Agregaçãod e Valor a Pequena Produção Florestal Madereira
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7/24/2019 Agregaod e Valor a Pequena Produo Florestal Madereira
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Documentos 103
Patrcia Povoa de MattosVanderley Porfrio da SilvaWashington Luiz Esteves Magalhes
Agregao de Valor Pequena
Produo Florestal Madereira
Colombo, PR2004
ISSN 167 9-259 9
Outubro, 2004
Empresa Bras ileira de Pesquisa A grop ecuria
Embrapa Florestas
M inistrio da A gricu ltu ra, Pecuria e Abastec imen to
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Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:
Embrapa FlorestasEstrada da Ribeira, km 111
Caixa Postal 319Fone / Fax (41) 675-5600Home page: http://www.cnpf.embrapa.brE-mail (sac): [email protected]
Comit de Publicaes da Unidade
Presidente: Luciano J avier Montoya VilcahaumanSecretria-Executiva: Cleide da S. N. Fernandes de OliveiraMembros:Antnio Carlos de S. Medeiros, Edilson Batista de Oliveira,Erich Gomes Schaitza, Honorino Roque Rodigheri, J arbas Yukio
Shimizu, J os Alfredo Sturion, Patricia Pvoa de Mattos, SrgioAhrens, Susete do Rocio C. Penteado
Supervisor editorial:Srgio GaiadNormalizao bibliogrfica: Lidia Woronkoff e Elizabeth Cmara
TrevisanFoto(s) da capa: Patrcia Pvoa de Mattos e Washington L. Esteves MagalhesReviso gramatical: Mauro Marcelo BertEditorao eletrnica: Cleide da S. N. Fernandes de Oliveira
1aedio
1a
impresso (2004): sob demanda
Todos os direitos reservados.A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte,constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).
CIP Brasil. Catalogao-na-publicaoEmbrapa Florestas
Mattos, Patricia Povoa de.Agregao de valor pequena produo florestal
madeireira / Patrcia Povoa de Mattos, Vanderley Porfrio-da-Silva, Washington Luiz Esteves Magalhes. Colombo :Embrapa Florestas, 2004.
29 p. (Documentos / Embrapa Florestas, ISSN 1517-526X ; 103) - ISSN 1679-2599 (CD-ROM)
1. Madeira Valor agregado. 2. Madeira Usos. 3.Produo madeireira. I. Porfrio-da-Silva, Vanderley. II.Magalhes, Washington Luiz Esteves. III. Ttulo. IV Srie.
CDD (21. ed.) 674.8 Embrapa 2004
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Patrcia Povoa de Mattos
Engenheira-Agrnoma, Doutora, Pesquisadora daEmbrapa Florest as
Vanderley Porfrio da SilvaEngenheiro-Agrnomo, Mestre, Pesquisador da EmbrapaFlorestas
Washington Luiz Esteves Magalhes
Engenheiro Qumico, Doutor, Pesquisador da EmbrapaFlorestas.
Autores
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Apresentao
As estatsticas do setor florestal brasileiro evidenciam a gerao de 1,6 milhesde empregos diretos e 5,6 milhes de empregos indiretos, a contribuio anual
de mais de RS $ 25,9 bilhes (5% do PIB nacional), a exportao de mais deUS$ 4,1 bilhes (17% das exportaes do agronegcio e 8% do total de exportao)e a arrecadao anual, em 60.000 empresas, de trs bilhes de reais em impostos.
Esses nmeros dizem respeito quase exclusivamente ao que se gera commadeira, celulose, papel e mveis, onde os apoios em cincia, tecnologia eprocessos gerenciais, produtivos e industriais tm permitido o atingimento deprodutividades bem acima da produtividade mdia do setor, 25 m3/ha/ano, e
superior ao que se consegue na Finlndia, Portugal, Estados Unidos e fricado Sul com 5, 10, 15 e 18 m3/ha/ano, respectivamente.
Essas estatsticas tm valorizado o setor. Associada constante divulgao dafalta de madeira para o atendimento da demanda nacional elas tm motivado aentrada de novos agentes produtivos no setor. Entretanto grande parte dessesnovos agentes produtivos composta por pequenos e mdios produtores comexperincia em produo agrcola e pecuria. Com esse perfil, planejam sua
explorao florestal, quase sempre, pensando em vender matria prima brutauma vez que no tm a noo de que os produtos florestais tm maiorpossibilidade de agregao de valor que os agrcolas.
A Embrapa Florestas, frente a essa realidade do setor florestal, pretende com olanamento desse documento chamar ateno dos novos investidores para asdiversas aes que possibilitam melhor retorno econmico das plantaes florestais.
Moacir J os Sales MedradoChefe GeralEmbrapa Florest as
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Sumrio
RESUMO ................................................................................... 9
1. INTRODUO ........................................................................ 9
2. ESTUDANDO O MERCADO .................................................... 10
3. AGREGANDO VALOR ............................................................ 13
3.1 Produo da matria-prima......................................... 153.2 Transformao da matria-prima ................................. 16
3.2.1 Processamento primrio ............................... 16
3.2.2 Tratamento de madeira ................................ 17
3.2.3 Movelaria................................................... 18
3.2.4 Construo civil .......................................... 19
3.2.5 Resduos de madeira.................................... 214. TENDNCIAS E OPORTUNIDADES .......................................... 21
5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................. 23
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Agregao de Valor
Pequena Produo FlorestalMadereiraPatrcia Povoa de Mat tos
Vanderley Porfrio da Silva
Washington Luiz Esteves M agalhes
RESUMO
A preocupao com o retorno econmico da produo florestal madeireira estcada vez mais presente, sendo destacadas a grande importncia frente balana comercial do Pas e a contribuio para a renda no meio rural. Muitos
pesquisadores enfatizam, no entanto, a importncia da escolha adequada daatividade, em funo das condies econmicas, mo-de-obra e mercado. Sorelatadas algumas aes que possibilitam melhor retorno econmico, como aproduo de matria-prima com qualidade, como, por exemplo, o uso dematerial geneticamente selecionado, realizao de podas de formao edesbastes; a realizao do processamento primrio da madeira e/ou otratamento da madeira antes da comercializao; uso da madeira para mveise/ou construo civil, que resultam em produtos com maior valor agregado,
mas dependem tambm de maior investimento e mo-de-obra especializada.Nesse trabalho so relacionados tambm usos econmicos alternativos paraos resduos do processamento mecnico. Alm disso, so apresentadastendncias e oportunidades para a pequena produo florestal madeireira.
1. INTRODUO
O setor florestal madeireiro possui maior poder de agregao de valor aoproduto final do que a maioria dos produtos agrcolas. Um produto agrcolachega ao consumidor em mdia 20% mais caro do que saiu do campo,
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enquanto um produto madeireiro pode subir 150% do preo original (Silva etal., 2002; Silva, 2003). Com esse cenrio, a pequena produo florestalmadeireira deve se preparar para oferecer produtos mais elaborados, pois em
geral isso possibilita a obteno de maior lucro.
Surgem, ento, as consideraes sobre os investimentos necessrios e acapacitao para que as tarefas sejam desenvolvidas com eficincia. Seja qualfor a forma escolhida de agregao de valor madeira, deve-se atendercaractersticas indispensveis ao sucesso dos produtos no mercado:qualidade, padro e escala.
difcil com uma pequena e/ou mdia produo isolada de madeira obtercondio de investimento, tcnica e de escala adequados, sendo vital aorganizao dos produtores em grupos, formais ou informais, para ampliar acapacidade de produo e negociao. Considera-se, nesse trabalho, que apequena e mdia produo de madeira so equivalentes quelas oriundas derea igual ou inferior a 30% da rea da propriedade de quatro mdulos fiscaise de quatro a doze mdulos fiscais1, respectivamente.
O setor florestal madeireiro no Brasil pode ser dividido nas cadeias produtivasde papel e celulose; processamento mecnico da madeira; painisreconstitudos de madeira; e de energia e carvo vegetal (Azevedo, 2003).Este trabalho est direcionado para a apresentao de atividadespotencialmente agregadoras de valor madeira de pequenos plantios florestaisna cadeia produtiva de processamento mecnico da madeira.
2. ESTUDANDO O MERCADOA madeira tem dois grandes grupos de comercializao em funo da origemou tipo de proprietrio. O primeiro o dos grandes plantios florestais privadose o segundo o de pequenos empreendimentos florestais, que tendem a seconcentrar em raios econmicos de grandes indstrias consumidoras. Assim, comum existirem grupos de pequenos produtores que atendem ao fomento degrandes indstrias especializadas. Em geral, nesses casos, toda a produo demadeira voltada para o negcio da indstria, no sendo verificada produo
O mdulo fiscal varivel de acordo com o Municpio. Por exemplo, no Estado do Paran, para Colombo =10ha/MF = 12ha floresta, em Adrianpolis = 36ha/MF = 43ha floresta.
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adicional de madeira para atividades de maior valor agregado, como madeiraslida para serraria ou laminao.
A existncia de plos consumidores regionais compostos por pequenas emdias indstrias deve ser conhecida, em especial, por proprietrios deflorestas plantadas. O estudo de mercado permite estabelecer a oportunidadede se investir no plantio florestal madeireiro e tambm de definir ascaractersticas do mercado existente. Por exemplo, qual a agregao devalor praticada na regio.
Normalmente o que se quer saber sobre os mercados como alcan-los e
como identificar as alternativas do produto. Hoje existem trs estgios dodesenvolvimento de mercado de produtos madeireiros: descoberta daoportunidade; explorao; e consolidao. O Brasil se encontra na segundafase.
Os Estados Unidos permanecem como o maior mercado de exportao paraprodutos de madeira brasileira. As importaes pelos cinco mercados dosEstados Unidos que aceitam madeira branca ou leve so: madeira serrada
industrial; tbuas; decks; cercas; e, molduras acabadas. As exportaes doBrasil so aproximadamente de 60% para madeira serrada e 40% para cercas.
Tbuas e decks so exportados ainda em pequena proporo e o mercado demoldura est em desenvolvimento no Pas (Donnelly, 2001).
Outros setores de mercado precisam ainda ser desenvolvidos. As principaismudanas que devem ser analisadas so as que incluem a globalizao devarejos centrais e a certificao, tendo como ponto principal a conscincia de
mercado. Alm disso, a certificao tem estado presente em vrios mercadospara exportao (Donnelly, 2001).
Os fatores essenciais que impulsionam o crescimento das exportaes deprodutos de madeira de maior valor agregado, segundo a OrganizaoInternacional de Madeiras Tropicais, so: a excelente qualidade da madeira demuitas espcies tropicais, adequadas a usinagem posterior; o diferencial decusto dos salrios entre as indstrias de processamento de madeira dos pases
em desenvolvimento e dos pases desenvolvidos; a melhoria dos conhecimentostcnicos e administrativos; instituies e polticas racionais de apoio que criemcondies facilitadoras para grupos de produtores (Centro..., 2002).
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O mercado de madeira slida de pequena e mdia produo bastante
promissor. No entanto, vrios requisitos devem ser pesquisados e analisados,
tais como: potencial do mercado consumidor; critrios de deciso para a
localizao ou implantao da indstria; disponibilidade e aplicabilidade dematria-prima, mo-de-obra disponvel, necessidade de treinamento, identificao
das limitaes de mercado, estratgias para recrutamento e manuteno dessa
mo-de-obra treinada e fontes de vantagens competitivas (Vlosky, 1996; Vlosky
et al., 1997). A diversificao da atividade aliada ao desenvolvimento de novos
mercados pode ser uma alternativa econmica interessante (Iasbik, 2003). No
entanto, a deciso de qual atividade florestal, de produto ou servio, dever ser
incentivada ou desenvolvida, deve passar por uma anlise rigorosa do potencial
econmico, em diferentes cenrios futuros, possibilitando assim melhorestimativa de riscos e potenciais (Thomson & Psaltopoulos, 2003).
Atualmente, no Brasil, segundo Nahuz (2003), os produtos de maior valor
agregado so de madeira slida de pinus e eucalipto para a indstria moveleira,
madeira de florestas plantadas para a construo habitacional, compensados de
madeira da mesma fonte e madeira sem defeitos e de pequenas dimenses (clear
block & blanks), tendo ainda molduras, painis colados lateralmente de
eucaliptos e pinus, tbuas para cerca, portas, janelas, esquadrias e vigas
laminadas. Os painis de madeira compensada, apesar de s perderem em
volume exportado para o papel e celulose, so considerados, junto com a
madeira serrada, produtos com pequeno valor agregado, uma vez que poderiam
ser transformados em produtos secundrios, acabados ou semi-acabados de
maior valor.
Os principais entraves competitividade da cadeia produtiva de madeira emveis so relacionados matria prima, produo e vendas. Alguns pontos
identificados dizem respeito indisponibilidade e falta de qualidade da madeira;
escassez de madeira que atenda s especificaes industriais; falta de normas e
padres nacionais para um melhor aproveitamento da matria-prima madeira;
defasagem tecnolgica do parque industrial de base florestal; dependncia de
poucos fornecedores para alguns produtos especficos; condies inadequadas
de financiamento; necessidade de ampliar o apoio pesquisa, documentao e
informao tecnolgica florestal; indstria moveleira pulverizada e heterogneaquanto tecnologia; falta da diferenciao de produto; falta de atendimento aos
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padres internacionais; falta de treinamento e capacitao de mo-de-obra; faltade integrao entre a fabricao e a logstica de distribuio; falta de estudos demercado que considerem tendncias de moda, design e hbitos de consumo;
centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com pouca competncia emmveis, ausncia de P&D de longo prazo para novas tendncias de materiais;falta de uma cultura de P&D; ausncia de integrao entre os elos da cadeia;verticalizao excessiva das empresas; informalidade fiscal (Brasil, 2001).
3.AGREGANDO VALOR
A madeira pode ser usada nas formas mais diversas desde carves ativados amacromolculas; de micropartculas a vigas e chapas compostas commateriais de naturezas distintas; ou mesmo como fonte de energia. Noentanto, apesar de ser renovvel, um recurso finito, que depende de umaadministrao focada na sustentabilidade para garantir seu benefcio ageraes futuras. Essa conscientizao passa pelo uso adequado da madeirade acordo com suas caractersticas, otimizao do processo industrial at acertificao florestal e de produtos, que obedece aos princpios de
sustentabilidade social, econmica e ambiental (Nahuz, 2001; 2003).
Os fatores que influem nas estratgias para obteno de maior valor agregadopela transformao de produtos de madeira derivam do(s) tipo(s) deproduto(s), da complexidade dos processos, da quantidade produzida e dapadronizao requerida ou envolvida na produo (Centro..., 2002). Oprocesso decisrio para uma estratgia de fabricao requer a considerao defatores externos que devem estar alinhados com a estratgia empresarial:
pelos mercados, estabelecendo produtos, fornecedores e tendncias dedemanda; pela competio, analisando criteriosamente os principaiscompetidores e mudanas no cenrio futuro; conhecendo o perfil dos clientes,garantindo os requisitos de qualidade, e acompanhando os fatores que afetam anecessidade dos consumidores; e usando tecnologias de produo e informaoadequadas. Na Figura 1 pode-se observar as diferentes estratgias e como umempreendimento pode mudar suas prioridades e processos de fabricao.
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Fluxos REQUERIMENTO POR PRODUTOS Prioridades
Mvelartesanal
Qualidade
Mveltradicional
Complexos eescalonados
Mvelem srie
Linhasdesconectadas: sries
Madeira macia,
blocks
Componentes commltiplos encaixes
carpintaria
EspecializaoProduo pordemanda
Linhasconectadas
Molduras, desdobro edesenpenadeira
automtico
Rendimentofsico
Processocontnuo
Painis a base demadeira
Padronizao Sensibilidadea custos
CARACTERSTICAS:
IV III II I- grandes
volumes- desenho
padronizado
- produtos
bsicos- maquinariaespecializada
- economiade escala
- grandesvolumes
- desenhopadronizado
- produto
spoucobsicos
- controledeinventrio
- canaisdedistribuio
- logsticae
contratao- servio
aocliente
- Volumespequenosepadronizados
- Produtos
mltiplos- Desenhopordemanda
- Controledequalidade
- Margenselevadas
- Volumespequenos
- Altaespecializao
- Desenho
pordemanda- Mquinas
polivalentes- Margens
elevadas
Figura 1. Fatores essenciais que determinam as estratgias de produo e transformao
de produtos de madeira de maior valor agregado (Fonte: Centro..., 2002).
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3.1 Produo da matria-prima
A melhoria da matria-prima deve ser feita considerando critrios de seleo e
melhoramento do material gentico, manejo silvicultural, reduo da incidnciade ns, manchas e bolsas de resina, ao mesmo tempo, observando oatingimento de requisitos de dimenso e forma. A produo de toras demelhor qualidade demanda prticas silviculturais de espaamento, desbastes edesramas, alm do uso de material gentico de boa qualidade adaptado aolocal de plantio (Rosado et al., 2002).
Estudos com desdobro de eucaliptos mostram que o principal problema a
presena de ns. A poda recomendada para diminuir os defeitosrelacionados aos ramos, aumentando a proporo de madeira sem ns. Paramaximizar os benefcios dessa prtica silvicultural, sugere-se que a poda sejafeita em ramos pequenos e vivos. Coincidir a poda com o fechamento da copapermite que uma maior proporo da copa verde seja removida, sem impactono crescimento da rvore. No entanto, a poda deve ser adequadamenteexecutada para evitar a degradao na posio do corte, devendo ser tomadasmedidas preventivas (Montagu et al., 2003). Finger (2001) encontrou valores
recomendados para desrama de pinus de 40% da altura das rvores, poisproduziu menores perdas de produo e maior dimetro.
importante considerar tambm a realizao de operaes de explorao ecolheita com menor impacto possvel, pois isso no s facilita o caminho paraa certificao florestal como diminui as perdas decorrentes dessa atividadequando realizada da forma tradicional (Holmes et al., 2002).
A presso do mercado importador foi a grande responsvel pela incluso dacertificao florestal na cadeira produtiva da madeira. Na frica do Sul amotivao foi resultante do medo da excluso do mercado pelos novospadres de exigncia da indstria, da necessidade de se criar uma alternativa aameaa da barreira no tarifria e at mesmo pela expectativa em ganharnovos mercados e diferencial de preo (Morris & Dunne, 2004), semelhanteao observado no Brasil.
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3.2 Transformao da matria-prima
Produtos de madeira tm grande potencial para agregar valor. As tecnologias
de transformao se enquadram em diferentes categorias em funo dainfraestrutura disponvel. Podem ser compostos por instalaes, onde seutilizam ferramentas portteis bsicas e mquinas universais de trabalho demadeira; outras, um pouco mais sofisticadas e com mquinas capazes deproduzir em pequena escala ou instalaes com mquinas especializadas,como tornos copiadores; e at mesmo instalaes com linhas de produointegradas, para produo em grande escala (Centro..., 2002).
3 .2 .1 Processament o primrio
Os defeitos de processamento mecnico das madeiras de eucaliptos podemser minimizados pelo aperfeioamento dos processos de desdobro, secagem emelhoramento gentico (Rosado et al., 2002).
As toras, antes de serem serradas, devem ser classificadas diametricamente eem qualidade. Se possvel, devem tambm ser descascadas, pois isso ir
melhorar a qualidade dos resduos. Deve-se estabelecer diagramas de corteque visem ao mximo rendimento com a maior eficincia possvel. Quantomaior for o nvel de automao da indstria, maior ser a sua eficincia, o queno necessariamente significa maior rendimento, pois esse depender daqualidade da matria-prima e dos equipamentos utilizados. Alm disso, para aobteno de melhor preo deve-se classificar a madeira aps a operao dedesdobro, com o mximo de rigor e critrio (Rocha, 2001).
O controle da qualidade na produo e secagem da madeira demanda aesde controle da matria-prima e do processo. Durante o processo devem serobservados o layout, especificao dos equipamentos, controle dimensional,formao do pacote para a secagem, rotinas de classificao, treinamento emonitoramento do processo (Marques, 2003).
Challis (1989) estudou o processo produtivo de 55 mveis e constatou que ocomprimento mximo de peas de madeira slida limpa foi de 2.200mm,
sendo 84% menores de 1.000mm. 95% dos componentes eram menosespessos que 35mm, sendo que 70% tinham menos de 25mm de espessura e76% com menos de 100mm de largura. Produtores organizados para o
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fornecimento de pr-serrados em reas produtivas dentro dos raioseconmicos de plos moveleiros, reunindo atividades de serraria mvel esecagem de madeira, tm potencial para se inserirem na cadeia produtiva do
processamento mecnico, atravs do negcio de agregao de valor de pr-serrados.
3 .2 .2 Tratamento de madeira
perfeitamente possvel e econmico proteger a madeira utilizada emconstrues e marcenaria contra cupins, apodrecimento e manchas. Autilizao de tcnicas preservativas permite tambm resolver o srio problema
da falta de madeiras durveis nas propriedades agrcolas. Dessa forma, amadeira pode ser utilizada como moures, palanques e postes, sem oinconveniente de substituies e reparos freqentes, envolvendo mo-de-obracada vez mais cara e difcil. Existem produtos solveis em gua,especialmente indicados para o tratamento de madeira recm desdobrada, paraprevenir o aparecimento de manchas ou em casos de uso em contato com osolo. Outros produtos so aprovados para o uso em material que entre emcontato direto com alimentos, como por exemplo, caixa para transporte de
hortifrutigranjeiros. A utilizao da madeira devidamente tratada compreservativos no apresenta riscos sade do homem e dos animais.Entretanto, o preservativo de madeira formulado com compostos txicos edeve ser manuseado com os cuidados especiais, geralmente discriminadospelos fabricantes (Galvo et al., 2004).
Os processos de preservao podem, de forma geral, ser classificados emduas categorias: industriais e prticos. No Brasil, existem cerca de 30 usinas
de preservao, utilizando esses processos, no tratamento de dormentes,postes, travessas para linhas de transmisso de energia eltrica, postes desinalizao, dentre outros. Esses so os melhores mtodos, porm, nemsempre esto ao alcance das possibilidades do interessado (Galvo et al.,2004).
Para o tratamento de madeira na produo em pequena escala, pode-se utilizarmtodos prticos, para tratamento de moures e estacas; tratamento de
mveis, lambris e madeiras de uso interior; preservao de bambu; proteoda madeira contra manchas e mofos; e proteo de madeira que entra emcontato com alimentos (Galvo et al., 2004).
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3 .2.3 Movelaria
A indstria moveleira responde a uma demanda de momento ou moda,
enquanto que a carpintaria, como molduras, pisos e batentes apresentam umcarter mais tcnico e funcional. A demanda de mveis est diretamenterelacionada aos consumidores finais, enquanto que a carpintaria atende a umademanda impulsionada pela atividade da construo civil (Centro..., 2002). Afabricao de mveis pode ser um empreendimento de pequenos produtores,desde que esses estejam capacitados tecnolgica e gerencialmente e tenhamacesso a recursos financeiros para o empreendimento.
A indstria brasileira de mveis formada por aproximadamente 10.000 microempresas, 3.000 pequenas e 500 mdias empresas. Semelhante ao observadoem outras partes do mundo, tambm um setor muito fragmentado, comcapital majoritariamente nacional e com grande absoro de mo-de-obra(Lima, 1998).
Um conceito novo no Brasil e crescente em vrios centros consumidores ofaa voc mesmo em casa, sendo um mercado promissor e em expanso
(Donnelly, 2001). Um exemplo desse novo conceito a oferta crescente nossupermercados, de peas avulsas de estantes e prateleiras, para montagem efixao pelo prprio consumidor.
A incorporao do conceito do ecodesign pela indstria moveleira, comoferramenta de anlise dos impactos negativos ao meio ambiente causadospelos sistemas de produo e uso de produtos industriais, tem sido tema demuitos debates nacionais e internacionais. O objetivo que o produto seja
economicamente vivel e ambientalmente correto, sendo visto de forma globalpelo seu ciclo de vida, sendo criterioso quanto ao volume de materialempregado, a emisso de substncias txicas durante a fabricao, a reduodo consumo de energia, o emprego de materiais reciclveis, a procedncia damatria prima, entre outros pontos (Pereira, 2003).
A considerao do efeito negativo ao ambiente devido ao uso de determinadosmateriais tem direcionado o uso de adesivos ecologicamente corretos. Podem
ser citados como exemplo os adesivos vinlicos de contato ou ostermofundveis, buscando sempre resistncia mecnica e qumica adequadasaos esforos previstos no projeto da pea (Oliveira & Dantas, 2003).
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19Agregao de Valor Pequena Produo Florestal Madereira
A madeira de eucalipto apresenta-se com excelente potencial como matria-prima para o desenvolvimento industrial madeireiro, principalmente para osetor moveleiro. O tratamento adequado a essa madeira o que garantir o
seu diferencial de versatilidade (Silva, 2003).
3 .2 .4 Const ruo civ il
A necessidade de produtos e servios competitivos tem sido realada noBrasil, principalmente pelas oportunidades de exportao e pela crescenteexposio do mercado interno competio internacional. O foco principaldessa competitividade a qualidade e a produtividade. As perdas por
qualidade podem atingir at 40% do produto industrial. Estima-se que naconstruo civil as perdas cheguem a 20% do material, incluindo a madeirautilizada. O desconhecimento das propriedades da madeira e o uso demtodos de construo antiquados ou inadequados so as maiores causas dodesempenho insatisfatrio. Aliado a isso, existe o preconceito em relao aouso da madeira em construo civil de edificaes (Stinghen et al., 2002;Zenid, 2001), que remonta aos colonizadores espanhis e portugueses. Amadeira , em geral, usada de forma temporria em canteiros de obras,
andaimes e escoramentos e em formas definitivas nas esquadrias, estruturasde cobertura, forros e pisos (Zenid, 2001).
A perda estimada de madeira beneficiada no uso de construo civil na regioAmaznica de 25%. Identifica-se a possibilidade de minimizao dessasperdas a partir do emprego de modulaes dos elementos nos sistemasconstrutivos, otimizando critrios de segurana, durabilidade e perdasresiduais. Peas fora de bitola comercial podem ser aproveitadas como insumo
para habitaes e edificaes de interesse social, desde que sejamdesenvolvidos projetos especficos para essa finalidade (Freitas et al., 2001).
Para minimizar os problemas de perdas e otimizar o uso da matria-prima naconstruo civil, Zenid (2001) menciona a proposta de normatizar e revisarperiodicamente os padres com a participao de produtores, comerciantes econsumidores finais. Alm disso, seriam divulgadas as normas declassificao, caractersticas da madeira e cuidados tcnicos necessrios para
sua boa utilizao, criando-se tambm cursos de classificadores de madeira.
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Experincias com a construo de casas populares de madeira so poucofreqentes no Brasil, mas Melo et al. (2002) cita dois projetos importantes.Uma experincia pioneira no Estado do Acre, no final da dcada de 80, onde
foram construdas Unidades habitacionais em madeira. Essas casas foraminspecionadas recentemente, tendo sido aprovada a iniciativa. Outro projeto,realizado em 1996 em Cuiab, MT, utilizou rejeitos da indstria madeireirapara construir 300 casas populares. Foi estimado um gasto de madeiraaproximado de 5 m para a construo de uma casa de 35m.
A aplicao de painis de cimento-madeira tem sido apresentada como umaalternativa promissora em relao a outros tipos de painis de madeira. Por se
tratar de produto reconstitudo, destacam-se algumas vantagens, quandocomparado madeira slida, como o maior rendimento em relao ao volumede toras, diminuio da anisotropia, utilizao de madeiras de densidade mdiaa alta que conferem rigidez suficiente para aplicao estrutural. Alm disso,apresenta alta resistncia ao fogo, degradao por xilfagos, grandeestabilidade e boa trabalhabilidade, comparado a outros painis. O uso commadeira de folhosas ainda apresenta algumas restries, devido provavelmentea algumas substncias qumicas na madeira, mas algumas espcies de
eucaliptos tm apresentado resultados interessantes, inclusive com o uso departe em cascas (Latorraca & Albuquerque, 2002; Latorraca & Silva, 2003).
O uso de material de desbaste de floresta para produo de elemento estruturalvem sendo estudado por Hunt & Winandy (2003). Esse trabalho demonstra opotencial de uso dessa matria prima, mas ainda existem alguns problemas aserem resolvidos para reduzir os defeitos, como empenamento e colapso.
A madeira de eucalipto pode ser usada com muita qualidade na construocivil, desde que satisfaa as exigncias normativas que estabelecem oscritrios de dimensionamento de peas estruturais de madeira (Nahuz et al.,1998). A madeira laminada e colada uma tecnologia que agrega osprincpios bsicos da carpintaria tradicional, as concepes do concretoarmado e pr-fabricado e da construo metlica, sendo possvel o uso emtoda a indstria da construo civil (Carrasco & Moreira, 2003). As peaspodem ser fabricadas em qualquer oficina, desde que sejam considerados
todos os cuidados do processo de montagem e da aplicao da tecnologia dolaminado colado. importante ressaltar que qualquer falha no processo poderinfluenciar na resistncia mecnica final da pea (Carrasco, 2002).
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3 .2 .5 Resduos de madeira
Os resduos florestais so geralmente pouco explorados, sendo na maior parte
sub utilizados na gerao de energia. A maior agregao de valor a essamatria prima depende do desenvolvimento de novas tecnologias,preferencialmente que sejam ecologicamente corretas, como o uso em novosmateriais biodegradveis, componentes fibro-resnicos, compsitos commaterial inorgnico, adubos orgnicos, combustveis lquidos, insumosqumicos e farmacuticos, entre outros (Teixeira, 2003).
Uma das maiores limitaes para o uso de resduos na gerao de energia a
sua baixa densidade, o que acarreta problemas de armazenamento, alm doalto custo com o transporte. Uma alternativa produzir briquetes, queconsiste em gerar mecanicamente presses elevadas, que provocam umincremento trmico da ordem de 100oC. Para que ocorra a auto aglomerao importante a presena de gua de 8 a 15 % e que o tamanho mximo daspartculas seja de 0,5 a 1 cm (Ortiz Torres et al., 1998).
A produo de resduos peletizados para produo de energia uma
alternativa econmica para sua explorao. Tem-se como exemplo o usodessa tcnica na Sucia, onde so aproveitados resduos como serragem,sepilho e aparas (Lehtikangas, 2001).
A preocupao em utilizar economicamente os resduos de explorao florestalest presente em muitos centros de pesquisa. Estados Unidos (2000)apresenta vrias opes de uso, desde componente estrutural, matria-primapara fabricao de papel, laminao, compostos fibra/plstico, entre outros.
relatado tambm o uso eficiente na produo de suporte de proteo emestradas (Paun & J ackson, 2000).
4.TENDNCIAS E OPORTUNIDADES
Alm de conhecer o mercado, necessrio administrar outros aspectosimportantes para o sucesso da comercializao, como por exemplo, prazo de
entrega e assistncia ao consumidor. Isso requer uma estrutura de venda eps-venda organizada, criando um diferencial positivo (Brasil, 2001).
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O planejamento estratgico adequado pode definir o sucesso deempreendimentos de produtos madeireiros. Howe & Bratkovich (1995)procuram destacar os passos necessrios para uma adequada anlise e
planejamento para diferentes situaes. A existncia de um planejamentoformal permite a criao de programas para implementao das idias e facilitaa mensurao e controle dos resultados. As etapas englobam o planejamentoestratgico propriamente dito, o planejamento de mercado, que considera ascaractersticas dos produtos, preo, divulgao e mtodos de distribuio efinalmente, o planejamento do negcio, sendo esse ltimo uma forma deorganizar as informaes do negcio e monitor-las, direcionado parainvestidores externos ou fontes de financiamento.
Uma oportunidade de agregao de valor madeira de forma indireta, aimplantao de um sistema de informao, disponibilizado na internet, quepermita intercmbios entre consumidores, produtores e comerciantes ao longode toda a cadeia de negcios do setor. Experincia semelhante foi descrita porSakkas et al. (1999), com resultados positivos para o setor de mobilirio naSucia. Vislumbra-se tambm o potencial positivo da introduo do critrioqualidade como diferencial nas empresas (Saab, 2001).
O mercado mundial de madeira slida tropical vem sofrendo mudanas aolongo dos anos, no necessariamente devido conscientizaoconservacionista dos pases produtores, mas porque os pases consumidorestm procurado outros produtos alternativos, como painis, MDF e plstico.Alm disso, muitos pases consumidores esto reduzindo a importao detoras de madeira de folhosas e aumentado o processamento de conferas(Gresham, 1998). Ainda assim, a madeira a matria-prima mais interessante,
quando comparada a outros materiais em relao ao efeito danoso deproduo de gases causadores do efeito estufa (Petersen & Solberg, 2003).
A madeira se destaca nas formas mais modernas de anlise ambiental. Oconsumo energtico para produo de madeira 70 vezes menor que oconsumido na produo de alumnio, 17 vezes menor que na do ao e 3 vezesmenor que na produo do concreto. Outro aspecto relevante em relao aomeio ambiente a taxa de emisso de carbono. A madeira se destaca pelo
fato de ter uma emisso negativa, pois retm parte do carbono da atmosfera.O alumnio, por exemplo, emite 2.400 kg Carbono/tonelada, o tijolo 149 kg deCarbono/tonelada e o concreto 46 kg de Carbono /tonelada. Enquanto a
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madeira serrada apresenta um ndice negativo de 460 kg de Carbono/tonelada(ABIMCI, 2004).
Um ponto ainda pouco considerado, mas que desempenha papel importanteno sistema produtivo da madeira a satisfao e bem estar das pessoasempregadas na cadeia produtiva. Alguns dos pontos mais importantes namotivao so a boa remunerao, a estabilidade e um empregador que zelepela segurana e seja justo (Leschinsky & Michael, 2004).
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