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DEPRINCPIOS BSICOS
DO COMPORTAMENTOA N L I S E
Moreira_Iniciais.p65 6/9/2006, 14:151
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M838p Moreira, Mrcio BorgesPrincpios bsicos de anlise do comportamento / Mrcio Borges
Moreira, Carlos Augusto de Medeiros. Porto Alegre : Artmed, 2007.224p. : il. ; 25 cm.
ISBN 85-363-0755-2
1. Anlise comportamental. I. Medeiros, CarlosAugusto de. II. Ttulo.
CDU 159.9.019.4
Catalogao na publicao: Jlia Angst Coelho CRB 10/1712
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2007
DEPRINCPIOS BSICOS
DO COMPORTAMENTOA N L I S E
MRCIO BORGES MOREIRA
CARLOS AUGUSTO DE MEDEIROS
Mestre em Psicologia pela Universidade Catlica de Gois (UCG).Doutorando em Anlise do Comportamento pela Universidade de Braslia (UnB).Professor do Instituto de Educao Superior de Braslia (IESB).
Doutor em Psicologia pela Universidade de Braslia.Professor do Instituto de Educao Superior de Braslia (IESB) e doCentro Universitrio de Braslia (UniCeub).
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Artmed Editora S.A., 2007
Capa: Tatiana Sperhacke
Preparao de originais: Mrcia da Silveira Santos
Leitura final: Josiane Tibursky
Superviso editorial: Mnica Ballejo Canto
Projeto grfio e editorao eletrnica: TIPOS design grfico editorial
Reservados todos os direitos de publicao, em lngua portuguesa, ARTMED EDITORA S.A.Av. Jernimo de Ornelas, 670 Santana90040-340 Porto Alegre RSFone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070
proibida a duplicao ou reproduo deste volume, no todo ou em parte,sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao,fotocpia, distribuio na Web e outros), sem permisso expressa da Editora.
SO PAULOAv. Anglica, 1091 Higienpolis01227-100 So Paulo SPFone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333
SAC 0800 703-3444
IMPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAZIL
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Agradecimentos
A todos os nossos alunos que contriburam direta ou indiretamente com idias esugestes para o aprimoramento deste livro.
Ao curso de psicologia do Instituto de Educao Superior de Braslia (IESB;www.iesb.com.br) e ao Professor Joo Cludio Todorov, pelo apoio e incentivona elaborao desta obra.
Aos Professores Graziela Furtado Scarpelli Ferreira, Cristiano Coelho, DiogoSeco, Ricardo Martone, Paula Madsen e Silvia Lordelo, pela valiosa ajuda com areviso do manuscrito que deu origem a este livro.
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Aos Professores
Este livro foi escrito enquanto desenvolvamos e ministrvamos um curso dePrincpios Bsicos de Anlise do Comportamento para alunos de graduao emPsicologia nos moldes do Sistema Personalizado de Ensino (PSI). Na primeiraverso de nosso curso, organizamos uma apostila com textos de Catania, Ferster,Tourinho, entre outros. Para facilitar a compreenso dos alunos em relao atais textos, comeamos a elaborar algumas transparncias e alguns resumosexplicativos. Foi assim que o livro comeou a ser escrito.
Em um curso dado nos moldes do Sistema Personalizado de Ensino, notemos aulas nas quais o professor transmite o contedo para o aluno. O contedoda disciplina cuidadosamente divido (em 20 unidades, no nosso caso), e oaluno seguir passo a passo, mudando de uma unidade para a outra apenas nomomento em que demonstrar total domnio do contedo de cada unidade. Cadaaluno segue em seu prprio ritmo, ou seja, no h datas para as avaliaes, ecada avaliao pode ser refeita quantas vezes forem necessrias para que o alu-no demonstre domnio do assunto abordado. Cada aluno s se submete avalia-o de uma unidade quando se sente preparado para tal. Para que a disciplinapossa funcionar nesses moldes, cada aluno recebe, alm do material a ser estuda-do, instrues claras e objetivas do que e de como estudar o material da disciplina.Alm disso, contamos com a ajuda essencial ao mtodo de tutores (alunosque concluram a disciplina em semestres anteriores). Professores e tutores dadisciplina disponibilizam horrios para o atendimento individual a cada aluno(tirar dvidas, discutir os tpicos abordados, realizar as Verificaes de Aprendiza-gem, etc.). Eventualmente, o professor faz palestras ou demonstraes experi-mentais sobre os assuntos tratados nas disciplinas, sendo voluntria a participa-o do aluno, nestas palestras.
A terceira turma do curso iniciou seu semestre utilizando uma verso destelivro muito prxima verso final, a qual se encontra neste momento em suasmos. J nas primeiras semanas de aula, percebemos uma sensvel diferena nodesempenho dos alunos em comparao primeira turma. Essa diferena refletiu-se objetivamente no nmero de reformulaes das Verificaes deAprendizagem dos alunos.
Ao ler o livro, possvel perceber que a linguagem utilizada estmais prxima daquela empregada por ns em sala de aula do que daque-la encontrada nos textos clssicos. Foi dada grande nfase a exemplosdo cotidiano, e certo esforo foi empreendido para fornecer ilustraesque facilitassem a leitura.
Recomendamos aos professores que fizerem uso deste livro em salade aula que utilizem tambm, da forma como acharem mais conveniente,o material de apoio (vdeos, exerccios e experimentos on-line) empregadoem nosso curso e disponibilizado no website www.walden4.com.br.
Informaes detalhadassobre o PSI podem ser en-contradas em Moreira, M.B. (2004). Em casa de fer-reiro, espeto de pau: o ensi-no de Anlise Experimentaldo Comportamento. Revis-ta brasileira de terapiacomportamental e cogniti-va, 6, p.73-80.
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Aos alunos
Escrevemos um livro sobre Princpios Bsicos de Anlise do Comportamentopara alunos de graduao em Psicologia. Nossa principal orientao ao elabor-lo foi tentar colocar no papel aquilo que falamos em sala de aula. Muitas vezes,o aluno no entende o assunto ao ler um texto, mas entende quando o professortraduz o que est escrito. Por que no escrever logo da forma mais simples?Foi o que fizemos.
Tivemos um certo trabalho para ilustrar o livro para que o leitor tenha menostrabalho para estud-lo. Ao ler cada captulo, estude cuidadosamente cada figura,cada diagrama e cada grfico, presentes no texto. Ainda, para facilitar o estudo,disponibilizamos no website www.walden4.com.br uma srie de vdeos e de exer-ccios. Recomendamos fortemente que se faa bom uso desse material de apoio.
Esperamos que, por meio deste livro, seja possvel conhecer adequadamentea Anlise do Comportamento, uma belssima rea da Psicologia que tem ajudadopsiclogos do mundo inteiro a trabalhar de forma efetiva nos mais diversos cam-pos de atuao do psiclogo, como, por exemplo, em clnica, em organizaes,em escolas, em contexto hospitalar, nos esportes, em educao especial, no trata-mento do autismo, nas comunidades, no planejamento cultural, no tratamentodas mais diversas psicopatologias, nos laboratrios de pesquisa psicolgica (comanimais ou humanos), na psicofarmacologia, na psicologia jurdica e no auxlioa crianas com dficit de aprendizagem ou ateno, entre vrias outras.
Ento, bom estudo e mos obra...
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Prefcio
Em 25 de junho de 2006, Amy Sutherland publicou um artigo no New York Timesde grande sucesso entre os leitores. Assinantes do jornal podem entrar em suapgina na internet e enviar cpias de artigos para amigos por e-mail. Por semanas,depois de publicado o artigo, continuava como um dos preferidos dos leitorespara enviar pela Internet. O ttulo curioso, e o tema inusitado: O que Shamume ensinou sobre um casamento feliz. Shamu um animal e o artigo aborda aexperincia da autora ao descobrir que os mtodos usados por treinadores paraensinar elefantes a pintar, hienas a fazer piruetas, macacos a andar de skate,etc., poderiam ser usados, sem estresse para ensinar boas maneiras a seu ma-rido. O artigo seria um excelente marketing para psiclogos analistas do comporta-mento no fosse por um pormenor: simplesmente no menciona de onde veio oconhecimento. Mais de 70 anos depois da publicao de B. F. Skinner, distinguin-do dois tipos de aprendizagem, respondente e operante, os princpios de anlisedo comportamento desenvolvidos no livro de 1938, Comportamento dos organismos,e no texto de F. S. Keller e W. N. Schoenfeld, Princpios de psicologia, de 1950,parecem estar to consolidados que at fazem parte do senso comum. Em lingua-gem acessvel, sem termos tcnicos, esto em livros de auto-ajuda, em textosvoltados para o comportamento em organizaes, na especificao de roteirospara o ensino a distncia e em outras obras voltadas para o pblico em geral.
A abordagem sistemtica dos conceitos e princpios da anlise do comporta-mento o objetivo maior do texto de Mrcio Borges Moreira e Carlos Augustode Medeiros. Preparado para o curso de graduao em Psicologia do Instituto deEducao Superior de Braslia (IESB) para a utilizao do sistema personalizadode ensino (ou Mtodo Keller), o trabalho foi beneficiado pelo carter experimentaldo ensino, que permite identificar dificuldades e lacunas do texto por meio dasreaes dos leitores. Temos, pois, um livro didtico de leitura fluida, que preparao aluno para entender e usar os termos e conceitos to teis para o desempenhoprofissional do psiclogo.
Joo Claudio TodorovPh.D em Psicologia pela Arizona State University (USA).
Coordenador do Curso de Psicologia do Instituto deEducao Superior de Braslia (IESB) e
professor da Universidade Catlica de Gois (UCG).
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Sumrio
Prefcio ............................................................................................................................. xi
1 O reflexo inato / 17Reflexo, estmulo e resposta ................................................................................. 18
Intensidade do estmulo e magnitude da resposta ............................................. 20
Leis (ou propriedades) do reflexo ........................................................................ 22
Lei da intensidade-magnitude ............................................................................. 22
Efeitos de eliciaes sucessivas da resposta: habituao e potenciao ............ 24
Os reflexos e o estudo de emoes ....................................................................... 25
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................... 28
Bibliografia consultada e sugesto de leitura ...................................................... 28
2 O reflexo aprendido: Condicionamento Pavloviano / 29A descoberta do reflexo aprendido: Ivan Petrovich Pavlov ................................. 30
Vocabulrio do condicionamento pavloviano ...................................................... 32
Condicionamento pavloviano e o estudo de emoes ......................................... 32
Generalizao respondente .................................................................................. 35
Respostas emocionais condicionadas comuns .................................................... 38
Extino respondente e recuperao espontnea ............................................... 38
Contracondicionamento e dessensibilizao sistemtica ................................... 39
Uma palavrinha sobre condicionamento pavloviano ...................................... 42
Condicionamento pavloviano de ordem superior ............................................... 43
Algumas outras aplicaes do condicionamento pavloviano ............................. 44
Fatores que influenciam o condicionamento pavloviano ................................... 45
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................... 46
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................... 46
3 Aprendizagem pelas conseqncias: o reforo / 47O comportamento operante produz conseqncias no ambiente ...................... 48
O comportamento afetado ( controlado) por suas conseqncias ................ 49
Exemplos simples de controle do comportamento por suas conseqncias ..... 50
O reforo ................................................................................................................ 51
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14
Reforadores naturais versus reforadores arbitrrios ......................................... 52
Outros efeitos do reforo ...................................................................................... 53
Extino operante ................................................................................................. 55
Resistncia extino ........................................................................................... 56
Fatores que influenciam a resistncia extino ............................................... 57
Outros efeitos da extino .................................................................................... 58
Modelagem: aquisio de comportamento .......................................................... 60
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................... 62
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................... 62
4 Aprendizagem pelas conseqncias:o controle aversivo / 63
Por que controle aversivo do comportamento? ............................................... 63
Contingncias de reforo negativo ....................................................................... 65
Comportamento de fuga e comportamento de esquiva ...................................... 66
Punio .................................................................................................................. 69
Dois tipos de punio ............................................................................................ 70
Efeitos colaterais do controle aversivo ................................................................. 75
Por que punimos tanto? ....................................................................................... 79
Quais as alternativas ao controle aversivo? ......................................................... 81
Algumas concluses importantes ........................................................................ 83
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................... 83
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................... 84
5 Primeira reviso do contedo / 85O reflexo inato (Captulo 1) ................................................................................. 85
O reflexo aprendido: condicionamento pavloviano (Captulo 2) ....................... 87
Aprendizagem pelas consequncias: o reforo (Captulo 3) ............................... 89
Aprendizagem pelas consequncias: o controle aversivo (Captulo 4) .............. 90
Comportamento operante e comportamento respondente (Reflexo) ................ 91
Principais conceitos revistos ................................................................................. 94
6 Controle de estmulos: o papel do contexto / 97Discriminao operante e operante discriminado ............................................... 98
Contingncia trplice ou contingncia de trs termos ........................................ 98
Treino discriminativo e controle de estmulos .................................................. 100
Generalizao de estmulos operante ................................................................ 101
Classes de estmulos ........................................................................................... 105
O atentar (ateno como um comportamento) ................................................ 106
Abstrao (o comportamento de abstrair) ........................................................ 109
Sumrio
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Moreira & Medeiros 15
Encadeamento de respostas e reforo condicionado ........................................ 111
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................. 115
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................. 115
7 Esquemas de reforamento / 117Esquema de reforo contnuo e esquemas de
reforamento intermitente .............................................................................. 117
Os principais esquemas de reforamento intermitente: FR, VR, FI, VI ........... 118
Comparao entre esquemas intermitente e contnuo ..................................... 123
Padres comportamentais de cada esquema ..................................................... 125
Esquemas no-contingentes e o comportamento supersticioso ....................... 128
Esquemas reguladores da velocidade do responder (taxa de respostas) ......... 129
Reforamento diferencial de outros comportamentos (DRO) .......................... 131
Esquemas compostos .......................................................................................... 131
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................. 134
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................. 135
8 Segunda reviso do contedo / 137Controle de estmulos: o papel do contexto (Captulo 6) ................................. 137
Esquemas de reforamento (Captulo 7) ........................................................... 139
Psicologia e aprendizagem ................................................................................. 141
Principais conceitos revistos ............................................................................... 142
9 A anlise funcional: aplicao dos conceitos / 145Anlise funcional do comportamento ............................................................... 146
Anlise funcional de um desempenho em laboratrio ..................................... 151
Anlise funcional de um caso clnico ................................................................. 155
Uma ltima nota ................................................................................................. 162
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................. 164
10 Atividades de laboratrio / 165Teoria versus teste emprico: um exemplo simples ............................................ 165
Por que estudar o comportamento de animais em um curso de psicologia? ... 166
O laboratrio de condicionamento operante ..................................................... 167
Atividade prtica 1: modelagem ........................................................................ 168
Atividade prtica 2: reforo contnuo da resposta de presso barra (CRF) .. 175
Atividade prtica 3: extino e recondicionamento .......................................... 177
Atividade prtica 4: esquema de reforamento (razo fixa e razo varivel) .. 178
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Atividade prtica 5: esquema de reforamento (intervalo fixo
e intervalo varivel) ......................................................................................... 179
Atividade prtica 6: treino discriminativo (o papel do contexto) .................... 181
Atividade prtica 7: encadeamento de respostas
(comportamentos em seqncia) ................................................................... 182
11 Algumas normas e dicas parase redigir um relatrio cientfico / 191
Noes gerais para confeco do relatrio cientfico ........................................ 192
Regras gerais para a confeco do relatrio cientfico ...................................... 193
Capa ..................................................................................................................... 193
Resumo e palavras-chave ................................................................................... 194
Sumrio ............................................................................................................... 195
Introduo ........................................................................................................... 196
Mtodo ................................................................................................................ 200
Resultados ........................................................................................................... 202
Discusso ............................................................................................................. 203
Referncias bibliogrficas ................................................................................... 204
Anexos ................................................................................................................. 206
Esboo de como ficar o relatrio ...................................................................... 207
Checklist o que checar aps finalizar o relatrio .............................................. 208
12 B. F. Skinner, anlise do comportamentoe o behaviorismo radical / 211
Burrhus Frederic Skinner ................................................................................... 211
Anlise do comportamento ................................................................................ 213
O behaviorismo radical de Skinner .................................................................... 215
Principais conceitos apresentados neste captulo ............................................. 220
Bibliografia consultada e sugestes de leitura .................................................. 221
Sumrio
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C A P T U L O 1
O reflexo inato
Quando o mdico bate o martelo no joelho de um paciente, omsculo de sua coxa contrai-se (voc d um chute no ar);quando a luz incide sobre sua pupila, ela se contrai; quandovoc ouve um barulho alto e repentino, seu corao dispara(taquicardia); quando voc entra em uma sala muito quente,voc comea a suar. Esses so apenas alguns exemplos de com-portamentos reflexos inatos. Note que h algo em comumem todos eles: h sempre uma alterao no ambiente que produzuma alterao no organismo (no corpo do indivduo).
Todas as espcies animais apresentam comportamentos reflexos inatos. Es-ses reflexos so uma preparao mnima que os organismos tm para come-ar a interagir com seu ambiente e para ter chances de sobreviver (Figura 1.1).Se voc colocar seu dedo na boca de um recm-nascido, automaticamente eleir sugar o seu dedo. Da mesma forma, quando o seio da me entra em conta-to com a boca do beb, uma resposta semelhante observada (suco). No
Figura 1.1
Os reflexos inatos so muito importantes para nossa sobrevivncia. As figuras A e Bexemplificam como alguns reflexos inatos nos auxiliam a sobreviver em nossos primeiros contatoscom o mundo.
A B
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necessrio que o recm-nascido aprenda a mamar. Imagine como seria difcilensinar a um beb esse comportamento (mamar). Se voc espetar o p de umbeb, ele contrair sua perna, afastando seu p do objeto que o est ferindo.Esses e inmeros outros reflexos fazem parte do repertrio comportamental(comportamentos de um organismo) de animais humanos e no-humanos desdeo momento de seu nascimento (e at mesmo da vida intra-uterina); por isso,so chamados reflexos inatos.
No dia-a-dia, utilizamos o termo reflexo em expresses como aquele goleirotem um reflexo rpido, o reflexo da luz cegou seu olho por alguns instantes ou voctem bons reflexos. O termo reflexo tambm foi empregado por alguns psiclogos efisiologistas para falar sobre comportamento. Neste captulo, discutiremos oscomportamentos chamados reflexos, especialmente dos reflexos inatos. Para tan-to, necessrio que, antes de falarmos sobre os comportamentos reflexos, especi-fiquemos o que , para ns (psiclogos), um reflexo.
Na linguagem cotidiana (por exemplo, aquele goleiro tem um reflexo rpido),utilizamos o termo reflexo como um sinnimo de resposta, ou seja, aquilo que oorganismo fez. Em psicologia, quando falamos sobre comportamento reflexo, otermo reflexo no se refere quilo que o indivduo fez, mas, sim, a uma relao entreo que ele fez e o que aconteceu antes de ele fazer. Reflexo, portanto, uma relaoentre estmulo e resposta, um tipo de interao entre um organismo e seu ambiente.
Reflexo, estmulo e resposta
Para compreendermos o que reflexo, ou seja, uma relao entre estmulo eresposta, necessrio que antes saibamos claramente o que um estmulo e oque uma resposta. Os termos estmulo e resposta so amplamente usados porns na linguagem cotidiana. O significados desses dois termos, ao se referir acomportamento, so, no entanto, diferentes do uso cotidiano. Quando falamossobre comportamento reflexo, esses termos adquirem significados diferentes:estmulo uma parte ou mudana em uma parte do ambiente; resposta umamudana no organismo (Figura 1.2). Analise os exemplos de reflexos da Tabela1.1 tentando relacion-los aos conceitos de estmulo e resposta apresentadosanteriormente.
Note que na Tabela 1.1 temos a descrio de quatro reflexos, ou seja, a descriode cinco relaes entre o ambiente (estmulo) e o organismo (resposta). No re-
flexo fogo prximo mo contrao dobrao, fogo prximo mo uma mu-dana no ambiente (no havia fogo; agorah), e contrao do brao uma mudanano organismo (o brao no estava contra-do; agora est) produzida pela mudana noambiente. Portanto, quando mencionamosreflexo, estamos nos referindo s relaesentre estmulo e resposta que especificamque determinada mudana no ambiente
O reflexo inato
Tabela 1.1 EXEMPLOS DE REFLEXOS
Estmulo Resposta
fogo prximo mo contrao do brao
martelada no joelho flexo da perna
alimento na boca salivao
barulho estridente sobressalto
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Moreira & Medeiros 19
Estmulos (S) Respostas (R)
Mudana no Ambiente Mudana no Organismo
(produz)
REFLEXO
Figura 1.2
Reflexos so relaes entre estmulos e respostas. Respostas so mudanas em nosso orga-nismo produzidas por mudanas no ambiente. A relao entre estmulo e resposta chamadareflexo.
produz determinada mudana no organismo. Dito em termos tcnicos, o refle-xo uma relao entre um estmulo e uma resposta na qual o estmulo elicia a resposta.
comum em cincia termos smbolos para representar tipos diferentes defenmenos, objetos e coisas. Em uma cincia do comportamento no seriadiferente. Ao longo deste livro, voc aprender diversos smbolos que representamos aspectos comportamentais e ambientais envolvidos nas interaes organis-mo-ambiente. Para falar de comportamento reflexo, utilizaremos a letra S pararepresentar estmulos e a letra R para representar respostas. A relao entreestmulo e resposta representada por uma seta (). Quando a anlise compor-tamental envolve dois ou mais reflexos, comum haver ndices nos estmulos(S
1, S
2, S
3, ...) e nas respostas (R
1, R
2, R
3, ...). O reflexo patelar, por exemplo, pode-
ria ser representado assim:
S1 R1ou seja, S
1 o estmulo (batida de um martelo no joelho) e R
1 a resposta (flexo
da perna). A seta significa que o estmulo produz (elicia) a resposta. Dizemos,
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nesse caso, que S1 elicia R
1, ou que a batida de um martelo no joelho elicia a
resposta de flexo da perna. A Tabela 1.2 apresenta vrios exemplos de estmulose respostas. Quando h um X na coluna S, trata-se de um estmulo. Quandoo X est na coluna em R, trata-se do exemplo de uma resposta. Quandohouver apenas um trao __ nas colunas S e R, significa que necessriocompletar a tabela marcando um X na coluna S para estmulos e um X nacoluna R para respostas.
Intensidade do estmulo e magnitude da resposta
Antes de estudarmos um pouco mais as relaes entre os estmulos e as repostas, necessrio conhecermos os conceitos de intensidade do estmulo e magnitu-de da resposta. Tanto intensidade como magnitude referem-se ao quanto deestmulo (intensidade) e ao quanto de resposta, ou fora do estmulo e fora da resposta, como falamos na linguagem cotidiana. Tomemos como exemploo reflexo patelar (Figura 1.3a). Nele, o estmulo a martelada no joelho, e adistenso da perna a resposta. Nesse caso, a fora com que a martelada dada a intensidade do estmulo, e o tamanho da distenso da perna a magnitudeda resposta. Quando entramos em uma sala muito quente, comeamos a suar.
Nesse exemplo de comportamento reflexo, o estmu-lo o calor (temperatura), e a resposta o ato desuar. A intensidade do estmulo, nesse caso, medi-da em graus Celsius (25o, 40o, 30o, etc.), e a magnitu-de da resposta medida pela quantidade de suorproduzido (10 mililitros, 15 mililitros...).
A Tabela 1.3 apresenta alguns exemplos de est-mulos e respostas e informa como poderamos medi-los. A primeira coluna da Tabela 1.3 (S ou R)indica se o exemplo um estmulo (S) ou uma res-posta (R). A terceira coluna apresenta uma formade medir esses estmulos e essas respostas. Note queas formas de medir, colocadas na Tabela 1.3, repre-sentam apenas algumas possibilidades de men-surao de estmulos e respostas.
Aprender a observar e medir o comportamento extremamente importante para o psiclogo. Inde-pendentemente da nossa vontade, sempre estamosfazendo referncia, mesmo que implicitamente, aalguma medida de comportamento. At mesmo oleigo faz isso quando, por exemplo, pergunta: Vocficou com muito medo naquele momento?; O quemais excita voc: palavras ou cheiros?. Muito, pou-co, mais, menos estas no so medidas muito boas,mas fazem referncia direta a elas. Por isso, devemosser hbeis em mensurar o comportamento.
O reflexo inato
Tabela 1.2 ESTMULO (S) OU RESPOSTA (R)
Eventos S R
Cisco no olho X
Sineta do jantar
Ruborizao (ficar vermelho)
Choque eltrico X
Luz no olho
Lacrimejo X
Arrepio
Som da broca do dentista
Aumento na freqncia cardaca X
Contrao pupilar X
Suor
Situao embaraosa
Cebola sob olho X
Comida na boca
Piscada
Salivao X
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Moreira & Medeiros 21
Tabela 1.3 EXEMPLOS DE ESTMULOS E RESPOSTAS E SUAS MEDIDAS
S ou R Estmulo/resposta Como medir?
S Som, barulho Altura em decibis
R Salivar Gotas de saliva (em mililitros)
R Contrao pupilar Dimetro da pupila (em milmetros)
S Choque eltrico Volts
S Calor Graus Celsius
R Taquicardia Nmero de batimentos por minuto
R Suor (sudorese) Mililitros de suor produzido
R Contrao muscular Fora da contrao em Newtons
S Alimento Quantidade em gramas
(a)
(b)
Antes do estmulo Estmulo(luz)
Resposta(contrao pupilar)
Antes do estmulo Estmulo(martelada)
Resposta(movimento)
Figura 1.3
Mudanas no ambiente produzem mudanas no organismo. (a) reflexo patelar. (b) reflexopupilar.
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Leis (ou propriedades) do reflexo
Ao longo dos trs ltimos sculos, vrios pesquisadores, entre eles alguns psiclo-gos, estudaram os reflexos inatos de humanos e no-humanos, buscando com-preender melhor esses comportamentos e identificar suas caractersticas princi-pais e seus padres de ocorrncia. Estudaremos, a seguir, algumas das descobertasdesses pesquisadores.
O objetivo de uma cincia buscar relaes uniformes (constantes) entreeventos, e foi exatamente isso que os cientistas que estudaram (e estudam) ocomportamento reflexo fizeram: eles buscaram identificar relaes constantes
entre os estmulos e as respostas por eles eliciadas que ocorressem damesma forma nos mais diversos reflexos e nas mais diversas espcies.Essas constncias nas relaes entre estmulos e respostas so chamadasleis (ou propriedades) do reflexo. Examinaremos, a seguir, tais leis.
Lei da intensidade-magnitude
A lei da intensidade-magnitude estabelece que a intensidade do estmulo umamedida diretamente proporcional magnitude da resposta, ou seja, em um refle-xo, quanto maior a intensidade do estmulo, maior ser a magnitude da resposta(ver Figura 1.4). Tomando novamente como exemplo o reflexo que compreendeum barulho alto (estmulo) e um susto (resposta), teramos o seguinte: quanto
Um evento qualquer mu-dana que ocorra no mundo.
Antes doestmulo
Estmulo (S)(intensidade)
Resposta (R)(magnitude)
Figura 1.4
Quanto mais intenso um estmulo, mais intensa ser a resposta eliciada por ele. Quantomaior a intensidade do estmulo (calor), maior a magnitude da resposta (suor).
O reflexo inato
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mais alto o barulho, maior o susto. Quando voc abre a janela do seu quarto pelamanh, aps acordar, a luz (estmulo) que incide sobre seus olhos elicia a contra-o de suas pupilas (resposta). Segundo a lei da intensidade-magnitude, quantomais claro estiver o dia, mais suas pupilas iro se contrair.
Lei do limiarEsta lei estabelece que, para todo reflexo, existe uma intensidade mnima doestmulo necessria para que a resposta seja eliciada. Um choque eltrico umestmulo que elicia a resposta de contrao muscular. Segundo a lei do limiar,existe uma intensidade mnima do choque (de 5 a 10 volts, apenas como exemplo esses valores so fictcios, e o valor do limiar individual) que necessria paraque a resposta de contrao muscular ocorra. Essa faixa de valores, no exemplo,que varia de 5 a 10 volts, chamada limiar. Portanto, valores abaixo do limiarno eliciam respostas, enquanto valores acima do limiar eliciam respostas. Hainda outra caracterstica importante sobre o limiar do reflexo. Percebeu-se queo limiar no um valor definido. Nesse exemplo, o limiar compreende valoresentre 5 e 10 volts; sendo assim, choques aplicados com intensidades variandoentre 5 e 10 volts (limiar) s vezes eliciaro a resposta de contrao muscular, svezes no. O grfico apresentado na Figura 1.5 mostra essa relao entre a inten-sidade do estmulo e a eliciao da resposta.
Sem suor Sem suor Suor (resposta)
Figura 1.5
Lei do limiar. Existe uma intensidade mnima do estmulo necessria para eliciar uma resposta. S a partir do terceiroquadro o suor produzido.
Lei da latnciaLatncia o nome dado a um intervalo entre dois eventos. No caso dos reflexos,latncia o tempo decorrido entre apresentao do estmulo e a ocorrncia daresposta. A lei da latncia estabelece que, quanto maior a intensidade do est-mulo, menor a latncia entre a apresentao desse estmulo e a ocorrncia daresposta (ver Figura 1.6). Barulhos altos e estridentes (estmulos) geralmentenos eliciam um susto (resposta). Segundo a lei da latncia, quanto mais alto for
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Tempo30 segundos
Antes do estmulo Estmulo (S)
Tempo10 segundos
Figura 1.6
Lei da latncia. Quanto mais fraco o estmulo (menor intensidade), mais tempo se passar entrea apresentao do estmulo e a ocorrncia da resposta, ou seja, maior ser a latncia da resposta.
Resposta (R)
o barulho, mais rapidamente haver contraes musculares que caracterizam osusto.
Alm da latncia entre apresentao, estmulo e ocorrncia da resposta, aintensidade do estmulo tambm possui uma relao diretamente proporcional durao da resposta: quanto maior a intensidade do estmulo, maior a duraoda resposta. Quando um vento frio passa por nossa pele (estmulo), ns nosarrepiamos (resposta). Voc j deve ter tido alguns arrepios mais demoradosque outros. O tempo pelo qual voc ficou arrepiado diretamente proporcional intensidade do frio, ou seja, quanto mais frio, mais tempo dura o arrepio.
Efeitos de eliciaes sucessivas da resposta:habituao e potenciao
Outra caracterstica importante dos reflexos so os efeitos que as eliciaes suces-sivas exercem sobre eles. Quando um determinado estmulo, que elicia umadeterminada resposta, apresentado ao organismo vrias vezes seguidas, emcurtos intervalos de tempo, observamos algumas mudanas nas relaes entre oestmulo e a resposta.
Quando um mesmo estmulo apresentado vrias vezes em curtos intervalosde tempo, na mesma intensidade, podemos observar um decrscimo na magnitu-de da resposta. Chamamos esse efeito na resposta de habituao (ver Figura1.7). possvel notar facilmente tal fenmeno se algum tivesse que prepararuma refeio para um nmero grande de pessoas e, para isso, fosse necessriocortar vrias cebolas. Ao cortar as primeiras cebolas, o olho lacrimejaria bastante.
O reflexo inato
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(a)
1a
2a
3a
(b)
Figura 1.7
Habituao do reflexo. Quando somos expostos a um determinado estmulo por um tempo prolongado, a magnitu-de da resposta tende a diminuir. Na figura (a), a cada cebola cortada (uma aps a outra), diminui a quantidade delacrimejao. Quando estamos em um local barulhento, (figura b) aps alguns minutos, temos a impresso de que obarulho diminuiu.
Aps algumas cebolas estarem descascadas, seria perceptvel que as lgrimasnos olhos teriam diminudo ou cessado.
Para alguns reflexos, o efeito de eliciaes sucessivas exatamente oposto dahabituao. medida que novas eliciaes ocorrem, a magnitude da respostaaumenta (ver Figura 1.8).
Os reflexos e o estudo de emoes
Um aspecto extremamente relevante do comportamento humano so as emoes(medo, alegria, raiva, tristeza, excitao sexual, etc.). Voc j deve ter dito ou
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ouvido falar a seguinte frase: Na hora no consegui controlar(minhas emoes). J deve ter achado estranho e, at certoponto, incompreensvel por que algumas pessoas tm algu-mas emoes, como ter medo de pena de aves ou de baratas,ou ficar sexualmente excitadas em algumas situaes nomnimo estranhas, como coprofilia e necrofilia. Muitasdessas emoes que sentimos so respostas reflexas a est-mulos ambientais. Por esse motivo, difcil controlar umaemoo; to difcil quanto no querer chutar quando omdico d uma martelada em nosso joelho.
Os organismos, de acordo com suas espcies, nascem dealguma forma preparada para interagir com seu ambiente.Assim como nascemos preparados para contrair um mscu-lo quando uma superfcie pontiaguda pressionada contranosso brao, nascemos tambm preparados para ter algu-mas respostas emocionais quando determinados estmu-los surgem em nosso ambiente. Inicialmente, necessriosaber que emoes no surgem do nada. As emoes surgemem funo de determinadas situaes, de determinados con-textos. No sentimos medo, alegria ou raiva sem motivo;sentimos essas emoes quando algo acontece. Mesmo que
a situao que causa uma emoo no seja aparente, isso no quer dizer que elano exista, podendo ser at mesmo um pensamento, uma lembrana, uma m-sica, uma palavra, etc. (isto ficar mais fcil de entender no Captulo 2, quandotrataremos da aprendizagem de novos reflexos).
Outro ponto importante a ser considerado que boa parte (no tudo) daquiloque entendemos como emoes diz respeito fisiologia do organismo. Quandosentimos medo, por exemplo, uma srie de reaes fisiolgicas esto acontecendoem nosso corpo: as glndulas supra-renais secretam adrenalina, os vasos san-
gneos perifricos contraem-se, e o sangue concentra-se nos ms-culos (ficar branco de medo), entre outras reaes fisiolgicas (Fi-gura 1.9). Da mesma forma, quando sentimos raiva, alegria, ansie-dade ou tristeza, outras mudanas em nossa fisiologia podem serdetectadas utilizando-se aparelhos prprios. Esse aspecto fisiolgicodas emoes fica claro quando falamos sobre o uso de medicamentos
(ansiolticos, antidepressivos, etc.). Os remdios que os psiquiatras preescrevemno afetam a mente humana, mas, sim, o organismo, a sua fisiologia. Quandonos referimos s emoes (sobretudo s sensaes), estamos falando, portanto,sobre respostas dos organismos que ocorrem em funo de algum estmulo (-situao). Os organismos nascem preparados para ter algumas modificaes emsua fisiologia em funo de alguns estmulos. Por exemplo, se um barulho alto eestridente produzido prximo a um beb recm-nascido, poderemos observarem seu organismo as respostas fisiolgicas que descrevemos anteriormente comoconstituintes do que chamamos medo.
Em algum momento da evoluo das espcies (teoria de Charles Darwin),ter determinadas respostas emocionais em funo da apresentao de alguns
Excitar-se na presena de fezes. Relaes sexuais com pessoasmortas.
O reflexo inato
Figura 1.8
Potenciao do reflexo. Voc estassistindo a uma aula chata e o profes-sor fala OK? o tempo todo. Pouco apouco os OKs? vo ficando mais emais irritantes. Isso um exemplo de po-tenciao (ou sensibilizao) do reflexo.
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estmulos mostrou ter valor de sobrevivncia. O mundo, na poca em que oprimeiro ser humano apareceu, provavelmente era mais parecido com o daFigura 1.10 do que com o mundo que conhecemos hoje.
O valor de sobrevivncia das emoespara as espcies pode ser ilustrado na Fi-gura 1.10. Provavelmente o animal queest sendo atacado pelo tigre (estmulo)est sentindo algo semelhante ao que cha-mamos de medo (resposta emocional): seucorao est batendo mais rapidamente,seus vasos sangneos perifricos contra-ram-se, retirando o sangue da superfciede sua pele e concentrando-o nos mscu-los. Essas respostas fisiolgicas em relao situao mostrada (o ataque do tigre) tor-nam mais provvel que o animal escapecom vida do ataque: se o sangue saiu dasuperfcie de sua pele, arranhes produzi-
Aumento nafreqncia cardaca
Constrio capilar(ficar branco de
medo)
Secreo deadrenalina
REFLEXO
Estmulo Resposta MEDO (emoo)
RESPOSTAS FISIOLGICAS
Figura 1.9
Como o reflexo est relacionado com as emoes que sentimos? Quando sentimos uma emoo, como omedo, vrias alteraes esto ocorrendo em nosso corpo.
Figura 1.10
Emoes para qu? Ilustrao de como emoes (medo, porexemplo) tm valor de sobrevivncia para as espcies.
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ro menos sangramento, se o sangue concentra-se nos msculos, o animal sercapaz de correr mais velozmente e de dar coices mais fortes. Utilizamos comoexemplo o medo por acharmos mais ilustrativo, mas o mesmo raciocnio aplica-se a outras emoes, sejam ou no consideradas prazerosas para ns.
No h dvidas hoje de que boa parte daquilo que conhecemos como emoesenvolve relaes (comportamentos) reflexas, ou seja, relaes entre estmulosdo ambiente e respostas (comportamento) dos organismos.
Principais conceitos apresentados neste captulo
Conceito Descrio Exemplo: reflexo salivar
Estmulo Qualquer alterao ou parte do Comida colocada na boca faz oambiente que produza uma organismo salivar.mudana no organismo
Resposta Qualquer alterao no organismo Saliva produzida pela colocao deproduzida por uma alterao no comida na boca.ambiente (estmulo)
Reflexo uma relao entre um estmulo Comida elicia (produz) salivao.especfico e uma respostaespecfica
Intensidade a fora (ou quantidade) de um Quantidade de comida colocada nado estmulo determinado estmulo boca (3 gramas, 7 gramas...).
Magnitude a fora de uma determinada Quantidade de saliva produzidada resposta resposta (2 gotas, 3 gotas, 2 mililitros,
4 mililitros...).
Bibliografia consultada e sugestes de leitura
Catania. A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognio. PortoAlegre: Artmed. Captulo 4: Comportamento eliciado e comportamento reflexo.
Millenson, J. R. (1975). Princpios de anlise do comportamento. Braslia: Coordenada.Captulo 2: Comportamento reflexo (eliciado)
Wood, E. G., Wood, S. E. e Boyd, D. (2005). Learning. [On-line]. Disponvel:http://www.ablongman.com/samplechapter/0205361374.pdf. Recuperado em 12de maio de 2005.
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