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    O Agrobio um biofertilizante lquido, obtido da atividade de microrganismos emsistema aberto, em substrato composto pela mistura de gua, esterco bovino fresco, melao,leite e sais minerais. Aps 56 dias, transforma-se numa complexa mistura de vitaminas,hormnios, antibiticos e outros componentes (FERNANDES, 2000) que, ao ser absorvida pelasplantas, acredita-se que atue como fonte suplementar de nutrientes, aumentando suaresistncia natural ao ataque de pragas e patgenos, alm de exercer ao direta sobre osfitoparasitas devido presena na calda de substncias txicas aos mesmos.

    A partir da Unidade de Pesquisa Participativa Tecnologia Social PAIS (ProduoAgroecolgica Integrada e Sustentvel) adaptada, implantada no ms de dezembro de 2013pelo Programa Rio Rural Desenvolvimento Sustentvel em Microbacias Hidrogrficas noEstado do Rio de Janeiro, em So Joo da Barra, Microbacias Rio Doce e Brejo do Ing (5Distrito), e executada pelo Centro Estadual de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento deResduos da PESAGRO-RIO, implantou-se uma Unidade de Pesquisa Participativa para avaliar oefeito da aplicao foliar no cultivo de alface e beterraba, que foi experimentado por doisagricultores locais. Nesse tipo de pesquisa, os produtores so estimulados a participar de todoo processo de produo, com oportunidade de discusso e definio de rumos, se for o caso.

    Segundo Gondim (2010), a alface (Lactuca sativa L.) uma hortalia de folhascomestveis. As folhas podem ser lisas ou crespas, com ou sem formao de cabea. Tambmexistem alfaces com folhas roxas ou folhas bem recortadas. uma importante fonte de saisminerais, principalmente de clcio e de vitaminas, especialmente a vitamina A. A alface deveser colhida antes do incio do pendoamento (emisso do pendo floral), momento em que asfolhas comeam a apresentar um sabor amargo caracterstico. O plantio em local definitivo feito por mudas semeadas em bandejas ou copinhos. Pode ser cultivada durante o ano todo,em todas as regies do Brasil, dependendo da cultivar escolhida, j que existem variedadesadaptadas a climas mais quentes e outras para plantio em regies de clima ameno. Todas as

    folhas podem ser aproveitadas. As alfaces roxa e verde so consumidas predominantementeem saladas frescas. A alface americana mais crocante e, alm de seu uso em saladas, indicada para o preparo de sanduches por ser mais resistente ao calor. Podem ser limpas eembaladas em agroindstria, sendo vendidas j prontas para consumo.

    Segundo Gondim (2010), a beterraba (Beta vulgaris L.) uma hortalia bastanteconsumida no Brasil, cuja parte tuberosa tem sabor doce e colorao roxa. fonte de saisminerais, principalmente ferro, e acar. Deve-se quebrar a dormncia das sementescolocando-as de molho por 24 horas antes da semeadura e lavando-as em seguida. Pode serplantada via semente em local definitivo ou em bandejas e sementeiras para posteriortransplante, quando tiver 4 a 5 folhas. Para produzir sementes, a cultura deve passar por um

    perodo de frio intenso. Desenvolve-se melhor sob temperaturas amenas (entre 15 e 25C)ou baixas e resiste ao frio e geadas. No tolera temperaturas e umidade muito elevadas. A raizdeve ser preferencialmente consumida crua e ralada, na forma de salada ou em sucos.Tambm pode ser consumida cozida, em sopas, em sucos e no preparo de bolos e sufls. Podeser comercializada, j embalada, na forma minimamente processada (cubos, ralada, emrodelas). As folhas tambm podem ser consumidas, refogadas como couve ou em omeletes ebolinhos, sopas.

    OBJETIVOS

    A adoo de prticas de adubao orgnica, tanto como substrato de sustentao splantas como aplicaes foliares, tem como objetivo reduzir ou erradicar o uso de fertilizantesqumicos sintticos pela utilizao de adubos oriundos de restos vegetais e estercos curtidos,

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    produzidos com autonomia pela agricultura, garantindo alimentos saudveis e reduo nocusto de produo.

    O domnio dessas prticas pelos agricultores favorece significativamente a unidade deproduo, beneficiando diretamente no s os produtores envolvidos, mas tambm a prpriacomunidade, propiciando produo socialmente justa, economicamente vivel eambientalmente correta, criando novas perspectivas para o avano do desenvolvimentosustentvel a partir da adoo de novas prticas e conceitos.

    METODOLOGIA

    Esta pesquisa participativa foi desenvolvida no municpio de So Joo da Barra, nasMicrobacias Rio Doce e Brejo do Ing (5 Distrito), nos meses de dezembro de 2013 (unidadecom beterraba) e janeiro de 2014 (unidade com alface), de acordo com projeto de pesquisaelaborado e executado pelo Centro Estadual de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento deResduos da PESAGRO-RIO e Programa Rio Rural, em parceria com os agricultores Wagner Ivoda Silva (unidade com beterraba) e Sebastio Rangel (unidade com alface).

    O experimento foi conduzido na Unidade de Pesquisa Participativa Tecnologia SocialPAIS (Produo Agroecolgica Integrada e Sustentvel) adaptada, em rea coberta porsombrite, com canteiros circulares, irrigao por microasperso e bancada de apoio logsticono centro.

    O Agrobio utilizado nas unidades de alface e beterraba foi feito pelo produtor SebastioRangel em sua propriedade, aps treinamento com tcnicos da PESAGRO-RIO. A concentraoutilizada nos ensaios foi de 600 ml para 20 litros de gua, aplicados semanalmente nosensaios, utilizando pulverizador costal manual.

    No ensaio com beterraba (produtor Wagner Ivo da Silva) utilizou-se a variedade Tall

    Top Early Wonder (Ferry Morse), no espaamento de 15 cm x 15 cm. O plantio foi efetuado nodia 12 de dezembro de 2013. O substrato utilizado na produo das mudas foi um produtocomercial e a adubao nos canteiros de produo constou apenas de esterco de boi. Aaplicao de Agrobio foi feita semanalmente, com incio logo aps o plantio e at a 8 semana(aproximadamente 60 dias aps o plantio).

    Para efeito de comparao, nas culturas da beterraba e da alface foram avaliadasplantas que receberam a aplicao de Agrobio e plantas que no receberam Agrobio.

    Algumas caractersticas da variedade Tall Top Early Wonder (Ferry Morse) utilizada naUnidade de Pesquisa so apresentadas no Quadro 1.

    Quadro 1.Caractersticas da cultivar de beterraba Tall Top Early Wonder (Ferry Morse).

    Destaques Sementes descortiadas. tima qualidade de razes.

    INCIO DE COLHEITA FRUTOS

    60-70 diasFormato Cor interna

    Globular Vermelha

    No ensaio com alface (produtor Sebastio Rangel), utilizou-se a variedade Vera (tipocrespa), no espaamento de 30 cm x 30 cm. O plantio foi efetuado no dia 22 de janeiro de

    2014. O substrato utilizado na produo das mudas foi um produto comercial e a adubao noscanteiros de produo constou apenas de esterco de boi. A aplicao de Agrobio foi feitasemanalmente, com incio logo aps o plantio e at a 3 semana (aproximadamente aos 21 dias).

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    Algumas caractersticas da variedade Vera (tipo crespa) utilizada na Unidade dePesquisa so apresentadas no Quadro 2.

    Quadro 2.Caractersticas da cultivar de alface Vera (tipo crespa).

    Segmento Crespa

    Apresentao Lata 7.500 pel/Lata 25.000 pel/Balde 250.000 pel

    Resistncia a doenas -

    Espaamento 30 cm x 30 cm

    Populao 65.000 a 75.000

    Consumo mdio de sementes/ha 80.000

    CARACTERSTICAS BENEFCIOSAlto nvel de resistncia aopendoamento precoce Segurana de plantio, especialmente no vero

    Variedade desenvolvida no Brasil Adaptao s condies tropicais

    Crespicidade das folhas Versatilidade: plantio no campo e hidroponia

    Plantio o ano todoQualidade e manuteno no fornecimento aosmercados

    RESULTADOS E DISCUSSO

    A unidade de alface foi colhida com 30 dias, realizada em 20 de fevereiro de 2014. Aunidade de beterraba foi colhida com 70 dias, realizada em 19 de fevereiro de 2014, paraefeito de comparao.

    Foram avaliadas dez plantas de alface em cada sistema (com e sem aplicao deAgrobio), sendo avaliado o peso da cabea, o nmero de folhas comerciais, o comprimento dasfolhas comerciais e a largura das folhas comerciais. Os resultados mdios obtidos encontram-se no Quadro 3.

    Tambm foram avaliadas dez plantas de beterraba em cada sistema (com e semaplicao de Agrobio), sendo avaliado o peso por unidade. Os resultados mdios obtidos

    encontram-se no Quadro 4.

    Quadro 3.Caractersticas avaliadas na Unidade de Pesquisa Participativa de alface. MicrobaciaRio Doce, 5 Distrito de So Joo da Barra (em % de acrscimo).

    TratamentoPeso da

    cabea (g)N de folhascomerciais

    Comprimentode folhas (cm)

    Largura defolhas (cm)

    Sem Agrobio 102 14,5 14,8 11,9

    Com Agrobio 249 21,0 18,0 15,7

    Acrscimo (%) 146,9 46 21,6 31

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    Quadro 4. Caractersticas avaliadas na Unidade de Pesquisa Participativa de beterraba.Microbacia Brejo do Ing, 5 Distrito de So Joo da Barra (em % de acrscimo).

    Tratamento Peso por unidade (g)

    Sem Agrobio 96

    Com Agrobio 210

    Acrscimo (%) 119

    Verificou-se a resposta da cultura da alface aplicao do Agrobio (Quadro 3) commelhores caractersticas comerciais em relao a no aplicao do produto. Houve ganho emtermos de peso de cabea (146,9%) e no nmero de folhas comerciais (46%), bem como nocomprimento (21,6%) e largura (31%). Essas caractersticas tornaram a alface mais atrativaao consumidor. Alm da atrao ao consumidor, cabeas de alface mais bem formadasalcanam melhores preos, como tambm podem alcanar mercados no tradicionais de

    comercializao, como supermercados e hortifrutis. Portanto, alm da comercializao local, osprodutores podem atingir outras vias de comercializao, e com preo diferenciado.Houve ganho tambm no peso mdio da unidade de beterraba (Quadro 4) em funo

    da aplicao do Agrobio. Verificou-se ganho de peso mdio por unidade acima de 100%, masainda dentro do atrativo para o mercado. Com relao beterraba, a questo do tamanhosuperior nem sempre vantagem, j que interessa dona de casa um peso mdio.

    CONCLUSES

    A partir dos resultados da pesquisa participativa, os agricultores experimentadores

    puderam comprovar a eficincia da aplicao de Agrobio, deixando de adquirir e de utilizarfertilizantes qumicos comerciais.

    Os resultados das unidades de pesquisa participativa, alm de garantirem a produocomercial de alface e beterraba que melhor atendam ao mercado em termos de qualidade,tambm abrem a possibilidade de explorao de novas vias de comercializao, comosupermercados e hortifrutis.

    A substituio de insumos foi positiva, pois garantiu boa produtividade, reduziu o custode produo, promoveu a autonomia na aquisio e beneficiou o sistema de produo dealimentos saudveis.

    A produo do Agrobio na regio est sendo incrementada pelo produtor Sebastio

    Rangel, gerando renda atravs da comercializao para produtores locais e promovendoimportantes avanos no desenvolvimento sustentvel.

    REFERNCIAS

    FERNANDES, M. C. A. Emprego de mtodos alternativos de controle de pragas e doenas naolericultura. Horticultura Brasileira, v. 18, p. 110-112, Suplemento Julho, 2000.

    GADELHA, S. S.; CELESTINO, R. C. A.; CARNEIRO, GERALDO MANHES. Urina de vaca:utilizao em vegetais. 2. ed. Niteri: PESAGRO-RIO, 1999. Folder.

    GONDIM, A. (Ed).Catlogo Brasileiro de Hortalias: saiba como plantar e aproveitar 50das espcies mais comercializadas no pas. Braslia: EMBRAPA Hortalias; SEBRAE, 2010. 60 p.