Afinal o Que Querem as Mulheres Web

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primeiro capitulo da serie, afinal o que querem as mulheres

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  • Copyright 2010 Texto Editores Ltda.Copyright 2010 dos textos, autores da srie.Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998. proibida a reproduo total ou parcial sem a expressa anuncia da editora.

    TexTo ediTores LTda.uma ediTora do grupo LeyaAv. Anglica, 2163, conjunto 175.01227.200Santa Ceclia - So Paulo - SP - Brasilwww.leya.com

  • AFINAL, O QUE QUEREM A

    S

    MULHERES?

    ///DIREO. LUIZ FER

    NANDO CARVALHO

    1 EPISDIO

  • ///////////

    Copacabana amanhece, isolada do mundo pelas pedras e pelo mar. Entre as janelas ainda adormecidas, vemos o movimento distante e solitrio de um homem: Andr, que trabalha em frente a uma mquina de escrever.

    ANDR - aqui que voc me v pela primeira vez...

    Na sala que Andr faz de escritrio, h uma srie de objetos de mulher espalhados pelo cho: revistas femininas, roupas ntimas, maquiagem, produtos de beleza e tambm livros - de Simone de Beauvoir, Camille Paglia, a coleo completa de histrias romnticas "Sabrina", quadrinhos da "Mafalda" do Quino, "Valentina" de Crepax... E, claro, volumes das obras completas de Freud. Andr continua batendo as teclas da mquina, exausto, depois de mais uma noite virada trabalhando.

    ANDR - ... Nessa parte da histria estou escrevendo minha tese de doutorado em Psicologia sobre a famosa pergunta que Freud fez e jamais conseguiu responder: "Afinal, o que querem as mulheres?".

    Andr abandona o conforto dos tratados psicanalticos nas suas estantes e parte para a pesquisa no mundo real. Num salo de beleza, ao lado de mulheres de diferentes idades e tamanhos sentadas nas poltronas - algumas fazem as unhas, outras esto com a cabea embaixo de enormes secadores -, Andr, o estranho no ninho feminino, l uma revista feminina.

    Como se ouvissem a pergunta de Andr, duas mulheres retrucam. Elas tambm seguram revistas femininas e leem fragmentos dos seus ndices, apontando com os dedos o que mais lhes interessa. ANDR

    //// DISTANTE E SOL

    ITRIO

    pgina 07__

  • Num spa, um grupo de mulheres nuas est mergulhado num fumegante ofur cheio de espuma. A mais jovem e bonita delas continua uma conversa.

    MULHER JOVEM - (plcida, feliz, "Poliana") Nasci para ser dona de casa. Adoooooooro a ideia de abrir mo de cuidar de mim mesma para cuidar do marido!

    Do meio do ofur surge um intruso Andr, de snorkel e mscara de mergulho, que emerge como um periscpio, sem ar, assustando as mulheres, que gritam numa mistura de terror e xtase.

    Em casa, Andr segue escrevendo. Vemos, ao lado da mesa, uma enorme pilha de papel rascunho. Ele se levanta, arrancando o papel da mquina de escrever. Estende a folha sua frente e l o que escreveu.

    ANDR - ... Desde a Antiguidade, o feminino sempre foi visto com uma mistura de fascnio e medo...

    Andr olha para uma esfinge que tem sobre a mesa.ANDR - "DECIFRA-ME OU DEVORO-TE"

    ///DECIFRA-ME OU

    DEVORO-TE

    MULHERES

    MULHER 1 - (para Mulher 2) Seja amada por seu homem e desejada por todos. Consulte o baralho cigano. Elimine os pneuzinhos. Seja jovem e linda daqui a 20 anos!

    MULHER 2 - (assertindo com a cabea) Ah...! Coloque a carreira em primeiro lugar. Livre-se do estresse dos homens. Seja bem-sucedida: conhea o prazer solitrio!

    CLING! De volta ao apartamento, Andr segue escrevendo sob a luz de uma luminria ainda acesa e o sol que comea a atravessar a sala. Em ritmo alucinado, ele acerta as teclas de uma mquina de escrever e faz o carro da mquina correr - cling!

    ANDR - ... Afinal, o que querem as mulheres? Talvez seja mais fcil colonizar Urano...

    Numa sala da Universidade, vemos a Dra. Noemi - belssima, seios fartos, decote sob o jaleco branco, culos e coque - caminhar de um lado para o outro sobre um pequeno palco.

    DRA. NOEMI - (com ar militar) A ideia de que somos oprimidas pelos homens uma fantasia ultrapassada. A mulher o sexo dominante! E o homem um parasita que se apegou a ns como aqueles peixinhos que ficam sob as barbatanas dos tubares...

    ///////PGINA 09__

  • ANDR - Senhorita... Eu poderia te fazer uma pergunta? coisa muito rpida... Pode ser?

    GARONETE NEGRA - (hesitante) T...

    Andr prepara seu gravador de rolo sobre o balco e estende o microfone. ANDR - O que querem as mulheres?

    GARONETE NEGRA - Como assim?

    ANDR - O que vocs, as mulheres, querem?

    GARONETE LOIRA - (servindo o caf) Ah, meu filho... Muito complicado!

    ANDR - pra dizer a primeira coisa que vier cabea.

    A garonete ruiva, mais velha de todas, subitamente se intromete na conversa.

    GARONETE RUIVA - Ser viva...! Eu quero um homem com quem eu me case e que depois morra. Meu sonho ser viva. to bonito...

    ///EU PODERIA TE FA

    ZER

    UMA PERGUNTA?

    SENHORITA

    Na rua, Andr se aproxima do balco do Caf La Marquise. Trs mulheres trabalham aqui: uma jovem negra tira o caf, outra loira lava a loua e a terceira, uma senhora ruiva, est no caixa. Andr abaixa a cabea e chama a primeira.

    ANDR - Por favor, senhorita, um caf e uma gua...

    GARONETE NEGRA - (para garonete loira) Tira um caf, por favor?

    Ela se abaixa graciosamente, pega uma gua e bota no balco.

    ///////////

    pgina 11__

  • GARONETE LOIRA - T gravando? , eu quero um homem que me banque. J t por aqui de sair com mendigo, s tem maloqueiro por a. (para a garonete negra) E voc, bonitinha, tem que se ligar nos detalhes, hein? No relgio, na marca da camisa, no chaveiro do carro... O lance so os funcionrios pblicos, minha filha, estatais, globais... T gravando mesmo? (aproxima-se do microfone) , a Snia, hein? 9394-7472!

    ANDR - (para a garonete negra) E voc?

    GARONETE NEGRA - Olha... Eu quero um homem que me entenda e me explique. E que me faa esquecer dos outros homens. E que daqui a pouco me ajude a esquecer dele tambm...

    ANDR - (aturdido) O homem biodegradvel...?

    GARONETE NEGRA - Acho que isso... Voc vai querer mais alguma coisa?

    ANDR - (desligando o gravador) ...

    GARONETE LOIRA - Ih... Olha o cara... T perdido ou t apaixonado...?

    GARONETE RUIVA - D no mesmo!

    Andr vira o caf rapidamente, deixa uma moeda no balco e sai correndo, em fuga.

    ANDR - Obrigado, senhoritas...

    O HOMEM

    BIODEGRAD

    VEL...?

    O HOMEM

    BIODEGRAD

    VEL...?

    pgina 12__

  • Andr chega a seu apartamento depois de um dia de trabalho. Ele deixa as fitas na mesa e liga o gravador de rolo para transcrever as entrevistas.

    ANDR - H milnios os homens dedicam-se a inventar a mulher. Das nossas criaes que desejam o eterno, essa a mais poderosa - e arriscada...

    Soam troves. Andr se assusta. Nesse instante, desaba sobre Copacabana uma chuva de vero. O vento faz com que uma das folhas de rascunho voe pela janela aberta.

    A folha descreve um elptico caminho at colar-se ao rosto de uma bela mulher que caminha apressadamente, fugindo do temporal. Lvia que, depois do susto, descola a folha do rosto, como se j soubesse do que se tratava, e entra na portaria do prdio.

    ANDR (OFF) - ... Inventar a mulher... Talvez essa seja a nica forma de conhec-la por baixo da superfcie dos seus gestos e palavras...

    Em casa, Andr continua de p, impaciente, caminhando de um lado para o outro, relendo o que escreveu. Lvia abre a porta sem que Andr a oua, mergulhado em seus pensamentos. Sem falar nada, ela o olha com ternura e cola a folha mida de papel no vidro da janela.

    ANDR - ... E essa inveno sempre comea com uma histria de amor.

    FLASHBACK 1. Cinco anos antes, Lvia a ltima da fila, que avana pela calada do Cinema Roxy, em Copacabana. Um menino anda pela rua vendendo chicletes e para na esquina, longe do final da fila. Lvia estica o pescoo - ela quer comprar um chiclete. Um distrado Andr dobra a esquina e fica atrs de Lvia, no ltimo lugar da fila. Esse um bal de movimentos banais que unir o destino dos dois.

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  • LVIA - Voc pode guardar o meu lugar? Vou ali comprar um chiclete.

    ANDR - Qual voc quer?

    LVIA - (surpresa) ... Aquele verde... Lisinho... De hortel... Com embalagem prateada... Amarelo por fora...

    CORTE DESCONTNUO PARAAs mos de Lvia recebendo um monte de chicletes de todos os sabores. Andr repara que as mos de Lvia esto sujas de tinta.

    ANDR - (apontando os dedos dela) Suas mos so lindas... Tutti-frutti?

    FLASHBACK 2. Andr sobe correndo as escadas do palcio no Parque Lage. Quando chega ao jardim interno, v um grupo de estudantes de pintura. Lvia faz parte do grupo. Ao centro, vemos uma modelo-vivo que posa para os estudantes - alguns a desenham, outros a esculpem em argila.

    Andr encosta numa pilastra e observa Lvia em silncio. Quando ele tenta se aproximar pelo corredor, para ter um ponto de vista melhor, derruba um cavalete, que derruba outros, causando verdadeiro desastre. Um professor vem pelo corredor.

    PROFESSOR - (histrico) Voc deveria fazer bal para ter maior noo de espao! O que o senhor est procurando aqui?

    ANDR - As minhas sapatilhas...?

    O professor se enfurece. Lvia se adianta, divertida, segurando a mo de Andr.

    CINEROXY///TODOS OS SABO

    RES

    CINEROXYpgina 16__

  • LVIA - Voc est salvo!Os dois descem a escada correndo. Riem como duas crianas.

    FLASHBACK 3. Andr e Lvia caminham pela cidade vazia de madrugada, iluminados pela luz da lua, vigiados por umas poucas janelas acesas no topo dos prdios.

    LVIA - Voc j parou para pensar no que acontece nas janelas acesas de madrugada? Eu penso nisso desde criana...

    ANDR - Eu prefiro imaginar o que acontece nas janelas apagadas... T vendo? So milhes que dormem flutuando sobre as nossas cabeas...

    LVIA - Com o que ser que eles sonham?

    ANDR - Eles? Eles sonham com ns dois. (grita, com as mos na boca, para as janelas)

    Ns somos o sonho dos que agora dormem!

    LVIA - Shhh...!

    Lvia abraa Andr, interrompendo sua fala com um beijo - o primeiro deles.

    FLASHBACK 4. Vemos aqui a verso de solteiro do apartamento de Andr. Lvia passeia com os dedos pelos lbuns em vinil de Andr. Ela escolhe um disco e o retira da estante.

    LVIA - Nossa... Voc tem isso aqui?

    Andr liga a vitrola e faz o disco girar. A agulha chia contra a superfcie do vinil e... Msica.

    Lvia e Andr se amam.

    ANDR - Adoro essa msica.

    FIM DO PRIMEIRO BLOCO***

    SEGUNDO BLOCO***

    Amanhece em Copacabana. So poucos os que veem o dia surgir, vermelho. Garis e entregadores de jornais inauguram caladas, senhoras levam suas cachorrinhas para passear, idosos atlticos marcham pelo calado.

    Em casa, Andr est na sala trabalhando depois de outra noite insone. Transcreve uma fita do gravador. Ele aperta play e surge uma voz de mulher.

    VENDEDORA (OFF) - Vocs so mesmo uns bobos...

    No balco de uma sex shop, uma vendedora muito jovem masca chiclete com os cotovelos apoiados no balco. Nas prateleiras h uma infinidade de acessrios, alm de fantasias e lingerie.

    VENDEDORA (OFF) - O homem perde tempo insistindo em ver cada uma de ns como a vagabunda, o anjo, a companheira, o diabo, a popozuda, a santinha... Por que exige de ns todos os papis, menos o de mulher? Por que no descobre, depois de tanto tempo, que somos simplesmente seres humanos carregados de eletricidade feminina?

    ADORO ESSA MSIC

    A

    ///FIM DO PRIMEIRO

    BLOCO///////pgina 18__

    ADORO ESSA MSIC

    A

    ///FIM DO PRIMEIRO

    BLOCO

  • Lvia surge na sala do apartamento, recm-desperta, e desliga o gravador, interrompendo a fala da vendedora. Vemos melhor agora o amplo e iluminado apartamento onde vivem os dois h cinco anos, com livros e pincis empilhados por toda a parte e quase nenhum lugar para sentar.

    LVIA - Essa tese est te enlouquecendo, meu amor, voc parece...

    ANDR - (cortando, agressivo) Lvia, o que que voc quer?

    LVIA - O que eu quero, Andr...?

    ANDR - No sei voc, mas eu preciso trabalhar. E voc precisa pintar, no isso?

    LVIA - Ontem me ligaram de So Paulo confirmando a exposio, pensei em te contar... Mas achei melhor no perder meu tempo.

    ANDR - (distrado com suas anotaes) Ah, ? Perder seu tempo?

    Lvia, irritada, puxa Andr pelo brao at um de seus quadros. Em todos, a imagem de um homem e uma mulher se desfaz em meio aos borres de tinta. Lvia mostra uma tela rasgada ao meio. Um enorme vo separa as figuras.

    LVIA - Depois de ter trabalhado quase um ms nesse quadro... Peguei uma faca e rasguei. (mostrando o rasgo) Comecei a imaginar o que poderia ser visto por trs deles dois. E no tem nada...

    ANDR - Agora no d, Lvia. (aponta para a mesa) Eu preciso terminar isso aqui...

    LVIA - Eu no vou conseguir...

    ANDR - Voc no me ama mais?

    LVIA - T vendo? Eu preciso de ar, vou dar uma volta...!

    Lvia se atrapalha para amarrar os sapatos com pressa. Andr a olha, parado de p.

    LVIA - Voc pattico.

    Sai batendo a porta. A folha de papel, antes colada no vidro da janela, agora seca, descola-se e vai at o cho. Andr est s.

    Correndo pelos corredores da universidade, um esbaforido Andr com seu gravador a tiracolo chega ao consultrio do Dr. Klein. A recepo minscula e austera. H uma pequena mesa e, por trs dela, uma bela secretria.

    SECRETRIA - Quem devo anunciar?

    ANDR - O Dr. Freud meu orientador...

    SECRETRIA - (interrompendo) Quem?!

    ///VOC

    PATTICO

    PATTICO///////pgina 20__

  • grande estante na parede oposta ao div guarda centenas de livros. Na cabeceira do div h uma poltrona, onde est sentado o Dr. Klein.

    Como a realidade de Andr est alterada, o doutor visto por ele como o prprio Dr. Freud. E o Dr. Freud que senta-se numa cadeira ao lado da cabeceira do div onde Andr est deitado.

    DR. FREUD - (acendendo um charuto) Ento, Senhor Andr, o senhor pode me dizer em que direo est indo o trem?

    ANDR - O trem... Que trem?

    DR. FREUD - Andr, no possvel! Quanto tempo mais para responder essa pergunta?

    ANDR - Mas, doutor, o senhor demorou a vida inteira e no conseguiu responder...

    DR. FREUD - (bufa e d uma longa baforada)...

    ANDR - (falando sozinho) Eu no estou conseguindo escrever... E a minha pesquisa est me afastando da minha mulher.

    Dr. FREUD - Plato disse que um homem sem amor como uma criatura que tem a metade dos membros. Eu acrescentaria que um homem apaixonado como voc tem os membros duplicados. Veja s: para cada dupla de pernas e braos, outra imaginria!

    ANDR - (olha para para sua sombra na parede cheia de braos e mos extras) Como um homem-polvo... O amor uma monstruosidade...!

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    DR.FREUD///DR. FRE

    ANDR - Dr. Freud! Quer dizer, o Dr. Klein... Me desculpa, eu me chamo Andr e estou fazendo uma tese sobre...

    SECRETRIA - (continua a frase de Andr, sabichona) ... "Afinal, o que querem as mulheres..." T sabendo...

    Andr liga o gravador e estende o microfone para a secretria.

    ANDR - Sabe?

    SECRETRIA - (orgstica, pegando o microfone) Olha, o que eu queria mesmo, no fundo... (cochicha) Era todos os dias, trs vezes por dia, quatro, cinco... Eu at j busquei tratamentos com o doutor pra esse meu apetite insacivel, mas...

    O Dr. Klein surge porta e pigarreia ruidosamente, interrompendo o depoimento da secretria. DR. KLEIN - Andr, voc pode entrar agora.

    Andr entra na sala do Dr. Klein. Aqui, o clima totalmente diferente, como se estivssemos numa cpsula do tempo. H um div com almofadas sobre um espesso e bordado tapete oriental. Na escrivaninha, em prateleiras e em pequenas mesas, h uma enorme coleo de antiguidades: deuses egpcios, bustos romanos e gregos, desenhos de centauros, reprodues da esfinge, vasos, estatuetas chinesas e indgenas. Uma

  • DR. FREUD - (traga o charuto) claro que o homem-polvo acaba por tropear nas suas pernas multiplicadas... Onde eu estava com a cabea quando te aceitei como meu aluno? No pode haver pior cientista do que um homem apaixonado...

    Andr chega a seu apartamento e percebe que as coisas de Lvia no esto mais l. Dos seus quadros, restam somente as marcas na parede.

    Imediatamente, Andr d meia-volta e bate a porta do apartamento. Decidido, caminha at o elevador.

    ANDR - Qualquer coisa! Eu fao qualquer coisa para reconquistar essa mulher....

    O elevador chega ao trreo. Andr abre a porta e sai em disparada.

    ANDR - ... Eu vou at o fim. At o fim do mundo... E eu vou pra l agora!

    Em outro corredor, a alguns quarteires dali, Andr faz soar uma campainha. A porta se abre - estamos na antessala do palcio de Jocasta. Quem surge num abrao Celeste, a me do nosso heri.

    ME - Meu filho!

    ANDR - Mame...

    Beijam-se. Andr entra. A me ter encarnaes diferentes cada vez que aparecer, ainda que interpretada pela mesma atriz. Dessa vez, tpica me judia e atenciosa, numa casa cheia de bibels e delicadezas.

    ME - Voc quer um cafezinho? Acabei de passar.ANDR - Duplo... Triplo. Com chumbinho...

    Na sala h uma luneta, e atravs dela Andr olha para o cu.

    ME - Est vendo alguma coisa a?

    ANDR - Eu t sempre quase vendo alguma coisa, me. Mas no. Hoje, no. Hoje eu estou cego...

    ME - Quando voc era criana, uma vez me perguntou, olhando o telescpio...

    FLASHBACK 5. Vemos aqui o mesmo apartamento, com quase os mesmos mveis, h cerca de 25 anos.

    ANDR CRIANA - Por que a noite to escura, me?

    ME - O cu no brilha dia e noite porque a luz das estrelas mais distantes no teve tempo de chegar at a Terra...

    ANDR CRIANA - ...? Por qu?

    ME - Meu filho... (pausa) S existe o que voc pode ver.

    ANDR CRIANA - E onde est o meu pai agora?

    Na piscina do Copacabana Palace, uma Miss Brasil, paramentada com faixa e coroa, ergue-se de uma espreguiadeira. Fala com ar inicialmente radiante, depois melanclico. sua frente, um aborrecido Andr lhe estende um gravador.

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  • MISS BRASIL - Marido? Proposta de casamento... S esse ano recebi trs! Mas nem sei por que eles me pedem, j que no me conhecem. No fundo ningum me conhece. Podem olhar tudo, e olham mesmo, mas eu no sou a miss. Eu sou uma outra... Uma outra que ningum nunca vai conhecer...

    Num boteco barulhento, Andr entorna chopes com os amigos Miguel, Zing e Laura. Nas prateleiras h uma infinidade de garrafas e, abaixo, uma grande estufa com cabritos, abacaxis, cachos de banana e latas de azeite. No alto de tudo, em destaque entre galhos de arruda, h um pequeno altar com um relgio e um santo de porcelana - que vigia a todos, j bbados nessa madrugada.

    MIGUEL - No tinha uma pergunta mais fcil no, Andr?

    LAURA - Por exemplo...

    ZING - Se existe vida em outros planetas? Se existe vida aps a morte?

    ANDR - (com o olhar perdido) Se existe vida aps a Lvia...

    LAURA - Lvia, Andr?

    MIGUEL - Esquece um pouco isso, cara... , garom!

    Ao lado, surge o garom com uma bandeja de chopes, rapidamente transformado em Dr. Freud com seu indefectvel charuto.

    ANDR - Dr. Freud! Voc conhece algum casal feliz?

    DR. FREUD - Andr, lembre-se da sacerdotisa grega: "O amor no um deus, mas um grande demnio...".

    Todos riem de Andr.

    LAURA - T falando sozinho, Andr?

    GAROM - Freud explica...!

    Andr entra em casa, amparado pelo Dr. Freud como um ferido de guerra. Cai vestido na cama vazia e dorme.

    Andr abre os olhos abruptamente - acorda para dentro do sonho, no qual est numa cabine escura. Ele coloca uma moeda num buraco e a sala ilumina-se. Ele pode ver, por trs de vidros espelhados, uma danarina se contorcendo seminua na plataforma giratria sob luzes piscando. Ela se despe da roupa de estudante colegial. Andr est numa das cabines, por trs de um espelho de uma face s. Ele pega um interfone da cabine.

    ANDR - Al? Al? Quem voc?

    Quando a danarina mostra os peitos e o rosto, Andr percebe que Ela tem o rosto do Dr. Freud. Ela o Dr. Freud num corpo feminino jovem e sexy. Ela se aproxima do vidro e d uma baforada do charuto que carrega.

    FREUD EXPLICA!

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  • EU TE AMO ANDR

    DR. FREUD - O que querem os homens, meu filho?

    Andr acorda em pnico.

    FIM DO SEGUNDO BLOCO***

    TERCEIRO BLOCO***

    Andr, recm-desperto de seu tenebroso pesadelo, se serve de caf com gim na cozinha e volta a escrever febrilmente sua tese.

    Na porta do aeroporto, Jonas, marchand amigo de Lvia, desembarca os quadros dela de um pequeno furgo, com a ajuda de dois funcionrios. Eles entram no aeroporto.

    Em casa, Andr est sendo vencido pela mistura de sono e lcool. Mesmo assim ele parece emocionado por ter chegado a um ponto especial do texto. O sol entra rasgando a sala do apartamento vazio. Andr olha, sobre a mesa, uma pilha de folhas escritas. Andr pega uma delas e l:

    ANDR - O amor... O amor o fascnio recproco de duas pessoas por aquilo que elas tm de mais secreto.

    O sol continua arranhando seus olhos. Andr alcana os culos escuros de Lvia e vai at a janela, de onde avista um avio cruzando o amanhecer amarelado.

    As janelas dos prdios do outro lado da rua espelham fragmentos dourados. Andr sorri com um dos cantos da boca, enquanto fica olhando seu mundo despertar.

    Flashback 6. 6:15 da manh. Andr olha para a janela sua frente e se lembra de um outro amanhecer onde ele e Lvia se amaram apoiados na mesma janela.

    LVIA - Eu te amo, Andr.Quando o relgio marca 7:59, Andr, ainda com os olhos metidos dentro dos culos escuros, desliga o despertador.

    Na primeira fila do auditrio da universidade esto a me, Dr. Klein e os amigos de Andr: Miguel, Zing, Laura - que se preocupam em arranjar um pouco de caf forte para estancar a ressaca do amigo. Andr est sentado no fundo do palco, exaurido. No palco, por trs de um plpito e um microfone prateado, um senhor toma a palavra. (Durante a cena, ouve-se um sinal telefnico de espera.)

    APRESENTADOR - Senhoras e senhores presentes ao 45o Congresso Nacional de Psicanlise, boa tarde. Ns temos a honra de anunciar a tese vencedora do prmio de melhor contribuio cientfica... "Afinal, o que querem as mulheres?", de Andr Newmann.

    Aplausos. Andr reage incrdulo.

    O sinal telefnico continua. Numa galeria de arte, Lvia que tenta telefonar para Andr. Ao fundo, seus quadros esto sendo desembalados e presos na parede.

    Andr sobe ao plpito do auditrio. Seus olhos esto vermelhos e seu aspecto de quem bebeu muito e dormiu pouco. Tem um calhamao debaixo do brao. Andr, perdido, d dois tapinhas no microfone, mas, logo em seguida, para estranhamento da plateia, fecha os olhos como se adormecesse por alguns segundos. Ainda com os olhos fechados, uma longa inspirao o traz de volta ao salo. Depois de uma pausa, diz:

    EU TE AMO ANDR

    pgina 28__

  • Quando Andr terminar sua leitura, o auditrio estar lotado de mulheres lindssimas - que o aplaudiro com euforia.

    Com a galeria cheia de jornalistas, fotgrafos e personalidades do meio artstico, Lvia o centro dos flashes. Ao fundo, vemos seu amigo Jonas.

    A Livraria da Travessa est lotada para a noite de autgrafos de Andr. Ele autografa seu livro-tese para uma pequena multido de curiosos, fs, professores e celebridades ao seu redor. Entre a multido vida para receber um autgrafo est Tatiana, a mulher mais bonita da livraria, do bairro e da galxia. Ela, ninfeta de 17 anos, toca os ombros de Andr por trs.

    TATIANA - (baixo, com sotaque) Andr... Eu esperei muito por esse encontro. O livro do senhor... como se o senhor tivesse me revelado para mim mesma... Me desculpe falar assim sem que tenhamos sido apresentados anteriormente, mas eu no poderia deixar de vir aqui e conhec-lo.

    ANDR - Como voc se chama?

    TATIANA - Tatiana.

    ANDR - (oferece a mo para ela) Tatiana?

    TATIANA - (cumprimentam-se, ele tenta tirar a mo, mas ela firme e sorridente) Tatiana Dovichenko.

    Tatiana no larga a mo de Andr.

    Mais tarde, no Restaurante Cipriani, Tatiana e Andr jantam luz de velas em clima romntico. De luvas,

    O TRPTICO DO C

    ASAL

    O GLAMOUR SEXU

    AL DA MULHER

    ANDR - ... O glamour sexual da mulher vem deslumbrando - e destruindo - homens desde Dalila e Helena de Troia. Porque deslumbrar, no limite, impedir de ver... Ainda assim, deslumbrados, cegos pela sua luz, tentamos alcan-las - e entend-las. Tudo o que fazemos para ser amados.

    De incio, a plateia reage com estranhamento, sem entender exatamente o que se passa, mas Andr, sem ligar a mnima, segue falando sua maneira.

    Na galeria de arte, Lvia segue ao telefone, angustiada. Jonas se aproxima.

    JONAS - Lvia, eles esto querendo saber onde colocam aquele trptico do casal...

    No apartamento de Andr, vemos que seu celular esquecido vibra sobre a mesa at cair no cho e quebrar.

    Lvia desliga o telefone e olha para o quadro que est sendo carregado pelos funcionrios do museu.

    LIVIA - No acredito... Ele desligou...

    De volta ao auditrio, Andr segue com seu discurso. A cmera passeia pelos rostos, agora interessados, vidos, atentos, do pblico.

    ANDR - ... Posso, contudo, expressar a esperana de que tenha contribudo para o progresso do conhecimento. Muito obrigado.

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  • os garons os servem francesa. Ela, em deslumbramento eufrico enquanto Andr parece estar em outra sintonia.

    TATIANA - A sua maneira de pensar, Andr... Voc o homem mais incrvel que eu j conheci...

    ANDR - Isso porque voc nunca me viu tocando repinique...

    TATIANA - E o seu humor, Andr... Eu poderia passar o resto da vida s te ouvindo falar...

    ANDR - Eu j te contei do dia em que eu tive que renovar a minha carteira de motorista no Detran?

    TATIANA - Eu t apaixonada, Andr.

    ANDR - ... E a fila estava enorme, serpenteava por trs quarteires... O qu?!?

    TATIANA - isso. Eu sou apaixonada por voc.

    ANDR - ... Mas calma, vamos devagar... Voc to bonita e inteligente e tem a vida toda pra viver. Alm do mais, tenho que te confessar uma coisa... Ainda gosto da minha ex-mulher... Voc no a conhece ainda, mas voc vai adorar ela... Eu at vejo vocs duas juntas indo ao museu. A Lv...

    Tatiana interrompe o discurso de Andr com um beijo.

    Na tarde iluminada de um outro dia, Andr e Tatiana passeiam no pedalinho da Lagoa em forma de cisne.

    TATIANA - Sabe o que quer dizer Tatiana em russo?

    ANDR - No. O qu?

    TATIANA - Quer dizer "do papai"...

    ANDR - (ri, assoviando uma polca) Que interessante...!

    Que maravilha. Que estupendo. Fenomenal! Andr pedala aceleradamente rumo ao centro da Lagoa.

    J em casa, Andr l um livro deitado na cama. Tatiana aproxima-se seminua e provocante. Ela sopra a sua boca e lhe d um beijo. Depois, pula da cama e coloca um disco numa pequena vitrola. A agulha chia contra a superfcie do vinil e... Msica.

    ANDR - Adoro essa msica...

    Tatiana mergulha sobre Andr. ELES no se amam - mas fazem sexo.

    Andr e Tatiana esto h dias no bagunado apartamento de Andr, jogados na cama como dois adolescentes. Ao redor da cama, embalagens de comida chinesa, discos, roupas jogadas ao cho.

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  • TATIANA - (pegando nas costas de Andr) Voc quer uma massagem? Suas costas esto to duras...

    ANDR - Ai, ai... T doendo... Eu vou ficar torto com essa sua massagem sovitica. No sei por que voc no quer entender isso... Eu sou um senil...!

    TATIANA - Olha, o sr. Senil t querendo elogios! Como que vocs dizem? Confete...?

    ANDR - (coloca o lenol nas costas e a cobre, brincando, caindo sobre Tatiana) O velhinho agora quer se esconder numa caverna na Sibria!

    TATIANA - A gente bem que podia acampar aqui e no sair nunca mais!

    ANDR - No, t demais... Esse quarto tem muito mosquito, e os animais silvestres noite...

    TATIANA - (saindo de baixo do lenol) Mas, srio! Por que no acampamos juntos, de verdade? Vamos fazer uma viagem... Quem sabe acampar na aldeia em que Pushkin nasceu... Krasnekut!!!

    ANDR - Voc est louca? Eu nunca acampei na vida! Por que voc no entra para a associao dos escoteiros russos...? So to jovens e acampam maravilhosamente bem...

    Na mesma livraria onde lanou seu livro, vemos Andr, de culos escuros, procurando guias de viagem sobre a Rssia.

    ANDR - (procurando, falando baixinho) Krasnekut... Krasneshhkut...

    Andr esbarra numa pessoa que, por acaso, tem seu livro na mo. O livro cai e ele se abaixa para peg-lo. Quando vai entreg-lo, v que a pessoa uma mulher: Lvia.

    FIM DO PRIMEIRO CAPTULO

    FIM DO PRIMEIRO

    CAPTULO

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  • AFINAL, O QUE QUEREM AS MULHERES?

    DIREOLuiz Fernando Carvalho

    ESCRITO PORJoo Paulo Cuenca

    COAUTORESCeclia GiannettiMichel Melamed

    TEXTO FINALLuiz Fernando Carvalho

    ELENCO:Michel MelamedPaola OliveiraVera FischerLetcia SpillerMaria Fernanda CndidoDan StulbachOsmar Prado

    APRESENTANDOBruna Linzmeyer

    ComAlessandra ColasantiAlexandre SchumacherAna Kariny GurgelAntonio KarnewaleBruna SpnolaDaniel GagginiElizabeth PerfollFernanda FlixGiselle IngridHalyne OliveiraLeticia IsnardLuciana PachecoMillene RamalhoRodrigo PandolfoSelma LopesShirley CruzSuzanna KrugerTatiana Monteiro

    ATRIZES CONVIDADASEliane GiardiniLavinia VlasakTamara Taxman

    ATRIZ ESPECIALMENTE CONVIDADALetcia Sabatella

    ATOR ESPECIALMENTE CONVIDADORodrigo Santoro

    PARTICIPAO ESPECIALCarlos Manga eTarcisio Meiracomo Romeu

    AS CRIANAS Douglas IvanGabriela CariusIsabely RougemontMaria Alice MartinsMaria Clara Tavares

    ELENCO DE APOIOPamella VidalAna Claudia GuerraFernanda LessaIvy SouzaKarine Camargo

    PARTICIPAESAffonso Romano de SantAnnaAnna Cristina CampagnolliArnaldo MarquesCassio PandolfiCecilia LageClaudia PaivaCleiton EchevesteDavid HermannDerio ChagasEdi RaffaEduardo MachadoElaine AlbanoEvandro MeloFlavio PardalGraziela AlvesIgnacio AldunateIsabel PinheiroJaqueline SperandioJohnson TeixeiraJos Carlos SanchesLeandro CastilhoLuis WashingtonMaira JungMarcelo TrindadeMarcio FonsecaMarcos AcherMarina ColasantiMario HermetoPrazeres BarbosaXando Graa

    EQUIPE:DIREO DE FOTOGRAFIAAdrian Teijido

    GAFFERWarley Miqueias

    EQUIPE DEILUMINAOPaulo Roberto Miranda CostaAlexandre VazAntnio Augusto FilhoMarcio Ribeiro Diogo da Silva Marques Valdemir Pereira da Silva Rafael Lemos Martins Marcelo Henrique de Melo Fabiano Siqueira

    MAQUINISTAValdemir Cesar Coelho

    COLORISTAWagner Costa

    FIGURINOBeth Filipecki

    CENOGRAFIAJoo Irnio

    PRODUO DE ARTELara Tausz

    MSICA Tim RescalaMarcelo Camelo

    EDIOMarcio Hashimoto

    EQUIPE DE EDIOHelena ChavesPaulo Leite

    CENGRAFOSIsabela Urman Claudiney Barino

    CENGRAFOS ASSISTENTESMarcio FontesWilson NetoMarcia BezerraDebora Mesquita

    FIGURINISTASASSISTENTESPatricia BarbeitasThanara SchnardieDebora BadauePitchu Santini

    EQUIPE DE APOIO AO FIGURINO Eliane MendesLia Marcia de AbreuEdson MunizLuiz GonzagaEni SantosElaine LouiseJaqueline BrandoAdriana OliveiraAna ClaudiaMaria SueliReinaldo BianchiniDeivid VieiraMarcelo GarciaAlby RamosMaria Ivonice DutraMaria Iara RodriguesMaria das Graas AlvesOldasa Rosa de SouzaHelio VasconcellosJos Cabral da SilvaWilliam Sodr de Souza

    PRODUO DE ARTE ASSISTENTEBruna NogueiraMirella FontesPaula ScampariniAna Tatit

    EQUIPE DE APOIO ARTEJorge OlmpioMauro MedeirosThiago Leal

    PRODUO DE ELENCONelson Fonseca

    GRUPO DE DANAKarla KlementeNathalia Lima VerdeLivia CostaAlcione Ramos PortoKarla Tenorio

    PREPARAO VOCALAgnes Moo

    DIREO MUSICALMariozinho Rocha

    CARACTERIZAORubens Librio

    EQUIPE DE APOIO CARACTERIZAOMarli RodriguesRonaldo FayalDell CascardiMarluci SilvaMonique DiogoJose Luiz LourenzoClaudia Nunes

    SONOPLASTIANelson ZeitouneIrla SouzaMarco Salles

    EFEITOS VISUAISEduardo HalfenRafael AmbrosioDiego Gabrig

    ANIMAOCesar CoelhoLuciano do AmaralAda de QueirozJulia Cunha

    VOZES DA ANIMAOOsmar PradoOthon BastosRoberto BonfimEvandro Melo

    EFEITOS ESPECIAISMarcos Soares

    ABERTURAHans DonnerAlexandre PitAlexandre Romano

    CMERAMurilo Azevedo

    EQUIPE DE APOIO A OP. DE CMERASilvio JernimoSrgio Fialho

    EQUIPE DE VDEOManoel Tiburcio

    EQUIPE DE UDIOFlavio Luiz FernandesBernardo Duque Estrada

    SUPERVISOR E OP. SISTEMASRodrigo Siervi Dannyo Escobar Eduardo Aster Roberto Lucas Marcelo Mello Carlos Ferreira

    PRODUTOR DE CENOGRAFIAClaudio Crespo

    GERENTE DE PROJETOS Marco Antonio Tavares

    SUPERVISOR DE PRODUO DE CENOGRAFIARonaldo BuiuLuclesio Gomes

    EQUIPE DE CENOTCNICALucia JardelJosemar Delindo FariasDaniel EloyAntonio Carlos SilvaGuilherme GouveiaJos EudesVagner GomesMichelson RoncetiJeferson Lopes da Silva

    CONTINUIDADELucia Fernanda

    ASSISTENTES DE DIREOAntnio KarnewaleGuilherme Maia

    PRODUO DE ENGENHARIAMarcos Araujo

    EQUIPE DE PRODUOAlex CostaIgor BellezaVanessa MarquesRenata FranaLuis Jovita

    COORDENAO DE PRODUORaul GamaRenato Azevedo

    GERNCIA DE PRODUOErika da Matta

    MAKING OFDIREORicardo Joppert

    DIREO DE FOTOGRAFIADaniel Primo

    ASSISTENTE DE DIREOCarla Madeira

    CMERASRicardo JoppertDaniel PrimoRoberto Macedo

    ROTEIRO E MONTAGEMJordana Berg

    MONTADOR ASSISTENTEArthur Frazo

    ASSISTENTE DE MONTAGEMSheyla Almeida

    ENTREVISTAS E PESQUISACamila Azevedo

    ENTREVISTAS ADICIONAISJuliana Saba

    SONOPLASTIALeonardo Queyroi

    EDIO DE SOMMarco Hoffer

    COLORISTASaulo Silva

    FOTOSGuilherme MaiaLeandro Pagliaro

    NCLEOLuiz Fernando Carvalho

    COORDENAO EDITORIALBarba Negra

    PRODUO EDITORIALBarba Negra e Leya

    ILUSTRAOOlaf Hajek

    PREPARAO DE TEXTOS Maria Clara CarneiroSuria Scapin

    DIREO DE ARTE E DESIGNRetina78

    FOTOSLeandro Pagliaroexceto pg 02 e 05Guilherme Maia A editora agradece a colaborao especial de Edna Palatnik, Camila Azevedo, Carla Madeira, Mnica Albuquerque e Raquel Brando