Agrodok-50-Acondicionamento de produtos agrícolas

7/27/2019 Agrodok-50-Acondicionamento de produtos agrcolas

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Srie Agrodok No. 50

Acondicionamento de

produtos agrcolas


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Agrodok 50

Acondicionamento deprodutos agrcolas

Peter Fellows


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Fundao Agromisa e CTA, Wageningen, 2011.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida qual-quer que seja a forma, impressa, fotogrfica ou em microfilme, ou por quaisquer outrosmeios, sem autorizao prvia e escrita do editor.

Primeira edio em portugus: 2011

Autor: Peter FellowsIlustraes: Marinette Hoogendoom-MeijerTraduo: Rob BarnhoornImpresso por: Digigrafi

ISBN Agromisa: 978-90-8573-140-5ISBN CTA: 978-92-9081-464-1


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Prefcio 3

Prefcio

Este Agrodok foi escrito com o objectivo de fornecer um manual pr-

tico que descreve os mtodos e materiais que podem ser usados pelospequenos produtores nos pases em desenvolvimento para o acondi-cionamento de produtos agrcolas. No texto tratam-se os alimentosque so produzidos e/ou processados nas exploraes agrcolas edepois transportados para mercados ou processadores por atacado ou,em alguns casos, para retalhistas, que os vendem a consumidores.

Gostaria de expressar os meus agradecimentos s seguintes pessoas

pelas suas contribuies para a produo deste Agrodok: a MariekeMutsaers pela informao que forneceu sobre o mel, a Roy Keijzer daFundao Agromisa, a Piet Scheepens e Barrie Axtell pela sua leituracrtica deste manual, a Catharina de Kat-Reynen pela sua redaco dotexto, e a Marinette Hoogendoorn-Meijer pelas novas ilustraes.

Peter Fellows


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Acondicionamento de produtos agrcolas4

ndice

1 Introduo 6

1.1 Objectivo deste Agrodok 61.2 Estrutura do Agrodok 71.3 Requisitos de acondicionamento 81.4 Investigao para melhorar o acondicionamento 14

2 Cereais e leguminosas 192.1 Gros inteiros secos 192.2 Farinhas 22

3 leos alimentares e essncias 243.1 leos alimentares 243.2 Essncias ou leos essenciais 25

4 Produtos hortcolas 274.1 Produtos hortcolas frescos 274.2 Produtos hortcolas secos 304.3 Chipsfritas 32

5 Produtos de origem animal 335.1 Carne e peixe frescos 335.2 Carnes e peixe secos e fumados 345.3 Leite 355.4 Ovos 37

6 Mel e xaropes 396.1 Mel 396.2 Xaropes 41

7 Tipos de embalagens para transporte 427.1 Caixas, tabuleiros, cestos e caixotes 427.2 Sacos 44

7.3 Tambores, barris, latas 46


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ndice 5

7.4 Embalagem com filme estirvel e filme retrctil 477.5 Reutilizao e reciclagem de embalagens de transporte 49

8 Tipos de recipientes a retalho 50

8.1 Escolha do material de acondicionamento 508.2 Sacos, saquinhos e materiais de embrulho 518.3 Garrafas, potes e frascos 548.4 Caixas de papelo, tabuleiros e bandejas 578.5 Uma nota sobre a rotulagem 598.6 Inviolabilidade do produto e evidncia de violao 608.7 Reutilizao e reciclagem de recipientes para venda a

retalho 61

9 Enchimento e selagem 649.1 Enchimento e selagem dos recipientes para transporte 649.2 Limpeza e enchimento dos recipientes 669.3 Equipamento de capsulagem 709.4 Verificao do peso de enchimento mnimo 76

Leitura recomendada 77

Endereos teis 79

Glossrio 81


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1 Introduo

O acondicionamento de alimentos implica embrulh-los, empacot-los

ou cont-los ou em algum tipo de material que os protege durante oarmazenamento, transporte e distribuio. O acondicionamento previ-ne a danificao de produtos alimentares causada por choques e com-presso, previne a contaminao, por exemplo de insectos e microrga-nismos, protege contra a humidade, o ar e os odores. Os produtos ali-mentares necessitam de ser acondicionados para assim prevenir a suadeteriorao rpida e perda de valor, incluindo perdas do contedodevido a vazamentos e derramamentos.

1.1 Objectivo deste AgrodokEste Agrodok foi escrito para pequenos produtores nos pases emdesenvolvimento que acondicionam ou desejam acondicionar produtosagrcolas para fins de armazenamento ou venda. Descrevem-se mto-dos e materiais que podem ser usados para acondicionamento de ali-mentos que so produzidos e/ou processados nas exploraes agrco-las e depois transportados para mercados ou processadores por ataca-do ou, em alguns casos, para retalhistas, que os vendem aos consumi-dores.

Este Agrodok tem por objectivo fornecer informao de modo que os produto-res sejam capazes de melhorar ou comear o acondicionamento dos seusprodutos, assim reduzindo as perdas devido danificao ou deteriorao. Areduo de perdas implica um aumento dos lucros

Tambm se pode encontrar informao til no Agrodok 31: O arma-zenamento de produtos agrcolas tropicais, publicado pela Agromi-sa e o CTA. No Agrodok 31 descrevem-se os mtodos empregues parao armazenamento de alimentos at estes serem consumidos ou vendi-dos. Por meio de mtodos adequados de armazenamento previne-se adanificao ou perda dos produtos, se bem que, muitos alimentos fres-

cos ou secos possam ser armazenados sem acondicionamento, at


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Introduo 7

serem usados. Contudo, a vantagem dum acondicionamento adequado que as perdas potenciais se reduzem ainda mais, o manuseamento ea comercializao dos produtos se tornam mais fceis e, caso se tratarde produtos a retalho, a comercialidade dos produtos melhora.

1.2 Estrutura do AgrodokEste Agrodok est dividido em oito Captulos. Na Seco 1.3 destaintroduo descrevem-se as razes para se efectuar o acondicionamen-to de produtos agrcolas: os custos e a disponibilidade dos materiais deacondicionamento, os constrangimentos potenciais e mtodos pararesolver certos constrangimentos. Em dois estudos de caso (na Sec-

o1.4) de Sri Lanka e ndia descrevem-se como um acondicionamen-to melhorado pode aumentar tanto a qualidade de frutos frescos leva-dos para o mercado como os rendimentos dos produtores ou comer-ciantes.

Nos Captulos 2 a 6 descrevem-se os requisitos e opes para o acon-dicionamento de diferentes grupos de produtos agrcolas, visto quediferentes produtos alimentares requerem diferentes nveis de protec-o. Estes grupos de produtos alimentares so: cereais e leguminosas,leos alimentares e essncias, produtos hortcolas, produtos de origemanimal, mel e xaropes. Por exemplo, os gros secos (Captulo 2) soestveis e requerem pouca proteco. O leite, a carne fresca e o peixefresco (Captulo 5) requerem uma proteco muito maior para preve-nir perda de qualidade, deteriorao alimentar e reduzir o risco deintoxicao alimentar.

Em todos os captulos descrevem-se, primeiro, os objectivos do acon-dicionamento para um determinado grupo de alimentos. Em seguidadescrevem-se os requisitos que os recipientes devem satisfazer, demodo a protegerem os produtos alimentares durante o seu armazena-mento e transporte para os mercados, e descrevem-se as opes prin-cipais de acondicionamento que provavelmente estaro disponveisnos pases em desenvolvimento.


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Nos Captulos 7 e 8 descrevem-se as caractersticas e vantagens com-parativas dos diferentes materiais de acondicionamento, respectiva-mente para embalagens de transporte e recipientes para a venda a reta-lho. No Captulo 9 apresenta-se uma descrio dos tipos de equipa-

mento de enchimento/fecho que esto disponveis para unidades ope-rativas de pequena escala com ou sem electricidade. No LeituraRecomendada encontram-se listadas as fontes de informao e nosEndereos teis apresenta-se uma lista das organizaes de apoio narea do acondicionamento.

1.3 Requisitos de acondicionamento

Em geral, o acondicionamento de alimentos deve satisfazer os seguin-tes requisitos:? Deve suster o contedo e mant-lo no lugar, sem dar origem a fugas

ou quebras, at os produtos serem consumidos, e fazer com que osalimentos possam ser facilmente usados.

? Deve proteger os alimentos contra uma srie de riscos e perigosdurante a distribuio e o armazenamento. Esta funo inclui a defuncionar como barreira contra a sujidade, microrganismos e outroscontaminantes; proteger os alimentos dos danos provocados porinsectos, pssaros e roedores, contra esmagamento ou outro tipo dedanos fsicos e contra os efeitos do calor e da luz, que podem darorigem rano, e contra a absoro ou perda de humidade que podeprovocar o amolecimento ou emurchecimento, respectivamente, ououtros tipos de deteriorao da qualidade alimentar.

? Deve poder ser reciclado ou reutilizado, ou deve ser facilmente des-

cartvel de forma a prevenir que os resduos de acondicionamentodem origem a poluio ambiental.

A seleco do material de acondicionamento para um determinadoproduto agrcola depende tanto das suas caractersticas tcnicas (querdizer, da capacidade do acondicionamento para proteger o produtoalimentar durante o tempo de armazenamento requerido) e o mtodousado para venda dos produtos.


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Introduo 9

Figura 1: O acondicionamento devera proteger, suster e ser facil-mente descartvel

Tipos de sistemas de vendaExistem vrios sistemas de venda que os pequenos produtores de ali-mentos podem utilizar para a venda dos seus produtos, nomeadamen-te:? a venda directa aos clientes nos mercados rurais locais

? a venda a comerciantes e intermedirios que visitam as exploraesagrcolas e que depois vendem os produtos a grossistas ou proces-sadores

? a venda a agentes ou compradores de empresas processadoras dealimentos ou instituies governamentais

? a venda a centros de recolha que, por sua vez, abastecem os proces-sadores de alimentos

? a venda a grossistas ou retalhistas urbanos

Mercados rurais locais

Os requisitos de acondicionamento so menos exigentes para os sis-temas de venda locais nos quais os produtos alimentares no sotransportados a grande distncia e onde os clientes compram os seusprodutos em recipientes a granel. Exemplos so gros ou farinhas devenda em sacos ou frutos frescos e legumes vendidos em caixo-tes/grades ou cestos.


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A venda a comerciantes, intermedirios e empresas

Quando os comerciantes, agentes ou compradores comerciais visitamas exploraes agrcolas, exigem, muitas das vezes, que os alimentossejam acondicionados antes de eles aceitarem a entrega. Alguns forne-

cem os materiais de acondicionamento, mas muitas das vezes estesso de m qualidade, quer dizer, materiais reutilizados que podemcontaminar os alimentos. Outros compradores exigem que o produtorfornea o acondicionamento.

Figura 2: Embalagem para transporte de legumes

Os comerciantes preferem, muitas das vezes, utilizar tipos de acondi-cionamento que ocupem o menor espao possvel em veculos de


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Introduo 11

transporte, de forma a maximizar-se o carregamento. Contudo, estesno so, necessariamente, o melhor tipo de acondicionamento para umcerto produto e pode dar origem danificao do produto durante otransporte (p.ex. frutos frescos transportados em sacos em vez de

serem transportados em grades/caixotes).

A venda a centros de recolha

Se produtos como o leite forem transportados para centros de recolha,possivelmente fornecer-se- ao produtor um recipiente adequado, deforma que o transporte a partir dos centros de recolha para os merca-dos urbanos ou empresas processadoras de alimentos seja efectuadosob superviso destes centros, que dispem de uma frota de meios de

transporte em grande escala.

Qualquer tipo de saco, caixa, barril, tambor, etc. pode servir de emba-lagem de transporte. Estes contm e protegem o alimento durante otransporte e o armazenamento at o momento que processado ouvendido. Estes recipientes no esto sujeitos legislao que se aplicaaos recipientes a retalho. Por conseguinte, no necessitam um rtuloou texto impresso que identifica o contedo e o produtor, emboraalguns produtores possam optar pelo seu uso nas embalagens para finsde publicidade.

A venda a retalhistas urbanos

Para os produtos alimentares vendidos directamente aos retalhistasurbanos, como sejam as ervas secas e especiarias ou mel, os requisitosde acondicionamento so mais complicados: o acondicionamento no

s deve proteger o produto alimentar, mas tambm satisfazer os requi-sitos de publicidade e atrair clientes. Tudo isto requer que se dediqueateno ao desenho do recipiente e informao apresentada no rtu-lo/etiqueta, ambos os quais podendo ambos os aspectos estar sujeitos legislao local.

Os aspectos de design do acondicionamento esto fora do mbito des-te manual.


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Custo e disponibilidade do material de acondicionamentoOs custos e a disponibilidade dos diferentes materiais de acondicio-namento, presentes numa determinada regio, tambm determinam aescolha dos materiais. Deve-se considerar os custos duma embalagem

em relao ao valor do alimento. Por exemplo, os produtores incorre-ro em graves perdas financeiras se usarem materiais de acondiciona-mento no apropriados para alimentos de alto valor que se deterioramcaso no forem acondicionados correctamente (p.ex. leos alimenta-res). Portanto, com estes produtos alimentares deve-se efectuar umnvel de investimento mais elevado no acondicionamento do que nocaso de produtos vegetais com menos valor. Este tipo de anlise decustos e benefcios deve ser efectuada antes de se escolher o melhor

tipo de acondicionamento para um determinado produto alimentar.

A quantidade de recursos financeiros disponveis para os produtorescomprarem materiais de acondicionamento tambm depende dos mer-cados especficos anteriormente mencionados nos quais vendem osprodutos. Por exemplo, as vendas directas a retalhistas urbanos forne-cem um valor acrescentado mais elevado e geram um rendimento maiselevado para os produtores. Desta forma, estes podem investir mais noacondicionamento dos seus produtos. Pelo contrrio, a venda de pro-dutos com baixo valor acrescentado (p.ex. culturas de razes e tubrcu-los) nos mercados rurais ou a venda a intermedirios implica, muitasdas vezes, que os produtores no tm suficientes ganhos para poderacondicionar os seus produtos agrcolas em materiais apropriados.

A variedade dos materiais disponveis para acondicionamento tambm

, muitas das vezes, extremamente limitada nos pases em desenvol-vimento e, particularmente, para os produtores rurais. Esta dificuldadeno que diz respeito obteno de materiais de acondicionamento ade-quados , muitas das vezes, o maior constrangimento, em muitos pa-ses, para o fornecimento de produtos vegetais e animais de alta quali-dade. A maior parte dos pases em desenvolvimento no dispem deindstria de embalagens e, portanto, os materiais de acondicionamentodevem ser importados. Os tipos de materiais de acondicionamento

aprovisionados pelos agentes importadores dependem da procura


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Introduo 13

local. Se esta for demasiadamente limitada, o agente no poder satis-fazer os requisitos dos elevados volumes mnimos de encomenda,impostos pelos produtores de embalagens no estrangeiro. Isto implicaque os nicos materiais disponveis para os produtores so os com a

maior procura (e, geralmente, com os custos mais baixos); e estesmateriais no so, necessariamente, apropriados para o(s) tipo(s) deprodutos alimentares produzidos. Se se usarem materiais de acondi-cionamento no apropriados, existe o risco que os produtos alimenta-res se deteriorarem muito rapidamente, perdendo tanto a qualidadecomo o seu valor, antes de serem vendidos. Para alguns tipos de ali-mentos, o acondicionamento incorrecto pode originar um maior riscode intoxicao alimentar para os consumidores (p.ex. o acondiciona-

mento incorrecto de carnes e peixes frescos).

Por ltimo, outro constrangimento no que diz respeito ao uso do tipode acondicionamento apropriado, por parte dos pequenos produtoresem alguns pases, que a infraestrutura rural deficiente. Por exem-plo, a ausncia de electricidade impossibilita usar mquinas de costurapara sacos ou termoseladoras (mquinas de fechar sacos plsticos porcalor) e as estradas em ms condies do origem a uma quebraexcessiva de recipientes de vidro, danificao dos sacos, etc.

Como superar alguns constrangimentos

Os constrangimentos anteriormente mencionados, no que diz respeitoao fornecimento de materiais e equipamento de acondicionamentoapropriados, podem ser superados de vrias maneiras:? alguns comerciantes, intermedirios e outros agentes de compra

fornecem materiais de acondicionamento aos produtores de alimen-tos, e alguns deles tambm oferecem aconselhamento e apoio paraum bom acondicionamento e armazenamento de produtos alimenta-res.

? Em alguns pases conta-se com um servio similar de extensoagrcola.

? As cooperativas agrcolas permitem aos produtores comprar mate-riais de acondicionamento a granel de forma a reduzir os custos,

partilhar os custos de transporte e tambm partilhar o equipamento


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de enchimento e fecho para reduzir o nvel dos investimentos indi-viduais em equipamento.

? Por ltimo, as publicaes listadas na Leitura Recomendada, comosejam este Agrodok e outros manuais, podem ser usadas pelos

extensionistas para colmatarem a falta de conhecimentos ou parasensibilizarem os produtores sobre materiais de acondicionamentodisponveis, permitindo-lhes recomendarem os tipos de embalageme equipamento apropriados e requeridos para os diferentes produtosvegetais e animais.

1.4 Investigao para melhorar o

acondicionamentoNesta Seco apresentam-se dois estudos de caso de Sri Lanka e dandia que mostram como os melhoramentos respeitantes embalagempara o transporte podem dar origem a uma melhor qualidade dos fru-tos frescos transportados para o mercado e tambm aumentar os ren-dimentos dos produtores ou comerciantes. Os estudos de caso tambmmostram a utilidade de fazer investigao em cooperao com o gru-

po-alvo e a importncia de observar bem de perto uma situao localantes de se introduzir um novo tipo de embalagem.

Caso 1 Transporte de mangas no Sri LankaNo Sri Lanka, as mangas frescas so transportadas das exploraes agrco-las para os mercados em caixa de ch reutilizadas. Devido falta de ventila-o, o calor e a humidade aumentam durante o transporte, o que d origemao aumento de doenas, principalmente do apodrecimento apical do caule.Deve-se prevenir tais circunstncias para evitar perdas. Fez-se um estudo de

forma a reduzir a danificao do produto e aumentar as receitas das pessoasenvolvidas. Foram aprovisionados caixotes para transporte feitos de ripas demadeira aos agentes de recolha, em cooperao com uma associao coo-perativa rural de crditos que recolhe e colecta 40 a 60% das mangas em SriLanka. Os comerciantes visitam os produtores e compram o direito paracolher os frutos das rvores. Por conseguinte, as perdas ps-colheita no tmimportncia para o produtor, visto que o comerciante responsvel por elas.Tanto ele como outros agentes na cadeia comercial beneficiam duma reduodas perdas ps-colheita.


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Introduo 15

Uma variedade local de manga, de alto valor e muito susceptvel a danos e adoenas, amadureceu durante cinco dias e foi transportada para o mercado,tanto em caixotes de ripas de madeira como em caixa de ch, desde trsreas de colheita diferentes (Ampara distncia: 350 km, durao da viagem:10 horas, Anamaduwa distncia: 100 km, durao da viagem: 3 horas, e

Nikeweretiya distncia: 150 km, durao da viagem: 5 horas). Usaram-sedois tipos de caixotes: um caixote fundo que mede 40 x 40 x 61 cm o mes-mo tamanho que as caixas de ch, e um caixote pouco fundo que mede 40 x61 x 40 cm.

O estudo mostrou um melhoramento significativo com menos frutos estraga-dos provenientes de Ampara e Anamaduwa quando se usaram ambos ostipos de caixotes de ripas de madeira em vez das caixas de ch. A qualidadedos frutos de Nikeweretiya melhorou depois de se usarem os caixotes deripas de madeira pouco fundos. Isto tambm mostrou que o transporte a

grande distncia durante o dia d origem s maiores perdas, o que se podeprevenir parcialmente fazendo uso de caixotes de ripas de madeira. As per-das durante o transporte nocturno so bastante limitadas e ainda podemdiminuir mais com o uso de caixotes de ripas de madeira. Os comercianteslocais consideraram que os caixotes so um bom meio de acondicionamentodos frutos nos pontos de recolha:? Os caixotes de ripas de madeira fundos facilitaram a comodidade do

manuseamento e o arejamento dos frutos durante o transporte, levando auma reduo notria das perdas.

? A estrutura de ripas de madeira permite uma inspeco visual (de forma

que no necessrio descarregar os frutos para efectuar a inspeco oque leva a uma menor deteriorao dos frutos causada por um manusea-mento mais frequente).

? A triagem no mercado mais fcil e mais rpida, graas ao reduzidonmero de frutos deteriorados e ao amadurecimento mais uniforme, e asmulheres nela envolvidas podem dedicar mais tempo a outras actividades.

? H menos irritao da pele do fruto, provocada durante a triagem, vistoque a seiva do caule, que pode irritar a pele, seca graas estrutura doscaixotes de ripas.

O clculo dos benefcios financeiros dos caixotes de ripas de madeira mos-trou que os caixotes melhorados levam a um aumento de 6% de frutoscomercializveis. Supondo que cada caixote usado trs vezes por msdurante cada das duas pocas de mangas, com uma durao de quatromeses cada uma, e que um caixote contm 250 frutos avaliados em 4 rupiascada um, calculou-se um rendimento adicional mdio de 1440 rupias por cai-xote por ano (6% 250 frutos 3 vezes por ms 4 meses 2 pocas 4rupias).


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Os custos de cada caixote so de 100 rupias e os custos anuais de repara-o estimam-se em 16 rupias. Levando em conta os juros de 24% sobre osrecursos financeiros requeridos para comprar novos caixotes, a duraomdia dum caixote e os custos de reparao , o total dos custos adicionaispara o comerciante so de 40 rupias por caixote, por ano. Isto implica que os

ganhos financeiros netos so de 1400 rupias por caixote por ano e que oinvestimento no caixote restitudo dentro de um ms.

O envolvimento do grupo-alvo durante a durao da experincia ajudou oscomerciantes a adoptarem a tcnica e considerou-se fazer uso de emprsti-mos para permitir aos agentes de recolha comprarem caixotes de ripas demadeira. O estudo recomendou que os comerciantes efectuassem a recolhao mais rpido possvel; transportar de noite, quando fresco; e usar caixotesde ripas de madeira que fornecem um melhor arejamento e que reduzem oaumento do calor e da humidade.

Caso 2 Transporte de tomates frescos na ndiaNa ndia, a situao diferente e os comerciantes j usavam caixotes deripas de madeira para o transporte de tomates frescos. Os pequenos produto-res em Shargaon na Himachal Pradesh produzem os tomates de Junho aAgosto e, como esta regio a nica fonte de abastecimento para Delhidurante este perodo, os produtores recebem um bom preo pelas suas cultu-ras. Na regio h chuvas frequentes desde meados de Junho at Agosto,com uma humidade elevada e uma temperatura mdia de 3334C emJunho, que baixa para 25C em Agosto. Os tomates so colhidos e postos empequenos cestos ou caixotes de plstico, sendo depois despejados em ces-tos maiores, feitos de bambu cortado em tiras, com uma capacidade de 30-40kg. Depois, os tomates so classificados e acondicionados para o transportepara o mercado. Os produtores, tradicionalmente, usam caixas de madeiraque medem 39 x 28 x 20 cm, denominadas peti, para o transporte dos seusprodutos. As caixas tm uma capacidade de 13-14 kg de tomates, sendo oseu preo unitrio de, aproximadamente, 18-20 rupias. A sua venda disse-minada e vm em kits (caixas de montagem), com as instrues inerentes,sendo montadas com auxlio dum martelo e pregos. As caixas permitem queo ar entre nelas e tm um acabamento interior liso, embora os pregos pos-sam, s vezes, sair para fora. Entre as camadas dos frutos colocam-se agu-lhas de pinhos ou capim seco para criar um almofadado e para fornecer pro-teco. No topo coloca-se uma folha de jornal e depois prega-se a tampa. Osprodutores transportam os petis, nas suas costas ou em mulas, para a beirada estrada, onde ficam no cho hmido durante at quatro horas antes deserem recolhidos pelo transportador. As caixas so transportadas emcamies, tendo cada camio uma capacidade para transportar, aproximada-mente, 600 petis, depositadas em pilhas de 8 camadas, ao mximo.


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Introduo 17

Emprega-se uma cobertura de lona encerada para proteger a carga contra achuva. Os caminhos nas montanhas so estreitos, com curvas fechadas,declives ngremes e muitos buracos. Portanto, o transporte faz com que osfrutos nas caixas estejam expostos a movimentos em todas as direces para cima, para o lado, para a frente e para trs. Durante a descarga, as cai-

xas so atiradas e apanhadas no ar mas, s vezes, devido a uma falha a cai-xa cai no cho duro.

O governo da Himachal proibiu o corte de rvores cuja madeira se usavapara fazer as caixas, de forma a reduzir a desflorestao. Estudou-se a pos-sibilidade de substituir as peti de madeira por caixas de painis de fibrasonduladas. Estas caixas tm uma forma e um volume similares s peti, com 8orifcios de ventilao, tanto nos lados mais compridos como no topo e nofundo. Fizeram-se experincias usando caixas com uma capacidade de 15kg, em cooperao com produtores locais, para:? Verificar se as caixas eram resistentes a uma viagem de 350 km, de 12

horas, para Delhi. Comparar a proteco que davam aos tomates com aproteco fornecida pelas peti,

? Comparar a proteco fornecida aos tomates com a do peti,? Obter um feedback(reaco) dos produtores e comerciantes sobre a faci-

lidade do enchimento, manuseamento, preo, etc., e? Modificar as caixas, com base na experincia e no feedback.Durante a experincia, as caixas de painis de fibras foram enchidas, cuida-dosamente, com 15 kg de tomates, sacudidas uma ou duas vezes durante oenchimento, de forma a ficarem bem no stio, e prendidas com correias antes

de serem carregadas nos camies. Os tomates tambm foram acondiciona-dos em petipara comparar a eficcia desta nova caixa. As caixas de painisde fibras foram empilhadas em pilhas de quatro e as petiem pilhas de setepara obter pilhas da mesma altura. Depois da viagem no houve nenhumadanificao das pilhas, apesar de o facto de que algumas das caixas de pai-nis de fibras foram expostas a um leve humedecimento, devido a uma lonaencerada que estava furada. Em total, a danificao dos tomates foi de 1,5%nas caixas de panis de fibras e de 2,1% no caso das peti, mostrando umnvel aceitvel para ambos os tipos de embalagem.

O feedbackpor parte dos produtores em Shargaon e dos comerciantes emDelhi sugeriu que o tamanho das caixas de painis de fibras deve ser quasea mesma que a da petie tambm insistiram em que os preos fossem simila-res. Com base nos resultados da experincia, as caixas de painis de fibrastero um volume de 21,6 litros, e a superfcie exterior ser tratada com vernizde forma a reduzir a danificao devido s chuvas. Concluiu-se que as caixasde painis de fibras oferecem uma alternativa vivel s caixas de madeiratradicionais para o transporte dos produtos hortcolas e tero um impacto nadesflorestao.


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Fontes: New packaging options for transporting tomatoes inIndia (Novas opes de acondicionamento para o transporte de toma-tes na ndia) por Girja Sharan e Kishor Rawale, Centre for Manage-ment in Agriculture, Indian Institute of Management, Ahmedabad

380015, ndia, publicada na ITDG Food Chain 29, 15-18, 2001, eSlatted wood crates: reducing losses of fresh mango (Caixas deripas de madeira: reduo das perdas de mangas frescas) por R S Wil-son Wijeratnam, Ceylon Institute of Scientific and Industrial Research,Colombo, Sri Lanka e F W Korthals Altes, TOOL Foundation, Ams-terdo, Pases Baixos, publicada na ITDG Food Chain 16, 4-6, Nov.,1995.

http://practicalaction.org/docs/agroprocessing/FC29_1518.pdfhttp://practicalaction.org/docs/agroprocessing/food_chain_16.pdf

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