Advento - Vem Senhor!.pdf

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O Senhor Jesus virá ... Maranathá! Encontro de Crisma em 13 de Dezembro de 2014. Resumo de trabalho dos Catequistas. O Senhor Jesus virá desde que saibamos esperá-lo ardentemente. Há de ser um acúmulo de desejos que fará apressar o seu retorno. 1 Penha CARPENEDO & Marcelo GUIMARÃES. Ofício da Novena do Natal. Ed. Paulinas e Apostolado Litúrgico, São Paulo, 2002. (Pierre Teilhard de Chardin, 1881- 1955) 1. VISÃO GERAL 1 Toda celebração cristã tem uma dimensão de espera do Reino. A cada dia suplicamos na oração do Senhor, o Pai Nosso, “Venha o teu Reino”. Entretanto, o Advento nos é dado como um tempo mais intenso para proclamarmos a vinda do Reino de Deus em nosso mundo e para nos prepararmos para a sua vinda. Cremos que o Senhor vem, independente de nossa conver-

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  • O Senhor Jesus vir... Maranath! Encontro de Crisma em 13 de Dezembro de 2014. Resumo de trabalho dos Catequistas.

    O Senhor Jesus vir

    desde que saibamos

    esper-lo

    ardentemente. H de

    ser um acmulo de

    desejos que far

    apressar o seu

    retorno.

    1 Penha CARPENEDO & Marcelo GUIMARES. Ofcio da Novena do Natal. Ed. Paulinas e Apostolado Litrgico, So Paulo, 2002.

    (Pierre Teilhard de Chardin, 1881-

    1955)

    1. VISO GERAL1

    Toda celebrao crist

    tem uma dimenso de espera do

    Reino. A cada dia suplicamos

    na orao do Senhor, o Pai

    Nosso, Venha o teu Reino.

    Entretanto, o Advento

    nos dado como um tempo mais

    intenso para proclamarmos a

    vinda do Reino de Deus em

    nosso mundo e para nos

    prepararmos para a sua vinda.

    Cremos que o Senhor vem,

    independente de nossa conver-

  • -so. E justamente porque ele vem to certo como a aurora, apressamo-

    nos em preparar a sua chegada, abrindo os nossos braos e indo ao seu

    encontro com toda a ternura do nosso corao, como a noiva ao encontro

    do seu amado.

    Nas duas primeiras semanas do Advento, nossa ateno se volta

    para a vinda gloriosa do Senhor, no fim dos tempos. A partir do dia

    15 de dezembro, preparamos mais especialmente o Natal, quando

    celebramos a vinda do Senhor em meio nossa humanidade, no mistrio

    de seu nascimento e de sua manifestao a todos os povos.

    O Advento estabelece em ns um ritmo de espera, marcado pela

    escuta da Palavra e pela alegria, pelo anseio de paz e pela comunho

    com todos os que esperam a manifestao de Deus, pela sintonia com o

    Universo, em dores de parto, espera da Redeno. Gememos em nosso

    ntimo, esperando a libertao de nosso corpo (cf. Rm 8,22-23),

    movidos pelo sentimento que levava as antigas comunidades a invocarem:

    Maranath!. Vem, Senhor Jesus! (cf. Ap 22,20).

    Embora o Advento insista em nossa converso, no tem aquele

    acentuado carter penitencial da Quaresma. A converso consiste em

    prepararmos, alegres e ligeiros, cheios de esperana, o caminho do

    Senhor que vem.

    Para tanto, o Diretrio Litrgico (DL) indica a cor roxa, o

    silncio dos instrumentos musicais quando no acompanham o canto, a

    supresso do Glria, a ausncia de flores. No 3 domingo do Advento

    usa-se tradicionalmente o cor-de-rosa no lugar do roxo, porque

    antigamente era um momento de pausa no jejum que se fazia

    rigorosamente em preparao festa do Natal. Entende-se a cor rosa

    como um misto do roxo penitencial com o branco de jbilo.

    importante que o Advento tenha um tom mais discreto, mais

    recolhido, para que a alegria seja maior na festa do Natal.

    2. ADVENTO DENTRO DO ANO LITRGICO2

    2.1. Ano sem comeo e sem fim

    Por questes didticas e prticas, acostumamos dizer que o Ano

    Litrgico comea no 1 Domingo do Advento, assim como o ano civil

    comea em 1 de janeiro. Mas na verdade, o Ano Litrgico no tem

    comeo nem fim. Todo ano comemoram-se duas grandes festas: Pscoa e

    Natal.

    A Pscoa mais importante que o Natal. a maior festa crist,

    porque celebra a ressurreio de Jesus. Ambas as festas so precedidas

    por um tempo de preparao (Quaresma e Advento, respectivamente) e

    se prolongam em outros domingos e festas (p. ex. Tempo Pascal e

    Pentecostes; Tempo do Natal e Epifania).

    Entre esses dois tempos, Pscoa e Natal, h 34/33 domingos e

    semanas do Tempo Comum. s vezes, substitudos por alguma festa

    importante: S. Joo, S. Pedro e S. Paulo, Assuno de Maria, Festa

    de Todos os Santos, Finados, etc.

    Se olharmos especificamente para o Tempo do Advento, e seu

    sentido para a vida crist, ele tanto fim quanto comeo. Nas

    primeiras semanas, aponta mais para o fim dos tempos, mas,

    principalmente a partir do dia 17 de dezembro, passa a apontar para

    o comeo: o nascimento de Jesus.

    2 Ione BUYST. Preparando Advento e Natal. Editora Paulinas, 2 edio, So Paulo: 2004.

  • 2.2. Deus caminha conosco

    A celebrao do Ano Litrgico uma maneira de lembrarmos que

    Deus caminha com a gente. Que Ele se faz presente de maneira dinmica.

    Lembrando dessa presena constante, somos motivados ao compromisso

    com Ele. Celebrar a Pscoa de Jesus, fazemos hoje, nele, a nossa

    Pscoa. Celebrando o Natal de Jesus, fazemos hoje, nele, o nosso

    Natal. Celebrando o Advento e a Epifania de Jesus, ele se manifesta

    a ns e nos faz caminhar mais depressa em direo ao Reino. Por isso,

    o Ano Litrgico goza de fora sacramental e especial eficcia para alimentar a vida crist (Papa Paulo VI).

    2.3. O Advento tem uma histria

    O tempo do Advento no existe desde sempre no Ano Litrgico.

    Ento, onde comeou? Vrios livros antigos nos informam que entre os

    scs. IV e VII, em vrios lugares do mundo, havia uma preparao para

    a festa de Natal. Primeiro na Glia (atual Frana) e na Espanha, como

    tempo de jejum, ligado ao batismo na festa da Epifania. Mais tarde

    tambm em Roma, agora, mais relacionado com o Natal.

    A partir do sc. VI, acrescentado, principalmente na Itlia,

    o aspecto escatolgico do Advento: a preparao para a segunda vinda

    de Cristo no fim dos tempos.

    Ao longo dos tempos, foi se configurando na maneira que hoje a

    Igreja celebra. Atualmente, na prtica, o Ano Litrgico inicia-se com

    o Advento. Quando comea o Advento? Comea com a orao da tarde na

    vspera do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que

    lhe fica mais prximo, terminando antes da orao da tarde na vspera

    do Natal do Senhor (Introduo Geral do Missal Romano IGMR).

    Portanto, so quatro os Domingos do Advento. Os dias da semana

    so chamados frias do Advento. At o dia 16 de dezembro, h oraes

    CICLO DO NATAL Advento, Natal

    Epifania, Tempo

    do Natal.

    CICLO DA

    PSCOA

    Quaresma, Trduo Pascal,

    Tempo Pascal

    TEMPO COMUM

    33 ou 34 domingos e

    semanas

    Figura 1 - Ano Litrgico

  • e cantos prprios para a missa de cada dia, os mesmos repetidos a

    cada semana. A partir do dia 17, cada dia tem sua missa prpria.

    3. O REI VEM PARA TOMAR POSSE E ASSUMIR O GOVERNO

    3.1. O que o Advento?

    O que significa a palavra advento? a traduo do latim

    adventus. Antes de ser usada pelo cristianismo significava:

    a) Acreditava-se que a divindade vinha ao seu templo uma vez por ano, num dia fixo, trazendo salvao para seus fiis.

    Este dia foi chamado de adventus, o dia da vinda.

    b) A primeira visita oficial de uma pessoa importante, para tomar posse, assumir governo, etc, era chamado de adventus

    ou, em grego, parousa, parusia, ou epiphneia, epifania

    (manifestao).

    E como devemos entender o Advento num sentido cristo?

    O AT fala inmeras vezes das visitas ou vindas de Deus a seu

    povo para realizar suas promessas (cf. Gn 50,24s; Jr 29,10; Zc

    10,3...) ou para castigar a infidelidade do povo e, assim, ainda

    assegurar a sua salvao (cf. Am 3,2; Os 4,9; Is 10,3 ...). Este dia

    da visita tambm chamado de Dia do Senhor. Principalmente aps o

    exlio, aguardava-se uma visita espetacular, uma interveno

    definitiva do Senhor para salvar seu povo e submeter todas as naes,

    no fim dos tempos, estabelecendo assim o Reino definitivo de Deus

    (cf. Sb 3,7; Eclo 2,14 ...).

    Jesus veio. O NT diz que Deus realizou esta visita na pessoa de

    Jesus de Nazar. Quando o velho Simeo v o menino Jesus sendo

    apresentado no templo, diz: Meus olhos j viram a salvao, que

    preparaste diante de todos os povos (Lc 2,30-31).Os discpulos de

    Jesus tinham certeza que ele veio estabelecer o Reino definitivo.

    Assustaram-se com sua morte: Ns espervamos que ele fosse redimir

    Israel, [mas] nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram

    para ser condenado morte (Lc 24,20-21).

    Depois comeam a entender que a morte na cruz fazia parte dos

    planos de Deus para estabelecer seu Reino e entrar em sua glria. O

    NT fala-nos da Vinda Gloriosa pela Ressurreio.

    Portanto, o Reino j comeou. Com a Ressurreio, que o seu

    Advento, Cristo assumiu o poder, iniciou o Reino de seu Pai que

    significa a vitria de Deus sobre todo o mal, a realizao de suas

    promessas. Os primeiros cristos esperavam que essa vitria se

    realizasse logo, a qualquer momento. Mas como tempo foram percebendo

    que havia um tempo bem maior entre a Ressurreio e a realizao

    total do Reino do Pai, um tempo maior entre a Ressurreio e a Parusia,

    a vinda de Jesus na glria de seu Reino. O reino j existe em ns

    como uma realidade dinmica. Dever ir crescendo at atingir seu

    objetivo final (Ione Buyst).

  • 3.2. Os Profetas do Reino

    Destacam-se na liturgia do Advento dois profetas: Isaas e Joo

    Batista.

    O PROFETA ISAAS

    Os trs livros de Isaas, escritos em pocas diferentes, esto

    muito presentes no lecionrio dominical do Advento.

    O Primeiro Isaas (caps. 1-39), chamado tambm de Proto-Isaas

    em grande parte atribudo ao profeta. Ele viveu durante o reinado

    de Ozias, Joato, Acaz e Ezequiel (por volta de 740-700 a.C.). o

    profeta participou criticamente da vida sociopoltica de seu pas,

    que vivia num momento de crise. Ele insiste no direito e na justia,

    na defesa do pobre, da viva e do rfo. Sugeria que o povo no

    deveria se envolver nas brigas entre a Sria e Assria. Isaas via a

    histria com otimismo. Interpretou o tempo como na mo de Deus. As

    derrotas polticas so interpretadas como castigo de Deus.

    Segundo Isaas (caps. 40-55), Dutero-Isaas, Livro da

    Consolao, foi escrito bem mais tarde, no tempo do exlio na

    Babilnia, por volta de 550 a.C. Dele lemos somente Is 40, 1-5.9-11:

    o profeta anuncia a volta do exlio a seu pas e a descreve como se

    fosse um novo xodo.

    Terceiro Isaas (caps. 56-66), chamado de Trito-Isaas, foi

    escrito por vrios discpulos, em vrias pocas. Dele lemos nos

    domingos do Advento:

    Is 61,1-2a.10-11: o Messias ungido pelo Esprito de Deus para

    pr fim aos sofrimentos dos pobres e acabar com a misria e a

    escravido. Qual a reao dos pobres a essa mensagem?

    Is 63,16b-17.19;64,1c-7: o profeta faz uma comovente orao a Deus.

    Como o profeta ora? O que ele pede?

    O PROFETA JOO BATISTA

    Tambm ocupa um espao grande dentro da liturgia do Advento,

    principalmente no 2 e 3 domingos. Ele a voz que grita no deserto.

    Anuncia a vinda do Messias e prepara o caminho, pregando ao povo a

    converso. No uma converso interior apenas. Sobretudo, uma

    converso real que envolva toda a pessoa humana, principalmente,

    voltando-se para os mais necessitados.

    Joo Batista prtico: Quem tiver duas tnicas d uma a quem

    no tem; e quem tiver comida faa o mesmo! . (Lc 3,11). J incio

    da prtica da partilha que caracterstica do Reino de Deus.

    Colocar os profetas dentro do Advento, enquanto esperamos a

    Vinda do Nosso Senhor sinaliza-nos a nossa vocao de Profetas. De

    fato, o profetismo dever ser o sinal do cristo. Assim como Isaas

    e Joo Batista, devemos viver atentos aos acontecimentos; participar

    ativamente da vida social e poltica e perceber em nossa vida

    (individual e comunitria) os apelos de Deus. Portanto, viver o

    Advento ficar atento aos sinais do Reino entre ns: a denncia das

    injustias; a luta por melhores condies de vida; os gestos de

    partilha; a construo de comunidades; o respeito natureza; a defesa

  • aos necessitados... No basta ficar somente atentos, importante

    trabalhar!

    3.3. O Advento de um mundo renovado

    O Cristo um marginal. No centro do mundo, nas suas

    profundas relaes com o mundo, deve-se entender como um marginal

    no sentido de tornar-se um protesto vivo contra a mundanizao do

    Cristianismo, contra a reduo da graa a mercadorias baratas

    (Dietrich Bonhoeffer. Sequela.). O Advento do Reino de Deus traz em

    si uma proposta radicalmente nova de relacionamento entre as pessoas

    e os grupos humanos; traz em si uma crtica a muitos projetos e

    maneiras de se organizar a sociedade e a vida individual. Vivemos

    numa sociedade que s visa ao lucro, ao poder, dominao de alguns

    poucos sobre todos os outros. O ser humano reduzido mercadoria.

    (...) Viver o Advento significa, portanto, rever os nossos projetos,

    avali-los luz da mensagem do Advento do Senhor; rever o rumo que

    estamos tomando em nossa vida pessoal, social e comunitria (Ione

    Buyst).

    O Senhor vem para assumir o governo do mundo e de nossas vidas.

    Vem realizando a salvao, a cada dia, a cada momento da histria,

    at que um dia o Reino esteja plenamente estabelecido.

    4. A EXPERINCIA DE UMA GRAVIDEZ

    4.1. Maria, um grande modelo para viver o Advento

    Mais acima falvamos das figuras dos profetas Isaas e Joo

    Batista como centrais e modelos de f dentro do tempo do Advento. No

    entanto, no poderamos esquecer de Maria. Como me de Jesus no

    podemos esquecer da participao dela, Deus no teria realizado o seu

    plano de se fazer um de ns sem a participao dela. Poderia ter sido

    de outra maneira? Por que no? No entanto, Deus escolheu realizar seu

    plano contanto com a participao de Maria.

    O sim de Maria foi sua deciso pessoal para a contribuio

    com o Reino de Deus. Um sim que modificou radicalmente sua vida,

    seus planos e projetos pessoais, sua vida inteira. Maria coloca-se

    inteiramente obediente ao projeto do Pai: Eis aqui a serva do Senhor;

    realiza-se em mim a Palavra de do Senhor! (Lc1,38 Aclamao ao

    Evangelho, 4 domingo, anos B e C).

    Hoje, somos convidado no tempo do Advento ao posicionamento.

    Tomar a mesma deciso. Estamos falando de dois projetos bem distintos.

    Duas bandeiras que devemos escolher, e qual iremos levantar? Aceitar

    ou no viver em funo do Filho que vem modificar nossos planos,

    nossa maneira de pensar e de viver. Esse o projeto. A resposta

    sua.

    Maria, neste tempo do Advento, apresentada como o prottipo,

    o original, o modelo da Igreja-comunidade. Hoje, o Corpo de Cristo

    est sendo formado, nutrido, est crescendo, pelo trabalho da

    evangelizao, pela orao, pela escuta da Palavra de Deus, pela

    organizao do povo por mais vida e mais unio, pelo dilogo entre

    as culturas e as religies, pela ateno ecologia e nossa relao

    com a terra e o cosmo

    O Esprito que fecundou o ventre de Maria fecunda a Igreja-

    comunidade e faz nascer novos filhos de Deus: A todos aqueles que

  • receberam a Palavra e que acreditaram em seu nome, deu o poder de

    se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12 Evangelho da Missa do dia de

    Natal).

    4.2. Advento, tempo de devoo a Maria

    A devoo mariana tem espao em toda a vida da Igreja, ao longo

    de todo ano. Contudo, o tempo litrgico mais prprio para venerao

    de Maria o Advento, atravs da encarnao em Maria, contemplar o

    Mistrio da Salvao de todo o Mundo.

    O papa Paulo VI j afirmava o Advento como tempo propcio para

    a devoo a Maria (Marialis Cultus): o Advento deve ser considerado

    como um tempo particularmente adequado para o culto da Me do Senhor.

    Enquanto os ms de maio um tempo de devoo sem nenhuma relao com

    o Ano Litrgico, o Advento, principalmente a partir do dia 17 de

    dezembro, insere Maria na vivncia e celebrao do mistrio pascal,

    tornando a devoo mais rica e dando maior relevo a dimenso

    cristocntrico da devoo mariana. As devoes de maio possuem sua

    origem na Idade Mdia na tentativa de cristianizar celebraes pags

    em Roma e pases germnicos.

    importante ressaltar a presena de Maria e seu modelo a partir

    das narrativas bblicas propostas para o tempo do Advento. E temos

    nesse tempo duas festas importantes: a Imaculada Conceio (dia 8 de

    dezembro) vivenciada com grande amor e fervor entre ns do Vicariato

    Recife Norte 2; e a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira

    principal da Amrica Latina; por fim, temos as novenas de Natal, onde

    cantamos com grande alegria com Maria: Minhalma engradece a Deus,

    meu Senhor(Ione Buyst).

    Outra imagem bblica que se desdobra da relao de aceitao da

    vontade de Deus em Maria a da terra que se abre ao amor. O Filho

    de Deus vem do alto. No como inacessvel. Ele vem do alto, como

    dom do Pai, mas precisa da aceitao das pessoas. Maria sinaliza uma

    unio entre Deus e a humanidade para a realizao da salvao... a

    terra que recebe a chuva que faz a semente crescer; a terra que

    fecundada pelo orvalho.

    Na Igreja Oriental cultuado um cone especial de Maria no

    tempo do Advento: o cone da Me do Sinal. Nele Maria est com as

    mos estendidas em atitude orante. No peito carrega o Filho, o

    Emanuel, numa aurola. O cone se inspirou em Is 7,14: O senhor

    mesmo lhe dar um sinal: eis que a virgem ficar grvida e dar luz

    um filho e lhe dar o nome de Emanuel. A virgem de Guadalupe

    apresentada como uma mulher grvida. Tambm Nossa Senhora da Conceio

    apresenta Maria grvida, voc j percebeu isso?

  • Figura 2 - Theotokos, Me de Deus do Sinal, "portadora de Deus". Neste cone venerado de maneira especial no tempo do Advento, Maria apresentada com as mos estendidas (smbolo da postura orante). No peito carrega o Filho numa aurola.

    5. COMO CELEBRAR O ADVENTO

    Queremos destacar os sinais sensveis3 porque nossa liturgia se faz com palavras, mas tambm com gestos, aes, sinais e

    smbolos...

    5.1. Atitudes prticas para a melhor vivncia litrgica do Advento

    I. CELEBRADO COM SOBRIEDADE 1 (DIFERENTE DO CLIMA QUARESMAL). A sobriedade entendida como um clima de

    alegria discreta, quase contida. Por isso, no se canta

    o Glria... (a no ser nas solenidades, festas e alguma

    celebrao especial). O Gloria... fica reservado para a

    noite de Natal. No entanto, o Aleluia continua sendo

    cantado (diferente da Quaresma!)

    II. SOBRIEDADE 2. FLORES, DECORAES E INTRUMENTOS. Pelo mesmo motivo da conteno da alegria... Vamos explodir

    no Natal... tempo de reviso de projeto de vida e

    3 Constituio Conciliar SACROSANCTUM CONCILIUM sobre a Sagrada Liturgia, n 7: Com razo se considera a Liturgia como o exerccio da funo sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensveis significam e, cada um sua maneira, realizam a santificao dos homens; nela, o Corpo Mstico de Jesus Cristo -

    cabea e membros - presta a Deus o culto pblico integral (Grifo nosso).

  • reforo de nossa adeso ao projeto de vida de Jesus.

    Ento, pede-se uso moderado de decorao e adornos e

    instrumentos suaves para no antecipar a plena alegria

    do Natal.

    III. COROA DO ADVENTO. Acompanhando os domingos, vem simbolizar com sua luz crescente a proximidade do Natal

    quando a luz de Cristo, a luz da salvao, h de brilhar

    para toda a humanidade...O crculo simboliza a

    eternidade.

    IV. ACLAMAO CARACTERSTICA: Vem, Senhor Jesus! Maranatha!

    V. COR ROXA, ROXA, ROSA, ROXA! Usa-se a cor Roxa para as vestes litrgicas (casula, estola...), por vez, no

    ambo. No 3 domingo, a cor usada tradicionalmente a

    cor-de-rosa, domingo da alegria...Alegrem-se... est

    se aproximando o Natal. Chamamos esse domingo de Gaudete

    (Alegria). Pode-se usar rosas cor-de-rosa neste domingo.

    A palavra Gaudete refere-se primeira palavra do introito da missa desse dia no nosso rito latino. Ou

    seja, o introito do 3 domingo do advento e assim:

    Gaudte in Dmino semper nterum dco, gaudte:

    modstia vstra

    nota sit omnibus homnibus:

    Dminus prope est.

    Nihil sollciti stis:

    Sed in mni oratine

    Petitines vstrae

    Innotscant apud Dum. (...)

    Traduo livre... googlstica: Alegrai-vos sempre no Senhor

    outra vez digo, regozijai-vos:

    Seja a vossa moderao

    conhecida de todos os homens:

    O Senhor est prximo.

    No andeis ansiosos de coisa alguma;

    mas em toda a maneira ou a orao,

    as vossas peties sejam em tudo conhecidas

    diante de Deus.

    5.2. Coisas para se ouvir

    Em primeiro lugar, as Leituras Bblicas. A comunicao de Deus

    com a gente. Uma leitura que seja verdadeiramente Proclamada e no

    mera leitura, supe, portanto, ateno, conhecimento prvio do texto

    e das palavras nele; supe tempo com o texto em casa para orao

    pessoal...

    Nesse momento, deixar-se tocar pela leitura proclamada.

    Deixando de lado jornais, bblias, folhetos... Deus que fala. Ele

    fala olhando nos olhos e no lendo uma receita ou um roteiro.

    Portanto, ateno quele que est no ambo (Altar da Palavra). Nesse

  • momento no estudo bblico para se procurar leitura na bblia...

    orao... dilogo. parar, acalmar o corao, abrir bem o ouvido

    e o corao e deixar que a Proclamao envolva voc totalmente. Se

    te ajuda fechar os olhos, faa-o... feche os olhos e escute Deus

    falando pelo ministro.

    Outras coisas para se ouvir e rezar com o ouvido: os cantos

    mostram o esprito do tempo que celebramos? Sentimos uma mudana...

    que o Ano Litrgico est com uma nova cara? Ou parece-me a mesma

    coisa sempre? Eles expressam expectativa pela vinda do Senhor,

    sentimentos de espera?

    E os salmos? O que dizem? Como estou participando cantando-os?

    Minha mente concorda com a minha voz? (...e tal seja nossa presena

    na salmodia, que nossa mente concorde com nossa voz, da regra de So Bento).

    5.3. Coisas para se ver

    O que nossos olhos esto vendo ao nosso redor? Leva-nos

    orao? Ajudam na mistagogia? Entrar no mistrio que celebramos. As

    cores, os estmulos visuais... Consigo colocar-me um pouco consciente

    disso tudo?

    5.4. Coisas para se fazer

    Liturgia ao (-urgia). A ao principal a refeio, a ceia

    do Senhor, com a orao eucarstica e a comunho. Mas o nosso corpo

    precisa participar de toda a celebrao. Que gesto posso usar ao longo

    do Advento? Como se comporta meu corpo durante a missa? Tomo

    conscincia desses movimentos corporais e apresento-o ao Senhor.

    Tambm est presente o paladar. E como estou comungando? Estou

    participando da celebrao eucarstica? Vivo uma profunda experincia

    de REFEIO. A Eucaristia (ao de graas a Deus por seu Filho Jesus

    na ao do Esprito) era em primeiro lugar refeio, banquete, momento

    de comer juntos. E era comida que se comia com as mos. Falvamos,

    em outros tempos de manducao (do latim, manus que significa mos),

    ou seja, ato de comer com as mos. Ningum imagina, certamente, os

    discpulos recebendo hstia na boca; nem, nas primeiras comunidades,

    algum dando comidinha na boca de gente grande num banquete festivo.

    No h dvidas de que cada fiel pode comungar como quiser, mas tambm

    o bom senso ensina: o que foi pensado para manducar (comer com as

    mos) no deveria ser transformado em gesto de piedade de tal forma

    que ningum mais pode tocar (Solange do Carmo4). Comungar vem de

    manducar que significa comer e, portanto, mastigar (Pe. Reginaldo Manzotti5)

    4 Solange do Carmo. Comunho na boca. Disponvel em: http://fiquefirme.com.br/multimedia-archive/28-comunhao-na-boca/. Acesso em 11 de dezembro de 2014.

    5 Disponvel em: http://www.fundacaonazare.com.br/voz/ler.php?id=3323&edicao=104. Acesso em 11 de dezembro de 2014.