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38 “Capacitar pessoas” Capacitar pessoas com problemas motores para a vida activa, dando-lhes formação adequada na área das tecnologias da informação e electrónica foi uma das preocupações do projecto. Um grupo de formandos com limitações físicas, mas com grande capacidade para desempenhar do modo mais competente uma série de tarefas necessárias nas mais variadas empresas. FORTIC, um projecto que conseguiu dar a perspectiva de futuro e uma garantia de estabilidade. Um sucesso prático. PROJECTO FSE: FORTIC (Associação para a Escola de Novas Tecnologias – FORINO) APOIO FSE ATRAVÉS DA: Iniciativa Comunitária EQUAL Esta Escola foi fundada em 1991 por empresas ligadas ao sector das tecnologias de informação e electrónica, oferecendo actualmente formação nas áreas de Telecomunicações e Redes, Organização Industrial, Energia e Automação e Informática. Através da celebração de um protocolo, em 1996, com a ANETIE (Associação Nacional das Empresas das Tecnologias de Informação e Electrónica), a Forino conseguia uma parceria fundamental no seu relacionamento com o tecido empresarial e facilitadora da colocação dos seus formandos quer em estágios curriculares, quer na inserção na vida activa. Desde Janeiro de 1998 que a Escola está acreditada como entidade formadora, nos seguintes domínios de intervenção: concepção, organização e promoção de desenvolvimento/execução. Também possui, desde Fevereiro de 1999 a certificação do Sistema da Gestão da Qualidade, de acordo com o sistema português e a norma NP EN ISO 9001:2000, que foi renovada em 2002. É assim reforçada a sua credibilidade junto dos seus parceiros e público em geral. Teolinda Portela Directora da Forino Teolinda Portela, directora da Forino, vê no projecto FORTIC o desenvolvimento natural das actividades desta Escola de Novas Tecnologias, também apoiada pelo Fundo Social Europeu. Na sua opinião, os projectos que envolvam formação devem ser continuados, tendo em conta o mercado profissional actual na nossa sociedade. “A Escola tem como missão a formação de quadros intermédios, nas tecnologias de informação e electrónica: telecomunicações, organização industrial, energia e automação e informática de desenvolvimento e multimédia”. A Escola, que funciona em regime diurno e pós-laboral recebe “jovens” e “menos jovens”, com o 12.º ano da via geral ou da tecnológica, usando um conjunto de metodologias facilitadoras de inserção na vida activa, apresentando uma taxa de empregabilidade elevadíssima. “Os jovens diplomados também têm acesso ao prosseguimento

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“Capacitar pessoas”Capacitar pessoas com problemas motores para a vida activa, dando-lhesformação adequada na área das tecnologias da informação e electrónica

foi uma das preocupações do projecto. Um grupo de formandos com limitaçõesfísicas, mas com grande capacidade para desempenhar do modo mais

competente uma série de tarefas necessárias nas mais variadas empresas.FORTIC, um projecto que conseguiu dar a perspectiva de futuro

e uma garantia de estabilidade. Um sucesso prático.

PROJECTO FSE:

FORTIC(Associação para a Escola de Novas Tecnologias – FORINO)

APOIO FSE ATRAVÉS DA:Iniciativa Comunitária EQUAL

Esta Escola foi fundada em 1991 por empresas ligadas ao sector das tecnologias de informaçãoe electrónica, oferecendo actualmente formação nas áreas de Telecomunicações e Redes,Organização Industrial, Energia e Automação e Informática. Através da celebração de umprotocolo, em 1996, com a ANETIE (Associação Nacional das Empresas das Tecnologias deInformação e Electrónica), a Forino conseguia uma parceria fundamental no seu relacionamentocom o tecido empresarial e facilitadora da colocação dos seus formandos quer em estágioscurriculares, quer na inserção na vida activa. Desde Janeiro de 1998 que a Escola está acreditadacomo entidade formadora, nos seguintes domínios de intervenção: concepção, organização epromoção de desenvolvimento/execução. Também possui, desde Fevereiro de 1999 a

certificação do Sistema da Gestão da Qualidade, de acordo com o sistema portuguêse a norma NP EN ISO 9001:2000, que foi renovada em 2002. É assim reforçada a suacredibilidade junto dos seus parceiros e público em geral.

Teolinda PortelaDirectora da Forino

Teolinda Portela, directora da Forino, vê no projecto FORTIC o desenvolvimentonatural das actividades desta Escola de Novas Tecnologias, também apoiada peloFundo Social Europeu. Na sua opinião, os projectos que envolvam formação devem

ser continuados, tendo em conta o mercado profissional actual na nossa sociedade. “A Escolatem como missão a formação de quadros intermédios, nas tecnologias de informação eelectrónica: telecomunicações, organização industrial, energia e automação e informática dedesenvolvimento e multimédia”. A Escola, que funciona em regime diurno e pós-laboral recebe“jovens” e “menos jovens”, com o 12.º ano da via geral ou da tecnológica, usando um conjuntode metodologias facilitadoras de inserção na vida activa, apresentando uma taxa deempregabilidade elevadíssima. “Os jovens diplomados também têm acesso ao prosseguimento

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de estudos em estabelecimentos de ensino superior com os quais temos protocolos decolaboração, como a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e oISEL. Fazemos também formação contínua, de actualização e de especialização, na perspectivade formação ao longo da vida”, explica Teolinda Portela. Quando a Escola começou a notargrande dificuldade das Associações que acolhem pessoas com deficiências em entrar nomercado de trabalho, e apresentar soluções com êxito, surgiu a ideia do FORTIC. “Há cerca detrês anos começámos a sentir a grande dificuldade das Associações que acolhem pessoas comdeficiência em chegar ao mercado de trabalho com os programas formativos disponíveis”,admite. A coordenadora do projecto fala de alguns motivos para esse problema, dos quaisdestaca o distanciamento dos programas curriculares face às necessidades do tecidoempresarial e, por outro lado, também a inexistência de habituação de relacionamento dasAssociações com o tecido empresarial. “Elaborámos este projecto com a intenção de contribuirpara a transferência de conhecimento para o interior das Associações que acolhem pessoascom deficiência. E foi com esse objectivo que nasceu o projecto FORTIC que incluiu: por umlado, duas experiências-piloto de formação de um conjunto de pessoas com deficiência nasequência de acidente ou por questões congénitas”. Teolinda Portela vai mais longe ao afirmarque, desta forma, fazia-se um teste ao conteúdo e ao modelo de inserção na vida activa.“Paralelamente dois conjuntos de pessoas, formadores e facilitadores de Associações queacolhem pessoas com deficiência, cumprindo o mesmo programa de formação com o objectivode os tornar aptos e lhes dar competências que lhes permitissem vir a desenvolver e a dinamizarprojectos de dimensão semelhante ou adaptada às respectivas Associações. Escolhemosdeficientes motores porque não dominamos as metodologias pedagógicas específicas paradeficiências mais complicadas como a surdez ou a dificuldade de visão, enquanto na deficiênciamotora, sem problemas cognitivos, as metodologias pedagógicas são as mesmas, desde que ainfra-estrutura esteja adaptada”.

Nesta perspectiva, futuramente o projecto pode ser utilizado para pessoas em risco de exclusãopor não terem conhecimentos na área de informática ou porque vivem em regiões do interior,desde que tenham acesso a materiais de apoio a formação por computador. Teolinda Porteladeclara que este modelo é possível ainda para entradas tardias no mercado de trabalho ouaplicado a outras realidades. “Tudo é possível a partir daqui”, afirma. “Centramo-nos nascompetências das tecnologias de informação, o conhecimento de uma língua e da línguamaterna, um bom relacionamento interpessoal e daí podemos partir para outras áreas”.

O projecto FORTIC teve como suporte uma Parceria que integrava, para além da FORINO: a LigaPortuguesa dos Deficientes Motores (encarregue de todo o processo de selecção), a PT Inovação(dá contributo tecnológico para uso de plataformas), a Associação Nacional de Empresas deTecnologia de Informação e Electrónica (funcionou como interface para o mercado de trabalho),a Certicarta, detentora da Carta Europeia de Condução Informática, a RTF (empresa produtora deconteúdos multimédia para apoiar a construção dos materiais didácticos). Este curso foidivulgado nos meios de comunicação social, o que facilitou o trabalho e as inscrições. Na alturaa Escola contactou muitas Associações que acolhem deficientes e a Liga Portuguesa dosDeficientes Motores recolheu inscrições, fez o processo de selecção e as pessoas iniciaram aformação com grande expectativa.

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“Vamos utilizar os mesmos caminhos que usamos com os nossos jovens, encontrando soluçõesem outras empresas quando for caso disso. Neste processo é isso que nos está a motivar deforma muito especial. Seguimos dois modelos de inserção em estágio: o tradicional, em que apessoa tem um plano de estágio, negociado com a empresa, cumpre-o e fica ou não por lá e omodelo prévio à criação da sua própria empresa. Tentamos estabelecer a ponte entre estaspessoas e as entidades oficiais que têm como necessidade a actualização de todos os ficheiros,base de dados, digitalização dos arquivos, tarefas que, normalmente, são subcontratadas aoexterior a empresas privadas”. A experiência que está a decorrer nesta fase de estágiospossibilita que alguns organismos oficiais entreguem uma parte dessa subcontratação a umaentidade criada por pessoas com deficiência. É criado um “contact center” tecnológico quepermite o enquadramento destes profissionais.

Segundo Teolinda Portela, antes da criação da empresa há a necessidade de criar uma entidadeque centralize uma base de dados de clientes, e distribua trabalho, tendo como referência umabase de dados de profissionais. Na terceira fase pretende-se a disseminação do projecto. “O quetentámos foi fazer a actualização das qualificações das pessoas, de modo a poder dar respostaface às necessidades da empresa. Têm uma competência grande, só é preciso encontrar aempresa que lhes esteja adequada. Levantaram-se questões logísticas, de infra-estrutura, detransportes, mas não problemas de receptividade. Tivemos apoios espantosos quando referimosque as pessoas não tinham capacidade para se deslocar ou quando pedimos computadores paraquem desejava lançar a própria empresa”.

“O grande objectivo”, defende a directora da Forino, “é que as Associações que acolhempessoas com deficiência melhorem e desenvolvam os seus programas, permitindo às pessoasque saem da formação dessas Associações ter as competências necessárias para aceder aomercado de trabalho”.

“Sendo a Certificação actualmente uma realidade crescente e irreversível também para omercado português, quer ao nível do indivíduo, quer a nível empresarial, propomo-nos, emparceria com a ECDL, atribuir um padrão de competência, reconhecido internacionalmente, nautilização das Tecnologias de Informação e Comunicação”, adianta a directora da escola.

A formação à distância foi outra das apostas da Escola para este projecto. A parceria criadapermitiu desenvolver um modelo de formação, tendo por base a metodologia da formação àdistância, com uma componente reduzida de formação presencial que possibilitou acertificação do grupo no mercado emergente dos centros de contacto (atendimento telefónico).

Teolinda Portela conclui que, afinal, “Ser Certificado em” é obter um atestado de capacidade de“saber-fazer”, isto é, certificar que o seu detentor possui os conhecimentos e aptidõesnecessárias. “Assim, a Certificação de Competências adquiridas, no âmbito deste projecto,permitiu a cada formando obter o próprio certificado, onde se atestam os seus resultados”.

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Luís SantanaAdjunto da Direcção

Luís Santana, adjunto da direcção da Forino, explica que estas pessoas tiveram cercade 300 horas de formação separadas em duas fases. Uma em que se certificaram osparticipantes na área das tecnologias de informação através da ECDL (Carta Europeiade Condução Informática) e uma segunda fase que integrava a formação

sócio-cultural e comportamental nas áreas de Português, Inglês, Atendimento, Técnicas deNegociação e Venda e Resolução de Conflitos. “Após essa formação as pessoas encontram-se,neste momento, num período de estágio que está a terminar.” Na opinião deste responsável pelaEscola de Novas Tecnologias, até agora as reacções têm sido positivas, quatro pessoas játerminaram o estágio de trabalho e três delas têm possibilidade de continuar na empresa. “Asempresas mostraram agrado pelas pessoas e pretendem continuar com elas. Iniciaram a formação24 pessoas, 19 ainda estão a estagiar. O projecto desmistifica a ideia de que haja resistências dasempresas a empregar pessoas com deficiência, o problema situa-se na abordagem”.

O modelo de estágio prevê sempre o acompanhamento por um Supervisor Académico durante cincomeses. Funciona como elo de ligação entre a empresa e a Escola, a empresa e o formando, oformando e a Escola, ajuda-o a ultrapassar barreiras que, por vezes, se colocam e acaba por ser umelemento fundamental na definição do plano de estágio. Para Luís Santana, apoiar e estar disponívelé essencial, principalmente porque os alunos consideram essa situação fundamental e muito útil àsua evolução formativa. “A génese deste projecto foi transferir competências para as Instituições”,comenta, “formar um grupo de pessoas com deficiências motoras e integrá-las no mercado detrabalho e por outro lado, formar um conjunto de formadores e facilitadores de Instituições de modoa transferir as competências para essas Instituições é um trabalho apaixonante”.

Ricardo CorreiaFormador

O projecto proporcionou uma formação de qualidade e foi muito enriquecedor paratodos os envolvidos. “Foi um grande desafio para nós lidar com sensibilidadesdiferentes, comportamentos variados, população extremamente heterogénea, emalguns casos revelou-se bastante difícil, mas foi muito motivador”, refere.

A aposta foi ganha e todos (desde instituição a formadores e formandos) seenvolveram de forma humana, ultrapassando os limites de contacto estrito entre

formando/formador, estabelecendo-se laços de amizade que perduram de forma intensa elevaram a resultados profissionais mais profundos. “Não esperava por isto, foi a minha primeiraexperiência em população com necessidades especiais, tive alguma dificuldade emocionalporque me envolvo muito nas coisas, mas foi uma aposta ganha por todos e uma experiênciaexcelente. Eles estão preparados para qualquer desafio na área profissional que escolheram eestou convencidíssimo que vão ter sucesso”, defende.

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Jorge AzinheiroResponsável pela Newground

Jorge Azinheiro, responsável pela Newground, empresa onde estagiaram dois jovens(Dina e Fernando), considera o trabalho de ambos muito positivo para todos.

“Nós temos, para além deles, uma pessoa invisual, que está a trabalhar connosco emsituação idêntica. Já tínhamos alguma experiência, porque na empresa de onde vínhamos oresponsável financeiro era deficiente motor. Quando nos chamaram para este projecto achámos queseria aliciante. As barreiras criadas pelas empresas e pela própria sociedade dificultam a inserçãode pessoas com problemas deste género no mercado de trabalho. As vantagens de ter este tipo detrabalhadores nas empresas são, na maior parte dos casos, colocadas em segundo plano, porqueapenas aparecem dificuldades. E, na verdade, é muito mais simples do que pode parecer”.

“O responsável pela Newground defende a necessidade de informar o mundo empresarial sobreas pessoas e as entidades que as formam, de modo que essa formação seja uma mais-valiapositiva para os formandos e para a sua integração no mercado de trabalho”.

FORINOAssociação para a Escola de Novas Tecnologias

Estrada do Paço do Lumiar

Pólo Tecnológico de Lisboa, Rua F – Lote 12

1600-546 LISBOA

Tel: 217 161 997/217 140 163

Fax: 217 162 163

E-mail: [email protected]

URL: www.forino.pt