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Ano XXVII Nº 334 junho de 2017 P aulo Dantas, escritor, ensaísta, crítico literário, romancista, ficcionista, biógrafo e jornalista, faleceu no dia 11 de junho de 2007, em São Paulo. Pedagogia Lobatina foi o primeiro texto de sua autoria publicado no Lin- guagem Viva, edição nº 6, fevereiro de 1990. O último artigo publicado no jornal foi Centenário de Caio Pra- do Júnior, edição nº 210, fevereiro de 2007. A notícia do seu falecimento foi dada por Caio Porfírio Carneiro. Na época trabalhava na secretaria ad- ministrativa da União Brasileira de Escritores com o autor de Trapiá e avisei aos sócios da entidade. Senti que estava presa entre “muralhas cinzentas” e fiquei sem ação. Perdi o amigo, pai, irmão e companheiro das Letras. Não con- segui chorar e não sabia porquê. No fechamento da edição nº 214, junho de 2007, quando escrevi o editorial informando sobre seu fa- lecimento, as lágrimas vieram à tona e, então, descobri que as mesmas tinham se transformado num deser- to “nordestino–nordestinado”. Mi- nha cidade estava “enferma”, o “lobo do planalto” havia se calado. Na mesma edição, a primeira página abrigou o artigo De repente, Paulo Dantas faz viagem fora de hora, de autoria do jornalista e escritor Nildo Carlos Oliveira - falecido em 26 de janeiro de 2017. Autor de vasta obra, detentor dos prêmios Coelho Neto e Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras; Mário Sete, do Jornal de Le- tras; do Pen Clube, de São Paulo; e do Fernando Chináglia. O “menino jagunço” cria, com a alma, persona- gens vivos que deixam fortes mar- cas na nossa Literatura. Paulo Dantas ainda encanta com suas Joanas Imaginárias. Esti- lo próprio e conciso, a linguagem dantasiana é sua marca. Seus livros de biografias, importantes aos estu- diosos e pesquisadores, e toda sua obra necessita urgente de reedições. A maioria dos seus livros está com edições esgotadas e nos- sa Literatura poderá ficar enferma sem os títulos do jagunço-menino. Exerceu os cargos de vice-pre- sidente da Academia de Letras de 10 anos sem o Jagunço Menino Paulo Dantas Rosani Abou Adal Campos do Jordão e de presidente da Academia Brasileira de Literatu- ra Infanto-Juvenil. Foi membro da Academia Piracicabana de Letras e da União Brasileira de Escritores. Nasceu no dia 13 de janeiro de 1922, em Simão Dias (SE). Sempre comemoramos nossos aniversários juntos, pois faço quatro dias depois. Saudosas as lembranças dos almo- ços na sua casa. Fui sua assistente quando exer- ceu o cargo de diretor de eventos do antigo Museu da Literatura - hoje Oficina da Palavra Casa Mário de Andrade. Na época, em 1989, num jantar na Pizzaria Speranza, no bair- ro Bixiga, em São Paulo, juntamente com o saudoso amigo e editor do Lin- guagem Viva Adriano Nogueira en- trevistamos Paulo Dantas. Um vídeo foi gravado e tenho a felicidade de abrigá-lo em meu acervo; bem como seus livros autografados. Reproduzo parte da entrevista que fiz quando Paulo Dantas com- pletou 85 anos, publicada na edição nº 209, janeiro de 2007. - O que significa completar 85 anos e quais são suas perspectivas? - Nasci no ano da Semana de Arte Moderna de 1922 e da funda- ção do Partido Comunista. E a lobatina Emília gritando independên- cia ou morte. Estou na terceira in- fância, agora marcho para a velhice com ordem e progresso. Amar e que- rer bem a Deus e ao mundo e pro- curar os heróis do nosso tempo. - Quais são os referidos heróis? - Bernardo Saião - estradeiro- mor da Belém-Brasília; Antonio Con- selheiro, professor místico dos Ser- tões; e Euclides da Cunha, sertane- jo antes de tudo forte. Não posso me esquecer de Padre Cícero na ora- ção e de Lampião na valentia e no trabalho; do precursor da industria- lização brasileira, Belmiro Gouveia. - O que significa o sertão? - O sertão é minha infância e meu embasamento nacional. Nos dias da minha mocidade escrevi memórias dos desperdícios amoro- sos. Minha mãe, Maria Bonita e Anita Garibaldi representam a identificação e o chão do sertão. Mulheres ren- deiras tecem sonhos e ilusões. - Qual é seu melhor livro? - O Livro de Daniel, o meu ro- mance mais trabalhado. Levei 12 anos na sua elaboração. - Qual personagem criou com que mais se identifica? - É o Daniel. Guimarães Rosa disse que Daniel é um gênio ignora- do. - Qual é o personagem mais feliz? - É o Capitão Jagunço. Escrevi o livro em um mês, estava muito ins- pirado. - O que representa Aquelas Muralhas Cinzentas? - Foi meu livro de estreia, escri- to no raiar da mocidade, inspirado diretamente nos seis meses que con- vivi com os presos da penitenciária agrícola de Neves, dirigida pelo po- lítico mineiro José Maria de Alckmin. Influenciado pelas recordações da Casa dos Mortos, de Dostoievski, antes das Mem rias do Cárcere, de Graciliano, dava minha humilde con- tribuição ao tema carceral. - Por que o título Vozes do Tem- po de Lobato? - Quem deu o título foi o barro- co Mário Graciotti, diretor do Clube do Livro. Ele quem me divulgou em todo o Brasil. O livro ficou esgotado, pois Carlos, da Editora Traço, sou- be distribuí-lo bem. - Fale do seu trabalho na Fran- cisco Alves e sobre as obras que editou? - Na década de 60, a convite de Lélio Castro Andrade, trabalhei na Francisco Alves. Editei Clarice Lispector, Osório Castro Alves e di- rigi a Coleção Alvorada, que publi- cou Caio Porfírio Carneiro, Jorge Medauar, Hernâni Donato, Herman José Heipert, Carlos Lacerda, Bar- bosa Lessa, Moacir C. Lopes, Felício dos Santos e Paulo Dantas. - Como foi sua amizade com Monteiro Lobato? E como o conhe- ceu? - Amizade feita pelo sofrimento por ele ter sido pai bastardo e ter me dado ajuda espiritual e financei- ra. Ele não me deixou cair. Havia uma estranha coincidência de ser pare- cido com seu filho Guilherme, tuberculoso falecido aos 24 anos, com a idade que cheguei lá. Conhe- ci Lobato em São Paulo e ele me mandou para Campos do Jordão. Quando Lobato morreu foi como se eu tivesse perdido um pai. Foi ele quem me levou para a Brasiliense. - O que você tem de semelhan- ça com Monteiro Lobato? - O Humanismo e a denúncia, o patriotismo, o nacionalismo e imagi- nário infantil. O caráter palpável - lamentando atualmente não exista um escritor como ele. Será que a in- teligência está acabando? - Qual sua semelhança com o filho de Lobato? - Quando Lobato me mostrou o álbum de família, vi o retrato de Gui- lherme e tive um susto hereditário. - Como você vê Monteiro Lobato e como se identifica? - Como um protetor, estimulador, uma força telúrica, co- ração brasileiro universal e dadivo- so. Tenho encontrado nele uma es- pécie de identificação sofrida. Será para sempre uma amizade na eter- nidade. Ainda o vejo baixinho no ta- manho, andando sozinho de sobre- tudo no viaduto. Parecia um homem orgulhoso, grosso engano. Ele ca- minhava conduzindo nos ombros sorte para todos os problemas naci- onais, gritando por uma imediata solução. A obra do autor de As Águas não Dormem permanecerá sempre viva e acordada. Os personagens criados por Paulo Dantas se eternizaram. Rosani Abou Adal é poeta, jornalista e vice-presidente do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo. Paulo Dantas divulgação

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Ano XXVII Nº 334 junho de 2017

Paulo Dantas, escritor,ensaísta, crítico literário,romancista, ficcionista,

biógrafo e jornalista, faleceu no dia11 de junho de 2007, em São Paulo.Pedagogia Lobatina foi o primeirotexto de sua autoria publicado no Lin-guagem Viva, edição nº 6, fevereirode 1990. O último artigo publicadono jornal foi Centenário de Caio Pra-do Júnior, edição nº 210, fevereirode 2007.

A notícia do seu falecimento foidada por Caio Porfírio Carneiro. Naépoca trabalhava na secretaria ad-ministrativa da União Brasileira deEscritores com o autor de Trapiá eavisei aos sócios da entidade.

Senti que estava presa entre“muralhas cinzentas” e fiquei semação. Perdi o amigo, pai, irmão ecompanheiro das Letras. Não con-segui chorar e não sabia porquê.

No fechamento da edição nº214, junho de 2007, quando escrevio editorial informando sobre seu fa-lecimento, as lágrimas vieram à tonae, então, descobri que as mesmastinham se transformado num deser-to “nordestino–nordestinado”. Mi-nha cidade estava “enferma”, o “lobodo planalto” havia se calado. Namesma edição, a primeira páginaabrigou o artigo De repente, PauloDantas faz viagem fora de hora, deautoria do jornalista e escritor NildoCarlos Oliveira - falecido em 26 dejaneiro de 2017.

Autor de vasta obra, detentordos prêmios Coelho Neto e AfonsoArinos, da Academia Brasileira deLetras; Mário Sete, do Jornal de Le-tras; do Pen Clube, de São Paulo; edo Fernando Chináglia. O “meninojagunço” cria, com a alma, persona-gens vivos que deixam fortes mar-cas na nossa Literatura.

Paulo Dantas ainda encantacom suas Joanas Imaginárias. Esti-lo próprio e conciso, a linguagemdantasiana é sua marca. Seus livrosde biografias, importantes aos estu-diosos e pesquisadores, e toda suaobra necessita urgente dereedições. A maioria dos seus livrosestá com edições esgotadas e nos-sa Literatura poderá ficar enfermasem os títulos do jagunço-menino.

Exerceu os cargos de vice-pre-sidente da Academia de Letras de

10 anos sem o Jagunço Menino Paulo DantasRosani Abou Adal

Campos do Jordão e de presidenteda Academia Brasileira de Literatu-ra Infanto-Juvenil. Foi membro daAcademia Piracicabana de Letras eda União Brasileira de Escritores.

Nasceu no dia 13 de janeiro de1922, em Simão Dias (SE). Semprecomemoramos nossos aniversáriosjuntos, pois faço quatro dias depois.Saudosas as lembranças dos almo-ços na sua casa.

Fui sua assistente quando exer-ceu o cargo de diretor de eventosdo antigo Museu da Literatura - hojeOficina da Palavra Casa Mário deAndrade. Na época, em 1989, numjantar na Pizzaria Speranza, no bair-ro Bixiga, em São Paulo, juntamentecom o saudoso amigo e editor do Lin-guagem Viva Adriano Nogueira en-trevistamos Paulo Dantas. Um vídeofoi gravado e tenho a felicidade deabrigá-lo em meu acervo; bem comoseus livros autografados.

Reproduzo parte da entrevistaque fiz quando Paulo Dantas com-pletou 85 anos, publicada na ediçãonº 209, janeiro de 2007.

- O que significa completar 85anos e quais são suas perspectivas?

- Nasci no ano da Semana deArte Moderna de 1922 e da funda-ção do Partido Comunista. E alobatina Emília gritando independên-cia ou morte. Estou na terceira in-fância, agora marcho para a velhicecom ordem e progresso. Amar e que-

rer bem a Deus e ao mundo e pro-curar os heróis do nosso tempo.

- Quais são os referidos heróis?- Bernardo Saião - estradeiro-

mor da Belém-Brasília; Antonio Con-selheiro, professor místico dos Ser-tões; e Euclides da Cunha, sertane-jo antes de tudo forte. Não posso meesquecer de Padre Cícero na ora-ção e de Lampião na valentia e notrabalho; do precursor da industria-lização brasileira, Belmiro Gouveia.

- O que significa o sertão?- O sertão é minha infância e

meu embasamento nacional. Nosdias da minha mocidade escrevimemórias dos desperdícios amoro-sos. Minha mãe, Maria Bonita e AnitaGaribaldi representam a identificaçãoe o chão do sertão. Mulheres ren-deiras tecem sonhos e ilusões.

- Qual é seu melhor livro?- O Livro de Daniel, o meu ro-

mance mais trabalhado. Levei 12anos na sua elaboração.

- Qual personagem criou comque mais se identifica?

- É o Daniel. Guimarães Rosadisse que Daniel é um gênio ignora-do.

- Qual é o personagem maisfeliz?

- É o Capitão Jagunço. Escrevio livro em um mês, estava muito ins-pirado.

- O que representa AquelasMuralhas Cinzentas?

- Foi meu livro de estreia, escri-to no raiar da mocidade, inspiradodiretamente nos seis meses que con-vivi com os presos da penitenciáriaagrícola de Neves, dirigida pelo po-lítico mineiro José Maria de Alckmin.Influenciado pelas recordações daCasa dos Mortos, de Dostoievski,antes das Memórias do Cárcere, deGraciliano, dava minha humilde con-tribuição ao tema carceral.

- Por que o título Vozes do Tem-po de Lobato?

- Quem deu o título foi o barro-co Mário Graciotti, diretor do Clubedo Livro. Ele quem me divulgou emtodo o Brasil. O livro ficou esgotado,pois Carlos, da Editora Traço, sou-be distribuí-lo bem.

- Fale do seu trabalho na Fran-cisco Alves e sobre as obras queeditou?

- Na década de 60, a convite deLélio Castro Andrade, trabalhei naFrancisco Alves. Editei Clarice

Lispector, Osório Castro Alves e di-rigi a Coleção Alvorada, que publi-cou Caio Porfírio Carneiro, JorgeMedauar, Hernâni Donato, HermanJosé Heipert, Carlos Lacerda, Bar-bosa Lessa, Moacir C. Lopes, Felíciodos Santos e Paulo Dantas.

- Como foi sua amizade comMonteiro Lobato? E como o conhe-ceu?

- Amizade feita pelo sofrimentopor ele ter sido pai bastardo e terme dado ajuda espiritual e financei-ra. Ele não me deixou cair. Havia umaestranha coincidência de ser pare-cido com seu fi lho Guilherme,tuberculoso falecido aos 24 anos,com a idade que cheguei lá. Conhe-ci Lobato em São Paulo e ele memandou para Campos do Jordão.Quando Lobato morreu foi como seeu tivesse perdido um pai. Foi elequem me levou para a Brasiliense.

- O que você tem de semelhan-ça com Monteiro Lobato?

- O Humanismo e a denúncia, opatriotismo, o nacionalismo e imagi-nário infantil. O caráter palpável -lamentando atualmente não existaum escritor como ele. Será que a in-teligência está acabando?

- Qual sua semelhança com ofilho de Lobato?

- Quando Lobato me mostrou oálbum de família, vi o retrato de Gui-lherme e tive um susto hereditário.

- Como você vê Monteiro Lobatoe como se identifica?

- Como um protetor,estimulador, uma força telúrica, co-ração brasileiro universal e dadivo-so. Tenho encontrado nele uma es-pécie de identificação sofrida. Serápara sempre uma amizade na eter-nidade. Ainda o vejo baixinho no ta-manho, andando sozinho de sobre-tudo no viaduto. Parecia um homemorgulhoso, grosso engano. Ele ca-minhava conduzindo nos ombrossorte para todos os problemas naci-onais, gritando por uma imediatasolução.

A obra do autor de As Águasnão Dormem permanecerá sempreviva e acordada. Os personagenscriados por Paulo Dantas seeternizaram.

Rosani Abou Adal é poeta,jornalista e vice-presidente do

Sindicato dos Escritores noEstado de São Paulo.

Paulo Dantas

divulgação

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Página 2 - junho de 2017

Periodicidade: mensal - www.linguagemviva.com.brEditores: Adriano Nogueira (1928 - 2004) e Rosani Abou Adal

Rua Herval, 902 - São Paulo - SP - 03062-000Tels.: (11) 2693-0392 - 97358-6255

Distribuição: Encarte em A Tribuna Piracicabana, distribuído aassinantes, bibliotecas, livrarias, entidades, escritores e faculdades.

Impresso em A Tribuna Piracicabana -Rua Tiradentes, 647 - Piracicaba - SP - 13400-760

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Fora da cultura? DO LADO DE CÁEmanuel Medeiros Vieira

Minha África do lado de cá:Bahia – eu queria te entender.Um Atlântico a nos separar (e

agregar).Ah, Bahia: não a estereotipada,

de cartão postal, e shoppings, dealguns turistas que só registram enão enxergam, dessacralizada emundana.

Queria entender os teus mis-térios, os teus santos, o teusincretismo, tuas lutas –

Bahia, também meu amor, opeixe, a pele, a moça morena noMercado Modelo,

Castro Alves e sua praça– de-clamo alguns poemas, contem-plando o mar ao fundo.

E lembro-me de Gregório deMatos, Carlos Marighella, AnísioTeixeira, Walter da Silveira, GlauberRocha, Jorge Amado, João Ubaldo,do mago “Seu” Claudionor (“perdi”seu sobrenome), grande oráculo –todos encantados.

Queria “saber” o que mais fun-do há no Pelourinho –, além da be-leza, do casario, das pedras, das“subidas”, dos sofrimentos dos es-cravos, das revoltas populares.

(E os pés que hoje piso, guar-dam gemidos – e o homem atentopoderá escutá-los.)

Ainda e sempre o mar, a Bahiade Todos os Santos – tantos sim.

A vista na Avenida Contorno, aPonta do Humaitá, teus oráculos, oSamba de Roda, a Ladeira da Bar-ra, a Igreja de Santo Antônio, os co-queirais, o Cemitério dos Ingleses– e assim caminho olhando teucasario colonial (do que restou), aIgreja de Nossa Senhora do Rosá-rio dos Pretos e de São Francisco.

O pôr do sol na Ilha de Itaparica,os últimos raios iluminando o mar,e a noite cai – atabaques, tambo-res, não a Bahia estatutária – a ter-ra da Fé, do sincretismo, da Colina

Sagrada, e todos os rituais.Aquela missa no Pelourinho,

com ritos católicos e das religiõesafricanas, o Candomblé e a Consa-gração (somos todos assim,sincréticos, sempre à espera dealgo que não vemos.)

(Lembro-me da Ilha do meunascer, mítica, da Bahia Sul, ondeuma vez minha mãe me levou paraassistir a uma regata, e eu tinha seteanos.)

Assim é: falando “Bahia” quan-do só escrevi sobre “Salvador”–, eraassim que Amado dizia (“Cidade daBahia”) e também da Ilha, a outra,que forjou o, meu barro.

E haverá cinza da matéria finita:poderia ser jogada em algum mar,não importa se de lá ou de cá, ouainda no Cerrado do meu coração– a primeira e a última capital destepaís.

Cidadãos do mundo: assimsomos, e poderia falar mais –, comoesta prosa fosse uma roda de con-versa.

Falar ainda? Do belo amor damaturidade, também baiano, assimseja, e posso dar – mesmo com aescrita precária, dizendo muitomenos do que pretendia (assim éa sina da escrita – sempre ficaraquém do que queremos) – os trâ-mites por findos .

É apenas uma prosa nos idosde março.

Emanuel Medeiros Vieira é escritor,poeta, crítico e membro da

Associação Nacional de Escritores.

Rosani Adal

Ilha de Itaparica

Se pensarmos bem, nada está fora da cultura. A cultura permeiapensamentos e ações, em qualquer tempo e civilização. Elaatribui sentido a existência humana e pode contribuir para a

evolução da sociedade, na medida em que estimula o senso crítico efavorece ao exercício da criatividade e da solidariedade.

Ou seja, a cultura é a veia que move, demove e remove a vida. Logo,deduzimos que a cultura, enquanto espaço genuíno da expressão huma-na, é o cultivo da vida. Às vezes sem perceber e mesmo sem querer,destinamos ou temos pouco tempo para as coisas que são realmenteimportantes e significativas.

O que parece claro para todos, não é bem assim. Trabalhadores devárias categorias e até os que são dirigentes sindicais, ainda hoje veemcom certo estranhamento a sua entidade de classe se envolver com ques-tões culturais. Alguns dizem: “isso não é papel do sindicato, sindicato é sópara lutar por salários e melhores condições de trabalho”.

Ora, justamente o que se busca é uma vida mais digna. Cientes dopapel da cultura, os trabalhadores podem continuar lutando por sua ver-dadeira liberdade, ou se manter conformados em ideologias que nadatem a ver com a sua realidade. Nem sempre os sindicatos têm consciên-cia da relevância da ação cultural, aceitando a limitação de atuar na esfe-ra econômica; espaço que lhe é reservado pelo atual sistema.

As entidades representativas precisam suplantar essa ideiaeconomicista, que restringe o avanço da consciência de classe; favore-cendo a uma maior exploração do trabalho e do trabalhador. As ações decaráter lúdico e poético, ajudam a compreender o papel da cultura e aampliar a visão de mundo.

Neste sentido, é fundamental que os sindicatos incentivem a produ-ção artística, e não só de seus representados, buscando assim – no quefor possível, ampliar a sua fruição na sociedade. Desta forma, estaráajudando no esforço de melhor distribuir os bens simbólicos em nossopaís, tão concentrados quanto os bens materiais.

Dinovaldo Gilioli

Dinovaldo Gilioli é escritor, poeta e diretor daUnião Brasileira de Escritores de Santa Catarina.

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Página 3 - junho de 2017

Livraria Asabeça - www.asabeca.com.brLink direto: http://www.asabeca.com.br/detalhes.php?sid=14062017135017&prod=7981&friurl=_-VIVA-O-BRASIL--Odette-Mutto-_&kb=669#.WUFpcFXyuM8

Livraria Cultura - www.livrariacultura.com.brLink direto: http://www.livrariacultura.com.br/p/livros/literatura-nacional/contos-e-cronicas/viva-o-brasil-

46412605

Livraria Martins Fontes Paulista - www.martinsfontespaulista.com.brLink direto: http://www.martinsfontespaulista.com.br/viva-o-brasil-534465.aspx/p

Cia dos Livros - www.ciadoslivros.com.br - Link direto: http://www.ciadoslivros.com.br/viva-o-brasil-contos-745138-p627207

A s duas escritoraspaulistanas – de distintas gerações e trajetó-

rias - dialogam por meio de fios, li-nhas, teias, frestas, fendas e riosde tactilidade, produzindo um uni-verso expressivo de significados egestos que se permutam. Real eonírico entreabrem pulsações dinâ-micas por intermédio do viés expe-rimental, antropológico, lírico. O in-sólito alça voo. O real se transmuta.O tecido é fibra, vida e verbo.

Em Os Fios do Anagrama,novo livro de Beatriz H. RamosAmaral, e Por Entre Rios: UmasPalavras, o primeiro de GutaAssirati, a intensidade do diálogotransparece na urdidura de textosque buscam o nascedouro do tem-po, da fala, das personagens, dosconflitos, dos desafios em que sedesenrolam elos espessos de lin-guagem e vida. Conexões, liames,linhas, confluências. Suas obrasproduzem e redescobrem verda-des, grãos, sensações, pegadas erastros na terra. A luztransmetafórica celebra e realçacontrastes que transitam pelos re-gistros da realidade e de sua gêne-se, desenhando e germinando, emsuas sílabas, o nascedouro da pa-

OS FIOS DO ANAGRAMA, de Beatriz H. Ramos AmaralPOR ENTRE RIOS: UMAS PALAVRAS, de Guta Assirati

lavra e de sua expressão vibrátil, oimemorial do tempo, da raiz.

As autoras lançaram seus li-vros e teceram considerações so-bre o processo de criação e de es-critura de cada um dos seus livros,na Série “CONVERSA DE LIVRA-RIA”, na Livraria Alpharrabio, emSanto André, no dia 17 de maio. Fi-zeram leituras individuais e, em con-junto, uma interessante leitura defragmentos dos dois livros, conju-gados e em intersecção. Apresen-taram as possíveis interfaces e res-sonâncias entre seus textos.

“A palavra Iyá em Yourubá sig-nifica mãe ou mulher. Ìyá Agbà ouÌyá Ìyá designam anciã, mulher deidade avançada. Isso eu soube an-tes de aprender” (Guta Assirati) Porentre rios / o começo de tudo / pri-meiros rios / transfluências / encon-tro das águas / raios de Tupã abrem-se para fios de narrativa, fios-faís-cas, fagulhas, incandescência, fi-bras de texto, entretemas e a sur-presa das sílabas agudas.

“.... você arquiteta uma frase,é bom semear na areia – numa pau-sa de milésimos, as ondas, mapas,

marés, tudo ondulado azulando asintenções que se abreviam - dan-ça da linguagem” // Exílios de síla-bas tecem vácuos impropriamentechamados de intervalos – entre asestações do ano, entre os vãos in-definidos dos meses, entre as es-tratégias do dizer, há um ponto departida e a vertigem da chegada.”(Beatriz H. R. Amaral)

Beatriz H. Ramos Amaral éescritora, poeta, ensaísta,musicista e Mestre em Literatura eCrítica Literária pela PUC-SP. For-mada em Direito pela USP, foi Pro-motora de Justiça e Procuradora deJustiça do Ministério Público do Es-tado de São Paulo. Foi Secretária-Geral da UBE-SP (1996-1998) eDiretora da entidade, por dez anos.É atualmente Diretora Cultural daAPMP. Autora de 12 livros, de gê-neros literários diversos (romance,contos, ensaio, poesia, crítica lite-rária).

Guta Assirati é indigenista, Dou-toranda em Direito (Coimbra), Ex-Presidente da FUNAI, escritora e mi-litante de movimentos sociais emfavor da democracia e da liberda-de.  Estreia em Literatura com estelivro, Por Entre Rios: Umas Pala-vras.

ARG

EL DO

VALLE FILHO

Guta e Beatriz

VIVA O BRASIL... de Odette Mutto

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Página 4 - junho de 2017

No dia 19.5.2016, o escritor Tarso deMelo enviou a alguns amigos, poremail, a mensagem abaixo. Um belo,

solidário e fraterno gesto. Em tempos rudes, eudiria que foi um delicado gesto de humanidade.As respostas retratam com eloquência o ser hu-mano raro que foi o amigo comum de todos, An-tonio Possidonio Sampaio, que partiu (à “france-sa”, ou seja, discretamente, como sempre gos-tou) quinze dias depois, no dia 03 de junho de2016, data em que Tarso lhe dedica o emociona-do poema que fecha esta cerimônia do adeus.Dalila Teles Veras

Caros amigos,Possidonio está chegando perto dos 85 anos.

Aqui na Av. Portugal, 397, Santo André, o AntonioPossidonio Sampaio é simplesmente Sampaio ouAPS. Ou Dr. Antonio, para alguns. Trabalho comele há mais de 15 anos e, pela primeira vez nes-ses anos todos, APS está há quase uma semanasem vir ao escritório (que não seja por causa deférias, claro, coisa que advogado de vez em quan-do tem!). Está passando por um tratamento com-plicado, mas ainda assim manteve até dias atráso hábito de vir ao escritório ler o jornal, conversarum pouco, ver as pessoas, as ruas, sentir o quese passa com elas – ruas e pessoas. Foi com elee com seu irmão Teles que aprendi que a advo-cacia não precisa ser um emaranhado de forma-lidades e distância das pessoas reais, com seusproblemas reais, angústias e urgênciasrealíssimas. Pelo contrário, é aí – sem pompas e,se possível, sem gravatas no peito e na língua –que o advogado deve estar. Acho que foi por isso,para continuar dando esse exemplo, que ele con-tinuou fazendo o esforço de vir ao escritório até asemana passada, mesmo cansado, com dores,fraquinho.

Quem o conhece sabe que se trata de umafigura rara, de empolgação rara com questões ju-rídicas, políticas e culturais. No escritório, no sin-dicato, no Alpharrabio, em todo canto por ondepassa planta amizades e admiração, porque écapaz de contagiar qualquer turma com sua von-tade de fazer, de chacoalhar, de manter chamasacesas.

Agora, que a chama de Possidonio anda frá-gil, acho que é hora de suas turmas todas man-darem de volta um pouco da energia que ele es-palhou por aí e, tenho certeza, ainda queimaquando seus amigos ouvem seu nome. É por issoque escrevo: Possidonio é um homem que amatextos. Leu e escreveu diariamente a vida inteirae fez de tudo para que muitos outros lessem eescrevessem também, até mesmo manter umabiblioteca lá na sua pequena cidade natal no ser-tão da Bahia – Iaçu. E esse homem de textos fica-rá muito feliz se receber algumas palavras devocês e de outros a quem vocês consigam fazerchegar este meu pedido. Peço urgência e pro-meto que vou fazer chegar até ele as palavras decada um de vocês, as palavras que se animarema colocar no papel para manter acesa a prosacom Antonio Possidonio Sampaio. Agradeço mui-to desde já, abraços, Tarso de Melo, 19.5.2016

“Várias vezes, ao me perguntarem sobre oque freqüentar a UBE e atuar lá me trouxe de bom,

dei como primeiro motivo as amizades que issome proporcionou. Em primeiro lugar na lista deamizades, Possidonio. O primeiro a receber-me,com entusiasmo, quando fui lá em 1980 para sa-ber como poderia colaborar. Encontramo-nos pordécadas a fio. Muita gente o elogia. Não me lem-bro de ninguém dizer algo desfavorável ou con-tra ele. Abraços”, Claudio Willer

“Possidonio, já te disse isso pessoalmente,torno a fazê-lo por meio do nosso amigo comum,Quando, ainda estudante pobre em Juiz de Fora,sem saber mesmo se teria dinheiro pra comer nodia seguinte, sem saber o que a vida iria me pro-porcionar, li o seu romance, Nhor sim, Inhor sim,pois não, um livro de título estranho e enigmáti-co... Eu comprei - como comprava tudo nessaépoca em que troca um jantar por livros - eu com-prei esse livro num sebo... E levei pra casa e ime-diatamente comecei a lê-lo e imediatamente medei conta de que minha solidão, minha angústia,a sensação de não pertencer estava descrita ali...e que eu teria, como o autor daquele livro, queum dia arregaçar as mangas e partir pra cima davida... E se não fiquei mais feliz - impossível serfeliz em nosso país, de tantos desmandos - pelomenos me senti mais aliviado... Afinal, havia ou-tras pessoas como eu no mundo... Portanto, devoa você o encontro comigo mesmo... Mesmo à dis-tância, sempre o admirei, sempre tive por você -assim como pelo Roniwalter Jatobá e uns poucosmais - uma eterna dívida... Inesquecível eimpagável...” Luiz Ruffato

“Querido Possidonio, que alguns chamam“Sampaio”, outros “dr. Antônio”, eu continuo achamar Possidonio, como aprendi a fazer há maisde meio século:

# lembra-se do nosso Gymnasio do Estado,no parque D. Pedro, anos 50-60, as reuniões doGrêmio XVI de Setembro, o nosso jornalzinho im-presso, as aulas e não-aulas, nossas andançaspela Rangel Pestana, a praça Clóvis, a praça daSé, onde matávamos aula, ou paríamos a nossaAula?

 # lembra-se da U.B.E., na 24 de Maio, anos70-80, nossas avenças e desavenças com as ges-tões que se sucediam e a gente ficava?

 # lembra-se das nossas tertúlias, em SantoAndré, nos anos 90-00, na Alpharrabio ou ondefosse possível?

Pois eu me lembro, ah se me lembro! Masnão sou capaz de lembrar sozinho: preciso (pre-cisamos) de você, pra que essas lembranças re-nasçam, sempre vivas. E não me lembro com nos-talgia, não; nunca desejei que esses tempos vol-tassem, nunca me passou pela cabeça essa coi-sa mesquinha do “eu era feliz e não sabia”. Nósatravessamos esse tempo todo (não é,Possidonio?) antenados no que acontece hoje.Nosso tempo é agora, não é o Gymnasio do Es-tado, a U.B.E. ou qualquer outro lugar-tempoonde usufruímos a nossa fraternidade.

 O que seria das novas gerações, as novasgerações que já começam a envelhecer, ou asnovíssimas, que acabam de aparecer, como anossa apareceu um dia, também novíssima; o queseria dessas gerações, Possidonio, se você nãoas ajudasse a lembrar? 

Por isso tudo junto, meu querido: força, va-mos em frente, não nos abandone! E receba oabraço forte, o abraço de décadas, deste seuamigo” Carlos Felipe Moisés 

Querido Possidonio: desde a Itália, onde per-corro várias cidades, qual pregador ambulante,parecido aos velhos missionários que, no interiordo Brasil, faziam as desobrigas, denuncio o gol-pe parlamentar no Brasil, o terceiro na AméricaLatina nos últimos tempos (após Honduras eParaguai).

Oro por você. Para que Deus o fortaleça nafé, no otimismo que sempre o caracterizou, naesperança que em você se faz utopia permanen-te e, sobretudo, no amor que você sempre exa-lou pela família, os amigos, o Brasil e a literatura.Coragem, meu irmão! Meu abraço fraterno, com-panheiro e solidário “ Frei Betto

“Meu amigo, Quando penso em alguém ide-alista, penso em você, Sampaio.

É em você que penso também quando pen-so em um sonhador. Se penso num otimista, en-tão é você mesmo! Pessoas com essa alma demenino que o habita são raras. (...)

A sua defesa de ideais e direitos tem um vi-gor que sempre me faz pensar que somos, quetemos que ser, parte de algo maior e há muito faza diferença.” Rosana Chrispim

“Você é uma pessoa com qualidades raras,que conheci em fevereiro de 1976. Você era ad-vogado no Sindicato dos Metalúrgicos de SãoBernardo, na área acidentária. Eu era estudantedo 2º ano de direito na Faculdade de Direito deSão Bernardo do Campo, vindo da produção daVolkswagen para trabalhar no Departamento Ju-rídico daquele respeitado Sindicato. Eu não sa-bia nada da linguagem jurídica, pois até entãotrabalhava na Fábrica, com a peãozada amiga,afável e muito respeitosa comigo como estudan-te de direito, mas somente falávamos a lingua-gem comum do peão. Quando comecei no Sindi-cato numa segunda-feira, logo na terça-feira, porvolta das 16h30m, lhe conheci, Possidonio. Vocêque chegou para atender os trabalhadores no seuplantão das 17 às 19 horas, mas que não tinhahora para terminar! Enquanto tivesse um peãopara atender você ficava com toda dedicação epaciência. Eu pedi para acompanhá-lo um pou-co, principalmente depois das 18 horas, quandoterminava a minha jornada e você me recebeucom o maior carinho, atenção e paciência parame explicar as dúvidas, que eram muitas. Daí emdiante nunca mais desgrudei de você (...). Você eo Teles, que sempre estiveram juntos, deram-memuita força para eu vencer as muitas dificulda-des na carreira! Você, juntamente com os demaisadvogados do Sindicato, proporcionaram-me umagrande alegria no natal de 1979, dando-me umanel de formatura, que eu não tinha dinheiro paracomprá-lo! (...) Com você trabalhei até 16/12/1991no Sindicato, quando tomei posse como membrodo Ministério Público do Trabalho. (...) Depois de8 anos de atuação no MPT resolvi prosseguir osmeus estudos nos bancos das Faculdades, fa-zendo Mestrado e Doutorado, quando iniciei acarreira de autor, inspirado em você, Possidonio.Passei a fazer muitas palestras por esse Brasil

Antonio Possidonio Sampaio - Legado Cultural

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COMPANHEIROágua parada, sabíamos, não era sua vidamais cedo ou mais tarde iremos, você iria tantos anos, quase todo dia,gostávamos tanto de falarquanto de um não dizer que mais dizia e assim estávamos sempre conversandocada um lendo suas coisasescrevendo suas coisasmas num assunto sempre mesmoao nosso modo, fundo, mudos e hoje, um hoje tão longopassei o dia a dois metros da última conversacerto de que ela não terminaráa milhas da coragem do último abraço o corpo frio que não lhe cabeo corpo frio que não nos cala foda, amigo, fodafoi olhar da porta da salaem que você sempre estavaas fotos das crias, das lutas, do que importae ver que até a cadeira chorava e alguém, talvez um eu que juntos fizemos,folheava um a um os seus livrosprocurando o leitor que lhes falta 

para o APS, 3.6.16, Tarso de Melo

afora, mas quando tal ocorria pelo ABC e GrandeSão Paulo, na maioria das vezes. recebi a grata ehonrosa presença sua e do Telles, que certamen-te nunca imaginaram o tamanho da minha alegriae conforto, e incentivo para prosseguir dando aminha contribuição no mundo do Direito. Na de-fesa da minha Tese de Doutorado, lá estavamvocê, o Teles e o Rebouças, outro grandeincentivador da minha carreira. (...) Receba, ami-go Possidonio, as minhas homenagens e o meuabraço fraterno! Raimundo Simão de Melo,Itatiba, SP.

“Sinta-se abraçado, o que tenho de você é asua serenidade, sua humildade e generosidadede pessoa amável e tranquila, uma honra ter umamigo assim, pessoa admirável e espelho paratodos nós! Um Forte Abraço Grande. Hélio Neri

“A minha trajetória com tio Antonio, é umajornada iniciada lá atrás, em 1962, apesar deconhecê-lo desde que nasci pelos idos de 1947no sertão baiano, às margens do Rio Paraguaçu.

O hiato até conhecer, para mim um adoles-cente de 15 anos, saber da existência de um “tiopaulista fujão”, morador de São Paulo.

Quando o vi pessoalmente, a empatia entrenós foi imediata. Ele era jornalista da “GazetaMercantil” e estava completando o curso de direi-to na famosa “Arcadas do Largo do São Francis-co” (USP).

Um orgulho para o primeiro filho do “velhoIzidrinho” a ser doutor.

A nossa diferença de idade, 15 anos, nãoimpediu que nos tornássemos cúmplices e alia-dos de todas as horas.

Diziam na família que era a convivência deum D. Quixote (ele) e seu fiel Sancho Pança (eu).

O tempo passou e a nossa amizade cada vezmais consolidada.

Viajamos muito pelo Brasil e pelo exterior.Muito teria a falar sobre tio Antonio. Sempre

tive vontade de escrever, mesmo não tendo a suacapacidade de escritor. Até agora o escritor dafamília, que inclusive dá nome à Biblioteca Muni-cipal da sua querida Iaçu, é Antonio PossidonioSampaio.

Mesmo, prestes a completar em outubro pró-ximo 85 anos, ainda o vejo como o “jovem fujão”do sertão baiano em busca dos seus sonhos, to-dos certamente realizados. Wellington Sampaio

ANTONIO POSSIDONIO SAMPAIOnasceu em 29 de outubro de 1931, emMorro Preto, que até 1958 pertencia ao Mu-nicípio de Santa Terezinha, quando passoua pertencer a Iaçu, no Estado da Bahia. Mu-dou-se para São Paulo em 1949, onde con-cluiu os estudos secundários e graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Fa-culdade de Direito da Universidade de SãoPaulo, em 1964. Faleceu em 3 de junho de2016, em Santo André (SP).

Jornalista profissional, trabalhou comorepórter nos jornais Gazeta Mercantil eNotícias Populares até 1964. Após essadata, tem colaborado em jornais de entida-des profissionais como TribunaMetalúrgica, O Escritor, bem como em su-plementos literários.

Começou a exercer a advocacia naregião do Grande ABC, em 1965, onde mi-lita no setor do Direito Social, dedicando-

se especialmente à infortunística. É bastante co-nhecida a sua luta contra as falhas da legislaçãoacidentária e estudos dentro do campo do direitotrabalhista. Foi assessor jurídico do Sindicato dosMetalúrgicos de São Bernardo e Diadema por trêsdécadas.

Em 1989 passou a morar em Santo André,depois de viver 40 anos em São Paulo. Desde aépoca de estudante participou de atividades cul-turais.

Quer seja como Advogado, jornalista ou es-critor, Antonio Possidonio Sampaio deixa sempresua marca, a marca da luta em prol da liberdade.

ObrasA Arte da Paquera, Ibrex, SP, 1970. Este livro

foi considerado pelo Jornal do Brasil um dos prin-cipais livros de literatura de humor publicados naépoca.

Galeria da Solidão, Ibrex, SP, 1972. Roman-ce urbano, paulistano, sobre o drama do desem-pregado com mais de 35 anos.

Vendedores de Ilusão, Ibrex, SP, 1973. Ro-mance em que o personagem principal é um es-critor novo e sua luta pra vencer o bloqueio edi-torial e, depois, a censura.

Vamos Empinar Papagaio, Ibrex, SP, 1974.Romance-reportagem sobre a crise do Direito eda Justiça.

Sim Sinhor, Inhor Sim, Pois Não…, Vertente,SP, 1977, 2ª edição, Alpharrabio Edições, SantoAndré, SP, 1997. Primeiro Prêmio do I ConcursoEscrita de Literatura. A luta de um intelectual emprol da liberdade é o tema deste romance.

A Capital do Automóvel – Na Voz dos Operá-rios, Edições Populares, SP, 1979, Edições Po-pulares, SP, 1979. O resultado da longa convi-vência do autor com os trabalhadores.

Lula e a Greve dos Peões, Escrita, SP, 1982.Romance-reportagem, onde os personagens (re-ais) (re)vivem os episódios da greve dosmetalúrgicos de S. Bernardo do Campo em 1980.

Manhatan do Terceiro Mundo, Ibrasa, SP,1993. Romance inédito que relata as angústiassócio-psico-culturais dos que viveram em temposde ditadura militar.

ABC Cotidiano – Cotidiário, Alpharrabio Edi-ções, Santo André, SP, 1993. Registros diáriosque abrangem todo o ano de 1992. Este livro mar-ca uma nova fase literária do escritor e é também

uma declaração de amor a Santo André, que oautor elegeu como sua morada definitiva.

Andanças na Contramão – Reportagem Sen-timental, crônicas, Alpharrabio Edições, 1996.Nesta plaquete, que junto com cinco outros volu-mes de escritores diferentes compõe uma caixacom a coleção Prosas, o autor revela-se um cro-nista atento ao cotidiano de sua cidade.

Em Busca dos Companheiros, romance,Alpharrabio Edições, Santo André, SP, 1999. Nesteromance, o escritor dá continuidade ao seu pro-jeto de registrar o imaginário das lutas operáriasna região do Grande ABC (SP), iniciado em 1979com a publicação de A Capital do Automóvel, se-guindo por Lula e a Greve dos Peões (1982).

ABC no Fim do Milênio, diário, AlpharrabioEdições, Santo André, SP, coleção Imaginário,2000. Aqui, o imaginário do Grande ABC durante1999 é registrado pela agudeza da observaçãodo escritor atento ao seu tempo que estendeu omesmo desafio a outros escritores, ou seja, o deregistrar o último ano do milênio. O resultado des-se trabalho foi publicado em 5 volumes pelaAlpharrabio Edições, na Coleção Imaginário.

No ABC dos Peões (edição conjunta de ACapital do Automóvel e Lula e a Greve dos Pe-ões), Alpharrabio Edições, Santo André, SP, 2005.Andanças com Salvador Bahia, diário, AlpharrabioEdições, Santo André, SP, 2006

Salvador Bahia surgiu na ficção de APS em1979 e, desde então, tem cruzado as diversasobras do autor, como o elo que, ao unir autor epersonagem, confunde os limites entre ficção erealidade sobre os quais nosso “escritor-repór-ter” constrói sua obra.

divulgação

Antonio Possidonio Sampaio

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Caio Porfírio Carneiro

Caio Porfírio Carneiro é escritor,contista, romancista, poeta,

crítico literário, conselheiro daUnião Brasileira de Escritores emembro do Instituto Histórico e

Geográfico de São Paulo.

Relembro, não sei por querelembro, o episódio dachegada da persona-

gem principal ao seu destino, noperdido interior mineiro, do roman-ce Fronteira, de Cornélio Penna.Aquele ambiente pesado, aquele si-lêncio pesado, aquela solidão me-donha, de grande alcance doído epoético, nunca mais me saíram daimaginação. A ficção, recriação darealidade, às vezes é um susto as-sustador. Ainda mais assustador doque o próprio ambiente soturno, otempo chuvoso, a vida perdida na-quelas distâncias, descritos peloautor. Cornélio vai mais longe, nes-ses momentos de perplexidadesarrebatadoras, do que Lúcio Cardo-so. É que Lúcio é instintivo; é queCornélio é poético. É que Lúcio bus-ca o entrechoque de ódios, a repul-sa entre as personagens: é queCornélio apenas expõe, com gran-de apuro no trato literário. É queLúcio é o jogo lúdico de luz e som-

UM E OUTRObra; é que Cornélio é essencial. Lú-cio questiona conflitos, Cornélioconstata. Lúcio vai às aflições hu-manas, Cornélio impassivelmenteas capta. Lúcio é uma constanteinterpretação, Cornélio é um perma-nente tempo de espera...

Em Lúcio as palavras são bri-lhantemente efervescentes, emCornélio as palavras são mudas.

Há, entre um e outro, um tra-ço de união na busca do cosmo in-terior. Em Lúcio há a perquirição,em Cornélio a evidência. Então adistância entre os dois também émuito grande.

São caminhos ricamente con-vergentes e tremendamente diver-gentes.

A arte literária não é mesmouma loucura?

Vou levando a vidaEm ruínasPasso a passoEu passo a caminharNo paço

Vou levando a vidaEm cada passo largo amplodistante alémVejo vocêComo uma estrela guiaA me direcionar submissa

E vou vivendoA desejar o suor do seu corpoTodo diaÀ procura de suas mãosPara me aquecerPara despir-me de mim mesma

E pela manhã o cansaçoDescansado levita

Sinto desejo de vocêQue todo dia é diaE todo dia que é dia sintoDesejo de vocêE então vou e vooVou levando a vida

Vivendo vouVendo vivendoA vidaA viver Gado despido sobre o pasto,

agronegócio rico em cifras globais.A grama com cheiro de morte,o animal em gemidosecoa a morte em silêncio- falência da alma.A vida em retalhos,o negócio agro sobre as mesas,nos calçados, nas roupas- os donos do poder em êxtase.O último suspiro do animalecoa nos passos, nas vestese no esgoto da burguesia.

A colcha retorcidamostra em baixo relevoa marca do braço em repousona arquitetura do sono

O lençol repuxadofaz supor joelhos aéreosquando um corpo desnudo seofereceà mobilidade do sonho

(mas a ilusão completapede todos os sonhos)

O cheiro de lavandaainda se enrosca nos detalhese o tempo antes adormecidoagora flui janela adentro

Também os raios da manhãdissolvem fluídos imagináriosHora de arrumar a camapara que a vida recomece do zero

A CAMA ONDEA MULHERDORME SÓHeusner Grael Tablas

Heusner Grael Tablas é poetae escritor, ganhador do MapaCultural Paulista (2000) e de

outros prêmios literários.

VIDAMaria de Lourdes Alba

Maria de Lourdes Alba éescritora, poeta, jornalista e

pós-graduada em Jornalismo.

Agro-burguês NegócioRosani Abou Adal

wwww.poetarosani.com.br

Poemas traduzidos para o espanhol,francês, inglês, húngaro, grego e italiano.

Rosani Abou Adal

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LivrosConcursos

Poemas: II Antologia - 2008 - CANTO DO POETA

Trovas: II Antologia - 2008 - ESPIRAL DE TROVAS

Haicais: II Antologia - 2008 - HAICAIS AO SOL

Débora Novaes de Castro

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Poemas: GOTAS DE SOL - SONHO AZUL - MOMENTOS- CATAVENTO - SINFONIA DO INFINITO –

COLETÂNEA PRIMAVERA - AMARELINHA - MARES AFORA...

Antologias:

Haicais: SOPRAR DAS AREIAS - ALJÒFARES - SEMENTES- CHÃO DE PITANGAS -100 HAICAIS BRASILEIROS

Poemas Devocionais: UM VASO NOVO...

Trovas: DAS ÁGUAS DO MEU TELHADO

14º Concurso Nacional de Contos JosuéGuimarães, promovido pela Secretaria de Estadoda Cultura, Turismo e Lazer do Rio Grande do Sulpor meio do Instituto Estadual do Livro , em parceriacom a Universidade de Passo Fundo e a Prefeiturade Passo Fundo, está com inscrições abertas até odia 10 de julho. Os interessados poderão enviartrabalhos em quatro vias, em formato A4, digitadosnuma só face, espaçamento duplo entre linhas,fonte Times Roman e tamanho 12. É obrigatório uso de pseudônimo.  Anexardados completos e breve curriculum. Inscrições: Estadual do Livro – IEL,Rua André Puente, 318 - Bairro Independência, Porto Alegre – RS - 90035-150. 

Premiação: R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para o primeiro lugar e R$3.000,00 (três mil ) para o segundo. Os contos premiados poderão sereditados em antologia organizada pelo Instituto Estadual do Livro e publicadaem coedição com a Fundação Universidade de Passo Fundo e Prefeiturade Passo Fundo.

Regulamento e Informações: http://www.upf.br/16jornada/14-concurso-de-contos-josue-guimaraes

10º Concurso de Haicai “Masuda Goga”, promovido pelo GrêmioHaicai Ipê, está com inscrições abertas até o dia 20 de setembro. Categorias:Infanto-juvenil para idade inferior a 15 anos e Adulto para maiores de 15anos. O tema é “ipê amarelo”. Esta palavra deve constar, obrigatoriamente,em um dos versos do haicai. Os interessados poderão inscrever até trêshaicais inéditos, datilografados ou digitados em uma folha branca, tamanhoA4. No rodapé da mesma folha, informar nome, categoria (infanto-juvenil ouadulto), endereço postal, telefone para contato e e-mail. Os trabalhosinscritos não serão devolvidos. Masuda Goga (1911-2008) foi mestre dehaicai em japonês e português, jornalista, escritor, artista plástico e umdos fundadores, em 1987, do Grêmio Haicai Ipê.

Inscrições: Grêmio Haicai Ipê - A/C Teruko Oda - Rua Vergueiro, 819,sala 2 - São Paulo - SP - 01504-001.

Premiação: Os classificados receberão certificado e um livro de haicai.Informações: Facebook pg Grêmio Haicai Ipê ou pelo e-mail

[email protected] .Regulamento: http://www.kakinet.com/cms/?p=194930º Concurso de Contos Cidade de Araçatuba, promovido pela

Prefeitura de Araçatuba, através da Secretaria Municipal da Cultura, estácom inscrições abertas até o dia 28 de julho de 2017. Os interessadospoderão inscrever um conto inédito, digitado em fonte Times New Roman,corpo 12, espaço duplo, com no máximo dez páginas e mínimo duas, emformato A4, margens de 2,0 cm, em PDF, que deverá ser enviado [email protected]. É obrigatório uso de pseudônimo. Umacópia, impressa em papel formato A4, deverá ser encaminhada até 28 dejulho de 2017 para 30º Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba- Secretaria Municipal da Cultura de Araçatuba - Rua Anita Garibaldi, 75 –Centro – Araçatuba - SP.- 16.010-028. Informações: (18) 3636-1270 -www.secretariacult.blogspot.com - [email protected] – Edital: https://drive.google.com/file/d/0B4Jzb05otdF3N2dnR0RtT3ZNUlE/view

Premiação: Publicação dos trabalhos dos dez primeiros colocados.1.º lugar: R$ 3.000,00 (três mil reais); 2.º lugar: R$ 2.000,00 (dois mil reais);3.º lugar: R$ 1.000,00 (mil reais)

Entre imagens para guardar, crônicas deMariana Ianelli, Edições Ardotempo, 184 páginas,R$ 40,00, São Paulo.

ISBN: 978-85-62984-51-8.A autora é poeta, ensaísta, cronista e mes-

tre em Literatura e Crítica Literária. Foi agracia-da com o Prêmio Fundação Bunge (antigo Moi-nho Santista) Literatura, na categoria Juventu-de.

O livro reúne setenta crônicas que foramveiculadas na revista eletrônica Rubem, entre2013 e 2017, e no site Vida Breve, em 2014.

Segundo Ana Miranda, no texto de orelhado livro, “Impressionam a sua perfeição narrati-va, a intensidade, a erudição femininaentrelaçada a realidades e manifestada de modoextremamente natural. A universalidade de seus

elementos. Suas observações surpreendentes. As imagens espantosas.Emocionam a leveza no trato dos temas e no uso poético das palavras ea força do essencial”.

Edições Ardotempo: https://www.ardotempo.com/Assessoria de Imprensa: Guilherme Loureiro -

[email protected]

Shanghai Lilly, romance de António Pai-xão, Chiado Editora. 332 páginas, R$ 39,00,Portugal, Brasil, Angola e Cabo Verde.

ISBN: 9-789897741456.António Paixão (jornalista, um velhote

neurastênico, comunista de carteirinha, tor-cedor do Corinthians, Botafogo e do Vila Real)é o heterônimo de Durval Noronha Goyos Jr.

Durval é escritor, advogado, presidenteda União Brasileira de Escritores e pós-gra-duado pelo Hastings College of Law (Califórnia- EUA). Publicou 58 livros nas áreas de direitointernacional,lexicografia, história e economia.

O título do livro, Shanghai Lilly, foi inspi-rado no nome da bela cortesã Shanghai Lily -personagem de Marlene Dietrich - no filme Oexpresso de Xangai, de 1932.

A obra é uma autobiografia autorizada de Vivian Salomon (executivafinanceira de sucesso) que contrata um jornalista (Antonio Paixão) paraescrever sua biografia. Vivian é uma protagonista que é uma antagonistade seu biógrafo. Paixão conta as glórias e desventuras da heroína Vivianem primeira pessoa.

Chiado Editora: https://www.chiadoeditora.com/

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Notícias

Compram-se bibliotecas e lotes de livros usados.

Vendem-se obras de 2ª mão, de todasas áreas do conhecimento humano.

Rua Coronel Xavier deToledo, 234 Sobreloja RepúblicaSão Paulo - SP - (11) 3214-3325 - 3214-3647 - 3214-3646

[email protected] - Face: Sebo Brandão São Paulohttps://www.estantevirtual.com.br/brandaojr

Marco Lucchesi, poeta, tra-dutor e membro da Academia Bra-sileira de Letras, foi agraciado como Prêmio Embaixador da Poesia daCidade de Iasi concedido pela Pre-feitura de Iasi, capital da Moldávia,Romênia. Também participou doFestival Internacional de Poesia deBucareste e do Festival de Poesiade Iasi que foi realizado de 17 a 28de maio.

Manuel Alegre, poeta portu-guês, foi agraciado com o PrêmioCamões de Literatura. Ele recebe-rá 100 mil euros. O Prêmio, institu-ído em 1988 pelos governos brasi-leiro e português, tem como objeti-vo consagrar autor de língua portu-guesa que, com o conjunto de suaobra, contribuiu para o enriqueci-mento do patrimônio literário e cul-tural de nossa língua comum.

O III Salão do Livro de Por-tugal, que será realizado nos dias24 e 25 de junho, contará com apresença de mais de 30 autoresbrasileiros como Maria Augusta deMedeiros, Vera Fonseca, DurvalNoronha Goyos Jr. (presidente daUnião Brasileira de Escritores),Celina Moraes e Celso Kallarrari. Aresponsável pelo intercâmbio cul-tural é a escritora Jô Ramos, da ZLEditora.

Fabiano de Abreu lançará Vi-ver Pode Não Ser Tão Ruim, naEspanha e no Brasil, até o final doano.

Soraya Misleh, jornalista e di-retora de Comunicação e Imprensado Instituto da Cultura Árabe(ICArabe), lançou Al Nakba – umestudo sobre a catástrofe palestina,pela Editora Sundermann.

Paulo Caruso, cartunista eilustrador com mais de 20 livros pu-blicados, ilustrou o livro infantilChapeuzinho do Avesso, M.Guarnieri Editorial, de autoria dasautoras pré-adolescentes Ana Luisade Souza e Elena Corigliano.

Andreia Donadon Leal lançouCasa de baixo, casa de cima, pelaEditora Aldrava Letras e Artes. A nar-rativa conta a história de uma crian-ça órfã que vivencia a experiênciada morte da mãe.

Contos de terror, de mistérioe de morte, coletânea de EdgarAllan Poe, com tradução de OscarMendes, foi lançada pela Nova Fron-teira.

A 27ª Convenção Nacional deLivrarias, realizada pela AssociaçãoNacional de Livrarias em parceriacom a Associação Estadual de Li-vrarias do Rio de Janeiro – RJ, serárealizada nos dias 29 e 30 de agos-to, no Sheraton Hotel, Av. Niemeyer,121, no Rio de Janeiro.

Rubem Valente lançou Os fu-zis e as flechas, pela Companhia dasLetras. A obra é uma investigaçãojornalística sobre as mortes de indí-genas durante a ditadura militar noBrasil (1964-1985).

A16ª Jornada Nacional deLiteratura, que será realizada de2 a 6 de outubro de 2017, no Portaldas Linguagens - Campus I – UPF,Passo Fundo, RS, está com ins-crições abertas até o dia 21 deagosto. Clarice Lispector, ArianoSuassuna, Carlos Drummond deAndrade e Moacyr Scliar serão osautores homenageados.http://www.upf.br/16jornada/jornada.

Da Poesia, que reúne a obrapoética completa de Hilda Hilst, foilançado pela Companhia das Le-tras. O livro reúne poemas de maisde 20 títulos, uma seção de inédi-tos e fortuna crítica. Abriga posfáciode Victor Heringer, carta de CaioFernando Abreu para Hilda, dois tre-chos de Lygia Fagundes Telles so-bre a amiga e uma entrevista cedi-da a Vilma Arêas que foi publicadano Jornal do Brasil em 1989.

A 18ª Bienal Internacionaldo Livro Rio, que será realizadade 31 de agosto a 10 de Setembrono Riocentro, Av. Salvador Allende,6555, abrigará reuniões de agen-tes literários no Agents & BusinessCenter em parceria com a Feira doLivro de Frankfurt.

A Poeme-se, primeira grife li-terária do Brasil, homenageará oescritor Lima Barreto na 15ª FestaLiterária Internacional de Paraty -Flip que será realizada de 26 a 30de julho, em Paraty (RJ).

Raquel Naveira realizou asOficinas Literárias A magia da lite-ratura infantil: a formação do leitorcrítico e Oficina Poética: motivaçãopara os temas universais da Poe-sia, no Centro de ConvençõesOswaldo Fernandes Monteiro, emMato Grosso do Sul.

José de Souza Martinslançou O coração da Pauliceia ain-da bate, Coedição da Editora Unespe Imprensa Oficial. A obra reúne crô-nicas inéditas e textos publicadosnos jornais O Estado de São Pauloe Folha de S.Paulo. 

Literatura e Sonho Operário,homenagem ao escritor, romancis-ta, contista e advogado AntonioPossidonio Sampaio (1931-2016)que foi realizada pela Alpharrabio. Oevento abrigou uma conversa sobresua obra entre alguns amigos e lei-tores que fez durante suasandanças por essas terras. O poe-ta Tarso de Melo fez uma reflexãosobre a atualidade da obra dePossidonio.

O III Salão do Livro Político,realizado no início do mês noTucarena - teatro da PUC-SP-, dis-cutiu sobre a resistência indígena àrevolução em curso das mulheres,a questão dos refugiados e a pro-posta de privatização de bibliotecasàs perspectivas do mercado editori-al. A ex-presidente Dilma Rousseffproferiu palestra sobre a crise bra-sileira.

Oração de São Francisco –Turma da Mônica, livro que abrigauma ilustração especial de Mauríciode Souza, foi lançado pela EditoraAve-Maria.

Enquanto o sono não vem, deJosé Mauro Brant, Editora Rocco,adotado pelo Pacto Nacional pelaAlfabetização na Idade Certa do Mi-nistério da Educação, foi retirado dassalas de aula de Vitória (ES) pordecisão da Prefeitura Municipal. Noconto A triste história de Eredegaldaum rei pede uma das três filhas emcasamento.

divulgação ABL

Marco Lucchesi

Roberto Scarano

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