Afrika Korps

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DEUTSCHE AFRIKA KORPS (DAK)- 1941/1943 No começo de 1942, na Câmara dos Comuns, Winston Churchill prestou a Rommel um tributo só muito raramente concedido a um inimigo em tempo de guerra: "Temos pela frente um adversário muito audaz e hábil, e, permitam-me dizer, de lado a devastação da guerra, um grande general". Esse tributo poderia, com idêntica justiça, ser prestado ao próprio Afrika Korps, usando o termo "grandes soldados"; que seja isto levado à luz da História. O nome de Rommel tornou-se mais famoso que o de qualquer dos principais protagonistas na Segunda Guerra Mundial e, pela sua fama, o Afrika Korps alemão, que ele comandou nas campanhas da África do Norte, tornou-se igualmente celebrado. Ambos estão indelevelmente gravados nas páginas da História, devido a sua espantosa carreira no deserto _ de sua chegada a Tripoli, em fevereiro de 1941, a sua derrota final, na Tunísia, quase dois anos e meio depois, em maio de 1943.

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No começo de 1942, na Câmara dos Comuns, Winston Churchill prestou a Rommel um tributo só muito raramente concedido a um inimigo em tempo de guerra: "Temos pela frente um adversário muito audaz e hábil, e, permitam-me dizer, de lado a devastação da guerra, um grande general". Esse tributo poderia, com idêntica justiça, ser prestado ao próprio Afrika Korps, usando o termo "grandes soldados"; que seja isto levado à luz da História.

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DEUTSCHE AFRIKA KORPS (DAK)- 1941/1943

No começo de 1942, na Câmara dos Comuns, Winston Churchill prestou a Rommel um tributo só muito raramente concedido a um inimigo em tempo de guerra: "Temos pela frente um adversário muito audaz e hábil, e, permitam-me dizer, de lado a devastação da guerra, um grande general". Esse tributo poderia, com idêntica justiça, ser prestado ao próprio Afrika Korps, usando o termo "grandes soldados"; que seja isto levado à luz da História.

O nome de Rommel tornou-se mais famoso que o de qualquer dos principais protagonistas na Segunda Guerra Mundial e, pela sua fama, o Afrika Korps alemão, que ele comandou nas campanhas da África do Norte, tornou-se igualmente celebrado. Ambos estão indelevelmente gravados nas páginas da História, devido a sua espantosa carreira no deserto _ de sua chegada a Tripoli, em fevereiro de 1941, a sua derrota final, na Tunísia, quase dois anos e meio depois, em maio de 1943. 

Quando os primeiros elementos do Afrika Korps chegaram à África, em meados de fevereiro de 1941, o que restava do grande exército italiano do Marechal Graziani na Cirenaica acabava de ser isolado e capturado, em Beda Fomm, pela força mecanizada britânica, sob o comando do General 0'Connor. As forças italianas restantes, na Tripolitânia, tão abaladas se encontravam com as noticias desastrosas, que não tinham como defender o último ponto de apoio da Itália naquela região, O primeiro navio-transporte alemão chegou à baia de Tripoli no dia 14 de fevereiro, dois dias depois da chegada do próprio Rommel. Trazia apenas duas unidades avançadas, e Rommel apressou a ida destas para a frente, que no momento era defendida por um único regimento de italianos, de modo a criar o máximo de atividade possível para ocultar

sua debilidade e impedir que os britânicos conseguissem expulsar os italianos da África. Somente perto de meados de março é que o regimento Panzer da sua principal divisão desembarcou em Tripoli. Até fins de março, o restante dessa divisão _ a 5" Ligeira, mais tarde rebatizada 21 * Panzer _ não havia ainda chegado. A segunda das suas duas divisões, a 15ª Panzer. só chegaria em maio.Não obstante, desfechou ele uma contra-ofensiva de sondagem, no final de março, com sua única divisão (ainda incompleta) do Afrika Korps _ sentindo que os britânicos, depois de prolongada ofensiva pela Cirenaica, estavam exaustos e em processo de reorganização. Injetando ânimo e coragem, com essa manobra, em seus aliados italianos, conseguiu que estes o apoiassem com partes das três novas divisões que lhe foram enviadas da Itália. O avanço de experiência mostrou-se mais bem sucedido do que ele esperava, e Rommel o explorou sem demora, e com tal efeito demolidor, que, passados quinze dias, havia reconquistado aos britânicos todos os ganhos recentemente realizados na Cirenaica, exceto o porto de Tobruk, onde cercou a maior parte do que restava das tropas britânicas. 

Embora seus esforços para capturar Tobruk fracassassem, a balança da guerra na África começou drasticamente a pender para os germânicos.Em maio, e novamente em junho, os britânicos desfecharam renovadas ofensivas, com novas forças enviadas à África do Norte, mas Rommel e o Afrika Korps conseguiram repelir todas elas, ao mesmo tempo que mantinham o cerco de Tobruk. Em novembro, depois que Auchinleck substituiu Wavell como Comandan-em-Chefe no Oriente Médio, os britânicos desfecharam ofensiva muito mais forte, a qual Winston Churchill esperava que derrotasse o Afrika Korps e expulsasse alemães e italianos da África. As forças britânicas, agora com o nome de 8° Exército, superavam os alemães e italianos, juntos, em número de tanques, na proporção de 9 para 4, e os alemães isoladamente _ que eram "a espinha dorsal do exército inimigo", como salientava Auchinleck _ em mais de 4 para l. (Na realidade, o total de tanques dotados de canhões dos britânicos era de 756, com cerca de um terço mais em reserva, ao passo que o total 'de tanques alemães dotados de canhões era 174 e dos italianos, 146 — de tipo antiquado.) Mas nessa "Operação Cruzado - Crusader) apenas a diferença do volume das forças em choque, depois de prolongada e arriscada luta, é que levou Rommel e suas forças a se retirarem da Cirenaica para a fronteira da Tripolitânia _ de onde haviam avançado na primavera.

Com a chegada de novo comboio, que elevou seu esgotado efetivo em tanques de 50 para 100, o Afrika Korps revidou, destruiu uma recém-chegada divisão blindada britânica e recuperou a Unha de Gaiola, na Cirenaica Oriental, em princípios de fevereiro. Então, em maio, Rommel frustrou nova ofensiva britânica, atacando na Linha de gozo/q. Desta feita, tinha 280 tanques alemães dotados de canhões, com 230 tanques italianos obsoletos, contra quase 1.000 tanques britânicos. Além disso, os britânicos tinham agora 167 tanques Grani, americanos, com um impacto de fogo mais pesado do que qualquer outro, exceto 19 dos seus próprios tanques. Mas depois de uma quinzena de combate, a superioridade técnica do Afrika Korps era tão marcante, que o equilíbrio mudara de mãos. Tobruk fora tomada de assalto e o que restava do 8° Exército foi repelido numa retirada tumultuada para a Linha de El Alamein, seu último refúgio antes do Delta do Nilo. Somente ali Rommel e seus homens, esfalfados, foram finalmente detidos.

Durante esses dramáticos quinze meses, o Afrika Korps fora formado apenas das suas duas pequenas divisões originais (de 2 batalhões de tanques e 3 de infantaria cada uma), mais uma divisão ligeira que Rommel formara de algumas unidades de infantaria e artilharia. Somente depois que ele parou em El Alamein é que Hitler enviou reforços para Rommel, na forma da 164ª Divisão Ligeira e da Brigada Pára-quedista Ramcke. Ele também tinha 6 divisões italianas fracas, mas, destas, apenas uma era mecanizada e uma motorizada (embora duas mais chegassem como reforço a El Alamein, ainda que mal equipadas).

Somente quando Montgomery assumiu o comando do 8° Exército, em agosto, e quando sua superioridade em efetivos sobre os alemães foi aumentada de 6 para l em tanques _ e em aviões _ é que a balança finalmente pendeu contra Rommel e o Afrika Korps foi, por fim, desgastado. 

Realmente os Aliados estavam decididos a conquistar a África do Norte. Em 8 de novembro de 1942 força anglo-americana desembarcou na África do Norte, era a Operação Tocha. Diante

disto, Hitler e Mussolini decidiram aumentar as suas forças na África e imediatamente reforçaram Tunis e criaram o 5º Exército Panzer, sob o comando do Coronel General von Arnim, que não tinha a simpatia de Rommel. Chegado a Túnis em meados de dezembro, Arnim só encontra no local três divisões: a Divisão Broigh, esfacelada, a 10a Panzer e a divisão italiana Superga. Duas outras chegam em janeiro: a 334a DI alemã e a divisão italiana  Imperiali; depois, em março, vem a divisão Hermann Goering. As unidades estavam desfalcadíssimas, os batalhões alemães não iam além de 400 homens, as divisões italianas contavam com seis batalhões apenas e, incluindo os não-combatentes, o efetivo do 5o Exército não ultrapassava 76.000 alemães e 27.000 italianos.

Mas o reforço veio tarde demais e diante da forte pressão de Montgomery o Afrika Korps foi forçado a realizar uma retirada de 3.600 km, até Túnis, sem ser jamais isolado pêlos perseguidores, agora em grande superioridade. Pressionados pelo Leste e Oeste o AK só caiu numa armadilha quando ficou com o mar, dominado pelos aliados, às suas costas.

A 16 de fevereiro, abandonando o último farrapo do novo Império Romano, as retaguardas alemães e italianas, a Leste (AK) e Oeste (5º Panzer) se retiram, e formam atrás da linha de Mareth. Rommel traz de volta 129 tanques, cuja metade é rebocada. Reconduz, reduzidas de dois terços, as imortais divisões do Afrika Korps, a 15a Panzer, a 21a Panzer e a 90a Ligeira, assim como a 164a, que se reunira ao exército na véspera de El-Alamein, e cinco pequenas divisões italianas procedentes da guarnição de Trípoli. 30.000 alemães e 48.000 italianos vem reforçar a cabeça-de-ponte do Eixo na Tunísia.

Mas essas tropas tem no seu encalço a Leste o 8o Exército britânico de Montgomery, com sua extraordinária mescla de ingleses, escoceses, australianos, neozelandeses, sul-africanos, canadenses, indianos, malaios, gurcas, maoris, canaques, somalis, senegaleses e franceses. A vanguarda é formada pelo corpo de exército do General Freyber, ao qual se unira a Coluna Leclerc, proveniente do Chade, através do Saara. As colunas cerradas encontram-se ainda ao redor de Trípoli e de Bengási, não dispondo de meios para entrar em ação - tem que esperar várias semanas para atacar a linha de Mareth. 

A Oeste os aliados tinham o 1o Exército britânico, possuindo até então apenas um corpo de duas divisões,  o 19o Corpo francês, com suas três divisões, e o 2o Corpo dos EUA, que apesar de ter desembarcado oito divisões, os americanos só tem formadas a 1a Blindada e a 1a de Infantaria. 

As forças do Eixo que agora ocupavam o arco de posições elevadas que cobriam Túnis e Bizerta foram reunidas num comando único às ordens do general von Arnim. O fim do Afrika Korps, como unidade combatente separada, foi simbolizado por sua incorporação às outras forças que se encontravam na Tunísia, e pela partida de Rommel da África. A longa luta pelo domínio do deserto ocidental, durante a qual Rommel mostrara suas notáveis qualidades de comando, era coisa do passado, e suas forças fundiram-se com as de von Arnim para defender o baluarte montanhoso que era seu último ponto de apoio na África.

Cercado na Tunísia pelo avanço convergente das tropas norte-americanas de Eisenhower e britânicas de Montgomery, o Afrika Korp, como todas as forças alemães, é obrigado a capitular. Com a proibição de Hitler de realizar uma retirada de suas tropas da África do Norte, o Eixo sofre um desastre comparável á destruição do 6o Exército diante de Stalingrado. Em toda a campanha da Tunísia, segundo o secretário Stimson, os aliados capturaram 266.600 homens, mataram 30.000 e feriram gravemente 26.400. Suas perdas não ultrapassaram a 70.000 homens. Durante os três anos de guerra na África, que agora terminara vitoriosamente, as perdas do Eixo, segundo Churchill, foram de 950.000 mortos e capturados além da destruição de 8.000 aviões, 6.200 canhões e 2.550 tanques.

O que o AK tinha conseguido?

Primeiro, uma reputação inigualável. Levada a efeito extraordinário pelo comando de Rommel (cujo nome e prestígio, são afinal de contas, sinônimos do Afrika Korps), esta formação única. em tempo relativamente curto, adquiriu a imagem temível que a ajudou a vencer batalhas

contra forças muito mais poderosas. Ela conquistou o respeito dos seus adversários com uma atitude, habilidade e bravura que superaram tudo quanto se viu em qualquer campo de batalha da Segunda Guerra Mundial. Não houve nenhuma onda de atrocidades premeditadas no deserto, e Rommel e o AK foram iguais aos seus adversários no trabalho de não permitir o seu aparecimento.

Em técnica e equipamento, o exército alemão na África manteve-se sempre em vantagem, em muitos aspectos, até o fim, e o fez através de improvisações as mais espantosas. Por esta razão, ele forçou as forças anglo-americanas a adaptar-se àquilo que seria comum até o fim da guerra. O 8º Exército chegou mesmo a adotar uma das canções favoritas do AK, "Lili Marlene", e a cantava em competição. Nestas condições, o balanço da guerra no deserto é altamente favorável ao AK.as dramáticas vitórias obtidas por aquela corporação são obras-primas, comparadas a tudo aquilo que as forças armadas germânicas fizeram de 1939 a meados de 1942. Depois disto, porém, as realizações do AK no Deserto Ocidental não aproveitaram às ambições nazistas, porque, pelas implicações políticas e de propaganda, elas acabaram por desviar a grande estratégia do Eixo do rumo estabelecido.Segundo Hitler, muito mais útil teria sido não ser forçado a ajudar o seu vacilante aliado. 

Por esse motivo, o AK era visto apenas como um sustentáculo político de uma organização que mal e mal se sustinha nas pernas. A menos que a Alemanha estivesse preparada para transformar a África do Norte em importante teatro de guerra, tomando a costa desde Casablanca até Port Said, ao mesmo tempo que subjugava Malta, nenhuma força terrestre de tamanho considerável poderia operar na outra extremidade, porque lhe faltariam recursos para tal. Que Hitler poderia ter conseguido conquista de tal envergadura, em 1941 (em lugar de invadir a Rússia), não pode haver dúvida _ particularmente quando se leva em conta a escala do desempenho de último minuto na Tunísia. Se ele poderia tê-la mantido, é outra coisa. 

Mas Hitler, como Napoleão, sempre se assustava com a visão e o ruído do mar, e o Mediterrâneo o intrigava, assim como o Canal da Mancha. E, assim, o AK o arrastou relutante cada vez mais para o interior do continente africano e, pela própria expressão do êxito consignado, assinou a própria sentença de morte, tornando-se também fator importante na formação da estratégia do Eixo e britânica. A conjetura muitas vezes não passa de inútil passatempo, mas façamos isto apenas por instantes. Vamos supor que o AK tivesse no comando não um homem como Rommel, avesso ao convencional e agressivo por vocação, e se mantivesse na defensiva desde o começo, como queria Halder e como era praticado por Wavell na Cirenaica. Com os acontecimentos calamitosos na Grécia, as comoções no Oriente Médio e, depois, com a invasão alemã da Rússia, teriam os britânicos lançado seus esforços para oeste,  para Tripoli, ou, como é mais provável, procurado meios de ajudar diretamente a Rússia, pêlos Balcãs, que Churchill chamou o "ventre mole da Europa"? 

A julgar pelo entusiasmo com que a Grã-Bretanha acorreu a Grécia e pela necessidade vital de garantir os campos petrolíferos do Oriente Médio, podemos ignorar um poderoso movimento para o oeste antes de 1943. Em seguida, suponhamos que, mais para fins de 1941, Rommel tivesse tomado a ofensiva e fracassado, sem provocar muito júbilo da parte dos britânicos. Não teriam os britânicos adotado um ponto de vista mais otimista sobre o Oriente Médio e conservado sua reserva central para uso alhures? Não é possível que o AK tenha funcionado como um imã totalmente desproporcional ao seu tamanho, e atraído recursos extravagantes da Grã-Bretanha para uma campanha que se transformou numa batalha de prestígios e de inteligências? Lembremo-nos de alguns outros grupos que, no passado, por recusarem o convencional repetidamente venceram exércitos mais poderosos que eles. Pensemos cm Davi, nos gregos e espartanos, nos arqueiros ingleses na França, nas pequeninas carroças móveis de campanha dos hussitas de João Zizka, em vários exércitos revolucionários em inferioridade numérica, desde o de Washington até o de Garibaldi _ até, na atualidade, o dos israelenses no Sinai. Finalmente, seja lembrado como desaparecem esses catalisadores uma vez diminuída sua força e tornados convencionais.Mas, em última análise, é a qualidade dos homens _ e sobretudo a do homem que está na cúpula — a mais importante. Neste aspecto, o AK foi feliz em ter Rommel como líder, e na maneira como ele neutralizou seus adversários por quase dois anos. A medida da realização do AK é que, mesmo quando enfrentando guerreiros resolutos e valentes como eles próprios, seus homens lutaram brava e limpamente até o amargo fim. 

O temível "88" 

 

PRINCIPAIS UNIDADES DO AFRIKA KORPS

 

UNIDADE COMANDANTE REGIMENTO E BATALHÕES SÍMBOLO

15ª Divisão Panzer

General Von Vaerst

8º Regimento Panzer104º Regimento Schuetzen 115º Regimento Schuetzen 15º Batalhão Kradschuetzen 33º Regimento de Artilharia 33º Aufklaerungs Abteilung 33º Panzerjaeger Abteilung 33º Batalhão Pionier 78º Nachrichten Abteilung 

21ª Divisão Panzer

General Von Randow

5º Regimento Panzer104º Regimento Schuetzen I Batalhão Schuetzen III Batalhão Schuetzen 20º Batalhão Kradschuetzen 155º Regimento de Artilharia 3º Aufklaerungs Abteilung39º Panzerjaeger Abteilung 200º Batalhão Pionier 

90ª Divisão Ligeira

Ten.General Graf Von Sponek

155º Regimento de Infantaria Motorizada. 200º Regimento de Infantaria Motorizada.361º Regiemnto Panzergrenadieren 288ª Sonderverband 

164ª Divisão Ligeira

Oberst Lungershausen

125º Regimento Panzer-Grenadier382º Regimento Panzer-Grenadier433º Regimento Panzer-Grenadier220º Regimento de Artilharia220º Panzer-Jäger-Abteilung 220º Aufklärungs-Abteilung220º Batalhão Pionier220º Nachrichten-Abteilung

Brigada Pára-quedista  Ramcke 

Major General Ramcke

Batalhão KrohBatalhão  HuebnerBatalhão  BurkhardtBatalhão von der HeydteBatalhão de ArtilhariaRegimento de ArtilhariaCompanhia Anti-tanqueCompanhia de SinaleirosCompanhia Pioneer

*1891Erwin Rommel†1945Rommel nasceu na cidade de Heidenheim, na Alemanha, em 1891. Seu pai era matemático, e, ao contrário de muitos Generais, Rommel não pertencia a classe de Aristocratas Prussianos, nem era membro do Estado Maior, coisas que facilitavam a ascensão na carreira militar, embora sua mãe tivesse descendência de família

nobre.

Primeira Guerra Mundial

Na Primeira Guerra Mundial, Rommel demonstrou-se um exímio soldado, fazendo excelentes campanhas na França e na Itália, sendo ferido em combate muitas vezes.

     Sua maior façanha foi na Itália, depois de seu batalhão ter sido transferido a fim de ajudar os austríacos na ofensiva de outono no Isonzo. Rommel capturou a posição-chave italiana no monte Matajur, transformando a batalha de Carporetto em um desastre para os italianos, capturando 250.000 prisioneiros. Por isso, Rommel recebeu a Pour le Mérite, a mais alta condecoração, normalmente reservada aos generais mais graduados.

Período entre Guerras

Retornando à Alemanha, Rommel viu um país em desordem. A monarquia deu lugar a República de Weimar, e nas ruas, comunistas e outros grupos faziam manifestações. Ex-soldados veteranos começavam a se organizar em grupos para enfrentar os comunistas. A Revolução Russa ameaçava avançar rumo ao ocidente.

O fim da guerra em nada lhe interrompeu a carreira militar. Durante os anos de 1918 e 1920 exerceu vários postos, e em 1921, foi transferido para Stuttgart e assumiu o comando de uma companhia do 13o. Regimento de Infantaria, posto que exerceu durante oito anos, sendo um dos 4.000 oficiais regulares permitidos pelo Tratado de Versalhes. Nos anos entre guerras, dominou em profundidade os procedimentos de treinamento e administração do Exército. Subiu de posto, assumindo responsabilidades crescentes e desempenhando-as com eficiência. Colegas comentavam sua inabalável dedicação e proficiência em todos os assuntos militares.

Durante os anos de 1925 até 1929, escreveu um livro intitulado "Ataques de Infantaria", um relato de sua experiência e observações pessoais. A publicação da obra, com 400.000 exemplares vendidos na Alemanha antes e durante a Segunda Guerra Mundial, valeu-lhe destaque nos círculos militares e atraiu a atenção favorável de Adolf Hitler.

Até 1938 Rommel assumiu vários cargos, até que passou a comandar o batalhão de segurança pessoal de Hitler. Acompanhou o Führer aos Sudetos, na Tcheco-Eslováquia e a Praga.

Rommel e Hitler

Embora desinteressado da política, Rommel admirava o Führer. A denúncia anterior feita por Hitler ao Tratado de Versalhes transformara em entusiasmo a morna aprovação que o Exército tinha por ele. A restauração da Alemanha em uma situação de poder e prestígio no mundo mantiveram e ampliaram a confiança e a aprovação. Embora figurasse entre os que acreditavam no próprio Hitler, Rommel alimentava sérias reservas a respeito dos nazistas que o cercavam.

Por sua parte, Hitler gostava de Rommel não só por sua eficiência e atenção ao dever, mas também porque ele quase nada tinha do tipo aristocrático, que o deixava contrafeito. Sabedor da história de Rommel na Primeira Guerra Mundial e de seu desejo de voltar à luta, perguntou-lhe que posto queria. Tendo observado a BlitzKrieg em ação na Polônia, Rommel pediu uma divisão blindada. Hitler concordou.

Início da Segunda Guerra Mundial - Conquista da França

No dia 15 de fevereiro de 1940, à idade de 48 anos, Rommel assumiu o comando da 7a. Divisão Panzer, estacionada em Godesberg, no Reno. Sempre preocupado com a questão da mobilidade, ficou deliciado com

a maior velocidade e raio de ação dos tanques. Ao terminar com um estrondo a "Guerra de Mentirinha" no oeste no dia 10 de maio de 1940, sua unidade estava pronta para semear ventos e colher tempestades.

Rommel lançou suas unidades em ataques devastadores infiltrando-se na retaguarda inimiga, causando assim, espanto, confusão e, eventualmente, paralisia dos inimigos. Em virtude do sucesso esmagador, porém, e em particular à sua atordoante rapidez e aparecimento inesperado no campo de luta, uma vez após outra, sua tropa passou a ser conhecida como a "Divisão Fantasma" e, ele mesmo, como o "Cavaleiro do Apocalipse". A campanha transformou-o em herói popular na Alemanha.

A caminho da França, Rommel e sua divisão Panzer avançam sobre Luxemburgo, não encontrando interferência, e logo em seguida, adentra 45 km no território belga, varrendo a ligeira oposição. Transpondo o rio Ourthre, dispersou a resistência francesa e começou a penetrar fundo em território francês. Ocupando cidade após cidade, avança vários quilômetros e chega a costa entre Fécamp e Saint-Valéry-en-Caux, encurralando aí tropas britânicas e francesas que procuravam embarcar para a Inglaterra. No dia 12 de junho, aproximadamente 20.000 soldados rendem-se, e um general francês que se entregava disse-lhe: "O senhor é rápido demais para nós."

Três dias depois, Rommel voltou ao rio Sena, cruzou-o e reiniciou o avanço para o sul e oeste. Depois de rolar por várias cidades, retoma o rumo norte se aproximando da costa em La Haye du Puits. Rodara à velocidade de 30 a 45 km por hora a fim de cobrir mais de 320 km em dois dias. Seu avanço de 240 km em um único dia foi o mais longo jamais conseguido numa guerra até aquela época.

Rommel chegou aos subúrbios de Cherburgo no dia 17 de junho e prosseguiu para o sul até Rennes. Depois, avançou até a fronteira espanhola a fim de apossar-se da costa atlântica da França. Depois disso, retornou com sua divisão até Bourdeux para prestar serviço de ocupação. Em uma campanha de seis semanas de duração, Rommel capturou o espantoso total de quase 100.000 prisioneiros e mais de 450 tanques. Perdeu 682 soldados mortos em ação, 1.646 feridos, 296 desaparecidos e 42 tanques. Ninguém conduzira a BlitzKrieg com tal segurança, equilíbrio e rapidez. A foto de Rommel apareceu em toda parte na Alemanha, e seu nome estava em todos os lábios.

Afrika Korps

O Afrika Korps foi criado por Hitler na intenção de ajudar os italianos no norte da África. Mussolini havia iniciado esse novo teatro da guerra afim de conquistar o Egito e o canal de Suez. Depois de alguns passageiros sucessos os italianos começaram sofrer derrotas e mais derrotas. O comando do Afrika Korps foi entregue a Rommel, na missão de evitar a expulsão dos italianos do norte da África.

Rommel chega a Trípoli em 12 de fevereiro de 1941. Os britânicos estavam prestes a expulsar os italianos de seu território colonial, já tendo tomado Tobruk, Derna, Benghazi, a capital da Cirenaica, e El Agheila, à entrada da Tripolitânia. Os italianos imploraram a Rommel que salvasse Trípoli. Mas Rommel planejava algo mais ambicioso e, no dia 19 de março, viaja até o quartel-general do Führer para receber de Hitler as Folhas de Carvalho para a Cruz de Cavaleiro por seus serviços na França. Alguns dias depois ele recebe instruções para preparar um plano para reconquistar a Cirenaica.

No dia 31 de março Rommel atacou. Obrigou os britânicos a abandonar todas as suas posições até perto de Tobruk. Não foi mais longe por falta de suprimentos e gasolina. O comandante inglês Auchinleck advertiu a seus comandantes subordinados: "Nós falamos muito de nosso amigo Rommel". Queria que suas tropas deixassem de considerá-lo um mago ou demônio, mas simplesmente como um general alemão comum. Obviamente, esse não era o caso.

Os ingleses lançaram a ofensiva Crusader, obrigando Rommel recuar um pouco, com mínimas perdas. Após a Luftwaffe assegurar a superioridade aérea no Mediterrâneo, Rommel desferiu um golpe devastador sobre Tobruk. Aniquilou as defesas britânicas e tomou a fortaleza já parcialmente destruída. A notícia chegou a Churchil quando ele se encontrava com o presidente Roosevelt na casa branca, fazendo sua obsessão por Rommel chegar ao auge. Durante sua campanha no norte da África, Rommel foi apelidado pelos árabes de "O Libertador", pois estava tirando o domínio inglês da região, que se fazia presente desde 1917.

Nesse momento Rommel se encontrava na fronteira egípcia, onde tinha ordens de ficar estacionado enquanto os recursos do Eixo eram desviados para um golpe decisivo sobre a assediada ilha britânica de Malta, no Mediterrâneo. Mas uma idéia passou pela cabeça de Rommel, e também na de Hitler e Mussolini. A idéia consistia em um eventual ataque ao Egito e a conquista do canal de Suez. Depois, o Afrika Korps avançaria rumo ao Oriente Médio e a Pérsia. Alimentada com o abundante petróleo dessa região, a máquina de guerra alemã avançaria e se juntaria as tropas na frente russa e, posteriormente, marcharia em direção a Índia, para se encontrar com os japoneses e assim selando a destruição do Império Britânico.

Rommel preparou planos para conquistar Alexandria. Mas no dia 1o. de julho, em Alamain, Rommel e seu desfalcado Afrika Korps encontraram um 8ª exército inglês reforçado, sob o comando direto do general Sir Auchinleck. Precisou de todos os seus recursos para manter a sua linha intacta. Escreveu ele à sua esposa: "A situação não pode continuar assim por muito tempo, ou a linha se desintegrará. Militarmente, este é o período mais difícil pelo qual já passei".

Em setembro (ocasião que o 8ª exército foi fortemente reforçado), tentou atacar mas foi inteiramente derrotado. Depois, rechaçou alguns ataques do 8ª exército, já sob o comando de Sir Bernard Montgomery.

Rommel passava por problemas de saúde. Estava com problemas estomacais e intestinais, dilatação do fígado e deficiências circulatórias, e também estava atormentado pelo desânimo com a dificuldade

aparentemente insolúvel de garantir o supremento regular de suas tropas, e preocupado sobre o aparecimento das primeiras dúvidas sobre a vitória final do Eixo, deixou o norte da África em licença de tratamento médico. Visitou Mussolini em Roma, e depois foi para a Prússia Oriental para falar com Hitler. Apresentou seus argumentos. Sugeriu uma evacuação do norte da África, a fim de resgatar as forças ali estacionadas para defender a Europa de uma invasão aliada. Mas Hitler não lhe deu ouvidos e começou a falar sobre os novos tanques Tigre e os foquetes

Nebelwerfer. Depois, retirou-se para Semmering, nas proximidades de Viena, a fim de tratar do problema do fígado e da pressão arterial irregular. Enquanto repousava, manifestou à esposa as primeiras dúvidas sobre Hitler, cujas política e estratégia absurdas, segundo ele, estavam provocando a derrota.

No dia 23 de outubro de 1942, Montgomery lançou uma operação com o objetivo, como ele mesmo disse, de "eliminar Rommel". Rommel recebeu um telefonema informando que seu sucessor havia morrido na batalha. Logo em seguida, Hitler lhe telefona perguntando se ele poderia voltar. Rommel respondeu que sim.

No dia 25 de outubro, viajou para Roma, onde soube que só um mero fio de suprimentos conseguia passar pelo Mediterrâneo, e chegou a Trípoli naquela noite. Rommel visitou a frente de luta no dia 26 e ficou estarrecido. Os britânicos dominavam o ar e o mar. Avisou Hitler, Mussolini e Kelssering (General da Luftwaffe, comandante em chefe no Mediterrâneo) que esperassem uma catástrofe.

No dia 3 de novembro, Rommel assumiu posição defensiva e tentou alguns contra ataques sem resultado. O combustível já estava faltando e as unidades italianas desmoronaram, quando uma ordem de Hitler chega: "Resistir até o fim". Rommel ficou atônito com a incompreensão e frigidez de Hitler. Ordenou uma retirada total.

Rommel e o restante de seu exército foram para a Tunísia onde Hitler e Mussolini enviaram tropas para fazer

um fortificada cabeça de ponte. Mas a resistência durou poucos meses, e a Alemanha teve que deixar o norte da África.

Rommel já não acreditava mais no esforço de guerra alemão no sul da Europa. Da Espanha à Turquia os aliados podiam invadir por qualquer lugar, e ele sabia que era só o primeiro soldado aliado colocar o pé na Itália que Mussolini caía. Rommel também já não acreditava mais na aliança Italo-Alemã. Era só uma questão de tempo para a Itália capitular.

Invasão da Normandia

Como Rommel previu, os aliados invadiram a Itália. Hitler nomeou Kelssering como comandante supremo na Itália e reservou para Rommel a missão de defender a costa francesa.

Rommel começou a trabalhar duro na França. Mandou construir fortificações, passar arames, barreiras, obstáculos anti-paraquedistas, colocou milhões de minas ao longo da costa, construiu uma pequena muralha que não deu tempo de acabar. E ainda, pediu reforço militar para Hitler, como duas divisões Panzer e mais unidades de infantaria.

No dia D, Rommel não estava presente na Normandia, e sim, em sua casa comemorando o aniversário de sua esposa. Hitler ordenou que as divisões Panzer ficassem atrás, como uma reserva de defesa. Rommel seguiu imediatamente para a Normandia, mas já era tarde. Os aliados haviam estabelecidos uma forte cabeça de ponte, e tinham a superioridade aérea. Era o fim para Rommel. Para ele, a Alemanha havia perdido a guerra, e o que tinha que ser feito era retornar para próximo da fronteira e organizar uma eficiente defesa.

Os historiadores militares acreditam que se Rommel estivesse lá na hora do desembarque, imediatamente ordenaria as divisões Panzer atacar os aliados, o que mudaria e muito a história como conhecemos.

A Morte de Rommel

Três dias depois do Dia-D, em 9 de junho de 1944, o carro em que Rommel viajava foi atingido por um caça aliado. Rommel sofreu ferimentos graves na cabeça, e foi levado para um hospital da Luftwaffe nas proximidades.

Um pouco antes disso acontecer, Rommel havia tomado parte de um complô para tirar Hitler do poder e prendê-lo. O que ele não sabia, era que os conspiradores queriam era matar Hitler. No dia do acidente, o golpe chegava ao seu clímax. Uma bomba explode no quartel-general do Führer, que escapa milagrosamente. Hitler manda matar os opositores e descobre, por alguns documentos, que o nome de Rommel constava como o presidente do IV Reich.

Como Rommel era conhecido como o VolksGeneral (General do Povo), e por seus serviços prestados, o Führer ofereceu duas possibilidades: Rommel poderia cometer suicídio ou ser julgado por alta traição. Optando pelo suicídio, nada seria feito contra sua esposa e filho.

Quando Rommel estava em sua casa, dois Generais bateram à sua porta levando a notícia. Rommel se despediu da família e entrou no carro junto com os Generais para tomar o veneno. Chegou já morto ao Hospital, vitima de uma embolia fatal. Os que viram o corpo comunicaram uma expressão de desprezo em seu rosto. O corpo foi incinerado, para evitar complicações posteriores quanto ao envenenamento, e Rommel teve um enterro com honras de Estado.

No dia 7 de março de 1945 o Terceiro Reich começou a esboroar-se. Frau Rommel recebeu informação do desejo de Hitler de mandar construir um monumento esmerado na sepultura do marido.

  

Operação Flipper - “A caça à raposa”

“Foi uma operação brilhante e de grande audácia”.  Rommel

No outono de 1941, uma figura havia alcançado, no teatro da guerra do deserto, uma fama que era quase uma lenda: Rommel. Auchinleck, o general britânico, dizia referindo-se ao chefe alemão: ... Fala-se muito a seu respeito. Rommel não é, certamente, um super-homem. Mas, ainda que fosse, não seria desejável que nossos homens acreditassem em seus poderes sobrenaturais. De modo que é necessário desvirtuar de qualquer maneira a idéia de que Rommel seja algo mais que um simples general alemão...

Entre as tropas do 8o Exército britânico existia grande admiração pelo chefe alemão e suas façanhas. Em apenas dois meses, Rommel havia mudado radicalmente o curso da guerra africana, obrigando o exército do General Wavell, que atacava, a recuar, e combater na defensiva. Por isso, o General Auchinleck foi enviado para substituir Wavell. Por sua vez, o General Alan Cunningham, encarregado de dirigir a ofensiva geral contra as posições alemães a 18 de novembro, teve a idéia de eliminar previamente Rommel, mediante uma furtiva e eficaz cilada. Algo muito ousado, por certo. Se conseguirmos eliminá-lo de qualquer modo que seja - dizia - conseguiremos semear a confusão no Afrika Korps. E foi assim que, dispostos a concretizar a idéia, alguns jovens oficiais propuseram um temerário plano de ação. Sabia-se, seguramente, que Rommel tinha seu QG na localidade de Sidi Rafa, a 375 km atrás das linhas alemães, e a 18 km do mar. O acesso ao local era possível por mar ou pela estrada paralela à costa. Atacando Sidi rafa poder-se-ia destruir o QG e matar o próprio Rommel.

Cunningham aprovou imediatamente a idéia. Foi esse o começo da Operação Caça à Raposa. Um plano excepcional, de uma audácia sem par, a ser executado na madrugada de 18 de novembro. Neste ponto surgiu uma questão: Quem comandará a operação?

A resposta não demorou. Havia entre eles um autêntico adepto da caça às raposas. Era Geoffrey Charles Ticker Keyes, do 2o Regimento dos Dragões Reais. Ex-aluno de Eton, e pertencente a uma aristocrática família britânica, Keyes manifestou-se ao ser informado: - Estou certo do sucesso, se me confiarem a missão...

Dispostos os planos para a operação, determinou-se o seguinte dispositivo: interviriam, na ação, três destacamentos. O primeiro, comandado por Keyes, atacaria exclusivamente a casa de Rommel, a meio quilômetro a oeste da cidade, e o QG alemão que se encontrava em Beda Littoria. O segundo destacamento sob o comando do Tenente Southerland, assaltaria o QG italiano em Cirene, e destruiria as comunicações telefônicas e telegráficas. Havia um terceiro grupo que sabotaria as comunicações entre Faidia e Lamdula. Dois submarinos, o Tobray e o Talisman, se incumbiriam do transporte dos soldados.

Às 20 horas da sexta-feira, 14 de novembro de 1941, os submarinos deixaram o porto. Eram 22 horas, quando os homens reuniram-se na coberta do submarino. Keyes, com serenidade e sangue-frio britânico, ordenou abrir várias garrafas de champanha reservadas para a ocasião. Às 23 horas, o tempo começou a piorar. De súbito s máquinas pararam. Fez-se silêncio. Os homens subiram à ponte. A visibilidade era escassa. A praia aparecia recortada ao longe, entre as sombras.

Keyes consultou seu relógio. Era a hora estabelecida. Deviam desembarcar. Rapidamente apareceram os botes de borracha. Foram inflados com bomba de bicicleta. Depois, jogados ao mar. Cada bote tinha capacidade para dois homens. O desembarque, que nos treinamentos se efetuava em uma hora, demorou seis.

No sábado, 15 de novembro, todos permaneceram ocultos num bosque próximo à costa. Nessa mesma tarde, começou a chover. Ao anoitecer do dia seguinte, às 20 horas, conseguiram chegar a 8 km de Sidi Rafa. Decidiram pernoitar numa caverna. Ao longe, no meio de um pequeno bosque, sobre uma colina, se erguia uma construção de dois andares. Ali estaria Rommel.

No dia 17 de novembro, às 18 horas, Keyes consultou seu relógio. Faltavam seis horas para começar a operação. Ainda chovia. Todos se mantinham tensos, prontos para a aventura, preparados para a caça à raposa...

E assim esperaram a meia-noite. Quando o relógio marcou 12 horas, os soldados deixaram o refúgio, e partiram debaixo da chuva. Três deles deviam inutilizar a instalação elétrica. Cinco vigiariam do lado de fora. O

resto controlariam as barracas vizinhas. Junto a Keyes marcharam Campbell, Coulthread, Drori e Brodie. Engatinharam até uma sala vazia. Várias portas abriam-se de ambos os lados. Por qual entrar?

De repente uma delas se abriu e apareceu um soldado alemão, em atitude despreocupada. Ficou imóvel. Recuperou-se imediatamente e abriu a boca para gritar. Mas Campbell, rápido como um raio, lançou-se sobre ele e o derrubou com um certeiro golpe de seu punhal, que penetrou até o cabo, no corpo do alemão. O soldado caiu sobre uma mesa, arrastando na queda, um recipiente de cristal, que se estilhaçou estrepitosamente. Keyes, compreendendo o risco do incidente, que fazia perigar todo o êxito da missão, precipitou-se para outra porta. Abriu-a rapidamente. Dentro do quarto estava um grupo de soldados alemães, displicentemente sentados ao redor de uma mesa. Não escutaram o barulho? Tanto pior para eles. Lançou uma granada que levava em sua mão direita e atirou-se no chão. Mas, nesse mesmo momento, uma descarga de metralhadora, disparada por um soldado alemão, o atingiu, matando-o.

Seu sacrifício havia sido inútil. Como também o de seus companheiros. De fato, nesse mesmo momento, Rommel se achava muito longe dali...

No dia 18 de novembro, Rommel soube do ocorrido. Imediatamente deu ordem a seu capelão, reverendo Rudolf Dalmrath, que se dirigisse a Sidi Rafa, para dar sepultura cristã a Keyes. Depois de uma viagem de 36 horas, o sacerdote, chegou a tempo para o funeral. Um oficial colocou na tumba uma pequena coroa. Depois, uma cruz improvisada com ramos de ciprestes. Sobre a cruz, um papel com os seguintes dizeres: Em nome de Rommel.

   

A vida no Afrika Korps

Um resumo sobre a vida dura no deserto e a logística empregada nas campanhas.

A guerra no Norte a África era essencialmente uma campanha dos italianos, que quase foram derrotados pelos britânicos na Abissínia (Etiópia). Os italianos eram uma fonte constante de aborrecimento a Hitler, com seus ataques à Grécia e na África, ambos terminados em derrota. Os alemães tiveram várias vezes que enviar reforços para sustentar o exército relativamente fraco da Itália.

Hitler concordou em enviar uma força expedicionária para o Norte da África em 1941, sob as ordens de Rommel, um líder capaz e competente, que durante a campanha francesa conduziu a 7ª Divisão de Panzers (A Divisão Fantasma).

A força enviada para a África, era conhecida como a "Deutsche Afrika Korps", era composta de várias divisões de batalha que incluíam as 15ª e a 21ª Divisões de Panzer como também a 334ª Divisão de Infantaria e as 5ª e 90ª Divisões Leves. Os primeiros elementos chegaram à Tripoli, na Líbia, no dia 14 de fevereiro e continuariam chegando durante as demais semanas deste mês.

Alguns dos homens destas divisões eram veteranos acostumados à guerra e as campanhas anteriores, mas estavam a ponto de entrar em um tipo de conflito totalmente novo: a guerra no deserto, que traria muitos sofrimentos e exigiria muitas mudanças no comportamento, posicionamento tático, equipamentos e hábitos pessoais. As Tropas que foram enviadas no início da campanha tiveram que passar por um exame médico, na verdade não eram diferentes dos de rotina do Exército alemão, mas recebia o título de Certificado Médico de Aptidão para Serviço Tropical e aparte os testes habituais o candidato seria vacinado contra cólera e tifo. Devido à urgência da situação a maioria passava neste exame que era bastante direto. Na maioria das vezes o certificado era abandonado devido a essas urgências.

Foram emitidos uniformes de acordo com o clima que tiveram que ter um ajuste perfeito, principalmente o calçado para combater a queda severa da temperatura à noite durante os meses de inverno. Foram feitas outras mudanças, como no tecido que era usado: mais duro que o de couro (que também era usado no deserto) e menos suscetível ao calor. Também foram emitidas garrafas de água maiores e óculos contra o sol que eram

usado pelo exército e unidades da Luftwaffe.

Os homens recentemente chegados ao Afrika Korps tinham um descanso durante uma marcha de rota projetada para aclimatação, mas este luxo não ficou disponível às tropas por muito tempo quando a campanha progrediu. É interessante notar que foi concedido aos soldados do Afrika Korps um aumento de pagamento (ou mesada como era conhecido) na forma de 2 Marcos por dia para soldados rasos e 3 Marcos por dia para oficiais.

Muitas outras mudanças tiveram que ser implantadas assim como os uniformes tropicais e equipamentos como capacete e as botas. Os Veículos foram repintados nas cores de camuflagem tropical que era principalmente amarelo escuro e o símbolo da Afrika Korps, a árvore de palma e a suástica, foi colocado como sinônimo da campanha Norte africana. O tipo de veículo usado pelos alemães no deserto eram os mesmos usados em outros teatros da guerra, os tanques britânicos eram em geral inferiores às máquinas alemãs. O MK III alemão e MK IV foram muito utilizados nos confrontos com Cruzadores britânicos, Valentines e Matildas. O canhão de 88mm, armas anti-aéreas formidáveis, foram pela primeira vez usadas no deserto e podiam destruir tanques britânicos a grandes distâncias. Outros tanques como o Pzkpf I e II também foram empregados no início da operação e embora tivessem pouco poder de fogo eram rápidos e tornaram-se úteis veículos de reconhecimento.

Areia e calor afetaram grandemente os tanques, causando danos devido a areia que penetrava nas junções. Os lubrificantes, uma vez contaminados com areia, tornavam-se inúteis e às vezes poderiam causar problemas sérios para as armas dos veículos.

As condições para as tripulações dos tanques no deserto eram incômodas. As temperaturas dentro de um tanque alcançavam em algumas ocasiões mais de 70º centígrados tornando-se quase impossível a permanência dentro deles. Não é nenhum exagero quando veteranos diziam que "você podia fritar um ovo em cima de um tanque". Os aviões também eram uma ameaça constante não só para os tanques como para todas as tropas, porque desciam sobre qualquer coisa que se movesse no deserto.

As viaturas blindadas eram muito importantes para reconhecimento e agressões, onde a velocidade era vital (especialmente no deserto devido a visibilidade quase ilimitada). Estes incluíam o Sdkfz 222 com quatro rodas e o 231 (carro blindado que possuía oito rodas) que também poderiam ser usados como veículos de controle de rádio. O Sdkfz 250 e 251 foram extensamente usados na África pelos alemães e poderiam executar várias tarefas diferentes como transporte de tropas, veículos de comando (como utilizado pelo próprio Rommel) e veículo de reconhecimento. Foram empregados veículos mais pesados para rebocar armas como as 3.7cm e as PAK 40 anti-tanques. O Sdkfz 7 foi empregado para rebocar peças de artilharia maiores como a 88mm e peças de 150mm. Motocicletas (BMW e Zundapp) também foram extensamente utilizadas, normalmente armadas com um único MG34 e eram especialmente versáteis para reconhecimento e escolta. Devido à arquitetura exposta do motor da motocicleta, a areia as incapacitava freqüentemente, um verdadeiro perigo para seus tripulantes.

Como em todos os cenários da guerra os alemães fizeram grande uso de veículos abandonados e não era incomum ver tanques e veículos britânicos pintados com insígnias alemãs. Também foram apropriadas diversas ambulâncias e caminhões. Com a chegada dos americanos, em 1942, foram capturados muitos dos equipamentos deles e usados pelos alemães. A única desvantagem deste sistema era a aquisição de partes excedentes para veículos inimigos. Esta filosofia deu origem à declaração que "no deserto nada seria desperdiçado". Eram muito comuns batalhas para conquista de "cemitérios de veículos".

Novas táticas tiveram que ser inventadas e programas de treinamento tiveram que ser desenvolvidos para ajudar as tropas a adaptarem-se ao novo terreno. Movimentos de tanques e de veículos atraíam os bombardeiros e caças inimigos devido às grandes nuvens de poeira que subiam depressa e podiam ser vistas a várias milhas. Sendo assim as tropas faziam a maioria dos seus avanços a noite.