Agenda Estratégica

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    Apresentao Este relatrio um documento de trabalho, elaborado com o objetivo de fornecer referncias, subsdios e estmulo reflexo dos participantes do Encontro Temtico Ambiental da Agenda estratgica Regional Sul 2010-2011.

    Fluxo da metodologia dos trabalhos

    O material registra a viso do tema social segmentado em seus grandes eixos. Os registros foram, em parte, colhidos in loco em encontros com os Prefeitos da Regio Sul do ES, com lideranas locais e entrevistas individuais de vrios atores da regio e do estado, assim como as observaes da equipe consultora do Projeto em visitas locais e de explorao de campo nos municpios. Neste encontro temtico iniciar-se- a fase de formulao estratgica, onde haver de se trabalhar sobre

    uma viso compartilhada de aes que devem ser pensadas para serem

    implementadas no perodo de 2011-2021; o exerccio das grandes prioridades, em relao ao futuro da regio; o que deve ser pensando para o desdobramento das aes em projetos

    estruturantes de mdio e longo prazo.

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    Para que possam ser desenhadas as proposies de projetos estruturantes que iro compor a Agenda 2010-2021, os subsdios devero ser compatibilizados com os projetos existentes nos inventrios interno e externo da regio.

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    ndice Apresentao ..................................................................................................... 2 1 Desenvolvimento do Capital Humano ...................................................... 5 1.1 Educao formal ...................................................................................... 5 (a) Educao Superior ..................................................................................... 5 (b) Educao Bsica ..................................................................................... 7 1.2 Educao profissionalizante .................................................................. 10 (a) Tcnica .................................................................................................. 10 (b) Gerencial ................................................................................................... 12 1.3 Promoo dos Valores Sociais ................................................................. 12 (a) Liderana, socializao, tica ................................................................... 12 (b) Acessibilidade ........................................................................................... 13 1.4 Esporte e Lazer ........................................................................................ 14 2 Potencial Artstico e Cultural ....................................................................... 16 3 Erradicao da Pobreza e Reduo das Desigualdades ....................... 17 3.1 Empreendedorismo ............................................................................... 17 3.2 Atividade Produtiva Familiar ..................................................................... 18 3.3 Primeiro Emprego .................................................................................... 19 3.4 Associativismo Produtivo .......................................................................... 19 3.5 Articulao e focalizao das polticas pblicas ....................................... 20 4 Reduo da Violncia e da Criminalidade ................................................... 22 4.1 Ocupao e Motivao dos Jovens .......................................................... 22 4.2 Aumento do uso de drogas ...................................................................... 23 4.3 Redes Sociais de Apoio ........................................................................... 24 5 Insero Estratgica Regional ..................................................................... 25 5.1 Formao de Consrcios ......................................................................... 25 5.2 Redes de Municpios ............................................................................. 26 6 Fortalecimento da Identidade e da Imagem ................................................ 28 6.1 Cultura ...................................................................................................... 28 6.2 Saneamento ............................................................................................. 29 7 Sade .......................................................................................................... 31 7.1 Preveno e Promoo ............................................................................ 31 7.2 Atendimento de Especialidades ............................................................... 32

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    1 Desenvolvimento do Capital Humano 1.1 Educao formal (a) Educao Superior

    Facilitadores Dificuldades

    Programa Nossa Bolsa, do Governo do Esprito Santo.

    J existem na regio dois polos de formao universitria (Cachoeiro de Itapemirim e Alegre), com 27 cursos superiores.

    Existem demandas presentes e cenrios futuros da regio que j necessitam de pesquisas localizadas.

    Jovens da regio s pensam em ir para a capital se formar e no mais voltar para o interior.

    Cursos superiores sem a aplicao de atividades de extensionismo.

    Baixa demanda do meio empresarial por pesquisas aplicadas nas universidades da regio.

    Baixa prtica de se buscar recursos externos e fomento para a pesquisa aplicada.

    O estudo e a pesquisa distncia ainda no esto desenvolvidos e disseminados, pelas dificuldades de acesso internet em determinadas localidades.

    O Programa Nossa Bolsa do ES, administrado pela Secretaria de Estado de Cincia e Tecnologia (Sect), um ponto-chave para o desenvolvimento, mas preciso controlar a qualidade dos cursos nas instituies nas quais se compram espaos. H necessidade de se criar as condies para que todos os municpios da regio possam enquadrar-se no programa do Governo federal, Universidade Para Todos, de modo a ampliar o acesso ao ensino superior. A regio tem perspectivas de demandar a formao de profissionais com educao de qualidade nas reas de medicina, odontologia e as diversas especialidades de engenharia. A grades curriculares ofertadas precisam estar sempre em sintonia com a demanda do mercado e com os locais de origem dos alunos. A regio j possui dois polos de desenvolvimento acadmico instalados, com razovel oferta de cursos, mas necessitando ser valorizados e fortalecidos, assim como preciso trazer para a regio um brao da universidade pblica estadual (Cachoeiro de Itapemirim e Alegre). A Regio Sul do ES sempre formou grandes nomes da cultura, da sociedade e da poltica capixaba, havendo, assim, espao para a instalao de uma Universidade Estadual do Sul Capixaba.

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    Cachoeiro de Itapemirim pode ser um vetor do desenvolvimento e, assim, tornar-se um centro de conhecimento da regio, mas para isso os cursos tm que estar atrelados aos centros de pesquisa, com mestres dedicados, com condies de se fixarem localmente e darem suporte ao desenvolvimento do extensionismo. Isto pode ser feito por meio de parceria pblico-privada. As universidades tm que estar permanentemente fazendo pesquisas aplicadas, atuando no extensionismo e no desenvolvimento de incubadoras de empresas e devem integrar a cooperao entre as diversas unidades de ensino e pesquisa da regio, pois h espaos e necessidade de pesquisas em diversos campos, como o da geologia, que podem ser integrados Universidade Federal do Esprito Santo (UFES), ao Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Esprito Santo (Ifes) e ao Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) rea de pesquisa mineral. Esses projetos podem ser do tipo cooperao universidade-empresa. O conhecimento gerado nos cursos de ensino superior da regio precisa ser aproveitado na prtica de pesquisas e produo de novas descobertas, que podem ser relevantes para a incorporao de inovaes nas atividades empresariais, sociais e produtivas, como tambm na construo de polticas pblicas.

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    (b) Educao Bsica

    Facilitadores Dificuldades

    As escolas estaduais j esto aparelhadas com recursos de informtica.

    Municpios com Conselhos Municipais de Educao e escolas com Conselhos de Pais instalados.

    J existe programa estadual que visa aumentar a carga horria de permanncia dos estudantes nas escolas.

    Melhorar e expandir os equipamentos pblicos de ensino nos municpios.

    Professores do ensino fundamental, em especial da 1. 4. srie, sem um processo sistemtico de qualificao e aperfeioamento.

    Evaso escolar acentuada, sobretudo no meio rural e nos primeiros anos de estudo.

    Atuao dos Conselhos Municipais e de Pais precisa ser fortalecida como representantes sociais.

    Horrio de estada ou sada dos alunos nas escolas est associado ao percurso e horrios dos transportes escolares municipais.

    Muitos jovens abandonam os estudos para se dedicarem a atividades que geram renda familiar.

    xodo rural acentuado e de pessoas sem nenhuma formao.

    Escolas do setor rural sem profissionais com formao voltada realidade local.

    importante o estmulo e a implementao de aes sistemticas de integrao das redes municipal e estadual de ensino em vista do aumento da incluso e qualidade da educao. Deve-se promover a educao continuada dos educadores. Existe um mtodo de encontros anuais que, por si s, no satisfatrio. Haveria a necessidade de se pensar em criar um centro de qualificao e aperfeioamento dos professores do ensino fundamental na regio, podendo ser em parceria com as universidades locais e que facilite a educao permanente. As escolas tm que pensar em desenvolver habilidades voltadas ao ambiente social dos alunos, mas tambm aquelas que despertem oportunidades diferenciadas que possam melhorar suas atuais condies. Deve-se procurar aumentar o tempo de permanncia do aluno nas escolas, integrando os ambientes escolares, familiares e comunitrios, assim como promover as reas esportivas no mbito dos equipamentos escolares. Deve-se constituir em centro de referncia comunitria de esporte e lazer para os alunos nos dias teis e para a comunidade nos perodos sem atividades curriculares.

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    O Boletim Escolar Eletrnico, implantado pela Sedu, amplia a interao da escola com as famlias, sendo fundamental para facilitar a avaliao da aprendizagem e o desenvolvimento dos jovens. Mas nem todos os responsveis tm conhecimento de uso ou facilidade de acesso internet. Para suprir essa demanda, poderia ser pensada a criao, em cada escola, de um espao cidado, em que os responsveis pelos alunos aprenderiam o bsico de uso da internet e acessariam os boletins, alm de outros stios de interesse social (incluso digital). Todas as escolas, no mbito municipal e estadual, tm Conselhos de Pais constitudos, assim como os municpios tm seu Conselho de Educao com a participao da comunidade. Mas preciso qualificar esses conselhos para que entendam sua misso e atuem como elementos de transformao. necessrio conhecer o trabalho dessas entidades e no apenas se ater ao formalismo de as mesmas terem sido criadas, apenas cumprindo funes de menor importncia (cunho burocrtico). Apesar da universalizao do acesso sua 1. srie, a concluso do ensino fundamental ainda est bem distante de alcanar todas as crianas e adolescentes da regio. Como agravante, constata-se que mesmo aqueles que o concluem no apresentam proficincia compatvel com o nvel de escolaridade, gerando o chamado analfabetismo funcional. Renda e situao social no devem ser fatores relevantes para se praticar um bom ensino. Devem ser dadas oportunidades equnimes a todos os jovens relativamente ao acesso cultura, ao esporte, sade e a outros bens intangveis que influem positivamente no seu desenvolvimento cognitivo e social, favorecendo um desempenho condizente com as exigncias escolares. A taxa de abandono escolar, de forma geral, destaca-se na rede pblica, apresentando melhores indicadores nas regies urbanas do que nas rurais. Isso deve ser controlado e preciso desenvolver meios para diminuir a evaso ao mnimo. Essa situao, no tempo, dificulta o retorno dos jovens aos estudos por diversos fatores, entre eles, a necessidade de serem includos no mercado de trabalho de forma mais consolidada e efetiva; tambm a gravidez precoce e as relaes conjugais que se estabelecem dificultam a retomada dos estudos (principalmente para as mulheres, que se tornam mes e assumem responsabilidades domsticas); por fim, o prprio desinteresse e conformismo com a situao educacional estabelecida, muitas vezes muito descolada da realidade. A poltica de educao tem que ser diferenciada entre nas reas urbana e rural com pedagogia de alternncia voltada s caractersticas e vocao local. Os currculos de ensino fundamental e mdio, de forma transversal, devem trazer questes do setor rural e agrcola, mostrando aos jovens o valor dessa

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    atividade e suas novidades, transmitindo a eles uma viso de futuro com oportunidade de negcio diferente dos seus ascendentes, buscando com isso reduzir xodo rural e de pessoas com escolaridade insuficiente para o mercado de trabalho e para o exerccio pleno da cidadania. As escolas, j a partir do ensino fundamental, tm que pensar na formao dos lideres do amanh, despertando o interesse pela participao cidad desde cedo, com programas de ensino voltados a temas da cidadania, educao ambiental e empreendedorismo. fundamental promover junto aos jovens estudantes o entendimento dos valores da qualificao profissional por meio de formaes tcnicas e no s a de nvel superior, inserindo contedos que formatem conhecimento sobre os processos industrial, agrcola, de servios e aqueles relativos atividade empresarial nas escolas. A avaliao da qualidade educacional um instrumento importante na construo e gesto das polticas educacionais, auxiliando no direcionamento de recursos tcnicos e financeiros, norteando a comunidade escolar no estabelecimento de metas e implantao de aes pedaggicas e administrativas, tendo como balizadores os instrumentos como o Sistema de Avaliao da Educao Bsica (Saeb), o Exame Nacional do Ensino Mdio (Enem), o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb) e, tambm, o Programa de Avaliao da Educao Bsica do Esprito Santo (Paebes), desenvolvido pela Secretaria de Educao do Estado. Deve, igualmente, ser pensado o desenvolvimento da qualidade da gesto das escolas do ensino fundamental quanto aos resultados obtidos no acompanhamento do desempenho educacional, introduzindo-se incentivos aos docentes pelos resultados da aprendizagem.

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    1.2 Educao profissionalizante (a) Tcnica

    Facilitadores Dificuldades

    Existe na regio um conjunto de escolas tcnicas.

    A Ufes e o Ifes podem ser indutores de crescimento da regio.

    A Ufes se faz presente h 50 anos na regio e atualmente tem participado pouco do processo de transformao.

    A maioria dos alunos dos cursos tcnicos so oriundos das reas urbanas.

    A Ufes tem um fluxo muito grande de alunos de fora da regio, e, pela ausncia de extenso universitria, eles pouco contribuem ou se interessam pelas questes regionais.

    Produtor rural com poucas opes de aprendizado de tcnicas e manejos agropecurios que possam melhorar a produtividade e a diversificao agrcola.

    No Brasil, o emprego de mo de obra no campo ainda muito alto. Nos Estados Unidos, essa participao est apenas na faixa de 7 a 10% do custo. Uma das causas desta situao o fato de se ter muita gente no campo, trabalhando com mtodos de trabalho conservadores e de baixa produtividade, resistindo s idias inovadoras dos jovens, desmotivando-os a se estabelecerem localmente e ajudarem no processo de transformar da produo. Os alunos do Ifes so, em sua grande maioria, do permetro urbano e a maior parte no tenciona atuar na zona rural. A procura pelo mesmo se deve qualidade de ensino e boa avaliao do Enem, mas deve ser mais incentivada a participao de jovens do meio rural. As escolas de ensino fundamental, em especial as da zona rural, devem divulgar, preparar e incentivar os alunos a concorrerem a uma vaga no Ifes. No processo de formao dos jovens em cursos tcnicos, deve-se procurar, ao mximo, incentivar e orientar a formao para a aplicao futura dos conhecimentos e tcnicas em seus locais de origem. Deve existir um direcionamento e um planejamento na implantao de cursos tcnicos locais, voltados s vocaes regionais presentes e futuras e s demandas por mo de obra especfica. Devem ser mais bem aproveitadas as parcerias com entidades do Sistema S, como o Senai, o Sesi, o Sesc, o Senac e com o Sebrae, na formao de mo de obra qualificada em seus campos de atuao, voltados vocao local,

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    alcance do primeiro emprego e atualizao profissional. Uma aplicao tpica deste trabalho conjunto com estas entidades a formao de pessoal para operar o negcio de turismo (hotis, pousadas, restaurantes, lojas do agroturismo, etc.), e, se possvel, criando-se ncleos especializados de acordo com a particularidade de cada local. As associaes, cooperativas e movimentos empresarias podem montar cursos especficos de apoio melhoria da qualidade e empregabilidade da mo de obra existente, alinhando-a com as vocaes locais emergentes, assim como estimulando oportunidades de inovao, empreendedorismo e acesso ao primeiro emprego. Na rea rural, a criao de fazendas agrcolas para a capacitao dos produtores rurais uma necessidade premente. Devem estar associadas a centros de pesquisas de tcnicas agricultura e pecuria com transferncia de conhecimentos, capacitao e acompanhamento. Instituir programas de capacitao de fornecedores locais, voltados s demandas atuais e futuras, para que existam condies de atender ao mercado com a qualidade necessria. De forma complementar, trabalhar a insero destes em novos mercados, instituindo-se os conceitos de certificao e de selo de qualidade. A concorrncia com produtores de outras origens, dentro ou fora do estado, gera uma necessidade de atualizao dos produtores localizados na Regio Sul para poderem manter-se no mercado. Esta circunstncia prevalece nos diversos ramos de atividade da regio. A formao de mo de obra precisa estar sempre sendo atualizada, envolvendo parceiros importantes como Sistema S e o Incaper. Da mesma forma, o produtor precisa modernizar-se para estar apto a receber informaes e aconselhamento tcnico, que lhe sero apresentados de muitas maneiras. No se pode deixar de pensar em estruturar a capacitao tcnica por meio do uso de recursos da internet como forma de atingir o maior nmero de envolvidos e dar condies de estudos em horrios diferenciados. A pesquisa e o apoio tcnico do Incaper na produo de uma variedade prpria para a espcie conilon, totalmente adaptada realidade capixaba, foi decisiva. Todavia, o meio mais fcil de tomar conhecimento de experincias como esta atravs da internet, podendo significar dificuldade pela falta de familiaridade com este ambiente de informao.

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    (b) Gerencial

    Facilitadores Dificuldades

    Necessidade de tornar as atividades econmicas mais rentveis.

    Busca de eficincia por parte das administraes municipais.

    Resistncia cultural modernidade e novas iniciativas.

    Os produtores, de um modo geral, no aplicam tcnicas apropriadas para o gerenciamento de suas atividades, recorrendo a mtodos tradicionais que no levam em conta variveis importantes para a formao do custo e preo de venda. Com isso, correm o risco de manter atividades pouco rentveis, sem se dar conta e nem empreender aes corretivas necessrias. A gesto pblica da regio precisa apropriar-se de tcnicas e ferramentas de gesto e ser transformadora para crescer. No deve ser formada apenas por bons gestores, mas ter lderes com uma viso mais ampliada. Uma das situaes, no rara, que os gestores se preocupam em demasia com questes conjunturais, tais como o preparo de sucessores, do que propriamente formar lideranas de longo prazo. Nota-se que algumas novas funes e perfis so necessrios regio, a fim de sustentar o processo de transformao, tais como agente de desenvolvimento, agentes de crdito, agente comercial, captador de recursos e elaborador de projetos. 1.3 Promoo dos Valores Sociais (a) Liderana, socializao, tica

    Facilitadores Dificuldades

    Experincias de sucesso que encorajam o surgimento de outras.

    Crescimento da conscincia do valor do outro e da formao do grupo.

    Mudanas culturais Receios inerentes pessoa humana:

    imediatismo, individualismo, desconfiana, etc.

    Isolamento decorrente do ritmo moderno

    O desafio sensibilizar as pessoas para o coletivo, superar o individualismo e a desconfiana, valorizando sempre a fora do coletivo. Educao o caminho para esta mudana, assim como deve-se procurar resgatar as relaes de famlia, transmitindo os valores ticos de uma gerao para a outra.

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    H distanciamento da populao em relao s discusses sobre o futuro da regio, evidenciado pela dificuldade de trazer as pessoas para as vrias instncias colegiadas de participao popular (conselhos, associaes, cooperativas, etc.). Os cidados precisam ser mobilizadas no sentido de darem uma parcela de si em benefcio da comunidade em que esto inseridos. O ritmo moderno de vida estimula o isolamento ou a prtica de atividades apenas dentro das residncias e a baixo nvel de solidariedade. O convvio entre as pessoas e grupos que compem a sociedade local deve ser estimulado. A socializao um valor a ser perseguido nas relaes pessoais e de grupo que merecem ser conduzidas sempre a partir da viso do pertencer e preocupao com o bem-estar de todos (bem comum). As articulaes entre vizinhos, o associativismo e hbitos de apoio ao prximo devem ser buscados de forma a preparar os grupos para o enfrentamento de situaes calamitosas e outras. Como exemplo, pode-se pensar na organizao de grupos preparados, que se mobilizam a partir de iniciativa espontnea para apoiar uma situao local de emergncia, como um incndio na floresta. As grandes transformaes no mundo contemporneo foram protagonizadas por lderes. Essas pessoas, independente do seu grau social ou de instruo, tiveram capacidade de mobilizar seus grupos em prol de grandes conquistas. Sem um agente catalisador, os anseios da comunidade, por mais que sejam fortes, acabam ficando guardados dentro de cada indivduo, ao invs de virarem resultados para a sociedade. A gerao desses lderes comea no ambiente familiar e escolar em seus primeiros anos. (b) Acessibilidade

    Facilitadores Dificuldades

    A conscientizao da sociedade permite a integrao dos portadores de necessidades especiais.

    Polticas pblicas neste sentido so bem recebidas pela comunidade.

    A arquitetura urbana existente e a topografia de diversas cidades dificultam a acessibilidade.

    H barreiras, alm da arquitetnica, a ser superadas para uma incluso efetiva.

    No passado, a expresso mais frequente era "eliminao de barreiras", pois ficava subentendido que a pessoa se referia s barreiras arquitetnicas. A sensao que as pessoas tinham (tanto as com deficincia quanto familiares, amigos e profissionais) era muito negativa: a cidade era vista como um lugar perigoso, cheio de armadilhas e obstculos a serem enfrentados, que requeriam,todo dia, disposio e pacincia.

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    Gradualmente, o panorama foi mudando e o significado do termo foi ampliado. Acessibilidade passou a ser mais do que construir rampas embora rampas sejam, sempre, fundamentais , mas a possibilidade de ter acesso a escolas, centros de sade, teatros, cinemas, museus, diverso, etc. Este novo sentido foi aplicado a outras esferas do cidado, passando a refletir a disponibilidade efetiva de educao, trabalho, lazer, habitao, sade, cultura, esporte, informao e, por fim, internet. O amadurecimento da sociedade a levou a no mais aceitar a excluso dos portadores de necessidades especiais e a valorizar polticas que permitam que eles tenham uma cidadania plena. Outros limites acessibilidade, igualmente, entraram no foco das preocupaes. Nesta linha, toda ao que contorne dificuldades deve ser pensada. 1.4 Esporte e Lazer

    Facilitadores Dificuldades

    Eventos de porte mundial (Copa da Mundo 2014 e Olimpadas 2016) acontecendo no pas geram atrao natural pelo esporte.

    Pouca disponibilidade de equipamentos, sobretudo para a prtica de esportes menos populares.

    Oferta de lazer reduzida nas cidades menores.

    H necessidade de se expandir a quantidade de mo de obra qualificada a ser envolvida em atividades de lazer, esporte e assistncia. O esporte dentro do ambiente escolar no deve ser apresentado como uma atividade curricular apenas, mas como a oportunidade de sade e desenvolvimento pessoal, combatendo o sedentarismo. importante a criao de rea comum para assistncia, entretenimento, cultura e esporte, com recursos humanos capacitados para apoiar os diversos segmentos da populao interessados. Os aparelhos podem ser geridos por toda comunidade. O projeto "Esporte na Escola", que tem como finalidade estabelecer diretrizes para o desenvolvimento da disciplina de educao fsica e fomentar a prtica pedaggica de atividades fsicas e esportivas um exemplo a se expandir por toda a rede de ensino. A concesso da bolsa-atleta estadual, que tem por finalidade incentivar e apoiar atletas que estejam em plena atividade esportiva, com reconhecidos ndices e classificaes em campeonatos nacionais e internacionais, e que se encontrem em fase de preparao para futuras competies, deve ser um instrumento de incentivo a novos atletas da regio.

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    O crescimento da oferta de lazer um fator de melhoria da qualidade de vida nas cidades. As opes vo desde um calendrio regular de eventos at atividades que estimulem a participao popular. A existncia de espaos urbanos adequados j um passo positivo. Pedra Azul pode perder o Festival Internacional do Vinho por falta de infraestrutura diversificada e ampla para a explorao do turismo crescente. As feiras de agroturismo atraem, tambm, o cidado urbano, conciliando lazer com promoo da regio e seus produtos.

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    2 Potencial Artstico e Cultural

    Facilitadores Dificuldades

    A Regio Sul o bero da cultura no estado e possui um passado que pode ser resgatado.

    Mostra Mova Capara.

    O estmulo s atividades tradicionais e folclricas est reduzido.

    H necessidade do levantamento das atividades e manifestaes culturais da regio, ativas e inativas, de forma a se montar calendrio e circuito cultural comuns e complementares, ofertando incentivos, divulgao e criao de locais apropriados para a realizao das atividades e apoio em sua manuteno. Fortalecer as polticas pblicas para cultura atravs do incentivo a criao de secretarias municipais, de legislao especfica e conselhos de cultura local e da regio. A Regio Sul do Esprito Santo foi bero e ainda conserva vrios traos culturais que precisam ser resgatados e incentivados. importante buscar a retomada do desenvolvimento das atividades e manifestaes populares e culturais, o desenvolvimento da msica, as trupes de teatro e de cinema. Essas atividades podem estar associadas ao desenvolvimento da formao escolar formal. A Microrregio do Capara forte no artesanato e possui uma mostra regular de cinema, Mova Capar. Pima tem uma boa produo de artesanato de conchas, sendo responsvel por grande parte da produo do Brasil e da exportao para vrios pases da Amrica do Sul, da Europa e para os Estados Unidos. Esses exemplos podem servir de base a novas aes e movimentos do artesanato local. Portanto, fundamental incentivar localmente feiras, mostras e eventos culturais na rea do cinema, teatro e literatura, associada regio e que divulguem suas potencialidades, atraiam visitantes externos e potencializem localmente o surgimento de novos valores. O mais interessante que esse tipo de atividade ocorra dentro de um calendrio fixo para se tornarem conhecidas e de fcil participao.

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    3 Erradicao da Pobreza e Reduo das

    Desigualdades 3.1 Empreendedorismo

    Facilitadores Dificuldades

    Oferta de crdito do Bandes para fomento de novos negcios.

    O crescimento econmico que vem ocorrendo em todo o estado do ES.

    Universidades, escolas tcnicas e parceiros como o Sistema S, com boa ramificao na regio capaz de sustentar encubadoras.

    Resistncia implantao de novos paradigmas.

    Associativismo s sendo praticado em grupos com tradio de organizao.

    Conservadorismo, com baixa aceitao de riscos na busca de novos crditos para empreendimentos.

    Ausncia de pontos para a comercializao e exposio da produo local.

    Desconfiana na diviso do uso de equipamentos de investimento coletivo.

    A chave do sucesso da Regio Sul passa pela cooperao e o empreendedorismo. O trip empreender, inovar e cooperar a sua via cultural e deve ser incentivado junto a grupos locais como forma de fortalecer as cadeias de produo e a organizao dos trabalhos locais. A tecnotruta em Ibitirama um exemplo de sucesso. Desenvolve a criao de trutas, peixe que veio do frio polar canadense e est se adaptando s montanhas do Esprito Santo, dando bons resultados. H necessidade de se incentivar o apetite pelo crdito, que, tomado de maneira consciente, um alavancador de novos desafios e sucessos. Necessidade da criao e fortalecimento dos centros de comercializao de agricultura familiar, da agroindstria e da produo artesanal, com servios de apoio a estudos de mercado e montagem de planos de negcio para os empreendimentos familiares. Esses esforos de apoio se estendem para a montagem de feiras de amostra locais e o incentivo e apoio participao em mostras externas regio. Por meio das associaes, adquirir tecnologia e equipamentos para uso compartilhado de grupos de pequenos produtos, otimizando e racionalizando o custo do investimento e seu uso (ex.: aprimoramento da tecnologia do frio, atravs do desenvolvimento de novas tcnicas de embalagem e transporte, aquisio de veculos refrigerados, de cmaras de congelamento, etc.).

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    Junto s universidades e centros tecnolgicos, estabelecer programas de incubao de empresas urbanas e rurais, com apoio de linhas de crdito e fomento. 3.2 Atividade Produtiva Familiar

    Facilitadores Dificuldades

    O envolvimento da famlia na produo rural reduz os custos de produo.

    Populao local oriunda de culturas diversificadas, com potencial de agronegcios diferenciados.

    Baixa produtividade das lavouras. Utilizao de tcnicas antigas. Terras sem regularizao fundiria. Pouco uso de linhas de crdito pelos

    produtores.

    A agricultura familiar tem espao para crescer, com empreendedorismo e apoio tcnico / de crdito, haja vista experincias com resultados expressivos obtidos em outras localidades do estado. O desafio melhorar sua produtividade e os canais de comercializao. Ainda na agricultura familiar, tem que ser promovida a vontade e a coragem junto aos grupos familiares da regio para o uso de linhas de crdito disponveis como a do projeto Famlia Agrcola. Em conjunto, precisam ser prestados os esclarecimentos necessrios e o apoio captao dos recursos, alm de serem passadas informaes sobre o uso consciente do crdito. A Escola-Famlia Agrcola de Rio Novo do Sul, que foi fundada com o intuito de melhorar condies socioculturais dos agricultores e se desenvolveu por meio de parcerias com os prprios, uma prtica que deve ser incentivada a se expandir na regio. A cafeicultura empresarial, fortemente mecanizada, tem pouco futuro no estado em funo da topografia. Por outro lado, a familiar tem possibilidades, uma vez que mitiga os custos de produo ao agregar os membros da famlia no trabalho. A distribuio de sementes de qualidade de espcies florestais, alimentares e frutferas, com foco nos padres de consumo familiares, deve ser incentivada, assim como, a cada entrega, deve ser feita uma oficina de orientao do uso e o melhor aproveitamento delas. tambm importante estimular a agregao de valor aos produtores da agroindstria com base familiar, apropriando-se das oportunidades agrotursticas da regio e das tradies locais, preservando seus valores culturais e histricos.

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    H necessidade de formulao de programas de apoio melhoria da habitao rural de forma a regularizar a situao fundiria das propriedades, permitindo a seus proprietrios o acesso s linhas de crdito. Tambm a criao de pontos de referncia em cada municpio para que sejam centralizadas a distribuio e a comercializao dos produtos agrcolas e artesanais locais, permitindo que seja facilitado o escoamento da produo de pequenos proprietrios, que no dispem de infraestrutura para tal. 3.3 Primeiro Emprego

    Facilitadores Dificuldades

    Programa federal de estmulo j existente.

    Empregadores exigem experincia prvia.

    O primeiro emprego uma barreira tradicional no acesso ao mercado de trabalho formal. Existe um conhecido crculo vicioso dos empregadores, que exigem experincia anterior dos candidatos a um posto de trabalho e pouco se dispem a oferecer a primeira oportunidade de ingresso. A dificuldade de entrada no mercado formal de trabalho tende a se prolongar no tempo, obrigando os que procuram se iniciar na vida profissional a se sujeitarem a empregos informais, que no quebram a cadeia viciosa. Essencialmente, o acesso ao primeiro emprego deve se dar prximo ao local de origem do candidato, evitando, assim, o xodo. 3.4 Associativismo Produtivo

    Facilitadores Dificuldades

    Existncia de grupos com demandas homogneas.

    J existe na regio experincias que podem servir de raiz para novos agrupamentos.

    A cultura do associativismo na regio muito pouco desenvolvida.

    H rejeio ao associativismo e ao cooperativismo em funo da desconfiana dos interessados, fundada em ecos do passado (diversas quebras).

    Desconfianas a serem vencidas.

    Mesmo diante da constatao de que a cultura associativista na regio pouco desenvolvida, sabe-se que essa prtica fundamental para o desenvolvimento regional, principalmente quando se leva em conta que h, na regio, uma presena expressiva de pequenos e mdios produtores. Deve ser mostrado que o associativismo no uma mera reunio de pessoas e sim um clube de negcios, onde um sozinho tem muita dificuldade de produzir, vender, comprar e exportar, mas no coletivo isso se torna mais

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    facilitado e feito de forma racional. Pelo lado da qualidade, a ao organizada permite o surgimento de novos padres de qualidade e o fortalecimento do apelo ao produto regional. O associativismo s ser alcanado por meio de sensibilizao para a prtica, no bastando os repasses de conhecimentos ministrados apenas em cursos, apresentaes ou palestras. H que se contribuir com o apoio na montagem da gesto desses grupos associativos, mostrando resultados efetivos, como a visita a algumas unidades em funcionamento e que so bem-sucedidas em seus investimentos. Manter o esprito, ou a filosofia associativa difcil hoje em dia. A extenso territorial da abrangncia da associao ou cooperativa um desafio extra, pois passa a enfrentar diferentes realidades, ficando mais difcil conjugar esforos. No se pode esquecer que na Regio Sul do ES h alguma rejeio ao associativismo ou cooperativismo em funo da desconfiana dos interessados, fundada em ecos do passado, que realimentam as experincias mal sucedidas, esquecendo-se do lado positivo ou de avaliar as dificuldades enfrentadas e como elas podem ser superadas no presente. O associativismo deve ser pensado de forma segmentada por produto ou servios, mas tambm pode ser implementado numa matriz produtiva diferenciada em um arranjo local. 3.5 Articulao e focalizao das polticas pblicas

    Facilitadores Dificuldades

    Existncia de vrias entidades da sociedade civil organizada bastante atuantes.

    Mobilizao do interesse coletivo em torno de objetivos comuns.

    Grupos sociais so heterogneos, havendo diferentes graus de envolvimento dos cidados.

    Um dos bons caminhos para o dilogo com o poder pblico e a construo de polticas pblicas que se amoldem aos anseios da comunidade a articulao de uma rede de entes da sociedade civil e pblica, incluindo capacitao, difuso de informaes, mobilizao, identificao de projetos e oportunidades, assim como o dilogo com a populao da regio. Para potencializar esta ao, pode-se capacitar membros das entidades representativas na identificao de oportunidades de novos projetos, recursos, participao em fruns de discusses e formulao de aes sociais.

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    Ao se tecer uma rede dessas, o importante zelar para que seja homognea e tenha a maior abrangncia possvel, evitando que segmentos mais ativos faam prevalecer sua viso individual sobre a discusso coletiva de algum assunto.

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    4 Reduo da Violncia e da Criminalidade 4.1 Ocupao e Motivao dos Jovens

    Facilitadores Dificuldades

    Possibilidade de articulao de vrias alternativas j existentes.

    Diversidade de insero no mercado formal de trabalho.

    A falta de horizontes no mercado de trabalho tem contribudo para o xodo rural e formao de bolses de misria nos municpios maiores, com as pessoas que saem do campo. Como fatores de desafio, acrescentam-se o fenmeno do fracionamento e reduo do tamanho das propriedades rurais dentro das cadeias sucessrias das famlias, que podem levar ao surgimento de propriedades economicamente inviveis; alm disso, outros fatores como os ganhos de produtividade, tecnologia e mecanizao, acabam gerando desemprego estrutural por reduzirem a demanda de mo de obra. Com isso, a agricultura envelhece. Outro aspecto negativo deste movimento diz respeito capacitao dos que partem. De um modo geral, no possuem grau relevante de educao formal ou formao profissional que permitam que se insiram no mercado de trabalho, que j conta com profissionais mais preparados. Em consequncia, este contingente acaba se submetendo ao subemprego ou ao trabalho irregular no local de destino, sem respaldo trabalhista e previdencirio. Este processo leva ao inchao das periferias nas cidades maiores, com a degradao do quadro social dos municpios onde se alojam e de onde partiram. Um caminho para a reverso do processo a valorizao da atividade exercida no campo e nas cidades menores, tanto no aspecto social e moral, quanto no de resultado econmico da atividade. Para os que no puderem ser integrados nas atividades correntes, precisa-se buscar uma forma de agreg-los a novas atividades ou prepar-los para atuar com qualidade em outros cenrios. Alm de criao das condies econmicas para a manuteno dos jovens, deve-se buscar alternativas que os motivem e os ocupem em seus locais de origem, por meio de atividades de socializao, como as voltadas ao esporte, cultura e lazer.

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    Cada local onde haja um agrupamento social expressivo, como distritos municipais, deve ter reas para se criar espaos coletivos, contemplando biblioteca, espao com acesso internet, cinema e vdeo, rea voltada ao aprendizado e desenvolvimento de expresses corporais (dana e teatro). 4.2 Aumento do uso de drogas

    Facilitadores Dificuldades

    A formao familiar local forte e mantm alguns traos tradicionais

    Facilidade no acesso s drogas, sobretudo as mais modernas.

    Fluxos migratrios que contribuem para alastrar o problema.

    Falta de ocupao local e de perspectiva de oportunidades futuras.

    Cidades-polo educacionais com grande nmero de jovens fora de suas residncias, que acabam sendo presas fceis a esse tipo de oferta.

    uma preocupao social na Regio Sul do ES as atuais propores do consumo de drogas, em especial o crack, que vem tomando propores assombrosas, em relao ao nmero de jovens que fazem uso dessa poderosa droga e as consequncias sociais derivadas desse consumo, bem como o aumento dos atendimentos em unidades de sade para tratamento e desintoxicao. O dependente de crack situa-se na faixa etria de 13 a 19 anos e pertence aos estratos de classe D e E. O crescimento do seu uso tem gerado o surgimento de cracolndias, como so chamados os espaos degradados em que se aglutinam os dependentes para seu consumo.

    Apesar do crescimento do consumo de drogas estimulantes, o lcool e o tabaco continuam sendo as principais causas de dependncia e, principalmente, a origem para o consumo de outras drogas mais nocivas. Observa-se que existem fluxos migratrios no estado, internos e externos, que contribuem para disseminao das drogas, levando-as mesmo s cidades menores e ao campo. H necessidade de criao de reas para o atendimento a dependentes qumicos em estncias diferenciadas para o grau de dependncia, desde a consulta e acompanhamento ambulatorial at a criao de centros de internao.

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    4.3 Redes Sociais de Apoio

    Facilitadores Dificuldades

    A sociedade j est atenta para as consequncias do problema.

    Dificuldade de se manter programas continuados de recuperao.

    A dependncia de drogas um fenmeno que interfere no apenas na vida do dependente, mas tambm na de seu grupo social. , pois, um problema reflexivo, porque afeta a estrutura familiar e os relacionamentos deste ncleo bsico com toda a sociedade. Assim, alm de todo o apoio que o poder pblico possa dar, os dependentes e seus familiares precisaro de iniciativas que apoiem sua recuperao e reinsero na comunidade. A experincia positiva acumulada de grupos de apoio organizados e mantidos pelo grupo social comprova a importncia desta ao. Urge a criao de mecanismos de parceria entre a sociedade civil e o poder pblico para que, de forma integrada, se desenvolvam e trabalhem em aes que possam inibir e prevenir o crescimento de determinados tipos de ocorrncias e situaes indesejadas do ponto de vista social local. H necessidade de estabelecimento de programas de apoio aos dependentes de droga, especialmente a concesso de bolsas escolares aos jovens mais vulnerabilizados socialmente.

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    5 Insero Estratgica Regional 5.1 Formao de Consrcios

    Facilitadores Dificuldades

    A ao integrada fortalece os municpios nas suas demandas.

    Iniciativas j sendo praticadas na regio. J existe poltica pblica no estado que

    incentiva esse tipo de ao.

    Gesto dos consrcios. Cultura local no a de fazer, mas sim

    esperar que o estado resolva os problemas.

    As iniciativas via consrcio na regio j vm dando certo, porm precisam ser ampliadas.

    Os consrcios, por serem intermunicipais, obrigam as partes a negociar.

    O associativismo, no plano da administrao pblica, uma ferramenta para se maximizar resultados e ganhar eficincia nas aes, pois os problemas a cargo do governo municipal muitas vezes exigem solues que extrapolam o alcance da capacidade de ao da prefeitura em termos de investimentos, recursos humanos e financeiros para custeio e atuao poltica. Alm disso, grande parte destas solues exigem aes conjuntas, pois dizem respeito a problemas que afetam, simultaneamente, mais de um municpio. Em outros casos, mesmo sendo possvel ao municpio atuar isoladamente, pode ser muito mais econmico buscar a parceria com outras unidades municipais, possibilitando solues que satisfaam todas as partes com um desembolso menor, vis--vis melhores resultados finais. A implantao de cada caso deve ser analisada dentro dos aspectos mais convenientes a cada situao. H amplas possibilidades de atuao conjunta de municpios atravs de consrcios. Desde pequenas aes pontuais a programas de longo prazo e de intensa influncia sobre o destino dos municpios. Os consrcios podem se constituir com menor ou maior pretenso de durabilidade e impacto. As reas de atuao so amplas, abrangendo: servios pblicos (abastecimento e nutrio, cultura, reas de esporte, lazer, assistncia social, aparelhamento do Corpo de Bombeiros e saneamento, etc.); sade (rede pblica de servios de sade, exigncia de grandes investimentos, etc.); obras pblicas (canalizao de cursos dgua, obras virias, rodzio de mquinas, aquisio ou locao de mquinas, contratao de projetos, etc.); meio ambiente (manejo de recursos hdricos, saneamento bsico, tratamento e reciclagem de lixo, combate e preveno de enchentes, etc.); e desenvolvimento econmico regional sustentvel (promoo do desenvolvimento, incentivo a atividades

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    econmicas, desenvolvimento da economia popular solidria, turismo, capacitao, etc.). Na Regio Sul do ES j existem iniciativas exitosas que podem servir de estmulo ao que se pretende, como o Consrcio Intermunicipal de Desenvolvimento da Regio do Capara, que foi criado a partir de um frum constitudo em 1995, formado por organizaes no-governamentais. Na Polo Cachoeiro j funciona o Consrcio de Sade e Coleta de Lixo. Do mesmo modo, o Programa Esprito Santo sem Lixo prev que consrcios pblicos regionais faam a gesto e a regulao da prestao de servios no Sistema Regional de Destinao Final de Resduos Slidos Urbanos (RSU), incentivem os programas de conscientizao e educao ambiental e assessorarem os municpios para estruturao, sustentabilidade e aprimoramento dos servios locais de limpeza pblica e gesto de RSU. 5.2 Redes de Municpios

    Facilitadores Dificuldades

    Existncia de foras e condies em municpios que podem se tornar polos regionais.

    O movimento em torno do fortalecimento da Regio Sul do ES.

    Concentrao de atividades no litoral. A regio sofre grandes influncias dos

    estados fronteirios do RJ e MG.

    O Plano de Desenvolvimento ES 2025 tem uma especial preocupao com a formao de uma rede de cidades a mais homognea possvel em todo o estado, evitando concentraes excessivas e indesejadas, contribuindo para que elas tenham uma qualidade de vida maior para seus habitantes e sejam mais fceis de gerir. No aspecto social, as cidades tm que oferecer atrativos para a fixao do morador e promover o desenvolvimento para todos, incentivando as vantagens potenciais que cada uma pode oferecer. As municipalidades no devem ter a viso de que concorrem entre si, mas de que, juntas, tm potencial para distribuir o crescimento e a atividade econmica pelo estado. Deve ser desenvolvida a viso de rede, fornecendo incentivos diferenciados para os arranjos que hoje so vislumbrados. H necessidade de procurar ao mximo o desenvolvimento regional integrado, reduzindo-se as desigualdades sociais entre os municpios prximos, evitando-se que as reas em desenvolvimento virem a caa do tesouro, atraindo a formao de bolses no seu entorno. No sentido oposto, as cidades precisam planejar-se para no se tornarem apenas dormitrios.

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    Em todos os aspectos a serem considerados em relao Regio Sul, h necessidades que devem ser levadas em considerao, como por exemplo: sua posio geogrfica, fazendo fronteira com dois grandes estados da federao, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que estabelecem forte influncia e interao; assim, de um ponto de vista regional, pode-se considerar todo o territrio abrangido como uma mesorregio. As redes de cidades devem ser desenvolvidas a partir da identificao das potencialidades locais e da verificao da viabilidade da implantao de projetos de polarizao empresarial, da sua insero no contexto estadual e regional, das atividades econmicas relevantes, da logstica e, enfim, de toda a infraestrutura necessria. Importante, ainda, identificar possveis reas para implantao do empreendimento, as potencialidades de cada municpio, alm dos investimentos (leia-se, igualmente, os investidores) potenciais a serem concretizados.

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    6 Fortalecimento da Identidade e da Imagem 6.1 Cultura

    Facilitadores Dificuldades

    O sul do estado possui forte tradio cultural e rico folclore.

    Existncia de movimentos culturais organizados.

    O desenvolvimento em ritmo diferente em relao mdia do estado afeta a autoestima do cidado capixaba do Sul.

    A Regio Sul do ES foi, em dcadas passadas, o bero da cultura do Esprito Santo, considerando que, a ttulo de exemplo, Muqui, nos anos 1950, chegou a ter dois cinemas instalados, um teatro e uma academia de letras. Ela ainda conserva vrios traos culturais que precisam ser resgatados e incentivados, retomando e fortalecendo o desenvolvimento das atividades e manifestaes populares e culturais, o desenvolvimento da msica, as trupes de teatro e o cinema. Essas atividades podem estar associadas ao desenvolvimento da formao escolar formal. Toda a cultura do estado, em especial a Regio Sul, sofre forte influncia da imigrao alem (de 1846 at 1879), dos italianos (a partir de 1874) e afro-descendentes, gerando diversas manifestaes culturais e festas singulares. Atualmente, existe um conjunto de manifestaes artsticas como a Mova Capara, que consiste em uma mostra de cinema itinerante que a cada ano fica sediada em um dos 11 municpios da regio capixaba do entorno do Parque Nacional do Capara. Existe, em Itapemirim, a Festa do Atum e do Dourado. H, tambm, em Castelo a tradicional festa de Corpus Christi, em que so confeccionados tapetes artesanais com belos desenhos coloridos de inspirao religiosa. O Festival de Alegre um importante evento no cenrio musical nacional, reunindo bandas brasileiras e estrangeiras. O Festival de Inverno de Domingos Martins e a Festa do Vinho so os maiores eventos da regio serrana do estado. A Festa da Polenta, em Venda Nova do Imigrante, significativamente tradicional na regio, alm de outras. H, ainda, vrias manifestaes culturais importantes, como o Boi Pintadinho e o Festival de Viola em Muqui, tambm a Smmerfest (Festa do Vero) e a Festa do Morango em Domingos Martins e o Festival de Inverno de Sanfona e Viola de So Pedro do Itabapoana, em Mimoso do Sul.

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    Diante de tantas iniciativas, importante estabelecer uma gesto integrada dessas manifestaes, procurando, ao mximo, aproximar os entes pblicos, os produtores de cultura e os agentes de fomento, de forma a fortalecer as linhas da poltica cultural do estado. fundamental o levantamento das atividades culturais da regio, ativas e inativas, de forma a montar o calendrio e o circuito cultural comuns e complementares, ofertando incentivos, divulgao, criao de locais apropriados para a realizao das atividades e apoio em sua manuteno. O fortalecimento das polticas pblicas para cultura requer tambm o incentivo, a criao de secretarias municipais para tal fim, de legislao especfica e de conselhos de promoo cultural, tanto no mbito local, quanto regional. 6.2 Saneamento

    Facilitadores Dificuldades

    O saneamento representa um ganho de qualidade de vida na rea em que implantado.

    Baixa cobertura da rede coletora. Falta de tratamento e despejo de

    resduos nos rios.

    Quando se analisa a qualidade de vida, deve-se ter em mente o bem-estar fsico, social e mental de uma determinada populao. Em consequncia, torna-se imprescindvel lidar com o saneamento ambiental, que adquire uma caracterstica de integrao social. Por mais que seja um processo oneroso, com seus custos aumentando proporcionalmente complexidade da comunidade e do local, um servio essencial, que visa promoo da sade, ao controle de endemias, manuteno de padres de comportamento social e ao combate poluio de recursos hdricos. Recentemente, a ONU aprovou uma resoluo, afirmando que o direito gua potvel e ao saneamento bsico um direito humano essencial ao pleno desfrute da vida e de todos os direitos humanos. Alm de colocar em risco a sade da populao, a falta de acesso gua e ao saneamento prejudica o aprendizado das crianas. A produo de gua est relacionada proteo das bacias hidrogrficas, incluindo as vegetaes do entorno e mais: regulao do ciclo hdrico da gua, ou seja, a manuteno da vazo durante a temporada da seca e o controle para minimizar enchentes; conservao da qualidade da gua por meio da reduo de sedimentos carreados; controle da eroso e assoreamento; manuteno dos habitats aquticos, entre outros.

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    Como a gua crucial no somente s vrias formas de vida, alm da humana, tambm fundamental para o desenvolvimento econmico sustentvel. Desta feita, as bacias hidrogrficas passam a ser reas geogrficas de preocupao por parte de todos os agentes, constituindo-se alvo de grande interesse, tanto na esfera pblica quanto privada, pois tais bacias cortam vrias cidades, propriedades agrcolas e indstrias. Entretanto, o uso indiscriminado, a captao dgua e manejo sem planejamento, alm da presena de produtos que geram contaminao podem impedir o aproveitamento, pleno e sustentvel, das bacias. Atualmente, poucos so os municpios que do tratamento adequado aos seus esgotos; nos demais, os detritos so simplesmente despejados in natura nos solos, rios, crregos e nascentes, constituindo a maior fonte de degradao do meio ambiente e de proliferao de doenas. Com a adequada coleta e tratamento sanitrio, evita-se comprometer os recursos hdricos disponveis na regio, pois mo saneamento ambiental garante o abastecimento e a qualidade da gua. Alm disso, melhorando a qualidade ambiental, o local torna-se atrativo para investimentos externos, contribuindo fortemente para o desenvolvimento da sua vocao turstica.

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    7 Sade 7.1 Preveno e Promoo

    Facilitadores Dificuldades

    Programas desenvolvidos nas escolas. A promoo e a preveno so mais

    eficientes e baratas que a assistncia.

    Mudana de cultura. Os programas de promoo e preveno

    no abrangem a odontologia.

    A sade um fator primordial na qualidade de vida e, dentro do seu trip basilar,1 as aes de preveno e promoo so as mais importantes, as mais abrangentes e eficazes e as de menor custo. Assim, para agregar qualidade de vida populao, necessrio, por exemplo, estimular hbitos de alimentao saudvel em conjunto, alm do combate ao sedentarismo. Programas de esportes e de educao alimentar inseridos em escolas fomentam na juventude a busca por hbitos saudveis. Em continuidade, os alunos assim preparados podem tornar-se multiplicadores na promoo destes hbitos. Nesta mesma linha, no se deve esquecer os programas de promoo e preveno na rea da sade bucal, que tendem a melhorar com uma alimentao de melhor qualidade, a ser incentivada por meio de campanhas junto populao ou da implantao de unidades de assistncia. A efetivao e participao da sociedade no processo de gesto da sade local importante. Para tanto, h de se fortalecer os Conselhos Municipais de Sade, que devem ser integrados na regio, disponibilizando capacitao a seus integrantes para que desempenhem seus papis de forma produtiva. As campanhas educativas de mobilizao e informao populao so um ponto a ser perseguido de forma permanente, incluindo-se a viso de metas e resultados a serem alcanados como forma de se medir a eficcia no processo de concretizao da ao. 1 Tradicionalmente, as polticas de sade abordam os aspectos promoo, preveno e

    assistncia. Promoo o processo que permite s pessoas aumentar o controle e melhorar a sua sade, sendo composta pelas aes que incentivam hbitos salutares e combatem os indesejveis. Preveno o conjunto de aes orientadas a evitar o surgimento de doenas especficas, reduzindo sua incidncia e prevalncia nas populaes. Assistncia so as aes destinadas a restabelecer a sade do indivduo quando uma patologia nele se instala.

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    O Programa de Sade da Famlia (PSF) foi o instrumento utilizado para reorganizar a ateno bsica no pas, tendo como principal desafio promover a reorientao das prticas e aes de sade de forma integral e contnua, levando-as para mais perto da famlia. O atendimento via PSF prestado pelos profissionais das equipes sade da famlia (mdicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitrios de sade, dentistas e auxiliares de consultrio dentrio) na unidade de sade ou nos domiclios. Essa equipe acompanha a populao, criando vnculos de corresponsabilidade, o que facilita a identificao, o atendimento e o acompanhamento proativo dos agravos sade dos indivduos e famlias na comunidade. 7.2 Atendimento de Especialidades

    Facilitadores Dificuldades

    A distncia entre os municpios pequena, permitindo fcil deslocamento.

    Utilizao do mecanismo de consrcio pblico na rea da sade.

    Existncia de tcnicas de exame e diagnsticos distncia.

    Resultados de exames e anlise no mais precisam ser retirados pelos usurios.

    Sistema Samu, que pode ser incrementado.

    Pouca oferta de especialidades. Falta de atrativo para o estabelecimento

    dos profissionais de sade.

    Em que pesem as diretrizes da rea de sade no sentido de se ter o atendimento mais prximo ao paciente, observa-se que a oferta no atendimento de especialidades insuficiente em muitas reas da regio. Com isso, os doentes ficam obrigados a viajar at os grandes centros, ou at mesmo capital, para receberem tratamento especializado. Torna-se importante e providencial a implantao de centros de referncia hospitalar em pontos da Regio Sul, descentralizando os atendimentos e melhorando a capacidade do tratamento da mdia e alta complexidade. Considerando a natureza deste tipo de atendimento, ele deve ser pensado de forma regional, abrangendo certo nmero de municpios, e, possivelmente, operado de forma integrada por meio de um consrcio de sade.