0,05). Quanto às interações
triplas, apenas os caracteres NGE (AxNxR) e RG (AxCxR e AxNxC) revelaram
significância. Para os demais caracteres, também podem ser visualizados efeitos
principais e interações duplas significativas. Ainda na tabela 02 se verifica que os
coeficientes de variação foram baixos, evidenciando confiabilidade quanto às
inferências (Tabela 02).
Freitas et al. (1994), avaliando a produtividade e a resposta de oito
genótipos de trigo a doses de N, em condições de irrigação por aspersão, em dois
locais, durantes cinco anos, observaram que em apenas um ano ocorreu interação
entre genótipo e doses de nitrogênio. Freitas et al. (1995), avaliando oito genótipos
de trigo e doses de N em condição de sequeiro, também verificaram a resposta
diferencial do RG de cultivares em relação as doses de N aplicadas. Zagonel &
Fernades (2007) verificaram que as características avaliadas como estatura de
plantas, números de grãos por área, massa de mil sementes e produtividade foram
afetadas pela dose de nitrogênio e pela dose e época de aplicação do trinexapac-
ethyl, com interação entre os fatores e resposta diferencial de acordo com a cultivar.
27
Tabela 02. Análise de variância com as respectivas fontes de variação, graus de liberdade (GL), médias e coeficientes de variação (C.V.), para as variáveis: massa de mil sementes (MMS), comprimento da folha bandeira (CFB), peso do hectolitro (PH), número de afilhos férteis (NAF), número de grãos por espiga (NGE), rendimento de grãos (RG) e estatura de planta (EP) em três genótipos de trigo (Triticum aestivum L.), em função de anos de avaliação, cultivares, doses de adubação nitrogenada e doses de redutor de crescimento. UTFPR, Pato Branco, PR. 2010.
Fonte de variação G.L. Quadrados médios
MMS CFB PH NAF NGE RG EP
(Bl/ano) 4 0.24 13.51 2.18 261.60 65.73 323030 45.10 Anos (A) 1 0.01 NS 504.75 ** 299.12 ** 738.00 ** 1572.98 ** 8349297 ** 2272.11 ** Cultivares (C) 2 9.37 NS 47.20 NS 284.14 NS 24871.90 ** 1130.86 ** 111152 NS 3159.71 ** Doses de Nitrogênio (N) 1 19.51 NS 4.55 NS 42.27 * 2652.30 NS 13.43 NS 2503642 ** 37.62 NS
Doses de Redutor (R) 3 28.10 ** 31.98 ** 109.57 ** 1142.50 ** 71.32 ** 1363699 NS 2840.38 ** A x C 2 28.21 NS 10.49 ** 17.11 NS 1020.00 NS 2.28 NS 310244 ** 1.48 NS
A x N 1 31.17 NS 0.93 NS 3.42 NS 93.40 ** 6.06 NS 63371 NS 33.64 * N x C 2 0.85 NS 3.82 NS 17.38 NS 54.80 NS 4.98 NS 595686 ** 8.28 NS
A x R 3 15.13 NS 1.91 NS 47.45 NS 570.30 ** 34.64 * 1163109 ** 735.75 ** C x R 6 6.73 NS 2.03 NS 39.37 ** 157.50 NS 51.23 ** 394969 ** 16.37 NS
N x R 3 4.16 NS 0.78 NS 2.25 NS 270.50 NS 7.07 NS 229752 NS 11.74 NS
A x N x C 2 1.31 NS 0.14 NS 3.31 NS 342.50 NS 3.40 NS 1174600 ** 13.18 NS
A x C x R 6 2.58 NS 0.59 NS 16.88 NS 106.10 NS 22.93 NS 460902 ** 4.41 NS
A x N x R 3 11.29 NS 0.65 NS 4.44 NS 199.10 NS 59.95 ** 66955 NS 7.31 NS
N x C x R 6 5.62 NS 0.92 NS 2.78 NS 223.50 NS 8.39 NS 121946 NS 4.58 NS
A x N x C x R 6 6.33 NS 0.70 NS 10.48 NS 82.90 NS 6.41 NS 86518 NS 2.32 NS
Resíduo 92 6.59 1.27 8.85 104.80 12.70 108082 12.12
Medias 32.85 17.13 72.63 107.58 38.71 3882.16 74.39
C.V. (%) 7.81 6.57 4.09 3.23 9.20 8.46 4.67 *; ** e NS: significativo ao nível de 5 e 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente, pelo teste F.
4.2 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS EM 2008 E 2009
Na safra agrícola de 2008, quando comparada à de 2009, verificou-se
menor precipitação, maior radiação solar e maior temperatura (Figura 02). Tais
diferenças entre anos justificam a significância do fator principal de anos para todos
os caracteres avaliados, com exceção da MMS, com como das interações deste
fator com os demais (Tabela 02).
No ano de 2008 a precipitação foi inferior e menos freqüente que 2009,
porém em níveis que atenderam a demanda hídrica da cultura, que é de 450 a 600
mm, dependendo do clima e duração do ciclo (DOORENBOS & KASSAM, 1979).
Em 2008, no total de cinco meses (155 dias), precipitou 752,5 mm, com média de
4,85 mm dia-1, porém com distribuição irregular. No ano de 2009 a precipitação
28
pluvial foi de 1038,8 mm, ficando com média de 6,70 mm dia-1. Esta, além de ser
maior que a observada em 2008, foi mais bem distribuída no decorrer do período de
desenvolvimento da cultura, com períodos de excesso de precipitação, observado
principalmente na fase de maturação fisiológica (Figura 02).
Frizzone & Olitta (1990) demonstraram que o trigo é sensível ao déficit
de água, com maiores reduções no rendimento de grãos quando este ocorre entre o
início do florescimento e a fase de grão leitoso. Quando essa necessidade não é
atendida, acontecem perdas de água nos tecidos, que segundo Denadai & Klar
(1993), produz efeitos diretos na redução do potencial químico ou atividade da água;
concentração de macromoléculas e de solutos de baixos pesos moleculares;
alterações nas relações espaciais em membranas e nas organelas através da
redução do volume; redução na pressão hidrostática dentro das células, além de
outros.
Em 2008 e 2009 a condição de radiação solar foi inverso aos
resultados de precipitação (Figura 02), o que já é o esperado, devido à maior
nebulosidade e dias encobertos observados no último ano de avaliação. Em 2008, a
média de radiação solar foi de 13,08 MJ m² dia-1, enquanto em 2009 foi de 9,36 MJ
m² dia-1, sendo este um dos fatores que mais limitam o crescimento e
desenvolvimento das plantas. Toda energia necessária para a realização da
fotossíntese, processo que transforma o CO2 atmosférico em energia metabólica é
proveniente da radiação solar (TAIZ & ZIEGER, 2004).
Quanto à temperatura, esta também apresentou diferenças
consideráveis entre os dois anos, entretanto, ficaram em patamares adequados e
não comprometeu o desenvolvimento da cultura, sendo que 2008 e 2009 ficaram
com médias de 18 e 15,6 °C dia-1. Segundo Seagri (1997) para a cultura de trigo as
temperaturas devem ser: para emergência em torno de 15ºC, até o perfilhamento
entre 08 e 18ºC, fim do perfilhamento ao espigamento entre 8ºC e 20ºC e do
espigamento à maturação em torno de 18ºC. Já para Scheeren & Cunha (2000),
para o afilhamento, temperaturas entre 15 e 20 ºC são excelentes, enquanto para o
desenvolvimento de folhas a temperatura ideal é de 20 a 25 ºC.
Baixa temperatura na fase inicial da lavoura, sem formação de geadas,
haverá prolongamento do período vegetativo e o trigo desenvolverá mais afilhos,
resultando também em sistema radicular mais abundante, possibilitando maior
exploração dos nutrientes do solo (SCHEEREN et al., 2000).
29
Também, para a obtenção de elevada massa de sementes, a
temperatura ótima, do período da antese até a maturação fisiológica, deve ser em
torno de 16ºC, sendo que a partir desta ocorre diminuição do rendimento de grão na
ordem de 3 a 4% a cada grau centígrado de aumento (WARDLAW & WRIGLEY,
1994). Esse fenômeno ocorre, principalmente, devido à redução na deposição de
amido (RANDALL & MOSS, 1990).
Figura 02 - Dados de Precipitação, radiação e temperatura do ano de 2008 e 2009, no intervalo de três em três dias. Fonte IAPAR-PB. UTFPR, Pato Branco, PR. 2010.
Índi
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Ano 2008Ano 2009
jul ago set out nov
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0
5
10
15
20
25
Ano 2008Ano 2009
Semeadura Emergência 1a aplicação de N
2a aplicação de N
Aplicação de Redutor Florescimento
Colheita
30
4.3 CARACTERES AGRONÔMICOS, COMPONENTES DA PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE
Na safra agrícola de 2009 observa-se que as três cultivares
apresentaram maior CFB em relação a 2008 (Tabela 03), provavelmente devido a
maior precipitação pluvial observada nesta safra agrícola (Figura 02). Nos dois anos
de avaliação a cultivar BRS Guamirim apresentou o maior CFB, entretanto, em
2008, não diferiu estatisticamente de BRS 208.
Tabela 03. Comprimento da folha bandeira de três cultivares de trigo (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim) em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco, PR. 2010.
Anos Comprimento da folha bandeira / CFB
BRS 208 BRS 220 BRS Guamirim 2008 16.12 bA* 14.33 bB 15.33 bA 2009 19.22 aB 17.65 aC 20.15 aA
*Letras minúsculas linhas e maiúsculas colunas, idênticas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Também, comparando ambas as safras agrícolas, o PH foi superior na
de 2009 (Tabela 04). Ainda na Tabela 04, apesar da diferença pouco expressiva,
observa-se que este caractere apresentou o melhor desempenho na menor dose de
adubação nitrogenada, isto provavelmente devido à relação compensatória negativa
entre o número de grãos e sua massa. Neste sentido, consta na Tabela 05 que, em
ambas as safras agrícolas, o numero de afilhos férteis foi superior na maior dose de
adubação nitrogenada (120 Kg ha-1). Zagonel et al. (2002) também observaram que
com o aumento da dose de nitrogênio ocorreu o aumento do número de espigas por
metro linear e redução do PH. Da mesma forma, Teixeira Filho (2008), verificou que
as doses de N influenciaram a massa de sementes e o PH de forma negativa e
atribuiu esta redução ao aumento no número de grãos, aumentando a competição
por nutrientes e fotoassimilados, como conseqüência, reduzindo a massa unitária
das sementes.
Caracteres correlacionados negativamente podem determinar que o
aumento de um se traduza em redução do outro caráter, principalmente em função
das modificações de fonte e dreno para potencializar o componente direto ou
indireto do rendimento durante sua formação (Silva et al., 2006), tal como observado
neste trabalho.
31
Tabela 04. Peso do hectolitro (PH) em duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1) em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
Doses de Nitrogênio Peso do hectolitro / PH 60 73.17 a*
120 72.08 b Ano Peso do hectolitro / PH 2008 71.19 b* 2009 74.07 a
*Letras minúsculas linhas, idênticas, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
O nitrogênio é importante para a emissão e sobrevivência dos afilhos,
bem como para que a taxa de desenvolvimento destes seja similar a do colmo
principal, o que é fundamental para que os afilhos possam contribuir incrementando
o rendimento de grãos (ALMEIDA & MUNDSTOCK, 1998). Também, Soares
Sobrinho (1999) verificou o aumento do número de espigas por m2 com o incremento
da adubação nitrogenada até a dose de 120 kg ha-1 de N, resultado este que
concorda com Teixeira Filho (2008), que observou que o máximo número de espigas
por m2 foi alcançado com a estimativa de 118 kg ha-1 de N.
Em ambas as doses de adubação nitrogenada, a EP na safra agrícola
de 2008 foi menor à observada em 2009 (Tabela 05), provavelmente devido à menor
precipitação pluvial observada em 2008 (Figura 02), que limitou o desenvolvimento
das plantas. Também, em 2008, a ausência de resposta significativa da estatura de
planta com o incremento da adubação nitrogenada, pode ser devida ao menor
aproveitamento no N aplicado, pois este processo é favorecido pela umidade (SILVA,
2006).
Tabela 05. Número de afilhos férteis (NAF) e estatura de planta (EP) na média de três cultivares de trigo, em duas safras agrícolas (2008 e 2009) e duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
Número de afilhos férteis / NAF Estatura de planta / cm Anos 60 Kg ha-1 120 Kg ha-1 60 Kg ha-1 120 Kg ha-1 2008 100.22* bB 110.26 aA 70.39 bA 70.44 bA 2009 106.36 aB 113.35 aA 77.37 aB 79.36 aA
*Letras minúsculas linhas e maiúsculas colunas, idênticas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Pode ser observado na Tabela 06 que o BRS Guamirim se diferenciou
das demais cultivares, tendo maior NAF por metro linear (133.26), sendo que BRS
32
208 e BRS 220 não diferiram entre si. Tal cultivar também apresentou a menor EP,
sendo BRS 208 a de maior EP e BRS 220 ficando em uma classificação
intermediária.
Tabela 06. Número de afilhos férteis (NAF) e estatura de planta (EP) de três cultivares (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
Cultivares Número de afilhos férteis Estatura de planta / cm BRS 208 95.12 b 81.54 a BRS 220 93.23 b 75.21 b
BRS Guamirim 133.26 a 65.28 c *Letras minúsculas linhas, idênticas, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Observa-se na Tabela 07 que, em ambas as safras agrícolas e para
todas as cultivares, não houve diferença significativa quanto ao RG com o
incremento da dose de adubação nitrogenada, apesar do melhor desempenho deste
caractere na maior dose (120 kg ha-1). Penckowski et al. (2009), testaram doses
desde 90 até 225 kg ha-1 de N e concluíram que a menor dose foi suficiente para
garantir a exteriorização da produtividade máxima da cultura. Zagonel e Fernandes
(2007) também não obtiveram resposta em produtividade da cultivar Ônix para as
diferentes doses de N (50 e 240 kg.ha-1), atribuindo esse resultado ao suprimento
adequado da planta fornecido pela menor dose de N, aliado ao alto teor de matéria
orgânica do solo.
Da mesma forma, em ambas as safras agrícolas, as cultivares
avaliadas não diferiram entre si quanto ao RG na dose de 120 kg ha-1 de N,
entretanto, na dose de 60 kg ha-1 de N, a cultivar BRS 220 diferiu das demais,
apresentado os menores RG em 2008 (3278.50 kg ha-1) e 2009 (3895.46 kg ha-1).
Na dose 60 kg ha-1 os maiores rendimentos foram obtidos para os cultivares BRS
208 (3791.62 kg ha-1) em 2008 e BRS Guamirim (4173.64 kg ha-1) em 2009,
indicando efeito de ano e a variabilidade das cultivares quanto a resposta ao N
aplicado. Estas respostas foram devido as diferenças de potencial genético das
cultivares, suas exigências nutricionais e a interação com as condições climáticas de
ambas as safras agrícolas. A variabilidade de resposta do RG de cultivares quanto
as doses de N aplicadas e o efeito de anos também foram observadas por Felício et
al. (2001) eTeixeira Filho et al. (2008).
33
Tabela 07. Rendimento de grãos (RG) de três cultivares de trigo (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim) em duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1) em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
Doses de Nitrogênio Rendimento de grãos / kg ha-1 (2008)
BRS 208 BRS 220 BRS Guamirim 60 3791.62 aA* 3278.50 aB 3395.65 aA
120 3521.44 aA 4057.73 aA 3803.61 aA
Doses de Nitrogênio Rendimento de grãos / kg ha-1 (2009)
BRS 208 BRS 220 BRS Guamirim 60 3967.25 aA 3895.46 aB 4173.64 aA
120 4311.43 aA 4081.06 aA 4309.09 aA *Letras minúsculas nas linhas e maiúsculas colunas, idênticas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Na Figura 03, fica evidente a redução da EP com o aumento das doses
de trinexapaque-etílico, na média das três cultivares avaliadas e doses de adubação
nitrogenada, entretanto, tal redução foi maior na safra agrícola de 2008.
Comparando-se o controle (dose zero de redutor) com a dose na dose 210 g.i.a ha-1,
observou-se redução de 33 e 09 cm na estatura de planta em 2008 e 2009,
respectivamente. Importante ressaltar que todas as curvas de respostas geradas
individualmente para cada cultivar se mostraram altamente significativas e com r2
altos, ou seja, acima de 0.80, o que nos permite inferir um bom ajuste da reta.
Testando doses de adubação nitrogenada e de redutor de crescimento
na cultura do trigo, Espindola (2007) verificou que a estatura de plantas aumentou
linearmente com o incremente da dose de nitrogênio e decresceu linearmente com o
aumento da dose de trinexapaque-etílico, o que também está de acordo com o
trabalho de Surdi & Ferreira (2007). Outros estudos também observaram a
efetividade do trinexapaque-etílico em reduzir a estatura de plantas de trigo
(ZAGONEL, 2003; ZAGONEL ET AL., 2005; ZAGONEL & KUNZ, 2005;
PENCKOWSKI, 2006; MATYSIAK, 2006), concordando com o presente trabalho.
Ainda na Figura 03, observa-se que na média de anos, doses de
adubação nitrogenada e cultivares, o incremento dose de trinexapaque-etílico
promoveu redução linear da MMS e do CFB. Comparando-se a testemunha à dose
210 g.i.a ha-1 de trinexapaque-etílico, constata-se que a aplicação de redutor de
crescimento reduziu o MMS em até dois gramas e o CFB em mais dois centímetros.
Também, na média de anos e doses de adubação nitrogenada, as cultivares BRS
208 e BRS 220 tiveram o NGE reduzidos com o aumento da dose de redutor, sendo
34
a resposta do BRS Guamirim não significativa. Da mesma forma, o PH apresentou
redução linear em relação ao aumento da dose de redutor de crescimento, com
resposta não significativa apenas para a cultivar BRS Guamirim.
O trinexapaque-etílico, segundo Zagonel et al. (2002) possibilita a
formação de plantas mais compactas, com melhor direcionamento dos
fotoassimilados para a produção de grãos, uma vez que o número de espigas por
metro quadrado e de espiguetas por espiga aumentam e determinam maior
produtividade. Isto confirma os resultados deste trabalho, onde se observa que, em
ambos os anos, ocorreu um incremento no NAF com o aumento da dose de redutor
de crescimento (Figura 03), entretanto, com resposta quadrática para o ano de 2009,
onde o maior valor de número de afilhos férteis (113) foi obtido na dose de 121 g.i.a
ha-1 de trinexapaque-etílico. Tais resultados discordam de Zagonel & Fernandes
(2007), que não observaram efeito do trinexapaque-etílico sobre o número de
espigas por metro quadrado em três cultivares de trigo. Porém, Zagonel et al. (2002)
verificaram que a aplicação de trinexapaque-etílico promoveu efeito positivo no
número de afilhos por planta e número de espigas por metro linear. Tais autores
argumentam que esta variabilidade de resultados, provavelmente, se deve as
interações entre as variações edafoclimáticas de cada ambiente com o cultivar
35
utilizada.
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Mas
sa d
e m
il se
men
tes
(g)
31.5
32.0
32.5
33.0
33.5
34.0
y= 33.87 - 0.009x r2= 0.97**
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Com
prim
ento
da
folh
a ba
ndei
ra (c
m)
15.5
16.0
16.5
17.0
17.5
18.0
18.5
19.0
y= 18.17 - 0.009x r2= 0.85*
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Núm
ero
de g
rãos
por
esp
iga
30
32
34
36
38
40
42
44
46
48
50
BRS 208BRS 220BRS Guamirim
y= 43.94 - 0.03x r2= 0.91**y= 44.50 - 0.02x r2= 0.58**
y= 33.17NS
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Núm
ero
de a
filho
s fé
rteis
por
met
ro li
near
90
95
100
105
110
115
120
20082009
y= 95.19 + 0.09x r2= 0.90**y= 105.71 + 0.12x - 0.0005x2 r2= 0.15*
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Pes
o do
hec
tolit
ro
64
66
68
70
72
74
76
78
BRS 208BRS 220BRS Guamirim
y= 74.08 - 0.03x r2= 0.91**y= 75.29 - 0.02x r2= 0.55**
y= 74.74NS
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Esta
tura
de
plan
ta (c
m)
50
55
60
65
70
75
80
85
90
20082009
y= 85.76 - 0.14x r2= 0.95**y= 83.43 - 0.04x r2= 0.98**
Figura 03 - Regressão para massa de mil sementes (MMS) e comprimento de folha bandeira (CFB)., número de grãos por espiga (NGE), peso do hectolitro (PH), número de afilhos férteis (NAF) e estatura de planta (EP) de três cultivares de trigo (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim), em duas doses de adubação nitrogenada (60 e 120 Kg ha-1) e quatro doses de redutor de crescimento (0, 70, 140 e 210 g.i.a. ha-1), em duas safras agrícolas (2008 e 2009). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
36
Ainda quanto o NGE, verifica-se que no ano de 2008 a dose de 60 kg
ha-1 de N apresentou ponto de máxima eficiência técnica 50 g.i.a ha-1 de
trinexapaque-etílico, produzindo em torno de 42 NGE. Por sua vez, a dose de 120 kg
ha-1 de N apresentou comportamento linear decrescente, o que pode ser explicado
pelo incremento do NFA com a elevação das doses de redutor (Figura 03) e também
pela maior expressão deste caractere na maior dose de adubação nitrogenada
(Tabela 5), onde a competição por fotoassimilados determinou que a maior
expressão de um caractere (NAF) resultasse em menor desempenho do outro
(NGE). Na safra agrícola de 2009, ambas as doses de adubação nitrogenada
apresentaram efeito não significativo sobre o NGE.
2009
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
30
35
40
45
50
60 Kg ha-1
120 Kg ha-1 y= 41.91NSy= 42.11NS
2008
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1
)0 70 140 210
Núm
ero
de g
rãos
por
esp
iga
30
35
40
45
50
60 Kg ha-1
120 Kg ha-1
y= 37.89 + 0.17x - 0.002x2 + 0.0000058x3 r2= 0.99**y= 37.10 - 0.02x r2= 0.67**
Figura 04 - Regressão do número de grãos por espiga (NGE) em duas safras agrícolas (2008 e 2009), duas doses de nitrogênio (60 e 120 kg ha-1) e quatro doses de redutor de crescimento (0, 70, 140 e 210 g.i.a.ha-1). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
Na safra agrícola de 2008, o melhor desempenho quanto ao RG foi
observado para a cultivar BRS Guamirim que, na dose zero de redutor de
crescimento, produziu 4.263 kg ha-1, reduzindo a produtividade com o aumento da
dose do produto até 140 g.i.a ha-1 (Figura 05). Por outro lado, as cultivares BRS 208
e BRS 220 obtiveram seus melhores desempenhos quanto ao RG nas doses de 54
e 77 g.i.a ha-1, com produtividades de 4.103 e 3.999,05 kg ha-1, respectivamente
(Figura 02). Entretanto, a partir destas doses, ambos as cultivares apresentaram
intensa redução no RG. Na safra agrícola de 2009, para as três cultivares, não
houve respostas significativas em produtividade em relação às doses de redutor de
crescimento (Figura 05), entretanto, o RG das cultivares avaliadas foi igual ou
37
superior aos observados na safra agrícola de 2008. O melhor desempenho do RG
das cultivares BRS 208 e BRS 220 na safra de 2008, nas subdoses destacadas, foi
ocasionada pelo incremento do NAF (Figura 03).
Segundo Zagonel (2003) e Berti et al. (2007), a recomendação do
redutor de crescimento deve ser específica em relação às cultivares, pois estas
podem responder de maneira diferencial em relação à dose do produto. Mesmo em
cultivares de porte baixo e sem a ocorrência de acamamento, observaram que o
trinexapaque-etílico promoveu aumento da produtividade devido ao aumento no
número de grãos m-2. Isto sugere a possibilidade do uso de redutor em doses
menores do que a recomendada, visando o aumento da produtividade.
2009
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
BRS 208BRS 220BRS Guamirim
2008
Doses de redutor de crescimento (g.i.a.ha-1)0 70 140 210
Ren
dim
ento
de
grão
s (K
g ha
-1)
2800
3000
3200
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
BRS 208BRS 220BRS Guamirim
y= 3951.52 + 5.58x - 0.05x2 r2=0.98**y= 3702.51 + 7.57x - 0.04x2 r2= 0.26**
y= 4234.18 - 13.50x + 0.04x2 r2= 0.88**
Figura 05 - Regressão rendimento de grãos em dois anos de avaliação (2008 e 2009) para três cultivares de trigo (BRS 208, BRS 220 e BRS Guamirim) em quatro doses de redutor de crescimento (0, 70, 140 e 210 g.i.a. ha-1). UTFPR, Pato Branco – PR. 2010.
Apesar da resposta das cultivares BRS 208 e BRS 220 as subdoses de
trinexapaque-etílico, na safra agrícola de 2008, se recomenda cautela quanto a sua
utilização. A informação consolidada pela pesquisa indica que a aplicação de
redutores está restrita às cultivares de porte alto, com tendência ao acamamento,
em solos de fertilidade elevada, não sendo indicada a aplicação no caso de
ocorrência de deficiência hídrica na fase inicial do desenvolvimento da cultura
(RODRIGUES et al., 2003).
38
5 CONCLUSÕES
Ao observar os resultados obtidos no trabalho apresentado, conclui-se:
1. A dose de adubação nitrogenada em trigo deve ser compatível a
responsividade e potencial produtivo da cultivar utilizada.
3. A aplicação do trinexapaque-etílico reduziu a estatura das plantas de
trigo, em ambas às safras agrícolas, entretanto, com redução mais acentuada na
condição de menor disponibilidade hídrica.
5. A resposta do rendimento de grãos ao trinexapaque-etílico foi
dependente do ano de avaliação e da cultivar utilizada, sendo que a decisão quanto
a sua utilização deve ser analisada com cautela.
39
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