AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de...

16
ANO III N O 21 AGOSTO / 2008 Impresso Impresso Impresso Impresso Impresso Especial Especial Especial Especial Especial 580/2004-DR/GT UFG CORREIOS PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Resultado do Enade confirma qualidade da instituição (pág. 10) Joel Ulhôa mostra sua visão sobre a universidade contemporânea (pág. 3) UFG participa de rede de pesquisas sobre biocombustíveis (págs. 8 e 9 ) AÇÕES AFIRMATIVAS AÇÕES AFIRMATIVAS Mudanças no vestibular incluem cotas, novos cursos e ampliação de vagas Mudanças no vestibular incluem cotas, novos cursos e ampliação de vagas O programa UFG In- clui foi aprovado no dia primeiro de agosto e pre- vê uma série de novida- des referentes ao proces- so seletivo e à permanên- cia dos estudantes na uni- versidade. A principal mudança é a adoção de cotas para alunos egres- sos da escola pública e para negros, também oriundos da rede pública de ensino, e já é válida para o próximo vestibu- lar. Além do sistema de cotas, o UFG Inclui con- templa, caso haja deman- da específica, uma vaga adicional em cada curso para índios e negros qui- lombolas. Ainda para o processo seletivo 2009 está prevista a implanta- ção de 25 novos cursos de graduação e a criação de mais vagas e turmas em cursos já existentes. (págs. 6 e 7)

Transcript of AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de...

Page 1: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

ANO III NO 21 AGOSTO / 2008

ImpressoImpressoImpressoImpressoImpressoEspecialEspecialEspecialEspecialEspecial

580/2004-DR/GTUFG

CORREIOS

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Resultado doEnade confirma

qualidade dainstituição

(pág. 10)

Joel Ulhôa mostrasua visão sobre a

universidadecontemporânea

(pág. 3)

UFG participade rede de

pesquisas sobrebiocombustíveis

(págs. 8 e 9 )

AÇÕES AFIRMATIVASAÇÕES AFIRMATIVASMudanças no vestibularincluem cotas, novos cursose ampliação de vagas

Mudanças no vestibularincluem cotas, novos cursose ampliação de vagas

O programa UFG In-clui foi aprovado no diaprimeiro de agosto e pre-vê uma série de novida-des referentes ao proces-so seletivo e à permanên-cia dos estudantes na uni-versidade. A principalmudança é a adoção decotas para alunos egres-sos da escola pública epara negros, tambémoriundos da rede públicade ensino, e já é válidapara o próximo vestibu-lar. Além do sistema decotas, o UFG Inclui con-templa, caso haja deman-da específica, uma vagaadicional em cada cursopara índios e negros qui-lombolas. Ainda para oprocesso seletivo 2009está prevista a implanta-ção de 25 novos cursos degraduação e a criação demais vagas e turmas emcursos já existentes.(págs. 6 e 7)

Page 2: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

2

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ANO III – NO 21 – AGOSTO 2008

ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus SamambaiaC.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 – Fax: (62) 3521-1169www.ufg.br – [email protected] – www.ascom.ufg.br

ReitoriaReitor: Edward Madureira Brasil; Vice-reitor: BeneditoFerreira Marques; Pró-reitora de Graduação: SandramaraMatias Chaves; Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação:Divina das Dores de Paula Cardoso; Pró-reitor de Exten-são e Cultura: Anselmo Pessoa Neto; Pró-reitor de Admi-nistração e Finanças: Orlando Afonso Valle do Amaral;Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e RecursosHumanos: Jeblin Antônio Abraão; Pró-reitor de Assuntosda Comunidade Universitária: Ernando Melo Filizzola.

Jornal UFGAssessor de imprensa e editor-geral: Magno Medeiros;Editora executiva: Silvana Coleta Santos Pereira; Editoraassistente: Silvânia de Cássia Lima; Conselho Editorial:Angelita Pereira, Goiamérico Felício Santos, Maria das

OPINIÃO Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

CÂMPUS EM FOCOEDITORIAL

SANDRAMARACHAVES*

Graças Castro, Silvana Coleta Santos Pereira,Venerando Ribeiro de Campos, Mercês PietschCunha Mendonça; Suplentes: Valéria MariaSoledade de Almeida e Ellen Synthia Fernandesde Oliveira; Revisão: Ana Paula Ribeiro e MariaJosé Soares; Projeto gráfico e editoraçãoeletrônica: Cleomar Gomes Nogueira; Fotografia:Carlos Siqueira, Repórter: Maria Glória; Equipeadministrativa: Amália Magalhães e Leny Borges.Bolsistas: Allan Kardec Braga (design gráfico);Vinícius Batista (fotografia) e Ana Paula Vieira,Ana Flávia Alberton, José Eduardo Umbelino,Katiéllen Bonfanti, Lutiane Portílho, Pedro IvoFreire e Rodrigo Vilela (Jornalismo).

Impressão: Centro Editorial e Gráfico da UFG(Cegraf)

Graduação naUFG: expansão,inclusão equalidade deensino

O secre tár io deAcompanhamento Eco-nômico do Ministérioda Fazenda, Ne lsonBarbosa, participou depalestra promovida pelaUFG e pela Federaçãodas Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), nodia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosaafirmou que o crescimento econômicodo Brasil em 2009 deverá ser de 4,5% eque esse índice reflete os choques ex-ternos na economia mundial e as me-didas adotadas pelo governo no comba-te à inflação. Ele argumentou que se ocrescimento da carga tributária tives-se ocorrido sem distribuição de renda,ou seja, sem um retorno direto para asociedade, o País estaria em uma situ-

UFG e Fieg promovem palestra sobre economia

Soroprevalência da Hepatite C e do HIVem gestantes do estado de Goiás: Programade Proteção à Gestante é o título da dis-sertação de mestrado de Zelma BernardesCosta, da Faculdade de Medicina da UFG,que foi premiada como o melhor trabalhoapresentado na Jornada Goiana de Gine-cologia e Obstetrícia, realizada no últimomês de junho. O estudo foi orientado pe-las professoras Celina Maria TurchiMartelli e Marisa Martins Avelino, do Ins-tituto de Patologia Tropical e Saúde Públi-ca (IPTSP) da UFG. Zelma utilizou dadosdo Instituto de Diagnóstico e Prevençãoda Apae de Goiânia, referentes aos anosde 2003, 2004 e 2005. Segundo ela, o estu-do é extremamente importante porque amaioria das infecções em crianças é her-

Dissertação ganha prêmio em Medicina

dada das mães. “Com ele, podemos estimara prevenção de cerca de 15 casos de HIVneonatal, por ano, no estado de Goiás”, ar-gumentou Zelma.

Div

ulg

ação

Car

los

Siq

uei

ra

A Universidade Federal de Goiás está vivendo um momen-to extremamente profícuo no que diz respeito à graduação. Coma expansão, ela demonstra maturidade acadêmica, administra-tiva e compromisso social, ao implementar projetos da enver-gadura do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Ex-pansão das Universidades Federais (Reuni) e do Programa deInclusão (UFG Inclui), de ações afirmativas.

O Reuni ampliará significativamente o número de vagasda graduação nos próximos quatro anos. Está prevista a cria-ção de, no mínimo, 30 cursos, em Goiânia, Jataí, Catalão eGoiás. Conseqüentemente, haverá mudanças na estrutura fí-sica, aquisição de equipamentos e investimento na assistên-cia estudantil, além de uma significativa ampliação do quadrode servidores docentes e técnico-administrativos.

O UFG Inclui dá respostas à sociedade que mantém a insti-tuição. Ele contempla, desde a inscrição no Processo Seletivo decandidatos provenientes de escola pública e de candidatosautodeclarados negros também de escola pública, a cota de 10%para cada uma dessas duas categorias em cada curso, até oacompanhamento e promoção da permanência na universidadedesses estudantes, passando pelo aproveitamento da nota doExame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a criação de Curso Li-vre (cursinho pré-vestibular) para egressos de escola pública.

O conjunto das políticas da instituição, mais particular-mente, da Pró-reitoria de Graduação, está voltado para a im-plementação de estratégias que contemplem os objetivos daexpansão e da inclusão, sem perder de vista a qualidade deensino que sempre caracterizou os cursos da UFG. Dentre es-sas políticas, destacam-se:– elaboração e aperfeiçoamento dos Projetos Pedagógicos de

Curso, em observância às Diretrizes Curriculares Nacio-nais, às grandes transformações socioeconômicas, cultu-rais e tecnológicas e às demandas postas para a formaçãode cidadãos/profissionais nas diferentes áreas;

– consolidação dos estágios por meio da implementação deum sistema de informatização, da publicação, em cader-nos, do regulamento e da ampliação de convênios;

– implementação de programas como PET, PME, Prolicen, PECG,Pibid, MAB, Prodocência;

– consolidação do Programa Formação para a Docência noEnsino;

– consolidação do Fórum Permanente de Graduação;– revisão do Regulamento Geral dos Cursos de Graduação

(RGCG) e aperfeiçoamento do Sistema Acadêmico da Gra-duação;

– promoção da interação com o Ensino Médio por meio dosprojetos UFG Vai à Escola, a Escola Vem à UFG e Corrigin-do Redação na UFG;

– ampliação e consolidação da política de formação de pro-fessores;

– consolidação da Educação a Distância.Em síntese, a expansão e a inclusão ora promovidas pela

UFG concretizam, de forma arrojada, a ampliação e a demo-cratização do acesso a esta instituição, configurando o seucompromisso com o ensino público de qualidade, com a pro-dução e difusão de conhecimento, expressos no quase meioséculo de sua existência.

*Professora Sandramara Matias ChavesPró-reitora de Graduação da UFG e presidente do Fórum

de Pró-reitores de Graduação das Universidade Brasileiras(Forgrad)

A professora do Instituto de Pato-logia Tropical e Saúde Pública (IPTSP)da UFG, Ana Lúcia Andrade, ganhouMenção Elogiosa por pesquisa apresen-tada em junho no 6th International Sym-posium on Pneumococci & PneumococcalDiseases (ISPPD), realizado em Reykja-vik, capital da Islândia. Ana Lúcia e asalunas do doutorado em Medicina Tro-pical, Caritas Franco e Licia Melo, visi-taram 62 das 70 creches de Goiânia parafazer a vigilância, determinar fatores derisco e avaliar a distribuição espacialde cepas de pneumococos resistentesà penicilina. A pesquisa, inédita, foirealizada em parceria com as Secreta-rias de Saúde e Educação do municípioe financiada pelo Conselho Nacional de

Pesquisa em creches ganha destaque internacional

Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq).

Vin

íciu

s B

atis

ta

ação mais vulnerável. "A polít ica detransferência de renda acelerou o cres-cimento", afirmou. Segundo o secretá-rio, chegou-se ao novo número com basenos dados disponíveis atualmente, masesse dado poderá ser revisado até o en-vio da lei orçamentária. Até lá, novasanálises serão feitas e o governo deverádebater internamente o assunto paraanunciar uma nova projeção oficial.

Page 3: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

3MEMÓRIA Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Entrevista: Joel Pimentel deUlhôa por Maria Glória

ilósofo, de natureza con-testatória, apreciador dapolêmica e grande defen-

sor das atividades culturais, oprofessor emérito Joel Pimen-tel de Ulhôa, doutor em Filoso-fia pela USP, com pós-doutora-do em Paris, na École des Hau-tes Édudes en Sciences Sociales,administrou a UniversidadeFederal de Goiás (UFG) duran-te o período de 1986 a 1989.Foi o primeiro reitor eleito pelovoto direto. Com uma campa-nha acalorada, Ulhôa diz quesua gestão foi marcada pelasdiscussões de temas polêmicos,pela participação de todos osseguimentos da instituição e desetores importantes da socieda-de, pelo grande crescimento fí-sico da instituição e pela valo-rização da cultura.

O senhor entrou para a uni-versidade pouco depois dacriação da instituição. Perío-do dominado pelo regime mi-litar. Como o senhor avaliaessa fase da UFG?

Joel Ulhôa – Entrei paraa UFG em 1968. Vivíamos umperíodo muito ruim: os cidadãosbrasileiros e as instituições deensino viviam sob controle deórgãos ligados ao regime mili-tar. A universidade não esca-pou dessa ditadura. Havia pou-cos e inexpressivos movimen-tos de contestação do regime.Participei desses movimentos eisso, de certa forma, marcou oinício da minha vida profissi-onal dentro da universidade.Passei, por exemplo, por umbom tempo, a ser visto pelosórgãos de segurança como um‘cara suspeito’. Em meio a esseclima ditatorial, a universida-de brasileira acabou sofrendomuito. A ditadura machucou,maltratou as instituições,principalmente as universida-des, por serem de naturezacrítica e que não podem flo-rescer num clima de restriçãoà liberdade de pensamento.Mas elas não deixaram decrescer e amadurecer também.Essa é uma das vantagens dosmomentos de crise. Eu gostomuito dessa palavra ‘crise’. Deorigem grega, ela significaparto. E como em todo parto,a dor e a esperança estão sem-pre presentes.

Como se deu esse crescimen-to das universidades brasi-leiras?

Joel Ulhôa – Passados osmomentos de crise, surgiu en-tão algo novo. O Brasil come-çou a respirar com um poucomais de consciência, eu diria,cívica. Houve uma busca, umdesejo de democratização dasinstituições. A experiência dademocracia dentro das univer-sidades foi enriquecida, porexemplo, pela abertura dos de-bates e da palavra e com as elei-ções diretas para os seus ad-ministradores.

O senhor se classifica comoum homem político. Antesmesmo de entrar para a uni-versidade já atuava em movi-

“As universidadesexistem para

criar uma cultura,mudar a sociedade”

mentos políticos de estudan-tes e de bancários. Como foia sua experiência políticadentro da UFG?

Joel Ulhôa – Vivo a polí-tica por vocação. Já fui sindi-calista, quando funcionário doBanco do Brasil, antes de en-trar na universidade, e partici-pante do movimento estudantildesde o secundário. Na UFGtambém tive, sempre, atuaçãopolítica, tendo sido um dos fun-dadores da Adufg e da equipede seus primeiros dirigentes. Apolítica é uma coisa muito no-bre, que se manifesta em to-dos os sentidos, dentro e foradas salas de aula, direta ou in-diretamente, na vida, na soci-edade e em cada um de nós. Eusempre fiz questão de fazer dapolítica um compromisso com ademocracia e com os valoresque dignificam o ser humano ea vida comunitária. Em minhasaulas de Filosofia, por exemplo,nunca discutíamos somente oabstrato pelo abstrato. Buscá-vamos conceitos a partir dadiscussão, da polêmica, ras-treando o significado do real.Tentava mostrar aos alunos adimensão civilizatória e liber-tadora da polêmica. A discor-dância do aluno para com oprofessor deve existir, deveser estimulada. Sem ela nãohá vida intelectual ativa e for-mamos robôs.

Com uma atuação política for-te dentro da UFG, seria natu-ral surgir o seu nome para adisputa das primeiras elei-ções diretas para reitor. Foiassim mesmo que ocorreu?

Joel Ulhôa – Sim. Essaparticipação ativa contribuiupara a lembramça de meu nomepara essa disputa. O slogan daminha campanha foi ‘Vamosconstruir juntos a universida-de que queremos’. Concorri, naépoca, com vários excelentescolegas. E a disputa foi acirra-

da e acalorada. As pessoas sen-tiram uma necessidade muitogrande de se expressar. E issoera visível e se tornou possível,da forma mais ampla e demo-crática, com o fim do regime mi-litar. Essa era, afinal, a primei-ra eleição direta para reitor daUFG.

Como o senhor encontrou aadministração da UFG após oregime militar?

Joel Ulhôa – A professo-ra Maria do Rosário Cassimiro,reitora que me precedeu, foiuma boa administradora e, delonga data, uma professora com-prometida com a educação. Onosso desafio era então mudaro eixo de crescimento da uni-versidade. Tínhamos um novoprojeto, que nasceu das discus-sões com os professores, alu-nos e servidores. Implantamosmudanças profundas no espa-ço físico da universidade. Efe-tivamos a construção de maisde 40 mil metros quadrados.Construímos, por exemplo, aBiblioteca Central, o Institutode Artes, as Faculdades de Far-mácia e de Odontologia, a cre-che, terminamos o IPTST. Im-plantamos a prefeitura do câm-pus e o museu na Praça Uni-versitária, iniciamos a constru-ção do Centro de Tecnologia deAlimentos, que hoje é referên-cia nacional; a Escola de En-fermagem; criamos uma asses-soria de relações internacio-nais, que abriu muitas portaslá fora. Assinamos convênioscom a França, Iugoslávia, Ale-manha, entre outros países,beneficiando várias áreas aca-dêmicas, inclusive algumas li-gadas diretamente aos setoresda economia do estado, como aAgronomia.

Em seu reitorado o senhorsuscitou a criação de “bolsõesde ociosidade”. Qual era aproposta desses bolsões?

Joel Ulhôa – Eu sempreachei que os cursos tinham umexcesso de matérias, algumastotalmente dispensáveis para aformação do aluno e que opera-vam como obstáculo a uma de-dicação maior, desse aluno, nabusca de um universo culturalmais rico e pessoal. Com basenessa minha convicção, lanceientão a idéia da criação, no in-terior dos currículos e como par-te integrante deles, o que euchamei de ‘bolsões de ociosida-de’. Fiz questão de criar um ter-mo polêmico para gerar discus-sões. Além das disciplinas re-almente formativas, os alunosteriam o máximo de tempo pos-sível para se dedicar às ativi-dades cul turais , como oscineclubes. Sempre estimuleias vivências culturais – namúsica, no cinema etc. No te-atro, por exemplo tivemos umnúcleo muito ativo, sob o co-mando do professor Carlos Fer-nando. Para mim, a culturatem um papel muito importan-te, pois contribui, mais do quequalquer outra coisa, para aformação do cidadão, do alu-no. A idéia provocou muitadiscussão. Mas, infelizmenteela não se concretizou. No en-tanto, a proposta resultou emreformas de currículo. Forameliminadas as matérias consi-deradas supérfluas. Em meureitorado sempre levanteiquestões polêmicas. E os bol-sões eram uma delas e confes-so que até hoje acredito muitoem sua validade e em sua le-gitimidade.

O senhor recorda de algumaoutra discussão polêmica quemovimentou a universidade?

Joel Ulhôa – A tese era aseguinte: a Reitoria, embora oreitor fosse eleito depois da di-tadura, não expressava bem oconceito de democratização,porque o reitor da universida-de ocupa um cargo que acabasendo expressão do totalitaris-mo. Ele, com efeito, preside, aomesmo tempo, os órgãos legis-lativos e executivos. A institui-ção universitária ainda não con-seguiu aquilo que na vida pú-blica se conquistou há séculos,que é a separação dos três po-deres – cada um com sua auto-nomia. Acho que a estrutura dauniversidade poderia ser maisdemocrática. Isso significamuito mais do que elegermosnossos dirigentes, apenas, masmodificarmos, lucidamente,toda a estrutura de poder nauniversidade. Essa minha idéiafoi objeto de muita polêmica,mas nunca tive e nem tenho apretensão infantil de ser o donoda verdade.

O senhor conseguiu fazer oseu sucessor, o professor Ri-cardo Bufáilçal (falecido emabril deste ano), que em suagestão foi gerente do Escritó-rio Técnico-Administrativo(ETA) – atual Centro de Ges-tão do Espaço Físico (Cegef).Como o senhor descreve o tra-balho de Bufáiçal?

Joel Ulhôa – Antes dequalquer coisa, não posso dei-xar, mais uma vez, de expres-sar o sentimento de grande tris-teza que me abateu com a morte

de Ricardo. Ele representouuma grande perda para a uni-versidade. Ele era um cidadãoexemplar, digno, honesto ecompetente. Bufáiçal deu pros-seguimento ao projeto do nossoreitorado para a universidade eavançou muito mais. Mas medetenho na sua participação nadireção do ETA, cargo que o cre-denciou para exercer o postomais alto da universidade, o dereitor. O ETA enfrentou um pro-blema seriíssimo no começo. Naépoca, o governo federal dispo-nibilizou para as universidadesfederais do país alguns milhõesde dólares via convênio inter-nacional. Tivemos de lutarmuito para utilizarmos a par-te da verba disponível para aUFG, porque existiam gruposdentro da inst i tuição queachavam que a verba represen-taria a invasão do imperialis-mo americano. Além da resis-tência desse pessoal, tínha-mos outro problema: se nãoutilizássemos o recurso emtempo hábil, a UFG o perde-ria. Havia datas a serem cum-pridas. Adotamos a seguinteestratégia: convidamos umgrupo de técnicos do BID. Enos reunimos, numa concor-rida e vibrante assembléia, es-pecificamente convocada paradiscutir o assunto. O objetivoera apaziguar os ânimos e mos-trar a importância do recursopara a universidade e da ur-gência de sua aplicação. E deucerto. Sem oposição, consegui-mos viabilizar as obras para auniversidade. Em meio a todoesse processo estava a figuracentral de Ricardo, com suaexcelente equipe do ETA.

Já passados quase 20 anos desua gestão, como o senhor vêhoje a UFG?

Joel Ulhôa – Ela está nocaminho certo. O atual reitor,professor Edward, e a sua equi-pe, vão deixar uma marca nahistória da universidade. Ago-ra, a UFG ainda é um embrião.Ainda temos muito chão pelafrente. O processo de transfor-mação e crescimento das insti-tuições universitárias no Bra-sil é naturalmente lento. A uni-versidade brasileira é uma cri-ança – a mais antiga não deveter hoje nem 100 anos. O Peru,por exemplo, já tem universi-dade com 500 anos; a de Bo-logna tem 1.000 anos. E mais:as universidades européiastêm status e gozam de umprestiígio enorme. As ameri-canas também. Mas estamosindo bem: nós temos hoje umaciência respeitada, uma filo-sofia respeitada, uma área ru-ral de essencial importância.Precisamos agora é de um mai-or apoio do poder público, por-que as universidades são ins-tituições de fundamental im-portância. É preciso entenderisso. Elas não foram feitas so-mente para formar alunos,diplomá-los, dar-lhes umaprofissão, inseri-los no mer-cado. Elas foram feitas paracriar cultura, mudar a socieda-de, desenvolver a cidadania eo respeito com a coisa pública,criar, enfim, vidas. É para issoque existem. É para isso quenós existimos diante delas.

FV

iníc

ius

Bat

ista

Page 4: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

4 EVENTOS Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

De 25 a 27 de setembroa Universidade Federal de Goi-ás (UFG) promoverá o seminá-rio “Das margens aos centros:sexualidades, gêneros e direi-tos humanos”, na Faculdadede Direito. O evento é uma re-alização do Núcleo de Estudose Pesquisas em Gênero e Se-xualidade da UFG (Ser-Tão),

Ana Paula Vieira

ensamento negro eanti-racismo” foi otema do V Congresso

Brasileiro de PesquisadoresNegros (CBPN), promovidopela Associação Brasileirade Pesquisadores Negros(ABPN), em parceria com aUnivers idade Federa l deGoiás (UFG), a Universida-de Católica de Goiás (UCG)e a Universidade Estadual deGoiás (UEG), entre os dias 29de julho e 1° de agosto, emGoiânia. A produção intelec-tual de pesquisadores ne-gros, a troca de conhecimen-to entre estudiosos de diver-sas regiões do país e do ex-terior e a discussão de ques-tões diretamente relaciona-das com a população negrativeram espaço no evento.

Cerca de 1.300 partici-pantes e um total de 280 tra-balhos selecionados, alémda extensa programação,que incluiu grupos de tra-balho, exposições, oficinas,minicursos, lançamentos del ivros, mostra de f i lmes,conferências, mesas-redon-das e apresentações cultu-ra is , movimentaram o VCBPN. Segundo o professordo Instituto de Estudos So-c ioambienta is ( I esa ) daUFG, v ice-pres idente da

Pesquisadores negros reunidos em congressoEvento sediado emGoiânia foi promovidopela AssociaçãoBrasileira dePesquisadores Negros,em parceria com UFG,UCG e UEG

com o apoio da Secretaria Especial de Di-reitos Humanos da Presidência da Repú-blica (SEDH).

O objetivo do seminário é reunirpessoas comprometidas com a garan-tia dos direitos humanos e de cidada-nia dos homossexuais. Está prevista apresença de mais de 40 especialistas dediferentes universidades, como Universida-de Federal de Minas Gerais (UFMG), Universi-

dade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-GS), Universidade de Campinas (Uni-

camp), Universidade Federal de SantaCatarina (UFSC) e Universidade Fede-ral de Uberlândia (UFU). Diversos te-mas relacionados com a sexualidade,gênero e homossexualismo serão es-

tudados e debatidos em 10 grupos detrabalho (GTs). Mais informações pelo

telefone (62) 3209-6010, ramal 31.

ABPN e presidente do con-gresso, Alex Ratts, além dostemas comuns no movimen-to negro, como racismo,ações afirmativas, auto-iden-tificação e relações raciais,essa edição trouxe assuntosnovos entre seus dez eixostemáticos principais.

Novidades – “Pensamentonegro não é porque os auto-res – intelectuais – são ne-gros, é porque eles são ne-gros, pensam o racismo, asituação do negro aqui e emdiversos lugares, repensame trazem os autores antigosque estavam esquecidos”,definiu Ratts. Entre as no-vas questões desse seg-mento, Alex Ratts destacou“Racismo ambiental”, quepela primeira vez foi discu-tido, e “Corporeidade, gêne-ro e sexualidade”, que, se-gundo ele, agora assumiuum espaço fundamental noâmbito de interesse dospesquisadores negros.

Conforme explicou AlexRatts, racismo ambientalconsiste na incidência deproblemas ambientais em de-terminadas comunidades ét-nicas e raciais. Segundo oprofessor, em agosto de 2005,por exemplo, quando o fura-cão Katrina atingiu o sul dosEstados Unidos, havia bair-ros negros ainda em instala-ções provisórias em conse-qüência de um furacão ante-rior. A invasão de comunida-des indígenas, quilombolase ribeirinhas por empresasde mineração e de celuloseé outro exemplo citado porRatts. “Não atinge os povos

em geral, mas uma comuni-dade étnica especialmente. Eé racismo, porque se se temuma comunidade étnica ouracial ali e se destrói a mataciliar, ela está impedida deviver como comunidade negrae indígena”, explicou.

As temáticas da sexua-lidade e do gênero tambémganharam mais destaqueneste congresso do que nosencontros anteriores.

Goiás – As referências deestudos sobre problemas ét-nico-raciais encontram-seprioritariamente na Bahia, noMaranhão, no Rio de Janei-ro e em São Paulo. Na pri-meira edição do CBPN, em2000, entre os pouco mais de300 participantes, Ratts lem-bra-se de que havia dois goi-anos – uma era a professorada UFG, Zita Ferreira, hojeaposentada. A discussão foiganhando espaço e, em 2005,

foi criado o Núcleo de Estu-dos Africanos e Afrodescen-dentes da UFG. Desde então,estreitaram-se as relaçõescom a UCG e a UEG, o quepossibilitou a candidatura deGoiânia a sede do evento.Segundo o presidente doCBPN, havia uma expectati-va não só de conhecer os gru-pos de pesquisa da região,mas também a cultura goia-na, tanto a mais convencio-nal, quanto a quilombola, ca-lunga, a da capoeira angola,do hip hop e das congadas.

O V CBPN ainda home-nageou figuras importantespara o progresso do pensa-mento negro goiano, como oprofessor Martiniano José daSilva, que em 1974 escreveuo livro Sombra dos quilombos –introdução ao estudo do negroem Goiás, a professora ZitaFerreira, estudiosa de dançasnegras, e os professores Val-dir Ferreira e Jefferson do

Carmo, que participaram daformação do Centro de Estu-dos Afro-Brasileiros da UCG.

Porém, Ratts ressaltaque não só membros da aca-demia fazem parte da inte-lectualidade negra: “Umamãe-de-santo, um mestre decapoeira, um capitão de con-gada são mestres do saber.Sem essas pessoas as cul-turas negras não existiri-am”. Os mestres de capoeiraBimba, Zumbi e Onça e a mi-grante de Catalão, envolvidacom as congadas, Maria JoséAlves, também receberam ho-menagens.

Representação negra –“Quando olhamos para a ci-ência brasileira, tanto a áreade arte, quanto de humani-dades, a presença de douto-res negros, com carreirasconsolidadas, é muito peque-na. Isso tem a ver com umamaneira como o racismoocorre no espaço acadêmico”,alertou Ratts. Segundo o pro-fessor, na década de 1970,alguns intelectuais começa-ram a problematizar a ques-tão negra e, no final dos anos80, houve um encontro de do-centes negros em Marília(SP). Depois de 30 anos deevolução, um sinal dela é oaumento da representaçãonegra na universidade, per-cebida com a participação degraduandos a pós-doutoresno V CBPN. “Hoje o estudan-te negro vai ver que há dou-tores negros em diversas áre-as do conhecimento, entãoele percebe que pode tambémtrilhar essa carreira”, defen-deu Alex Ratts.

UFG discute gênero e sexualidade

P“

Fot

os: V

inic

ius

Bat

ista

Apresentações artísticas enriquecem a abertura do evento

Page 5: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

5DESTAQUE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

José Eduardo Umbelino

Centro-Oeste brasilei-ro tem riqueza incal-culável em recursos

hídricos. O maior número defontes termais do país se en-contra no estado de Goiás,além de ecossistemas aquáti-cos essenciais, tais como oPantanal no Mato Grosso. NoPlanalto Central brasileiro, co-nhecido como o “berço daságuas”, estão as nascentes degrandes afluentes das princi-pais bacias hidrográficas naci-onais, sem falar na presençade ambientes peculiares,como as águas prístinas(águas muito puras e intoca-das). Essa realidade atesta aimportância do XII CongressoBrasileiro de Ficologia, que acon-teceu de 7 a 10 de julho, na Uni-versidade Católica de Brasília(UCB). Presidiu a comissão orga-nizadora do evento foi a professorado Instituto de Ciências Biológicas(ICB) da UFG, Ina de Souza Nogueira.

A Ficologia é o ramo da Biologiaque estuda as algas de água salgada e deágua doce. Entretanto, a pesquisa sobreessas últimas tem se restringido ao esforçode poucos especialistas no país. Um indicativodisso é o fato de que as onze edições anteriores docongresso aconteceram em cidades litorâneas. De acor-

Congresso focalizaestudos sobre algasde água doce

do com a professora Ina, aidéia foi discutir os problemasda região e dar maior atençãoao estudo das algas de águadoce. Um dos pontos mais dis-cutidos durante o congressofoi a situação dos “tanques-rede”. Trata-se da prática deaproveitar reservatórios paracriar peixes, como acontecenos “pesque-pagues”. Os resí-duos do alimentares dos pei-xes fazem proliferar as algas,principalmente aquelas queproduzem substâncias tóxi-

cas. Assim, contamina-se aágua dos reservatórios e ospeixes que servirão de ali-mento à população.

Ina de Souza tambémressaltou o excesso de repre-sas criadas na região Centro-Oeste, prática conhecida comofragmentação de ambientesaquáticos, que estimula a pro-liferação dessas algas tóxicas.O avanço das fronteiras agrí-colas e a demanda crescentepor recursos energéticos nãotêm sido contrabalanceados

com estudos ambientais ade-quados. No tocante às algas,em parte, pela falta de pesqui-sadores.

O foco na educação, pes-quisa e formação de ficólogosteve destaque no tema do con-gresso "Algas – biodiversida-de, desenvolvimento e educa-ção" e na palestra intitulada“Fomento ao ensino, pesqui-sa e difusão do conhecimentono Brasil”. Outras palestraslançaram luz sobre a realida-de ambiental na região Cen-

tro-Oeste, incluindo as previ-sões sobre as mudanças cli-máticas globais. O evento ofe-receu ainda 11 cursos e me-sas-redondas e a orientaçãopara técnicos de empresas desaneamento, com foco emidentificação e quantificaçãode algas tóxicas. Participa-ram do congresso mais de 400pessoas, das quais 33% doCentro-Oeste. A UFG colabo-rou com cartazes, folders e oapoio de alunos, além de ce-der a infra-estrutura do Labo-ratório de Meio Ambiente eRecursos Hídricos (Lamarh)do Instituto de Ciências Bio-lógicas (ICB) e transportarconvidados e alguns congres-sistas.

Outro destaque do con-gresso foi a Feira ficológica,uma forma de popularizar a ci-ência, mostrando ao públicoleigo o quanto as algas estãopresentes no dia-a-dia. Cercade 350 crianças e 50 professo-res da rede pública participaramem diferentes tipos de ativida-

des: teatro, oficinas (de cosméti-cos, produtos alimentícios, produ-

tos do dia-a-dia, mundo microscópi-co), exposição de fotografias de algas

micro e macroscópicas, seção de mi-croscopia, mostra de vídeos. A professo-

ra Ina de Souza fez uma palestra didáticaintitulada “Algas: você conhece?”. Outra ofi-

cina importante foi oferecida pela bolsista doprograma de pós-graduação em Ciências Ambien-

tais da UFG (Ciamb), Sirlene Aparecida Felisberto,sobre o “Mundo Microscópico das algas”.

OC

arlo

s S

iqu

eira

EXPANSÃO NOVESTIBULAR 2009:MAIS DE 5.000 VAGASE 25 NOVOS CURSOS

Page 6: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

6 UFG INCLUI Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Ana Flávia Alberton

Programa UFG In-clui foi aprovado, nodia primeiro de

agosto, pelo Conselho Uni-versitário, com 33 votos afavor, três contra e três abs-tenções. Ele prevê uma sé-rie de mudanças referen-tes ao processo seletivo eà permanência dos estu-dantes que ingressarempor meio do programa emcursos de graduação daUFG. A principal mudançaé a adoção de cotas para alu-nos oriundos da escola pú-blica e para negros, tam-bém da rede pública de en-sino, e já é válida para opróximo vestibular.

Na primeira etapa doprocesso seletivo está pre-

UFG Inclui prevê políticade cotas para o processoseletivo 2009.O programa visa ainclusão de alunosegressos de escolapública e negros darede pública de ensino

Universidade aprova pro

vista a classificação adici-onal, se necessário, de 20%de candidatos que cursa-ram os dois últimos anos doEnsino Fundamental e todoo Ensino Médio em escolapública e, ainda, 20% denegros oriundos da redepública. Em ambos os casos,concorrem os candidatosoptantes pelo programa UFGInclui, no ato da inscrição.A convocação adicional peloprograma, para a segundaetapa do processo seletivo,

se dará por ordem de clas-sificação dos candidatos.

A classificação final doconcurso respeitará o crité-rio de reserva de vagas parao programa. Em cada curso,10% das vagas são destina-das aos candidatos aprova-dos pelo UFG Inclui - escolapública e outros 10% dasvagas são reservadas parao UFG Inclui - negros, tam-bém oriundos da rede públi-ca de ensino.

No ato da inscrição, o

candidato deverá optarpe lo s is tema universa lou pelo Programa UFG In-clui. O critério de defini-ção de estudante negroserá a autodec laração .Segundo o Instituto Bra-sileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE), os negrossão constituídos por pre-tos e pardos. Uma comis-são será instalada paraverificar e validar essasinscrições.

Além do sistema de co-

tas, o programa UFG Incluiprevê, caso haja demandaespecífica, uma vaga adici-onal para índios e outrapara negros quilombolas. Oestudante que optar por con-correr como negro quilom-bola ou como indígena de-verá apresentar, no ato damatrícula, um comprovan-te de que pertence a umacomunidade reconhecidaoficialmente. Os demais,aprovados pelo programa,deverão apresentar os com-

O

Vin

iciu

s B

atis

ta

Momento da votação do programa UFG Inclui no Conselho Universitário

Page 7: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

7UFG INCLUI Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Curso Turno Vagas

provantes oficiais de quecursaram os últimos cincoanos em escola pública.

Outra mudança impor-tante é o aproveitamento danota do Exame Nacional doEnsino Médio (Enem) parao processo seletivo da UFG.Além disso, as provas dovestibular 2009 terão 20%de questões interdiscipli-nares. Segundo a pró-reito-ra de Graduação da UFG,Sandramara Matias Cha-ves, o objetivo é integrar asvárias áreas do conheci-mento e promover uma ava-liação mais qualitativa.

Novos cursos e vagas –Outra novidade do próximovestibular da UFG é a im-plantação de mais 25 cur-sos de graduação e a cria-ção de mais vagas e tur-mas em cursos já existen-tes, representando um au-mento de 1.211 vagas emrelação ao último concurso(3963 vagas), num total de5.174 vagas.

O programa UFG In-clui tem validade de dezanos e será avaliado anu-almente como mecanismopara aprimorar a políticade inclusão na universida-de. Após esse processo deinclusão, o programa prevêformas de acompanhar apermanência desse estu-dante na universidade. AUFG já possui uma estru-

tura de assistência estu-dantil que engloba serviçoscomo creche, atendimen-to odontológico, bolsa per-manência, alimentação emoradia, por meio do sis-tema de Casa do Estudan-te Universitário (CEU).

Outras experiências – Pro-gramas de Ações Afirmati-vas já foram adotados por di-versas universidades emtodo o território nacional. AUniversidade de São Paulo(USP), por exemplo, tem umprograma voltado para alu-nos de escolas públicas eprojetos governamentais deeducação de jovens e adul-tos. O Inclusp, como o pro-grama é chamado, consisteno acréscimo de 3% nas no-tas de primeira e segundafases do processo seletivo.

Outra instituição queadota o sistema de bonifi-cação é a Universidade deCampinas (Unicamp), pormeio do Programa de AçãoAfirmativa e Inclusão Soci-al (Paais). São atribuídos 30pontos extras para os can-didatos que cursaram o En-sino Médio completo emescola pública, e 40 pontosextras para aqueles que,além desse requisito, tam-bém se autodeclararam ne-gros ou indígenas.

Já a Universidade Fe-deral do Paraná (UFPR), des-de 2004, adota um sistema

PROFESSOR ALEX RATTSCoordenador do Núcleo de Estu-dos Africanos e Afro-Descenden-tes da UFG - NEAAD

Recebo a notícia da aprovaçãodas cotas com alegria e um pou-co de preocupação. Gostaria queo percentual fosse maior, quechegasse pelo menos aos 20%para estudantes negros e egres-sos da escola pública. No entan-to, a UFG se agrega às universi-dades brasileiras que reconhe-cem a importância do pertenci-mento étnico-racial e social na trajetória desigual dosestudantes. Cabe agora divulgar bastante esse progra-ma junto às escolas públicas da rede estadual.

IARA DAS NEVES FRANÇADCE / UFG

O DCE sabe da importância de aUFG adotar políticas de açõesafirmativas já para o próximovestibular e o avanço que talpolítica significa. Nós ficamossatisfeitos com a mudança doprojeto original, o que causou aadoção de um sistema de cotase não de bonificação, como es-tava previsto. Acreditamos quesó as medidas de inclusão doaluno no ensino superior não são suficientes e quemedidas para a permanência destes alunos são neces-sárias.

CARLOS ALBERTO TANEZINIPresidente da Associação dosDocentes da Universidade Fede-ral de Goiás (UFG)

No meu entendimento, a ado-ção de "cotas" ou a concessãode "bônus" é uma solução pali-at iva e d iscr iminatór ia paratentar resolver parcial e tem-porar iamente um prob lemaque se agrava há décadas: aredução de investimentos narede pública de ensino médio,aliada à deterioração dos salá-

rios dos professores. O ideal seria reverter essa situ-ação, para que os alunos oriundos da rede pública che-gassem ao vestibular em igualdade de condições comos demais candidatos, para disputar, pelo mérito, asvagas oferecidas.

FÁTIMA DOS REISCoordenadora Geral do Sindica-to dos Trabalhadores da UFG

A aprovação do Programa UFGInclui representa grande avan-ço para a instituição, pois possi-bilita a inclusão de uma parcelada população que não tem aces-so a um ensino básico de quali-dade. As ações afirmativas re-presentam o pagamento de umadívida com a sociedade, por meiode medidas que englobam aces-

so e permanência desses estudantes.

de reserva de vagas. Emcada curso, 20% das vagassão destinadas para egres-sos de escolas públicas eoutros 20% para negros, nãoobrigatoriamente de baixarenda, totalizando a reser-va de cerca de 1.600 vagasno processo seletivo.

A Universidade Fede-ral de Santa Catarina(UFSC) adota um sistemamais próximo do escolhidopela UFG. O programa daUFSC prevê Ações Afirma-tivas de acesso ao EnsinoSuperior com recorte raci-al. São destinadas 20% dasvagas para estudantes quecursaram o Ensino Funda-mental e Médio em escolaspúblicas. Além disso, 10%das vagas de todos os cur-sos de graduação são reser-vadas a estudantes negrosoriundos, preferencialmen-te, de escola pública.

A Universidade Esta-dual de Goiás (UEG) esco-lheu o Sistema de Avalia-ção Seriada (SAS) comoforma de Ação Afirmativa.Dentro do SAS, são reser-vadas 45% das vagas, emsistema de cotas, para es-tudantes de escola pública,negros, indígenas e porta-dores de necessidades es-peciais. O sistema nãovisa substituir o processoseletivo, mas sim comple-mentar o vestibular con-vencional.

Engenharia de ComputaçãoEngenharia AmbientalBacharelado em Engenharia deSoftwareEngenharia FlorestalEngenharia MecânicaEngenharia QuímicaFísica (licenciatura)Estatística (bacharelado)Ciências Geoambientais(bacharelado)Química (licenciatura)Sistemas de InformaçãoZootecniaCiências Sociais (bacharelado)Educação Física (bacharelado)Filosofia (bacharelado)Letras - Libras (licenciatura)Arquitetura e Urbanismo IntegralEngenharia FlorestalDireito (bacharelado)Matemática IndustrialGeografia (bacharelado)EnfermagemCiências Sociais (bacharelado elicenciatura)Filosofia (licenciatura)Serviço Social

Predominantemente noturnoIntegral

Predominantemente noturnoIntegralIntegralIntegralPredominantemente vespertinoNoturno

IntegralPredominantemente noturnoPredominantemente noturnoIntegralNoturnoPredominantemente vespertinoNoturnoNoturno

IntegralPredominantemente noturnoPredominantemente matutinoIntegralIntegral

MatutinoNoturnoNoturno

GoiâniaGoiânia

GoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiânia

GoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaGoiâniaJataíJataíCatalãoCatalãoCatalão

CatalãoGoiásGoiás

4045

604040204050

5040404055405040355060503040

505050

Cursos novosCidade

grama de ações afirmativas

Page 8: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

8 CIÊNCIA E TECNOLOGIA Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Katiéllen Bonfanti eRodrigo Vilela

ada vez mais estudam-se alternativas decombustíveis renová-

veis que substituam, ou mes-mo reduzam, a utilização decombustíveis fósseis. Alémde serem extremamente po-luidores, os combustíveisfósseis, como o petróleo, nãosão renováveis, suas reser-vas tendem a diminuir e,logo, causar sérios desequi-líbrios ambientais e socioe-conômicos. Por esse motivo,inúmeras pesquisas e traba-lhos são realizados na buscade soluções e alternativaspara essa problemática.

De acordo com o profes-sor do Instituto de Química(IQ) da Universidade Federalde Goiás (UFG), Nelson Ro-berto Antoniosi Filho, umdos coordenadores da RedeBrasileira de Tecnologia deBiodiesel do Ministério deCiência e Tecnologia (MCT),“Goiás é um dos estadosmais produtivos quando oassunto é pesquisa em bio-combustíveis. Em 2006, porexemplo, o estado foi o res-ponsável por cerca de 10%dos trabalhos de pesquisaapresentados à Rede Brasi-leira de Tecnologia de Biodi-esel”, afirma o professor. An-toniosi é o responsável pelo“Programa Biodiesel Goiás” –uma parceria entre o MCT, aUFG, a Fundação de Apoio àPesquisa (Funape), a Secre-taria de Estado da Ciência,Tecnologia, Ensino Superiore Desenvolvimento Tecnoló-gico de Goiás (Sectec-Go) ea Financiadora de Estudos eProjetos (Finep) – e por ou-tros dois projetos, igualmen-te financiados pela Finep, eque visam desenvolver estu-dos sobre o plantio de olea-ginosas típicas do Cerradoem áreas devastadas, visan-do a recuperação do solo ea produção de matérias-pri-mas para a geração de bio-diesel, o estudo de diferen-tes processos de obtençãode biocombustíveis, o de-senvolvimento de métodosde controle de qualidade debiodiesel e a avaliação dasegurança ambiental de bi-ocombustíveis.

Os trabalhos são de-senvolvidos em parceriasdentro da própria UFG, compesquisadores do Institutode Química (IQ), Instituto deEstudos Socioambientais(IESA) e Instituto de Patolo-gia Tropical e Saúde Pública

GOIÁS ESTÁ INSERIDO NAS DISCUSSÕES NACIONAIS SOBRE ENERGIAS RENOVÁVEIS, IMPULSIONADAS PELO ENORME

Pesquisadores da UFG estudam (IPTSP), e com outras deze-nas de instituições, taiscomo a Universidade do Riode Janeiro (UFRJ), o Institu-to de Tecnologia do Paraná(Tecpar) e o Instituto Nacio-nal de Tecnologia (INT). Alémdisso, os inúmeros trabalhosde pesquisa sobre biocom-bustíveis são orientados tan-to nas graduações, quantonos programas de pós-gradu-ação da universidade.

Segundo Nelson Anto-niosi, biocombustível é con-siderado qualquer combustí-vel de origem biológica, nãooriginário de fossilização,mas sim de matérias vivas,tais como plantas – cana-de-açúcar, milho, soja – e micro-organismos que, por exem-plo, podem produzir líquidoscomo o etanol e gases comoo metano, os quais tambémsão biocombustíveis. Os bi-ocombustíveis são menospoluentes por liberarem óxi-dos de carbono já presentesno ciclo natural, ou seja,aqueles que haviam sido cap-turados pelas plantas paraseu desenvolvimento, en-quanto os combustíveis fós-seis queimam e liberam car-bono que não estavam no ci-clo natural, e sim normal-mente confinado em jazidasde petróleo. Outras vanta-

gens dos biocombustíveis sãoo maior rendimento energé-tico, maior eficiência, maiorlubrificação dos motores e abaixíssima emissão de fuli-gem e óxidos de enxofre. Noentanto, o professor adverteque, ao contrário do etanolque pode ser usado puro emmotores adaptados para tal,a porcentagem recomendadade uso de biodiesel, o qual émistura ao diesel, é de, nomáximo, 20%, uma vez queos motores diesel ainda nãoestão adaptados para uso debiodiesel puro.

Sobre os pontos negati-vos dos biocombustíveis,Nelson Antoniosi destaca acompetição, por espaço, coma produção de alimentos e ocrescente problema do des-matamento, como por exem-plo, os que já ocorrem noCerrado e na Amazônia. Jápara o professor AméricoJosé dos Santos Reis, daEscola de Agronomia e Enge-nharia de Alimentos (EA) daUFG, questões como a mono-cultura, por exemplo, não sãoum problema de maneira al-guma. “Nos moldes atuais émais produtivo para o serhumano produzir em grandeescala. Mas é claro que, comrelação à sustentabilidade, amonocultura não é viável.

Por exemplo, em caso de pra-gas numa monocultura, todaa plantação é afetada por sergeneticamente muito seme-lhante. Se você quer produ-ção em larga escala, o maisviável é a monocultura, as-sim como a confecção de car-ros só se torna viável se forem série”, explica AméricoReis. Ele estima que, atual-mente, a cana-de-açúcar ocu-pe cerca de 6 milhões de hec-tares, e a soja, mais de 30milhões. Para ele, o proble-ma está no risco de, toda vezem que há expansão da fron-teira agrícola, se atingir áre-as como de proteção ambien-tal, por exemplo.

Entre as principais ma-térias-primas utilizadas noBrasil, Antoniosi destaca asoja, o sebo bovino e a pal-

ma. Outro recurso que estásendo estudado e discutidoé o aproveitamento da mamo-na. Sobre o seu uso, ele acre-dita que essa é a pior opção,graças a problemas técnicosexistentes no processo deprodução de biodiesel de ma-mona, ao conhecimento ain-da limitado sobre cultivaresque sejam adaptados a dife-rentes regiões, e ao longotempo necessário para ob-tenção de dados agronômicosque permitam viabilizar o usodesta oleaginosa na produçãode biodiesel. O professoracredita que a mamona pos-sui outras aplicações maisrentáveis, como, por exem-plo, lubrificante, na confec-ção de poliuretanas – quepode ser utilizadas na confec-ção próteses ortopédicas e deespumas – dentre outras tan-tas aplicações já conhecidas.A respeito da adaptação a di-ferentes regiões, Américo Reisargumenta que, há 30 anos, oCentro-Oeste também nãopossuía solo adequado para aplantação de soja e hoje é umdos maiores produtores mun-diais.

O professor Nelson Antoniosido IQ é um doscoordenadores da RedeBrasileira de Tecnologia deBiodiesel do Ministério deCiência e Tecnologia (MCT)

C

Vin

iciu

s B

atis

ta

Car

los

Siq

uei

ra

A mamona é uma dasmatérias-primas

utilizadas para aprodução do biodiesel

Page 9: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

9Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG CIÊNCIA E TECNOLOGIA

POTENCIAL PRODUTIVO DO ESTADO

• O biodiesel reduz 78% das emissões poluentes, comoo dióxido de carbono, e 98% de enxofre na atmosfera.

• O biodiesel apresenta combustão mais completa queo diesel.

• O biodiesel funciona em motores convencionais, au-mentando a vida útil dos motores por ser mais lubri-ficante. Além disso, é biodegradável e não tóxico.

• Ele não requer modificações para operar em mo-tores já existentes, desde que seja misturado aodiesel.[Fonte: www.ambientebrasil.com.br]

os biocombustíveisA questão do etanol – O eta-nol gerado por meio da cana-de-açúcar é a principal ban-deira empunhada pelo gover-no brasileiro para defender ouso de combustíveis renová-veis, e reduzir a atual depen-dência do petróleo. No en-tanto, algumas questões,como a alta no preço dos ali-mentos e os malefícios damonocultura, devem ser ana-lisadas. No artigo “Estudo daexpansão da cana-de-açúcarno estado de Goiás: subsídi-os para uma avaliação do po-tencial de impactos ambien-tais”, a professora Selma Si-mões de Castro, coordenado-ra do programa de doutoradoem Ciências Ambientais daUFG, alerta para a expansãoconcentrada do número deusinas de cana, sobretudonos últimos dois anos, noestado de Goiás. SegundoSelma de Castro, há, hoje,103 usinas no estado, 77 nosul goiano, com 34 em ope-ração, 13 em implantação eo restante em processo deativação. Das 77, as micror-regiões Meia Ponte, Sudoes-te e Vale do Rio dos Bois re-únem 65.

Selma de Castro desta-ca que a implantação e de-senvolvimento de um siste-ma de cana-de-açúcar envol-vem um conjunto de usinase de áreas de plantio ao seuredor, em manchas contínu-as e isso normalmente impli-ca vários fatores. Dentre elesestão o impacto no uso de re-cursos materiais; no meioambiente, tais como qualida-de do ar, clima global, supri-mento de água, ocupação dosolo e biodiversidade, preser-vação de solos, uso de defen-sivos e fertilizantes; a sus-tentabilidade da base de pro-dução agrícola, com dissemi-nação de pragas e doenças;o impacto nas ações comer-ciais, em relação à competi-tividade e subsídios; e, final-mente, os impactos socioe-conômicos, com grande ênfa-se na geração de emprego erenda.

Para a professora Francis Lee Ribeiro, economista e coordenadorado programa de mestrado em Agronegócio da UFG, diante de doisgrandes desafios que são a escalada dos preços do petróleo eo efeito estufa, o etanol de cana-de-açúcar apresenta-se,no momento, como a principal alternativa, colocandoo Brasil em posição de liderança, o que pode tra-zer importantes ganhos econômicos ao setore à balança comercial brasileira. No en-tanto, Francis Lee considera que, em-bora a curto prazo o Brasil garantasua supremacia em larga escala, opaís apresenta um conjunto deproblemas referentes ao baixo ní-vel de investimento em ciência etecnologia, e também à falta deinfra-estrutura, o que pode alterara posição brasileira a médio e lon-go prazos.

Outro assunto que mereceatenção é a possível alta nos pre-ços dos alimentos em virtude daexpansão dos biocombustíveis.Nos Estados Unidos, por exemplo,é perceptível esse aumento no preçocomo reflexo da expansão das planta-ções de milho, principal matéria-primado etanol americano. Com relação aoprograma brasileiro de produção de eta-nol oriundo de cana-de-açúcar, Francis Leeacredita que, apesar dos discursos garan-tirem que a expansão das lavouras de cana ocorreriaem áreas com pastagens degradadas, observa-se nos úl-timos anos que tal expansão vem acontecendo tambémem áreas destinadas a cultivos alimentares. É o própriomercado que proporciona o mecanismo de substituição, aoregular a produção com base na rentabilidade relativa de cadaproduto agrícola. Acredita-se, então, que o impacto nos preços,dos alimentos não será de grande magnitude internamente emrazão das possibilidades existentes para a reorganização espacialdestas culturas, tendo em vista nossa dimensão territorial e a quan-tidade de áreas não aproveitadas eficientemente. De alguma forma, éprovável que as pastagens degradadas sejam melhor utilizadas consi-derando que a competição entre culturas implicará maior competiçãono mercado de terras.

É pensando na alta de preços dos alimentos nomercado internacional que o governo brasi-leiro adota políticas de incentivoà agricultura, como o Pro-grama Mais Alimentos,combinado ao plano Safrada Agricultura Familiar2008, que visa ampliar eaprofundar as políticaspúblicas direcionadaspara 4 milhões de unida-des produtoras no campo.Este conjunto de medi-das pretende possibilitar,até 2010, um incremen-to de produção da ordemde 18 milhões de tone-ladas de alimentos/ano.

All

an K

arde

c B

raga

9

Page 10: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

10 UNIVERSIDADE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

José EduardoUmbelino Filho

Este ano, a galeria daFaculdade de Artes Visuaisda UFG – Espaço AntônioHenrique Peclàt – tem reali-zado uma programação diver-si f icada e r ica, trazendoobras e artistas de váriaspartes do Brasil. De acordocom a coordenadora da ga-leria, professora Selma Par-reira, o compromisso do es-paço é divulgar propostascontemporâneas de artesvisuais e atuar como labo-ratório de exercício e per-cepção estética e conceitu-al para estudantes e pro-fessores. Além disso, eladestaca a importância dasações educativas que inte-gram as exposições. O gru-po de monitores, coordena-do por Selma e pela profes-sora Irene Tourinho, acom-panhará os visitantes aolongo das dez apresenta-ções programadas para 2008e início de 2009.

A programação iniciou-se em março com as gravu-ras dos projetos “Brasília gra-vada”, de Manoela Afonso e

“Imaterialidades gráficas”,de Alana Morais. Ambas sãoestudantes da FAV e seustrabalhos constituem partede suas d issertações demestrado em Cultura Visu-al. Em seguida, o espaço foiocupado pelas instalaçõese desenhos de Renata Pe-drosa, com sua “Caixa-casade projeção”. Renata veio deSão Paulo e, juntamentecom outros cinco artistas,foi escolhida por meio doEdital 2008.

Como convidado, o ar-tista visual paraense BenéFonteles lançou seu livroCozinheiro do tempo. Fonteles,

que reside em Brasília, é umdefensor do Cerrado e da me-mória cultural. Seu trabalhoestá voltado para a cidadaniae a educação. O livro recons-titui sua trajetória de maisde três décadas de atuaçãoartística e ativista e está dis-ponível na galeria da FAV.

Percursos e reflexões – Asobras que constituem o acer-vo da galeria podem ser co-nhecidas no livro Galeria daFav: percursos e reflexões, or-ganizado pela webdesigner,designer gráfico e ex-aluna,Carla de Abreu. O lançamen-to ocorreu no dia 17 de ju-

nho na própria galeria. A pu-blicação destaca a produçãoartística contemporânea deGoiás e reproduz obras devinte e cinco artistas de di-ferentes gerações. O projetofoi contemplado pelo Progra-ma Petrobrás Cultural, naárea de “Formação, educaçãopara as artes: materiais edocumentação”. Para Carla,a obra representa um in-centivo aos alunos da uni-versidade para que ousem iralém da grade curricular eparticipem de programas eprojetos como o da Petro-brás. O livro está à vendana galeria da FAV.

Para o segundo semes-tre, estão programadas maistrês exposições individuais emais duas no início de 2009.De 19 de agosto a 19 de se-tembro, o artista e professorda Universidade Federal doEspírito Santo (UFES), Fer-nando Augusto, trará sua ex-posição-instalação “A biblio-teca do artista”. Os traba-lhos de Fernando compõemum diálogo entre literatura,desenho e pintura. O objeti-vo é mostrar a pintura comopáginas de um livro e os li-vros como páginas soltas dedesenho, permitindo, assim,uma narrativa visual.

Percorrer e Refletir

Fot

os: D

ivu

lgaç

ão

Ana Paula Vieira

s resultados do ExameNacional de Desempe-nho dos Estudantes

(Enade), que faz parte do Sis-tema Nacional de Avaliação daEducação Superior (Sinaes),divulgados no dia 6 de agosto,revelaram a qualidade do en-sino de graduação na UFG.Dos cursos avaliados peloMinistério da Educação (MEC)em 2007, a maioria obteve con-ceito bom (nota 4) ou excelen-te (nota 5). O curso de Nutri-ção da UFG está entre os trêsmelhores do Brasil, e os cur-sos de Farmácia, Medicina eOdontologia também obtive-ram nota máxima.

A avaliação combina oConceito Preliminar de Cur-so (CPC), um novo compo-nente, o Enade e o Índice deDiferença de Desempenho(IDD) – que mede o valoragregado entre os alunos in-gressantes e concluintes e a

Resultados do Enade mostram qualidade da UFGO curso de Nutriçãoestá entre os trêsmelhores do país, eos cursos deFarmácia, Medicina eOdontologia tambémobtiveram notamáxima

avaliação de três variáveis:infra-estrutura, corpo docen-te e projeto político-pedagó-gico das instituições. O cur-so de Nutrição alcançou pon-tuação máxima no Enade(nota 5), no IDD (5) e no CPC(5). Na UFG também se des-tacaram Medicina, notas 5/5/4, Farmácia, notas 5/4/4 eOdontologia, 5/4/4. Obtive-

ram conceito bom (nota 4) emum dos quesitos (Enade, IDDou CPC) os cursos de Agro-nomia (Goiânia e Jataí), Edu-cação Física (Catalão), Enfer-magem (Goiânia) e MedicinaVeterinária (Goiânia e Jataí).

Segundo a pró-reitorade Graduação, SandramaraMatias Chaves, os resulta-dos revelam o alto grau de

compromisso da UFG com aqualidade do ensino, méritoque deve ser atribuído aoscorpos docente, discente etécnico-administrativo.

Em todo o país, o Ena-de avaliou 3.248 cursos emdiferentes instituições deensino superior, por meiode 215.443 estudantes se-lecionados para realizar o

exame. As instituições pú-blicas se destacam em todoo ranking. Nenhuma insti-tuição privada está entre os40 cursos com nota máximana prova do Enade. Dos3.239 cursos avaliados nopaís, 785 obtiveram concei-to 3 (médio); 722, conceitos1 e 2 (os mais baixos), e 621,4 e 5 (os mais altos).

Car

los

Siq

uei

ra

Segundo a pró-reitora de Graduação Sandramara Chaves, o mérito dos resultados deve ser atribuido aosprofessores, estudantes e tecnicos-administrativos das unidades

Um grupo de estudantes em visita à exposição e o autorBené Fonteles autografando seu livro Cozinheiro do tempopara o artista plástico Siron Franco

O

Page 11: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

11VIDA ACADÊMICA Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Rodrigo Vilela

Faculdade de Nutrição(Fanut) da Universida-de Federal de Goiás

(UFG) executa vários proje-tos de extensão, como o deassistência dioterápica a pa-cientes com obesidade mór-bida em período pré e pós-operatório de cirurgia plásti-ca no Hospital das Clínicas(HC), o projeto Viver Saudá-vel que também promove asaúde entre escolares doDistrito Sanitário Leste, fi-nanciado pelo Ministério daSaúde; a participação na Ligade Hipertensão Arterial e acapacitação de multiplicado-res do Programa de Alimen-tação Escolar de Goiás, queremete à alimentação saudá-vel e boas práticas de mani-pulação de alimentos da me-renda escolar, dentre outros.

No final de 2007, a pro-fessora Raquel de AndradeCardoso Santiago foi premi-ada, no evento “Alimentos2007”, patrocinado pela As-sociação Brasileira das Em-presas de Refeições Coleti-vas (Aberc), com uma viagempara a maior feira de alimen-tação coletiva do mundo, aNational Restaurant Associ-ation (NRA-Show), que acon-teceu em Chicago em maiodeste ano. O trabalho premi-ado, com o tema “Monitora-mento e eficácia de um pro-grama de alimentação”, visa-va elevar a qualidade da ali-mentação oferecida aos alu-nos do estado de Goiás. Nes-te trabalho, a professora mo-nitorou a qualidade nutrici-onal e higiênico-sanitáriados alimentos oferecidos aosestudantes das escolas pú-blicas de Goiás.

Além dessa conquista,nos dias 19 e 20 de junho,dois projetos de professores

Prêmios valorizam Faculdade de NutriçãoReconhecimentonacional destacaatividades de ensino,pesquisa e extensãoda Fanut

e alunos da Fanut receberamo prêmio “Henri Nestlé Nu-trição e Saúde”. Foram ins-critos 247 trabalhos técnicosde todas as universidades dopaís, e a UFG e a USP foramas únicas universidades commais de um trabalho premia-do. Além destes, dois outrosprojetos da Fanut ficaram en-tre os dez semifinalistas.

“No próximo semestre,a faculdade vai executar umprojeto de grande importân-cia para Goiânia”, informaMaria do Rosário Gondim,vice-diretora e coordenadorado curso de Nutrição. Os alu-nos que participam do proje-to “Diagnóstico higiênico-sa-nitário de alimentos comer-cializados em feiras especi-ais de Goiânia e capacitaçãotécnica de produtores/ven-dedores”, financiado peloCentro Colaborador em Ali-mentação e Nutrição (Cecan/GO), vão colher alimentos detodas as barracas das feirasda Lua e do Sol para análise.O objetivo é avaliar a quali-dade dos produtos que sãosendo comercializados e tam-bém consumidos pela popu-lação feirante, conforme ex-plica a vice-diretora. Os re-sultados estão previstos parao final do ano.

A trajetória – O curso deNutrição da UFG nasceu naFaculdade de Medicina (FM),juntamente com o de Enfer-magem, em 1975. Em 1977,foi aprovada a criação do De-partamento de Enfermagem eNutrição da FM.

Em 1981, o curso deNutrição passou a ser minis-trado pelo Departamento deNutrição da então recém-cri-ada Faculdade de Enferma-gem e Nutrição (FEN) da UFG.

Com a reforma da estruturaadministrativa da universi-dade, em dezembro de 1996,a FEN foi desmembrada emduas unidades acadêmicas, aFaculdade de Enfermagem(FEN) e a Faculdade de Nu-trição (Fanut).

Localizada no CâmpusColemar Natal e Silva (câm-pus I), a Fanut divide umaárea de 2.870,74 m² com a Fa-culdade de Enfermagem. A Fa-nut oferece o curso de gradua-ção em Nutrição e três cursosde especialização lato sensu –Consultoria Alimentar e Nutri-cional, coordenado pela pro-fessora Tânia Aparecida deCastro; Controle de Qualida-de e Gerenciamento da Pro-dução de Alimentos, coorde-nado pela professora ÉrikaAparecida da Silveira; e Saú-de da Família, coordenadopela professora EstelamarisMônego.

Em 1988, com base nanova lei de Diretrizes e Basesda Educação Nacional (LDB) e,tendo em vista que o currícu-lo deve ser a expressão de umprojeto pedagógico, a Fanutfez uma reformulação curricu-lar, que passa a incluir o con-junto de atividades, experiên-cias e situações de ensinofora da sala de aula. “Atual-mente, a faculdade está refor-mulando, mais uma vez, o pro-jeto pedagógico, ainda para osegundo semestre de 2008, le-vando em consideração as di-retrizes do curso”, afirma aprofessora Maria do RosárioGondim.

Concebido com apenas15 vagas anuais, o curso deNutrição logo passou a ofe-recer 30 vagas. Em 1997, essenúmero aumentou para 36 e,desde 1998, são oferecidas 40vagas. “A partir do próximovestibular, a Fanut vai ofe-recer 72 vagas anuais, divi-didas em 32 por semestre”,adianta Maria do RosárioGondim. O novo número estáno projeto da UFG aprovadopelo Programa de Apoio a Pla-nos de Reestruturação e Ex-pansão das Instituições Fe-derais de Ensino Superior(Reuni).

Hoje, a unidade temquadro docente de 24 profes-sores efetivos, 14 deles dou-tores, oito mestres, sendocinco deles em processo definalização do doutorado, umespecialista e seis substitu-tos. Além dos professores, aFanut tem oito servidores téc-nico-administrativos e contacom a colaboração de quase 30bolsistas, sendo nove de mo-nitoria, dez do Programa Ins-titucional de Voluntários deIniciação Científica (Pivic),cinco do Programa Institucio-nal de Bolsas de Iniciação Ci-entífica (Pibic), e cinco do Pro-grama de Educação Tutorial(PET).

Em sua estrutura, dis-põe de salas de aula e seislaboratórios – Informática,Avaliação Nutricional, Técni-ca Dietética, Nutrição e Aná-lise de Alimentos, Controlee Higiene Sanitária e Nutri-ção Experimental –, que aten-dem a várias disciplinas,como Nutrição em Saúde Pú-blica I e II, Educação Nutri-cional e Avaliação Nutricio-nal, entre outras. A Fanutministra disciplinas tambémpara outros cursos da UFG,como Educação Física e En-fermagem, além de ter forma-do parceria com a SecretariaMunicipal de Saúde e com oHospital das Clínicas (HC)para atividades de extensão.“Os alunos fazem atendi-mento nutricional em diver-sos ambulatórios do hospi-tal e em várias unidades daregião leste e norte, no Dis-trito Sanitário Norte e Lestede Goiânia”, explica Maria doRosário Gondim.

No primeiro semestrede 2008, o Ministério daSaúde, juntamente com oMin is tér io da Educação(MEC), aprovou a propostade integração das faculda-des de Nutrição e de Farmá-cia ao Programa Pró-Saúde,que orientará a formação deprofissionais de saúde. Ain-da este ano, a direção daFanut enviou uma propostaà Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de NívelSuperior (Capes) referenteà abertura do programa depós-graduação na faculda-de, com um curso de espe-cial ização em Nutrição eSaúde e o mestrado naárea. Segundo a vice-direto-ra, serão inicialmente trêslinhas de pesquisa: diag-nóstico e intervenção nutri-cional em saúde, qualidadede al imentos e dietas e ,ainda, segurança alimentare nutricional.

“A Fanut é considera-da Centro Colaborador emAl imentação e Nutr içãopara a região Centro-Oeste(Cecan-GO)”, afirma a pro-fessora Estelamaris Mône-go. Isso significa que a uni-dade presta assessoria téc-nica ao Ministério da Saú-de em ações relacionadas àalimentação e nutrição paraGoiás, Mato Grosso, MatoGrosso do Sul, Tocantins eDistrito Federal. Dessa for-ma, conforme a professoraEstelamaris Mônego, “os es-tados possuem maior enten-dimento acerca das necessi-dades da população, e issopossibilita o estreitamentona relação entre eles”.

A

O curso de Nutrição da UFG comemora também anota máxima no Exame Nacional de Desempenho dosEstudantes (Enade), no Índice de Diferença de Desem-penho (IDD) e no Conceito Preliminar do Curso (CPC).Com esse resultado, a Fanut posiciona-se entre as trêsmelhores faculdades do Brasil, ao lado da UniversidadeFederal de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal deAlfenas (Unifal-MG).

Avaliação positiva

Fot

os: D

ivu

lgaç

ão

Professores eestudantesanalisam examesrealizados empacientes do HC

Page 12: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

12 INTERNACIONAL Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Grupo SantanderBrasil lançou no dia7 de agosto, na cida-

de de São Paulo, a segundaedição do Programa de Bol-sas Luso-Brasileiras peloprograma Santander Uni-versidades. A cerimôniareuniu cerca de 45 bolsis-tas, pais, reitores e pró-rei-tores representando 16 uni-versidades contempladas.

O programa beneficia175 estudantes brasileiroscom bolsas no valor total de3,3 mil euros, equivalen-tes a R$ 8,8 mil cada uma,

Banco lança programa de bolsas luso-brasileiraspara que possam aprofun-dar sua formação acadê-mica durante um semes-tre letivo em universida-des portuguesas.

Contemplado comuma das dez bolsas con-quistadas por alunos daUFG, o estudante RobsonRosa da Silva, do sexto pe-ríodo de Química, presti-giou o evento e recebeu umcertificado das mãos doexecutivo Pedro Coutinho,responsável pela rede San-tander, em nome dos 130bolsistas de outros esta-

dos, que não estiverampresentes.

Aos 19 anos, Robsonda Silva quer que seus tra-balhos na área de Quími-ca de materiais tragambenefícios reais à socieda-de. Agora, prestes a embar-car para Trás-os-Montes, ci-dade da região Norte dePortugal, acredita queessa viagem transformarásua visão de mundo: "Ve-rei as coisas com outrosolhos e nada poderá des-crever o que vou sentir nospróximos meses", afirma.

O executivo da rede Santander Pedro Coutinho, o bolsistaRobson da Silva (UFG) e o presidente da Associação dosDirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

(Andifes), Amaro Henrique Pessoa Lins

Trabalho de estudante é premiadoem evento internacional

A pesquisa do estu-dante da Guiné-Bissau,Tcherno Aliu Candé, foipremiada em primeiro lu-gar no 5º Congresso Pan-Americano de Esteriliza-ção e 6º Simpósio Interna-cional de Esterilização eControle de Infecção Hos-pitalar, evento realizadoentre os dias 24 e 27 dejulho, no Palácio das Con-venções Anhembi, em SãoPaulo. O trabalho "Esteri-

lidade de tubos de siliconeapós reprocessamento emvapor saturado sob pressão"é resultado da especializa-ção em Microbiologia, ori-entado pelas professorasda Universidade Federal deGoiás (UFG), Fabiana Cris-tina Pimenta, do Institutode Patologia Tropical eSaúde Pública (IPTSP) eAnaclara Ferreira VeigaTipple, da Faculdade deEnfermagem (FEN).

Parceria entre UFG e Instituto Politécnico de BragançaA Universidade Fede-

ral de Goiás (UFG), pormeio da Escola de Agrono-mia (EA), recebeu o profes-sor Carlos Aguiar, do Ins-tituto Politécnico de Bra-gança (IPB), entre os dias29 de junho e 4 de julho,com o objetivo de discutira criação da UniversidadeAngolense Internacional(UAI), sediada em Bengue-la, na Angola. O principalacionista da UAI, o GrupoIberiapremium, está inte-ressado na parceria com aUFG nas áreas de saúdee educação, e quatro re-presentantes da institui-ção acompanharam o pro-fessor Carlos Aguiar navisita à universidade. Ogrupo foi também à Facul-dade de Medicina (FM), aoHospi ta l das Cl ín icas(HC), à Faculdade de Far-mácia (FF), ao Institutode Patologia Tropical eSaúde Pública (IPTSP) eao Instituto de CiênciasBiológicas (ICB).

De 30 de junho a 5 dejulho, a professora Visita-ción Conforti, da Faculda-de de Ciências Exatas eNaturais, da Universida-de de Buenos Aires, este-ve na UFG, ministrando ocurso "Sistemática e Eco-log ia de Euglenóf i tas"para estudantes do pro-grama de pós-graduaçãoem Ecologia e Evolução daUFG e para convidados deoutros estados. A profes-sora participou tambémdo XII Congresso Brasilei-ro de Ficologia, realizadona Universidade Católicade Brasília de 7 a 10 dejulho.

Argentinaministra curso

sobre algas

Curso atualiza professoresem língua espanhola

Em parceria com aAssessoria Cultural daEmbaixada da Espanha e aUniversidade Santiago deCompostela, a Faculdadede Letras da UniversidadeFederal de Goiás (UFG) re-alizou, em julho, o II Cur-so Interuniversitário deAtualização Didático-Peda-gógica de Espanhol. Oevento contou com a par-ticipação de 83 professo-res, a maioria da rede pú-blica de ensino. A cerimô-nia de entrega dos certi-

ficados ocorreu no dia 18de julho e contou com apresença da coordenado-ra do curso, professoraSara Guiliana Gonzáles,da assessora lingüísticada Assessoria Cultural daEmbaixada da Espanha,Elena Haz Gómez, da co-ordenadora de AssuntosInternacionais da UFG,Ofir Bergemann de Agui-ar e da representante daUniversidade Santiago deCompostela, Nuria GalánSuarez.O professor da Facul-

dade de Letras da UFG,Luiz Mauríc io Rios, fo iclassificado em 2º lugarno concurso cul tura l"Québec 400 Anos" de re-dação em francês. O con-curso foi promovido du-rante as comemorações

do quadricentenário dacidade de Québec, pelaEmbaixada do Canadá,com o apoio do Centro deEducação Canadense e daFederação Brasileira deProfessores de Francês.Participaram professoresde todo o Brasil.

“Québec 400 Anos”

Professora Anaclara Ferreira Veiga Tipple (FEN)recebe o prêmio do estudante Tcherno Aliu das

organizadoras do evento

Ao final do curso, os participantes receberam seus certificados

Dirigentes da instituição portuguesa estiveram reunidoscom o reitor da UFG, Edward Brasil

O D

ivu

lgaç

ão

Vin

íciu

s B

atis

taV

iníc

ius

Bat

ista

Fotos: D

ivulgação

Luiz MaurícioRios é professorda Faculdade deLetras da UFG

Carlos S

iqueira

Page 13: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

13INTERIOR Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Lutiane Portilho

eguindo a política en-sino, pesquisa e ex-tensão da Universi-

dade Federal de Goiás(UFG), o Câmpus de Cata-lão vive um bom momentono âmbito da pós-gradua-ção. Com um histórico dequase 20 anos de limita-ções, principalmente faltade espaço físico, para setrabalhar a pesquisa e agraduação, era difícil con-seguir recursos para após-graduação. Mas essasituação vem sendo trans-formada com o empenhodaqueles que trabalham eestudam na unidade.

O câmpus foi contem-plado com uma verba da Fi-nanciadora de Estudos eProjetos (Finep) de R$ 435mil, por meio do CT-InfraNovos Campi, para a cons-trução do prédio de pesqui-sa, programada para come-çar ainda no segundo se-mestre deste ano. Segundoa coordenadora de pesquisae pós-graduação do Câmpusde Catalão, Maria Rita de

Câmpus de Catalão investe em pesquisaDe acordo com aCoordenação dePesquisa e Pós-Graduação docâmpus, osinvestimentos empesquisa aumentamanualmente e criamum quadro diferentedo que se via em anosanteriores

Cássia Santos, essa cons-trução dará a oportunidadede melhorar as condiçõesde trabalho dos pesquisado-res, já que é o primeiro es-paço próprio para as ativi-dades de pesquisa.

Com a construção des-se novo prédio, o aluno po-derá fazer a consulta bibli-ográfica on-line, além deter acesso a três laborató-rios multidiscipl inares,nos quais poderá realizarseus trabalhos juntamen-te com outras áreas. Ma-ria Rita de Cássia afirmaque, com esses recursos,é quase certa a aprovaçãodo mestrado em Históriapara 2009, a exemplo domestrado em Geografia,que foi aprovado recente-mente. Alguns professoresjá elaboram também proje-tos dos cursos de mestra-

Katiéllen Bonfanti

O I Congresso Nacio-nal de História, que englo-ba o II Congresso Regionaldo Curso de História deJataí e o I Simpósio do Gru-po de Trabalho de HistóriaCultural da AssociaçãoNacional de História – Se-ção Goiás (Anpuh/GO),será realizado de 23 a 26de setembro.

O congresso temcomo tema os 200 anos datransferência da famíliareal portuguesa para oBrasil e objetiva reunirnão apenas pesquisado-res, mas principalmenteos estudantes dos cursosde História das Institui-ções de Ensino Superiorda região Centro-Oeste. Aprimeira edição do con-

Curso de História de Jataí realiza congressos em setembrogresso teve 210 trabalhosinscritos. Para este ano,a expectativa é de cercade 350 trabalhos.

A conferênc ia deabertura será ministradapor Dom João HenriqueMaria Gabriel de Orleanse Bragança. Dom Joãozi-nho, como é conhecido, étetraneto de D. Pedro I,trineto de D. Pedro II ebisneto da princesa Isa-bel. O congresso tambémcontará com a participa-ção do jornalista Lauren-tino Gomes, diretor-supe-r intendente da Edi toraAbr i l e autor do l i v ro“1808: Como uma rainhalouca, um príncipe me-droso e uma corte corrup-ta enganaram Napoleão emudaram a História dePortugal e do Brasil”.

Outros conferencistasesperados são Luiz Augus-to Bustamante Lourenço,da Universidade Federal deUberlândia (UFU) e Claris-se Ismério da Universida-de da Região da Campanha(Urcamp), além de diversosconferencistas da Univer-sidade Federal de Goiás eda Universidade Estadualde Goiás (UEG).

Para Marcos Antôniode Menezes, coordenadordo curso de História deJataí e coordenador docongresso, o evento temgrande importância portrazer contribuições sig-nificativas à história doBras i l . Marcos destacaque, mesmo sendo licen-ciatura, o curso de Histó-ria de Jataí tem-se carac-terizado por realizar mui-

ta pesquisa. De acordocom o coordenador, esteano o evento é de portenacional, mas, a partir dopróximo ano, será inter-nacional. Outro fator im-portante é que o congres-so traz, para o interior dopaís e do estado, discus-sões que geralmente sãofeitas apenas em grandescentros, como Rio de Ja-neiro e São Paulo.

Além das conferênci-as, serão realizados mini-cursos, mesas-redondase minissimpósios sobre ahistória do Brasil. A pro-gramação completa doevento pode ser conferi-da no endereço www.congressohistoriajatai.org,assim como a realizaçãodas inscrições e envio detrabalhos.

do nas áreas de Educaçãoe de Letras.

Outro problema que oCâmpus de Catalão enfren-tava nas áreas de pesquisae pós-graduação, de acordocom a coordenadora, era oreduzido número de douto-res, em razão da dificulda-de que se tem em fixar dou-tores no interior. Hoje, Ca-talão já conta com mais de90 doutores, realidade di-ferente de há cinco anos,quando esse contingentenão chegava a 20. Comesse número crescente, osrecursos chegam tambémao interior para se reali-zar pesquisa. Segundo Ma-ria Rita, o dinheiro nãochega diretamente para após-graduação e sim paraa graduação, mas ajuda nodesenvolvimento do câm-pus da mesma forma. “Es-

ses recursos auxiliam in-diretamente a pós-gradua-ção, pois traz maior núme-ro de doutores, mais pes-soas voltadas para as ati-vidades de ensino, pesqui-sa e extensão”, afirma acoordenadora.

De acordo com MariaRita, no Câmpus de Catalãohá algumas linhas de pes-quisa de destaque, como ade Políticas Públicas, quecentraliza atividades deHistória, de Geografia edos cursos das ciênciashumanas em geral. Alémda linha de Meio Ambien-te, que é do mestrado deGeografia e concentra ati-vidades também dos cur-sos de Química, Biologia,História e Pedagogia.

Estrutura e Recursos –Catalão tem hoje 235 pro-

jetos de pesquisa cadas-t rados em andamento ,nos quais trabalham 95doutores, 71 mestres e13 especialistas. Dos in-vest imentos e recursosda União para a gradua-ção , ex is te uma verbapermanente de R$ 4 mi-lhões anuais . Indepen-dentemente desses re -cursos e angariados coma pesquisa feita no câm-pus, em 2007, Catalão re-cebeu um financiamentode R$ 1,3 milhão. Esserecurso é conseguido como esforço dos professorespara obter verbas da Fi-nep, do Conselho Nacio-nal de DesenvolvimentoCientíf ico e Tecnológico(CNPq) e da Fundação deAmparo à Pesquisa do Es-tado de Goiás (Fapeg).

De acordo com MariaRita, a pesquisa é de extre-ma importância para oamadurecimento do aluno,para que ele possa encer-rar a sua graduação, pen-sar em uma pós-graduaçãoou em um setor de traba-lho. Ela enfatiza que, en-quanto a graduação não ti-ver um trabalho de inicia-ção científica, será muitodifícil se falar em pós-gra-duação, porque ela é umreforço da graduação. “Nos-sos esforços estão voltadospara pedir cada vez maisbolsas de iniciação cientí-fica, de modo que haja umamadurecimento da gra-duação e consequente-mente gerem avançospara termos uma boa pós-graduação”, afirma a coor-denadora.

S

Div

ulg

ação

Car

los

Siq

uei

ra

Dom João HenriqueMaria Gabriel de

Orleans e Bragançaministrará conferência deabertura do evento quecomemora os 200 anos

da transferência dafamília real portuguesa

para o Brasil

Os investimentos no câmpus garantem o ensino de qualidade aos estudantes

Page 14: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

14 UNIVERSIDADE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

Pedro Ivo Freire

projeto Ações Inter-setoriais para aSaúde: Promoção da

Saúde para o Desenvolvi-mento Local Sustentável(AIPS) aborda a saúde deuma maneira diferente.Elaborado pela AssociaçãoCanadense de Saúde Pú-blica (CPHA), em colabora-ção com a Escola Nacionalde Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) e a AssociaçãoBrasileira de Pós-gradua-ção em Saúde Coletiva(Abrasco), o projeto AIPSintegra o Programa de In-tercâmbio de Conheci-mento para a Promoção daEqüidade, desenvolvido noâmbito do acordo de coope-ração Canadá-Brasil. O ob-jetivo do projeto é expan-dir conceitos e práticas depromoção da saúde comoparte da estratégia nacio-nal de redução das diferen-ças sociais com desenvol-vimento sustentável. Suarealização, em Goiânia eem outras cinco localida-des do Brasil, faz parte deuma grande iniciativa deintercâmbio de tecnologi-as, promovida pela Embai-xada do Canadá, com o pro-pósito de auxiliar paísescom índices elevados dedesigualdades sociais oucarências na área da saú-de pública.

Para o monitoramen-to do projeto AIPS, a UFGrecebeu, no dia 26 de ju-nho, a representante daAssociação Canadense deSaúde Pública, HelenaMonteiro, o representanteda coordenação nacionaldo projeto Ações Interseto-riais para a Saúde (AIPS),Carlos Silva, e a coordena-dora do Núcleo de SaúdePública e Desenvolvimen-to Social da UniversidadeFederal de Pernambuco(UFPE) e do projeto Muni-cípios Saudáveis no Nor-

Canadá investe na saúde em Goiânia

deste do Brasil, professoraRonice Franco de Sá. AUFG, em articulação coma Secretaria Municipal deSaúde de Goiânia, é a par-ceira local do projeto.

Durante a visita, foifeito também o planeja-mento do seminário e daoficina de trabalho paraparceiros locais, a reali-zar-se em Goiânia, no pe-ríodo de 20 a 23 de outubrode 2008. Os visitantes fo-ram recebidos pelo vice-reitor da UFG, BeneditoFerre ira Marques, pelacoordenadora de Assun-

tos Internacionais da ins-tituição, Ofir Bergmann,e pe la pro fessora DaisGonçalves Rocha, da Fa-culdade de Odontologia.

Ação conjunta – Partici-pam do projeto AIPS no Bra-sil, ao todo, seis localida-des: Goiânia; Manguinhos,no Rio de Janeiro; Sobral,no Ceará; Recife (PE); Cu-ritiba (PR) e o município deAmericana, em São Paulo.O projeto articula univer-sidades, serviços locais ecomunidades em ações in-tersetoriais para a promo-

ção da saúde e o desenvol-vimento local. Cada locali-dade é l ivre para cons-truir, a partir da sua pró-pria realidade, um projetoque se encaixe nas medi-das e nos objetivos de tra-balho de maior demandapara a saúde.

Em Goiânia, um dosobjetivos do projeto é a ca-pacitação dos agentes desaúde comunitária parapromover a saúde, com aperspectiva de que saúdee bem-estar social não de-pendem somente do cuida-do de doenças ou males fí-

Município integraprograma deintercâmbio técnico-científico brasileiro-canadense. Emparceria, UFG eSecretaria Municipalde Saúde de Goiâniadesenvolveminiciativasexperimentais deações intersetoriaisde saúde

O

sicos. Os agentes são trei-nados para identificar osproblemas que comprome-tem a qualidade de vida nalocalidade em que traba-lham e buscar soluçõespara eles. Faz parte desuas ações encontrar oucriar meios de firmar par-cerias com órgãos esta-tais, cooperativas de traba-lhadores e até corporaçõespoliciais, a fim de evitarque problemas como, porexemplo, falta de infra-es-trutura, carência de opor-tunidades de lazer e práti-ca de esportes, maus cui-dados com o meio ambien-te ou falta de segurançavenham a acarretar doen-ças e violência. Os agen-tes comunitários de saúdesão contratados, por meiode concurso público, pelaPrefeitura de Goiânia eparticipam do programaEstratégias de Saúde daFamília (ESF).

Encontros – O projeto fun-ciona na comunidade daseguinte maneira: primei-ramente, são realizadosencontros, dos quais parti-cipam os agentes e as ins-tituições ligadas aos proje-tos intersetoriais de saú-de, em que se destaca anecessidade de pensar asaúde de uma forma am-pla e diferenciada, volta-da para o bem-estar detodos . Em seguida, osagentes levantam os mai-ores e mais graves pro-blemas do bairro ou daregião e promovem ofici-nas com a participação deespecialistas convidados.Reunidos em grupos dedois ou três, os agentesapresentam, como produ-to final das oficinas, umplano de ação, destacan-do os resultados previstose sua aplicabilidade paraaquela região.

"Os agentes mobili-zam a comunidade e reú-nem associações de mora-dores, vereadores etc.,para concretizar o compro-misso do governo de urba-nizar locais específicos,trazer melhorias como luzelétrica, construir espaçoseducativos de apoio às es-colas, quadras esportivasetc, explica Jaqueline Ro-drigues Lima, professora daFaculdade de Enfermagemda UFG e integrante doAIPS. Detectado o problema,comum ou complexo, osagentes entram em açãopara estudar as causas ebuscar soluções.

Fot

os: C

arlo

s S

iqu

eira

O vice-reitor da UFG, Benedito Ferreira Marques, recebeu os representantes do projeto(Canadá/Brasil) que prevê a construção de estratégias de ações intersetoriais de saúde

Registro do encontro realizado na região leste de Goiânia, entre os agentesde saúde e as intituições ligadas ao projeto

Page 15: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

15

O gosto geral porcenas violentas éa evidência daexistência emnós de poderososinstintosagressivos

DEBATE Goiânia, agosto de 2008Jornal UFG

título da novela doescritor russo Fiodor Dostoi-évski, Uma história lamentável,designa com perfeição o quepresenciamos recentemente:a trágica história de uma cri-ança que, não bastasse a vi-olência a que foi exposta, vi-rou, desde sua morte, o es-petáculo favorito dos brasi-leiros. Essa história pareceter provocado nos brasileirosdois sentimentos opostos:por um lado, o sofrimentosolidário com a dor da peque-na Isabela e a indignaçãocom tão humana crueldade e,por outro, um aparente pra-zer em assistir à repetida ex-ploração na mídia dos deta-lhes do crime. Não fosseisso, o que explicaria os tãoelevados índices de audiên-cia do caso? Das duas uma:ou reconhecemos a ambiva-lência da natureza e dos sen-timentos humanos, ou nosresta crer que somos todosmasoquistas.

Que a indústria culturalmanipula a reação das pesso-as é inegável. Em 1947 MaxHorkheimer e Theodor Adornojá haviam assinalado o cará-ter repressivo da indústriacultural, que determina o quedevemos sentir, desejar etc.Contudo, o que está em ques-tão é que as pessoas parecemse comprazer com tamanhasatrocidades; somos capazesde sentir prazer com a expo-sição do sofrimento alheio,mesmo quando o sofredor éalguém frágil e inocente.

O leitor familiarizadocom a psicanálise não acha-rá estranha essa idéia. Emseu livro O mal-estar na civili-zação (1974a), Freud nosapresenta sua formulação fi-nal da teoria dos instintos.De acordo com ele, somos to-dos movidos por duas forçasopostas, concorrentes e auto-subsistentes: o instinto devida e o instinto de morte,Eros e Tanatos. É como se ti-véssemos dentro de nós umausina geradora desses doistipos de instintos. A carac-terística básica dos instintosé que eles expressam neces-sidades, portanto, demandamsatisfação. Se amar é umanecessidade humana, agredire destruir – ou assistir ce-nas de agressão e destruição

Somos todos masoquistas?– também são. O que ocorreé que a civilização incumbe-se de frear, reprimir ou im-por a renúncia aos impulsosdestrutivos que lhe são con-trários. E como faz isso?

Primeiramente, atravésdas leis. Mas as leis, emboracontrolem a força destrutiva,não põem fim à agressividade.No início da década de 1930,sob as agruras da SegundaGuerra Mundial, Albert Eins-tein escreveu a Freud questi-onando-lhe as razões psicoló-gicas de a humanidade recor-rer à guerra na hora de resol-ver seus conflitos. Indagava-lhe como explicar que uma hu-manidade civilizada fosse,contraditoriamente, sangren-ta e primitiva. Einstein ques-tionou: “É possível controlara evolução da mente do ho-mem, de modo a torná-lo àprova das psicoses do ódio eda destrutividade?” (FREUD,1974b, p.243).

Em resposta, Freud es-creveu-lhe um texto, poste-riormente publicado com otítulo Por que a guerra?, noqual aborda a existência deforças psicológicas conflitan-tes e a impossibilidade de ohomem se tornar imune àdestrutividade. Argumentaque as leis, recurso máximoda civilização contra a violên-cia, institucionalizam a pró-pria violência. Em resposta àrelação estabelecida porEinstein entre direito e po-der, Freud lhe diz: “permita-me substituir a palavra 'po-der' pela palavra mais nua ecrua 'violência'?” (FREUD,1974b, op. cit., p. 246).

Além de contraditórias,as leis não alcançam as for-mas mais sutis demanifestação daa g r e s s i v i d a d e :uma lei pode proi-bir a mãe de es-pancar seu filho,mas não a impe-de de olhar paraele com ódio oude lhe falar comdesprezo. Podeproibir um “bran-co perfeito” demanifestar sua rejeição a umnegro ou deficiente, mas nãode olhá-los com desdém.

Para Freud, o instintoagressivo é onipresente. Erose Tanatos estão sempre jun-tos e mesclam-se em variadasproporções – ora predominaum, ora predomina outro. Sea libido – energia provenientedos instintos de vida – estáem toda parte, a agressivida-de e o instinto de morte tam-bém estão. Quem concordarcom essa tese não se surpre-enderá com a ambivalênciados nossos sentimentos nemcom o lado sombrio de nossanatureza. Contudo, se somosassim, o que torna possível avida em sociedade?

O segundo recurso en-contrado pela civilização foi,através da repressão, tornarinofensiva – até certo ponto –

a agressividade. O impulso re-primido é enviado de voltapara o lugar de onde proveio.Por medo de perder o amor e aproteção do nosso objeto deamor, “escolhemos” internali-zar nossa agressividade. As-sim, temos duas alternativas:descarregar o instinto agressi-vo ou introjetá-lo. No primeirocaso o instinto é satisfeito; nosegundo, é domesticado e sa-tisfaz-se parcialmente fazen-do o próprio ego sofrer, vistoter sido descarregado contraeste. A essa tensão, Freudchamou ansiedade, uma espé-cie de punição imposta ao egopelo superego, um sentimentode culpa, um mal-estar queatormenta a civilização.

Contudo, a repressão aosinstintos agressivos não osexpulsa da mente humana.Apenas cria um lugar incons-ciente para eles, mas os mes-mos continuam ativos e exi-gentes. Freudianamente fa-lando, ass is t i r repet ida-mente, com interesse e cu-riosidade, ainda que comcerto mal-estar, as notíci-as detalhadas sobre a mor-te de Isabela, significa darvazão aos próprios instintosdestrutivos, satisfazê-los. Atelevisão mostrou diversasvezes a reconstituição dacena do crime: por diversasvezes o espectador assistiu àssimulações de “asfixia”, de“esganadura” e de lançamen-to de um corpo de boneca pelajanela. Não dá para negar quehá uma espécie de identifica-ção dos espectadores com osagressores. Admitir isso, con-tudo, não deve levar à auto-condenação nem ao repúdio àhumanidade. Reconhecer que

somos feitosdessa matéria éo primeiro passopara enfrentar-mos nossa pró-pria agressivida-de e a violênciasocial sem ilu-sões e sem hipo-crisias. Trata-sede uma realida-de à qual a cul-tura deve ofere-

cer alternativas de sublima-ção, por mais que a indústriacultural – cuja identificaçãocom a barbárie Adorno eHorkheimer também já de-monstraram -, as restrinja.

Já dizia Riobaldo, perso-nagem de Guimarães Rosa,que cada um tem uma dosede demo dentro de si. O gos-to geral por cenas violentasé a evidência da existênciaem nós de poderosos instin-tos agressivos. Os f i lmesmais vendidos são os maisviolentos. Pouco importa sesão ficção ou realidade.

* Rúbia de Cássia Oliveira –Psicóloga, coordenadora doNúcleo de Estudos e Coorde-nação de Ações para Saúde doAdolescente (Necasa) da UFGe docente da UniversidadeEstadual de Goiás (UEG)

RÚBIA DE CÁSSIA*

O

... “a repressão aosinstintos agressivosnão os expulsa da

mente humana. Apenascria um lugar

inconsciente para eles,mas os mesmos

continuam ativos eexigentes”

DANILO RABELO, PROFESSOR DO CENTRO DEPESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO (CEPAE)

“Sou totalmente a favor das co-tas, mas temos que verificar se osalunos terão condições de se man-terem aqui na UFG para não haverevasão. Essa é uma questão polê-mica, alguns acham que as cotassão a reafirmação de uma incapaci-dade, mas as condições de compe-tição entre as escolas particulares

e públicas não são as mesmas. O molde adotado pela UFGparece muito bom, só tenho uma dúvida: por que não umaporcentagem de 20% na primeira e segunda fases? Assima margem de aprovação dos alunos oriundos de escolapúblca seria maior. Não se trata de reafirmar a inferiori-dade dos alunos de escola pública e dos negros oriundosda rede pública de ensino, mas de oferecer condições re-ais de igualdade a essas pessoas”.

MARIA JOSÉ OLIVEIRA, DIRETORA DO CEN-TRO DE PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO(CEPAE)

“A universidade realmente temque abrir espaço para as camadasoriundas das classes mais baixas.Isso também remete à qualidade doensino público nos níveis Funda-mental e Médio, que é um pouco in-ferior, inclusive por falta de cobran-ça dos pais. As cotas minimizam asdiferenças existentes, por exemplo, as de renda. As co-tas também permitem que mais pessoas, como os alunosque estudam nas escolas públicas, tenham acesso àsvagas na universidade”.

BARBARA CRISTINA SANTANA, ALUNA DO 3ºANO DO CEPAE

“Eu adorei. Assim o pessoal daescola pública tem mais chances.Antes a maioria das vagas na UFGera conquistada pelos alunos de es-cola particular, os de escola públi-ca enfrentavam mais um ano de cur-sinho para passarem. As cotas fa-cilitarão bastante”.

AMANDA DE CASTRO SELLANI, ALUNA DO 3ºANO DE ESCOLA PARTICULAR

“Não sou totalmente contra as co-tas para alunos de escolas públicas.Sou contrária às cotas para os negros,porque significam uma diferenciação,é preconceito. Essa política prejudica-rá o nível das universidades federais efuturamente o ensino superior. As co-tas servem de “máscara” para um pro-cesso de inclusão, que só resolve par-

cialmente o problema do acesso ao nível superior”.

ALEXANDRE JOSÉ UMBELINO DE SOUSA,PRESIDENTE DO SINDICATO DOS ESTABE-LECIMENTOS PARTICULARES DE ENSINODE GOIÂNIA (SEPE)

“Uma das propostas do educa-dor deve ser transformar seus alu-nos em cidadãos. Para isso, tem dehaver condições, como bom ensino,exemplos, propostas de vida, vári-as medidas. Portanto, não é umaquestão de ser contra ou a favor das

cotas, vai além disso. O ensino público brasileiro está àbeira da falência. Ao invés de tomar medidas de médio elongo prazo, o governo criou esse sistema de cotas paraacalmar umas ditas minorias. Esses alunos cotistas vãoser segregados e rotulados, porque não entraram por mé-rito próprio. O problema não é a cota, é a escola pública,que deveria ser melhorada. Qualquer um tem que ter con-dição de entrar em qualquer universidade. Esse não é oprocedimento mais ético. O estudo é um trabalho, quemtrabalhou mais, merece mais”.

ENQUETE

O programa UFG Inclui, aprovado recentemente,prevê reserva de cotas para negros e egressos

de escola pública no vestibular. Qual a suaopinião sobre o assunto?

Page 16: AÇÕES AFIRMATIVASpalestra promovida pela UFG e pela Federação das Indústrias do Esta-do de Goiás (Fieg), no dia 4 de julho, no au-ditório da Fieg. Duran-te o evento, Barbosa

16 Goiânia, agosto de 2008EXTENSÃOJornal UFG

Ana Flávia Alberton

m pouco tempo o au-ditório do HospitalAraújo Jorge estava

lotado. Crianças do setorde Oncologia Infantil, paise amigos formavam umaplatéia ansiosa. A peça Osonho de uma fadinha co-meçaria em alguns ins-tantes. Além de ser umainiciativa nova no AraújoJorge, havia um motivomais do que especial: aautora do texto, Dayse Fer-nandes, de 15 anos, é tam-bém paciente do setor.

A menina, que lutacontra a leucemia, sonhacursar Artes Cênicas naUniversidade Federal deGoiás (UFG). Ao tomar co-nhecimento disso, a musi-coterapeuta do hospital,Lara Karst, incentivouDayse a escrever umapeça que pudesse ser en-cenada para os pacientesda oncologia infantil. “En-treguei a ela uma pran-cheta, lápis e borracha,porém, não sabia quantotempo a Dayse demorariapara terminar a história.Depois fiquei sabendo queela ficou até de madruga-da para escrever o roteiro”.

A peça de Dayse é ahistória de um grupo de fa-das que luta para que aspessoas voltem a acreditarna realização de desejos.

Hospital também é palcoPeça escrita por umapaciente do setor deOncologia Infantil doAraújo Jorge éencenada parapúblico interno, paise amigos

Elas buscam uma criançaque possa levar a esperançade volta a todos. Jack, a me-nina escolhida, tem direitoa três pedidos. No último,ela deseja que todas as cri-anças com câncer sejamcuradas. Infelizmente as fa-das não podem atendê-la.Neste momento, então, apersonagem pede que todosos sonhos dessas criançaspossam se concretizar.

Dayse fala em fé, emesperança que não podeser abandonada para queos objetivos estejam maispróximos de serem alcan-çados. O sonho de uma fa-dinha trouxe esse senti-mento ao público, queaplaudiu de pé, por longosminutos, o espetáculo.

Reações e sentimentos –Palmas, lágrimas e risadasforam atitudes constantes.A bailarina do Studio Dan-çarte, Fabiane Clemondes,abriu o espetáculo. Fadascompletaram o cenário en-cantado, que reforçava oquanto é preciso ter espe-rança, sempre. “Na segun-da vez que veio a doença,eu f iquei uma semanatriste e quase desisti delutar, mas percebi que erapreciso levantar a cabeçae seguir em frente e é estaa mensagem que eu gos-taria de passar”, explicaDayse, que retomou o tra-tamento este ano.

O evento só foi possí-vel graças à colaboração dediversas pessoas. Laraafirma que, desde o come-ço, sabia que poderia con-tar com todo o setor de pe-diatria. “Cada um doou oque podia e, em parceriacom empresas patrocina-doras, construímos todo o

espetáculo”. A Companhiade Teatro Só Encena ofe-receu o talento de seus ato-res, assim como o StudioDançarte ofereceu os mo-vimentos leves da bailari-na Fabiane Clemondes. Ohospital recebeu ainda adoação de cortinas, tri-lhos, iluminação, cenári-os, fantasias. E todos osenvo lv idos o fer taramtempo, dedicação e amor.Assim, concretizou-se osonho de uma menina.

Formação – A coordenado-ra do programa de estágiodo curso de Musicoterapiada UFG, Eliamar AparecidaFerreira, explica que o tra-balho no hospital vai muitoalém de simplesmente ser-vir de estágio para os alu-nos da universidade. “Essaexperiência tem um papelfundamental na formaçãodos nossos estagiários, por-que a proposta do hospital édiferenciada. Não só auxi-

lia no crescimento técni-co desses estudantes, mastambém exercita seu ladohumano, o ser cidadão,para formar profissionaiscomprometidos com as do-res humanas”.

Apesar de o serviçoprestado pelos estagiáriosestar diretamente vincula-do à oncologia pediátrica,Eliamar esclarece que oprograma não é restrito àpediatria, já que os estagi-ários desenvolvem traba-lhos em campos diversos.“Atendemos pacientes adul-tos, quando estes nos sãoencaminhados, e atende-mos também nas UTIS, poisé necessário continuar oacompanhamento dos paci-entes que são direcionadospara lá. Atuamos tambémnos convites de transplan-te de medula óssea, nasenfermarias e na quimiote-rapia ambulatorial”.

Segundo a coordena-dora de estágio, há diver-sos projetos a serem rea-

lizados por meio da parce-ria entre a universidade eo hospital. Iniciativas cul-turais, como a apresenta-ção da peça de Dayse, porexemplo, devem ocorrermais vezes. Alguns, no en-tanto, dependem de inves-timentos maiores. É o casodo espaço especial para asatividades de musicotera-pia. Está prevista a cons-trução de um quinto andarno Araújo Jorge, pois o hos-pital já não comporta a de-manda que chega de diver-sas cidades. “Com a ampli-ação, nós teremos umasala de musicoterapia,que ainda não temos. Es-tamos sonhando em colo-car nessa sala bateria eoutros instrumentos mu-sicais de maior porte – cla-ro que com um revesti-mento acústico, de formaque se torne possível emum hospital”, esclarece Eli-amar. Essa obra está ain-da à espera de parceirospara se concretizar.

Fotos: C

arlos Siqu

eira

E