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Águas de Laboratório 2009

Lista das Abreviaturas

MTL Métodos e Técnicas Laboratoriais

PNA Plano Nacional da Água

PCQA Programa de Controlo da Qualidade da Água

IRAR Instituto Regulador das Águas e dos

Resíduos

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Águas de Laboratório 2009

Índice

ÍndiceLista das Abreviaturas.......................................................................................................1Índice.................................................................................................................................2Introdução..........................................................................................................................3

1. Importância da Água.............................................................................................52. Fórmula da água....................................................................................................63. Controlo de qualidade da água destinada ao consumo humano............................7

3.1 Os Diferentes Usos da Água................................................................................73.2 Caracterização da água........................................................................................8

4. Parâmetros da qualidade de água destinada ao consumo humano..........................134.1 Métodos de tratamento das águas......................................................................13

5. A água e os actos de laboratório..............................................................................14Conclusão........................................................................................................................16Bibliografia......................................................................................................................17

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Águas de Laboratório 2009

Introdução

No âmbito da disciplina de Métodos e Técnicas Laboratoriais (MTL), foi atribuído ao

nosso grupo (constituído por três elementos, a saber, Inês Marques, Pedro Cruz e Ricardo

Barca), para ser desenvolvido, numa primeira fase por escrito e, posteriormente, apresentado

oralmente à turma, o tema “águas de laboratório”.

A água de abastecimento urbano ("água de torneira") não tem pureza suficiente para

muitas aplicações específicas como uso em laboratórios, preparação do banho de hemodiálise,

produção de medicamentos e alguns produtos químicos específicos, produção de

determinados componentes electrónicos, alimentação de caldeiras, sistemas de geração de

vapor, sistemas de refrigeração.

Ora, a água é o principal reagente usado no laboratório, mas uma das maiores

dificuldades de quem necessita de água purificada é saber qual o tipo de água a utilizar.

Diversos organismos publicaram padrões1 de qualidade de água para o laboratório. Essas

organizações também desenvolveram padrões laboratoriais para, por exemplo, procedimentos

de colheita de amostras, preparação de amostras e análises entre outros. Esses padrões

fornecem meios de facilitar processos e permitir uma maior aceitação mútua de resultados

entre os diferentes sectores industriais.

Após uma pesquisa aprofundada que permite fundamentar o nosso trabalho, optamos

por dividir o nosso trabalho em cinco partes essencial, para além da introdução onde

apresentamos o teor do mesmo e da conclusão onde nos permitiremos tecer algumas

considerações que julgamos importantes para a nossa aprendizagem e para o trabalho que

mais tarde iremos desenvolver na nossa área de formação, quer a nível das farmácias de

hospital, quer ao nível das restantes farmácias, quer, ainda ao nível de um qualquer laboratório

de análise e/ou investigação.

Assim, numa primeira parte falaremos, ainda que brevemente da importância da água,

numa segunda parte, relembraremos a fórmula da água de forma a melhor perceber no

desenvolvimento do nosso trabalho, falaremos, numa terceira parte do controle da qualidade da

água destinada ao consumo humano; numa quarta parte serão abordados os parâmetros da

1 Padrões são acordos documentados que contém especificações técnicas para regras, orientações ou definições de

características para assegurar que materiais, produtos, processos, métodos de análise ou serviços são adequados

para o seu propósito. Existem diversas organizações nacionais e internacionais que desenvolvem e publicam padrões

cobrindo uma ampla variedade de áreas, desde contaminantes em água potável até preparação de amostras. Um

número crescente de sectores industriais está a adoptar padrões regulatórios destinados a aumentar a qualidade em

geral, a fiabilidade e eficácia de produtos finais e processos de produção.

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qualidade da água destinada, também, ao consumo humano, assim como os métodos de

tratamento das águas; Finalmente, terminaremos o nosso trabalho, numa quinta parte,

abordando, ainda que de forma sucinta, a hidrologia e o acto farmacêutico, de forma a obter

conhecimentos sólidos sobre os princípios e conceitos de Hidrologia e Análises Hidrológicas e

dar a conhecer os diferentes tipos de água para fins laboratoriais e farmacêuticos, suas

diferentes formas de obtenção, suas qualidades e as suas diferentes utilizações.

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Águas de Laboratório 2009

Água de Laboratório

1. Importância da Água

"Se me pedissem para criar uma religião, teria que recorrer à água” (Philip Larkin)2

Esta simples frase revela toda a importância e o que a água significa para nós. O seu

valor não pode ser sobrestimado, é a essência para toda a vida na terra, sendo ao mesmo

tempo um dos elementos mais importantes para todos os organismos. O corpo humano

consiste em cerca de 75% de água, o nosso cérebro em cerca de 85%. Cada célula do corpo

depende de água para o seu bom funcionamento. Uma série de disfunções são causadas por

insuficiência de água ou por água contaminada com poluentes. Para manter as diferentes

funções do nosso corpo é necessário o consumo de cerca de 2-3l de água por dia. Precisamos

desta quantidade diária porque não temos maneira de a armazenar no corpo como com os

alimentos (gordura). Morreríamos dentro de 3 a 7 dias sem água. Há milhares de anos que a

humanidade está consciente da importância da água. Em Roma há 2000 anos era considerado

um dos maiores crimes poluir a água. Hoje na nossa sociedade tecnologicamente avançada e

moderna estamos a destruir cada vez mais as capacidades e as qualidades da água para a

vida dos seres vivos. O aumento das populações, os resíduos industriais e os químicos

agrícolas estão continuamente a contaminar cada vez mais os nossos recursos hídricos. A

maior parte dos consumidores já não têm a percepção da importância da água e muitos

utilizam-na como se os seus recursos fossem ilimitados. Verificou-se com a seca em Portugal

de 2004 e 2005 a sua grande importância. 2-3% da água no Planeta é água doce. A maioria

desta fracção existe como gelo nos pólos ou é inacessível por outras razões. Só 0,2% da água

do planeta é potável! Esta água é vitalizada e purificada através dos ciclos da água na

atmosfera, em solos saudáveis e nas camadas de rocha profunda.

O sabor da água que bebemos é subjectivo. Dependendo da nossa sensibilidade e

percepção poderão descrever-se diferentes sabores. Numa época em que tudo parece poder

ser explicado, há opiniões que declinam a subjectividade e percepção individual. No entanto

quem já bebeu água de nascente nas montanhas, sabe como pode ser refrescante e ter um

sabor diferente da água que bebemos em nossas casas. Há até nascentes às quais são

atribuídas propriedades curativas. Recentemente têm-se descoberto métodos que permitem

medir a vitalidade ou qualidade energética da água. A revitalização é um dos métodos mais

2 Escritor inglês, nascido em 1922 e falecido em 1985.

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seguros de devolver à água a vitalidade perdida no decurso dos tratamentos físicos e químicos

efectuados antes de chegar às nossas torneiras.

2. Fórmula da água

Uma fórmula química é uma representação de um composto químico. A fórmula

química da água é H2O. A fórmula química sendo uma representação de um composto químico

pode nos fornecer algumas informações sobre a substância que ela representa. Por exemplo, a

fórmula da água H2O. Nesta fórmula aparecem letras e número. As letras representam os

elementos químicos que se unem para formar a molécula de água. O número subscrito é

chamado de índice e indica a quantidade de átomos do elemento presente em cada molécula.

No exemplo da molécula de água, H2O, significa que cada molécula de água é constituída por

dois átomos de hidrogénio e 1 átomo de oxigénio. É interessante notar que o número 1 é

omisso. Com estudo mais aprofundado sobre Química a fórmula também nos diz o tipo de

ligação química que ocorre entre os átomos formadores da substância, a que tipo de função

química a substância pertence. Neste caso a representação H2O é chamada de fórmula

molecular.

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3. Controlo de qualidade da água destinada ao consumo humano

O desenvolvimento da sociedade, a industrialização, o crescimento da população, a

agricultura, entre outros, é os principais responsáveis pelo uso e consumo da água,

provocando, assim, alterações profundas na sua qualidade. A contaminação da água irá

provocar alterações significativas no ecossistema, pois nem sempre é possível restabelecer o

seu equilíbrio. por processos naturais.

A má gestão e planeamento deste recurso, poderá levar à sua escassez, pelo que é

importante a tomada de consciência da humanidade para esta problemática.·

É importante criar programas de prevenção de poluição, em vez de se apostar apenas

no tratamento da água. As tecnologias de purificação deste bem essencial à vida são

extremamente caras e complexas. É importante efectuar-se estudos a nível da interacção do

clima com ciclo hidrológico.

O processo de planeamento de recursos hídricos e a elaboração e aprovação dos

planos de recursos hídricos é regulado pelo Decreto-Lei n.º 45/94 de 22 de Fevereiro 3. Este

determina a elaboração de 15 PBH (Planos de Bacia Hidrográfica) e um PNA (Plano Nacional

da Água). O PNA estabelece orientações de âmbito nacional para a gestão integrada da água.

O PBH define orientações para a valorização, protecção e gestão integrada da água.

O regime de utilização do domínio hídrico, público ou privado, é regulado pelo Decreto-lei n.º

46/94 de 22 de Fevereiro, que tem como fim atribuição de títulos de Utilização, com base no

cumprimento de regras e regulamentos estabelecidos nos Planos hidrológicos.

3.1 Os Diferentes Usos da Água

A avaliação da eficiência com que a água é utilizada em Portugal nos sectores urbano,

agrícola e industrial é fundamental para a adopção de medidas que maximizem a

sustentabilidade. Está provado que a agricultura é a maior utilizadora deste recurso. Existe já

um estudo preliminar no que se refere ao uso eficiente da água - Plano Nacional para o uso

eficiente da Água.

Os principais utilizadores da água encontram-se ligados ao desenvolvimento

socioeconómico, nomeadamente os sectores:

3 www.igf.min-financas.pt ,consultado em 4 de Dezembro de 2009

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Urbanos

Agrícolas

Industriais

Todos estes sectores necessitam de medidas urgentes no âmbito da eficiência no uso

da água, embora seja evidente que a agricultura é sem dúvida o maior utilizador deste recurso.

3.2 Caracterização da água

A água utilizada para consumo humano, deve apresentar qualidade e não ser

susceptível de causar danos à saúde pública. Esta deve ser esteticamente aceitável, ou seja,

não apresentar cor, odor, cheiro ou sabor. No entanto, para garantir com rigor a sua qualidade,

é fundamental recorrer a análises cuidadosas a diversos parâmetros e em diversas épocas

sazonais:

1. Organolépticas - avaliados mediante os sentidos, o que poderá levantar alguma

subjectividade na sua análise. São os principais factores que condicionam a

aceitabilidade da água pelo consumidor.

Fazem parte deste grupo de parâmetros:

A cor - depende fortemente da origem da água. (A água superficial pode

apresentar cor amarela claro a castanho, a água pura cor azul).

A cor pode ser:

Aparente - devido à matéria suspensa.

Real - devido a extractos vegetais ou orgânicos, ou devido

a iões metálicos naturais.

A remoção da cor é um processo bastante caro, no entanto pode ser bastante favorável

a nível industrial, pois permite efectuar comparações entre amostras de água e identificar qual

é de mais fácil tratamento.

Cheiro e sabor - São dois parâmetros de análise difícil, pois levanta,

bastante susceptibilidade. O limiar de percepção de cheiro nem sempre é

mesmo para todos os humanos, o que não se traduz numa análise muito

rigorosa. O sabor não é de possível quantificação.

Aspecto - consiste na apreciação visual, sem que haja uma quantificação

da mesma. Neste caso, observa-se se é límpida, turva, incolor, entre

outros.

Físicas - as características físicas são avaliadas recorrendo a

procedimentos específicos e consistem na determinação de diversos

parâmetros

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Temperatura - a água para consumo humano deve ter

temperatura ajustada à época sazonal. Assim, no inverno,

esta deve se encontrar acima da temperatura do ar, e no

verão abaixo.

Este parâmetro é importante pois determina a velocidade das reacções químicas,

contribui para aparecimento de microrganismos e intensifica as características organolépticas.

A temperatura pode representar um factor de poluição térmica, uma vez que uma

descarga de águas residuais para meio hídrico nunca deve ser efectuada a temperaturas acima

deste.

pH - Mede a concentração hidrogeniónica da água.

Depende muito das características geológicas, pois como

já vimos a água atravessa o solo.·

Zonas graníticas - pH de aproximadamente

Em Portugal a água é predominantemente ácida na zona Norte até Lisboa, e básica

para restante.

Turvação - Depende da quantidade de matéria em

suspensão, nomeadamente substâncias inorgânicas e

orgânicas. Esta característica é factor muito importante no

consumo, pois quando existe pode levar à rejeição pela

parte do consumidor.

A nível de Sistemas de Tratamento, a turvação desempenha um papel muito

importante. Nas águas de Abastecimento, reduz a eficiência dos métodos de desinfecção e

exige a implementação de tratamento por coagulação/floculação antes da filtração. Nas águas

residuais permite controlar a adição de produtos químicos.

Condutividade eléctrica - mede a capacidade da água para

conduzir corrente eléctrica e representa a concentração

total de substâncias ionizadas (depende da temperatura).

A sua determinação só faz sentido em águas para consumo humano, pois permite

avaliar o teor de sólidos dissolvidos (mineralização da água) e estes não são importantes nas

águas residuais.

Químicas - recorrem-se a ensaios experimentais através de

procedimentos e permitem identificar quantitativamente

diversos parâmetros, sobretudo:

Acidez - mede a capacidade da neutralização de uma

base, e é provocada pela presença de dióxido de carbono

(CO2). A acidez total representa a soma da acidez devido

ao CO2 e acidez mineral.

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A nível do consumo humano, este parâmetro não oferece quaisquer problemas, sendo

até muito bom para problemas renais. No entanto em determinadas concentração provoca um

sabor desagradável na água, que pode levar ao não consumo.

A acidez mineral levanta problemas a nível industrial, pois provoca corrosão.

Desempenha também papel importante nos tratamentos de amaciamento e nos tratamentos

biológicos. O pH depende também da acidez, normalmente águas com valores de pH inferiores

a 8.3 contêm acidez e inferiores a 4.5 contêm acidez mineral. A alcalinidade também sofre

influência da acidez.

Alcalinidade - Mede a capacidade de neutralização de um

ácido. A alcalinidade é devida à presença de bicarbonatos

(HCO3), Carbonatos(CO3) e Hidróxidos (OH-).

A nível da saúde pública não oferece qualquer risco, embora águas alcalinas tenham

sabor desagradável, o que terá que ser tratada para consumo. A alcalinidade é importante em

processos de Coagulação/floculação (pois provoca oscilações de pH) e de amaciamento,

permitindo também à água o seu efeito tampão. Esta possibilita também o cálculo da

quantidade de produtos químicos. Em águas residuais, determina a hipótese da implementação

de processos biológicos.

Dureza - A dureza representa a concentração de iões

bivalentes presentes na água. A dureza representa a

concentração de iões bivalentes presentes na água.

Contribuem essencialmente para a dureza da água, os

iões: cálcio, magnésio, estrôncio, ferro e manganês.

Pode ser:

Total - Mede a totalidade dos iões bivalentes

Cálcica - mede o teor em cálcio

Magnesiana - mede o teor em magnésio.

Quanto aos iões associados, pode ser ainda:

Dureza carbonatada ou temporária - quimicamente equivalente à

alcalinidade devido aos iões carbonato e bicarbonato.

Dureza não carbonatada ou permanente - dada pela diferença

da total da carbonatada.

Pode ter alguma importância a nível do uso doméstico, pois águas duras não fazem

espuma com adição de detergentes, no entanto não oferece riscos no que toca à saúde

humana. A dureza depende também da zona geológica, pois temos águas duras em solos

calcários. (Centro e Sul de Portugal) e macias em solos de rocha silício argilosas (Norte).

A nível industrial tem já papel relevante, pois podem levar a incrustações. Este

parâmetro permite avaliar e controlar processos de amaciamento.

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3.2.1 Dados de referência:

Águas muito duras: acima de 300 mg/l CaCO3

Águas duras: 150 - 300 mg/l CaCO3

Águas moderadamente duras: 75 - 150 mg/l CaCO3

Águas macias : inferior a 75 mg/l CaCO3

Cloro Residual - O interesse deste parâmetro consiste na necessidade da

desinfecção da água. No entanto, a produção de compostos laterais é um

problema actual, pois muitos deles são carcinogénicos. Este é ainda muito

usado devido às inúmeras vantagens que este acarreta.

Cloretos - a água do mar é a que apresenta maior teor em cloretos, pelo

que os aquíferos contém baixos teores de cloretos, excepto quando ocorre

intrusão salina.

A nível do risco para a saúde pública estes não merecem preocupação, podem no

entanto dar sabor salgado à água. Hoje em dia, começam-se já a aproveitar água salgada para

produção de água para consumo humano, após processo de tratamento adequado.

Oxigénio Dissolvido (OD) - O oxigénio é pouco solúvel na água, diminui

com temperatura e aumento da salinidade. As necessidades de oxigénio

dependem fortemente da época sazonal, no verão são mais evidentes.·

Este parâmetro é muito importante nas reacções biológicas, a sua

determinação permite controlar a poluição dos recursos de água, controlar

taxa de arejamento (no caso das ETAR) e controlar corrosão do ferro e aço

(nas ETA).

Oxidabilidade - Aplica-se em águas de consumo humano, dado que permite

analisar amostras com carga poluente baixa. Não se recomenda em águas

residuais. Mede a oxidabilidade parcial da matéria orgânica e inorgânica.·

O teor em sulfatos determina a necessidade de efectuar uma pré-oxidação

no tratamento das águas superficiais ou subterrâneas a fim da sua

aplicação ao consumo humano.

Carência Química do Oxigénio (CQO ou COD) - mede a carga orgânica

numa água, tendo em conta que a sua maioria pode ser oxidada por acção

de um agente oxidante forte em condições ácidas. È usual o valor do CQO

ser superior ao CBO, pois muitas vezes existem quantidades de matéria

orgânica resistentes à degradação biológica.

Carência Bioquímica do Oxigénio (CBO ou BOD) - mede a carga orgânica

da água, pois permite quantificar o oxigénio necessário para a oxidação da

matéria orgânica presente na água. Pode sofrer diversas interferências,

devido a algas, microrganismos nitrificantes, bactericidas, metais pesados,

cloro livre. Nas águas residuais, urbanas e industriais determina o oxigénio

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necessário à estabilização. Permite projectar a ETAR e avaliar a eficiência

do processo.

Sulfatos - resultam da lixiviação do gesso e outros minerais. Podem

constituir uma fonte de oxigénio, no entanto a sua redução a ácido

sulfídrico levanta problemas de odores intensos. Também é um causador

de corrosão em colectores de esgotos pouco ventilados e pode tornar-se

tóxico devido à possibilidade de formação de metano, facto que pode levar

a acidentes devido à projecção das tampas de esgoto.

Azoto (Amoniacal e Kjedall) - O azoto existe em diversos estados de

oxidação: Nitratos, Nitritos, Azoto Amoniacal e Azoto Orgânico. O azoto

Kjeldhal representa a totalidade de azoto amoniacal e orgânico. O azoto é

um indicador da qualidade sanitária, permitindo avaliar o nível de

contaminação da água. Assim temos águas recentemente poluídas, com

risco elevado, sempre que contém azoto amoniacal e orgânico. A presença

de nitratos implica que já foi uma poluição mais antiga e por isso nível de

risco é menor. A existência de azoto nos recursos hídricos, pode ocasionar

desenvolvimento excessivo de plantas e algas, reduzindo a quantidade de

oxigénio dissolvido. Numa ETAR conduz à diminuição da eficiência dos

processos de desinfecção e nas ETA pode ser responsável pela doença

infantil (bebés azuis).

Nitratos

Nitritos

Fosfatos

Fósforo - Pode existir em diversas formas :inorgânico (ortofosfatos e

polifosfatos) e orgânico. Existe maioritariamente na forma de fosfatos.

Quando adicionados nas ETA e ETAR, permite controlo da corrosão. Como

já vimos, azoto e fósforo são essenciais para microrganismos, pelo que são

importantes no tratamento biológico, embora em quantidades excessivas

podem levar ao aparecimento de algas.

Sólida - A totalidade é designada por sólidos totais e representam o

somatório dos sólidos dissolvidos, suspensos, voláteis e decantáveis.

Ferro e Manganês - Não são responsáveis por quaisquer efeitos nocivos

para a saúde humana, embora possam ocasionar turvação e provocar uma

inaceitação do ponto visto estético. A nível de ETA, o ferro provoca mau

sabor e manchas na roupa. Leva também a incrustações e obstrução das

canalizações, e facilita o aparecimento de bactérias. O manganês causa

problemas muito semelhantes e encontrasse associado na maioria das

vezes ao ferro.

Fluretos

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Óleos e Gorduras

4. Parâmetros da qualidade de água destinada ao consumo humano

O Decreto-Lei n.º 236/98, 1 de Agosto, estabelece normas, critérios e objectivos de

qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em

função dos seus principais usos, designadamente o uso para consumo humano. Estabelece os

valores - guia e

Valores –l imite dos diferentes parâmetros, ao nível das captações.

O Decreto-Lei n.º 306/2007, 27 Agosto, estabelece o regime da qualidade da água

destinada ao consumo humano, tendo por objectivo proteger a saúde humana dos efeitos

nocivos resultantes da eventual contaminação dessa água e assegurar a disponibilização

tendencialmente universal de água salubre, limpa e desejavelmente equilibrada na sua

composição. Estabelece os valores – guia.

De acordo com estes dois diplomas legais, as autarquias, regra geral, definiram um

Programa de Controlo da Qualidade da Água (PCQA), aprovado pelo IRAR (Instituto Regulador

das Águas e dos Resíduos), no âmbito do qual são disponibilizados trimestralmente ao público

os resultados

4.1 Métodos de tratamento das águas

A tecnologia actual permite a utilização de vários processos de purificação de água,

sejam isolados, sejam combinados, dependendo da qualidade de água bruta e da qualidade

desejada para a água tratada. Dependendo das características da água a tratar, a linha de

tratamento pode incluir as seguintes etapas fundamentais:

* Oxidação Parcial ou Total da matéria orgânica;

* Homogeneização;

* Ionização;

* Fluoretação e Cloração;

* Correcção de pH;

* Coagulação – Floculação;

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* Flotação;

* Desidratação mecânica das lamas;

* Osmose inversa.

Amonia (ISE) Esterilizadores de Ul

5. A água e os actos de laboratórioOs laboratórios modernos requerem graus de água purificada cada vez mais elevados.

Enquanto o consumidor doméstico consideraria a água da torneira como “pura”, o cientista de

laboratório veria essa mesma água como grandemente contaminada.

Nos laboratórios de hoje, a água pura é de importância crítica para a maior parte das

aplicações. É banal os cientistas analíticos e experimentais preocuparem-se com elementos e

compostos na ordem das partes por bilião Os ensaios biotecnológicos são frequentemente

muito sensíveis a contaminantes de qualquer tipo, especialmente metais de transição e

compostos orgânicos dissolvidos.

A cromatografia líquida de alta pressão requer água ultra pura em muitas das suas

aplicações, especialmente como componente eluente. Naturalmente, o trabalho de análise

vestigial requer água que esteja isenta dos componentes a serem medidos.

Um sistema de purificação de água para usos especiais geralmente tem que ser

constituído por vários métodos de purificação para que consiga produzir a água com a

qualidade pretendida. Assim, além do custo propriamente dito (que é factor importante, porém

nunca deve ser considerado isoladamente) é imprescindível que o projecto, especificação e

selecção de um dado sistema observem os factores descritos a seguir:

Características Físicas, Químicas e Microbiológicas da Água de Abastecimento: são factores muito importantes, pois determinam a frequência de manutenção do

sistema – substituição / limpeza de elementos e membranas filtrantes, verificação /

limpeza / substituição de conexões e tubulações, regeneração de resinas trocadoras de

íons etc. Também são importantes para determinar a eventual necessidade de

métodos mais adequados / viáveis a serem empregados para a purificação inicial da

água bruta (filtros de areia, de carvão, etc.) e para dimensionar a quantidade de

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materiais filtrantes e resinas eventualmente necessárias (nesse caso, considera-se a

vazão a ser tratada). Deve ser considerada a pior condição, isto é, os piores índices de

contaminação que a água de alimentação pode atingir – devidos, por exemplo, a

variações sazonais (em períodos de seca a concentração de impurezas dos

mananciais aumenta significativamente).

Características Físicas, Químicas e Microbiológicas da Água Purificada (qualidade objectivada em função das análises / ensaios característicos das actividades do laboratório): determinam principalmente os métodos a serem

empregados para o polimento (última etapa de purificação) da água, bem como os

métodos necessários para a pré-purificação da água bruta.

Vazão Necessária: também deve ser considerada em conjunto com os factores

citados anteriormente, não só para os cálculos e especificações dos métodos de

purificação como, também, para dimensionamento do número, tipo e dimensões de

dispositivos de purificação e para o dimensionamento de eventuais reservatórios -

pulmão e tanques de recirculação, se necessário.

Distância da Saída do Sistema ao(s) Ponto(s) de Uso: os pontos de uso da água

purificada devem ficar o mais próximo possível da saída do sistema de purificação;

quanto maior a distância, maior é a possibilidade de contaminação microbiana ou

mesmo por entradas de ar ou arraste de partículas de tubulações. Além disso,

distâncias maiores podem requerer estocagem provisória da água (que é

absolutamente inadmissível para água de grau reagente I e II) e/ou bombeamento (que

também significa maior possibilidade de contaminação, além de custo adicional). Em

determinados casos pode ser bem mais interessante e recomendável possuir mais de

um sistema de purificação.

Leiaute: assim como a distância, outro factor que pode favorecer muito a

contaminação – principalmente microbiana – é o número de curvas da tubulação,

devido à formação dos chamados “dead legs” (pontos mortos), onde pode haver

estagnação da água e consequente desenvolvimento microbiano. A tubulação deve ter

o mínimo possível de joelhos e conexões e também deve ser sempre aparente para

viabilizar manutenção periódica.

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ConclusãoAs águas para fins farmacêuticos são altamente purificadas (aqua valde

purificata), pois as águas utilizadas na preparação dos medicamentos requerem uma

elevada qualidade biológica, salvo nos casos em que se exige a utilização de “água

para preparação de injectáveis”.

Essa água, como já referimos, é obtida por processos apropriados de água

para consumo humano que cumpre os requisitos fixados pela Autoridade competente.

A água purificada é acondicionada em recipientes apropriados e conservada

em condições que permitam manter a sua qualidade microbiológica, sendo isenta de

qualquer aditivo.

Do trabalho apresentado podemos concluir que:

- A identificação da água se faz pelas diferentes cores e pelo sentido do fluxo,

- Distinguem-se, essencialmente, três tipos de água: água para consumo humano,

água purificada e água para injectáveis.

Será necessário um bom conhecimento da hidrologia para melhor compreender

os actos farmacêuticos, nomeadamente os que requerem a utilização de água para

serem desenvolvidos. De qualquer forma, parece-nos que este estudo foi importante

para distinguir as várias utilizações dadas à água e conhecer a importância da água de

laboratório e as suas múltiplas aplicações, não só em meio farmacêutico, objecto do

nosso trabalho, mas também em outros meios menos conhecidos de todos nós.

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Águas de Laboratório 2009

Bibliografia

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Gonçalves, M.L.S.S. Métodos instrumentais para a análise de soluções. Ed. Gulbenkian,

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Philip Larkin. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009

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